Buscar

GESTÃO SUSTENTÁVEL AULAS JUNTAS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

AULA 1: ASPECTOS GERAIS DO MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE
Tema 01: Aspectos históricos da relação homem e o meio ambiente
Há, basicamente, três teorias sobre a origem da vida no planeta Terra (Figura 02). A primeira diz respeito à teoria criacionista, que atribui a criação das espécies existentes no planeta a um Criador Divino (a exemplo de Adão, que foi criado a partir do barro, e Eva, criada a partir de uma costela de Adão). A segunda teoria, chamada de panspermia, diz que o planeta foi colonizado a partir de microrganismos trazidos por meteoros vindos do espaço sideral. A terceira teoria, e mais aceita pela comunidade científica atual, é chamada de evolucionista, e diz que as primeiras formas de vida teriam surgido há aproximadamente 3,5 bilhões de anos, quando o planeta proporcionou condições ideias para o surgimento da vida como a conhecemos, após o grande evento do Big Bang (a grande explosão do universo). Vale ressaltar que trabalharemos a partir da perspectiva da última abordagem.
Figura 02: Teorias sobre a origem da vida
Na primeira figura (superior esquerda), a pintura de Michellangelo “Criação Divina” (1511), simbolizando a criação do Homem a partir de um Criador - criacionismo. Na segunda figura (superior direita), a colonização do planeta a partir de microorganismos vindos de meteoros - panspermia. Na terceira figura (inferior), a teoria do Big Bang, onde o planeta surgiu a partir de uma grande explosão, e posteriormente, o surgimento da vida na forma de bactérias - teoria evolutiva.
Há aproximadamente 4 milhões de anos, acredita-se que tivessem surgido os primeiros hominídeos (Figura 03). O ser humano, na sua forma atual, apresenta-se como o produto de um longo processo evolutivo. Supõe-se, por achados arqueológicos, que os primeiros hominídeos teriam habitado a África. Mas, foi somente a espécie Homo sapiens que conseguiu atingir a capacidade cerebral de cognição e raciocínio lógico como conhecemos hoje (CURI, 2011).
Figura 03: Linha do tempo da evolução humana até os dias atuais.
Nota-se, na figura, que muitas espécies se desenvolveram quase ao mesmo tempo. O grande salto evolutivo do Homem pré-histórico em relação a sua estratégia de sobrevivência veio quando ele passou de um ser nômade (indivíduo migratório sem habitação fixa) quase individualista – coletor-caçador -, e passou a ser gregário (que vive em grupos e em lugar fixo). Basicamente, o que proporcionou essa mudança foi o domínio que o ser humano passou a ter sobre o fogo e as plantas (agricultura) e a fabricação de utensílios, aproximadamente 7.000 anos a.C. No entanto, a migração continuava a acontecer devido, principalmente, à perda da fertilidade da terra, o que os obrigava a migrar para outro local.
Embora esse impacto existisse, sua escala era quase irrelevante, pois a natureza era capaz de se recompor em tempo suficiente. Porém, a postura de sobrevivente às intempéries da época se modificou. Agora, o homem passou a ser um predador.
Após longos períodos evolutivos, passando pela Idade Média (1000 anos d.C.), pelo período Renascentista – séculos XV e XVI – e pela Revolução Científica do século XVII, chegamos à segunda metade do século XVIII, época que foi marcada por um evento fundamental relacionado aos impactos que o ser humano pode causar no meio ambiente: a Revolução Industrial.
Logicamente, a ideia aqui não é nos aprofundarmos nos aspectos históricos da Revolução Industrial, mas, sim, entender que ela foi um marco histórico no processo de superexploração dos recursos naturais (gerando impactos ambientais consideráveis, como poluição e desmatamento), visando ao bem- -estar social. Vale destacar que a sociedade também sofreu as consequências devastadoras da Revolução, devido à exploração da mão de obra em regimes de trabalho semiescravos (CASAGRANDE JR.; AGUDELO, 2012).
Tema 02: Os conceitos e princípios ambientais
Até agora, falamos muito de meio ambiente, mas ainda não o definimos exatamente. O conceito de meio ambiente é bastante amplo e permite inúmeras interpretações e definições. De acordo com o professor José Carlos Barbieri (2007), a forma como nós definimos o meio ambiente também define a forma como interagimos com ele.
No português, a palavra ambiente significa “ao redor”. Ainda, é interessante dizer que alguns autores acham redundante dizer “meio ambiente”, pois as duas palavras significam a mesma coisa. Em espanhol, inglês e francês, apenas uma palavra é utilizada. Um dos autores mais influentes da área ambiental, o professor Frijot Capra (2005), define meio ambiente como algo que está relacionado à ecologia (o estudo da “casa”) e que o planeta funciona como uma teia, isto é, está totalmente interligado.
A legislação brasileira, com a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/1981), define meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981). De acordo com o dicionário Aurélio1, meio ambiente é o “conjunto das condições biológicas, físicas e químicas nas quais os seres vivos se desenvolvem”.
Já o ecólogo norte americano Robert Ricklefs, em seu livro A economia da natureza, conceitua meio ambiente como “o que contorna um ser; esse envoltório abrange plantas e animais” (RICKLEFS, 2003).
Para Babieri (2007), há três tipos de meio ambiente: 
1. Ambiente natural – matas virgens e outros ambientes ainda inexplorados pelo homem; 
2. Ambiente domesticado – áreas de reflorestamento, açudes e lagos artificiais; 
3. Ambiente fabricado – centros urbanos, estradas e tudo o que foi construído pelo ser humano. 
Já para a Constituição Federal Brasileira (1998), essa divisão é ainda mais abrangente. Veja no quadro a seguir.
Quadro 1: Os diferentes tipos de ambiente, de acordo com a Constituição Federal Brasileira (1998).
		Físico
	Cultural
	Artificial
	Trabalho
	- Flora
- Fauna
- Solo
- Água
- Atmosfera
- Ecossistema
	- Patrimônios
a. Cultural
b. Artístico
c. Arqueológico
d. Paisagístico
- Manifestações culturais e populares
	- Conjunto de edificações particulares ou públicas, principalmente urbanas
	- Conjunto de condições existentes no local de trabalho relativo a qualidade de vida do trabalhador
Analisando estas definições, é possível observar que determinadas vertentes assumem que meio ambiente engloba aspectos naturais e biológicos, ao passo que outras vertentes vão além, incluindo aspectos relacionados a cultura, economia e sociedade. Nesta disciplina, vamos abordar o conceito mais holístico possível, com a finalidade de ampliar nossas possibilidades de discussões sobre a gestão desse tema.
É de senso comum que há grande necessidade de preservar o meio ambiente e, para isso, foram criados princípios, leis e outros instrumentos legais que auxiliam neste processo. Um desses princípios – e que cabe muito bem neste tema – denomina-se Princípio da Precaução. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), este princípio estabelece que deva haver uma relação respeitosa entre homem e natureza e, ainda, que esta relação deva ser substancialmente funcional. Este princípio também trata de ações de antecipação do risco, com o intuito de se preservar a saúde humana e ambiental. Vale destacar que, inicialmente, este princípio foi elaborado em resposta à poluição ambiental na Europa, na década de 1970, mas foi estendido, inclusive, às questões econômicas que, de alguma forma, podem interferir na saúde do homem e do meio ambiente.
Outro princípio fundamental é o do Poluidor-pagador (que está baseado no artigo 225 da Constituição Federal). Este princípio estabelece que aquele que polui deve, de alguma forma, pagar pelo dano ambiental, com a finalidade de repará-lo. No entanto, a esse princípio cabem inúmeras discussões, pois alguns autores alegam que isso dá o “direito de poluir”. Por outro lado, outros autores afirmam que pode ser considerado um mecanismo punitivo daquele que promove a degradação ambiental.A seguir, note uma tabela com outros princípios fundamentais do direito ambiental (Quadro 2). Vale ressaltar que este é um assunto que discutiremos mais profundamente em outro momento da nossa disciplina, e, ainda, que tal divisão varia de acordo com o autor. Nesse caso, utilizaremos as definições de Farias (2006).
Quadro 02: Princípios do Direito Ambiental.
		Princípios
	Definições
	Da Prevenção
	“É aquele que determina a adoção de políticas públicas de defesa dos recursos ambientais como forma de cautela em relação à degradação ambiental”.
	Da Responsabilidade
	“O princípio da responsabilidade faz com que os responsáveis pela degradação ao meio ambiente sejam obrigados a arcar com a responsabilidade e com os custos da reparação ou da compensação pelo dano causado”.
