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TRABALHO PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE - DIREITO PENAL II - DOCENTE: Mariana Krause Corrêa

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
DIREITO PENAL II
DPU 0420K – UCS CAHOR
DOCENTE: Mariana Krause Corrêa
ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso
 Daphne Groszewicz Fontana
 Dilnez Santos Carneiro
 Eduardo Pereira da Silva
 Letícia Gruesag Lourenço
 Paula Cristina Kulik Mansano
QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 1 de 40
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TRABALHO AVALIATIVO
QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
Data limite de entrega no webfólio: 09/11/2016 - 20h
1. Perigo de contágio venéreo: base legal, sujeitos, tipo objetivo, tipo subjetivo,
tentativa, consumação, qualificadora, penas:
DILNEZ
 
Base legal
 
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato
libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está
contaminado:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 2º - Somente se procede mediante representação.
 
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 Paula Cristina Kulik Mansano
QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 2 de 40
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Sujeito Ativo
Qualquer pessoa pode praticar o delito, desde que seja portadora de doença
venérea. Estar contaminado ou portar moléstia venérea é uma condição particular
exigida por este tipo penal. A ausência desta “condição” torna atípica a conduta do
agente, ainda que aja com dolo de expor o ofendido à contaminação.
 
Sujeito Passivo
O ofendido pode ser qualquer pessoa que não seja portadora da moléstia. “É
irrelevante que a vítima saiba ou possa supor que o parceiro está contaminado, ou
mesmo que por este seja alertada sobre o perigo” (Júlio Mirabete).
 
Tipo objetivo
Expor a vítima a contágio de moléstia venérea de que sabe ou deveria saber
ser portador. O perigo deve ser direto e iminente, isto é, demonstrando e não
presumido. A conduta típica resume- se na prática de relações sexuais ou de
qualquer ato libidinoso. Ato libidinoso é todo aquele que se destina a satisfazer os
desejos sexuais do agente, incluindo o beijo; “são todos os atos carnais que,
movidos pela concupiscência sexual, se apresentam objetivamente capazes de
produzir a vigília e a excitação da sexualidade, no mais amplo sentido” (Nelson
Hungria). Deve haver o contato corporal entre o agente e a vítima, um contato
direto ou imediato.
 
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QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 3 de 40
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Tipo Subjetivo
a) o agente que sabe que está contaminado (DOLO DIRETO).
b) não sabe, mas deveria saber que está contaminado (DOLO EVENTUAL). 
c) sabe que está contaminado e tem a intenção de transmitir a moléstia.
 
Nos termos da primeira parte do art.130, o dolo é a vontade de praticar o ato
libidinoso, expondo a vítima a perigo, sabendo o agente que está contaminado.
Tem ele, então, a consciência de que está criando um risco de transmissão da
moléstia.
Na segunda parte, incrimina- se aquele que deve saber que está
contaminado. Ensina Fragoso que “só haverá culpa se o agente, em face das
circunstâncias, devesse conhecer o seu estado, sendo injustificável a sua
ignorância do mesmo”. Nos tribunais tem- se decidido: “Para a configuração do
delito do art. 130 do CP não basta que o agente contagie a vítima ou a exponha a
contágio de moléstia venérea. É mister que saiba ou que deva saber que está
contaminado” (RT352/351-352).
Contra esse entendimento pronuncia- se Costa e Silva: “A frase “devia
saber” não passa de uma regra probatória, de uma presunção: Se as
circunstâncias fazem acreditar na existência de uma infecção; se o agente as
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QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 4 de 40
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conhecia, conclui a lei que tinha o agente conhecimento da infecção. Razões de
ordem prática explicam semelhante regra. Ela completa a prova do dolo, assaz
difícil em certos casos. Tal regra não tem valor absoluto”.
Júlio Mirabete conclui que “a dúvida do agente, configurando o dolo
eventual, perfaz o delito. Merece críticas a lei por ter equiparado, para efeito de
punição, as formas dolosas e culposas”.
 
Tentativa
Tratando-se de crime plurissubsistente (constituído de vários atos, que 
fazem parte de uma única conduta), é possível a tentativa desde que haja dolo, já 
que não admite a forma culposa.
 
