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GESTAO DE ESTOQUES E ARMAZENAGEM

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5000.32420020,00 4.000,00 70011.500,00 16,43 
8000.543- 15016,43 2.464,29 5509.035,71 16,43 
EntradasSaídasSaldo
Disciplina: Gestão de Estoques e Armazenagem
Autor: Wesley Teófilo 
Unidade de Educação a Distância
GESTÃO DE ESTOQUES E ARMAZENAGEM
Autor: Wesley Teófilo 
Belo Horizonte / 2012 
ESTRUTURA FORMAL DA UNIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÃNCIA
REITOR
LUÍS CARLOS DE SOUZA VIEIRA
PRÓ-REITOR ACADÊMICO
SUDÁRIO PAPA FILHO
COORDENAÇÃO GERAL
AÉCIO ANTÔNIO DE OLIVEIRA
COORDENAÇÃO TECNOLÓGICA
EDUARDO JOSÉ ALVES DIAS
COORDENAÇÃO DE CURSOS GERENCIAIS E ADMINISTRAÇÃO 
HELBERT JOSÉ DE GOES
COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/ LETRAS 
LAILA MARIA HAMDAN ALVIM
COORDENAÇÃO DE CURSOS LICENCIATURA/PEDAGOGIA 
LENISE MARIA RIBEIRO ORTEGA
INSTRUCIONAL DESIGNER
DÉBORA CRISTINA CORDEIRO CAMPOS LEAL
KELLY DE SOUZA RESENDE
PATRICIA MARIA COMBAT BARBOSA
EQUIPE DE WEB DESIGNER
CARLOS ROBERTO DOS SANTOS JÚNIOR
GABRIELA SANTOS DA PENHA
LUCIANA REGINA VIEIRA
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
FERNANDA MACEDO DE SOUZA ZOLIO
RIANE RAPHAELLA GONÇALVES GERVASIO
AUXILIAR PEDAGÓGICO
ARETHA MARÇAL DE MACÊDO SILVA
MARÍLIA RODRIGUES BARBOSA
REVISORA DE TEXTO
MARIA DE LOURDES SOARES MONTEIRO RAMALHO
SECRETARIA
LUANA DOS SANTOS ROSSI 
MARIA LUIZA AYRES
MONITORIA
ELZA MARIA GOMES
AUXILIAR ADMINISTRATIVO
THAYMON VASCONCELOS SOARES
MARIANA TAVARES DIAS RIOGA
AUXILIAR DE TUTORIA
FLÁVIA CRISTINA DE MORAIS
MIRIA NERES PEREIRA
RENATA DA COSTA CARDOSO
Sumário
5Unidade 1: Introdução à Gestão de Estoques e Armazenagem
25Unidade 2: Gestão de Estoques
50Unidade 3: Custos de estoques
72Unidade 4: Sistemas produtivos e controle de estoques
91Unidade 5: Embalagens
114Unidade 6: Armazenagem
136Unidade 7: Sistema de gerenciamento de armazéns - WMS
Ícones
	Comentários
	
	Reflexão
	
	Dica
	
	Lembrete
	
Unidade 1: Introdução à Gestão de Estoques e Armazenagem
1. Dia
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9.250,00
 
 
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Entradas
Saídas
Saldo
Nosso Tema 
Estudaremos aqui, nesta unidade, os princípios que regem a gestão de estoques e a armazenagem. Como tudo que é construído, o conhecimento precisa estar alicerçado sobre bases sólidas. O aprendizado dos conceitos, objetivos e princípios é de fundamental importância para a absorção dos temas que serão tratados nas unidades à frente.
Todos nós somos consumidores e, assim, quando vamos às compras, esperamos encontrar os produtos que estamos procurando, independentes se eles foram provenientes de perto ou de milhares de quilômetros de distância. Tendo isso em vista, a armazenagem contribui para a manutenção desse nível de serviço de modo satisfatório para os clientes.
O gestor deve tomar decisões fundamentais para proporcionar aos seus clientes o nível de serviço esperado. Dessa forma, a boa gestão dos estoques é de fundamental importância. A compreensão de seus objetivos, funções e princípios constituem uma base sólida para uma melhor absorção dos conhecimentos sobre o tema.
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CaixasDias
Para Refletir
A armazenagem não agrega valor aos produtos, porém a sua gestão, de forma indevida, certamente acarretará perdas e desperdícios.
Você já pensou sobre isso?
Já pensou que pouco adianta uma armazenagem de produtos feita em um local com todas as condições necessárias, equipamentos de movimentação modernos e informatizados se o gestor não conhece os princípios da boa gestão de estoques?
Para isso, iremos estudar esses princípios e conceitos para que, como gestor, você sempre tome a decisão mais assertiva tanto no tocante à qualidade da armazenagem quanto à administração da quantidade a ser estocada.
2. Conteúdo Didático
É sabido que, para o atendimento da demanda por produtos, o estoque exerce função preponderante, pois será a correta gestão deles, aliada à correta gestão da armazenagem, que irá suprir as necessidades dos clientes de ter os produtos certos e nas quantidades certas quando precisar.
2.1. Objetivos e funções
A existência de estoques está vinculada ao desequilíbrio que existe entre oferta e demanda dos produtos. O estoque está em constante desequilíbrio, pois, quando a taxa de consumo sobe, sua quantidade diminui. Quando ocorre o contrário, sua quantidade aumenta como mostrado no gráfico 01. Observe que quanto maior a demanda menor é a quantidade em estoque.
Grafico 01
Já no gráfico 02, você poderá ver que na condição ideal (que não existe na realidade) se a oferta for sempre igual a demanda não haveria necessidade de estoques, ou seja, ele seria zero.
Gráfico 02
Como pode ser visto no gráfico simplificado, a tendência da demanda e da quantidade em estoque é estarem em oposição. Para que isso seja atenuado, o gestor deve ter conhecimento e dispor da maioria possível de conhecimentos e ferramentas para que sejam feitas previsões. O estoque deve ser gerenciado o mais racionalmente possível, visando atingir o tão sonhado equilíbrio entre o estoque e a demanda, quando estes passam a agir em consonância. Para isso, devem-se conhecer as estratégias e modalidades de estoques existentes.
Estoque de antecipação: É o estoque aplicado a produtos que possuem comportamento sazonal, que está ligado às ocorrências não constantes de um determinado período. Como exemplo, temos os fabricantes de sorvetes que vendem mais quando a temperatura se eleva, assim como os fabricantes de ventiladores. Há os períodos festivos como páscoa, natal e outros que geram demandas que não correspondem às dos períodos ditos “normais”.
As empresas enfrentam um sério problema devido a esse desequilíbrio que a sazonalidade causa na demanda. Normalmente, as empresas, em caso de já terem conhecimento do advindo de uma demanda sazonal, lançam mão do estoque de antecipação. Como as empresas não dimensionam seus recursos para atender o pico da demanda, ao longo dos períodos de normalidade, o estoque de antecipação é formado. Dessa forma, quando o período sazonal chegar à empresa, ela estará abastecida para suprir o pico de demanda que acontecerá.
A sazonalidade tem uma forte influência no fluxo de caixa das empresas. Ele tanto pode capitalizá-la em períodos quando as vendas são altas, como descapitalizá-la em períodos de baixa. Há maneiras de se reduzir o estoque de antecipação. A principal delas é o investimento em mais unidades produtivas. Porém, isso tem que ser feito de forma muito bem calculada, pois o custo de se manter uma unidade produtora pode ser maior que o custo de se manter um nível mais elevado de estoques.
Não se preocupe! Veremos, na unidade 3, como calcular esses custos de estocagem.
Estoque de segurança: O estoque de segurança tem por finalidade proteger a empresa contra imprevistos, seja na demanda ou no fornecimento. O estoque de segurança é aquela quantidade de produtos que só deve ser utilizada em casos extremos para não afetar a demanda. Por exemplo, em casos de atraso nas entregas dos produtos por parte dos fornecedores, a empresa (caso tenha estoque de segurança) poderá utilizá-lo para suprir as necessidades de seus clientes. Não só em casos de atraso nas entregas, mas também na entrega de produtos errados ou em não conformidade. 
O estoque de segurança possui uma função estratégica para as empresas. O não suprimento de uma demanda dos clientes acarreta perda real de vendas e, conseqüentemente, uma fatia do mercado. 
Lembre que, se o seu produto não estiver “na prateleira”, o do concorrente certamente estará. 
A existência do estoque de antecipação,visto no item anterior, não supre a ausência do estoque de segurança, principalmente na época de pico. O estoque de segurança está diretamente vinculado ao nível de serviço que se deseja prestar aos clientes. Como tudo possui um custo, o custo de manutenção deste, a exemplo do estoque de antecipação, deve ser muito bem calculado, a fim de evitar ou minimizar o capital parado.
Estoque por tamanho do lote ou estoque de ciclo: O estoque por lote existe quando a produção dos produtos exige um lote mínimo de fabricação. Por exemplo, uma fábrica de refrigerantes somente mobilizará suas máquinas para produzir um determinado sabor, se produzir uma quantidade mínima (lote) do produto cuja venda compense essa mobilização. Outro exemplo são as empresas que fabricam tijolos, pisos, dentre outros.
Outra característica que leva as empresas a terem estoques por lote é o fator de transportes. Existe uma relação entre o custo do frete a ser pago com a quantidade a ser transportada. Assim, se essa relação for favorável a obter um preço menor do frete, pode-se optar em produzir um lote para obter esse ganho.
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1000.12350015,00 7.500,00 5007.500,00 15,00 
5000.32420020,00 4.000,00 70011.500,00 16,43 
8000.543- 15016,43 2.464,29 5509.035,71 16,43 
EntradasSaídasSaldo
Fique ligado! Na unidade 4, você aprenderá a calcular o lote mais econômico.
