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INCOMPETÊNCIA DO JUIZO

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA DE DIREITO PROCESSUAL PENAL I
Prof. Me. Daniel da Silveira Menegaz
INCOMPETÊNCIA DO JUIZO
Acadêmica:
Alice Bonadiman
Passo Fundo, junho de 2017.
1. Resumo Doutrinário.
Ao analisar doutrinas sobre o assunto ''Incompetência de Juizo” tira-se algumas conclusões. Dessa maneira, os autores colocados em tela serão: Julio Fabbrini Mirabete com a obra ''Processo Penal'' e Fernando da Costa Tourinho Filho, com o livro “Manual de Processo Penal”.
Processo Penal – Julio Fabbrini Mirabete
Em seu livro Mirabete impõe, a Incompetência em juízo é consequência da não observação dos preceitos determinantes da competência e, logo, a falta de jurisdição do juiz para o caso.
No primeiro momento, acredita Mirabete, que cabe ao próprio juiz, julgar a sua competência, declinando o feito se assim entender devido. Assim, deve remeter os autos ao juiz que supõe ter competência para o processamento de tal ato. Se, não ocorrer este procedimento inicialmente, caberá então a exceção de incompetência, também chamada por Mirabete e outros doutrinadores de “declinatória fori”. Apesar de o Código levar a crer que somente o acusado pode propor esta exceção no prazo definido, Mirabete defende que, a doutrina é pacífica ao entender que, mesmo durante o curso do processo o Ministério Público pode reconhecer a incompetência e oferecer à declaratória fori.
A competência pode ser relativa ou absoluta. Relativa é, por exemplo, aquela em razão do lugar, e sendo assim sua relevância é secundária. Neste sentido, no caso da sua inobservância não levará a nulidade do processo. Uma vez oferecida a exceção não há suspensão do processo. Caso a alegação seja deferida, os autos serão remetidos ao juízo competentes aonde o processo prosseguirá. No entanto, se for recusada, o juiz inicial continuará no caso, não cabendo recurso. O processo continuará, mas os atos anteriores, se probatórios, deverão ser ratificados, confirmando a sua validade. Já atos decisórios serão refeitos. Apesar da ratificação, caberá ao juiz decidir se haverá necessidade de repetição do interrogatório de testemunhas e do ofendido.
Manual de processo penal - Fernando da Costa Tourinho Filho 
Tourinho, em seu livro, explica inicialmente que, por se tratar de pressuposto processual, a competência leva à validade ou não de um processo. Por conta disto, quando percebida incompetência do julgador, deverá o processo ser afastado juiz incompetente, sendo isto possível pela exceção. Em qualquer fase do processo, pode o juiz alegar de oficio a sua incompetência, reconhecendo o motivo que o leve a isto. Deverá remeter o processo ao juiz competente.
As partes, após serem intimadas, podendo inclusive entrar com recurso, conforme artigo 581, II, CPP.
Ele explica também que, pode ocorrer o caso em que o juiz que recebe o processo e não se julga competente para tal. Acontecendo isto, os autos serão remetidos para um outro juiz, que entende ter a jurisdição necessária. Ou poderá ainda haver conflito negativo de jurisdição, conforme o artigo 113 CPP.
Quando o juiz que reconhece ser competente aceita o processo, ratificará os atos probatórios praticados pelo juiz anterior e anular os decisórios. Por outros autores também, se o juiz se mantiver inerte em relação à alegação de incompetência e a parte entender ser existente este vício, pode e deve, propor a “exceptio incompetentiae”, como nomeia Tourinho. A alegação será feita verbalmente ou por escrito no prazo da defesa, se a incompetência for relativa, ou seja, de foro. Supondo que a incompetência seja absoluta, ela poderá ser alegada a qualquer tempo durante o curso do processo. Fazendo o papel de fiscal da lei, ao Ministério Público será determinada a abertura de vista da exceptio incompetentiae e, após os autos serão conclusos ao Juiz.
Tourinho cita o princípio da competência sobre competência que o juiz tem. Neste sentido, caso haja a propositura da exceção e o juiz se julgue competente mesmo assim, ele continuará no feito. Poderá inclusive, dependendo do caso, ser impetrado habeas corpus.