Consumação
O crime será consumado com a exposição da vítima ao perigo de contágio
da doença venérea, durante a relação sexual ou quando da prática de ato
libidinoso, sendo irrelevante se não conseguiu contagiá-la.
Ocorrendo o dano, o contágio, entende Euclides C. da Silveira que haverá
crime de “lesão corporal dolosa ou culposa, conforme a predisposição espiritual do
agente, a ciência da situação, da contaminação”. Para Fragoso, “se do ponto de
vista subjetivo houve apenas dolo de perigo ou culpa, o agente responderá por
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lesões corporais culposas tão-somente se o contágio se opera”, solução que,
segundo Mirabete, “afronta a lógica, pois a pena pelas lesões corporais culposas é
inferior à prevista no art. 130. Punir-se-ia assim mais severamente o agente
quando não houvesse o contágio”. E afirma que “deve-se entender que, ocorrendo
o contágio e a conseqüente lesão corporal de natureza leve, prevalece no concurso
aparente de normas o art. 130, se o agente não pretendia transmitir a moléstia”.
Resultando lesões graves no caso de dolo, garante Mirabete, que “passa o
fato a reger-se pelo art. 129 §§ 1º e 2º”. Havendo morte, ensina Hungria: “Se o
agente procedeu com dolo de perigo ou dolo de dano, o fato ser-lhe-á imputado a
título de “lesão corporal seguida de morte” ou homicídio preterintencional” (art. 129,
§ 3º).
 
QualificadoraA forma qualificada do delito se dá, quando o agente apresenta o dolo direto,
ou seja, ele tinha a intenção de transmitir a moléstia a outrem. Ou seja, o autor do
delito não visa apenas a exposição da vítima, ele age com total intenção de
contaminar. O que caracteriza uma qualificadora do § 1º do artigo 130.
 
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Penas
Comina-se pena de detenção, de três meses a um ano, ou multa (art. 130,
caput). Se a intenção do agente é transmitir a moléstia, conduta qualificada,
reclusão de um a quatro anos, e multa (art.130, CP, § 1º).
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2. Perigo de contágio de moléstia grave: base legal, sujeitos, tipo objetivo, tipo
subjetivo, tentativa, consumação, penas:
DAPHNE
Perigo de transmissão de moléstia grave
 
Base legal e penas
Art.131. Praticar, com fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está
contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
 
Sujeitos ativo e passivo
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, homem ou mulher, desde que esteja
contaminado por moléstia grave e contagiosa.
Sujeito passivo, igualmente, pode ser qualquer pessoa, desde que não
esteja contaminada por igual moléstia.
 
Tipo objetivo: adequação típica
A ação típica punível é praticar, isto é, realizar ato capaz de transmitir
moléstia grave. A transmissão pode ocorrer por meio de qualquer ato (inclusive
libidinoso, desde que a moléstia grave não seja venérea), desde que capaz de
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produzir o contágio. O ato praticado precisa ter idoneidade para a transmissão, e a
moléstia, além de grave, deve ser contagiosa.
O agente pode utilizar-se de qualquer meio idôneo para a prática do crime
de perigo de contágio de moléstia grave, pois o texto legal não faz qualquer
restrição.
Os meios com idoneidade para produzir o contágio de moléstia grave podem
ser diretos ou indiretos. Meios diretos decorrem do contato físico do agente com a
vítima, como beijo, aperto de mão, troca de roupa, amamentação, etc., e meios
indiretos decorrem da utilização de objetos, utensílios, alimentos, bebidas ou
qualquer outro instrumento que o sujeito passivo pode utilizar para a transmissão
da moléstia grave que porta.
 
Tipo subjetivo: adequação típica
O tipo subjetivo do crime de perigo de contágio de moléstia grave compõe-
se do dolo direto e do elemento subjetivo especial do injusto (representado pelo
especial fim de agir, que é a intenção de transmitir a moléstia grave).
Dolo direto, como elemento subjetivo geral, requer sempre a presença de
dois elementos constitutivos, quais sejam, o elemento cognitivo (consciência) e o
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elemento volitivo (vontade). O dolo somente se completa com a presença
simultânea da consciência e da vontade.
O entendimento doutrinário, majoritário, sustenta que o crime de perigo de
contágio de moléstia grave não admite o dolo eventual.
O elemento subjetivo especial do injusto especificam o dolo, sem
necessidade de se concretizarem, sendo suficiente que existam no psiquismo do
autor. Assim, o agente pode agir dolosamente, isto é, praticar atos idôneos para
transmitir a moléstia grave a outrem, sabendo que está contaminado, mas se faltar
o especial fim (de transmitir a moléstia) o crime não se configura. O dolo direto
existe, mas a falta do elemento subjetivo especial não o especificou e reduziu o tipo
penal subjetivo, desfigurando-o.
 