Estoque de proteção (hedge): O termo (hedge), em uma tradução literal, significa “cerca”. É um termo utilizado quando um investidor deseja proteger o seu investimento das oscilações do mercado. É o que acontece com os estoques. O estoque de proteção tem por finalidade não deixar os clientes sem os produtos devido a greves, ao aumento de preços, à inflação, à instabilidade política e etc. Ele é bem semelhante ao estoque de segurança, porém esse tem caráter permanente e o estoque de proteção deve ser utilizado somente em situações excepcionais, como as descritas anteriormente.
Estoque em trânsito: O estoque em trânsito ocorre quando os produtos estão em movimento. Esse movimento tanto pode ser interno à unidade produtiva ou armazenadora quanto externo. A movimentação interna ocorre principalmente quando as matérias-primas ou produtos semi-acabados se deslocam dentro das instalações. Eles saem do setor de origem e vão para o setor de destino. Nesse intervalo, os produtos estão em trânsito. Em geral, a duração dela é curta e pouco afeta os estoques como um todo. Já o estoque em trânsito externo é de extrema importância, pois seu deslocamento pode durar dias ou mesmo semanas dependendo da origem-destino.
Há três estágios de estoque em trânsito:
Como vocês viram, é muito importante conhecer que modalidade de estoques se está administrando. Existe um para cada tipo de situação. O importante é você saber o momento certo de utilizar cada um deles. Para utilizá-los corretamente, vamos estudar, a seguir, os princípios que regem o controle de estoques.
2.2. Princípios de controle de estoques
Para a boa gestão dos estoques, você deve saber quais são suas principais funções. O conhecimento delas possibilitará ao gestor a correta tomada de decisões. Lembrando que essas decisões sempre devem ser baseadas em preceitos científicos e em cálculos, evite utilizar a intuição, não que ela deva ser desprezada, pois a experiência aliada ao conhecimento é um fator de sucesso. Seguem, abaixo, as funções principais do gestor de estoque:
	1. Determinar o número de itens que devem permanecer em estoque.
	2. Determinar a periodicidade do reabastecimento do estoque. Essa é um dos princípios mais importante, pois terá influência direta no fluxo de caixa da empresa.
	3. Determinar a quantidade de estoque que será necessária para um determinado período.
	4. A aquisição de estoque deve ser feita pelo Departamento de Compras, sob as diretrizes do gestor de estoque.
	5. Receber, armazenar e atender com os materiais estocados de acordo com a demanda.
	6. Controlar os estoques em termos de quantidade e valor e constantemente fornecer informações sobre sua posição.
	7. Manter inventários periódicos para a avaliação dos produtos estocados e em que estado eles se encontram.
A parte relativa a inventários será vista na unidade 2.
	8. Identificar e remover do estoque itens que não estão dentro da validade ou que por algum motivo estão obsoletos.
Esses são apenas alguns itens que devem ser levados em consideração pelo gestor antes de montar um sistema de controle de estoques. A disponibilidade de capital por parte da administração da empresa é um item determinante para o controle de estoques, bem como o tipo de unidade onde o estoque está localizado (fábrica, armazém, centro de distribuição, comércio, dentre outros). Os tipos de estoque que são encontrados nas empresas variam de acordo com o tipo de empresa e processos de fabricação utilizados. 
As principais categorias de estoque que são encontrados em uma empresa são:
Matéria-prima: são itens comprados ou extraídos que sofrem transformações ao longo do processo produtivo. Como exemplo, temos madeira, matéria-prima para móveis, minério de ferro para o aço, dentre outros. As matérias-primas são itens básicos e necessários para a produção do produto acabado. Elas podem fazer parte da essência dos produtos acabados ou virem agregados a eles. Para a formação do estoque de matérias-primas, alguns fatores devem ser levados em conta para evitar perdas e desperdícios:
Produto em processo: consiste em todos os materiais que estão sendo utilizados no processo fabril. Em geral, eles são produtos parcialmente acabados. Se uma peça, por exemplo, sofreu algum tipo de processamento, ela é considerada produto em processo. Quanto maior o ciclo de produção, maior a quantidade esperada de produtos em processo. Uma boa gestão, utilizando técnicas como o Kanban, pode diminuir muito a quantidade de produtos em processo.
Quer saber o que é Kanban? Veremos mais sobre ele na unidade 4.
Produto semi-acabado: são produtos que ficam armazenados aguardando operações adicionais que os adaptem para diferentes usos. Pode também ser formado por produtos que serão customizados. Como exemplo, temos uma malharia que fabrica camisetas. Há um estoque semi-acabado de camisetas brancas que serão tingidas ou receberão adereços de acordo com a demanda do mercado ou a estratégia de vendas da empresa.
Produto acabado: é formado por produtos que já foram produzidos, mas ainda não foram vendidos. São produtos que já passaram por toda a manufatura e não receberão mais itens e já foram aprovados pelo controle de qualidade. Esses produtos já estão prontos para seguir para os clientes.
Peças de manutenção: As peças de manutenção são itens importantes em toda unidade fabril. Elas devem receber uma atenção especial, pois a falta desses itens no estoque, em caso de quebra de uma máquina, pode interromper toda uma produção, gerando atrasos e não cumprimento de prazos de entrega para os clientes e conseqüente perda financeira.
Estoque de distribuição: É o estoque de produtos acabados que se destina a abastecer outros centros de distribuição, visando atender às demandas de diferentes locais.
Agora, você já sabe quais são as principais atribuições de um gestor de estoques e quais os tipos de estoques podem existir dentro da empresa. Esses estoques e a sua gestão não são uma parte isolada do restante da empresa. No tópico seguinte, você verá um exemplo de eles podem se encaixar no fluxo administrativo que cuida dos materiais nas empresas.
2.3. Integração das atividades de gestão de estoques e armazenagem dentro da empresa
Uma empresa é formada por diversos setores. Cada setor possui sua especialidade, ou seja, cuida daquilo que sabem fazer melhor. Dessa forma, a administração dos materiais em uma empresa pode ser subdividida e exercida por setores sob uma coordenação superior preferencialmente.
 A logística é umaoperação integrada para cuidar de suprimentos e da distribuição de produtos de forma racionalizada. Para isso, ela deve ser feita de maneira planejada e coordenada, sempre visando à redução de custos, ao aumento da competitividade e à manutenção do nível de serviço aos clientes.
Veja, a seguir, a posição genérica da gestão de estoques e armazenagem na administração dos materiais de uma empresa.
Fonte: Viana (2004, p.46)
Essa é apenas uma das diversas possibilidades de localização organizacional da gestão de estoques e da armazenagem na empresa. Essa organização pode variar em função de muitos fatores, como, por exemplo, a cultura organizacional da empresa.
A seguir, apresento-lhe o papel estratégico da logística na empresa. Observe a localização dos estoques e da armazenagem. Como pode notar, o planejamento de estoques e a armazenagem estão entre a administração de compras e o transporte que se localizam nas pontas. É a boa gestão dos estoques e da armazenagem que fará com o que o fluxo de produtos siga para o consumidor, capacitando a empresa a cumprir seu planejamento estratégico.
Fonte: Viana (2004, p.47)
Esses são apenas exemplos de como a administração dos materiais está situada dentro das empresas. De acordo com cada empresa, esse arranjo pode ser alterado. 
2.4. Modelos de previsão para estoques
O estudo de estoques é baseado na previsão de demanda dos produtos. Através das previsões, são estabelecidas as demandas futuras de tipo e da quantidade de produtos que serão comercializados. As características básicas das previsões são:
· É o ponto de partida de todo planejamento;
· Depende da eficácia dos métodos empregados;
· Depende da qualidade das hipóteses que foram utilizadas no raciocínio.
Para fazer uma previsão de demanda, dois tipos de fatores devem ser levados em consideração: fatores de caráter quantitativo e fatores de caráter qualitativo. Observe que os fatores de caráter quantitativo envolvem “números”. Eles sempre são obtidos através de medições e cálculos estatísticos. Os fatores de caráter qualitativo envolvem a percepção de opiniões e posturas.
	Caráter
	Fatores
	Quantitativo
	· Evolução das vendas no passado
· Variáveis cuja evolução e explicação estão ligadas diretamente às vendas, como, por exemplo, as vendas futuras de materiais de construção
· Variáveis de fácil previsão que podem estar ligadas às vendas, como população, renda, PIB, etc.
· Influência da propaganda.
	Caráter
	Fatores
	Qualitativo
	· Opinião dos gerentes
· Opinião dos vendedores
· Opinião dos compradores
· Pesquisas de mercado
· Fatores climáticos
Como visto no quadro acima, os fatores de caráter qualitativo envolvem previsões, sejam de vendas futuras, sejam de demandas atuais. Abaixo, você verá um modelo do comportamento dinâmico do processo de previsão que pode ser utilizado como auxílio ao se fazer uma previsão de estoques:
Fonte: Dias (1933, p.33)
Você pode observar, no fluxograma acima, que a previsão parte de um histórico de consumo. Por isso, é muito importante que os gestores mantenham sempre registros das vendas ou das demandas de seus produtos. A partir desse histórico, você pode formular um modelo de previsão levando em conta a modalidade de estoque que pretende trabalhar, como foi visto no tópico “Objetivos e funções”.
Uma vez validado o modelo adotado, deve-se proceder às correções necessárias (é sempre bom ele ser revisado por outro profissional). Com as correções feitas após um tempo determinado pelo gestor, as previsões devem ser comparadas com o que foi comprado e colocado em estoque, e este comparado com a demanda. Se estiverem compatíveis pode continuar a adotar o modelo, caso contrário, deve-se revê-lo. Em qualquer dos casos, o resultado atual sempre alimentará a previsão seguinte, fazendo parte do histórico, e o processo se inicia novamente. 