	Do Limite
	De acordo com este princípio, é dever do Estado “fixar parâmetros mínimos a serem observados em casos como emissões de partículas, ruídos, sons, destinação final de resíduos sólidos, hospitalares e líquidos, dentre outros, visando sempre promover o desenvolvimento sustentável”.
	Da Gestão Democrática
	De acordo com este princípio, a gestão democrática deve “assegurar ao cidadão o direito à informação e a participação na elaboração das políticas públicas ambientais, de modo que a ele deve ser assegurado os mecanismos judiciais, legislativos e administrativos que efetivam o princípio. Esse princípio da gestão democrática diz respeito não apenas ao meio ambiente, mas a tudo o que for de interesse público”.
Tema 03: Meio Ambiente: antecedentes históricos
Nesse momento da nossa aula, você deve estar se perguntando: efetivamente, quando começou a preocupação com a degradação ambiental? Na verdade, essa pergunta não é nada simples de ser respondida, mas podemos citar alguns eventos ou algumas épocas muito importantes para a preservação ambiental.
Apesar de parecer, a preocupação com a preservação ambiental não é tão recente. Na Grécia antiga, Platão (428 a.C.–348 a.C.) já mencionava preocupação com a devastação das paisagens da sua terra. Seu ex-discípulo, Aristóteles (384 a.C.–322 a.C.), dizia que o homem faz parte da natureza e quem ambos têm as suas finalidades (CARVALHO; GRUN; TRAJBER, 2006). No entanto, foi somente a partir da década de 1950 que a população mundial passou a notar que algo estava errado. Acidentes ambientais em diferentes partes do mundo estavam acontecendo e todos eles estavam associados com ações antrópicas. Citaremos, a seguir, três casos que levantaram esse alerta.
1. No Japão, por muitos anos, uma indústria química causou um intenso vazamento de mercúrio na baía de Minamata. Esse componente químico, extremamente neurotóxico, causou uma série de doenças neurológicas nas famílias locais e nos animais, que passaram a consumir o peixe que estava contaminado pelo mercúrio. A doença ficou conhecida como “A doença de Minamata”.
2. O caso da grande fumaça que atingiu Londres, na Inglaterra, ficou conhecido como “o grande smog de 1952”. Esse fenômeno foi causado pela enorme queima de carvão e combustíveis utilizados para alimentar as fábricas do local. Na época, mais de 4 mil pessoas morreram em decorrência da exposição à fumaça, no entanto, estima-se que foram mais de 7 mil óbitos. Também, mais de 15 mil pessoas foram internadas devido a problemas respiratórios. Foi a partir desse episódio que as autoridades inglesas passaram a adotar medida de controle em relação à emissão de fumaça, no país (KATSOYIANNIS e BOGDAL, 2012).
3. A explosão de um navio carregado de nitrato de amônio (muito utilizado na fabricação de fertilizantes) explodiu no Texas/EUA. Nesse episódio mais de 500 pessoas morreram.
Estes três eventos, de fato, contribuíram bastante para alertar sobre os riscos ambientais que o planeta e seus habitantes estavam correndo, em função das ações humanas. Porém, nenhum deles se compara ao alerta emitido por uma bióloga norte-americana que denunciou os efeitos nefastos de um defensivo agrícola (produto utilizado nas lavouras para evitar pragas e outros males). Rachel Carson (1907–1964) publicou o livro Primavera Silenciosa (do inglês Silent Spring), em 1962. Na obra, a autora descrevia uma enorme mortandade de pássaros devido à exposição ao DDT, defensivo utilizado nas lavouras da época e que, posteriormente, seria banido de muitos países, inclusive no Brasil (STADLER; MAIOLI, 2011).
Depois desse evento, a comunidade cientifica mundial juntou seu grito de alerta aos da bióloga. Assim, em 1968, um encontro reunindo alguns cientistas, políticos e alguns intelectuais de renome mundial (incluindo o ex-presidente da república, Dr. Fernando Henrique Cardoso), fundaram o Clube de Roma, que tinha por objetivo discutir e propor soluções a problemas que assolavam o planeta, inclusive os problemas ambientais. Na ocasião, o Clube solicitou ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), EUA, um estudo sobre o futuro da humanidade, caso continuassem a degradação ambiental, daquela forma, e com aquela velocidade. O documento gerado ficou conhecido como Os limites do crescimento (do inglês, The limits of growth) ou Relatório de Meadows, em homenagem aos seus dois principais autores: Donnela Meadows e Dennis Meadows.
A ideia central dos resultados se baseava em conceitos já pré-concebidos pelo economista Inglês Thomas Malthus (1766–1834) e sua teoria Malthusiana, em que o autor mencionava que, se a população continuasse a crescer em progressão geométrica (0, 2, 4, 8, 16, 32...) e a produção de alimento continuasse seu crescimento em progressão aritmética (0, 2, 4, 6, 8, 10...), os habitantes do planeta entrariam em colapso (Figura 04). O gráfico indica que o crescimento populacional (linha vermelha) é muito mais acelerado que a produção de alimento (linha azul).
Figura 04: Gráfico representativo da Teoria Malthus.
Alguns anos mais tarde, em 1972, na cidade de Estocolmo, na Suécia, foi realizada outra importante conferência para tratar da problemática ambiental. No entanto, agora, a discussão inclui os aspectos político-econômicos e suas consequências. A reunião ficou conhecida como Conferência de Estocolmo.
Um importante documento produzido após a reunião foi a Declaração sobre o Meio Ambiente Humano, que trazia um plano de ação com uma série de diretrizes e recomendações visando à preservação ambiental em nível mundial. Além disso, foi durante esta conferência que se ouviu uma das frases mais marcantes em relação às causas socioambientais. A então primeira Ministra da Índia, Indira Gandhi, filha de Mahatma Gandhi, disse: “a miséria é a maior de todas as poluições” (ALENCASTRO, 2013).
Um importante legado deixado pela Conferência de Estocolmo foi a criação de um organismo internacional responsável pelas discussões sobre meio ambiente – o Programa das Nações Unidades para o Meio Ambiente (PNUMA). Alguns anos mais tarde, em 1983, com a criação da Comissão Mundial para o Desenvolvimento e o Meio Ambiente (CMDMA), propuseram uma série de medidas visando à preservação ambiental. Seu principal fruto foi a publicação de um dos mais importantes documentos relacionados ao assunto, o Relatório de Brundtland ou O nosso futuro comum (1987).
As ideias desse documento são utilizadas até hoje, sobretudo aquela que está relacionada ao desenvolvimento sustentável (BRUNDTLAND, 1987). Esse conceito traz à tona a maneira como devemos seguir com o desenvolvimento das nações. Esse assunto será discutido mais profundamente nas próximas seções, assim como as conferências internacionais que aconteceram no Brasil: a Eco 92 e a Rio +20.
A seguir, uma linha do tempo com resumo dos principais eventos históricos relacionados à preservação ambiental (Figura 05).
Figura 05: Linha do tempo com os principais eventos históricos relacionados com as questões ambientais.
Tema 04: Conferências internacionais no Brasil: Eco 92 e Rio +20.
Após tantas reuniões e debates relacionados aos problemas ambientais, como saber se, de fato, a sociedade contribuiu significativamente para a preservaçãodos recursos naturais? Difícil de saber. Com o objetivo de verificar a situação ambiental mundial desde a conferência da Estocolmo, representantes de mais de 179 países de reuniram no Estado do Rio de Janeiro para discutir sobre o assunto. Isso só foi possível porque vários fatores favoreceram tal encontro. De acordo com Curi (2011), os dois principais fatores foram:
 Fim da Guerra-fria entre os EUA e a antiga União Soviética; 
 Primeiro relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) que dissertava sobre os efeitos dos gases tóxicos para atmosfera, principalmente para o agravamento do efeito estufa. 
Em 1992, os países presentes na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), também conhecida como ECO-92 ou Rio-92, retomaram o assunto sobre o desenvolvimento sustentável e, ainda, debateram e elaboraram propostas e documentos, visando solucionar os problemas relacionados a super exploração dos recursos naturais.
De acordo com Curi (2011), essa conferência teve uma conotação política e social muito mais relevante que a Conferência de Estocolmo. Ainda, como mencionado anteriormente, uma série de tratados, convenções e acordos foram estabelecidas durante a reunião. Podemos citar: 
 Declaração de princípios sobre florestas 
 Convenção sobre as mudanças climáticas 
 Convenção da biodiversidade 
 Agenda 21 
 Carta da Terra 
Dentre os documentos citados, talvez o mais importante, e o que daremos mais enfoque, é a Agenda 21, que, como o próprio nome dá a entender, se trata de uma série de compromissos e metas estabelecidos e acordados pelos 179 países presentes durante a Rio-92. Esse plano de ação de desenvolvimento e foi elaborado para ser aplicado nas diferentes escalas das nações: escala global, nacional e local. Isso tanto é verdade que o slogan do documento é “Pense globalmente e haja localmente”.
