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Metalinguagem e Intertextualidade

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Atividade de Portfólio
Aluno: Ismael Alves da Silva
Disciplina: Teoria da Literatura I
Período: 12/04/2017 - 19/04/2017
Aula: 4
ATIVIDADE DO TÓPICO 1 DA AULA 4
1. Leia este poema abaixo, do poeta sul-mato-grossense Manoel de Barros: 
'' De primeiro as coisas só davam aspecto 
Não davam ideias. 
A língua era incorporante. 
Mulheres não tinham caminho de criança sair 
Era só concha.
Depois é que fizeram o vaso da mulher com uma 
abertura de cinco centímetros mais ou menos. 
(E conforme o uso aumentava.) 
Ao vaso da mulher passou-se mais tarde a chamar 
com lítera elegância de urna consolata. 
Esse nome não tinha nenhuma ciência brivante 
Só que se pôs a provocar incêndio a dois. 
Vindo ao vulgar mais tarde àquele vaso se deu o 
nome de cona. 
Que, afinal de contas, não passava de concha mesmo.''
- REDIJA um texto de aproximadamente dez linhas, descrevendo o procedimento metalinguístico utilizado pelo poeta no texto.
O poeta vai, durante o poema, exemplificando uma palavra que, ao decorrer do seu uso, vai tomando um duplo sentido na sua conotação. Como diz no começo, as palavras não davam ideias, apenas eram uma descrição. E cita o exemplo do vaso que era usado pelas mulheres, que mais tarde viria a referir-se ao órgão sexual feminino. Ou seja, a mulher aparece como um vaso, destinado a procriação, a fertilidade. A medida que se avança no poema, há o reforço dessa ideia de coisificação, que pode ser notada quando se diz que ''E conforme o uso aumentava.'' Assim, o poeta refere-se a uma palavra, que de ''consolata'' passou a chamar-se ''cona'', que é uma forma com a qual, no português de Portugal, refere-se ao sexo da mulher. E finaliza com o termo ''concha'', que também possui o mesmo sentido, sendo mais utilizado na língua espanhola.
2. A reflexão metalinguística está presente em todos os trechos apresentados a seguir, de Escolha o seu sonho, de Cecília Meireles. Descreva sucintamente, em uma ou duas linhas, em que consiste essa reflexão em cada um dos exemplos.
 “ (...) a moça disse-me: ‘Você com isso pode fazer uma crônica.’ Respondi-lhe: ‘A crônica já está feita por si mesma. É o retrato desse mundo confuso, dessas cabeças desajustadas’.”
Para a poetisa, a crônica, gênero no qual se há uma narrativa curta sobre o cotidiano ou tema específico, é produzido pelo conjunto de pensamentos das pessoas, e produz-se de forma tão natural quanto os mesmos
“ ‘Eu sou trezentos e cinquenta...’ Basta ler os seus livros para sentir o gosto com que eles os escrevia: gosto bem diferente do de um simples escritor; gosto do homem interessado pelo que viveu (...)”
A escrita é comparada como algo sensório,de paladar, que possui ''gosto'', como uma comida. Gosto esse que pode distinguir se o autor escreve com interesse pelo escrito.
“Ponho-me então a escrever crônicas, essas crônicas de ‘Quadrante’. Mas que rapidez, que engenho, que verve, que originalidade!”
O ''Quadrante''' refere-se a um programa no qual Cecília participou nos anos 60. Mostra a crônica como algo engenhoso, uma obra entusiasmada.
3. Faça o mesmo com os trechos abaixo, todos eles tirados de Itinerário de Pasárgada, de Manuel Bandeira.
a) “E foi intuitivo em mim buscar no que escrevia uma linha de frase que fosse como a linha do desenho, isto é, uma linha sem ponto morto. Cedo compreendi que o bom fraseado não é o fraseado redondo, mas aquele em que cada palavra tem uma função precisa, de caráter intelectivo ou puramente musical, e não serve senão a palavra cujos fonemas fazem vibrar cada parcela da frase por suas ressonâncias anteriores e posteriores.”
O poeta compara a escrita com o desenho, no qual os traços se conectam e possuem uma função dentro do todo, da mesma forma que as palavras se conectam nas frases.
b) “Era como se o mestre dissesse: “Neste poema de oito versos o que importa como poesia são as palavras que transcrevi: o resto é enchimento, é matéria morta, que deve ser alijada”. Meditei na lição e até hoje em toda poesia que escrevo me lembro dela e procuro só pronunciar as palavras essenciais.”
O poema é visto como um conjunto de palavras transcritas, das quais é necessário retirar um peso que seja alheio a conotação poética, e portanto não essencial.
c) “Tendo escrito na Suíça o soneto a Camões, mandei-o com mais dois poemas a Eugênio de Castro, pedindo-lhe uma recomendação para o seu editor. Que ingenuidade a minha, e eu já tinha vinte e oito anos feitos! Não tive resposta.”
O autor relaciona a sua ingenuidade, apesar da idade, com o fato de haver tratado seus poemas enquanto uma mercadoria, para obter uma recomendação.