Para se fazerem projeções de demanda, podemos utilizar diversas técnicas. Elas podem ser classificadas em três grupos:
	Projeção
	São aquelas que admitem que o futuro será repetição do passado ou as vendas evoluirão no tempo.
Segundo a mesma lei observada no passado, este grupo de técnicas é de natureza essencialmente quantitativa. Um exemplo seria um cenário onde as projeções da economia nacional não apresentam crescimento. Uma empresa nessa situação poderá prever para o ano atual as mesmas vendas do ano anterior.
	Explicação
	Procura-se explicar as vendas do passado mediante leis que as relacionam com outras variáveis cuja evolução é conhecida ou previsível. São basicamente aplicações de técnicas de regressão e correlação. Em um cenário onde, por exemplo, na região da empresa foi instalado um pólo industrial e este aumentou a renda da população e, assim, ela passou a consumir mais. Dessa forma, pode-se explicar o aumento das vendas com uma causa conhecida.
	Predileção
	Funcionários experientes e conhecedores de fatores influentes nas vendas e no mercado estabelecem a evolução das vendas futuras. Um exemplo disso são funcionários com muitos anos de trabalho na empresa que possuem contatos externos e trazem informações privilegiadas sobre algo que poderá beneficiar a empresa.
Existem diversos fatores que influenciam os estoques e, conseqüentemente, a sua previsão. Os mais variados fatores podem afetar a demanda e as estratégias das empresas para com seus estoques, desde variações do clima à situação econômica internacional. Como pode ver, a gama de fatores é muito grande, mas abordaremos os que acometem a maioria das empresas.
Sazonalidade e variação da demanda
Os produtos sazonais têm comportamento extremamente particular e apresentam um fluxo logístico mais complexo. Existem produtos que não são sazonais, mas possuem em sua composição outros produtos ou ingredientes que são. Um exemplo é o extrato de tomate. O tomate é colhido uma vez por ano e tem que ser armazenado para que a produção não pare em nenhuma época do ano. A maioria dos produtos que têm em sua composição produtos agrícolas sofre essa influência. Nesses casos, em geral, há uma grande formação de estoques na safra para que a empresa não passe por necessidades na entressafra. Os custos dessa alta formação de estoque têm que ser muito bem dimensionados para que não falte matéria-prima para a produção nem que ela se deteriore por perda de validade, ou até mesmo tenha sua qualidade comprometida em função do tempo que ficou armazenada.
Diversidade ou variedade de produtos
Quanto maior a diversidade de produtos, maior é a fragmentação. O fator diversidade tem papel relevante na formação de estoques principalmente em decorrência de tamanhos de lote. Quanto maior a diversidade de produtos, maior é o tempo necessário para a preparação. Atualmente, devido às exigências dos consumidores, os produtos possuem cada vez mais variância do mesmo produto. Como exemplo, temos os refrigerantes que possuem o mesmo conteúdo, mas dentro das mais variadas embalagens. 
Disponível em <http://www.theoriginof.com/images/beverages/soft_drinks/soft_drinks.jpg>. Acesso em 12/12/2008.
Tempo de vencimento
O prazo de vencimento é um dos fatores mais importantes na estratégia de formação de estoques. Podemos arriscar a dizer que é o mais importante, pois, uma vez que ele não seja observado, acarretará perdas financeiras para a empresa com possíveis reflexos em perdas nas vendas. Quanto menor o prazo de validade dos produtos, menor deve ser a quantidade estocada relativamente a produtos com maior prazo. Para a permanência dos produtos em estoque, não se deve levar em consideração somente a data de validade. Isso se deve ao fato de que os produtos perecíveis (assim como os demais) têm que ser transportados aos pontos de venda, ficar em exposição até serem comprados e devem ainda ter um tempo de vida na casa dos clientes para consumo. Exemplo disso são os iogurtes, laticínios em geral, carnes resfriadas.
Disponível em <http://www.ssantalucia.com.br/images/laticinios.jpg>. Acesso em 12/12/2008.
Para que uma previsão de estoques seja bem feita, o consumo de produtos deve ser muitobem estudado. A evolução de consumo pode ser representada das seguintes formas:
Modelo de evolução horizontal de consumo: A tendência é constante; ela não varia com o tempo. Ao longo do tempo, o consumo do(s) produto(s) se mantém inalterada.
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Entradas
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Saldo
É muito importante para seu entendimento ver o gráfico e o exemplo que estão na sua aula on-line. Não deixe de acessá-los!!! 
Modelo de evolução de consumo sujeito à tendência: O consumo médio aumenta ou diminui ao longo do tempo.
Não deixe de acessar sua aula on-line! Nela, veja um exemplo e um gráfico para ilustrar este modelo.
Modelo de evolução sazonal de consumo: O consumo possui grandes oscilações regulares que podem ser negativas ou positivas. Uma medida dessa grandeza de oscilação pode ser tomada quando ela varia em 25% do consumo médio e sempre está condicionada a alguma causa.
Acesse sua aula on-line e veja um exemplo e um gráfico deste modelo.
Na vida prática, podem acontecer combinações desses modelos de evolução de consumo. O que o gestor deve fazer é nunca deixar de acompanhar o desempenho da demanda dos produtos. Para isso, existem softwares que auxiliam o gestor nessa tarefa.
Fique tranqüilo! Veremos, na unidade 07, um sistema que é uma excelente ferramenta para esse controle.
Como vimos, os produtos estão sujeitos a diversos tipos de tendências no decorrer de sua existência. Por exemplo, o ciclo de vida dos produtos pode ser marcado pelo fato de ele apresentar os três modelos de tendência vistos anteriormente.
Ao longo da vida da maioria dos produtos, eles passam por fases de consumo que são ascendentes. Depois, eles entram na maturidade e o consumo se estabiliza. No final do ciclo de vida, ele entra em decadência e o consumo fica descendente.
Veja, na sua aula on-line, o gráfico que explica esse ciclo.
Com roupas e calçados isso é visível em um período relativamente curto de tempo. Tudo que está sujeito a modismos passa por esse processo. Um exemplo disso é o lançamento de um tênis revolucionário com amortecimento, auto-ajustável e outros adereços. Ao ser lançado, as vendas começam tímidas, mas, com o tempo, há uma “explosão”. Depois, as vendas se estabilizam e, quando é lançado um novo modelo, a tendência do anterior é cair em desuso até as vendas serem praticamente insignificantes e o produto ser tirado de linha.
A previsão do comportamento do consumo pode ser afetada por diversos fatores:
· Influências políticas: O Governo pode ser mais ou menos liberal em relação ao mercado, regulá-lo ou deixar mais livre.
· Influências sazonais: Clima, épocas festivas ou não influenciam no consumo.
· Alterações no comportamento dos clientes: Fatores ligados à moda ou à determinada tendência que o mercado estabeleceu podem afetar o consumo.
· Inovações tecnológicas: Um produto tecnologicamente superior pode fazer com que produtos desapareçam ou tenham que se adaptar.
· Produtos retirados da linha de produção: Produtos que são substituídos por outros ou quando seu ciclo de vida termina.
· Alteração na produção ou nas características dos produtos: Produtos podem alterar suas características de forma, sabor, textura, embalagem, dentre outras.
· Competição dos concorrentes: Os concorrentes podem ocupar fatias de mercado antes ocupadas por produtos anteriores.
Como vimos neste tópico, é muito importante que o gestor mantenha sempre um registro de todas as demandas ou vendas de seus produtos. Só assim ele poderá utilizar as ferramentas estatísticas para poder fazer as previsões e os estudos necessários para abastecer e controlar os estoques.
Nesta unidade, você aprendeu quais são as modalidades e tipos de estoques, bem como os métodos que podem ser utilizados para que seja feita uma previsão o mais apurada possível, sempre buscando o objetivo de se ter uma demanda o mais próximo possível da oferta dos produtos, resultando, assim, em uma quantidade menor de produtos em estoque.
Na próxima unidade, você verá por que manter estoques e que ferramentas básicas devemos utilizar para controlar e apurar dados dos estoques.
3. Teoria na Prática 
No estudo de caso a seguir, veremos como a sazonalidade influencia diretamente a produção e, conseqüentemente, os estoques de uma empresa de bebidas inglesa. Note que, apesar da grande capacidade produtiva da empresa, ela está sujeita à influência de diversos fatores que vão desde o clima a contratos rígidos com clientes. O acompanhamento das vendas é fundamental para que a empresa não acumule estoques nem sofra com a falta de produtos para entrega aos clientes.
Estudo de caso da Britvik Soft Drinks (Distribuidora da Pepsi na Inglaterra)
A unidade operacional de envasamento da Britvic Soft Drinks, em Rugby, na parte central da Inglaterra, é uma das maiores da Europa. Além de suas próprias marcas, como a Tango, a empresa também envasa e distribui Pepsi-Cola. Essa unidade dispõe de quatro linhas de envasamento moderníssimas, cada uma delas produzindo 1 500 latas por minuto. Assim, a capacidade máxima em um período ininterrupto de 24 horas seria de 8,5 milhões de latas. Existem acordos rígidos de entrega com os principais clientes (os supermercados), e todos os produtos têm uma vida curta nas prateleiras do varejo. Portanto, a produção precisa se ajustar de acordo com a demanda. Apenas uma quantidade limitada de estoques previstos pode ser estabelecida antes da época de pico, ou seja, durante o verão.