Além disso, os atores participantes dessas ações pertencem às diferentes esferas da sociedade. São os governos, as organizações não governamentais do terceiro setor (ONGs), a sociedade civil, entre outros. O documento foi elaborado com 40 capítulos e suas subdivisões. Para facilitar o entendimento e aplicação de cada item, subdividiu-se em 4 seções: 
 Dimensões Sociais e Econômicas; 
 Conservação e Gerenciamento de Recursos para o Desenvolvimento; 
 Fortalecimento do Papel dos Maiores Grupos; 
 Meios de Implantação. 
Para Alencastro (2013), a Agenda 21 “é a mais completa tentativa já realizada de orientar para um novo padrão de desenvolvimento para o século XXI, cujo alicerce é a sinergia da sustentabilidade ambiental, social e econômica, presente em todas as ações propostas”. Outra proposta bastante importante da Agenda 21 são os oito desafios do milênio (Figura 06).
Figura 06: Os oito desafios do milênio propostos pela Assembleia geral das Nações Unidas até o ano de 2015.
Dez anos após a Rio-92, aconteceu a Rio+10, em Joanesburgo (África do Sul), também conhecida como Conferência de Joanesburgo. Essa reunião teve por meta avaliar os avanços e as dificuldades da implementação da Agenda 21. Especificamente durante essa reunião, alguns documentos foram propostos por alguns chefes de Estado conclamando o alívio da dívida externa dos países em desenvolvimento e o aumento da ajuda financeira para os países pobres, acreditando ser fatores cruciais para o desenvolvimento sustentável. A conclusão foi que os objetivos estabelecidos durante a Rio-92 não foram alcançados. Ainda, três objetivos foram estabelecidos para os próximos anos:
 Erradicação da pobreza; 
 Mudanças dos padrões de produção e consumo; 
 Proteção dos recursos naturais (Ribeiro, 2002). 
Enfim, 20 anos após a Rio-92, na mesma cidade, aconteceu a tão esperada Rio+20 (Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável). O principal objetivo da reunião foi reafirmar o pacto estabelecido há 20 anos, e firmar outros tão importantes quanto. Para Alencastro (2013), o pano de fundo da referida conferência era:
“a questão da estrutura de governança internacional na área do desenvolvimento sustentável e a construção de uma economia verde (grifo nosso) capaz de interromper a degradação do meio ambiente combater a pobreza e reduzir a desigualdade (...), ela foi palco de importantes discussões envolvendo temas como a segurança alimentar, cidades sustentáveis, erradicação da pobreza, inovação e tecnologia para o desenvolvimento sustentável, recursos hídricos, florestas e energia” (ALENCASTRO, 2013).
O importante documento elaborado durante a reunião, intitulado O futuro que queremos, foi muito criticado por diferentes vertentes da sociedade. Muitos estudiosos do assunto afirmam que, ao invés de avanço nas discussões, houve retrocesso!
Tema 05: Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável
Como pudemos notar, durante muitos anos, a exploração dos recursos naturais ocorreu de forma natural, com o intuito de sustentar a população humana. Devido a sua abundância, criou-se uma ideia de que estes recursos eram infinitos e, por isso, poderiam ser explorados sem nenhum tipo de cuidado ou manejo. Hoje, sabemos que se trata de uma ideia totalmente equivocada e que a finitude desses recursos está bem mais próxima do fim do que podíamos imaginar. Foi a partir desta ideia que surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável.
A expressão desenvolvimento sustentável surgiu de forma embrionária na década de 1970, durante a Conferência de Estocolmo. Porém, somente em 1987 este termo foi, de fato, consagrado. Através da publicação do Relatório de Brundtland, conhecido também como O Nosso Futuro Comum (Our Common Future), definiu-se desenvolvimento sustentável como "aquele desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades" (do Relatório Brundtland, “Nosso Futuro Comum”, 1987). Assim, sustentabilidade é uma ação em busca do desenvolvimento sustentável.
É importante ressaltar que para ser sustentável, uma sociedade deve levar em consideração não somente as questões ligadas ao meio ambiente, mas, também, aquelas ligadas aos aspectos sociais, econômicos e culturais. A sustentabilidade agrega valor e é peça fundamental na busca de novos mercados, isto é, ela se torna uma ferramenta competitiva para garantia de ingresso em mercados muito exigentes.
Nesse sentido, muitas empresas têm incorporados em seus planos de negócios diferentes estratégias e ações sustentáveis em seus serviços e produtos para alcançar consumidores muito mais preocupados com a preservação ambiental (SILVA, 2012). Logo, para ser sustentável, uma organização deve fornecer produtos de qualidade, respeitando os recursos ambientais e remunerando as cadeias de produção de forma satisfatória. 
É comum a todos que estudam e pesquisam nesta área que, para alcançar a sustentabilidade, devemos seguir a tríade apresentada a seguir, O Triple Bottom Line, mostrando que nada será sustentável se não tiver a integração destes três quesitos (Figura 7).
Figura 07: A tríade da sustentabilidade – Triple Bottom Line.
	Mas, apesar do grande esforço de muitas nações, fica uma pergunta crucial: a Sustentabilidade ainda é possível? Para Yamaki (2012), o conceito de sustentabilidade é bastante simples: diz respeito a um direcionamento visando alcançar o equilíbrio entre o homem e o meio ambiente. Ainda, para a mesma autora (2012), a sustentabilidade total é uma utopia, pois sempre haverá impacto através das atividades humanas. 
A palavra sustentabilidade e suas derivações tornaram-se um jargão modal muito utilizado nos dias atuais. No entanto, muitas ações relacionadas a essa prática têm muito pouco ou não são nada sustentáveis, apesar de levarem essa classificação. Há muitas fórmulas, ideias e sugestões de como construir uma sociedade sustentável, mas grande parte delas esbarra na questão do consumismo desenfreado. 
O relatório Estado do Mundo 2014 – como governar em nome da sustentabilidade,da ONG Worldwatch Institute Brasil (WWI), traz uma coletânea de artigo sugerindo que a sustentabilidade, em seu estado da arte, não condiz com o que realmente é feito. Ainda, o uso excessivo do termo faz com que ele perca a força original e passe a ser usado como um marketing pessoal ou empresarial (greenwashing3). Sendo assim, levanto outra questão para que você reflita e discuta com seus colegas: é possível desvincular o crescimento econômico da exploração dos recursos naturais? 
Nunca se discutiu tanto sobre este assunto, mas, ao mesmo tempo, nunca se avançou tão pouco. A humanidade vem retirando mais recursos do que o planeta pode fornecer. Dados fornecidos no ano de 2015 mostraram que no dia 13 de agosto, a humanidade já havia consumidos todos os recursos naturais disponíveis para um ano inteiro. Este dia fica conhecido como O Dia da Sobrecarga da Terra (do inglês Earth Overshoot Day). É como se o seu salário tivesse terminado no dia 18 e ainda faltam 12 dias para você receber novamente. Assim, você (e o planeta) passa a operar no vermelho. Estes dados foram divulgados pela ONG Global Footprint Network, em parceira com a ONG WWF.
A tabela a seguir mostra a evolução (ou involução) do dia da sobrecarga da Terra ao longo dos anos. Note que cada vez mais estamos adiantando essa data (Tabela 01). O resultado mostra que estamos utilizando cada vez mais rápido os recursos naturais disponíveis no planeta.
Tabela 01: Datas evolutivas do Dia da Sobrecarga da Terra desde o ano 2000.
Na Prática
A problemática ambiental tem sido motivo de preocupações desde a Antiguidade. Isso pode ser muito bem observado em manuscritos, publicações e arquivos históricos. A ampla falta de perspectiva histórica sobre a história ambiental tem suas origens na negligência e desinformação. Como resultado, as questões ambientais contemporâneas, muitas vezes, surgem nos meios de comunicação de massa, sem contexto e, em seguida, desaparecem, sem sabermos exatamente qual é o fim da história.
Assim, a proposta dessa atividade é bastante simples: construir uma linha do tempo (timeline) com os principais acidentes ambientais que aconteceram no mundo. Para isso, as regras são bem simples: 
a) Desde a década de 1950, cada década deve ter, pelo menos, dois acidentes importantes. 
b) Ainda, cada acidente deve ser explicado brevemente: local, componente químico (se for o caso), óbitos (se houver) e os desdobramentos. 
c) A linha do tempo deve ser construída em ferramenta própria disponível na web. 
