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Bruno Martins Ferreira GEODIVERSIDADE NO MUNICIPIO DE PARAÚNA/GOIÁS Goiânia/GO 2016 Bruno Martins Ferreira GEODIVERSIDADE NO MUNICIPIO DE PARAÚNA Orientadora: Profª. Drª. Cláudia Valéria de Lima Goiânia/GO 2016 Dissertação apresentada à Universidade Federal de Goiás, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Geografia. Linha de Pesquisa: Análise Ambiental e Tratamento da Informação Geográfica. BRUNO MARTINS FERREIRA GEODIVERSIDADE NO MUNICIPIO DE PARAÚNA Dissertação apresentada à Universidade Federal de Goiás, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Geografia. Linha de Pesquisa: Análise Ambiental e Tratamento da Informação Geográfica. Banca Examinadora: ____________________________________________ Profa. Dra. Cláudia Valéria de Lima (Presidente da banca/Orientadora/UFG) ____________________________________________ Profa. Dra. Gislaine Cristina Luiz (Membro interno/PPG Geografia/UFG) ____________________________________________ Prof. Dr. Carlos Roberto dos Anjos Candeiro (Membro externo/Curso de Geologia/Campus Aparecida de Goiânia/UFG) AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer a minha orientadora Professora Drª Cláudia Valéria de Lima, pela dedicação e principalmente acreditar no meu potencial, confiar em mim e não desistir desse grande sonho que foi a pesquisa. Nos momentos mais difíceis, pude contar com o seu apoio, sempre com palavras de ânimo e motivação, me orientou não apenas na academia, mas, me proporcionou ensinamentos que levarei para toda a vida. Aos meus pais Jose Julio Ferreira e Maria Rita Martins Ferreira, que sempre me apoiaram e me proporcionaram a oportunidade de estudar, de crescer enquanto sujeito e contribuíram na formação do meu caráter. São os meus pilares, meus exemplos de vida, as pessoas que mais amo. A todos os meus familiares, tios (a), primos (a), avo e minha avó que não se encontra mais no nosso meio, mas, ao longo da vida também acreditou nos meus estudos. A todos os meus amigos, que durante a pesquisa sempre estiveram do meu lado, contribuindo com os trabalhos de campo, me ouviram nos momentos de angustia e desabafo e se alegraram comigo nos momentos bons. A Maria de Lourdes, da secretaria de turismo, que foi um elemento importante no reconhecimento dos geossitios e diversos conhecimentos foram compartilhados pela sua colaboração. Ao doutorando Ricardo e mestranda Gabriela, que foram colegas de laboratório. Aos professores Denis Castilho e Gislaine Luiz, que fizeram parte da banca de qualificação e suas opiniões foram essenciais para a pesquisa. Aos docentes, coordenação e direção do Instituto de Estudos Sócio Ambientais da UFG, que ao longo da pesquisa, contribuíram com seus conhecimentos e orientações, proporcionando-me um crescimento enquanto sujeito. Porque só Eu sei os planos que tenho para vós, planos de bênçãos e não de mal e um futuro cheio de esperança... Jeremias 29:11. RESUMO A presente dissertação tem como recorte espacial o município de Paraúna em Goiás, localizado na Mesorregião do Sul Goiano e na Microrregião do Vale do Rio dos Bois. O município destaca-se pelo grande potencial turístico. Paraúna distancia cerca de 160 Km de Goiânia e possui diversos atrativos turísticos como a Ponte de Pedra, a Serra das Galés, a Serra da Portaria e outros. O município abriga o Parque Estadual de Paraúna criado pelo decreto de lei Nº 5.568, DE 18 DE MARÇO DE 2002. O objetivo geral da pesquisa foi analisar e discutir a geodiversidade presente no município. A geodiversidade consiste na variedade de paisagens, de ambientes geológicos, rochas, solos, fósseis, minerais e outros depósitos superficiais que dão suporte a vida na Terra. Foram identificados e mapeados onze geossitios, presentes na porção norte do município. Em relação ao Parque Estadual de Paraúna, discutiu se a conservação do patrimônio geológico, geomorfológico e cultural do parque. Elaborou-se um jogo didático no âmbito de levar as pessoas a conhecerem os conceitos de geodiversidade, geoconservação, geoformas, geossitios, patrimônio geológico e a conscientização da preservação do Parque Estadual de Paraúna. Palavras chave: Geodiversidade, Geoconservação, Paraúna. ABSTRACT This dissertation has the spatial area of Paraúna municipality in Goiás, located in South Mesoregion Goiano and micro-region of the Bois River Valley. The city stands out for its great tourism potential. Paraúna distance about 160 km from Goiânia and has several tourist attractions such as the Stone Bridge, the Sierra de Gales, Sierra Ordinance and others. The city houses the Paraúna State Park created by Law Decree No. 5568, OF 18 MARCH 2002. The overall objective of the research was to analyze and discuss the geo-diversity present in the city. The Geodiversity is the variety of landscapes, geological environments, rocks, soils, fossils, minerals and other surface deposits that support life on Earth. They were identified and mapped eleven geosites present in the northern portion of the county. Regarding State Park Paraúna discussed the conservation of geological heritage, geomorphological and cultural park. Elaborated a didactic game within to get people to know the concepts of geodiversity, geoconservation, landforms, geosites, geological heritage and awareness of preserving the Paraúna State Park. Keywords: Geodiversity, Geoconservation, Paraúna. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Localização da área de estudo................................................................. 17 Figura 2: Geoconservação e Políticas de Geoconservação. Fonte: Brilha (2005).. 22 Figura 3: Propostas de criação de Geoparques no Brasil....................................... 24 Figura 4: A geoconservação promove o ensino/aprendizagem da Geologia, enquanto esta aumenta a sensibilização pela necessidade de conservar o património geológico. Fonte: Brilha, Dias e Pereira (2006 ) ................................. 25 Figura 5: Mapa de geologia do Município de Paraúna/Goiás................................ 32 Figura 6: Exemplo de morfologia tabuliforme atual. Fonte: Casseti (1994).......... 36 Figura 7:Domínio de relevo tabuliforme no município de Paraúna. Fonte: Casseti (1994).......................................................................................................... 37 Figura 8: Relação morfológica com a estrutura concordante sub-horizontal nomunicipio de Paraúna. Fonte Casseti (1994)........................................................... 38 Figura 9: O efeito da erosão diferencial nos patamares da Serra da Portaria (Paraúna) Fonte: Casseti (1994)............................................................................... 38 Figura 10: Esquema da muralha, originada por erosão diferencial (municipio de Paraúna). Fonte: Casseti (1994)............................................................................... 39 Figura 11:. Mapa de localização dos Geossitios..................................................... 41 Figura 12 Localização dos geossitios nas respectivas unidades geológicas........... 42 Figura 13:. Relevo ruiniforme no Cristo Paredão................................................... 45 Figura 14: Estátua do Cristo Paredão..................................................................... 45 Figura 15: Ponte de Pedra I.................................................................................... 46 Figura 16: Entrada da gruta na Ponte de Pedra I.................................................... 47 Figura 17: Dentro da gruta na Ponte de Pedra I..................................................... 47 Figura 18: Serra da Arnica...................................................................................... 48 Figura 19: Área de maiorr utilização para banho no Balneario Formosinho......... 49 Figura 20: Vista panoramica do Balneario Formosinho......................................... 49 Figura 21: Vista panoramica do Balneario Formosinho......................................... 52 Figura 22: Cachoeira Corrego dos Macacos em tempo de seca............................. 52 Figura 23: Margens da Cachoeira Corrego dos Macacos em tempo de seca......... 53 Figura 24: Cachoeira do Cervo............................................................................... 53 Figura 25: Cachoeira do Sonho.............................................................................. 54 Figura 26: Cachoeira do Desengano....................................................................... 55 Figura 27: Serra da Portaria................................................................................... 56 Figura 28: Serra da Portaria.................................................................................... 57 Figura 29: Muralha de ferro ................................................................................ 57 Figura 30: Vista panorâmica da Serra das Galés.................................................. 58 Figura 31: Geoforma denominada Lagartixa esculpida em rochas areníticas...... 