2. Acórdão
APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. SENTENÇA DA SEGUNDA FASE PROLATADa POR JUÍZO ABSOLUTAMENTE INCOMPETENTE. validade do ato decisório. princípio da perpetuatio jurisdiciones.
Ação de prestação de contas aforada em momento no qual as Varas da Fazenda Pública eram competentes para processar e julgar feitos que envolviam empresas de economia mista, como o Banrisul, ora demandado.
Sentença da segunda fase prolatada após a alteração do art. 84, inciso V, do COJE, quando incompetente o juízo.
Aplicação do princípio da perpetuatio jurisdiciones, para efeito de declarar a validade da sentença, haja vista que a competência se define no momento em que a ação é proposta, sendo irrelevantes as alterações de fato e de direito ocorridas posteriormente.
Inteligência do art. 87, do CPC.
Impossibilidade de aplicação retroativa da alteração legislativa para efeito de se reconhecer a nulidade da sentença por incompetência do juízo.
Ausência de prejuízo das partes.
Homenagem aos princípios da economia e celeridade processual.
Validade da sentença.
MÉRITO:
SALDO CREDOR DO AUTOR. LAUDO PERICIAL. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA. 
Na segunda fase da ação de prestação de contas, sopesados os pagamentos efetuados pelo requerente e os valores cobrados pelo banco, a determinação, em sentença, do responsável pelo pagamento, no caso, da instituição financeira, com correção monetária e juros de mora, que independem de pedido inicial, aquela por não ser um plus, mas mera atualização, e estes últimos por decorrência legal.
DA CONSIDERAÇÃO DE UMA SEGUNDA CONTA CORRENTE MANTIDA PELO AUTOR JUNTO Á INSTITUIÇÃO FINANCEIRA DEMANDADA.
Merece rejeição o pedido do autor de consideração do pagamento de saldo credor relativo a outra conta destaca da na peça inicial e não verificada pelo perito.
Diversamente do sustentado, de acordo com os elementos trazidos aos autos e às ponderações do expert, evidenciado que houve uma sucessão de contas, tendo sido aberta uma segunda, noticiada pelo autor, tão logo encerrada a primeira.
Movimentação ínfima nesta segunda conta a não acarretar o reconhecimento de saldo credor em favor da parte demandante.
DO REDIMENSIONAMENTO DOS ÔNUS SUCUMBENCIAIS.
Merece mantida a decisão singular que, com correção, considerou a ocorrência de sucumbência recíproca, distribuindo de forma igualitária os ônus sucumbenciais.
Mantida a decisão recorrida.
DECLARARAM A VALIDADE DA HOSTILIZADA E, NO MÉRITO, NEGARAM PROVIMENTO AOS RECURSOS. UNÂNIME.
	Apelação Cível
	Décima Oitava Câmara Cível
	Nº 70056738644 (N° CNJ: 0398491-08.2013.8.21.7000)
	Comarca de Porto Alegre
	JOAO CARLOS PUJOL JR 
	APELANTE/APELADO
	BANRISUL 
	APELANTE/APELADO
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos. 
Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Oitava Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em declarar a validade da sentença e, no mérito, negar provimento aos recursos.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário (Presidente), os eminentes Senhores Des. João Moreno Pomar e Des. Heleno Tregnago Saraiva.
Porto Alegre, 05 de junho de 2014.
DES. NELSON JOSÉ GONZAGA, 
Relator.
RELATÓRIO
Des. Nelson José Gonzaga (RELATOR)
Cuida-se de apelações cíveis interpostas pelas duas partes contra sentença que, nos autos da ação de prestação de contas movimentada por JOÃO CARLOS PUJOL JUNIOR contra BANCO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL S/A, julgou parcialmente procedente o pedido de ajuste, julgando insatisfatórias as contas prestadas pelo requerido, declarando, nos termos do laudo trazido à colação, o saldo credor de R$ 76.829,43 (setenta e seis mil, oitocentos e vinte e nove reais, quarenta e três centavos), em favor de requerente João Carlos Pujol Junior.
Da análise do processado,observa-se que o autor movimentou a presente ação em 27 de dezembro de 2001, colimando ver obrigada, a instituição financeira demandada, a prestar esclarecimentos referente à conta corrente mantida entre as partes contendoras e, num segundo momento, o reconhecimento de ilegalidade e abusividade nas cobranças realizadas, a repetição do indébito.
