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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 1 de 40 _____________________________________________________________________ TRABALHO AVALIATIVO QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE Data limite de entrega no webfólio: 09/11/2016 - 20h 1. Perigo de contágio venéreo: base legal, sujeitos, tipo objetivo, tipo subjetivo, tentativa, consumação, qualificadora, penas: DILNEZ Base legal Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 2º - Somente se procede mediante representação. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 2 de 40 _____________________________________________________________________ Sujeito Ativo Qualquer pessoa pode praticar o delito, desde que seja portadora de doença venérea. Estar contaminado ou portar moléstia venérea é uma condição particular exigida por este tipo penal. A ausência desta “condição” torna atípica a conduta do agente, ainda que aja com dolo de expor o ofendido à contaminação. Sujeito Passivo O ofendido pode ser qualquer pessoa que não seja portadora da moléstia. “É irrelevante que a vítima saiba ou possa supor que o parceiro está contaminado, ou mesmo que por este seja alertada sobre o perigo” (Júlio Mirabete). Tipo objetivo Expor a vítima a contágio de moléstia venérea de que sabe ou deveria saber ser portador. O perigo deve ser direto e iminente, isto é, demonstrando e não presumido. A conduta típica resume- se na prática de relações sexuais ou de qualquer ato libidinoso. Ato libidinoso é todo aquele que se destina a satisfazer os desejos sexuais do agente, incluindo o beijo; “são todos os atos carnais que, movidos pela concupiscência sexual, se apresentam objetivamente capazes de produzir a vigília e a excitação da sexualidade, no mais amplo sentido” (Nelson Hungria). Deve haver o contato corporal entre o agente e a vítima, um contato direto ou imediato. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 3 de 40 _____________________________________________________________________ Tipo Subjetivo a) o agente que sabe que está contaminado (DOLO DIRETO). b) não sabe, mas deveria saber que está contaminado (DOLO EVENTUAL). c) sabe que está contaminado e tem a intenção de transmitir a moléstia. Nos termos da primeira parte do art.130, o dolo é a vontade de praticar o ato libidinoso, expondo a vítima a perigo, sabendo o agente que está contaminado. Tem ele, então, a consciência de que está criando um risco de transmissão da moléstia. Na segunda parte, incrimina- se aquele que deve saber que está contaminado. Ensina Fragoso que “só haverá culpa se o agente, em face das circunstâncias, devesse conhecer o seu estado, sendo injustificável a sua ignorância do mesmo”. Nos tribunais tem- se decidido: “Para a configuração do delito do art. 130 do CP não basta que o agente contagie a vítima ou a exponha a contágio de moléstia venérea. É mister que saiba ou que deva saber que está contaminado” (RT352/351-352). Contra esse entendimento pronuncia- se Costa e Silva: “A frase “devia saber” não passa de uma regra probatória, de uma presunção: Se as circunstâncias fazem acreditar na existência de uma infecção; se o agente as UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 4 de 40 _____________________________________________________________________ conhecia, conclui a lei que tinha o agente conhecimento da infecção. Razões de ordem prática explicam semelhante regra. Ela completa a prova do dolo, assaz difícil em certos casos. Tal regra não tem valor absoluto”. Júlio Mirabete conclui que “a dúvida do agente, configurando o dolo eventual, perfaz o delito. Merece críticas a lei por ter equiparado, para efeito de punição, as formas dolosas e culposas”. Tentativa Tratando-se de crime plurissubsistente (constituído de vários atos, que fazem parte de uma única conduta), é possível a tentativa desde que haja dolo, já que não admite a forma culposa. Consumação O crime será consumado com a exposição da vítima ao perigo de contágio da doença venérea, durante a relação sexual ou quando da prática de ato libidinoso, sendo irrelevante se não conseguiu contagiá-la. Ocorrendo o dano, o contágio, entende Euclides C. da Silveira que haverá crime de “lesão corporal dolosa ou culposa, conforme a predisposição espiritual do agente, a ciência da situação, da contaminação”. Para Fragoso, “se do ponto de vista subjetivo houve apenas dolo de perigo ou culpa, o agente responderá por UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 5 de 40 _____________________________________________________________________ lesões corporais culposas tão-somente se o contágio se opera”, solução que, segundo Mirabete, “afronta a lógica, pois a pena pelas lesões corporais culposas é inferior à prevista no art. 130. Punir-se-ia assim mais severamente o agente quando não houvesse o contágio”. E afirma que “deve-se entender que, ocorrendo o contágio e a conseqüente lesão corporal de natureza leve, prevalece no concurso aparente de normas o art. 130, se o agente não pretendia transmitir a moléstia”. Resultando lesões graves no caso de dolo, garante Mirabete, que “passa o fato a reger-se pelo art. 129 §§ 1º e 2º”. Havendo morte, ensina Hungria: “Se o agente procedeu com dolo de perigo ou dolo de dano, o fato ser-lhe-á imputado a título de “lesão corporal seguida de morte” ou homicídio preterintencional” (art. 129, § 3º). QualificadoraA forma qualificada do delito se dá, quando o agente apresenta o dolo direto, ou seja, ele tinha a intenção de transmitir a moléstia a outrem. Ou seja, o autor do delito não visa apenas a exposição da vítima, ele age com total intenção de contaminar. O que caracteriza uma qualificadora do § 1º do artigo 130. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 6 de 40 _____________________________________________________________________ Penas Comina-se pena de detenção, de três meses a um ano, ou multa (art. 130, caput). Se a intenção do agente é transmitir a moléstia, conduta qualificada, reclusão de um a quatro anos, e multa (art.130, CP, § 1º). UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 7 de 40 _____________________________________________________________________ 2. Perigo de contágio de moléstia grave: base legal, sujeitos, tipo objetivo, tipo subjetivo, tentativa, consumação, penas: DAPHNE Perigo de transmissão de moléstia grave Base legal e penas Art.131. Praticar, com fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Sujeitos ativo e passivo Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, homem ou mulher, desde que esteja contaminado por moléstia grave e contagiosa. Sujeito passivo, igualmente, pode ser qualquer pessoa, desde que não esteja contaminada por igual moléstia. Tipo objetivo: adequação típica A ação típica punível é praticar, isto é, realizar ato capaz de transmitir moléstia grave. A transmissão pode ocorrer por meio de qualquer ato (inclusive libidinoso, desde que a moléstia grave não seja venérea), desde que capaz de UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 8 de 40 _____________________________________________________________________ produzir o contágio. O ato praticado precisa ter idoneidade para a transmissão, e a moléstia, além de grave, deve ser contagiosa. O agente pode utilizar-se de qualquer meio idôneo para a prática do crime de perigo de contágio de moléstia grave, pois o texto legal não faz qualquer restrição. Os meios com idoneidade para produzir o contágio de moléstia grave podem ser diretos ou indiretos. Meios diretos decorrem do contato físico do agente com a vítima, como beijo, aperto de mão, troca de roupa, amamentação, etc., e meios indiretos decorrem da utilização de objetos, utensílios, alimentos, bebidas ou qualquer outro instrumento que o sujeito passivo pode utilizar para a transmissão da moléstia grave que porta. Tipo subjetivo: adequação típica O tipo subjetivo do crime de perigo de contágio de moléstia grave compõe- se do dolo direto e do elemento subjetivo especial do injusto (representado pelo especial fim de agir, que é a intenção de transmitir a moléstia grave). Dolo direto, como elemento subjetivo geral, requer sempre a presença de dois elementos constitutivos, quais sejam, o elemento cognitivo (consciência) e o UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 9 de 40 _____________________________________________________________________ elemento volitivo (vontade). O dolo somente se completa com a presença simultânea da consciência e da vontade. O entendimento doutrinário, majoritário, sustenta que o crime de perigo de contágio de moléstia grave não admite o dolo eventual. O elemento subjetivo especial do injusto especificam o dolo, sem necessidade de se concretizarem, sendo suficiente que existam no psiquismo do autor. Assim, o agente pode agir dolosamente, isto é, praticar atos idôneos para transmitir a moléstia grave a outrem, sabendo que está contaminado, mas se faltar o especial fim (de transmitir a moléstia) o crime não se configura. O dolo direto existe, mas a falta do elemento subjetivo especial não o especificou e reduziu o tipo penal subjetivo, desfigurando-o. Consumação e tentativa O crime de perigo de contágio de moléstia grave consuma-se com a prática do ato idôneo para transmitir a moléstia, sendo indiferente a ocorrência efetiva da transmissão, que poderá ou não ocorrer. Esse crime pode consumar-se inclusive através de atos de libidinagem, desde que a moléstia grave não seja venérea, como também pode consumar-se com o risco de contágio de moléstia venérea grave, desde que os meios não constituam atos de libidinagem. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 10 de 40 _____________________________________________________________________ Esse crime admite, em tese, a forma tentada. Trata-se de crime formal, compondo-se de ação e resultado; é conhecido como crime de “execução antecipada”, consumando-se com a simples prática da ação descrita no tipo penal. Contudo, frequentemente, apresenta um iter criminis que pode ser objeto de fracionamento, e esse fracionamento é que caracteriza a possibilidade de ocorrência de tentativa. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 11 de 40 _____________________________________________________________________ 3. Perigo para a vida ou saúde de outrem: base legal, sujeitos, tipo objetivo, tipo subjetivo, tentativa, consumação, causa de aumento de pena, penas: EDUARDO A base legal encontra-se no art. 132 do Código Penal Brasileiro, que cita: Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena- detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. SUJEITOS: Para José Nabuco Filho1, neste crime tanto o sujeito ativo quanto o passivo podem ser qualquer pessoa, exigindo-se apenas que o sujeito passivo seja determinado; 1 Disponível em http://josenabucofilho.com.br/home/direito-penal/parte-especial/perigo-para-vida- ou-saude-de-outrem-art-132-cp/ acesso em 08/11/2016; UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 12 de 40 _____________________________________________________________________ TIPO OBJETIVO: A conduta é expor a perigo, o que significa criar a situação perigosa para a vida ou a saúde de pessoa determinada. A exposição a perigo pode ser mediante ação ou omissão. Trata-se de crime de ação livre. Haverá o delito se o agente tiver criado uma situação em que a vida ou a saúde da pessoa seja exposta a uma situação perigosa. O perigo deve ser direto, ou seja, contra uma pessoa determinada. Por isso já se decidiu que não configura o crime na conduta de quem conduz veículo automotor movido à GLP (JUTACRIM 83/418). Nesse caso, a conduta perigosa não é voltada para uma pessoa determinada, o que significa que ninguém foi exposto a perigo direto. O crime é de perigo concreto, o que exige que haja a demonstração do perigo, para a consumação do crime. Perigo iminente é que o que está prestes a ocorrer, inexistindo o crime se houver um “perigo futuro, remoto ou puramente presumido.” (RÉGIS PRADO, Luiz. Comentários ao Código Penal. 9ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014, p. 527.) Como exemplo desse crime, pode-se citar um caso da jurisprudência paulista, no qual houve o arremesso de tijolos contra o telhado, janela e porta de vidro da casa, obrigando os moradores a fugirem do local (TACRIM-SP – AP – Rel. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 13 de 40 _____________________________________________________________________ Wilson Barreira – RT 735/599). TIPO SUBJETIVO: Dolo de perigo, direto ou eventual. Caso se exista dolo de dano, estaremos diante de outro crime. O caráter subsidiário desse crime fica evidente, vez que se houver dolo de matar, p.ex., haverá tentativa de homicídio. Na tentativa de homicídio existe a exposição da vida a perigo, mas como o agente pretendia matar a vítima, fato que não ocorreu por razões alheias a sua vontade, não se configura o crime de perigo. A tentativa de homicídio é mais grave. TENTATIVA E CONSUMAÇÃO: Consuma-se o delito com a prática do ato e a ocorrência do perigo concreto. É possível a tentativa por se tratar de crime plurissubsistente. CAUSA DE AUMENTO DE PENA: No parágrafo único, com a redação dada pela lei 9.777/98, há a causa de aumento de pena de 1/6 a 1/3, se o crime ocorrer na hipótese de transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimento de qualquer natureza. Trata-se de norma penal em branco, em razão da existência da expressão “em UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 14 de 40 _____________________________________________________________________ desacordo com normas legais”. O que significa que para a configuração da forma majorada, será necessário que o transporte seja feito de forma a violar regra prevista em lei. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 15 de 40 _____________________________________________________________________ 4. Abandono de incapaz: base legal, sujeitos, tipo objetivo, tipo subjetivo, tentativa, consumação, qualificadoras, causas de aumento de pena, penas: PAULA Abandono de incapaz Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos. § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. Aumento de pena § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: I - se o abandono ocorre em lugar ermo; II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 16 de 40 _____________________________________________________________________ CONCEITO E OBJETIVIDADE JURÍDICA É interesse do Estado tutelar a segurança da pessoa humana. que, diante de determinadas circunstâncias, não pode por si mesma defender-se, protegendo a sua incolumidade física. Trata-se de bem jurídico indisponível O CP. prevê duas figuras que se assemelham: o abandono de incapaz e exposição ou abandono de recém nascido. Pode se dizer que o primeiro tipo é fundamental, enquanto o segundo é privilegiado pelo motivo de honra, entretanto, os dois crimes estão definidos em figuras típicas autônomas. QUALIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA E SUJEITO DO DELITO É CRIME PRÓPRIO DE PERIGO, pois é exigida legitimação, especial dos sujeitos, é de perigo pois dirige-se à produção de perigo de dano à incolumidade pessoal da vítima. Só pode ser autor, quem exerce cuidado, guarda, vigilância ou autoridade em relação ao sujeito passivo. Sujeito passivo: é o INCAPAZ de se defender dos riscos do abandono, e estando sob a guarda, cuidado, vigilância ou autoridade do sujeito ativo. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE:Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 17 de 40 _____________________________________________________________________ Incapacidade: Não é a civil. Pode ser corporal ou mental, durável ou temporária, como no caso da embriaguez. Ébrio. ESPECIAL RELAÇÃO DE ASSISTÊNCIA Com qualificação de crime próprio, o abandono de incapaz, exige especial vinculação entre o sujeito ativo e o sujeito passivo, relação especial de custódia ou autoridade exercida pelo sujeito ativo. Deve existir relação especial de custódia ou autoridade exercida pelo sujeito ativo em face do sujeito passivo Essa relação de custódia pode advir: 1) de preceito de lei; a) de direito público: Estatuto da Criança e do Adolescente,Estatuto do idoso, lei de assistência e alienados, etc.. b) de direito privado: CC. ARTS. 1566,IV; 1634, 1741. 2) de contrato: enfermeiros, médicos, diretores de colégio; amas, chefes de oficina, etc.. 3) de certas condutas lícitas ou ilícitas: o raptor ou o agente do cárcere privado deve velar pela pessoa raptada ou retida; o caçador que leva uma criança não a pode abandonar na mata; quem recolhe uma pessoa abandonada UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 18 de 40 _____________________________________________________________________ tem a obrigação de assisti-la. quem recolhe um ébrio tem dever de zelar pela sua segurança e bem-estar. Esses casos, estão previstos no tipo penal sob a forma de: a) cuidado: assistência eventual; b) guarda: assistência duradoura; c) vigilância: assistência acauteladora; d) autoridade; pode de uma pessoa sobre a outra; Não havendo vinculação especial entre o autor e o ofendido, o dever legal de assistência, conforme o caso o sujeito pode responder pelo delito de omissão de socorro. Perigo: Concreto; ELEMENTOS OBJETIVOS DO TIPO O tipo do verbo é abandonar, no crime do artigo 134, o legislador usa abandonar e expor, reside a diferença em que abandonar: é deixar a vítima sem assistência no lugar de costume., na exposição o agente leva a vítima ao local diferente daquele em que lhe presta assistência. No crime do artigo 133 é indiferente que o agente abandone ou exponha. Daí concluímos, que para o CP, não há diferença entre abandonar ou expor. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 19 de 40 _____________________________________________________________________ Não obstante o abandono ou exposição, o sujeito passivo não sofrer nenhum perigo, não haverá nenhum crime. O perigo do presente artigo é concreto devendo ficar provado. ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO Dolo de perigo direto ou eventual. Necessário que o sujeito tenha a intenção de expor a vítima a perigo concreto de dano à sua vida ou à sua integridade corporal. Dolo eventual: caso em que assume o risco de produzir um perigo de dano ao objeto jurídico. Tipo penal NÃO admite modalidade culposa. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA Consuma-se o delito de abandono, desde que resulte de perigo concreto á vítima. A tentativa é perfeitamente admissível na forma comissiva. Na omissiva, é inadmissível: • Se o incapaz foge dos cuidados, não há de se falar em crime. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 20 de 40 _____________________________________________________________________ • Se o sujeito após o abandono, e conseqüente exposição ao perigo, reassume o dever de assistência não fica excluída a infração penal de perigo, uma vez já atingida a fase da consumação. FIGURAS TÍPICAS QUALIFICADAS Cuida-se de tipo penal preterdoloso ou preterintencional: São crimes preterdolosos (CP, art. 19). o fato principal do abandono é punido a título de dolo de perigo, o resultado qualificador – lesão corporal de natureza grave – a título de culpa. Figuras típicas qualificadas de abandono de incapaz Lesão Corporal de Natureza Grave - CP. ART. 133 § 1º Morte -CP. ART. 133 § 2º Ø Lugar ermo - CP. ART. 133 § 3º , I : Pode ser habitualmente solitário ou acidentalmente solitário, habitualmente solitário, quer de dia, quer de noite. Para a caracterização da qualificadora é preciso que o local seja habitualmente solitário, quer de dia, quer de noite Solidão pode ser absoluta ou relativa. Deve ser o local relativamente solitário. Tratando-se de local absolutamente solitário, o fato constitui meio de execução de homicídio. Não há a qualificadora quando no momento do UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 21 de 40 _____________________________________________________________________ abandono o local, que é habitualmente solitário, está freqüentado. Se em lugar que acidentalmente não está freqüentado, não há qualificadora. Ø Agente ascendente, descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima - CP. ART. 133 § 3º , II: Exige comprovação, não valendo a simples presunção Cônjuge: a circunstância de agravação não se aplica ao "companheiro" na "união estável" (CF, art. 226, § 3º). Ø Vítima de idade igual ou maior de 60 anos; UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 22 de 40 _____________________________________________________________________ 5. Exposição ou abandono de recém-nascido: base legal, sujeitos, tipo objetivo, tipo subjetivo, tentativa, consumação, qualificadoras, penas: LETÍCIA Art. 134 do Código Penal: Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: §1.