Tornando ainda maior o desafio dessa tarefa, a demanda é muito sensível às imprevisíveis condições climáticas inglesas. Bastam alguns dias mais quentes, e a demanda dobra. Embora o gráfico da figura abaixo mostre a demanda mensal média, que é muito irregular, embora previsível, a demanda do dia-a-dia não é apenas instável, mas também bastante imprevisível. Ainda que a Britvic tenha investido em sofisticadas ferramentas de previsão, ela descobriu que tais ferramentas apresentam, na melhor das hipóteses, o máximo de 50 por cento de precisão sob tais circunstâncias.
Fonte: Harrison ( 2003, p.41)
Para obter uma capacidade de produção flexível, as linhas de envasamento funcionam até 24 horas por dia aos pares, uma apoiando a outra. Porém, quando a demanda está baixa, apenas uma linha do par é colocada para funcionar, mas assim que a demanda aumenta, a outra linha é imediatamente colocada em funcionamento. Em períodos de demanda extremamente alta, elas funcionam nos fins de semana, e os funcionários trabalham sob um contrato flexível de "horas anuais". A produtividade da mão-de-obra caminha lado a lado com a produtividade material: se uma turma trabalha em uma linha ou duas, isso é menos importante que equiparar os materiais de entrada da produção com a demanda, de forma que os níveis de serviço oferecidos aos clientes sejam mantidos com um nível mínimo de estoque. 
Fonte: Slack et al., 1998.
4. Recapitulando
Vimos que os níveis de estoques estão diretamente vinculados à demanda de produtos. O estoque nunca se encontra em nível perfeito de equilíbrio com a demanda. Dessa forma, estudamos os princípios e as influências para que essa oscilação seja minimizada.
Foram apresentados os principais tipos de estoques que existem.
	Tipo de Estoque
	Descrição resumida
	Estoque de antecipação
	Deve ser utilizado quando já é sabido que alguma alteração sazonal irá influenciar na demanda, como exemplo, os fabricantes de sorvete que vendem mais no verão.
	Estoque de segurança
	Deve ser utilizado sempre visando à possibilidade de qualquer tipo de imprevisto. Tem a finalidade de não deixar, conforme o caso, a produção sem materiais ou os clientes sem os produtos, devido a um atraso do fornecedor,por exemplo.
	Estoque por tamanho de lote
	Utilizado para produtos que exigem lotes míninos de fabricação para poder compensar os custos da linha de produção ou de aproveitamento de transporte, como exemplo, temos a fabricação de telhas e tijolos.
	Estoque de proteção
	Utilizado para não deixar os clientes sem produtos em caso de influências externas como em um ambiente econômico inflacionário, ou na iminência de uma greve.
	Estoque em trânsito
	É muito comum, pois são os produtos que estão a caminho de um cliente, por exemplo, aquele que não efetuou o pagamento dos produtos. Ocorre também dentro das unidades de produção quando produtos semi-acabados estão sendo transportados de um setor para outro.
Também determinamos as principais atividades do gestor de estoques:
1. Determinar o número de itens que devem permanecer em estoque.
2. Determinar a periodicidade do reabastecimento do estoque. Esse é um dos princípios mais importante, pois terá influência direta no fluxo de caixa da empresa.
3. Determinar a quantidade de estoque que será necessária para certo período.
4. A aquisição de estoque deve ser feita pelo Departamento de Compras, sob as diretrizes do gestor de estoque.
5. Receber, armazenar e atender com os materiais estocados de acordo com a demanda.
6. Controlar os estoques em termos de quantidade e valor e constantemente fornecer informações sobre sua posição.
7. Manter inventários periódicos para a avaliação dos produtos estocados e em que estado eles se encontram. A parte relativa a inventários será vista na unidade 2.
8. Identificar e remover do estoque itens que não estão dentro da validade ou que, por algum motivo, estão obsoletos.
Vimos que a gestão de estoques é baseada na previsão da demanda. Para que essa previsão seja a mais assertiva possível, devem-se seguir alguns princípios e técnicas de projeção:
	Técnica
	Descrição
	Projeção
	São aquelas que admitem que o futuro será repetição do passado ou as vendas evoluirão no tempo. Segundo a mesma lei observada no passado, este grupo de técnicas é de natureza essencialmente quantitativa.
	Explicação
	Procura-se explicar as vendas do passado mediante leis que as relacionam com outras variáveis cuja evolução é conhecida ou previsível. São basicamente aplicações de técnicas de regressão e correlação.
	Predileção
	Funcionários experientes e conhecedores de fatores influentes nas vendas e no mercado estabelecem a evolução das vendas futuras.
Muitos fatores influenciam a previsão de demanda e devem ser levados em consideração. Os fatores principais e comuns a quase todas as empresas são:
	Fator
	Descrição
	Sazonalidade e variação da demanda
	Muitos produtos são influenciados pela sazonalidade, seja pelo clima, pelas condições do mercado ou mesmo por ocasiões festivas.
	Diversidade ou variedade de produtos
	Quanto maior a diversidade de produtos maior é a fragmentação. O fator diversidade tem papel relevante na formação de estoques, principalmente em decorrência de tamanhos de lote. Quanto maior a diversidade de produtos, maior é o tempo necessário para a preparação.
	Tempo de vencimento
	O tempo de vencimento dos produtos é um fator determinante para vários aspectos dos estoques, desde a determinação do local de armazenagem à quantidade a ser comprada e quando deve ser comercializada.
Os produtos demandados pelos consumidores podem sofrer diversas influências como:
· Influências políticas;
· Influências sazonais;
· Alterações no comportamento dos clientes;
· Inovações tecnológicas;
· Produtos retirados da linha de produção;
· Alteração na produção ou características dos produtos;
· Competição dos concorrentes.
Unidade 2: Gestão de Estoques
1. Nosso Tema
Estudaremos, nesta unidade, as razões para se manter os estoques e como, dependendo dos produtos armazenados, eles influenciarão de maneira decisiva a empresa como um todo. Veremos também algumas das mais importantes ferramentas para medição do desempenho da gestão de estoques. Existem diversas ferramentas que as empresas podem utilizar, mas as apresentadas aqui são básicas e aplicáveis a qualquer tipo de empresa.
 Para Refletir 
“Para oferecer um nível de serviço verdadeiro, você deve adicionar algo que não pode ser comprado ou calculado com dinheiro, e isso é sinceridade e integridade.”
Você já pensou sobre isso?
Por melhor e mais sofisticado que seja o nível de serviço prestado tanto a clientes internos como externos, ele sempre deve vir acompanhado de valores intangíveis que o enobrecerão ainda mais. Apesar de intangíveis, esses valores têm o poder de aumentar a percepção de valor do nível de serviço pelos clientes. Como uma das possíveis conseqüências, a empresa obtém a fidelidade deles. O cliente externo não “percebe” o estoque de uma empresa, mas a sua falta o afeta imediatamente e de forma negativa. Por isso, modernamente, as empresas procuram formar parcerias com seus fornecedores e clientes, visando a uma maior transparência de seus estoques, de forma a obter maior sinergia entre eles ao longo da cadeia de suprimentos.
2. Conteúdo Didático
Há uma frase de Michael C. Bergerac, que foi Presidente Executivo da Revlon, que sintetiza muito bem a importância da fusão entre a tomada de decisão nas empresas e suas conseqüências nos estoques. A frase é a seguinte:
“Todo erro gerencial acaba gerando estoques”.
Para que você tenha uma idéia do quanto os estoques influenciam no desempenho financeiro das empresas. Ballou (1993, p. 204) calculou que o controle de estoques, que é parte vital do composto logístico, pode absorver de 25% a 40% dos custos totais. 
2.1. Razões para manter estoques
Como vimos na unidade 1, o ideal seria uma perfeita sincronização entre a oferta e a demanda, de modo a tornar os estoques desnecessários. Entretanto, isso é impossível, pois não conseguimos prever com exatidão absoluta a demanda futura. Outro ponto além da previsão de demanda é o fato de que os suprimentos não estão sempre disponíveis o tempo todo. Dessa forma, tem-se que acumular estoque para assegurar a disponibilidade dos produtos e minimizar os custos totais de produção e distribuição. Os estoques devem ser mantidos para diversas finalidades e as principais são:
· Melhorar o nível de serviço;
· Proporcionar economias na produção;
· Permitir economias de escala nas compras e nos transportes;
· Agir como proteção contra aumentos de preços;
· Proteger a empresa de incertezas na demanda e no tempo de ressuprimento;
· Servir como segurança contra contingências.
Veremos, a seguir, a descrição de cada um desses elementos.
Melhorar o nível de serviço: 
Os estoques auxiliam o marketing a vender os produtos da empresa. Eles devem estar localizados mais próximos aos pontos de venda, mas com quantidades adequadas. Isso gera a vantagem de poder oferecer aos clientes uma disponibilidade imediata dos produtos que desejam. Devemos lembrar, porém, que manter estoque exige investimentos. O equilíbrio entre poder oferecer o melhor nível de serviço e os gastos com investimentos será uma constante por toda a existência da empresa.
Proporcionar economias na produção:
O mínimo custo unitário de produção geralmente ocorre para grandes lotes de fabricação com o mesmo tamanho. Estoques agem como amortecedores entre a oferta e a demanda, possibilitando uma produção mais constante, que não oscila com as flutuações de venda. A força de trabalho pode ser mantida em níveis estáveis e os custos de preparação dos lotes podem ser diminuídos.
Imagine se a cada período que a demanda pelos produtos de uma empresa sofrer influência sazonal, por exemplo, a empresa tiver que aumentar ou diminuir a quantidade de funcionários ou ter que ligar e desligar máquinas de produção. Isso acarretaria uma inconstância muito alta, resultando em perdas tanto financeiras como de controle e gerenciamento, afetando diretamente o nível de serviço ofertado aos clientes.