AULA 2: OS PRINCIPAIS TRATADOS INTERNACIONAIS DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE
Tema 01: Os principais tratados internacionais de proteção ao meio ambiente
Os países desenvolvidos agora enfrentam os seguintes paradigmas: como conciliar o crescimento econômico à preservação ambiental? Como produzir de maneira eficiente e sustentável a fim de que a própria natureza seja capaz de se regenerar em um tempo suficiente para a reutilização desses recursos e, também atender às demandas comerciais mundiais?
É a partir desses questionamentos que iniciaremos nossa conversa sobre os principais tratados internacionais atrelados à proteção ambiental. Para isso, é necessário entendermos o que é a Política de Comércio Externo e qual é a sua relação com a Política Ambiental. Para Baptista (2010),
“A Política de Comércio Externo procura a liberalização do comércio internacional, por meio de um conjunto de instrumentos de intervenção pública sobre o comércio exterior, enquanto que a Política de Meio Ambiente defende a preservação e/ou conservação ambiental, a saúde e segurança humana, a proteção do consumidor e o tratamento dado aos animais”.
A partir dessa leitura, observamos um conflito de interesses entre ambas as partes. Um defende a comercialização de produtos e serviços, ao passo que o outro defende a preservação dos recursos. E porque isso é tão conflitante? Basta pensarmos que a produção de bens de consumo necessita do uso de recursos naturais. Assim, o aumento dessa produção leva ao aumento do uso de recursos e, consequentemente, a sua escassez em logo, médio ou curto prazo, dependendo da velocidade de uso.
Nesse sentido, afirmamos que um meio termo deve ser encontrado para que ambos sigam de maneira harmônica. É nesse contexto que surgem os tratados ambientais, que têm como principal função a conciliação entre a preservação dos recursos e a economia de uma nação (ou de várias) de forma sustentável. A imagem a seguir revela os principais tratados ambientais do mundo moderno.
Dentre os tratados relatados, podemos destacar: 
 A Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção (Cites); 
 O Protocolo de Montreal (1989); 
 A Convenção de Basileia (1993); 
 Protocolo de Kioto (1997). 
Vamos nos aprofundar apenas no último, o Protocolo de Kioto, pois se trata do mais conhecido entre os mencionados e é ferramenta fundamental nos processos relacionados ao Comércio Internacional.
O que é o Protocolo de Kioto?
Assinado em 1997 e iniciado em 2005, o Protocolo de Kioto foi o primeiro acordo internacional (assinado por 189 países) vinculado ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, que estabeleceu entre seus membros metas de redução de emissões coletivas de gases de efeito estufa em 5,2%, entre os anos de 2008 e 2012, baseando-se no ano de 1990.
Reconhecendo que os países desenvolvidos são os principais responsáveis pelos altos níveis atuais de emissões de gases de efeito estufa na atmosfera, como resultado de mais de 150 anos de atividade industrial, o Protocolo coloca uma carga mais pesada em nações desenvolvidas sob o princípio de "responsabilidades comuns, porém diferenciadas". 
Os países que se comprometeram em diminuir suas emissões tiveram sucesso, pois a redução foi de aproximadamente 22,6%. No entanto, a taxa de emissão global aumentou. O último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) sobre a avaliação do clima mostrou que, em vez de diminuírem (como era esperado), as emissões de gases aumentaram cerca de 16,5% entre os anos de 2005 e 2012, e um dos fatores para que esse fato tenha ocorrido é que os maiores poluidores, China e EUA, não participaram do processo. 
Ao final do período, houve a 18ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-18), em Doha (Catar), que estabeleceu uma nova meta (o segundo termo do referido Protocolo): até 2020, a redução de 18% das emissões. É importante mencionar que não mais participam Nova Zelândia, Canadá, Rússia e os EUA.
Desde a Revolução INDUSTRIAL, a temperatura da Terra subiu cerca de 0,74 ºC e se as emissões de GEE não diminuírem, espera-se que, em 2100, elas possam aumentar de 1,8 ºC a 4 ºC (Figura 1). Para se ter uma ideia da gravidade deste problema, é só pensar em nosso estado físico quando a nossa temperatura sai de 36,5 ºC (temperatura normal) para 37,5 ºC (estado febril): a variação de apenas um grau é suficiente para nos causar grande mal-estar!
Figura 1: Evolução da temperatura da Terra desde a Revolução Industrial até os dias atuais.
Nota: após a Revolução Industrial (período após 1860), o aumento da temperatura global tornou-se acentuado.
Tema 02: Os impactos ambientais do comércio exterior
Em outra ocasião do nosso estudo, vimos que a maioria dos países desenvolvidos utilizam em demasia seus recursos naturais visando ao aumento da produção e do lucro. No entanto, os efeitos disso são nefastos ao meio ambiente. Por isso, segundo o estudioso Alemão Urlich Beck, vivemos em uma sociedade de risco (GUIVANT, 2001). Em seu trabalho, Beck considera que vivemos em um "mundo fora de controle", caracterizado por "incertezas fabricadas", ou seja, um mundo onde a crescente desconfiança na ciência e nos órgãos responsáveis pela gestão dos riscos e das catástrofes revelou a necessidade de novos rumos para a tecnologia.
Para se ter uma ideia, utilizamos cerca de 80% a mais de recursos naturais do que a Terra é capazde nos oferecer (Figura 2). Cabe, aqui, fazer uma observação: estamos falando de recursos naturais não renováveis, que são os recursos quem não podem ser renovados pelo próprio meio ambiente. Como exemplo desses recursos, podemos citar o petróleo, a madeira, o carvão, os metais, entre outras matérias-primas.
Figura 2. Relação consumo-recursos naturais.
A representação gráfica mostra quantos países seriam necessários para sustentar o estilo de vida de cada país. Podemos observar que os países representados utilizam de muito mais recursos do que o planeta é capaz de oferecer. A expansão do comércio mundial tem levantado a questão da relação entre comércio e meio ambiente. Já vimos que a produção de bens importados e exportados, muitas vezes, têm efeitos ambientais negativos. Mas, esses efeitos irão diminuir ou aumentar com a expansão do comércio? Quem serão os mais afetados: os importadores, os exportadores ou o mundo como um todo? Além disso: de quem é a responsabilidade acerca dos problemas ambientais associados com o comércio? Tais indagações têm recebido atenção crescente nos últimos anos.
É importante destacar que, de acordo com a organização Mundial do Comércio, a proibição das importações e exportações somente podem ser restringidas em casos muito limitados, como, por exemplo, a proteção da saúde e segurança dos seus próprios cidadãos. Há inúmeros casos em que países tentam restringir a importação de produtos que afetem diretamente o meio ambiente, podemos citar, como exemplo, a comercialização de recursos florestais e pesqueiros que são extraídos de forma não idônea (desmatamento e pesca predatória, respectivamente). 
No comercio interno (nacional) há uma expressão muito utilizado nesse sentido: “internalizar as externalidades negativas”. Mas, o que isso significa? Essa é uma expressão advinda do Princípio do Poluidor-pagador, isso quer dizer que:
“o poluidor é obrigado a internalizar os custos sociais externos (externalidades negativas) que acompanham o processo de produção, a fim de que o custo resultante da poluição seja por ele assumido no custo da produção, devendo agir para diminuir, eliminar ou neutralizar o dano ambiental”1.
Para o comércio internacional, isso se torna mais difícil, pois a autoridade para formular e aplicar políticas ambientais geralmente só existe a nível nacional. Podemos dizer que é possível exportar poluição através da importação de bens cuja produção envolve altos impactos ambientais. O comércio também envolve, necessariamente, o uso de energia para o transporte, a poluição do ar e outros impactos ambientais. Também pode haver efeitos ambientais indiretos do comércio, por exemplo, quando os trabalhadores do campo são deslocados das suas terras devido à mecanização da agricultura. Tipos específicos de comércio, tais como o comércio de resíduos tóxicos ou espécies ameaçadas de extinção, têm impactos ambientais óbvios.
Entretanto, o comércio também pode ter efeitos benéficos para o ambiente. Um comércio mais livre pode facilitar a disseminação de tecnologias benéficas ao meio ambiente. Também há a tendência de o comércio promover uma produção mais eficiente e limpa. Além disso, as pressões legais são alavancas para melhorar as normas ambientais locais, visando à preservação ambiental.
Tema 03: A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA)
A ideia de colônia de exploração foi, por muito tempo, o principal motivo que levou à degradação ambiental dos biomas brasileiros. Por isso, a mudança desse paradigma era necessária. O Brasil é um dos pioneiros em relação a políticas e legislações relativas à proteção ambiental. O arcabouço legal brasileiro é um dos mais completos do mundo e recebe elogios de diversos países. Isso tanto é verdade que a nossa Constituição Federal dedica um capítulo exclusivo ao quesito proteção ao meio ambiente: o artigo 225.