ºSe do fato resulta lesãocorporal de natureza grave: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. §2.º Se resulta a morte: Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. É crime próprio porque somente pode ser cometido pela mãe para esconder a gravidez fora do casamento, ou pelo pai, na mesma hipótese, ou em razão de filho adulterino ou incestuoso. Sujeito ativo: Trata-se de crime próprio ou especial. Somente pode ser cometido pela mãe que concebeu o filho de forma irregular (exemplo: fora do matrimônio, quando casada), e, ainda, pelo pai adulterino. Veja, portanto, que esse crime não é exclusivo da mãe, podendo ser praticado também pelo pai. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 23 de 40 _____________________________________________________________________ A mulher pode ser casada ou solteira (exemplo: menor de idade, que mora com os pais em uma pequena cidade, extremamente conservadora, engravida e dá a luz sem saber quem é o pai da criança). A prostituta, assim conhecida pelas demais pessoas, quando expõe ou abandona o filho recém-nascido, responde pelo crime de abandono de incapaz (CP, art. 133), pois não goza de honra apta a ser preservada. O marido que, agindo por conta própria, abandona o filho adulterino concebido por sua esposa infiel pratica o crime de abandono de incapaz (CP, art. 133), uma vez que a desonra ocultada não lhe pertence. O crime em análise é compatível com o concurso de pessoas. A “desonra própria” é elementar do tipo, razão pela qual é comunicável aos demais envolvidos na empreitada criminosa (CP, art. 30), desde que tenham entrado em sua esfera de conhecimento. Sujeito passivo: É o recém-nascido, ao contrário do art. 133, que pode ser qualquer incapaz. Na doutrina há divergência acerca do exato limite de tempo em que o sujeito passivo se considera recém-nascido. Para Damásio de Jesus e Júlio F. Mirabete recém-nascido é aquele considerado até a queda do cordão umbilical. Magalhães Noronha considera UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 24 de 40 _____________________________________________________________________ recém-nascido como sendo aquele que nasceu há poucos dias. Segundo Nélson Hungria, “o limite de tempo da noção de recém-nascido é o momento em que délivrance se torna conhecida de outrem, fora do círculo da família, pois, desde então, já não há mais ocultar desonra”. Para Cezar Roberto Bitencourt e Heleno Fragoso recém-nascido é aquele que nasceu há poucos dias, não ultrapassando um mês e desde de que não se tenha tornado de conhecimento público. Quanto ao tipo objetivo, tem-se que as condutas descritas pela Lei são expor ou abandonar recém-nascido, devendo-se considerar que, neste sentido, a ação ou omissão deve caracterizar perigo concreto, de forma que a vítima seja comprovadamente submetida a risco de saúde ou de morte. O tipo subjetivo prevê a vontade consciente do agente em expor ou abandonar o recém-nascido, surgindo, neste momento, o dolo direto. É fundamental que a exposição ou o abandono se dê para ocultar a desonra própria, sob pena de caracterizar-se crime diverso do que estamos tratando. A tentativa é possível, somente quando praticado por ação, isto é, quando se tratar de crime comissivo. A consumação se dá no momento em que a vítima é submetida ao perigo concreto. O crime é instantâneo de efeitos permanentes, pois, depois de UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 25 de 40 _____________________________________________________________________ abandonado, o recém-nascido continua correndo perigo, situação que somente cessa quando socorrido por alguém. Os parágrafos 1.º e 2.º do art. 134 do Código Penal descrevem as qualificadoras. A expressão lesão corporal de natureza grave (§ 1.º) foi utilizada em sentido amplo, para abranger tanto as lesões corporais graves (CP, art. 129, § 1º) como as lesões corporais gravíssimas (CP, art. 129, § 2.º). São crimes qualificados pelo resultado e estritamente preterdolosos (dolo no crime de perigo e culpa na lesão corporal ou na morte), conclusão que se extrai da análise das penas cominadas em abstrato. Quando resulta lesão corporal de natureza grave, a pena é igual à da lesão corporal grave e inferior à da lesão corporal gravíssima; quando resulta morte, a pena é inferior à atribuída ao homicídio simples. Por corolário, se o sujeito agiu com dolo de dano (animus laedendi para as lesões corporais, animus necandi ou occidendi para a morte), a ele deve ser imputado o crime mais grave: lesão corporal grave ou gravíssima, infanticídio (se presente o estado puerperal) ou homicídio. A lesão corporal leve fica absorvida pela exposição ou abandono de recém- nascido, por se tratar de crime de dano com pena inferior à do crime de perigo. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 26 de 40 _____________________________________________________________________ Não há previsão na modalidade culposa. Todavia, se o agente abandonar culposamente a criança e sobrevier a sua morte ou a ocorrência de lesões corporais, deverá ele responder pelos delitos de homicídio ou lesão corporal na modalidade culposa. A ação penal é pública incondicionada, já que inexistente disposição em sentido diverso. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 27 de 40 _____________________________________________________________________ 6. Omissão de socorro: base legal, sujeitos, tipo objetivo, tipo subjetivo, tentativa, consumação, qualificadoras, penas: LETÍCIA Art. 135 do Código Penal: Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoainválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena- detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. Parágrafo único. A pena é aumentada de ½ (metade), se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada se resulta a morte. O crime de omissão de socorro é comum (pode ser cometido por qualquer pessoa); omissivo próprio ou puro (a omissão está descrita pelo tipo penal); deperigo abstrato ou de perigo concreto, dependendo do caso; de forma livre (admite qualquer meio de execução, desde que omissivo); unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual (em regra cometido por uma única pessoa, mas é compatível com o concurso de agentes); unissubsistente (a conduta se exterioriza em um único ato); e instantâneo. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 28 de 40 _____________________________________________________________________ Sujeito ativo: O crime é comum. Pode ser cometido por qualquer pessoa, mesmo que não tenha o dever de prestar assistência. Mas, se houver vinculação jurídica entre os sujeitos do delito (exemplos: pais e filhos, curador e interdito e etc…), o crime será de abandono de incapaz (art. 133, do CP) ou de abandono material (art. 244, do CP), conforme o caso. Se várias pessoas negam a assistência, todas respondem pelo crime. Cada uma delas terá cometido um crime de omissão de socorro, individualmente, e não em concurso. Se apenas uma pessoa presta o socorro, quando diversas poderiam tê-lo feito sem risco pessoal, não há crime para ninguém. Isso porque a vítima terá sido socorrida da situação de perigo, e é o que basta. O integral cumprimento do dever de solidariedade humana por uma pessoa exclui as demais. Todavia, se a assistência prestada for insuficiente, todos os omitentes responderão pelo crime. Somente as pessoas taxativamente indicadas pelo art. 135 do Código Penal podem ser vítimas do crime de omissão de socorro. São elas: criança abandonada, criança extraviada, pessoa inválida e ao desamparo, pessoa ferida e ao desamparo, e pessoa em grave e iminente perigo. Vejamos. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 29 de 40 _____________________________________________________________________ a) Criança abandonada: é a pessoa com idade inferior a 12 anos (Lei 8.069/1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente, art. 2.º) que foi intencionalmente deixada em algum lugar por quem devia exercer sua vigilância, e por esse motivo não pode prover sua própria subsistência. O crime de omissão de socorro, nessa modalidade, não se confunde com o abandono de incapaz (CP, art. 133). Naquele, não é o omitente quem cria o perigo abandonando a criança, pois foi ela deixada à própria sorte por seu responsável legal; neste, por sua vez, é o próprio sujeito quem abandona o incapaz, submetendo-o à situação perigosa. b) Criança extraviada: é a pessoa com idade inferior a 12 anos que está perdida, isto é, não sabe retornar por conta própria ao local em que reside ou possa encontrar resguardo e proteção. c) Pessoa inválida e ao desamparo: invalidez é a característica inerente à pessoa que não pode, por conta própria, praticar os atos cotidianos de um ser humano. Pode advir de problema físico ou mental. Mas não basta a invalidez. Exige-se ainda esteja a pessoa ao desamparo, isto é, incapacitada para se livrar por si só da situação de perigo. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 30 de 40 _____________________________________________________________________ d) Pessoa ferida e ao desamparo: é aquela que sofreu lesão corporal, não necessariamente grave, acidentalmente ou provocada por terceira pessoa. Mas não basta esteja ferida. É imprescindível que também se encontre ao desamparo, ou seja, impossibilitada de afastar o perigo por suas próprias forças. e) Pessoa em grave e iminente perigo: o perigo deve ser sério e fundado, apto a causar um mal relevante em curto espaço de tempo. Não é necessário seja a vítima inválida, nem que esteja ferida. A lei exige tão somente a presença do grave e iminente perigo, pouco importando tenha essa situação sido provocada por terceiro (exemplo: pessoa presa em um imóvel criminosamente incendiado), pela natureza (exemplo: pessoa desmaiada em via pública em razão de ter sido atingida por um raio) ou até mesmo pela