Permitir economias de escala nas compras e nos transportes:
Sempre que pequenos lotes de compras de produtos são adquiridos para satisfazeràs necessidades da produção ou para entrega diretamente aos clientes, isso implica custos maiores de frete, devido a não podermos negociar descontos no transporte em detrimento de quantidades maiores. Outro ponto de perda é na própria negociação de compras, pois, comprando quantidades menores, obtêm-se descontos menores. Assim sendo, o estoque pode ser utilizado para se obterem descontos quando são comprados e transportados grandes lotes de produtos. 
Agir como proteção contra aumentos de preços:
Quase todos os produtos estão sujeitos à lei da oferta e da procura, ou seja, quanto mais oferta no mercado, menor o preço, ou quanto maior a procura, maior o preço. As compras podem ser antecipadas e feitas em períodos de menor preço. Os estoques absorvem esses produtos, proporcionando uma vantagem em custos para a empresa.
Essas oportunidades de compras devem ser muito bem analisadas antes de serem efetivadas, pois um valor mais baixo obtido em uma grande quantidade hoje pode representar uma perda nos custos de estocagem e perda de espaço no futuro.
Veremos, na unidade 3, como calcular esses custos.
Proteger a empresa de incertezas na demanda e no tempo de ressuprimento:
Essa é a função do estoque de segurança, como vimos na unidade 1. Grande parte das incertezas da demanda são previsíveis e conhecidas; o problema é que não há como saber exatamente quando elas ocorrerão. Assim, os estoques de segurança são adicionados ao estoque regular, com a finalidade de garantir a continuidade dos produtos demandados mesmo diante de imprevistos.
Servir como segurança contra contingências:
Outra proteção que os estoques exercem é contra as contingências do ambiente socioeconômico. Greves, inflação, calamidades públicas, dentre outras afetam a sociedade como um todo. Manter estoques de proteção nas ocasiões quando se é possível vislumbrar essas situações é uma estratégia aconselhada.
Esse tipo de estoque deve ser mantido em caráter extraordinário, excepcional e principalmente temporário. O custo para mantê-lo acarreta custos financeiros, principalmente devido ao custo de oportunidade, que é, grosso modo, o ganho que poderia ser obtido, caso o valor empregado no estoque fosse remunerado por aplicações financeiras.
Lembre: estoque é dinheiro armazenado!
2.2. Nível de serviço
O nível de serviço logístico é a qualidade com que o fluxo de bens e serviços é gerenciado. Ele é o resultado líquido de todos os esforços logísticos da empresa. O nível de serviço é o fator-chave que as empresas oferecem para assegurar a fidelidade de seus clientes. Lembrando que o nível de serviço está diretamente associado aos custos de prover este serviço.
A importância do nível de serviço varia de empresa para outra. O que pode ser muito significativo para uma pode não ter tanta importância para outra. Empresas podem focar na qualidade dos produtos em detrimento da disponibilidade ou vice-versa. Isso dependerá do perfil dos clientes e do mercado onde a empresa opera.
O nível de serviço é um caso típico de trade-off, ou seja, para se obter um benefício, a empresa tem que arcar com um custo, por exemplo. Trade-off são compensações que todas as empresas devem pesar ao estabelecerem seus níveis de serviço. Em uma pesquisa feita por James Heskett e publicada por Ronald Ballou (1993, p. 74) em seu livro Logística Empresarial, foram elencados, por popularidade, o que os profissionais consideram a essência do nível de serviço:
· Tempo decorrido entre o recebimento de um pedido no depósito do fornecedor e o despacho do mesmo a partir do depósito.
· Lote mínimo de compra ou qualquer limitação no sortimento de itens de uma ordem recebida pelo fornecedor.
· Porcentagem de itens em falta no depósito do fornecedor a qualquer instante.
· Porcentagem de pedidos de clientes preenchidos com exatidão.
· Porcentagem de clientes atendidos ou volume de ordens entregue dentro de um intervalo de tempo desde a recepção do pedido.
· Porcentagem de pedidos dos clientes que podem ser preenchidas completamente assim que recebidas no depósito.
· Proporção de bens que chegam ao cliente em condições adequadas para venda.
· Tempo despendido entre a colocação de um pedido pelo cliente e a entrega dos produtos.
· Facilidade e flexibilidade com que o cliente pode gerar um pedido.
Os serviços oferecidos aos clientes possuem um grande número de fatores individuais e muitos deles estão sob o controle da área logística. Esses fatores podem ser classificados de acordo com a sua relação com a transação do produto, ou seja, elementos pré-transação, transação e pós-transação:
Fonte: Ballou (1993, p. 75)
Os elementos de pré-transação são os que estabelecem um ambiente para o bom nível de serviço. Os elementos de transação são aqueles diretamente envolvidos nos resultados com a entrega do produto ao cliente. Os elementos pós-transação representam a gama de serviços para apoiar o produto no campo. A seguir, um quadro com esses elementos:
	Elementos
	Exemplos
	Pré-transação
	· Estão acordados por escrito.
· Quando um produto deve ser entregue depois de feito o pedido.
· Planos de contingência para situações inesperadas.
	Transação
	· Ajuste de níveis de estoque.
· Selecionar modais de transporte.
· Modos de processamento de pedidos.
· Condição dos produtos entregues aos clientes.
	Pós-transação
	· Programa para troca de produtos defeituosos.
· Retorno de embalagens.
· Tratamento de reclamações.
· Garantia de assistência técnica.
Fonte: Ballou (1993, p. 75)
Como podemos ver, a gestão dos produtos em estoque está diretamente ligada ao nível de serviço prestado aos clientes, seja pela qualidade ou pela quantidade de produtos em estoque que possam atender prontamente aos pedidos dos clientes. As escolhas que os clientes fazem são diretamente influenciadas pelo nível de serviço logístico prestado. Muitas vezes, mesmo com preço mais alto clientes optam por determinado fornecedor, uma vez que o nível de serviço prestado é o ideal para o cliente.
Tendo em vista tudo que foi dito anteriormente, pode surgir a seguinte pergunta:
As vendas aumentam com melhorias no nível de serviço? Pouco se sabe sobre a influência do nível de serviço sobre os clientes. O fato que é unânime: as vendas sempre caem quando o nível de serviço cai.
A seguir, você verá um gráfico feito pelos pesquisadores Ronald Willet e Ronald Stephenson, retratando as respostas de vendas ao desempenho da distribuição física dos produtos.
Fonte: Ballou (1993, p. 77)
Pelo gráfico, analisando o desenvolvimento da curva, podemos ver que, no início, mesmo com o aumento do nível de serviço, as vendas não crescem na mesma proporção.
Isso se deve ao fato de que esse nível de serviço ainda não alcançou o “limiar”, que é o mesmo nível de serviço oferecido pela concorrência. A partir desse ponto, qualquer melhoria, qualquer diferencial no nível de serviço pode significar um aumento substancial nas vendas.
Um fato que merece nossa observação é o topo da curva. Seria de se esperar que, com o aumento do nível de serviço, as vendas continuassem aumentando indefinidamente. Mas, foi observado que, a partir de um ponto, mesmo com o aumento do nível de serviço, as vendas não tendem a aumentar e podem até diminuir um pouco. Isso se deve ao fato de o cliente já estar plenamente satisfeito com os serviços oferecidos e o diferencial apresentado nesse estágio não significará mais vantagem para ele e, portanto, não efetuará mais compras por conta disso.
2.3. Tipos de demanda
Estudamos, na unidade 1, que, para melhor gerir os estoques, é importante saber a sua classificação. Aprendemos também como a demanda pode evoluir através de três modelos apresentados. Agora vamos mostrar como classificar essas demandas para facilitar o controle dos estoques. Os produtos armazenados não se comportam da mesma maneira. Cada um pode apresentar um comportamento relativo à sua demanda no mercado. Dessa forma, as demandas podem ser:
Demanda permanente: produtos que têm ciclo de vida muito longo, de forma que parecem que serão comercializadospara sempre. Um exemplo disso é a linha de creme dental Colgate© (Marca registrada da Colgate-Palmolive Company). Passam-se gerações e o produto continua no mercado sofrendo apenas transformações de embalagem e sabores. Produtos que ficam no mercado por cinco anos ou mais podem ser considerados de demanda constante. 
Europallet
1.200 x 800 
Europa
JIS
1.100 x 1.100
Japão
PBR2
1.250 x 1.050 *
Brasil
PBR1
1.200 x 1.000 *
Brasil
Padrão
Medida
Local
MEDIDAS DE PALETES (em mm) (h=146mm)
Europallet
1.200 x 800 
Europa
JIS
1.100 x 1.100
Japão
PBR2
1.250 x 1.050 *
Brasil
PBR1
1.200 x 1.000 *
Brasil
Padrão
Medida
Local
MEDIDAS DE PALETES (em mm) (h=146mm)
No tópico 2.6 desta unidade, veremos como controlar as demandas aqui apresentadas pelo inventário.
Demanda sazonal: uma grande parte dos produtos possui demanda sazonal e não podem ser controlados e tratados na mesma forma que os produtos de demanda permanente. Como exemplos clássicos, temos os ovos de páscoa, produtos natalinos, dentre outros. Esses produtos possuem um ciclo anual que depende de datas especiais ou de modismos. Em geral, essa demanda é caracterizada por ter apenas um pico anual.
Demanda irregular: alguns produtos têm comportamento tão irregular que as projeções de vendas são muito difíceis de serem feitas. Um exemplo disso pode ser o da indústria automobilística. Diversos fatores interferem na escolha do veículo por parte dos consumidores. Pode interferir o momento da economia, o estilo do automóvel, as cores lançadas, a potência do motor, os impostos que o Governo cobra, o momento do lançamento, lançamento de outros automóveis pelos concorrentes e etc. Não são raros os casos de fracasso estrondoso na comercialização de automóveis ou de retumbante sucesso que a montadora não consegue entregar os veículos tamanha a demanda.