59 Figura 32: Geoforma denominada Cérebro esculpida em rochas areníticas.......... 59 Figura 33:. Geoforma Os Três Reis esculpida em rochas areníticas...................... 60 Figura 34: Geoforma denominada Índia esculpida em rochas areníticas............... 61 Figura 35: Geoforma denominada Cálice esculpida em rochas areníticas............ 62 Figura 36: Geoforma o Cálice por outro ângulo .................................................. 62 Figura 37: Geoforma denominada Tartaruga esculpida em arenitos..................... 63 Figura 38.:Mapa de localização do Parque Estadual de Paraúna.......................... 64 Figura 39: Limite do Parque Estadual de Paraúna............................................... 65 Figura 40:. Jogo Desbravando o Parque Estadual de Paraúna.............................. 68 Figura 41: Cartas do jogo Desbravando o Parque Estadual de Paraúna................ 69 LISTA DE QUADROS Quadro 01: Geossitios do município de Paraúna.................................................... 44 Quadro 02: Classificação dos Geossitios no município de Paraúna....................... 46 LISTA DE SIGLAS SNUC: Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza UNESCO: Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura. CPRM: Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais PCNS: Parâmetros Curriculares Nacionais IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística PEPa: Parque Estadual de Paraúna SIGEP: Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos SEPLAN: Secretaria de Planejamento do Estado de Goiás SUMÁRIO INTRODUÇÃO..................................................................................................... 16 CAPÍTULO I – REFERENCIAL TEÓRICO................................................... 17 1.1 Geodiversidade: Geossítios e Patrimônio Geológico............................. 21 1.2 Geoconservação e Geoparques................................................................ 23 1.3 Geoconservação e Educação.................................................................... 24 CAPÍTULO II - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................ 28 CAPÍTULO III – O MUNICÍPIO DE PARAÚNA............................................. 30 3.1 Caracterização do meio físico.................................................................. 31 3.1.1 Geologia...................................................................................................... 33 3.1.2 Geomorfologia............................................................................................ 36 CAPÍTULO IV – RESULTADOS........................................................................ 40 4.1 Descrição dos Geossitios........................................................................... 41 4.1.1 Cristo Paredão............................................................................................ 44 4.1.2 Ponte de Pedra............................................................................................ 46 4.1.3 Serra da Arnica........................................................................................... 48 4.1.4 Balneário Formosinho................................................................................ 49 4.1.5 Cachoeira do Corrego dos Macacos.......................................................... 50 4.1.6 Cachoeira do Cervo.................................................................................... 51 4.1.7 Cachoeira do Sonho................................................................................... 52 4.1.8 Cachoeira do Desengano............................................................................ 52 4.1.9 Serra da Portaria........................................................................................ 53 4.1.10 Muralha de Ferro....................................................................................... 54 4.1.11 Serra das Galés........................................................................................... 55 4.2 Parque Estadual de Paraúna................................................................... 62 4.2.1 Parque Estadual de Paraúna: Geossítios Serra das Galés e Serra da Portaria e a Educação............................................................................... 64 CONCLUSÕES......................................................................................................71 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 73 ANEXOS................................................................................................................. 77 17 INTRODUÇÃO As pesquisas sobre geodiversidade, geoconservação e geoturismo no Brasil são relativamente recentes. A partir da década de 1990, pesquisadores preocupam-se com esta área que envolve tanto a geologia quanto a geografia no âmbito da analise de paisagens. A geografia física por meio do estudo das paisagens pode contribuir com essa temática a partir das teorias geográficas relativas a paisagem, em especial, a visão geossistêmica. Destaca-se, ainda, a necessidade de um planejamento e ordenamento territorial para gerir as atividades de proteção e preservação do patrimônio geológico. A geodiversidade consiste na variedade de paisagens, de ambientes geológicos, rochas, solos, fósseis, minerais e outros depósitos superficiais que dão suporte a vida na Terra. A conservação da geodiversidade é uma temática que está em crescente interesse nas últimas décadas. Nesse sentido caracteriza-se a geoconservação como uso consciente e a proteção dos recursos relacionados à geodiversidade. A geoconservação é um dos mecanismos essenciais para preservar o meio ambiente principalmente áreas ricas em geodiversidade. Para que a geoconservação seja primordialmente realizada, a educação é vista como um pilar. A educação através, da conscientização e internalização dos aspectos naturais pelos sujeitos poderá criar estruturas diferenciadas para preservação do meio natural. Sendo assim, é necessária a divulgação do patrimônio geológico por meio da educação e a conscientização da comunidade local. O recorte espacial adotado para a execução dessa pesquisa é o município de Paraúna, localizado na Mesorregião do Sul Goiano e na Microrregião do Vale do Rio dos Bois. O município destaca-se pelo grande potencial turístico. Paraúna dista cerca de 160 Km de Goiânia e possui diversos atrativos turísticos como a Ponte de Pedra, a Serra das Galés a Serra da Portaria e diversas cachoeiras. O município abriga o Parque Estadual de Paraúna criado no ano de 2002 (Figura 01). 18 Figura 1. Localização da área de estudo. Fonte: Base Cartográfica SIEG (2015). O presente trabalho tem como objetivo geral analisar e discutir a geodiversidade no município de Paraúna. Os objetivos específicos deste trabalho de dissertação são: 1) identificar e inventariar os geossítios no município de Paraúna; 2) mapear e contabilizar o patrimônio geológico e geomorfológico na região estudada; 3) discutir a conservação do patrimônio cultural, geológico e geomorfológico da região do Parque Estadual de Paraúna; 4) elaborar material didático no âmbito de levar os sujeitos a internalizarem os conceitos da geodiversidade e a preservação do Parque Estadual de Paraúna. 19 Para atender os objetivos propostos, este trabalho de dissertação será organizado em capítulos. O primeiro capítulo retratará os aspectos sobre a geoconservação, geodiversidade, patrimônio geológico e geomorfológico e a educação no âmbito da geodiversidade. No segundo capítulo serão explicados os procedimentos metodológicos para a realização da pesquisa. O terceiro capítulo tratará da caracterização da área de pesquisa e o modo de apropriação da região que abriga o município de Paraúna e o Parque Estadual de Paraúna. No quarto capítulo serão abordados os resultados da pesquisa e apresentada a proposta do material didático a ser utilizado com fins educativos. 20 CAPÍTULO I – REFERENCIAL TEÓRICO Muito se tem discutido no meio científico e acadêmico relativo às geociências sobre a visão integradora do Sistema Terra considerando-o um ambiente sistêmico no qual há interdependência entre os processos e, qualquer ação tem consequências na dinâmica desse sistema (TOLEDO, 2003; MANTESSO-NETO, 2009). Nesse sentido, Mantesso-Neto (2009) afirma que alguns conceitos vem ganhando importância na comunidade científica, dentro os quais: geodiversidade, geoconservação, patrimônio geológico, geossítios e geoparques. 