Consumação e tentativa
O crime de perigo de contágio de moléstia grave consuma-se com a prática
do ato idôneo para transmitir a moléstia, sendo indiferente a ocorrência efetiva da
transmissão, que poderá ou não ocorrer. Esse crime pode consumar-se inclusive
através de atos de libidinagem, desde que a moléstia grave não seja venérea,
como também pode consumar-se com o risco de contágio de moléstia venérea
grave, desde que os meios não constituam atos de libidinagem.
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Esse crime admite, em tese, a forma tentada. Trata-se de crime formal,
compondo-se de ação e resultado; é conhecido como crime de “execução
antecipada”, consumando-se com a simples prática da ação descrita no tipo penal.
Contudo, frequentemente, apresenta um iter criminis que pode ser objeto de
fracionamento, e esse fracionamento é que caracteriza a possibilidade de
ocorrência de tentativa.
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3. Perigo para a vida ou saúde de outrem: base legal, sujeitos, tipo objetivo, tipo
subjetivo, tentativa, consumação, causa de aumento de pena, penas:
EDUARDO 
A base legal encontra-se no art. 132 do Código Penal Brasileiro, que cita:
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena- detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais
grave.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a
exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de
pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza,
em desacordo com as normas legais.
SUJEITOS:
Para José Nabuco Filho1, neste crime tanto o sujeito ativo quanto o passivo
podem ser qualquer pessoa, exigindo-se apenas que o sujeito passivo seja
determinado;
1 Disponível em http://josenabucofilho.com.br/home/direito-penal/parte-especial/perigo-para-vida-
ou-saude-de-outrem-art-132-cp/ acesso em 08/11/2016;
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TIPO OBJETIVO:
A conduta é expor a perigo, o que significa criar a situação perigosa para a
vida ou a saúde de pessoa determinada. A exposição a perigo pode ser mediante
ação ou omissão. Trata-se de crime de ação livre. Haverá o delito se o agente tiver
criado uma situação em que a vida ou a saúde da pessoa seja exposta a uma
situação perigosa.
O perigo deve ser direto, ou seja, contra uma pessoa determinada. Por isso 
já se decidiu que não configura o crime na conduta de quem conduz veículo 
automotor movido à GLP (JUTACRIM 83/418). Nesse caso, a conduta perigosa 
não é voltada para uma pessoa determinada, o que significa que ninguém foi 
exposto a perigo direto.
O crime é de perigo concreto, o que exige que haja a demonstração do 
perigo, para a consumação do crime.
Perigo iminente é que o que está prestes a ocorrer, inexistindo o crime se 
houver um “perigo futuro, remoto ou puramente presumido.” (RÉGIS PRADO, Luiz.
Comentários ao Código Penal. 9ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
2014, p. 527.)
Como exemplo desse crime, pode-se citar um caso da jurisprudência 
paulista, no qual houve o arremesso de tijolos contra o telhado, janela e porta de 
vidro da casa, obrigando os moradores a fugirem do local (TACRIM-SP – AP – Rel. 
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Wilson Barreira – RT 735/599).
TIPO SUBJETIVO:
Dolo de perigo, direto ou eventual.
Caso se exista dolo de dano, estaremos diante de outro crime. O caráter 
subsidiário desse crime fica evidente, vez que se houver dolo de matar, p.ex., 
haverá tentativa de homicídio. Na tentativa de homicídio existe a exposição da vida
a perigo, mas como o agente pretendia matar a vítima, fato que não ocorreu por 
razões alheias a sua vontade, não se configura o crime de perigo. A tentativa de 
homicídio é mais grave.
TENTATIVA E CONSUMAÇÃO:
Consuma-se o delito com a prática do ato e a ocorrência do perigo concreto.
É possível a tentativa por se tratar de crime plurissubsistente.
CAUSA DE AUMENTO DE PENA:
No parágrafo único, com a redação dada pela lei 9.777/98, há a causa de
aumento de pena de 1/6 a 1/3, se o crime ocorrer na hipótese de transporte de
pessoas para a prestação de serviços em estabelecimento de qualquer natureza.
Trata-se de norma penal em branco, em razão da existência da expressão “em
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desacordo com normas legais”. O que significa que para a configuração da forma
majorada, será necessário que o transporte seja feito de forma a violar regra
prevista em lei. 
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4. Abandono de incapaz: base legal, sujeitos, tipo objetivo, tipo subjetivo,
tentativa, consumação, qualificadoras, causas de aumento de pena, penas:
PAULA
Abandono de incapaz
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância
ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos
resultantes do abandono:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos.
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Aumento de pena
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou
curador da vítima.
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.
 
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CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA
É interesse do Estado tutelar a segurança da pessoa humana. que, diante
de determinadas circunstâncias, não pode por si mesma defender-se, protegendo a
sua incolumidade física. Trata-se de bem jurídico indisponível
 
O CP. prevê duas figuras que se assemelham: o abandono de incapaz e
exposição ou abandono de recém nascido. Pode se dizer que o primeiro tipo é
fundamental, enquanto o segundo é privilegiado pelo motivo de honra, entretanto,
os dois crimes estão definidos em figuras típicas autônomas.
 
QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA E SUJEITO DO DELITO
É CRIME PRÓPRIO DE PERIGO, pois é exigida legitimação, especial dos
sujeitos, é de perigo pois dirige-se à produção de perigo de dano à incolumidade
pessoal da vítima.
Só pode ser autor, quem exerce cuidado, guarda, vigilância ou autoridade
em relação ao sujeito passivo.
Sujeito passivo: é o INCAPAZ de se defender dos riscos do abandono, e
estando sob a guarda, cuidado, vigilância ou autoridade do sujeito ativo.
 
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Incapacidade: Não é a civil. Pode ser corporal ou mental, durável ou
temporária, como no caso da embriaguez. Ébrio.
 
ESPECIAL RELAÇÃO DE ASSISTÊNCIA
Com qualificação de crime próprio, o abandono de incapaz, exige especial
vinculação entre o sujeito ativo e o sujeito passivo, relação especial de custódia ou
autoridade exercida pelo sujeito ativo. Deve existir relação especial de custódia ou
autoridade exercida pelo sujeito ativo em face do sujeito passivo Essa relação de
custódia pode advir:
 
1) de preceito de lei;
a) de direito público: Estatuto da Criança e do Adolescente,Estatuto do
idoso, lei de assistência e alienados, etc..
b) de direito privado: CC. ARTS. 1566,IV; 1634, 1741.
 
2) de contrato: enfermeiros, médicos, diretores de colégio; amas, chefes de
oficina, etc..
 
3) de certas condutas lícitas ou ilícitas: o raptor ou o agente do cárcere
privado deve velar pela pessoa raptada ou retida; o caçador que leva uma
criança não a pode abandonar na mata; quem recolhe uma pessoa abandonada
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tem a obrigação de assisti-la. quem recolhe um ébrio tem dever de zelar pela sua
segurança e bem-estar.
 
Esses casos, estão previstos no tipo penal sob a forma de:
a) cuidado: assistência eventual;
b) guarda: assistência duradoura;
c) vigilância: assistência acauteladora;
d) autoridade; pode de uma pessoa sobre a outra;
 
Não havendo vinculação especial entre o autor e o ofendido, o dever legal
de assistência, conforme o caso o sujeito pode responder pelo delito de omissão de
socorro.
Perigo: Concreto;
 
ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO
O tipo do verbo é abandonar, no crime do artigo 134, o legislador usa
abandonar e expor, reside a diferença em que abandonar: é deixar a vítima sem
assistência no lugar de costume., na exposição o agente leva a vítima ao local
diferente daquele em que lhe presta assistência. No crime do artigo 133 é
indiferente que o agente abandone ou exponha. Daí concluímos, que para o CP,
não há diferença entre abandonar ou expor.
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Não obstante o abandono ou exposição, o sujeito passivo não sofrer
nenhum perigo, não haverá nenhum crime. O perigo do presente artigo é concreto
devendo ficar provado.
 
ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO
Dolo de perigo direto ou eventual. Necessário que o sujeito tenha a intenção
de expor a vítima a perigo concreto de dano à sua vida ou à sua integridade
corporal.
Dolo eventual: caso em que assume o risco de produzir um perigo de dano
ao objeto jurídico.
Tipo penal NÃO admite modalidade culposa.
 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Consuma-se o delito de abandono, desde que resulte de perigo concreto á
vítima. A tentativa é perfeitamente admissível na forma comissiva. Na omissiva, é
inadmissível:
 
• Se o incapaz foge dos cuidados, não há de se falar em crime.
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• Se o sujeito após o abandono, e conseqüente exposição ao perigo,
reassume o dever de assistência não fica excluída a infração penal de
perigo, uma vez já atingida a fase da consumação.
 
FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS
Cuida-se de tipo penal preterdoloso ou preterintencional: São crimes
preterdolosos (CP, art. 19). o fato principal do abandono é punido a título de dolo
de perigo, o resultado qualificador – lesão corporal de natureza grave – a título de
culpa.
 
Figuras típicas qualificadas de abandono de incapaz
 
Lesão Corporal de Natureza Grave - CP. ART. 133 § 1º
Morte -CP. ART. 133 § 2º
 
Ø Lugar ermo - CP. ART. 133 § 3º , I : Pode ser habitualmente solitário ou
acidentalmente solitário, habitualmente solitário, quer de dia, quer de noite. Para a
caracterização da qualificadora é preciso que o local seja habitualmente solitário,
quer de dia, quer de noite Solidão pode ser absoluta ou relativa. Deve ser o local
relativamente solitário. Tratando-se de local absolutamente solitário, o fato constitui
meio de execução de homicídio. Não há a qualificadora quando no momento do
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abandono o local, que é habitualmente solitário, está freqüentado. Se em lugar que
acidentalmente não está freqüentado, não há qualificadora.
 