Demanda em declínio: um dia, a demanda por um produto irá acabar. Em geral, o declínio acontece de forma gradual e os estoques vão diminuindo pouco a pouco. Pode acontecer de o produto declinar subitamente. Como no caso de problemas graves de qualidade ou de riscos à saúde comprovados, como exemplo, temos remédios que foram tidos como inseguros e a população e os órgãos de saúde não os recomendaram. Outro exemplo, só que de produtos com declínio gradual, é o de peças de reposição. Quando um veículo é tirado de linha, aos poucos suas peças de reposição se tornam mais raras no mercado.
Demanda derivada: Para determinados tipos de produto, sua demanda não depende somente do seu consumo direto. É o caso, por exemplo, da demanda por pneus. Ela está diretamente relacionada com a venda de automóveis. Sabendo-se a demanda por automóveis, pode-se calcular a demanda por pneus. Por isso, ela é chamada de demanda derivada.
Como pudemos ver, o conhecimento dos diversos tipos de demanda irá auxiliar o gestor de estoques a fazer seu planejamento de ressuprimento. Conhecer a demanda significa conhecer o produto que se está lidando e suas características não só físicas, mas mercadológicas.
2.4. Giro e acurácia
Vimos que os estoques possuem diversas características e funções. Dentre elas está o de maximizar os recursos da empresa, pois possibilita a redução dos custos de mão-de-obra e a maximização da capacidade instalada.
Outra função importante está em fornecer um nível de serviço satisfatório para os clientes, pois, com os estoques, a empresa garante um fornecimento de produtos contínuo e uniforme, além de suprir necessidades e situações quando a demanda for maior que o normal.
Entretanto, o gestor de estoques precisa saber como está a sua gestão, como está a saída de produtos, enfim, ele necessita mensurar seu desempenho. Para isso, existem os indicadores de desempenho do estoque, que é extremamente salutar para a empresa, uma vez que um dos princípios da boa gestão de custos e da administração moderna é a redução dos estoques.
Você verá, na unidade 3, por que é importante redução dos estoques.
A seguir, veremos alguns dos indicadores de desempenho que são imprescindíveis a qualquer tipo de estoques.
Giro de estoque: O giro de estoque corresponde ao número de vezes que o estoque é consumido totalmente durante um determinado período (normalmente um ano). Esse indicador é calculado com base na relação do volume de vendas do ano dividido pelo capital médio investido no estoque. Por exemplo, um produto que tenha vendas anuais de R$ 1.000.000,00 e tenha sido investimento médio de R$ 100.000,00 em estoque, terá um giro de 10. Isso significa que o estoque foi reposto dez vezes em um ano.
As empresas têm utilizado esse indicador para comparar seu desempenho ao de outras organizações similares. Um índice alto de giro de estoque pode sugerir um alto retorno de capital investido. Embora um alto giro de estoques possa significar um fator positivo para a empresa ele não pode ser analisado isoladamente, pois o ato de adquirir produtos para o estoque envolve outros custos como o transporte e manuseio.
O giro de estoques pode ser calculado por produtos, famílias de produtos ou por classificação ABC, que veremos mais adiante.
Cobertura de estoque: A cobertura de estoque está relacionada à taxa de uso do item e baseia-se no cálculo da quantidade de tempo de duração do estoque, caso este não sofra um ressuprimento. Essa cobertura é normalmente indicada em número de dias, semanas ou meses, dependendo das características de demanda do produto.
Por exemplo: Um estoque médio de 100.000 unidades de um produto cuja demanda é de 10.000 unidades ao mês possui uma cobertura de 10 meses.
Acurácia de estoque: a acurácia de estoque é determinada pela relação entre a quantidade física existente no armazém e aquela existente em registro de controle. Esses registros podem estar armazenados em sistemas avançados e que integram os processos tipo ERP (Enterprise Resource Planning = Sistemas Integrados de Gerenciamento Empresarial) ou um simples controle de fichas.
Na unidade 4, veremos mais sobre o ERP e outros sistemas de controle.
O estoque apresentará acurácia igual a 100% quando a quantidade física for igual à quantidade teórica. Manter um nível elevado de acurácia nos estoques traz vantagens significativas para a empresa como:
	Vantagens
	Observação
	Nível de serviço ao cliente
	Uma vez que a quantidade teórica de produtos nos registros coincide exatamente com o existente fisicamente nos armazéns.
	Determinar o ressuprimento
	Para determinar o ressuprimento poderá ser determinado a partir de um valor teórico ou registrado.
	Garantir a disponibilidade de materiais para a produção
	Caso a acurácia seja alta, pode-se estabelecer um plano de produção e cumpri-lo sem o desconforto de descobrir durante a execução dele que há divergência entre a quantidade esperada e a real no estoque.
Assim, a acuraria pode ser determinada por:
A quantidade física é aquela que foi obtida pela contagem dos produtos em estoque. 
A quantidade teórica é aquela que consta nos registros feitos pelos controles de entrada e saída de produtos (Quantidade teórica = Quantidade de entrada – Quantidade de saída).
Vimos que o giro e a acurácia são importantes ferramentas como indicadores de desempenho do estoque. Lembrando que elas não devem ser analisadas isoladamente, mas sempre com complemento de outras, como a curva ABC, que veremos no tópico seguinte.
2.5. Curva ABC
O conceito de curva ABC advém do princípio que é aplicado a muitos dos aspectos da vida diária tanto pessoal quanto profissional: o princípio de que poucas “coisas” são responsáveis pela maioria de outras. Como exemplo, temos a riqueza dos países em que poucas pessoas detêm maior parte da riqueza. Outro exemplo é que poucos produtos de uma linha são os maiores responsáveis pelas vendas de uma empresa.
Com a curva ABC, o gestor de estoques pode determinar quais produtos merecerão mais atenção na movimentação, quais produtos deverão estar localizados mais próximos à saída, quais produtos custam mais no estoque dentre outras. Quando se classificam determinados produtos,como A, B ou C, isso significa:
	Classe A
	Grupo de itens importantes que devem ser tratados com uma atenção especial pela administração.
	Classe B
	Grupo de itens em situação intermediária entre as classes A e C.
	Classe C
	Grupo de itens menos importantes que justificam pouca atenção por parte dos administradores.
Veja o exemplo a seguir:
Em uma indústria, o gestor de estoques necessita organizar os produtos que estão armazenados. Mas, para isso, ele deseja colocar os produtos que mais são solicitados pela produção em uma posição de forma que o acesso a eles seja feito facilmente. O gestor dispõe dos dados apresentados a seguir:
O primeiro passo é ordenar os produtos em ordem decrescente, ou seja, do produto mais pedido para o menos pedido (tabela 02).
Uma vez estando os produtos listados em ordem decrescente, passa-se ao cálculo do percentual de que cada produto tem em relação ao total solicitado (tabela 03). Como você pode notar, já podemos começar a vislumbrar a formação da curva ABC. Note que os produtos Z, K e J são mais pedidos que os demais.
O passo seguinte é calcular o percentual acumulado para termos a real visão da importância do conjunto dos produtos (tabela 04). Para isso, basta somar acumuladamente o percentual de cada produto com a soma acumulada dos anteriores.
Observe na tabela 04, a coluna % prod. significa o percentual de itens. Como pode ver neste exemplo temos 20 produtos de forma que cada produto representa 5% do total, ou seja, um produto representa 5% do total, 2 produtos representam 10% do total e assim por diante.
Agora, com os cálculos feitos, podemos classificar os itens em A, B ou C. Em geral, atribui-se como classe A 20% dos produtos, como classe B 30% dos produtos e como classe C os 50% restante. No caso de nosso exemplo (tabela 05), seria o seguinte:
· Produtos Z, K, J e H são classe A
· Produtos G, F, D, S, A e P são classe B
· Os demais produtos Q, O, I, X, L, Y, T, R, E, U são classe C.
Com a tabela 05, podemos construir um gráfico para representar visualmente a curva ABC.
Pelo gráfico abaixo, podemos ver que 20% dos produtos representam 56,8% da quantidade pedida (Classe A). Podemos ver que 30% dos produtos (classe B) representam 30,2% (somatório da coluna % na classe B – ver tabela 05) e 50% dos produtos representam 13% das quantidades pedidas.
Lembrando que, neste exemplo, o objetivo era a organização do estoque, de forma a otimizar o manuseio de produtos. O gestor pode agora fazê-lo da seguinte forma: os produtos da classe A ficarão na posição mais acessível, os da classe B em seguida e mais afastados os produtos da classe C.
A curva ABC é uma poderosa ferramenta de análise e classificação. Ela sempre o acompanhará em praticamente todas as atividades profissionais. No próximo tópico, veremos outra ferramenta que irá servir diretamente para a apuração da acurácia do estoque.
2.6. Inventário Físico
Como vimos na unidade 1, toda empresa organizada deve manter um histórico de suas operações. Esse histórico é fundamental para que as projeções sejam realizadas com melhor precisão. Outro item que deve ser muito preciso na gestão de estoques é o inventário. Através dele, poderemos medir a acurácia do estoque.
Periodicamente, a empresa deve efetuar contagens físicas de seus itens de estoque e de produtos em processo, com o objetivo de verificar:
· Discrepâncias em valor entre o estoque físico e o estoque contábil;
· Discrepâncias entre registros e o físico (quantidade real na prateleira);
· Apuração do valor total do estoque (contábil) para efeito de balanços. Em geral, esse inventário é realizado próximo ao encerramento do ano fiscal.
Os inventários podem ser gerais ou rotativos.
