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Gestão de estoque: em busca de um desempenho melhor
Fonte: http://www.wharton.universia.net/index.cfm?
fa=viewArticle&id=1114&language=portuguese; 
acesso em junho/2009. Publicado em: 08/03/2006 
Celulares com acesso a e-mail que tiram foto e navegam pela Internet; carros com 
opções que vão de rádios embutidos integrados a satélites a lâminas de limpadores de para-
brisa sensíveis à chuva; teclados de tecido sem fio que o usuário pode enrolar e desenrolar 
dentro do bolso. Não passa um dia sequer sem que surja um novo produto — ou sem que um 
produto antigo incorpore novos recursos tornando-se mais poderoso, prático ou fácil de usar.
Embora sejam todos uma bênção para o consumidor, esses milhões de novos produtos 
que surgem regularmente tornam a gestão do estoque tão arriscada quanto adivinhar o 
presente que uma adolescente deseja ganhar de aniversário no ano que vem. “Ninguém sabe 
qual será a demanda para esse tipo de coisa”, observa Serguei Netessine, professor de Gestão 
de Operações e de Informações da Wharton. Contudo, com a crescente diminuição do ciclo de 
vida dos produtos, diz ele, hoje a gestão da cadeia de suprimentos é mais importante do que 
nunca. Netessine cita como exemplos a indústria automobilística e de computadores. “Basta 
lembrar que, no passado, o Ford modelo T (Ford bigode) tinha uma cor só: preto. Agora, veja 
o número de modelos e de opções — são milhões de um mesmo carro. Como é que se estima 
quantos carros devem ser fabricados? Se observarmos a indústria da computação, veremos 
que são vários os chips de memória e os novos processadores lançados em um mesmo ano.”
É natural, portanto, que a gestão de estoques de diferentes níveis tenha se tornado 
uma operação altamente complexa. Se alguém mantém um estoque elevado demais, as 
despesas aumentam. “Mas se o reduzirmos exageradamente, não teremos nada para vender”, 
diz Netessine. Entretanto, apesar do papel fundamental da gestão de estoque para o sucesso 
de uma empresa, ninguém sabe como mensurar a qualidade da gestão da cadeia de 
suprimentos. “Todos sabem que a Dell e o Wal-Mart são bons nisso, mas fora essa duas 
empresas, ninguém sabe dizer se alguma outra saberia gerir sua cadeia de suprimentos 
melhor do que o seu vizinho.”
Decidido a descobrir se haveria um parâmetro legítimo de mensuração da qualidade, 
Netessine juntou-se a Serguei Roumiantsev, doutorando da Wharton. Dessa parceria resultou 
“uma metodologia estatística que associa decisões administrativas de estoque a retornos 
contábeis”, observam os autores em seu novo estudo intitulado “A política de estoque deve ser 
rígida ou reativa? Evidências para empresas americanas.”
Gestão de estoque: em busca de um desempenho melhor 1/4
Estoque de menos não está na moda
Uma das maiores surpresas com que Roumiantsev e Netessine depararam foi que a 
adoção de estoques enxutos não está necessariamente associada a lucros mais polpudos. “Os 
níveis de estoque, por si sós, não estão relacionados de maneira significativa e negativa aos 
lucros atuais ou futuros”, informam os autores. “Na verdade, em algumas indústrias, quanto 
maior o estoque, maior o lucro”, diz Roumiantsev.
O que de fato afeta a lucratividade de uma empresa é a velocidade com que o gestor 
ajusta o estoque para atender às mudanças do mercado. “Ganhos mais elevados estão 
relacionados à velocidade do binômio mudança/reação observada na gestão de estoque”, 
assinalam os autores. Em outras palavras, as empresas que elevam os níveis dos estoques 
rapidamente para atender à maior demanda, ou os reduzem quando a demanda decresce, são 
mais lucrativas.
Tais descobertas parecem respaldar as técnicas de fabricação just in time, que 
enfatizam a preservação de níveis mínimos de estoque. Só há solicitação de novos itens 
quando o estoque do produto em questão atinge o nível mínimo de atendimento à demanda 
real. Contudo, a pesquisa de Netessine tira a ênfase do estoque enxuto e o substitui pela 
velocidade, atribuindo a esta maior importância. “Não creio que nossa pesquisa contrarie o 
just in time, cuja preocupação é a de adequar rapidamente o estoque”, diz ele. “Contudo, as 
pessoas não sabiam como mensurar esses dados financeiros disponíveis para consulta.”
Avaliando a capacidade de reação do estoque
Em seu estudo, Netessine e Roumiantsev analisaram dados de 722 empresas de capital 
aberto representando oito indústrias: petróleo e gás, eletroeletrônicos, atacado, varejo, 
maquinário, hardware, alimentos, bebidas e químicos. “Utilizamos dados trimestrais com 44 
pontos no tempo entre 1992 e 2002 referentes a cada empresa utilizada na amostra”, 
assinalam os pesquisadores. Nenhuma atividade do setor de serviços foi incluída na amostra, 
uma vez que os estoques não têm tanta importância nesse segmento. Foram também 
excluídos os conglomerados, como a General Electric, cujas operações são diversificadas 
demais para serem fragmentadas. Em média, as empresas da amostra totalizaram 396 
milhões de dólares em estoques e contabilizaram um total de vendas, por trimestre, de 572 
milhões.