Ø Agente ascendente, descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da
vítima - CP. ART. 133 § 3º , II: Exige comprovação, não valendo a simples
presunção Cônjuge: a circunstância de agravação não se aplica ao "companheiro"
na "união estável" (CF, art. 226, § 3º).
 
Ø Vítima de idade igual ou maior de 60 anos;
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5. Exposição ou abandono de recém-nascido: base legal, sujeitos, tipo objetivo,
tipo subjetivo, tentativa, consumação, qualificadoras, penas:
LETÍCIA
Art. 134 do Código Penal: Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar
desonra própria:
§1.ºSe do fato resulta lesãocorporal de natureza grave:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
§2.º Se resulta a morte:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
É crime próprio porque somente pode ser cometido pela mãe para esconder
a gravidez fora do casamento, ou pelo pai, na mesma hipótese, ou em razão de filho
adulterino ou incestuoso.
Sujeito ativo: Trata-se de crime próprio ou especial. Somente pode ser
cometido pela mãe que concebeu o filho de forma irregular (exemplo: fora do
matrimônio, quando casada), e, ainda, pelo pai adulterino. Veja, portanto, que esse
crime não é exclusivo da mãe, podendo ser praticado também pelo pai.
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A mulher pode ser casada ou solteira (exemplo: menor de idade, que mora
com os pais em uma pequena cidade, extremamente conservadora, engravida e dá
a luz sem saber quem é o pai da criança). A prostituta, assim conhecida pelas
demais pessoas, quando expõe ou abandona o filho recém-nascido, responde pelo
crime de abandono de incapaz (CP, art. 133), pois não goza de honra apta a ser
preservada.
O marido que, agindo por conta própria, abandona o filho adulterino
concebido por sua esposa infiel pratica o crime de abandono de incapaz (CP, art.
133), uma vez que a desonra ocultada não lhe pertence.
O crime em análise é compatível com o concurso de pessoas. A “desonra
própria” é elementar do tipo, razão pela qual é comunicável aos demais envolvidos
na empreitada criminosa (CP, art. 30), desde que tenham entrado em sua esfera de
conhecimento.
Sujeito passivo: É o recém-nascido, ao contrário do art. 133, que pode ser
qualquer incapaz. Na doutrina há divergência acerca do exato limite de tempo em
que o sujeito passivo se considera recém-nascido. 
Para Damásio de Jesus e Júlio F. Mirabete recém-nascido é aquele
considerado até a queda do cordão umbilical. Magalhães Noronha considera
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recém-nascido como sendo aquele que nasceu há poucos dias. Segundo Nélson
Hungria, “o limite de tempo da noção de recém-nascido é o momento em que
délivrance se torna conhecida de outrem, fora do círculo da família, pois, desde
então, já não há mais ocultar desonra”. Para Cezar Roberto Bitencourt e Heleno
Fragoso recém-nascido é aquele que nasceu há poucos dias, não ultrapassando
um mês e desde de que não se tenha tornado de conhecimento público. 
Quanto ao tipo objetivo, tem-se que as condutas descritas pela Lei são expor
ou abandonar recém-nascido, devendo-se considerar que, neste sentido, a ação
ou omissão deve caracterizar perigo concreto, de forma que a vítima seja
comprovadamente submetida a risco de saúde ou de morte. O tipo subjetivo prevê
a vontade consciente do agente em expor ou abandonar o recém-nascido,
surgindo, neste momento, o dolo direto. É fundamental que a exposição ou o
abandono se dê para ocultar a desonra própria, sob pena de caracterizar-se crime
diverso do que estamos tratando.
A tentativa é possível, somente quando praticado por ação, isto é, quando se
tratar de crime comissivo. 
A consumação se dá no momento em que a vítima é submetida ao perigo
concreto. O crime é instantâneo de efeitos permanentes, pois, depois de
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abandonado, o recém-nascido continua correndo perigo, situação que somente
cessa quando socorrido por alguém.
Os parágrafos 1.º e 2.º do art. 134 do Código Penal descrevem as
qualificadoras. A expressão lesão corporal de natureza grave (§ 1.º) foi utilizada em
sentido amplo, para abranger tanto as lesões corporais graves (CP, art. 129, § 1º)
como as lesões corporais gravíssimas (CP, art. 129, § 2.º).
São crimes qualificados pelo resultado e estritamente preterdolosos (dolo no
crime de perigo e culpa na lesão corporal ou na morte), conclusão que se extrai da
análise das penas cominadas em abstrato. Quando resulta lesão corporal de
natureza grave, a pena é igual à da lesão corporal grave e inferior à da lesão
corporal gravíssima; quando resulta morte, a pena é inferior à atribuída ao
homicídio simples.
Por corolário, se o sujeito agiu com dolo de dano (animus laedendi para as
lesões corporais, animus necandi ou occidendi para a morte), a ele deve ser
imputado o crime mais grave: lesão corporal grave ou gravíssima, infanticídio (se
presente o estado puerperal) ou homicídio.
A lesão corporal leve fica absorvida pela exposição ou abandono de recém-
nascido, por se tratar de crime de dano com pena inferior à do crime de perigo.
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Não há previsão na modalidade culposa. Todavia, se o agente abandonar
culposamente a criança e sobrevier a sua morte ou a ocorrência de lesões
corporais, deverá ele responder pelos delitos de homicídio ou lesão corporal na
modalidade culposa. 
A ação penal é pública incondicionada, já que inexistente disposição em
sentido diverso.
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6. Omissão de socorro: base legal, sujeitos, tipo objetivo, tipo subjetivo,
tentativa, consumação, qualificadoras, penas:
LETÍCIA
Art. 135 do Código Penal: Deixar de prestar assistência, quando possível
fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoainválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir,
nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena- detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. 
Parágrafo único. A pena é aumentada de ½ (metade), se da omissão resulta
lesão corporal de natureza grave, e triplicada se resulta a morte.
 