1.1 Geodiversidade: geossítios e patrimônio geológico A partir da década de 1990 o termo geodiversidade vem sendo utilizado por geólogos e geógrafos no intuito de descrever a variedade do meio abiótico. Essa terminologia surgiu no Reino Unido durante a Conferência de Malven sobre Conservação Geológica e Paisagística realizada no ano de 1993 (BRILHA, 2005). Nessa ocasião Sharples (1993, apud Nascimento, 2008) caracterizou a geodiversidade como a diversidade de características, assembléias, sistemas e processos geológicos (relacionados ao substrato), geomorfológicos (formas da paisagem) e do solo. O conceito geodiversidade é o titulo do artigo publicado por Stanley (2000) que foi adaptado pela Royal Society for Nature Conservation do Reino Unido também como titulo do seu relatório de Ciência da Terra (Geodiversity Update). Tal relatório define geodiversidade como: “variedade de ambientes, fenômenos e processos ativos de caráter geológico, geradores de paisagens, rochas, minerais, fosseis, solos e outros depósitos superficiais que constituem a base para vida na Terra” (GRAY, 2004). Segundo Nascimento (2008) a geodiversidade “é também o elo entre as pessoas, paisagens e sua cultura, por meio da interação com a biodiversidade”. Neste âmbito, reconhecer a geodiversidade é essencial para que a humanidade desenvolva ações sustentáveis. O Serviço Geológico do Brasil/Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM – (2006) define geodiversidade como O estudo da Natureza abiótica (meio físico) constituída por uma variedade de ambientes, composição, fenômenos e processos geológicos que dão origem às paisagens, rochas, minerais, águas, fósseis, solos, clima e outros depósitos 21 superficiais que proporcionam o desenvolvimento da vida na Terra, tendo como valores intrínsecos a cultura, o estético, o econômico, o científico, o educativo e o turístico (s/p). As discussões acerca dessa temática envolvem também a valoração da geodiversidade. A geodiversidade pode ter valores: intrínseco, cultural, estético, econômico, funcional, cientifico e educativo. Os valores intrínseco e estético são subjetivos e de difícil quantificação. O valor intrínseco expressa a relação entre a natureza e o ser humano. O cultural, está relacionado a independência entre o desenvolvimento social, cultural ou religioso e o meio físico, por exemplo, muitos nomes de cidades estão relacionados a aspectos geológicos ou geomorfológicos. No caso do valor estético, as paisagens possuem um valor estético embutido, mesmo a paisagem sendo bonita para uns e não para outros, pode estar relacionado com atividades de lazer e produção artística. O valor econômico esta associado aos recursos minerais e energéticos e o funcional, atribuído, ao valor da geodiversidade in situ, de caráter utilitário do homem e o valor enquanto substrato para sustentação do sistema ecológico. O valor cientifico tem como base acesso e posterior estudo da geodiversidade e o educativo, está relacionado à educação em Ciências da Terra, sendo atividades formais e não formais. Esses dois últimos valores permitem ao ser humano reconhecer e interpretar a história geológica da Terra (NASCIMENTO, 2008; LOPES e ARAÚJO, 2011; BRILHA, 2005; BRILHA, 2009). A geodiversidade abarca no seu conjunto a conceituação de geossitiose patrimônio geológico. Segundo Brilha (2005) o termo geossítio pode ser definido como: Ocorrência de um ou mais elementos da geodiversidade (aflorantes, quer em resultado da ação de processos naturais, quer devido à intervenção do homem), bem delimitado geograficamente e que apresente valor singular do ponto de vista científico, pedagógico, cultural, turístico, ou outro (p. 52). Considerado como um lugar particular para o estudo da geologia, os geossitios são áreas com características notáveis no ponto de vista cientifico, didático ou turístico. É também considerado do ponto de vista físico natural, como um sítio geológico. Rivas et al. (2001) conceituam patrimônio geológico como: Recursos naturais não renováveis de interesse científico, cultural, educacional, paisagístico e recreativo que sejam formações rochosas, estruturas, formas de relevo, acumulações sedimentares, ocorrências 22 minerais, paleontológicas e outras que permitam reconhecer, estudar e interpretar a evolução da história geológica da Terra e os processos que a moldaram (p. 34). Para Brilha (2005), o patrimônio geológico é entendido como o conjunto de geossítios inventariados e caracterizados numa determinada área ou região e “integra todos os elementos notáveis que constituem a geodiversidade, incluindo o patrimônio paleontológico, o patrimônio mineralógico, o patrimônio geomorfológico, o patrimônio hidrogeológico entre outros”. Munoz (1988) define patrimônio geológico, como constituído por georrecursos naturais, que são recursos não-renováveis de índole cultural, que contribuem para o reconhecimento e interpretação dos processos que modelaram o Planeta Terra e que podem ser caracterizados de acordo com seu valor (cientifico, didático), pela sua utilidade (cientifica, pedagógica, museológica, turística) e pela sua relevância (local, regional, nacional e internacional). Garcia-Cortés (1996) classifica o Patrimônio Geológico por seu conteúdo, utilização e influência, conforme apresentado a seguir: a) Conteúdo: Estratigráfico, Paleontológico, Tectônico, Hidrogeológico, Petrológico, Geotécnico, Mineiro, Mineralógico, Geomorfológico, Geofísico, Geoquímico e Museus e coleções; b) Utilização: Turística, Científica, Didática e Econômica. c) Influência: Local, Estadual, Nacional e Internacional. Nascimento, Azevedo e Mantesso-Neto (2008) consideram a diversidade de tipos de patrimônios geológicos diferenciando-os em: patrimônio geomorfológico (formas de relevo); patrimônio paleontológico (registros fósseis), patrimônio espeleológico (cavernas) e patrimônio mineiro (minas). 1.2 Geoconservação e Geoparques A conservação de elementos representativos da geodiversidade é denominada de geoconservação e tem implicações diretas em todo o meio ambiente. Em relação à geoconservação, Sharples (2002) explica que essa visa a preservação da diversidade natural (ou geodiversidade) de significativos aspectos e processos geológicos 23 (substrato), geomorfológicos (formas de paisagem) e de solo, pela manutenção da evolução natural desses aspectos e processos. A geoconservação reconhece que no processo de conservação da natureza, o componente abiótico é tão importante quanto o biótico. A geoconservação pode se dar por meio da criação de leis/programas específicos para o patrimônio geológico e/ou por meio da sensibilização do público sobre a importância deste patrimônio. Segundo Nascimento, Ruchkys e Mantesso-Neto (2008) os principais objetivos da geoconservação são: conservar e assegurar a manutenção da geodiversidade; proteger e manter a integridade dos locais com relevância em termos de geoconservação; minimizar os impactos adversos dos locais importantes em termos de geoconservação; interpretar a geodiversidade para os visitantes de áreas protegidas; contribuir para a manutenção da biodiversidade e dos processos ecológicos dependentes da geodiversidade. Brilha (2005) explica que a geoconservação, em sentido, amplo tem como objetivo a utilização e gestão sustentável de toda geodiversidade, englobando todos os tipos de recursos geológicos. O autor ressalta também os aspectos emocionais e estéticos ligados à geodiversidade, além de colocar que a educação, o ordenamento territorial e a ciência são elementos fundamentais para compor a geoconservação (Figura 2). Figura 02. Geoconservação e Políticas de Geoconservação. Fonte: Brilha (2005) 24 No Brasil, uma das formas de proteção do patrimônio natural é Lei nº 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC, e estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação. Vale salientar que entre os 13 objetivos principais do SNUC, dois estão diretamente relacionados ao patrimônio geológico (sétimo e oitavo objetivos), cujas finalidades são de: VII - proteger as características relevantes de naturezas geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural; e VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos. Para conservar e preservar o patrimônio geológico, a UNESCO criou em 1999 o projeto Geoparks que visa à conservação geológica de monumentos ímpares ou de interesse público, histórico, arqueológico e social. Segundo a UNESCO (2004), geoparque é Um território com limites bem definidos que tenha uma área suficientemente grande para que sirva ao desenvolvimento econômico local com determinado número de sítios geológicos de importância científica especial, beleza ou raridade e que seja representativa da história geológica, dos eventos ou processo de uma área (s/p). Os geoparques, que são áreas de preservação ambiental dos sítios geológicos, ricos em geodiversidade, proporciona a comunidade local, o desenvolvimento de atividade econômicas no âmbito do turismo, criação de empregos, melhoria de renda além da construção de conhecimentos geológicos. Mansur (2010, p.18) afirma: Um geoparque cria oportunidades de emprego para as pessoas que vivem no local, para quem traz benefícios econômicos reais, em geral por meio do turismo. Nele, o conhecimento geológico deve ser compartilhado com o grande público e deve ser estabelecida uma conexão com os aspectos do ambiente natural e cultural que, em geral, estão relacionados ou são determinados pela geologia. O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) criou, em 2006, o Projeto Geoparques (SCHOBBENHAUS, 2006) com o objetivo de identificar, classificar, catalogar, georreferenciar e divulgar o patrimônio geológico do Brasil, bem como definir diretrizes para seu desenvolvimento sustentável. Essa atividade está sendo desenvolvida pela CPRM em conjunto com as universidades e outros órgãos ou entidades federais e estaduais, que tenham interesses comuns, e em consonância com as comunidades locais. Este projeto apresenta 30 áreas potenciais para a criação de geoparques, espalhadas 25 pelas diferentes províncias geológicas brasileiras. Há várias propostas de criação de geoparques, em diferentes fases do processo de elaboração (Figura 03). Figura 03. Propostas de criação de Geoparques no Brasil Fonte: Serviço Geológico do Brasil – CPRM. Em Goiás, a CPRM, elaborou duas propostas de criação de geoparques: Pirineus e Chapada dos Veadeiros. Outras pesquisas também tem sido desenvolvidas nas regiões da Serra Dourada, Cidade de Goiás (PINTO, FILHO 2014). 