O país, por se tratar de um dos maiores hotspots2 de biodiversidade do planeta, necessitava que houvesse legislações de proteção e gestão são extremamente eficientes e efetivas. É importante destacar que a gestão e proteção jurídica sobre o meio ambiente deu-se primariamente através da promulgação da Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, um marco histórico no ambientalismo brasileiro, que ansiava por uma gestão participativa e protetiva desse patrimônio. O objetivo primário dessa política era aliar o desenvolvimento socioeconômico à preservação dos recursos naturais e ao equilíbrio ambiental, assim, qualquer atividade, seja ela pública ou privada, deve estar em concordância com essa política. 
À época, o Brasil, então governado pelo General João Figueiredo, teve a lei aprovada quase por unanimidade (fato raríssimo), o que configurava um anseio tanto do governo quanto da oposição no que se refere à proteção ambiental. Ainda, uma das principais contribuições da referida lei foi a criação do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), uma estrutura político-administrativa que tem por função a proteção e melhoria da qualidade ambiental. O Sisnama é formado pelos órgãos e pelas entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e pelas fundações instituídas pelo poder público. A estrutura do Sisnama, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), é a seguinte:
 Órgão Superior: Conselho de Governo; 
 Órgão Consultivo e Deliberativo: Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama); 
 Órgão Central: Ministério do Meio Ambiente; 
 Órgão Executor: Ibama e ICMBio; 
 Órgãos Seccionais: os dos estados responsáveis pela execução de programas, projetos e controle/fiscalização de atividades degradadoras do meio ambiente; 
 Órgãos Locais: órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo controle e pela fiscalização destas atividades, nas suas respectivas jurisdições. 
Ainda, seguem outros instrumentos importantes da PNMA: 
 O estabelecimento dos padrões de qualidade ambiental; 
 O zoneamento ambiental; 
 A avaliação de impacto ambiental; 
 O licenciamento ambiental; 
 O estabelecimento e uso de tecnologias visando à melhoria da qualidade ambiental; 
 A criação dos espaços territoriais protegidos (Unidades de Conservação - UCs3): 
Áreas de Proteção Ambiental (APAs) – área, em geral, extensa, com certo grau de ocupação humana, com atributos bióticos, abióticos,4 estéticos ou culturais importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas. As APAs têm como objetivo proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. Cabe ao Instituto Chico Mendes (ICMBio) estabelecer as condições para pesquisa e visitação pelo público. 
Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) – área, em geral, de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais singulares ou mesmo que abrigam exemplares raros da biota regional. Sua criação visa a manter esses ecossistemas naturais de importância regional ou local, bem como regular o uso admissível destas áreas, compatibilizando-o com os objetivos da conservação da natureza.
Reservas Extrativistas (Resex) – área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte. Sua criação visa proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, assegurando o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. As populações que vivem nessas unidades possuem contrato de concessão de direito real de uso, tendo em vista que a área é de domínio público. A visitação pública é permitida, desde que compatível com os interesses locais e com o disposto no plano de manejo da unidade. A pesquisa é permitida e incentivada, desde que haja prévia autorização do Instituto Chico Mendes.
 Criação do Sistema nacional de informação sobre meio ambiente (CNIA) 
 Criação das Penalidades Disciplinares e Compensatórias para ações de degradação ambiental; 
 Entre outros. 
Nesse sentido, estendemos o PNMA como um instrumentoprotetivo do meio ambiente e sua grande importância na gestão ambiental e da sustentabilidade deste. Outro aspecto importante de se destacar dessa política, se refere ao fato de que ela apresenta diversos princípios do Direito ambiental internacional no corpo do seu texto.
Além disso, alguns outros princípios, já discutidos em outra ocasião, já figuravam entre as linhas da política, como é o caso dos princípios da precaução e do poluidor-pagador (FONTENELLE, 2004). Nesse sentido, a referida legislação é norteadora quando se trata da implantação de alguma atividade que, de alguma forma, interaja com o meio ambiente.
Tema 04: A Lei de Crimes Ambientais e sua relação com o comércio exterior
Ao longo da nossa aula, verificamos que o meio ambiente em sua plenitude é essencial para a sadia qualidade de vida da população. Tal princípio fora explicitado no artigo 225 da Constituição Federal. Ainda, neste mesmo artigo, menciona-se que é de direito de todos um ambiente ecologicamente equilibrado. O crime pode ser conceituado de diferentes maneiras – de acordo com a escola penal. Aqui, iremos abordar o crime como qualquer conduta danosa, que contrasta com a finalidade do Estado, que contradiga a legislação vigente (que é proibida pela lei penal) e que deve ser penalizado.
No caso específico de crimes relacionados ao meio ambiente, este assim será enquadrado quando houver qualquer tipo de conduta e/ou atividade lesiva ao meio ambiente (fauna, flora, recursos naturais e até o patrimônio cultural) de acordo com a Lei n. 9.605/1998 (O ECO, 2015). A partir do surgimento da lei de Crime Ambientais, a legislação protetiva ao meio ambiente avançou consideravelmente. Para se ter uma ideia, somente após a criação da Lei uma determinada empresa (pessoa jurídica) que atentou contra o meio ambiente pode ser punida administrativa, civil e penalmente, de acordo com a magnitude do crime. 
Abaixo, alguns exemplos de crime ambiental (CAMPOS FILHO, 2004): 
 Provocar incêndio em mata ou floresta; 
 Cortar árvore em floresta de preservação permanente; 
 Transformar madeira de lei em carvão; 
 Receber ou comercializar produtos de origem vegetal sem exibir licença de vendedor expedida pela autoridade competente. 
 Agressões à fauna aquática – No caso da pesca, a legislação é ainda mais rigorosa; 
 Venda, exposição à venda, exportação ou aquisição, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão ou licença da autoridade competente (Figura 1); 
 Fabricação, venda, transporte ou soltura de balões; 
 Destruir ou danificar bem protegido por lei, tais como arquivos, registros, museus, bibliotecas, pinacotecas, instalações científicas ou similares.
O tráfico de animais silvestres é um dos maiores problemas ambientais da atualidade. De acordo com a Organização da Nações Unidas (ONU, 2015), essa prática está entre as três mais rentáveis do mundo. É importante destacar que algumas exigências dos órgãos ambientais quando não são cumpridas, as empresas são enquadradas nesta lei, esse é o caso da não apresentação da licença ambiental. 
As penalidades variam de acordo com o tipo de crime, a magnitude, a reincidência, os antecedentes entre outros. Nesse caso, o juiz de direito irá determinar qual é a punição que melhor se enquadra, e é por isso que a determinação das quantias monetárias são difíceis de serem determinadas, pois deverão ser avaliadas todos os possíveis efeitos daquele crime. Destaca-se que a população em geral, como bem mencionado no artigo 225 da Carta Magna, tem o dever de preservação do meio ambiente e, se esta souber de algum tipo de crime ambiental, deve se dirigir ao órgão ambiental competente da sua região (órgão representante do Sisnama) para realizar a denúncia. Uma vez ciente do crime, este órgão deverá apurar imediatamente o fato, tomando as providências cabíveis, sob pena de corresponsabilidade.
Tema 05: A Política Ambiental Internacional
O crescimento do Direito ambiental internacional como uma área separada do Direito internacional público começou na década de 1970 com a Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente em 1972, no entanto, destacamos também a Rio 92 ou ECO 92, que teve grande repercussão nesse aspecto. Assim, a visão antropocêntrica passa a dar lugar para a visão biocêntrica, ou seja, o meio ambiente passa a exercer o papel principal neste cenário.
Em muitos de seus princípios, a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (documento elaborado durante a Rio 92), que reafirma a Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Conferência de Estocolmo), estabelece a necessidade imperativa da cooperação entre os Estados visando à preservação ambiental, à equidade social e ao crescimento econômico das diferentes nações. Especificamente no Princípio 12, a Declaração aborda a questão do comércio internacional, como segue:
“Os Estados devem cooperar na promoção de um sistema econômico internacional aberto e favorável, propício ao crescimento econômico e ao desenvolvimento sustentável em todos os países, de forma a possibilitar o tratamento mais adequado dos problemas da degradação ambiental. As medidas de política comercial para fins ambientais não devem constituir um meio de discriminação arbitrária ou injustificável, ou uma restrição disfarçada ao comércio internacional. Devem ser evitadas ações unilaterais para o tratamento dos desafios internacionais fora da jurisdição do país importador. As medidas internacionais relativas a problemas ambientais transfronteiriços ou globais deve, na medida do possível, basear-se no consenso internacional” (ONU 1992).