A distribuição do processo se deu para a 2ª Vara da Fazenda Pública, do Foro Central da Comarca de Porto Alegre, com citação, contestação e réplica, sendo, na seqüência, julgado procedente o pedido, com condenação do demandado à prestação do ajuste reclamado pelo demandante.
Interposta apelação cível, foi distribuída à 19ª Câmara Cível deste Tribunal de Justiça, sob relatoria do insigne Des. Mário José Gomes Pereira que, em julgamento perante o Colegiado, houve por bem negar provimento ao recurso do banco e em dar provimento ao recurso do autor, exclusivamente, para majorar a honorária arbitrada pelo Decisor singular.
Movimentado Recurso Especial, o Ministro Carlos Alberto Menezes Direito negou provimento ao aforado, mantendo a decisão, com o seu trânsito em julgado.
Requerida a intimação para que fossem prestadas as contas, o banco réu compareceu com pedido de juntada dos extratos da conta objeto do pedido de prestação de contas, seguindo-se a realização de perícia contábil.
Oferecidos os quesitos pelas partes e, realizado o exame, com a respectiva juntada do laudo pericial, foram apresentadas impugnações de parte a parte, o que ensejou julgamento, perante a 2ª Vara da Fazenda Pública, de parcial procedência, sendo julgadas insatisfatórias as contas apresentadas, com declaração de saldo credor em favor do autor.
Contra esta decisão, apelou a instituição financeira, fls. 456/459, sustentando, em síntese, equívoco do perito nomeado ao aplicar juros sobre o valor apurado em favor do autor, transformando a restituição de valores numa aplicação financeira inexistente.
Ponderou inexistente determinação para a aplicação de juros, tornando, a sentença homologatória do laudo pericial, extra petita, pois homologou o que não fora objeto de determinação judicial.
Afirmou que a repetição do indébito está claramente equivocada, na medida em que indevidos juros e correção monetária, mas tão somente correção, devendo ser excluídos os juros aplicados, o que elevou a conta.
Argumentou que o cálculo homologado não condiz com o julgado que determinou a apresentação do ajuste.
Disse que, conforme entendimento assente desta Corte, a cumulação de IGP-M com juros só decorre de comando sentencial, o que não ocorreu na espécie, devendo ser aplicada somente a correção monetária.
Pugnou pelo provimento do recurso, com reforma da sentença homologatória.
Ao mesmo tempo, recorreu o autor, sustentando a necessidade de provimento do recurso para que, reformada a sentença, fosse considerada a obrigação do pagamento de saldo referente à segunda conta bancária, de titularidade do demandante, conforme postulado na inicial e, alterada a distribuição dos ônus sucumbenciais.
Na seqüência, o juízo da 2ª Vara da Fazenda Pública, com arrimo no art. 84, inciso V, do COJE, no ano de 2009, declinou da competência, determinando a redistribuição do feito para uma Vara Cível.
Opostos embargos de declaração pelo autor, para que fossem declarados os atos atingidos pela declaração de incompetência, houve rejeição, sob o argumento da impossibilidade, tratando-se de matéria a ser argüida em sede de recurso.
Intimadas as partes para o oferecimento de resposta, compareceu o autor requerendo a negativa de provimento ao recurso, tendo, a instituição financeira, deixado transcorrer o prazo sem manifestação.
Determinada a remessa dos autos a este Tribunal de Justiça, em distribuição, vieram-me conclusos.
No dia 04 de novembro de 2013, foi juntada aos autos petição da parte autora, postulando manifestação deste Relator para que, saneando o feito, declarasse o aproveitamento ou não dos atos praticados pelo juízo declarado incompetente.
Esta a breve suma dos fatos.
De registrar, por fim, que foi observado o disposto nos artigos 549, 551 e 552, do CPC, tendo em vista a adoção do sistema informatizado.
É o relatório.
VOTOS
Des. Nelson José Gonzaga (RELATOR)
Eminentes Colegas.
Trata-se de apelações cíveis interpostas pelas duas partes, contra sentença que, nos autos da ação de prestação de contas, julgou insatisfatórias as prestadas pela instituição financeira demandada, declarando, de acordo com o laudo pericial, saldo credor em favor do autor.