1.3 Geoconservação e Educaçã 26 A educação é um instrumento de propagação da cultura humana, construção de saberes e transmissão de conhecimentos.Por meio da educação a humanidade desperta e se conscientiza para as questões ambientais. Nascimento, Mansur e Moreira (2015) definem algumas ferramentas para alcançar a geoconservação, dentre elas estão: inventário, quantificação de valor, identificação de vulnerabilidade, proteção legal, divulgação, conservação e monitoramento dos sítios. A educação permite mediante a divulgação a consciência ambiental em relação à preservação dos geossitios, pois, tais sítios caracterizam os processos geológicos e geomorfológicos do sistema Terra. Neste sentido, a educação através de atividades didáticas, tais como; impressão de guias e livros, painéis interpretativos, confecções de folhetos, mídia eletrônicas, palestras e jogos paradidáticos levam as pessoas a internalizarem os conceitos da geoconservação e despertarem para a preservação dos geossitios. Brilha, Dias e Pereira (2006) afirmam que incentivando a comunidade local, no âmbito de entender os geossitios com fins pedagógicos, colaborará com o processo de ensino aprendizagem da geologia. Assim, ao compreender a abordagem das temáticas físico naturais na geoconservação, provocará nos sujeitos uma sensibilidade em relação a essas temáticas, impulsionando-os na necessidade da conservação do patrimônio geológico. O esquema da figura (4) relata tal abordagem: Figura 4: A geoconservação promove o ensino/aprendizagem da Geologia, enquanto esta aumenta a sensibilização pela necessidade de conservar o património geológico. Fonte: Brilha, Dias e Pereira (2006 ) 27 A sensibilidade dos sujeitos aos conceitos da geoconservação vinculadas ao ensino/aprendizagem da geologia permite uma conscientização em relação à conservação dos patrimônios geológicos e geomorfológicos naturais. Na educação básica brasileira, o ensino de geologia esta vinculado a disciplina de Geografia e Ciências. Tanto os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e os currículos estaduais relatam conteúdos como relevo, solo, rochas, clima na grade curricular da Geografia. Para se trabalhar, a conscientização da geoconservação em sala de aula e necessário envolver conceitos da geomorfologia, geologia e pedologia. Por outro lado, o ensino também ocorre em outros espaços, para Brandão (1985) a educação é vista como cultura, no sentido que os sujeitos aprendem não apenas em sala de aula, mais em outros lugares, a educação é transmitida por meio das gerações e ocorre num processo de ensino aprendizagem. Atualmente, existem algumas pesquisas que relatam o processo de ensino aprendizagem envolvidos diretamente no próprio geoparque. Mansur (2010) relata um projeto denominado: Projeto Caminhos de Darwin que ocorre no Rio de Janeiro, no intuito de conscientizar a importância da preservação da geodiversidade por meio da educação. Neste projeto adotou-se a idéia de trabalhar os painéis interpretativos, ao longo de um determinado percurso os visitantes visualizam painéis e percebem o percurso de Darwin ao Rio de Janeiro. Outro projeto desenvolvido é a formação continuada de professores denominada “Educação, Ambiente e Aprendizagem Social: práticas socioeducativas para sustentabilidade e geoconservação” no âmbito de contribuir com a implantação do Geoparque Ciclo do Ouro, em Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo. Segundo a Prefeitura de Guarulhos São Paulo, o curso, desenvolvido em dezembro de 2014, teve aulas teóricas, práticas de campo e elaboração de projetos socioambientais colaborativos. Em 2009 um grupo de alunos da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) criou o Projeto Georoteiros que objetiva divulgar e incentivar a preservação dos patrimônios geológicos e monumentos naturais existentes no estado do Rio Grande do Sul. Como plataforma de divulgação, foi desenvolvido um website (www.georoteiros.com.br), contendo fotos, ilustrações e textos explicativos. A Mineropar (Serviço Geológico do Paraná) também desenvolve projetos relevantes para a divulgação das geociências por meio da educação. O projeto Geologia 28 na Escola, por exemplo, originou um conjunto de seis cadernos para-didáticos, dez pôsteres e mostruário de rochas, minerais e materiais para experimentos. A distribuição deste material iniciou em março/2007, exclusivamente nas escolas da rede publica estadual e está disponível para toda a comunidade por meio da internet no site (www.mineropar.pr.gov.br). 29 CAPÍTULO II - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para o desenvolvimento da pesquisa foram consideradas as seguintes etapas: Etapa 1. Levantamento Bibliográfico: esta etapa consistiu na revisão bibliográfica de livros, artigos publicados em periódicos e anais de congressos e sites nacionais e internacionais sobre temas relativos a geoconservação, ao patrimônio geológico, ao geoturismo. Além dos aspectos teóricos a pesquisa bibliográfica incluiu também uma discussão sobre as ferramentas que dão suporte à geoconservação: geoparques, geossítios e educação voltada a geoconservação. Em relação à bibliografia selecionada sobre o município de Paraúna foram utilizados trabalhos voltados para a área física e trabalhos relacionados aos aspectos históricos e culturais que enfatizam a importância da área estudada. Etapa 2. Caracterização física do Município de Paraúna: nessa etapa foi realizada a compilação dos mapeamentos realizados para o município, principalmente, geologia e geomorfologia. Etapa 3. Critérios para seleção dos geossítios: nessa etapa foram realizadas entrevistas e visitas a órgãos públicos (prefeitura, centro de atendimento ao turista, secretarias municipal e estadual de turismo e meio ambiente, etc.) para coleta de dados sobre patrimônios geológicos na região estudada e a formular critérios para selecionar as possíveis áreas de um geossítio. Os critérios para a seleção de um geossítio foram: importância do sítio para o estudo geológico regional; importância do sítio para a história regional; importância do sitio para compreensão da evolução geomorfológica local e regional; importância do sítio para a cultura local; potencial para desenvolvimento de atividades como o geoturismo, pesquisas científicas e educacionais. Etapa 4. Trabalho de campo: ocorreram sete trabalhos de campo, em diversos momentos da pesquisa e com diferentes objetivos. Alguns trabalhos foram realizados para reconhecimento da área estudada e checagem das unidades geológicas e geomorfológicas. Outros com o intuito de realizar visitas e entrevistas aos órgãos públicos municipais. Outros realizados para georreferenciar, identificar e inventariar as formações geológicas, compondo os geossítios. Os sítios levantados foram georreferenciados com o auxilio de receptor de sinal GPS. Em todas as etapas foram feitos registros fotográficos das áreas visitadas. 