Os inventários gerais são efetuados ao final do exercício fiscal. Eles abrangem todos os itens de estoque de uma só vez. São operações de duração relativamente prolongada, que pode incluir uma quantidade elevada de itens.
Os inventários rotativos são feitos visando distribuir as contagens ao longo do ano, com maior freqüência, porém concentrada cada vez em menor quantidade de itens, deverá reduzir a duração unitária da operação e dará melhores condições de análise de causas de ajustes visando ao melhor controle.
Uma sugestão para organizar os produtos para a realização de inventários é a seguinte:
	Grupo 1
	Nele, serão enquadrados os itens mais significativos, os quais serão inventariados três vezes ao ano, por representarem maior valor em estoque e serem estratégicos e imprescindíveis à produção.
	Grupo 2
	Será constituído de itens de importância intermediária quanto ao valor de estoque, estratégia e manejo. Ele será inventariado duas vezes por ano.
	Grupo 3
	Será formado pelos demais itens. Caracteristicamente, será composto de muitos itens que representam pequeno valor de estoque. Os materiais deste grupo serão inventariados uma vez por ano.
Como vimos no tópico anterior, o gestor pode fazer uma classificação ABC de seus produtos levando-se em conta o valor de cada um, para agrupá-los, como sugerido no quadro acima. Porém, deve-se considerar, nessa análise, a estratégia de venda da empresa, os produtos que possam estar em promoção ou produtos que sejam “chave” para a empresa.
Lembrando que a tabela acima é uma sugestão. Empresas podem fazer inventários quando desejarem. Há empresas que fazem inventários gerais todos os meses, isso irá depender do tempo que será despendido para realizá-lo.
Para realizar um inventário, o planejamento é fundamental para o sucesso dele. Assim, deverão ser providenciados:
· Folhas de convocação, definindo os convocados, datas, horários, locais de trabalho e funções;
· Fornecimento de meios de registro de qualidade e quantidade adequada para uma correta contagem como folhas de anotação, fichas de registro, cartão de inventário para ser colocado nos produtos;
· Cutt-off, que consiste em mapear todos os detalhes dos três últimos documentos emitidos antes da contagem (notas fiscais de entrada, de saída, requisição de materiais, devolução de materiais). Esse mapa é muito importante para o inventariante ter informações sobre a movimentação antes da contagem física;
· Reanálise da arrumação física. Se os produtos estiverem organizados, a contagem será facilitada.
· Contagem física: todo item deverá ser contado no mínimo duas vezes sendo que a primeira equipe que coloca as etiquetas faz a primeira contagem. Uma vez terminada essa primeira contagem, a segunda equipe passa a contar novamente. Caso haja divergência entre a primeira e segunda contagem, uma terceira deverá ser providenciada.
Atenção! Existem pessoas que confundem a contagem física com inventário. A contagem física é apenas uma parte muito importante do processo de inventariamento.
Após todas as contagens terem sido feitas, procede-se ao registro delas em formulário apropriado. Atualmente, esse processo é feito eletronicamente, uma vez que o acesso aos meios informatizados está disseminado por toda a sociedade. Cada empresa tem o seu modelo. Abaixo, apresentamos-lhe um modelo manual, mas os formulários informatizados no fundo são recriações dos modelos manuais.
Fonte: Dias (1993, p. 195)
Tendo como base os dados contados e registrados apropriadamente, o gestor de estoques deve proceder à análise das diferenças apresentadas entre as quantidades físicas contadas e as quantidades teóricas resultantes dos registros contábeis. Em caso de diferenças significantes (esse valor será determinado pela direção de cada empresa), o gestor deverá abrir um procedimento investigativo, com a finalidade de apurar os motivos e efetuar as correções.
Tendo terminado todos os processos, ocorre a valorização do estoque, que é o motivo real para tudo, pois estoque é dinheiro!
Não se preocupe! Na unidade 3, veremos os métodos de valorização de estoque.
2.7. Política de estoques
Um controle de estoques, assim como qualquer atividade de uma empresa, é determinado por diretrizes que são passadas pela diretoria. Dessa forma, a administração central da empresa deverá determinar ao gestorde estoques o programa e os objetivos a serem atingidos, isto é, estabelecer certos padrões que sirvam de guia aos programadores e controladores. A direção também passa os critérios para medir a performance do setor de estoques. Essas políticas são em geral:
a) As metas da empresa quanto ao tempo de entrega dos produtos ao cliente.
b) A definição da quantidade de armazéns e dos produtos que neles serão armazenados.
c) Até que nível deverá flutuar os estoques para atenuar uma alta ou baixa das vendas ou uma alteração de consumo.
d) Definição da rotatividade de estoques.
e) Até que ponto será permitida a especulação com estoques, fazendo-se compras antecipadas com preços mais baixos ou comprando quantidades maiores para obtenção de desconto.
Podemos observar que os itens “c” e “d” merecem destaque, pois é através deles que será medido o capital investido em estoques. Nas diretrizes que a direção passa ao gestor de estoques, está o nível de atendimento que indica em percentual o quanto da parcela de previsão de consumo ou de vendas deverá ser fornecida pela gestão de estoques.
Por exemplo, se quisermos ter um grau de atendimento de 95% e temos um consumo de 600 unidades, o gestor de estoques deve ter em seu armazém 570 unidades, ou seja, 600 x 95%.
Fonte: Dias (1993, p. 26)
Para se dimensionar o estoque, o gestor enfrenta o desafio de conciliar a relação entre o capital investido, a disponibilidade dos produtos, os custos incorridos do próprio estoque e a demanda. Se analisarmos o problema de dimensionamento de estoques sob o enfoque financeiro, pode-se utilizar um índice de retorno de capital (RC):
A seguir, apresentamos-lhe um fluxograma com as fórmulas para que o retorno de capital seja calculado. Peço que você observe as implicações de cada componente, ou seja, se um aumentar ou diminuir, como eles afetam o resultado final. O fluxograma deve ser lido de baixo para cima, alternando os lados esquerdo e direito.
Fonte: Dias (1993, p.27)
Podemos ver que o giro de capital é obtido dividindo-se as vendas pelo capital investido:
Para o gestor de estoques, o que interessa nessa equação para o atingimento dos objetivos é aumentar o giro de estoques que tem como conseqüência diminuir o ativo (supondo as vendas constantes). Diminuindo o capital investido em estoques, diminui o ativo; aumentando o giro de capital, aumenta o retorno do capital.
Os estoques fazem parte do ativo circulante.
Como exemplo, suponhamos que as vendas sejam de R$ 1.800,00 e o capital de R$ 1.000,00. Dessa forma, o giro de capital será: R$ 1.800,00 \ R$ 1.000,00 = 1,8.
Caso haja uma redução de 20% no capital que resulta: R$ 1.000,00 – (R$ 1.000,00 x 20%) = R$ 800,00. Assim, o novo giro de capital será: R$ 1.800,00 \ R$ 800,00 = 2,22.
Interpretando o resultado
Por giro de capital definimos que para cada R$ 1,00 aplicado devem retornar R$ 2,22. Isso significa que, por exemplo, caso a direção da empresa decida aplicar os R$ 200,00 que foram conseguidos com a redução de capital nos estoques em outros ativos as vendas aumentarão em R$ 200,00 x 2,22 = R$ 444,00. Isso representa um aumento nas vendas de: R$ 444,00 \ R$ 1.800,00 = 25%
No tópico 9, praticaremos mais exemplos desses cálculos.
Vimos, nesta unidade, as mais importantes ferramentas de controle que o gestor de estoque possui. Todo bom gestor deve ter sempre em mãos o conhecimento do giro de estoque de seus produtos e saber como cada item se comporta através da curva ABC.
O seu desempenho como profissional gestor de estoques será avaliado principalmente pela acurácia com que os estoques sob sua responsabilidade apresentar. Lembrando que quanto mais próximo de 100% melhor e mais preciso é o seu controle.
3. Teoria na Prática 
Veremos, no artigo Aspectos Fundamentais Da Gestão De Estoques Na Cadeia De Suprimentos de Peter Wanke (http://www.empreenderparatodos.adm.br/logistica/mat_04.htm), os fatores que levam as empresa a reduzir seus estoques. Peço-lhe que leia o texto com um enfoque financeiro, lembrando os impactos que o estoque tem nas finanças das empresas.
ASPECTOS FUNDAMENTAIS DA GESTÃO DE ESTOQUES NA CADEIA DE SUPRIMENTOS
por Peter Wanke
Neste artigo são apresentados os principais fatores que estão motivando as cadeias de suprimento a reduzir continuamente seus níveis de estoque: uma maior diversidade no número de produtos e mercados atendidos, o elevado custo de oportunidade de capital e o crescente foco gerencial no controle e redução no grupo de contas pertencentes ao Capital Circulante Líquido. Além disto, é chamada a atenção para o fato de que reduzir os níveis de estoque, sem uma análise preliminar sobre o grau de eficiência do transporte, da armazenagem e do processamento de pedidos, pode gerar um aumento no custo logístico total da operação.
Finalmente se discute como três transformações básicas na cadeia de suprimentos têm permitido às empresas operarem com níveis de estoques cada vez menores: formação de parcerias, surgimento de operadores logísticos e adoção de tecnologias de informação para captura e troca de dados.
Ferramentas Básicas para a Gestão de Estoques
Num mundo ideal, sem incerteza, a taxa de consumo média (D) dos produtos é totalmente previsível dia após dia. Desta forma, pode se saber exatamente quando o nível de estoque chegará a zero, ou seja, o momento do reabastecimento, ou seja, para quando devemos programar a chegada de novos produtos. Basta desdobrar no tempo lead-time de ressuprimento (LT), a partir do momento do reabastecimento, para determinar o momento de pedir o ressuprimento. O Ponto de Pedido (PP) é simplesmente o momento de pedir convertido para o nível de estoque através do produto entre a taxa de consumo média pelo lead-time de ressuprimento (D*LT).