Considerando o reconhecimento, de ofício, da incompetência absoluta do juízo prolator da sentença da segunda fase da ação de prestação de constas, antes da análise de mérito, impositivo o enfrentamento da abrangência da declaração.
 De acordo com o § 2º, do art. 113, do CPC, “Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão nulos, remetendo-se os autos ao juiz competente”.
Levando em conta a alteração do art. 84, inciso V do COJE, que trata da competência das Varas da Fazenda Pública, no ano de 2009 e, tendo presente que a sentença da primeira fase foi prolatada no ano de 2003, quando competente, ainda, a 2ª Vara da Fazenda Pública, de se restringir a matéria aqui colocada em discussão, somente a atinente à segunda fase, quando o mencionado juízo não detinha mais competência para o seu exame de mérito.
Conforme o art. 87 do CPC, a competência é definida no momento do ajuizamento da ação, sendo irrelevantes as alterações de estado de fato ou de direito ocorridas em momento posterior.
Referido dispositivo consagra o princípio da perpetuatio jurisdiciones, aplicável á espécie.
Explico.
Na questão em debate, quando proposta a ação, em dezembro de 2001, a Vara da Fazenda Pública detinha competência para processar e julgar demandadas que envolvessem sociedades de economia mista, como a presente, que tem como parte o Banco do Estado do Rio Grande do Sul.
 A alteração do COJE, no ano de 2007, retirou das Varas da Fazenda Pública a competência para processar e julgar a presente demanda. Mas não tem como ser aplicada retroativamente, porque pelo princípio da perpetuatio jurisdiciones, de ser prorrogada a competência, posto que inexistente justificativa para a declaração de nulidade da sentença, prolatada antes da declinação, de ofício, pela Vara da Fazenda Pública.
Revisitando jurisprudência a este respeito, as seguintes, desta Corte:
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. AÇÃO DE EXECUÇÃO AJUIZADA POR SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. BANRISUL S/A. VARA DA FAZENDA PÚBLICA. LEI ESTADUAL N. 11.984/2003. PERPETUATIO JURIDICIONES. Segundo o princípio da "perpetuatio jurisdiciones" a competência determinada no momento do ajuizamento da ação não mais se altera, salvo modificações que suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia (art. 87 do CPC). A Lei Estadual n. 11.984/2003 alterou a competência das varas da Fazenda Pública de Porto Alegre, pois as ações envolvendo sociedade de economia mista passaram a ser processadas e julgadas nas varas Cíveis. No entanto, tratando-se de modificação envolvendo competência em razão da pessoa e inexistindo determinação legal de redistribuição, permanece a competência das varas da Fazenda Pública para as ações ajuizadas antes da vigência da lei supramencionada. No caso concreto, a ação revisional foi ajuizada em face do Banrisul S/A antes da entrada em vigor da Lei Estadual n. 11.984/2003, motivo pelo qual não se justifica a redistribuição para uma das varas Cíveis do Foro Central. CONFLITO NEGATIVO PROCEDENTE. (Conflito de Competência Nº 70057611626, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marco Antonio Angelo, Julgado em 08/05/2014).
AGRAVO DE INSTRUMENTO. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. BANRISUL. SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. EMBARGOS DO DEVEDOR. AÇÃO PROPOSTA E JULGADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI ESTADUAL 13.164/2009, QUE ALTEROU A COMPETÊNCIA DAS VARAS DA FAZENDA PÚBLICA. VEDADA A REDISTRIBUIÇÃO DO FEITO PARA AS VARAS CÍVEISDO FORO CENTRAL, POIS A LEI ESTADUAL NÃO PODE SER APLICADA RETROATIVAMENTE. ALÉM DISSO, INCIDE NA ESPÉCIE O PRINCÍPIO DA "PERPETUATIO JURISDICIONIS". AGRAVO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70058501214, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Elaine Harzheim Macedo, Julgado em 27/03/2014).