Assim como o Direito internacional, o Direito ambiental internacional é multidisciplinar, ou seja, envolve múltiplas áreas do conhecimento como, por exemplo, economia, ciência política, ecologia, direitos humanos, entre outras. Um dos principais desafios relacionados às questões ambientais é a necessidade de desenvolver (ou mesmo aprimorar) as leis nacionais e internacionais de forma eficaz e equitativa, a fim de proteger, gerir e conservar os recursos naturais e as espécies vivas para as gerações atuais e futuras. Nesse contexto, as leis ambientais fornecem a base legal a qual as instituições e os governos utilizarão para construir uma sociedade capaz de utilizar e respeitar os recursos ambientais.
No entanto, de acordo com a Unep, que é o programa da ONU para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, o Direito ambiental tem desafios para enfrentar. Podemos citar como exemplo (UNEP, 2016): 
 A defasagem de tempo entre o entendimento das problemáticas ambientais e a criação de legislações de proteção; 
 Legislações ambientais desatualizadas e defasadas; 
 Falta de legislação ambiental adequada, sobretudo em países em desenvolvimento; 
 Capacidade insuficiente na aplicabilidade da legislação existente, principalmente nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. 
A legislação transfronteiriça é importante, pois o comércio internacional pode afetar o desenvolvimento e o meio ambiente em uma série de maneiras. Primeiro, o comércio pode mudar as atividades de produção de uma determinada localidade, tornando-o mais ou menos sustentável. Em segundo lugar, o aumento da liberalização do comércio muda o padrão e o nível de consumo mundial, tais mudanças podem afetar significativamente o ambiente de diferentes formas, como, por exemplo, o aumento da produção de resíduos ou mesmo o aumento do consumo de matéria-prima para manter a produção.
Em terceiro lugar, o comércio influencia o processo de desenvolvimento económico, a criação de novas oportunidades para a utilização rentável dos recursos produtivos. Por exemplo, o comércio internacional de produtos agrícolas é grande e uma importante fonte de divisas para muitos países, principalmente para o Brasil. Os tratados e acordos internacionaissão as ferramentas utilizadas pelos países para legitimar o que fora acordado nas reuniões internacionais.
Conceitualmente, os autores Schimidt e Freitas (2009, p. 17) definem tratado como “(...) um termo genérico, que inclui as convenções, os pactos, os acordos, os protocolos, a troca de instrumentos”. Destacamos ainda que os tratados internacionais são de fundamental importância também para que a sociedade civil organizada em suas ações através de ONGs como, por exemplo, a WWF (World Wide Fund for Nature) e o Greenpeace, pressionem os governos através de ações legítimas, visando à conscientização e à sensibilização de seus integrantes.
De conhecimento mundial, a biodiversidade tem sido alvo das inúmeras discussões de envolvem o comércio transfronteiriço, pois se trata de uma enorme riqueza e seu valor estratégico (principalmente para a indústria farmacêutica e de cosméticos) e que, segundo a Comegna (2009) “é matéria-prima potencial para o desenvolvimento de biotecnologias avançadas que manipulam a vida ao nível genético”. Por esse fato, destacamos, aqui, a Convenção da Biodiversidade Biológica (CDB), instaurada durante a Rio 92, como um dos mais importantes códigos de conduta internacional.
AULA 3: LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Tema 01: Procedimentos e Regulações Associados ao Licenciamento Ambiental
Durante muitos anos, a justificativa da poluição causada pelos processos produtivos foi entendida como um mal necessário para o progresso de qualquer nação. Apesar de visível, o crescimento desordenado das grandes cidades, sobretudo no período pós-revolução industrial, não somente trouxe conforto e tecnologia para a sociedade, mas todos os problemas ambientais associados a ele.
Foi na reunião do Clube de Roma (1968) que se utilizou pela primeira vez a expressão “meio ambiente”, fazendo-se referência aos recursos naturais mundiais. Entretanto, foi somente após a Conferência de Estocolmo (1972) que as preocupações relacionadas à problemática ambiental passaram a fazer parte da agenda política de desenvolvimento dos países. 
No Brasil, a legislação que evidenciou essa preocupação foi promulgada em 1981, a Lei nº. 6.938, conhecida como Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). Um dos instrumentos protetivos ao meio ambiente criados pela PNMA foi o Licenciamento Ambiental. 
Em reforço à PNMA, veio a Lei nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais que estabelece as sanções penais e administrativas quando das atividades lesivas ao meio ambiente. Especificamente em relação ao Licenciamento Ambiental, em seu artigo 60, essa lei descreve que
Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes: pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente (BRASIL, 1998).
Assim, a preservação da qualidade ambiental é fundamental para a qualidade de vida de qualquer ser humano. Nesse sentido, é clara a justificativa da legislação brasileira na preservação, melhoria e recuperação dos ecossistemas naturais (BRASIL, 1981).
Não poderíamos deixar de citar o artigo 225 da Constituição Federal que assume claramente a importância das questões ambientais no país e define como responsabilidade coletiva (poder público e coletividade) o dever de preservar o meio ambiente. Ainda, em seu parágrafo 1º, o referido artigo cita a Avaliação de Impacto Ambiental como ferramenta que deve ser exigida pelo Poder Público quando da instalação de obra ou atividade potencialmente degradadora do meio ambiente (BRASIL, 1998). 
Portanto, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2009): “a avaliação de impactos vem como uma forma e uma possibilidade de conferir a antecipação de prováveis danos ambientais, ensejando medidas preventivas para garantir a qualidade ambiental”.
	Sugestão de leitura: 
Leia o capítulo 3 do livro “Gestão Ambiental no Mercado Empresarial”, de Rodrigo Berté e Ângelo de Sá Mazzarotto. Nesse capítulo, os autores debatem sobre os aspectos legais relacionados aos estudos de impactos ambientais, bem como o licenciamento ambiental. O livro está disponível na biblioteca virtual.
Tema 02: O que é Licenciamento Ambiental?
Sabemos que a sustentabilidade está apoiada no tripé econômico, social e ambiental, entretanto, as dimensões políticas e legais também devem ser inseridas nesse contexto. Afinal, as leis e seus cumprimentos são as ferramentas fundamentais para o alcance do desenvolvimento sustentável.
Assim, compete ao poder público a incumbência de preservar os recursos naturais e evitar os impactos ambientais que possam atingir o meio ambiente. É nesse contexto que o Licenciamento Ambiental (LA) se integra como um instrumento da política de gestão ambiental pública (figura 2).
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Figura 2. Fluxograma da Gestão Ambiental Pública. A figura mostra os objetivos, as políticas e alguns instrumentos da política, que tem como ação final a minimização dos impactos socioambientais estabelecendo importante ligações com a PNMA (VALINHAS, 2009).
O LA é um instrumento regulador da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) exigido pelos órgãos ambientais para atividades efetiva ou potencialmente poluidoras. As diretrizes estabelecidas para o LA estão expressas em três instrumentos legais: a PNMA de 1981 (BRASIL, 1981) e nas Resoluções números 001/1986 (BRASIL, 1986) e 237/1997 (BRASIL, 1997) do CONAMA.
Efetivamente, o LA é um documento emitido pelo órgão ambiental competente (pertencente ao SISNAMA) aplicado às diferentes fases do empreendimento: localização, instalação, ampliação, modificação e operação, sendo aplicado em três etapas já descritas: as licenças prévia, de instalação e de operação (BRASIL, 1981). Portanto, a partir do momento em que o empreendedor solicita a licença ambiental, parte do pressuposto que ele tem a ciência da obrigação de “obedecer às condições, restrições e medidas de controle estabelecidas pelo órgão ambiental competente” (SEBRAE, 2012). 
Com essas informações podemos concluir que o LA não é obrigatório para qualquer tipo de empreendimento. O quadro a seguir mostra as principais atividades que necessitam da licença. Para saber mais se determinado tipo de negócio precisa do licenciamento, o empreendedor deve consultar o órgão ambiental competente na localidade em que se pretende instalar. 
Quadro 1. Alguns exemplos de atividades que necessitam obrigatoriamente da licença ambiental (SEBRAE, 2012).
ATIVIDADES QUE NECESSITAM DE LICENCIAMENTO AMBINETAL
Para resumir, elaboramos um esquema que mostra as cinco principais etapas do Licenciamento Ambiental (GARCIA, 2014) (figura 3).
	Sugestão de leitura: 
Para ampliar seus conhecimentos sobre o Licenciamento Ambiental, leia o capítulo 2 da obra “Avaliação de Impactos Ambientais”, de Kátia Cristina Garcia. Essa obra está disponível na biblioteca virtual.