Por outro lado, no mundo real (com incerteza) a taxa de consumo dos produtos não é totalmente previsível, podendo variar consideravelmente ao redor do consumo médio. Além disto, o lead time de ressuprimento também pode variar, ocasionando atrasos na entrega. Para se proteger destes efeitos inesperados, as empresas dimensionam estoques de segurança, em função de uma probabilidade aceitável de falta de produto em estoque.
Outro elemento da dinâmica da gestão de estoques que permanece inalterado, independentemente dos motivadores à redução dos níveis de estoque, é o trade-off de custos existentes entre os estoques e outras funções logísticas.
Imaginemos, por exemplo, um centro de distribuição (CD) que possua demanda anual média de 300 unidades para um determinado produto e consideremos duas políticas alternativas. Na primeira política são enviados 6 carregamentos com 50 unidades ao longo do ano. Na segunda política, as 300 unidades são enviadas de uma só vez. Quais seriam as vantagens e as desvantagens presentes em cada uma das políticas?
Na primeira política, a empresa incorre num menor custo de oportunidade de manter estoques, por operar com um nível médio de apenas 25 unidades. Os gastos com transporte, entretanto, são maiores: a conta frete é maior não apenas devido a um maior número de viagens, como também gasta-se proporcionalmente mais com o transporte por tonelada-quilômetro em função da falta de escala na operação com carregamentos fracionados.
Por outro lado, na segunda política, são maiores os custos de oportunidade de manter estoques (é mantido um nível médio de 150 unidades de produto em estoque) mas, em contrapartida, não apenas a conta frete é menor por ocorrer apenas uma viagem, como também o custo unitário do frete é menor, em virtude de possíveis economias de escala decorrentes do envio de carregamentos consolidados.
O equilíbrio, ou a política de ressuprimento ideal para este CD é atingido quando balanceamos o custo de oportunidade de manter estoques com o custo unitário, neste exemplo em particular, de transporte para o CD.
Conforme podemos perceber, o objetivo das cadeias de suprimento com relação à gestão de estoques deve ser a determinação do tamanho de lote de ressuprimento mais apropriado ao seu nível de eficiência no processo demovimentação de materiais. Neste exemplo, o equilíbrio não se situa nem tanto na remessa parcelada, como nos sugere a política 1, nem tanto na remessa total, como nos sugere a política 2.
Na prática, é muito difícil para as empresas avaliarem adequadamente em que ponto deve se situar a política de estoques. Entretanto, é possível através de geração de cenários e de análises incrementais nos custos de estoques e movimentação de materiais determinar se uma alternativa de operação acarretará um menor custo logístico total.
Desta forma, é possível evitar a percepção de que reduções isoladas nos níveis de estoque, sem serem levados em consideração impactos em outras funções logísticas, como transporte, armazenagem e processamento de pedidos, permitam uma operação de ressuprimento de menor custo total. Na realidade, as empresas devem buscar minimizar o custo logístico total de estoques, de transporte e de processamento de pedidos em função de uma determinada disponibilidade de produto desejada pelo cliente final.
Por quê e Como Reduzir os Níveis de Estoque
Cada vez mais as empresas estão buscando garantir disponibilidade de produto ao cliente final com o menor nível de estoque possível. São diversos os fatores que vem determinando este tipo de política, conforme descrição a seguir.
• A diversidade crescente no número de produtos, tornando mais complexa e trabalhosa a contínua gestão dos níveis de estoque, dos pontos de pedido e dos estoques de segurança. Vale exemplificar o caso das cervejarias brasileiras que, em 1985 ofereciam um único sabor (pilsen) numa única embalagem (a garrafa de 600 ml) e atualmente oferecem diversos sabores (bock, draft, light etc) em outros tipos de embalagem (lata, long neck etc).
• O elevado custo de oportunidade de capital, reflexo das proibitivas taxas de juros brasileiras, tem tornado a posse e manutenção de estoques cada vez mais onerosas.
• O foco gerencial na redução do Capital Circulante Líquido, uma das medidas adotadas por diversas empresas que desejam maximizar seus indicadores de Valor Adicionado pelo Mercado. 
Por outro lado, diversos fatores têm influenciado a gestão de estoques na cadeia de suprimentos no sentido de aumentar a eficiência com a qual as empresas operam os processos de movimentação de materiais (transporte, armazenagem e processamento de pedidos). Aumentar a eficiência destes processos significa simplesmente deslocar para baixo a curva de custos unitários de movimentação de materiais, permitindo operar com tamanhos de lotes de ressuprimento menores, sem, no entanto, afetar a disponibilidade de produto desejada pelos clientes finais ou incorrer em aumentos nos custos logísticos totais.
Destacamos três fatores que tem contribuído substancialmente para a redução dos custos unitários de movimentação de materiais, sejam nas atividades de transporte, de armazenagem ou de processamento de pedidos:
• formação de parcerias entre empresas na cadeia de suprimentos;
• surgimento de operadores logísticos;
• adoção de novas tecnologias de informação para a captura e troca de dados entre empresas. 
A seguir descreveremos o impacto de cada um destes fatores.
Formação de Parcerias entre Empresas na Cadeia de Suprimentos
A formação de parcerias entre empresas na cadeia de suprimentos, fenômeno verificado inicialmente entre montadoras e fornecedores na indústria automobilística japonesa, tem permitido reduções nos custos de compras através da eliminação de diversas atividades que não agregam valor. Como o objetivo final é o ressuprimento just in time de peças e materiais, tarefas como o controle de qualidade no recebimento, licitações e cotações de preços foram praticamente eliminadas na relação comercial entre empresas, através do estabelecimento de parcerias.
Surgimento de Operadores Logísticos
O aparecimento de empresas como a TNT, FedEx, Ryder e diversas outras, que vêm assumindo um destaque cada vez maior na cadeia de suprimentos, oferece a possibilidade para redução nos custos unitários de movimentação de produtos entre empresas. Isto ocorre por que estas empresas possuem know-how, economias de escala e foco em diversas operações logísticas relacionadas com a movimentação de materiais e o transporte. Por exemplo, é bastante comum um operador logístico consolidar carregamentos fracionados de diversas empresas de modo a completar uma carreta, tornando possível a diluição dos custos fixos deste transporte por uma base maior de rateio.
Adoção de Novas Tecnologias de Informação (TIs) para Troca de Dados
Por fim, a adoção de novas TIs como códigos de barra, EDI, automação de PDVs etc trouxe vários benefícios inerentes à captura e disponibilização de informações com maior grau de precisão e pontualidade. Chamamos a atenção em particular para a eliminação dos erros e do retrabalho no processamento de pedidos, fato que reduz substancialmente os custos associados a esta atividade, e para a redução da incerteza com relação à demanda futura, ao serem compartilhados as séries de vendas para o cliente final por todas as empresas na cadeia.
Como a Adoção de TI Pode Contribuir para a Redução dos Estoques de Segurança?
Percebemos que, por um lado, as TIs permitiram reduzir os custos do processamento de pedidos, através da eliminação dos erros resultantes da interferência humana na colocação dos pedidos, viabilizando uma operação de ressuprimento com tamanhos de lotes menores. Por outro lado, a possibilidade de empresas na cadeia trocarem informações tem contribuído para a redução da falta de visibilidade na cadeia de suprimentos sobre a real demanda dos consumidores finais, fator que influencia diretamente a formação dos estoques de segurança.
Conclusões
Este artigo explorou as principais motivações para a redução dos níveis de estoque e as armadilhas presentes na visão tradicional, bem como as transformações na cadeia de suprimentos que estão permitindo as empresas operarem com tamanhos de lotes de ressuprimento cada vez menores.
Especificamente, foi discutido que a redução nos tamanhos de lote de ressuprimento entre empresas não deve ser simplesmente um objetivo isolado de outras funções logísticas, mas sim consequência direta do aumento de eficiência nas atividades de transporte, armazenagem, processamento de pedidos etc. Foi avaliado também o significativo impacto que a troca de informações entre empresas pode exercer no dimensionamento dos estoques de segurança.
Peter Wanke
Doutor em Ciências em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ e visiting scholar do Departamento de Marketing e Logística da Ohio State University. Possui os títulos de Mestre em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ e de Engenheiro de Produção pela Escola de Engenharia da mesma universidade. Professor Associado do Centro de Estudos em Logística do Instituto COPPEAD de Administração da UFRJ e Editor do Informe Logística. É coordenador dos cursos Gestão de Estoque na Cadeia de Suprimento, Gestão de Estoque - Módulo Avançado, Técnicas Quantitativas de Previsão de Vendas, Planejamento de Redes Logísticas e Gestão Integrada de Cadeias de Suprimento. Atua em atividades de ensino, pesquisa e consultoria nas áreas de planejamento da demanda, gestão de estoques em cadeias de suprimento e estratégia logística. Possui mais de 30 artigos publicados em congressos, periódicos e revistas nacionais e internacionais. É um dos organizadores dos livros Logística Empresarial – A Perspectiva Brasileira e Logística e Gerenciamento de Cadeias de Suprimento e autor do livro Gestão de Estoque na Cadeia de Suprimentos - Decisões e Modelos Quantitativos.
4. Recapitulando
Nesta unidade, vimos as razões para manter estoques, os tipos de demanda e algumas das principais ferramentas que servirão para os gestores de estoque, bem como seus mais importantes indicadores de desempenho.
A existência de estoques tem repercussões em toda a empresa. Eles:
· Melhoram o nível de serviço.
· Proporcionam economias na produção.
· Permitem economias de escala nas compras e nos transportes.
· Agem como proteção contra

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