30 Etapa 5. Identificação e caracterização dos geossítios: para identificar e caracterizar cada geossítio seguiu-se as recomendações da UNESCO e da SIGEP (Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos): localização, importância e descrição. Na caracterização dos geossítios também foi adotada a metodologia proposta por Cunha e Martins (2000). Etapa 6. Elaboração de um jogo didático, com o objetivo de levar os sujeitos a internalizarem os conceitos da geodiversidade e a consciência ambiental. Etapa 7. A ultima etapa consistiu na avaliação do potencial do patrimônio geológico do município de Paraúna e a redação do relatório final da dissertação.31 CAPÍTULO III – O Município de Paraúna Paraúna surgiu no inicio do século XX em terras do município de Palmeiras de Goiás. Os primeiros habitantes construíram um rancho de palha para rezarem os terços as margens do córrego São José. Desse modo, iniciava o Povoado que recebeu o nome de "Bota Fumaça" (PARAÚNA, 2014). Em seguida alcançou a categoria de distrito com a nova denominação de "São José do Turvo". Em 1930 passou a chamar-se "Paraúna", palavra de origem Tupi, que significa Rio Preto (Para = Rio - Una = Preto). Segundo dados do IBGE (2010) a população de Paraúna é de aproximadamente 10.863 pessoas, sendo 2.876 na zona rural e 7.987 na zona urbana. Paraúna tem uma densidade demográfica de 2,87 (hab/km). A principal atividade do município é a pecuária. Segundo a SEPLAN (2015) em 2014, foram criadas 60.000 cabeças de aves, 172.000 cabeças de bois e 14.000 porcos. No município ainda existem criação de búfalos, mulas, cavalos e cabras. Paraúna tem como aspectos climáticos, duas estações bem definidas, com um verão chuvoso e inverno bastante seco. O clima do município é clima tropical semi- úmido, com temperatura média do mês frio, superior a 18º C e no mês mais quente entorno de 30º C com média anual de 22º C. O período chuvoso ocorre entre os meses de setembro a abril, coincidindo com o período de temperaturas mais elevadas e o período seco que é predominante nos meses de maio a agosto. No município encontram-se diversas serras. Ao sul, a Serra das Divisões ou Santa Marta. Ao nordeste, vertentes do Araguaia, na parte central, Serra da Portaria e das Galés e ao norte Serra da Arnica e Serra do Quebradão. A rede de drenagem é composta por diversos rios como: Desengano, Couro do Cervo, Ponte de Pedra, Preto, Verdão, Bois, Paranaíba. Ribeirão Formoso, Córrego do Macaco, Córrego Jaguanez; o Córrego da Divisa, Córrego Bernadino. Segundo o DIAGNOSTICO TURISTICO E PLANO DE AÇAO DE PARAÚNA (2008, p 08) ‘’A cobertura vegetal do município está intimamente relacionada às características climáticas e pedológicas, de umidade e de relevo, e encontra-se representada por campos, cerrados, matas e mata-galerias ’’. Neste sentido, várias áreas foram substituídas por pastagens ou campos agrícolas. 32 3.1 Caracterização do meio físico 3.1.1 Geologia De acordo com GOIÁS (2008) no município de Paraúna ocorrem rochas datadas desde o Neoproterozóico. No entanto, destaca-se a ocorrência da Bacia Sedimentar do Paraná, em cujas litologias foram esculpidas as formas de relevo do município. A Bacia do Paraná é uma extensa estrutura intracratônica desenvolvida sobre crosta continental e tem cerca de 1.400.000 km² e abrange partes do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Seu desenvolvimento é atribuído à fragmentação do Gondwana e o início da sedimentação data do Ordoviciano e término no Cretáceo inferior (SANTOS et al., 1984; SCHNEIDER et al., 1974). O registro geológico da bacia em Goiás é representado pela Formação Piranhas e pelos grupos Rio Ivaí, Paraná, Itararé (Formação Aquidauana, Furnas), São Bento (Formação Botucatu e Serra Geral) e Bauru. Conforme a figura 05 no município de Paraúna, dominam rochas da Unidade Ortognaisse do Oeste de Goiás, Formação Aquidauana, Formação Serra Geral, Formação Vale do Rio do Peixe e Coberturas Detriticas Indiferenciadas. Ocorrem em menor expressão rochas da Formação Furnas, Formação Cachoeirinha, Formação Botucatu, Formação Santo Antônio da Barra, Seqüência Metavulcanossedimentar Anicuns-Itaberaí e Depósitos Aluvionares. 33 Figura 05: Mapa de geologia do município de Paraúna/Goiás Autor: Bruno Martins Ferreira 34 Seqüência Metavulcanossedimentar Anicus-Itaberaí Esta unidade tem como idade o neoproterozoico. Em Goiás, ocorre próximo a Aurilandia seguindo para nordeste ate as proximidades de Mossâmedes, onde inflete para o sul ate Edealina. Os litotipos incluem rochas de origem vulcânica, química e sedimentar (GOIÁS, 2008). No município ocorre em uma pequena faixa na parte norte. Unidade Ortognaisse do Oeste de Goiás A unidade ortognaisse do oeste de Goiás foi datada no período neoproterozoico (Goiás, 2008). Tais gnaisses têm ocorrência a partir da região sul do estado (leste de Itumbiara) até a região norte (Porangatu, Novo Planalto, São Miguel do Araguaia) com expressivo segmento disposto segundo E-W na região central (Anicuns-Sancrerlandia- Bom Jardim de Goiás) perpassando mais de 500 km de extensão. Esta unidade é formada por ortognaisses tonaliticos e granodioriticos bandados, cinza e róseos, médios e grossos (GOIÁS, 2008). Esta unidade distribui-se nas porções norte e sudeste do município. Formação Furnas A Formação Furnas tem idade no final do período ordovício-siluriano. Ocorre na região sudoeste do estado de Goiás, na borda nordeste da bacia do Paraná e tem como litotipos, arenitos esbranquiçados e róseos, feldspáticos ou caoliníticos, imaturos, mal classificados, médios a grossos, micáceos e delgados níveis conglomeráticos, sobretudo na porção basal. O ambiente deposicional é fluvial entrelaçado de alta energia (GOIÁS, 2008). Esta formação ocorre na porção norte do município. Formação Aquidauana A Formação Aquidauana tem idade permo-carbonifera. Segundo Goiás (2008) a Formação Aquidauana ocorre na região sudoeste do estado, em faixa com mais de 300 Km de comprimento segundo E-W e 65 km de largura, que se estende desde as proximidades de Paraúna até o estado do Mato Grosso. Esta unidade é composta por conglomerados com sexos de quartzo e arenito,. A maioria das demais rochas são vermelho-arroxeadas e compreendem arenitos médios a grossos, friáveis, às vezes 35 feldspáticos e com estratificação cruzada acanalada, níveis silicificados e locais arenitos brancos grossos a conglomeráticos (diamictitos), seguidos de siltitos e argilitos finamente estratificados e folhelhos vermelhos a cinza esverdeados. Comum a presença de ritmos formados por finos níveis de argilito, siltito arenito fino (Goiás, 2008) Esta unidade ocupa a região noroeste do município e é a unidade mais representativa em termos areais. Formação Botucatu A Formação Botucatu, tem como idade o período Jurássico. Segundo Goiás (2008) ocorre no sudeste do estado, ao longo da faixa NE que se estende de Serranópolis até Santa Rita do Araguaia e em área restrita a norte de Jataí. Tem como litotipos, arenitos vermelhos, finos e médios, por vezes silicificados, de grãos bimodais e bem classificados. Podem ocorrer na base, arenitos argilosos, mal selecionados e camadas de arenito grosso e conglomerático. Em Paraúna ocorre em uma pequena porção da região nordeste. Formação Serra Geral Esta unidade é datada do cretáceo inferior. No estado de Goiás estende-se de Itumbiara até próximo de Paraúna. Ocorre também em faixas lineares nos leitos dos rios Claro, Corrente, Aporé e Verde. Têm como litotipos basaltos tholeiíticos, com vulcânicas riolíticas e riodacíticas subordinadas; os basaltos sustentam relevo plano, são maciços, cinza-escuros, finos, homogêneos, por vezes amigdalóides e com disjunções colunares (GOIÁS, 2008). Em Paraúna ocorre na porção centro-sul do município. Formação Vale do Rio do Peixe A formação Vale do Rio do Peixe foi datada no cretáceo superior. Em Goiás, ocupa áreas nas regiões sul e sudoeste do estado, abrangendo o Parque Nacional das Emas e os municípios de Rio Verde, Itarumã, Cachoeira Alta, Serranópolis, Caçu e Quirinópolis. Segundo Goiás (2008) essa unidade é composta por arenitos cinza-claros, bege ou róseos, maciços, finos a muito finos, às vezes médios, em geral malselecionados e com estratificação plano-paralela e cruzada subordinada. De acordo com as características litológicas e sedimentares o ambiente de sedimentação é fluvio- lacustre. No município ocupa parte da região sudeste. 36 Formação Santo Antonio da Barra Esta formação foi datada do cretáceo. Têm como litotipos, lavas kamafugiticas e leuciticas com raras intercalações de piroclásticas. Em Goiás, situa-se a noroeste de Santo Antônio da Barra, estende-se por cerca de 270 km em platôs. (GOIÁS, 2008). Ocorre na porção leste do município. Formação Cachoeirinha A unidade formação Cachoeirinha, foi datada dos períodos do Cretáceo em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Esta formação é composta de conglomerados com clastos subarredondados a arredondados de quartzo, arenito e silexito em matriz argilosa, bem como sedimentos areno-argilosos vermelhos, lamitos com grânulos angulosos, argilitos cinza com estratificação incipiente e arenitos mal classificados. Sua origem está relacionada à depositos de massas gravitacionais e retalhamento de antigos depósitos fluviais, evidenciada pela presença de seixos arredondados (Goiás, 2008). A Formação Cachoeirinha ocorre em pequenas porções na região noroeste do município. Coberturas destrito-lateristicas ferruginosas. A unidade envolve superfícies de aplainamento desenvolvidas sobre rochas de todas as unidades litoestratigráficas e, atualmente, está sobre efeito de dissecação marginal por erosão. Têm como litotipos, sedimentos aluviais ou coluviais constituídos por conglomerados oligomíticos com seixos de quartzito e lateritos autóctones com carapaças ferruginosas (GOIÁS, 2008). No município encontra-se na parte sul. Unidade Coberturas Detriticas Indiferenciadas Essa unidade é datada no Pleistoceno. Reúne as coberturas residuais ou transportadas que sustentam terraços, resultam do retratalhamento de sedimentos arenosos. Consistem em areias, siltes, argilas e eventuais cascalheiros cimenados por oxi-hidroxidos de ferro. Ocorrem no sudoeste de Goiás e no entorno de Brasília (GOIÁS, 2008). No município, encontra-se na parte leste. Depósitos Aluvionares 37 No município de Paraúna os depósitos aluvionares associam-se a rede de drenagem: Ribeirão Formoso, Córrego do Macaco, Córrego Jaguanez; o Córrego da Divisa, Córrego Bernadino. Tem como litotipos, sedimentos de calha e de planície de inundação, compostas por areias finas e grossas, cascalhos e lentes de material silto- argiloso e turfa. 