Tema 03: A importância do Estudo de Impacto Ambiental
Como já estudamos anteriormente, de acordo com a Resolução 001/1986 do CONAMA (BRASIL, 1987), em seu artigo 1º, o Impacto Ambiental é:
[...] qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: 
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
II - as atividades sociais e econômicas; 
III - a biota; 
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; 
V - a qualidade dos recursos ambientais.
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2009), há diferentes tipos de impactos ambientais. Vejamos o quadro a seguir (quadro 2).
Tal classificação é demasiadamente importante, pois permite dimensionar os impactos e, consequentemente,suas medidas mitigadoras. 
Sobre os estudos ambientais, a resolução CONAMA 237/1997 em seu artigo 1º, parágrafo III:
[...] são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco. (BRASIL, 1997)
Nesse sentido, quem define qual o tipo de estudo ambiental deverá ser realizado pelo empreendimento é o órgão ambiental competente (BRASIL, 1997). Ainda, em face das informações dissertadas até agora, concluímos que “a elaboração dos Estudos de Impactos Ambientais (EIA) consiste no desenvolvimento dos procedimentos referentes à sistemática de Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)” (BRASIL, 2099). Portanto, o EIA é de natureza técnica e visa avaliar os possíveis impactos causados por determinados empreendimentos.
O documento complementar ao EIA é o RIMA – Relatório de Impacto Ambiental –, documento que sumariza as conclusões do EIA e tem por finalidade informar a sociedade sobre o potencial poluível daquela atividade, bem como suas propostas de monitoramento e mitigação. 
A seguir, um esquema resumido sobre as principais etapas para a elaboração dos Estudos Ambientais (BRASIL, 2009).
Figura 4. Resumo esquemático das principais Etapas para Elaboração de Estudos Ambientais (BRASIL, 2009).
	Sugestão de leitura: 
Para aprofundar esse assunto, leia o capítulo 4 do livro “Gestão Ambiental no Mercado Empresarial”, de Rodrigo Berté e Ângelo de Sá Mazzarotto. Esse livro está disponível na biblioteca virtual.
Tema 04: Relatório de Impacto Ambiental - RIMA
O Relatório de Impacto Ambiental – RIMA – deve contemplar, de forma resumida, objetiva e com linguagem acessível (já que deverá ter acesso o público leigo), as informações contidas no Estudo de Impacto Ambiental. Nele, deve conter, sobretudo, os principais impactos ambientais que serão causados tanto ao meio ambiente quanto ao meio social e econômico. É importante ressaltar que os moradores da região onde se pretende implantar o empreendimento deverão ter acesso a esse documento de forma que possam compreender legitimamente quais as vantagens e desvantagens do projeto (CETESB, 2014).
O RIMA é um documento legal preconizado pela Resolução CONAMA 01/1986 em seu artigo 9º, que diz:
O relatório de impacto ambiental - RIMA refletirá as conclusões do estudo de impacto ambiental e conterá, no mínimo: 
I - Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas governamentais; 
II - A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação a área de influência, as matérias primas, e mão-de-obra, as fontes de energia, os processos e técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados; 
III - A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência do projeto; 
IV - A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação; 
V - A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como com a hipótese de sua não realização; 
VI - A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evitados, e o grau de alteração esperado; 
VII - O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; 
VIII - Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem geral) (CONAMA, 1986).
De acordo com Jesus (2009), o RIMA deverá conter os seguintes conteúdos (figura 5):
Figura 5: Principais elementos estruturais de um RIMA segundo Jesus (2009).
Tema 05: A Importância dos Estudos Ambientais para as Organizações
A crescente preocupação das diferentes esferas da sociedade em relação às questões ambientais faz com que as empresas, seja de maneira forçosa ou voluntária, tenham a necessidade de se adequar a essa realidade, enfatizando a sustentabilidade.
Legalmente, há diferentes instrumentos capazes de enquadrar as organizações nessas condições, no entanto, o cumprimento dessas normativas se faz necessário não somente para fins de estrito cumprimento do dever legal, visto que vivemos em um Estado de Direito, mas pela observação da iminente escassez dos recursos naturais do planeta. 
Assim, a gestão ambiental, sobretudo no aspecto corporativo, se torna parte do sistema de gestão das empresas em relação às suas políticas, responsabilidades, procedimentos e práticas, objetivando uma redução significativa dos seus impactos ambientais.
Como vantagem competitiva o investimento em ações de sustentabilidade corporativa traz maior credibilidade diante dos investidores; em relação aos clientes, os mesmos exigem empresas com as três características já mencionadas: ambientalmente responsáveis, socialmente justas e economicamente viáveis; já as próprias empresas visam ampliar sua fatia de mercado, reduzindo custos de operação e de matéria-prima, aumentando sua rentabilidade (BARBIERI, 1997). 
Além das ferramentas já abordadas nas temáticas anteriores, podemos acrescentar outras duas que podem perfeitamente ser usadas para a mensuração e apoio às ações de sustentabilidade: 
 Análise SWOT que avalia a competitividade de uma determinada organização de acordo com quatro variáveis: Strengths (forças), Weaknesses (fraquezas), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças) (Kotler, 2000). 
 Ciclo do PDCA que possui quatro estágios: Plan (planejar), Do (fazer), Check (de checar) e o Act (agir). 
Aqui, daremos uma pequena ênfase à primeira ferramenta: a análise SWOT aplicada à sustentabilidade. 
De acordo com Chiavenato (2011), as empresas que visam a sustentabilidade em seus negócios se baseiam em três aspectos do triple bottonline: a sustentabilidade econômica (eficiência operacional), sustentabilidade social (relacionada aos aspectos trabalhistas e comunitários) e a sustentabilidade ambiental (relacionada aos aspectos de preservação dos recursos, uso de insumos e matérias-primas). 
Para Martins (2007) apud Silveira et al (2013):
A análise SWOT é uma das práticas mais comuns voltadas para o pensamento estratégico das empresas e é uma ferramenta essencial para uma organização, pois é através dela que a empresa consegue ter uma visão clara e objetiva sobre quais são suas forças e fraquezas no ambiente interno e suas oportunidades e ameaças no ambiente externo, oferecendo oportunidades aos gestores de elaborar estratégias para obter vantagem competitiva e melhor o desempenho organizacional”.
As forças (os pontos fortes da empresa) podem ser consideradas como variáveis internas e controláveis capazes de influenciar positivamente o crescimento da empresa e devem ser amplamente explorados pela organização. Já as fraquezas são características que inibem o crescimento da organização, assim, o conhecimento de tais características pode auxiliar na sua correção e superação através de planejamento estratégico organizacional. As oportunidades
[...] são situações externas que podem contribuir para a concretização dos objetivos estratégicos, que fogem ao controle da organização e podem criar as condições favoráveis, desde que a mesma tenha condições ou interesse de utilizá-las. (SILVEIRA, 2013)
Por fim, as ameaças são as situações que, de alguma forma, podem influenciar negativamente no desempenho da organização e devemser analisadas criteriosamente para auxiliar no planejamento estratégico.
De acordo com Hartline (2009), os principais fatores externos que influenciam as oportunidades e as ameaças estão relacionados principalmente aos fatores de consumo, econômicos, políticos e legislativos, tecnológicos e/ou socioculturais.
Na Prática
As Ferramentas Ambientais e o Mundo Corporativo
Como vimos ao longo de nossa aula, o meio corporativo, em face do novo contexto mundial voltado à sustentabilidade do planeta, necessita se adequar a essa situação. Para isso, múltiplas ferramentas foram desenvolvidas para que haja a minimização dos impactos ambientais causados pelas empresas, comprometendo o mínimo possível a sustentabilidade econômica da mesma.
Uma das ferramentas estudadas ao longo de nossa aula foi a Matriz SWOT ou Análise SWOT, que fornece importantes informações acerca de algumas características de uma organização. 
Que tal elaborarmos uma Análise SWOT sobre sua vida profissional? A melhor forma de treinarmos isso é utilizando nós mesmos como exemplo. Com esse tipo de análise, além de treinar a aplicabilidade de uma matriz SWOT, você aprenderá um pouco mais sobre seus potenciais e sobre suas fraquezas. 
Para fazer sua matriz, aí vão algumas dicas. 
a) Sobre a sua personalidade: verifique quais pontos são potencialmente favoráveis ao seu sucesso e quais não são tão favoráveis. 
b) Quais pecados capitais você acredita que tem em sua personalidade? Ainda, pergunte a uma pessoa próxima sobre suas potencialidades, ou seja, quais as características positivas que você possui. 
c) Busque exemplos desse tipo de matriz na internet a fim de angariar mais informações. 
d) Ao final é de extrema importância que você estabeleça metas de melhoria tanto dos pontos fortes quanto dos fracos. 