“Tentamos primeiramente descobrir por que uma determinada empresa mantém um 
Gestão de estoque: em busca de um desempenho melhor 2/4
nível x de estoque”, diz Netessine. “Por que esta empresa tem esse nível específico e aquela 
outra um nível diferente, sendo que as duas fazem parte de uma mesma indústria?” Os 
principais determinantes dos níveis de estoque são conseqüência da demanda média, do grau 
de incerteza próprio da demanda, do lead time [tempo de espera] e do custo do capital. “Se 
você trabalha com algum item da Ásia, seu estoque deve ser maior”, diz Netessine. “Se o 
custo do capital for mais elevado, seu estoque deve ser menor. Todos esses fatores somados 
vão resultar no volume de estoque necessário para uma determinada empresa.”
Em seguida, Netessine e Roumiantsev analisaram a rapidez com que uma empresa 
adequava seu nível de estoque em resposta às mudanças do ambiente. Para determinar o grau 
de reação do estoque de uma companhia qualquer — ou a “elasticidade” do estoque — os 
autores mediram a velocidade da mudança observada no estoque em relação ao lead time, 
vendas, prováveis vendas e margem bruta. “Depois, observamos as mudanças ocorridas 
nesses fatores de um trimestre para o outro e como se davam as mudanças no estoque de um 
trimestre para o outro”, explicou Netessine. “A elasticidade, por exemplo, mede a mudança de 
estoque associada a 1% de mudança na demanda. Ela mostra com que rapidez a empresa 
deve ajustar seus estoques em relação a outras variáveis ambientais.”
Por fim, os pesquisadores examinaram o impacto da gestão de estoques sobre o 
retorno sobre ativos (RSA) da empresa, tomando-o como medida de desempenho financeiro. 
Resultado: “As empresas que reagem mais rapidamente (ou que têm maior elasticidade) às 
vendas, à demanda incerta e ao lead time, adequando seus estoques, apresentam, em média, 
um RSA mais elevado.” Essa constatação se mostrou verdadeira não apenas para o RSA atual, 
mas também para o RSA futuro, com projeção de três a seis meses.
Os resultados de empresas específicas apresentaram uma variação maior. Por exemplo, 
a capacidade de obter mais rapidamente um determinado item mostrou um impacto maior 
sobre o RSA nos segmentos de varejo e de produtos eletrônicos. Não é de surpreender, 
portanto, que o estudo tenha demonstrado que as empresas de indústrias nas quais a 
demanda é menos certa são, em média, menos rentáveis. “Aconselhamos que se faça uma 
análise mais detalhada desse segmento comuma amostra de dados menos agregada para o 
estudo de indústrias específicas”, observam os autores.
Ferramenta para determinação da qualidade
O estudo poderá ajudar os investidores a predizer com maior acerto o desempenho 
financeiro das empresas. “Devido à compreensão limitada da relação entre gestão de estoque 
e desempenho financeiro, poucos analistas e gestores de fundos recorrem aos estoques para 
Gestão de estoque: em busca de um desempenho melhor 3/4
predizer/explicar os retornos contábeis de qualidade superior”, afirma o relatório. Contudo, os 
autores apontam uma exceção — David Berman, gestor de fundos de hedge que opera no 
varejo. Ao conferir especial atenção à “dinâmica conjunta de estoques e vendas”, Berman 
conseguiu um desempenho notável para sua carteira. (Sua metodologia foi detalhada em um 
caso recente da Harvard Business School intitulado “David Berman”). Todavia, Roumiantsev 
ressalta que só a elasticidade do estoque não explica o seu desempenho, portanto é “preciso 
pesquisar mais antes de fazer essa ligação”.
Um resultado mais óbvio e importante do estudo é que ele proporciona um meio de 
mensurar a capacidade da empresa de gerir seu estoque. A análise da “elasticidade do 
estoque”, conclui o relatório, é um parâmetro mais relevante de excelência operacional do que 
a simples observação dos níveis de estoque. Na verdade, é comum as empresas manipularem 
os níveis de estoque retardando a aceitação das remessas ou dando descontos — reduzindo 
assim, temporariamente, seu nível de estoque. “Nossa intenção é mostrar que é mais difícil 
manipular as elasticidades de estoque, já que elas propiciam um quadro mais abrangente da 
situação”, informa Netessine. “Ao analisar a reação de uma empresa ao ambiente tomando-se 
como referência seus ajustes de estoque, os conselhos de administração terão como avaliar 
melhor a gestão da companhia.”
Trata-se de um expediente que o Wal-Mart já incorporou. “Não há dúvida de que o Wal-
Mart monitora o comportamento do estoque em relação às vendas”, diz Netessine. Tanto é que 
em seu relatório anual de 2004, a empresa ressalta que “uma medida fundamental para 
avaliação da nossa eficiência consiste em observar se o crescimento do estoque se dá a uma 
taxa inferior a 50% do crescimento das vendas.”
Ao por em funcionamento seu modelo de elasticidade e lucratividade, Netessine e 
Roumiantsve constataram que os estoque do Wal-Mart não se situavam em níveis muito 
reduzidos. “Contudo, a empresa tem conseguido reagir com sucesso às variáveis ambientais”, 
a tal ponto que hoje pertence ao grupo de 25% das empresas com melhor desempenho no que 
diz respeito à elasticidade do estoque em relação às vendas. Já o Kmart apresentou níveis 
semelhantes de estoque, porém mostrou-se “lento demais em geri-lo”. Netessine conclui que 
“as empresas cuja gestão da cadeia de suprimentos é mais sofisticada sabem como é 
importante reagir quando o assunto é gestão de estoques”.
Gestão de estoque: em busca de um desempenho melhor 4/4

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