3.1.2 Geomorfologia O mapeamento geomorfológico do Estado de Goiás (GOIAS, 2006) classifica o relevo do município de Paraúna como associado a estruturas em estrados horizontais e sub-horizontais. De acordo com GOIAS (2006) as rochas da Bacia do Paraná sofreram processos de aplainamento regional, sendo as unidades dominantes as Superfícies Regionais de Aplainamento associadas a Relevos Tabulares (RT). Estes são gerados em rochas sedimentares e representados por chapadões com dissecação fraca a média e grandes interflúvios e responsáveis por um relevo relativamente monótono. Estes relevos também estão relacionados aos derrames basálticos da Formação Serra Geral, associados às estruturas sub-horizontais da Bacia do Paraná. Casseti (1994) descreve a geomorfologia de Paraúna, exemplificando e caracterizando os relevos. A figura 06 retrata a morfologia tabular, considerando as chapadas e estruturas ruiniformes que se encontram no município de Paraúna. Figura 06: Exemplo de morfologia tabuliforme atual. Fonte: Casseti (1994). 38 Casseti (1994 p 71) descreve que próximo a sede do município ocorrem: mesas e formas residuais caracterizando a morfologia cuestiforme, permitindo que o sistema hidrográfico exumou a estrutura cristalina, em direção a oeste o domínio sedimentar responde pela gênese de extensas chapadas, com baixo grau de entalhamento dos talvegues Na figura 7, constata-se na parte central, a chapada de pediplano, coincidindo com o topo de interlúvios da estrutura cristalina. Na direção sudoeste, há um caimento suave. Tal estrutura cristalina e de aproximadamente 900 metros. Figura 07. Domínio de relevo tabuliforme no município de Paraúna. Fonte: Casseti (1994) Casseti (1994 p 72) ao relatar sobre as chapadas de modo geral, afirma que ”são caracterizadas por topos horizontalizados, resultantes de aplainamentos, onde se observam bancadas ferruginosas, que inclusive proporcionam resistência ao recuo das vertentes, ou associadas à própria disposição da estrutura sedimentar”. Já na figura 8 Casseti (1994), aborda a relação morfológica com a estrutura concordante sub- horizontal em Parauna: 39 Figura 08. Relação morfológica com a estrutura concordante sub-horizontal no municipio de Paraúna. Fonte Casseti (1994) De acordo com Casseti (1994 p 73) a Serra da Portaria, representada por seqüência silto-arenitica em estrutura concordante horizontal, exemplifica a gênese de patamares, ou escadarias resultantes de erosão diferencial. ’’ Figura 09. O efeito da erosão diferencial nos patamares da Serra da Portaria (Paraúna). Fonte: Casseti (1994). 40 Na Serra da Portaria figura 10, ocorre a presença de dique de diabásio de considerável extensão, em arenitos do grupo Aquidauana, e cuja saliência topográfica resulta na conhecida muralha’’ (Casseti, 1994 p 74). Figura 10: Esquema da muralha, originada por erosão diferencial (municipio de Paraúna). Fonte: Casseti (1994). 41 CAPÍTULO IV - RESULTADOS Ao longo da pesquisa, foram inventariados, onze geossitios, os quais foram classificados como: geomorfológicos, geológicos e geomorfológicos/geológicos (Quadro 1). Os geossitios são importantes espaços para a preservação da Geodiversidade. A figura 11 apresenta a localização dos geossitos no município. Quadro 01. Geossitios do município de Paraúna Geossítio Localização Classificação Unidade geológica Serra da Arnica S 16°58 84 W 50°42 53 Geomorfológico Formação Aquidauana Serra da Portaria S 16° 58 09 W 50° 45 10 Geomorfológico Formação Aquidauana Muralha de Ferro S 16°57 97 W 50°43 31 Geológico Formação Serra Geral Ponte de Pedra S 17° 10 36 W 50° 50 08 Geológico Formação Vale do Rio do Peixe Serra das Galés S 16° 59 32 W 50° 37 36 Geomorfológico/ Geológico Formação Aquidauana Formosinho S 16° 59 27 W 050°34 49 Geológico Formação Aquidauana Cachoeira Corrego dos macacos S16° 58 153 W 50°42 47 Geológico Formação Aquidauana Cachoeira do Cervo S16° 52 39 W 50° 53 20 Geológico Formação Aquidauana Cachoeira do Desengano S16° 54 59 W 50° 46 17 Geológico Formação Aquidauana Cachoeira dos Sonhos S 16° 57 00 W 50° 48 14 Geológico Formação Aquidauana Cristo Paredão S 16° 57 03 W 50° 26 49 Geológico Formação Botucatu Fonte: Trabalho de campo 2014, Bruno Martins Ferreira. 42 Figura11. Mapa de localização dos Geossitios. Autor: Bruno Martins Ferreira 43 Figura 12. Localização dos geossitios nas respectivas unidades geológicas Autor: Bruno Martins Ferreira 44 Em relação geologia, segundo a figura (12) os geossitios estão situados em três unidades geológicas, Grupo Itararé – Formação Aquidauana, Grupo São Bento, Formação Botucatu e Grupo Bauru – Formação Vale do Rio do Peixe. Para classificar os geossitios, adotou-se também a metodologia de Cunha e Martins (2000) que abordamquatro elementos para classificação; valor cientifico, estético, econômico e cultural. O valor cientifico pode ser avaliado com base na sua raridade naturalística. O valor estético depende da sua especificidade e dos aspectos estéticos de uma paisagem. O valor econômico deve ser avaliado em função do seu potencial uso, tendo em conta diversas atividades que possam ter impacto econômico, tais como relacionado ao turismo. O valor cultural refere-se às tradições populares relacionadas com esse objeto natural. O quadro (02) apresenta a classificação dos geossitios, segundo os valores científicos, estéticos, econômico e cultural. Quadro 02. Classificação dos Geossitios no município de Paraúna Geossítio Descrição Valor Cientifico Valor Estético Valor Econômico Valor Cultural 01 Serra da Arnica X X X X 02 Serra da Portaria X X X X 03 Muralha de Ferro X X X X 04 Ponte de Pedra X X X 05 Serra das Galés X X X X 06 Formosinho X X X 07 Cachoeira Córrego dos Macacos X X X 08 Cachoeira do Cervo X X X 45 09 Cachoeira do Desengano X X X 10 Cachoeira dos Sonhos X X X 11 Cristo Paredão X X X X Fonte: Trabalho de campo 2014, Bruno Martins Ferreira. Todos os geossistios possuem valor cientifico pelo fato de ter certa raridade naturalista, valor econômico; são pontos turísticos já utilizados pela população, valor estético; possuem especificidades caracterizando a beleza individual de cada geossitio. Em relação ao valor cultural, apenas a Serra da Arnica, Serra da Portaria, Serra das Galés e o Cristo Paredão foram atribuídos valores, pois, esses espaços são utilizados pela população para algum tipo de ação cultural ou religiosa. Neste sentido, serão identificados os geossitios e atribuídos os valores estéticos e culturais dos mesmos. 4.1 . Descrição dos Geossítios 4.1.1 Cristo Paredão Localizado na área urbana do município, classificado como geossitio geológico pertencente à Formação Botucatu. Constitui um relevo uniforme (figura 13), considerado um importante ponto turístico e situa-se em uma região de fácil acesso, recebendo visitas periodicamente Com altura de aproximadamente 100 metros, destacando seu valor estético, esse paredão é relevante na beleza da cidade, em suas mediações encontra-se a prefeitura, o fórum e os principais prédios administrativos da cidade, alem de ser considerado um dos cartões postais da cidade. Possui valor cultural, pelo fato de serem realizadas manifestações religiosas pela população na capela localizada na parte superior do relevo. Segundo relato de moradores a capela foi construída em 1950, devido a uma graça recebida pela Sra. Otavila de Souza Melo. Nessa capela acontecem tradicionalmente as missas das novenas de Nossa Senhora da Guia. A estátua (figura 14) foi construída após alguns anos, no intuito de ficar de braços abertos abençoando a cidade e quem nela se encontra. 