4. O poema abaixo, de José Paulo Paes, é uma ode. A ode é uma espécie literária que tem suas origens na Grécia clássica, sofreu várias transformações históricas e chegou aos nossos tempos como um poema de exaltação a algo ou alguém. No texto que apresentamos aqui, o poeta exalta a tinta de escrever. Leia o poema atentamente e redija um texto de aproximadamente dez linhas fazendo um comentário sobre a maneira como o autor relaciona a tinta de escrever e a escrita poética.
À TINTA DE ESCREVER
Ao teu azul fidalgo mortifica
registrar a notícia, escrever
o bilhete, assinar a promissória
esses filhos do momento. Sonhas
mais duradouro o pergaminho
onde pudesses, arte longa em vida breve
inscrever, vitríolo o epigrama, lágrima
a elegia, bronze a epopéia.
Mas já que o duradouro de hoje nem
espera a tinta do jornal secar,
firma, azul, a tua promissória
ao minuto e adeus que agora tudo é história.
(PAES, 2000, p. 196)
Retomando alguns estrofes: No primeiro o poeta cita o azul da tinta, que é usada para assinar coisas passageiras e do momento, como a notícia, o bilhete e a promissória, que na sua concepção são passageiros quanto os sonhos. No segundo refere-se a coisas mais duradoras: O epigrama, que é um poema que usa a sátira, toma como tinta o ácido (vitríolo). A elegia, que é um poema de luto, é transcrita com a tinta da lágrima. E a epopeia, cujos feitos heroicos são sempre lembrados, toma como tinta o durador bronze. Ele encerra, no terceiro e último estrofe, com a exaltação do momento, do presente que acontece de forma tão rápida que não aguarda que a tinta do jornal seque. Nele, fala da promissória que se escreve com a tinta azul, ou seja, da vida presente que se firma através de uma espécie de título com a história.
ATIVIDADE DO TÓPICO 2 DA AULA 4
1. Releia a canônica “Canção do exílio” de Gonçalves Dias. O poema de José Paulo Paes estabelece um diálogo intertextual com o texto do poeta romântico. Redija um texto de aproximadamente dez linhas, comentando como se dá essa intertextualidade, e se ela tem caráter parodístico ou parafrásico, e por quê. 
CANÇÃO DE EXÍLIO FACILITADA 
lá? 
ah! 
sabiá... 
papá... 
maná sofá... 
sinhá... cá? 
bah! 
(PAES, 2000, p. 130)
O poema parodia o original, de Gonçalves Dias. A paródia se caracteriza por uma certa forma crítica, que leva a ressignificar o texto original, a mensagem que o autor do primeiro queria passar. No poema de Paes mantêm-se a estrutura principal das rimas e a ideia central do poema de Gonçalves. Por exemplo o ''lá? Ah!'' dá uma ideia de citar-se o distante, que no original seria o Brasil. E depois vai citando aspecetos brasileiros: “sabiá, papa, mana, sofá, sinhá”. E no final mostra insatisfação com o lugar onde está “cá? Bah!”. Há de se considerar também o momento em que é feita a paródia: Regime Militar. Ou seja, o poeta passa sua mensagem com ''meias palavras'', que transmitem um significado das dificuldades cotidianas e da opressão vivida na época.
2. Leia os trechos de poemas abaixo. 
�
POEMA DE SETE FACES 
Quando nasci, um anjo torto 
desses que vivem na sombra 
disse: vai, Carlos! Ser gauche na vida.” 
(ANDRADE, 2001, p. 11 – fragmento)COM LICENÇA POÉTICA 
Quando nasci, um anjo esbelto, 
desses que tocam trombeta, anunciou: 
Vai carregar bandeira 
Cargo muito pesado pra mulher, 
esta espécie ainda envergonhada. 
Aceito os subterfúgios que me cabem, 
sem precisar mentir. 
Não sou tão feia que não possa casar, 
acho o Rio de Janeiro uma beleza 
e ora sim, ora não, creio em parto sem dor. 
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina. 
Inauguro linhagens, fundo reinos 
— dor não é amargura. 
Minha tristeza não tem pedigree, 
já a minha vontade de alegria, 
sua raiz vai ao meu mil avô. 
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem. 
Mulher é desdobrável. Eu sou. 
(PRADO, 1993, p. 11)�
Com base nos poemas transcritos que você acabou de baixar, redija um texto de aproximadamente dez linhas comentando a relação que se estabelece entre um e outro, considerando a intertextualidade.
O primeiro poema, de Carlos Drummond de Andrade, mostra uma certa visão pessimista, ou seja, um anjo torto o disse que seria guache, inseguro, na vida. O segundo, de autoria de Adélia Prado, retoma essa ideia mas com criticidade: o anjo não é mais torto, e sim esbelto. A vida não é mais para ser vivida de forma insegura, mas a poetisa cita que, pela sua condição de mulher, é preciso que seja forte, e que enfrente a vida com segurança e determinação, que procura ver, mesmo na dor, um sentido de ser positivo, estável e sobretudo de uma aceitação que não é passiva, mas demonstra a resistência contra determinadas intempéries da vida.

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