O crime de omissão de socorro é comum (pode ser cometido por qualquer
pessoa); omissivo próprio ou puro (a omissão está descrita pelo tipo penal);
deperigo abstrato ou de perigo concreto, dependendo do caso; de forma livre
(admite qualquer meio de execução, desde que omissivo); unissubjetivo, unilateral
ou de concurso eventual (em regra cometido por uma única pessoa, mas é
compatível com o concurso de agentes); unissubsistente (a conduta se exterioriza
em um único ato); e instantâneo.
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Sujeito ativo: O crime é comum. Pode ser cometido por qualquer pessoa,
mesmo que não tenha o dever de prestar assistência. Mas, se houver vinculação
jurídica entre os sujeitos do delito (exemplos: pais e filhos, curador e interdito e
etc…), o crime será de abandono de incapaz (art. 133, do CP) ou de abandono
material (art. 244, do CP), conforme o caso.
Se várias pessoas negam a assistência, todas respondem pelo crime. Cada
uma delas terá cometido um crime de omissão de socorro, individualmente, e não
em concurso.
Se apenas uma pessoa presta o socorro, quando diversas poderiam tê-lo
feito sem risco pessoal, não há crime para ninguém. Isso porque a vítima terá sido
socorrida da situação de perigo, e é o que basta. O integral cumprimento do dever
de solidariedade humana por uma pessoa exclui as demais. Todavia, se a
assistência prestada for insuficiente, todos os omitentes responderão pelo crime.
Somente as pessoas taxativamente indicadas pelo art. 135 do Código Penal
podem ser vítimas do crime de omissão de socorro. São elas: criança abandonada,
criança extraviada, pessoa inválida e ao desamparo, pessoa ferida e ao
desamparo, e pessoa em grave e iminente perigo. Vejamos.
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a) Criança abandonada: é a pessoa com idade inferior a 12 anos (Lei
8.069/1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente, art. 2.º) que foi
intencionalmente deixada em algum lugar por quem devia exercer sua vigilância, e
por esse motivo não pode prover sua própria subsistência.
O crime de omissão de socorro, nessa modalidade, não se confunde com o
abandono de incapaz (CP, art. 133). Naquele, não é o omitente quem cria o perigo
abandonando a criança, pois foi ela deixada à própria sorte por seu responsável
legal; neste, por sua vez, é o próprio sujeito quem abandona o incapaz,
submetendo-o à situação perigosa.
b) Criança extraviada: é a pessoa com idade inferior a 12 anos que está
perdida, isto é, não sabe retornar por conta própria ao local em que reside ou
possa encontrar resguardo e proteção.
c) Pessoa inválida e ao desamparo: invalidez é a característica inerente à
pessoa que não pode, por conta própria, praticar os atos cotidianos de um ser
humano. Pode advir de problema físico ou mental. Mas não basta a invalidez.
Exige-se ainda esteja a pessoa ao desamparo, isto é, incapacitada para se livrar
por si só da situação de perigo.
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d) Pessoa ferida e ao desamparo: é aquela que sofreu lesão corporal, não
necessariamente grave, acidentalmente ou provocada por terceira pessoa. Mas
não basta esteja ferida. É imprescindível que também se encontre ao desamparo,
ou seja, impossibilitada de afastar o perigo por suas próprias forças.
e) Pessoa em grave e iminente perigo: o perigo deve ser sério e fundado,
apto a causar um mal relevante em curto espaço de tempo. Não é necessário seja
a vítima inválida, nem que esteja ferida. A lei exige tão somente a presença do
grave e iminente perigo, pouco importando tenha essa situação sido provocada por
terceiro (exemplo: pessoa presa em um imóvel criminosamente incendiado), pela
natureza (exemplo: pessoa desmaiada em via pública em razão de ter sido atingida
por um raio) ou até mesmo pela própria vítima (exemplo: pessoa que entrou em um
lago para nadar e está se afogando).
Tipo objetivo: este crime não se caracteriza pelo simples não fazer ou fazer
coisa diversa, mas pelo não fazer o que a norma jurídica determina.
Tipo subjetivo: de acordo com o parágrafo único do art. 18 não pode haver