46 Figura 13. Relevo rioniforme no Cristo Paredão Autor: Bruno Martins Ferreira Figura 14. Estátua do Cristo Paredão Autor: Bruno Martins Ferreira 47 4.1.2 Ponte de Pedra Localizada aproximadamente 60 Km da cidade, e classificada como geossito geológico. As rochas pertencem a Formação Vale do Rio do Peixe. Têm como valor estético por ser, um local com grande biodiversidade, o rio, corre em meio a grandes rochedos e muita vegetação, desaguando numa passagem retangular, em queda livre, formando uma pequena cachoeira na entrada da caverna sobre o relevo. Utilizado pela população para lazer, é de fácil acesso e possuí infra-estrutura. Segundo o Inventário Turístico de Paraúna (2007) as rochas são calcarias podendo alcançar 100 metros de extensão. No entanto, na descrição da Formação Vale do Rio do Peixe em Goiás (2008) as rochas são classificadas como arenitos cinza-claros, bege ou róseos, maciços, finos a muito finos, às vezes médios, em geral mal selecionados e com estratificação plano- paralela e cruzada subordinada. Possivelmente esses arenitos tem matriz calcárea o que justifica a formação da caverna e gruta (figuras 15, 16 e 17). Figura 15. Ponte de Pedra I Autor: Bruno Martins Ferreira 48 Figura16. Entrada da gruta na Ponte de Pedra I Autor: Bruno Martins Ferreira Figura 17. Dentro da gruta na Ponte de Pedra I Autor: Bruno Martins Ferreira 49 4.1.3 Serra da Arnica A Serra da Arnica situa-se aproximadamente 28 km da zona urbana do município. Segundo a classificação adotada é considerada um geossitio geomorfológico. Tem esse nome, pelo fato da ocorrência de Arnica, planta natural da região que tem excelentes propriedades medicinais, muito usadas pelos moradores locais e levada pelos turistas (figura 18). O valor estético é atribuído no âmbito, de possuir paredões e uma grande fortaleza em ruínas. As formações rochosas, pertencentes à Formação Aquidauana, apresentam formas zoomórficas. Em relação ao valor cultural, a população utiliza o espaço para se automedicar com as plantas. Tais medicações foram transmitidas ao longo dos anos por moradores da região daí a relevância em considerar um aspecto cultural. Outro fator encontrado é o misticismo, a população acredita que na área, exista uma antiga fortaleza em ruínas construída por civilizações antigas. Figura 18. Serra da Arnica Autor: Bruno Martins Ferreira 50 4.1.4 Balneário Formosinho O Balneário Formosinho (figura 19), localiza-se aproximadamente 18 Km da cidade às margens do córrego Formosinho. Classificado como geossitio geológico. É um local utilizado pelos moradores do município para lazer aos finais de semana, a área verde é também utilizada para campimg. O rio Formosinho possui águas cristalinas, destacando o valor estético desse espaço. Um local de fácil acesso, com estradas que interligam a cidade, possui infra-estrutura, espaço destinado a estacionamento para carros e totalmente preservado. As figuras (20 e 21) sinalizam o amplo espaço para o lazer e diversão dos visitantes. Figura 19. Área de maiorr utilização para banho no Balneario Formosinho Autor: Bruno Martins Ferreira Figura 20. Vista panoramica do Balneario Formosinho Autor: Bruno Martins Ferreira Figura 21. Vista panoramica do Balneario Formosinho 51 Autor: Bruno Martins Ferreira 4.1.5 Cachoeira do Corrego dos Macacos Localizada aproximadamente 23 Km da cidade, próxima ao balneário do Formosinho classificada como geossitio geologico. Utilizada por moradores para banho, porém, em determinadas epocas do ano, esta seca (figuras 22 e 23). Apresenta, na estrutura arenitos, tambem faz parte da Formação Aquidauana. Local de fácil acesso, com infra estrutura suficiente para ultilização dos visitantes, porém, frequentada apenas em um periodo do ano, devido a escassez de agua. Figura 22. Cachoeira Corrego dos Macacos em tempo de seca. Autor: Bruno Martins Ferreira Figura 23. Margens da Cachoeira Corrego dos Macacos em tempo de seca. 52 Autor: Bruno Martins Ferreira 4.1.6 Cachoeira do Cervo A Cachoeira do Cervo (figura 24) localiza-se 64 km da cidade, classificada como geossitio geológico. Utilizada pela população para lazer, porem, esta em uma área sem infra estrutura, ecom difícil acesso. E formada pelo rio Couro do Cervo, com quedas d água de aproximadamente 12 metros e 25 metros de largura, caracterizando o valor estético. Populares, questionam a falta de infra-estrutura, o que inviabiliza a área ser mais utilizada pela população e turistas. Figura 24. Cachoeira do Cervo. Autor: Bruno Martins Ferreira. 53 4.1.7 Cachoeira do Sonho A cachoeira (figura 25) está localizada a 53 km da cidade, classificada como geossitio geológico. É formada pelas águas do Rio Desengano, águas cristalinas, que levam a atribuição ao valor estético do geossitio. Segundo o Inventário Turístico de Paraúna (2007) o local possui uma seqüência de três quedas d’água. A cachoeira ocorre em rochas da Formação Aquidauana. Utilizada para lazer da população, outro ponto questionado pelos moradores pela falta de estrutura e difícil acesso aos turistas. Figura 25. Cachoeira do Sonho. Autor: Bruno Martins Ferreira 4.1.8 Cachoeira do Desengano A Cachoeira do Desengano (figura 26) está localizada 46 km da cidade, classificada como geossitio geológico. É utilizada pela população para lazer, uma area tambem de dificil acesso, e sem infra extrutura, podendo ser utlizada para banho e trilhas nas margens. Possui águas cristalinas, formada pelo Rio Desengano sobre arenitos da Formação Aquidauana. Segundo o Iventário Tustistico de Parauna (2007) é um pequeno cânion com escorregadores naturais de pedra. Os escorregadores naturais de pedras destacam-se nesse geossitio, caracterizando o valor estético. 54 Figura 26. Cachoeira do Desengano Autor: Bruno Martins Ferreira. 4.1.9 Serra da Portaria. A Serra da Portaria (figuras 27 e 28) localiza-se a 38 km da cidade, tem aproximadamente 5 km de extensão, classificado como geossitio geomorfológico. O acesso à serra é fácil e as estradas estão bem conservadas. Parte da Serra da Portaria localiza-se em área e a privada, fazendo parte das terras da Fazenda São Domingos, com acesso livre ao público. A Serra da Portaria está esculpida em rochas da Formação Aquidauana. Segundo o Guia Turístico de Paraúna (2013), possui esse nome devido às escarpas existentes possuir vestígios de portais lacrados. Tais escarpas levam esse geossitio a um valor estético deslumbrante. Em relação a estrutura da Serra, compõe uma feição do relevo tabular, Para Casseti (1994 p 73) a Serra da Portaria, representada por seqüência silto-arenitica em estrutura concordante horizontal, exemplifica a gênese de patamares, ou escadarias resultantes de erosão diferencial.’’ Há também grutas e cavernas formadas entre as rochas, presentes em diversas partes da serra que, os moradores da região interpretam como túneis. Foram catalogadas oito cavernas em diversas áreas da serra. Segundo o Inventario Turístico do município é considerado um lugar místico pela população local, em função disso a Serra da Portaria foi classificada também como um geossítios cultural. De acordo com alguns moradores essa região recebe a visita de óvnis. Na Serra da Portaria foi instalado o Instituto Serra da Portaria. 55 Esse instituto consituiu centro é de referência em estudo, pesquisa, e treinamento nas abordagens integrais de terapia. (INSTITUTO SERRA DA PORTARIA 2016) Figura 27. Serra da Portaria Autor: Bruno Martins Ferreira Figura 28. Serra da Portaria Autor: Bruno Martins Ferreira 4.1.10 Muralha de Ferro Localiza-se 34 km aproximadamente da cidade, classificada como geossitio geológico. É uma área com imenso paredão em pedras, apresenta ser uma escadaria de pedras, lapidadas e cortadas organizadamente (figura 29). A escadaria é um elemento relevante na atribuição do valor estético. Segundo o Guia Turístico de Paraúna (2013), 56 ‘’são rochas basálticas negras, um tipo de rocha vulcânica resistente, conhecida também como pedra-ferro (magnetita) com 1 metro de largura, e em determinados lugares chegando ate 2 metros de altura. ‘’ Para Casseti ( 1990, p 74) “ ocorre a presença de dique de diabasio, de considerável extensão, cuja saliência topográfica resultante caracteriza a popularmente ``muralha´´, decorre de erosão diferencial´´. Neste sentido, explica o nome Muralha de Ferro, que está relacionada a Serra da Portaria, sendo diques que cortam o arenito, daí a idéia dos portais. Figura 29. Muralha de Ferro. Autor: Bruno Martins Ferreira 4.1.11 Serra das Galés A Serra das Galés (figura 30) localiza-se 28 km da cidade, nesta área destaca- se a presença de geossitios gomorfológicos/geológicos. Para Figueiredo & Olivatti, (1974) é evidente nos monumentos da Serra das Galés a presença de argilitos, silititos e arenitos finos. Os monumentos, que são rochas esculpidas por ações intempéricas ao longo dos anos, demonstram diversas formas caracterizando um valor estético. 57 Apresenta um valor cultural, pelo fato da população da região ter uma determinada crença religiosa e utilizar aquele espaço para manifestações. Figura 30. Vista panorâmica da Serra das Galés. Autor: Bruno Martins Ferreira Segundo o Diagnostico Turístico de Paraúna (2007) a serra das Galés, possui uma área total de 271 ha, formada por um conjunto de blocos de arenito que formam monumentos denominados de Cálice, a Tartaruga, a Índia, os Três Reis Magos, a Lagartixa, a Bigorna, e o Cérebro de Pedra e outros. Para Goiás (2008) esses monumentos são formados por erosão diferencial, em diversos níveis, permitindo a formação de morros-testemunhos que lembram objetos. Os nomes dessas geoformas foram atribuídos por moradores da região e fazem parte da cultura local. As geoformas, Lagartixa (figura 31) e Cérebro (figura 32) são similares principalmente por terem formas cilíndricas esculpidas pelo intemperismo. O processo erosivo ocorreu de forma semelhante de uma determinada parte do topo á base. Porém, no topo, o intemperismo foi mais intenso ocasionando a presença de menores e mais finas estruturas areníticas. Figura 31. Geoforma denominada Lagartixa esculpida em rochas areníticas 58 Autor: Bruno Martins Ferreira Figura 32. Geoforma denominada Cérebro esculpida em rochas arenítica Autor: Bruno Martins Ferreira 59 Nas geoformas Os três Reis Magos (figura 33) e a Índia (figura 34) destacam- se feições pontiagudas presentes nos topos dos paredões de arenito, decorre basicamente, de processos erosivos combinados com a dissolução e remoção dos grãos que retiram as partes frágeis e deixam ressaltar as mais resistentes da rocha. Tais feições permitem que a forma lembre as características de uma Índia observando o horizonte e os Três Reis Magos a caminho de Cristo na noite do seu nascimento. Figura 33. Geoforma Os Três Reis esculpida em rochas areníticas Autor: Bruno Martins Ferreira. 