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. COMPETÊNCIA. VARA ESPECIALIZADA. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA. PRINCÍPIO DA PERPETUATIO JURISDICTIONIS. INOCORRÊNCIA DAS EXCEÇÕES CONTEMPLADAS NO ART. 87 DO CPC. COMPETÊNCIA MANTIDA. 1) Consoante dispõe o art. 87 do CPC, o juízo competente é definido no momento em que a ação é proposta, sendo irrelevantes as alterações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente. Tal previsão legal consagra o chamado princípio da perpetuatio jurisdictionis, que além de estar relacionado à preservação do juiz natural, busca o desenvolvimento do processo da maneira mais estável possível, assim como a celeridade processual. 2) De outro lado, o mesmo dispositivo legal contempla exceções, consubstanciadas na extinção do órgão jurisdicional respectivo ou na alteração da competência em razão da matéria ou da hierarquia, hipóteses que inocorrem no caso dos autos. 3) Logo, inviável a declinação de competência de demanda ajuizada quando em vigência legislação que atribuía competência às Varas da Fazenda Pública para processar e julgar ações nas quais figurassem como parte sociedade de economia mista, como o Banrisul. Agravo de instrumento provido. (Agravo de Instrumento Nº 70057625964, Décima Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Voltaire de Lima Moraes, Julgado em 25/03/2014).
Sendo assim, aplicando o princípio da perpetuatio jurisdiciones, homenageando os princípios da economia e celeridade processual e, tendo em vista a ausência de prejuízo das partes, válida a sentença da segunda fase da presente ação de prestação de contas, pelo que passo à análise das questões de fundo da controvérsia, apontadas nas razões de recursos.
Do recurso do Banco do Estado do Rio Grande do Sul
No descontentamento do banco, a afirmação de equivoco na homologação do laudo, na medida em que aplicados sobre o saldo em favor do autor, correção monetária e juros moratórios, quando indevidos este últimos.
Falho o raciocínio.
Lição abalizada de EDSON COSAK BORTOLAI, em generalidades, ao falar sobre os Aspectos Processuais da Ação de Prestação de Contas, tem afirmado que: [2: BORTOLAI, EDSON COSAK. Da Ação de Prestação de Contas, Saraiva, 3ª edição, 1988, página 77. ]
“Referida ação visa um acerto de contas, objetivando apurar um saldo credor, ou devedor, tendo, pois caráter dúplice: tanto o devedor quanto o credor de contas podem ser autores, utilizando-se da ação de contas pertinente, sendo a sentença exeqüível contra o devedor reconhecido independentemente de pedido reconvencional”. 
Ensina mais: 
“Note-se que o caráter dúplice não diz respeito às fases da ação intentada para pedir contas, tanto que, na ação intentada para apresentar contas, o caráter de duplicidade se mantém, ainda que haja uma só fase, vale dizer, o autor também pode ser reconhecido como devedor ou credor do réu, mas sim diz respeito com a natureza mesma da ação, que pode ser utilizada por aquele que tiver direito a exigir contas ou pelo obrigado às contas”.
De lembrar, também, que a decisão a ser lançada na prestação de contas, deve cingir-se à fixação do saldo devedor, ou credor, e à determinação do responsável pelo pagamento, não estando mais em causa a procedência ou improcedência da ação, objeto da primeira fase, na espécie, superada.
No caso em exame, a sentença levou em conta o laudo pericial, de fls. 252/257, de boa qualidade, e assaz convincente, que depois de sopesar os pagamentos feitos pelo demandante, e as quantias cobradas pela instituição financeira, apontou um resultado favorável ao correntista, de R$-76.829,43, com correção monetária e juros moratórios.
Nada para modificar.
Tanto a correção quanto os juros moratórios, independem de pedido inicial, aquela por não ser um plus, mas mera atualização da quantia a ser devolvida, e estes, a teor do artigo 293 do CPC, in verbis:
“Os pedidos são interpretados restritivamente, compreendendo-se, entretanto, no principal, os juros legais”. 
No pretório Excelso, esta matéria é pacífica, tendo, inclusive, sido objeto da Súmula que levou o n. 254, nos seguintes termos: 
“Incluem-se os juros de moratórios na liquidação, embora omisso o pedido inicial ou a condenação”.
Descabido o pedido da instituição financeira de ver afastados os juros moratórios, corretamente considerados pelo perito na confecção do laudo que instrumentalizou a decisão ora combatida.
Do recurso da parte autora
No descontentamento do autor, a afirmação de que fosse considerada, também, a obrigação de pagamento de saldo credor, referente à segunda conta bancária, indicada na peça inicial. Reclamou, também, da fixação dos ônus sucumbenciais, postulando o seu redimensionamento.