nenhuma dúvida de que o crime do art. 135 só existe na forma dolosa. E mais: pelo
exame, em conjunto, dos arts. 130 a 136, e confronto com outros dispositivos (por
exemplo, arts. 121 e 129), esse dolo é de perigo, exclusivamente de perigo. O
elemento subjetivo adverte-se na própria Exposição de Motivos, "é a vontade
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consciente referida exclusivamente à produção do perigo. A ocorrência do dano
não se compreende na volição ou dolo do agente, pois, do contrário, não haveria
por que distinguir entre tais crimes e a tentativa e crime de dano".
Consuma-se o crime no momento da omissão, daí advindo o perigo
presumido ou concreto, conforme o caso.
Tentativa: tratando-se de crime omissivo próprio ou puro, não é cabível o
conatus. Ou o sujeito presta a assistência determinada pela lei, e não há crime, ou
deixa de fazê-lo, e o delito está consumado (crime unissubsistente).
A pena prevista no caput (detenção, de um a seis meses, ou multa) é
aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
triplicada, se resulta a morte. Na expressão “lesão corporal de natureza grave”
também ingressam as lesões corporais gravíssimas, descritas pelo art. 129, § 2.º,
do Código Penal.
Em face da quantidade da pena, constata-se serem tais causasde aumento
exclusivamente preterdolosas. A omissão de socorro é punida a título de dolo, e os
resultados agravadores (lesão corporal grave ou morte), a título de culpa. Além
disso, o dolo de perigo presente na conduta inicial (omissão de socorro) somente é
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compatível com a culpa, pois é inaceitável pensar em um delito concebido com
dolo de perigo que produza um resultado naturalístico doloso (dolo de dano).
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7. Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial: base legal,
sujeitos, tipo objetivo, tipo subjetivo, tentativa, consumação, qualificadoras,
penas:
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Base legal
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia,
bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição
para o atendimento médico-hospitalar emergencial:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de
atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a
morte.
Sujeito ativo é aquele que determina que o atendimento médico-hospitalar
emergencial somente poderá ser realizado se houver a entrega do cheque-caução,
da nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de
formulários administrativos como condição para o atendimento médico-hospitalar
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emergencial. Normalmente, quem estipula as condições para efeitos de
atendimento é o diretor do estabelecimento de saúde, ou qualquer outro gestor que
esteja à frente da administração.
O problema surge quando o empregado, que trabalha no setor de admissão
de pacientes, cumpre as ordens emanadas da direção e não permite o atendimento
daquele que se encontrava em situação de emergência. Nesse caso, entendemos
que haverá o concurso de pessoas, devendo, ambos (diretor e empregado)
responder pela infração penal em estudo.
Sujeito passivo será tanto a vítima/paciente, que necessita do imediato
atendimento médico-hospitalar, quanto aquele de quem, em virtude de alguma
impossibilidade da vítima/paciente, foi exigida a entrega do cheque-caução, nota
promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários
administrativos como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial
Tipo objetivo. O tipo fala em exigir: Exigir no caso específico significa
ordenar como condição para o atendimento emergencial. Abrange o cheque-
caução, a nota promissória ou qualquer outra garantia (permissão da interpretação
analógica). O cheque-caução é utilizado largamente no comércio como forma de
honrar determinado compromisso. Já a nota promissória é um título de crédito que
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documenta a existência de um crédito líquido e certo, tratando-se de uma
promessa de pagamento.
 