60 Figura 34. Geoforma denominada Índia esculpida em rochas areniticas Autor: Bruno Martins Ferreira Já a geoforma denominada Cálice (figuras 35 e 36) é a mais procurada pelos visitantes e turistas, segundo os guias turísticos. É uma coluna de arenito com o topo alargado e base estreita, resultante da erosão diferencial que tem como principal agente erosivo o escoamento das águas pluviais responsável pela remoção dos grãos antecedida por dissolução dos minerais solúveis. Geralmente, fraturas condicionam o isolamento dessas feições. Como as demais geoformas, o nome foi dado por populares da cidade, sendo nítida a semelhança com um cálice. Figura 35. Geoformadenominada Cálice esculpida em rochas areníticas 61 Autor: Bruno Martins Ferreira. Figura 36: Geoforma o Cálice por outro ângulo. 62 Autor: Bruno Martins Ferreira. A geoforma Tartaruga (figura 37), esculpida pela ação intempérica no arenito, também desperta a curiosidade dos visitantes. Com o formato angular na área superior, assemelha-se com o casco, as pequenas elevações lembram a cabeça e o rabo da tartaruga. Populares acreditam que a tartaruga está adormecida e que foi petrificada a milhões de anos, podendo em algum dia voltar à vida. Figura 37. Geoforma denominada Tartaruga esculpida em arenitos Autor: Bruno Martins Ferreira As geoformas existentes na Serra das Galés não são únicas geologicamente e geomorfologicamente. Em Vila Velha no Paraná, existem algumas geoformas que se assemelham com as de Paraúna, principalmente, por fazerem parte da mesma unidade geológica o grupo Itararé, formação Aquidauana da Bacia do Paraná, e serem esculpidos em rochas areníticas simbolizando também alguns objetos, animais e outros (LETENSKI, GUIMARÃES, PIEKARZ, MELO, 2009). Porém, culturalmente, cada região possui seus aspectos em crença, levando os moradores a diferentes concepções das formas. Cada geoforma pode ser interpretada segundo o olhar do sujeito, um cálice para um, pode, ser um animal para outro. Os nomes de cada geoforma apresentada, já foram estabelecidos por moradores da região de Paraúna fazendo parte das atividades cotidianas deles. 63 4.2 Parque Estadual de Paraúna O Parque Estadual de Paraúna (PEPa) foi criado pelo decreto de lei Nº 5.568, DE 18 DE MARÇO DE 2002. Localiza-se entre as coordenadas 16º 56’ a 17º 02’ de latitude sul e 50º 36’ a 50º 42’ a W. Gr. (SEMARH, 2014) (Figura 38 ). Segundo a lei, o PEPa possui uma área aproximada de 3.250 hectares onde estão localizadas as Serras das Galés e da Portaria, em altitudes que variam de 690 a 890 metros. Porém, em atividade de campo no ponto georeferenciado, constatou-se que a Serra da Portaria não está totalmente dentro dos limites do parque, apenas parte dela. Figura 38. Mapa de localização do Parque Estadual de Paraúna Autor: Bruno Martins Ferreira De acordo com SEMARH (2014) o PEPa foi criado com o objetivo de preservar dois monumentos geológicos encontrados na região: a Serra das Galés, no setor leste do Parque, e a Serra da Portaria, no setor oeste (figura 39). Os monumentos, descritos anteriormente, fazem parte da história da população da região, além de constituírem forte atrativo turístico. 64 Figura 39. Limite do Parque Estadual de Paraúna. Fonte: SEMARH. Lacerda, Santos e Gomes (2011) afirmam que na Serra das Galés e da Portaria, os morros e superfícies tabulares ocorrem em cotas acima de 720 metros e geralmente são bem delimitados por vertentes escarpadas. São relevos estruturais, caracterizados por morros com topos planos e patamares, bem como relevos ruiniformes, que constituem os principais pontos turísticos da área. Segundo a Secretaria Municipal de Turismo de Paraúna, em relação a hidrográfica o PEPa está representado pelos cursos d`água das bacias do Ribeirão Formoso e do Córrego do Macaco. Três dos quatro limites principais do Parque de Paraúna são cursos d`água: ao norte, o córrego Jaguanez; a leste, o córrego Jaguatirica; e ao sul, o córrego da Divisa, com o tributário de montante Córrego Bernadino. Já em relação á vegetação natural, todo o município é constituído pelo bioma Cerrado. Nas áreas do Parque Estadual de Paraúna, destaca-se, nos interflúvios, o cerrado típico ou pastagem; nos morros residuais vegetação de Cerrado strictu sensu; e margeando os córregos a vegetação típica das veredas, tendo o aspecto de campo limpo cuja floresta-de-galeria é constituída especialmente de Buritis. 65 4.2.1 Parque Estadual de Paraúna: geossítios Serra das Galés e Serra da Portaria e a Educação Um dos elementos que leva os sujeitos a geoconservação é a educação. Por meio da educação a população internaliza ações de conservação ambiental e a importância dos aspectos naturais no sistema Terra. Os materiais didáticos são ferramentas fundamentais para os processos de ensino e aprendizagem, e o jogo didático caracteriza-se como uma importante e viável alternativa para auxiliar em tais processos por favorecer a construção do conhecimento aos sujeitos. Segundo Lopes (1999 p 35), “o jogo para a criança é o exercício, é a preparação para a vida adulta. A criança aprende brincando, é o exercício que faz desenvolver suas potencialidades”. O jogo leva a criança a indagar, desenvolvendo as potencialidades que muitas vezes estão ocultas. Proporciona à construção no seu imaginário, de representações da realidade, de lugares e diferentes espaços. Para Kishimoto ( 2001 p 18): Admite-se que o brinquedo represente certas realidades. Uma representação é algo presente no lugar de algo. Representar é corresponder a alguma coisa e permitir sua evocação, mesmo em sua ausência. O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: tudo o que existe no cotidiano, a natureza e as construções humanas. Pode-se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar à criança um substituto dos objetos reais para manipulá-los. Lopes (1999) alerta que a criança tem certa desorganização espacial, em diversos momentos ela não tem calculo de distancia e posicionamento de objetos no espaço, não conhecendo os verdadeiros lugares das coisas. Os jogos são instrumentos que propiciam o reconhecimento dos objetos e lugares no espaço. Por meio do jogo didático, que tem o objetivo de proporcionar aprendizagens, pelo fato, de conter aspecto lúdico, tem o foco também, de melhorar o desempenho de estudantes em alguns conteúdos de difícil aprendizagem (Gomes, Friedrich et al, 2001). Miranda (2001, p 64) afirma: 66 ... mediante o jogo didático, vários objetivos podem ser atingidos, relacionados à cognição (desenvolvimento da inteligência e da personalidade, fundamentais para a construção de conhecimentos); afeição (desenvolvimento da sensibilidade e da estima e atuação no sentido de estreitar laços de amizade e afetividade); socialização (simulação de vida em grupo); motivação (envolvimento da ação, do desfio e mobilização da curiosidade) e criatividade. Neste sentido, propomos a criação do jogo Desbravando o Parque Estadual de Paraúna (figura 40). Com o objetivo geral de levar os sujeitos a conscientização da conservação do meio físico natural no Parque Estadual de Paraúna . Como proposta a aplicação do jogo para crianças do ensino fundamental de 08 a 12 anos. Tendo como objetivos específicos: mediar a internalização em relação aos conteúdos e conceitos da geodiversidade; levar a população a compreender a importância da conservação do Parque Estadual de Paraúna; propor novas metodologias de ensino e aprendizagem; propiciar aos sujeitos à relevância do conhecimento das ciências da Terra a humanidade e divulgar as ciências da Terra. O jogo constitui-se num tabuleiro com informações referentes ao Parque Estadual de Paraúna, uma seqüência de cartas curiosidades com informações do parque e da temática de geodiversidade, dados e “pinos”. As regras são: Poderão jogar um grupo de no máximo quatro pessoas, e os jogadores deverão percorrer a trilha presente no tabuleiro A cada casa sinalizada o jogador deverá cumprir um tipo de ação, se parar em uma determinada casa terá também penalidades. Quando o jogador cair na casa com o ponto de interrogação devera pegar uma das cartas que está no monte e ler
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