Não merecem vingar.
Conforme esclarecido pelo perito, descabida esta pretensão, na medida em que, mercê do apurado, a conta nº 08.008717.0-8, sucedeu a conta nº 35.008717.0-5, no momento em que encerrada esta última, em outubro de 1996.
Tal conclusão resulta, em especial, dos extratos juntados a fls. 379/382, que evidenciam movimento 0 (zero) no conta nº 08.008717.0-8, antes de outubro de 1996, data em que encerrada a conta nº 35.008717.0-5.
O mesmo se observa nos comprovantes de depósito, juntados pelo requerente, na fl. 17. O primeiro, realizado em 10/10/1996, no valor de R$ 116,00, junto à conta nº 35.008717.0-5 e o segundo, em 19/12/1996, no valor de R$ 110,00, junto à conta nº 08.008717.0-8.
Correta, pois a conclusão de que uma das contas foi aberta tão logo encerrada a outra, tendo o perito realizado com correção o seu trabalho, considerando as duas suscitadas pelo autor, sendo que, na segunda, de n. 08.008717.0-8, após outubro de 1996, o movimento foi ínfimo, não redundando diferença a ser apurada.
Não é demais lembrar que o ônus da prova, em que pese se tratar de uma relação de consumo,incumbia, ao menos minimamente, ao autor, de modo que, não tendo demonstrado a abertura da conta nº 08.00.8717.0-8 antes de outubro de 1996, correta a conclusão do perito e da julgadora singular.
Defeso, assim, o pedido de consideração de pagamento de saldo credor relativa à outra conta mantida pelo correntista.
Rejeito, pois, a reclamação.
Atinente ao pedido de redimensionamento dos ônus sucumbenciais, melhor sorte não socorre ao recorrente.
Andou bem a julgadora singular ao estabelecer recíproca a sucumbência, dividindo o pagamento das despesas, considerando o decaimento de ambas as partes, do autor, por ter postulado valor em muito superior ao apurado e, o réu, por ter rejeitado o seu pedido de inexistência de saldo credor.
Neste sentido, da lição e obra antes citada: [3: op. cit., p. 121.]
“A sucumbência está na função do acatamento ou não da questão prévia decidida na primeira fase; daí porque não deve o autor pedir a condenação do réu no saldo apurado, sob pena de poder decair de parte do pedido.”
Não há falar, assim, em redimensionamento dos ônus sucumbenciais, tendo se mostrado correta e adequada a sucumbência conforme estabelecida pela sentença vergastada.
Nego provimento, pois, ao recurso do autor.
Com estes achegos, declarando a validade da sentença da segunda fase, prolatada perante a 2ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central, estou em NEGAR PROVIMENTO aos recursos, mantendo a decisão hostilizada.
É como voto.
Des. João Moreno Pomar (REVISOR) - De acordo com o(a) Relator(a).
Des. Heleno Tregnago Saraiva - De acordo com o(a) Relator(a).
DES. NELSON JOSÉ GONZAGA - Presidente - Apelação Cível nº 70056738644, Comarca de Porto Alegre: "DECLARARAM A VALIDADE DA SENTENÇA E, NO MÉRITO, NEGARAM PROVIMENTO AOS RECURSOS. UNÂNIME."
Julgador(a) de 1º Grau: MARA LUCIA COCARO MARTINS
3. Parecer analítico do acórdão
Veja que a ação de prestação de contasfoi aforada em momento no qual as Varas da Fazenda Pública eram competentes para processar e julgar feitos que envolvessem empresas de economia mista, como o Banrisul, como foi demandado.Passando para a segunda da sentença na fase prolatada após a alteração do art. 84, inciso V, do COJE, onde o juízo ficou incompetente para tal. Aplicado de modo certo o principio o da “perpetuatio jurisdiciones”, para efeito de declarar a validade da sentença, haja vista que a competência se define no momento em que a ação é proposta, sendo irrelevantes as alterações de fato e de direito ocorridas posteriormente.Houve a Impossibilidade de aplicação retroativa da alteração legislativa para efeito de se reconhecer a nulidade da sentença por incompetência do juízo. Não tendo as partes prejuízos, deixando a sentença valida.

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