O tipo ainda prevê como conduta delituosa, o fato de exigir para o
atendimento, o preenchimento prévio de formulários administrativos. O desejo do
legislador foi de que primeiro se atenda a emergência e depois sejam preenchidos
os formulários administrativos. É necessário deixar bem explícito que basta uma
das condutas para tipificar o delito: o agente criminoso ou exige a garantia ou exige
o preenchimento do formulário. Não há necessidade de exigir a garantia e de exigir
o preenchimento do formulário.
Tipo subjetivo. É o dolo (direto ou eventual) de exigir cheque-caução, nota
promissória ou qualquer outra garantia ou ainda de exigir o preenchimento prévio
de formulários administrativos, sendo dolo de perigo.
 
Consumação e tentativa
O delito se consuma no instante em que a exigência de cheque-caução, nota
promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários
administrativos, é levada a efeito como condição para o atendimento médico-
hospitalar emergencial, antes, portanto, do efetivo e necessário atendimento.
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Tratando-se de um crime formal, a consumação ocorrerá mesmo que no
momento em que é feita a exigência, a vítima não tenha sua situação agravada.
Não há necessidade, assim, de qualquer produção naturalística de resultado
(agravamento da situação da vítima/paciente ou mesmo a sua morte) para que o
crime reste consumado. Basta, portanto, que o comportamento praticado tenha,
efetivamente, criado uma situação de perigo para a vida ou a saúde daquele que
necessitava do atendimento médico-hospitalar emergencial.
Entendemos, in casu, não se admissível a tentativa, haja vista que não
conseguimos visualizar, ao contrário do que ocorre com o delito de concussão, que
contém o mesmo núcleo, ou seja, o verbo exigir, a possibilidade de fracionamento
do iter criminis.
 
Aumento de pena
O Parágrafo Único do artigo 135 – A, CP prevê duas causas especiais de
aumento de pena. A pena é duplicada se da negativa do atendimento decorre lesão
corporal de natureza grave e é triplicada se resulta morte. Esses resultados são
preterdolosos, de modo que as formas qualificadas jamais admitem tentativa.
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8. Maus-tratos: base legal, sujeitos, tipo objetivo, tipo subjetivo, tentativa,
consumação, qualificadoras, causa de aumento de pena, penas:
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Base legal
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade,
guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer
privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a
trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou
disciplina:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa
menor de 14 (catorze) anos.
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Bem Jurídico
A vida e a saúde da pessoa humana, ou seja, a integridade fisiopsíquica do
ser humano, especialmente daqueles submetidos a autoridade, guarda ou vigilância
para fins de educação, ensino, tratamento ou custódia.
Sujeitos
Sujeito ativo – é somente quem se encontre na condição especial de exercer
a autoridade, guarda ou vigilância, para fins de educação, ensino, tratamento ou
custódia.
Sujeito passivo - qualquer pessoa que se encontre subordinada para fins de
educação, ensino, tratamento ou custódia.
Tipo objetivo
O crime pode ser executado de várias maneiras: a privação de alimentos
(pode ser relativa ou absoluta); a privação de cuidados indispensáveis; sujeição da
vítima a trabalho excessivo ou inadequado; o abuso de meios de correção e de
disciplina; 
O ECA criou novas figuras típicas criminais relacionadas com os maus-
tratos, em seu art. 232 descreve o fato de “submeter criança ou adolescente sob
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 Paula Cristina Kulik Mansano
QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 39 de 40
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sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou constrangimento”, porém
impondo pena distinta do CP que vai de seis meses a dois anos.
Tipo subjetivo
O crime só é punido a título de dolo de perigo, sendo inadmissível a forma
culposa.
Consumação e tentativa
O crime é consumado com a exposição do sujeito passivo ao perigo do
dano, em conseqüência das condutas descritas no tipo. 
É admissível a figura da tentativa nas modalidades comissivas.
Pena e ação penal
A sanção penal é alternativa, para a figura simples detenção de dois meses
a um ano, ou multa; para as figuras qualificadas, reclusão de um a quatro anos se
resulta lesão corporal de natureza grave (§1º), e de quatro a doze anos se resulta a
morte (§2º). Será majorada de um terço se a vítima for menor de quatorze anos
(§3º).
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
DIREITO PENAL II
DPU 0420K – UCS CAHOR
DOCENTE: Mariana Krause Corrêa
ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso
 Daphne Groszewicz Fontana
 Dilnez Santos Carneiro
 Eduardo Pereira da Silva
 Letícia Gruesag Lourenço
 Paula Cristina Kulik Mansano
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A ação penal é pública incondicionada, sendo desnecessária qualquer
condição de procedibilidade.
Classificação Doutrinária
O delito é próprio (não pode ser praticado por qualquer pessoa), de ação
múltipla ou de conteúdo variado (várias formas de realização), simples(atinge um
só bem jurídico, incolumidade), plurissubsistente (necessita além do
comportamento do sujeito o perigo concreto), comissivo ou omissivo, permanente
na privação de alimentos ou cuidados, instantâneo nas outras hipóteses, e de
perigo concreto.
Formas Qualificadas
Os §§ 1º e 2º definem crimes preterdolosos um resultado a lesão corporal de
natureza grave e o outro a morte. 
 
Já no § 3º ocorre um aumento de pena (majorante), quando se tratar de
sujeito passivo menor de 14 anos de idade.

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