própria vítima (exemplo: pessoa que entrou em um lago para nadar e está se afogando). Tipo objetivo: este crime não se caracteriza pelo simples não fazer ou fazer coisa diversa, mas pelo não fazer o que a norma jurídica determina. Tipo subjetivo: de acordo com o parágrafo único do art. 18 não pode haver nenhuma dúvida de que o crime do art. 135 só existe na forma dolosa. E mais: pelo exame, em conjunto, dos arts. 130 a 136, e confronto com outros dispositivos (por exemplo, arts. 121 e 129), esse dolo é de perigo, exclusivamente de perigo. O elemento subjetivo adverte-se na própria Exposição de Motivos, "é a vontade UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 31 de 40 _____________________________________________________________________ consciente referida exclusivamente à produção do perigo. A ocorrência do dano não se compreende na volição ou dolo do agente, pois, do contrário, não haveria por que distinguir entre tais crimes e a tentativa e crime de dano". Consuma-se o crime no momento da omissão, daí advindo o perigo presumido ou concreto, conforme o caso. Tentativa: tratando-se de crime omissivo próprio ou puro, não é cabível o conatus. Ou o sujeito presta a assistência determinada pela lei, e não há crime, ou deixa de fazê-lo, e o delito está consumado (crime unissubsistente). A pena prevista no caput (detenção, de um a seis meses, ou multa) é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Na expressão “lesão corporal de natureza grave” também ingressam as lesões corporais gravíssimas, descritas pelo art. 129, § 2.º, do Código Penal. Em face da quantidade da pena, constata-se serem tais causasde aumento exclusivamente preterdolosas. A omissão de socorro é punida a título de dolo, e os resultados agravadores (lesão corporal grave ou morte), a título de culpa. Além disso, o dolo de perigo presente na conduta inicial (omissão de socorro) somente é UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 32 de 40 _____________________________________________________________________ compatível com a culpa, pois é inaceitável pensar em um delito concebido com dolo de perigo que produza um resultado naturalístico doloso (dolo de dano). UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 33 de 40 _____________________________________________________________________ 7. Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial: base legal, sujeitos, tipo objetivo, tipo subjetivo, tentativa, consumação, qualificadoras, penas: ANA PAULA Base legal Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. Sujeito ativo é aquele que determina que o atendimento médico-hospitalar emergencial somente poderá ser realizado se houver a entrega do cheque-caução, da nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos como condição para o atendimento médico-hospitalar UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 34 de 40 _____________________________________________________________________ emergencial. Normalmente, quem estipula as condições para efeitos de atendimento é o diretor do estabelecimento de saúde, ou qualquer outro gestor que esteja à frente da administração. O problema surge quando o empregado, que trabalha no setor de admissão de pacientes, cumpre as ordens emanadas da direção e não permite o atendimento daquele que se encontrava em situação de emergência. Nesse caso, entendemos que haverá o concurso de pessoas, devendo, ambos (diretor e empregado) responder pela infração penal em estudo. Sujeito passivo será tanto a vítima/paciente, que necessita do imediato atendimento médico-hospitalar, quanto aquele de quem, em virtude de alguma impossibilidade da vítima/paciente, foi exigida a entrega do cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial Tipo objetivo. O tipo fala em exigir: Exigir no caso específico significa ordenar como condição para o atendimento emergencial. Abrange o cheque- caução, a nota promissória ou qualquer outra garantia (permissão da interpretação analógica). O cheque-caução é utilizado largamente no comércio como forma de honrar determinado compromisso. Já a nota promissória é um título de crédito que UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 35 de 40 _____________________________________________________________________ documenta a existência de um crédito líquido e certo, tratando-se de uma promessa de pagamento. O tipo ainda prevê como conduta delituosa, o fato de exigir para o atendimento, o preenchimento prévio de formulários administrativos. O desejo do legislador foi de que primeiro se atenda a emergência e depois sejam preenchidos os formulários administrativos. É necessário deixar bem explícito que basta uma das condutas para tipificar o delito: o agente criminoso ou exige a garantia ou exige o preenchimento do formulário. Não há necessidade de exigir a garantia e de exigir o preenchimento do formulário. Tipo subjetivo. É o dolo (direto ou eventual) de exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer outra garantia ou ainda de exigir o preenchimento prévio de formulários administrativos, sendo dolo de perigo. Consumação e tentativa O delito se consuma no instante em que a exigência de cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, é levada a efeito como condição para o atendimento médico- hospitalar emergencial, antes, portanto, do efetivo e necessário atendimento. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 36 de 40 _____________________________________________________________________ Tratando-se de um crime formal, a consumação ocorrerá mesmo que no momento em que é feita a exigência, a vítima não tenha sua situação agravada. Não há necessidade, assim, de qualquer produção naturalística de resultado (agravamento da situação da vítima/paciente ou mesmo a sua morte) para que o crime reste consumado. Basta, portanto, que o comportamento praticado tenha, efetivamente, criado uma situação de perigo para a vida ou a saúde daquele que necessitava do atendimento médico-hospitalar emergencial. Entendemos, in casu, não se admissível a tentativa, haja vista que não conseguimos visualizar, ao contrário do que ocorre com o delito de concussão, que contém o mesmo núcleo, ou seja, o verbo exigir, a possibilidade de fracionamento do iter criminis. Aumento de pena O Parágrafo Único do artigo 135 – A, CP prevê duas causas especiais de aumento de pena. A pena é duplicada se da negativa do atendimento decorre lesão corporal de natureza grave e é triplicada se resulta morte. Esses resultados são preterdolosos, de modo que as formas qualificadas jamais admitem tentativa. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS:Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 37 de 40 _____________________________________________________________________ 8. Maus-tratos: base legal, sujeitos, tipo objetivo, tipo subjetivo, tentativa, consumação, qualificadoras, causa de aumento de pena, penas: ANA PAULA Base legal Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de um a quatro anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 38 de 40 _____________________________________________________________________ Bem Jurídico A vida e a saúde da pessoa humana, ou seja, a integridade fisiopsíquica do ser humano, especialmente daqueles submetidos a autoridade, guarda ou vigilância para fins de educação, ensino, tratamento ou custódia. Sujeitos Sujeito ativo – é somente quem se encontre na condição especial de exercer a autoridade, guarda ou vigilância, para fins de educação, ensino, tratamento ou custódia. Sujeito passivo - qualquer pessoa que se encontre subordinada para fins de educação, ensino, tratamento ou custódia. Tipo objetivo O crime pode ser executado de várias maneiras: a privação de alimentos (pode ser relativa ou absoluta); a privação de cuidados indispensáveis; sujeição da vítima a trabalho excessivo ou inadequado; o abuso de meios de correção e de disciplina; O ECA criou novas figuras típicas criminais relacionadas com os maus- tratos, em seu art. 232 descreve o fato de “submeter criança ou adolescente sob UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 39 de 40 _____________________________________________________________________ sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou constrangimento”, porém impondo pena distinta do CP que vai de seis meses a dois anos. Tipo subjetivo O crime só é punido a título de dolo de perigo, sendo inadmissível a forma culposa. Consumação e tentativa O crime é consumado com a exposição do sujeito passivo ao perigo do dano, em conseqüência das condutas descritas no tipo. É admissível a figura da tentativa nas modalidades comissivas. Pena e ação penal A sanção penal é alternativa, para a figura simples detenção de dois meses a um ano, ou multa; para as figuras qualificadas, reclusão de um a quatro anos se resulta lesão corporal de natureza grave (§1º), e de quatro a doze anos se resulta a morte (§2º). Será majorada de um terço se a vítima for menor de quatorze anos (§3º). UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS DIREITO PENAL II DPU 0420K – UCS CAHOR DOCENTE: Mariana Krause Corrêa ACADÊMICOS: Ana Paula Frandoloso Daphne Groszewicz Fontana Dilnez Santos Carneiro Eduardo Pereira da Silva Letícia Gruesag Lourenço Paula Cristina Kulik Mansano QUESTÕES DE PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE – PÁGINA 40 de 40 _____________________________________________________________________ A ação penal é pública incondicionada, sendo desnecessária qualquer condição de procedibilidade. Classificação Doutrinária O delito é próprio (não pode ser praticado por qualquer pessoa), de ação múltipla ou de conteúdo variado (várias formas de realização), simples(atinge um só bem jurídico, incolumidade), plurissubsistente (necessita além do comportamento do sujeito o perigo concreto), comissivo ou omissivo, permanente na privação de alimentos ou cuidados, instantâneo nas outras hipóteses, e de perigo concreto. Formas Qualificadas Os §§ 1º e 2º definem crimes preterdolosos um resultado a lesão corporal de natureza grave e o outro a morte. Já no § 3º ocorre um aumento de pena (majorante), quando se tratar de sujeito passivo menor de 14 anos de idade.
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