Mãos à obra! 
Protocolo de Resolução da situação proposta: 
1. Em uma folha de papel, separe quatro partes nas quais você escreverá sobre os conteúdos de uma matriz SWOT (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças). 
2. Sua matriz SWOT será baseada em perguntas e respostas do tipo: 
 Pontos Fortes: sobre o que as pessoas mais te elogiam? Quais os seus maiores valores pessoais (personalidade)? Que tipo de experiência só você possui em relação aos outros? 
 Pontos Fracos: quais são seus maiores medos? Você se sente um bom profissional ou precisa se qualificar mais? O que mais te incomoda na sua atuação profissional? Qual característica mais te atrapalha no seu dia a dia? Você tem vícios (fumar, chegar atrasado...)? Quais podem atrapalhar seu trabalho? 
 Oportunidades: você atua em uma área de franca expansão? 
Frequenta congressos, seminários, workshops? Você está antenado com as tendências da sua profissão? Faz algum tipo de educação continuada (pós-graduação, mestrado, doutorado)? Possui um bom network para contatos profissionais? Utiliza as redes sociais para divulgar seu trabalho? 
 Ameaças: como você utiliza a tecnologia a seu favor? Sua profissão é terceirizada ou efetiva? Há grande mobilidade de mão de obra onde você trabalha? Qual o percentual de ameaça dos seus pontos fracos em relação ao seu trabalho? Quais são os maiores obstáculos no seu trabalho? 
3. Atenção: você deve ser o mais honesto possível nas respostas. Lembre-se de contar com alguém que pode confirmar suas respostas. Não se irrite ou fique triste como que pode ouvir. As deficiências são feitas para serem superadas! 
4. O cenário onde você está inserido é muito importante. Por exemplo: você fala muito bem inglês (isso é uma excelente vantagem), no entanto, todos que trabalham com você são fluentes nesse idioma... assim, essa vantagem passa a ser uma necessidade! 
AULA 4: TRAGÉDIA DOS COMUNS GARRETT HARDIN
Tema 1: O que são Sistemas de Gestão?
Primeiramente, precisamos saber o que vem a ser um Sistema de Gestão. Você saberia explicar?
Os Sistemas de Gestão são construídos para atender à necessidade de controlar um conjunto de variáveis importantes para o desempenho de uma instituição, e esse controle é feito por intermédio de normas, funções e procedimentos elaborados para disciplinar os elementos de uma empresa.
Dessa forma, fazer gestão é eliminar o quanto possível e necessário a subjetividade das ações e das rotinas, para que se obtenha uma padronização que possibilite o controle e a previsão dos resultados.
Para tanto, quando iniciamos a implantação de um Sistema de Gestão qualquer, faz-se necessária a construção de processos, pois estes são o elemento-base de qualquer sistema.
Lembre-se de que processos são compostos por conjuntos de ações orientadas para a obtenção de determinados resultados. Por consequência, um sistema será um conjunto de processos que são estabelecidos com um propósito em comum para alcançar objetivos previamente estabelecidos.
Agora podemos dizer que Sistema de Gestão é, portanto, um conjunto de atividades encadeadas para a promoção de ações transformadoras de uma entrada em uma saída, com um propósito em comum, formando um processo que, pela união de outros, gerará um sistema.
Quando identificamos ou construímos esses elementos para um propósito específico, estamos realizando gestão pela construção de sistemas. São inúmeros os objetivos para os quais podemos construir sistemas, por
exemplo:
 Gerenciar riscos à saúde ocupacional;
 Gerenciar aspectos e impactos ambientais;
 Com os objetivos relacionados à satisfação do cliente;
 Gerenciar ações de responsabilidade social.
Para todos esses objetivos, temos sistemas e normas diferentes como, por exemplo:
 Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), com a Norma ISO 9001;
 Sistema de Gestão Ambiental (SGA), com a Norma ISO 14001;
 Saúde e Segurança Ocupacional (SSO), com a Norma OHSAS 18001;
 Sistema de Gestão de Responsabilidade Social (SGRS), com a Norma AS 8000 e a ISO 26000.
Quanto à construção de sistemas, alguns itens devem ser bem esclarecidos. Por exemplo, quando devo descrever algo como atividade ou como processo? Nesse caso, a dica é a seguinte: identifique primeiramente o grau de importância desse item em questão.
Vamos imaginar a seguinte situação: a limpeza de uma sala, você descreveria como uma atividade ou como um processo? A resposta mais adequada seria... depende. Estamos fazendo referência a uma sala de aula que teria sérias complicações se a limpeza, agendada para as 14h30min. De hoje, fosse transferida para o dia seguinte? Ou seja, as consequências disso seriam graves?
Agora façamos a mesma análise, porém para a limpeza de uma sala de cirurgia de emergência. Você acha que haveria consequências graves se a limpeza fosse deixada para o dia seguinte?
Para essa questão, devemos considerar a importância de determinada atividade e o quanto ela é crítica para o sucesso do sistema. Em situações com as quais quaisquer desvios possíveis seriam, na sua maioria, rapidamente resolvidos pelo sistema, não se justificaria um alto nível de detalhamento e poderíamos perfeitamente considerá-la como atividade. Entretanto, toda vez que se tratar de algo que mereça um controle maior, deve-se identificar e descrever todas as atividades subsequentes dessa ação e, por consequência, teremos um processo.
Percebam que não existe uma regra que defina que determinada ação deva sempre aparecer no sistema como atividade ou como processo, cabe ao gestor decidir qual grau de controle deve ser atribuído a ela. Contudo, é importante lembrarmos que quanto mais controle, mais caro se torna o sistema e só se justifica se a atividade comercial da empresa for compatível com esses níveis.
	Texto de leitura obrigatória:
Para aprofundar os estudos sobre os Sistemas de Gestão, recomendamos a leitura da obra “Modelos de Gestão: das Teorias da Administração à Gestão Estratégica”, de Elizenda Orlickas. Este livro aponta conceitos ligados às teorias administrativas e organizacionais e aos modelos de gestão sob uma ótica moderna e atualizada. A obra está disponível na sua Biblioteca Virtual.
Tema 2: International Organization for Standardization (ISO)A ISO (International Organization for Standardization) é uma organização de membros não governamental independente e a maior desenvolvedora mundial de normas internacionais voluntárias. Participam dessa organização 163 países, que são os organismos nacionais de normalização ao redor do mundo, com uma Secretaria Central, que tem sede em Genebra, Suíça.
Os comitês, Technical Commite (TC), são compostos por representantes de diversas áreas: industrial, pesquisa, autoridades governamentais, representantes de grupos de consumidores e organizações internacionais, e
têm como tarefa a discussão e a produção de normas. Cada comitê é responsável por criar uma série de normas, em determinadas áreas, como mencionado anteriormente.
Na área ambiental, verifica-se que a ISO já tem produções anteriores, como a ISO 14000, porém, com normas avulsas, como a “Qualidade do Ar pelo TC-147”, a “Qualidade da Água” e a “Qualidade do Solo pelo TC-190”. Foi com a criação do comitê TC-207 que se efetivou o seu posicionamento diante do meio ambiente.
Os estudos na área ambiental iniciaram pelo Strategic Advisory Group on the Environmental (Sage), tendo como referência básica os princípios relativos à qualidade (série ISO 9000), nos quais foram levantados Sistemas de
Gestão Ambiental, já existentes em alguns países, abrangendo os seguintes temas:
 Avaliação de performance ambiental;
 Rotulagem ambiental;
 Auditoria ambiental;
 Análise de ciclo de vida;
 Aspectos ambientais e normas de produtos.
Para esse posicionamento, é importante relembrar a influência da ECO-92, conferência em que surgiu a proposta, juntamente com a ISO, da criação de um grupo a fim de promover estudos para o processo de elaboração
de normas de gestão ambiental. O Brasil é representado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com o Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental (CB-38), que é correspondente ao TC-207 da ISO. Este, criado em 1993, é o comitê técnico responsável pela elaboração das normas de caráter internacional, da série ISO 14000, que tem o propósito de estabelecer normas para o sistema de gestão ambiental.
Durante a criação das normas, vários documentos são elaborados e submetidos à aprovação da ISO, sendo esse processo composto por três fases principais:
 A primeira fase compreende a necessidade requerida, geralmente, pelo setor industrial de uma normatização internacional relativa à padronização. Por exemplo, a padronização de alguns produtos, processos e transações internacionais, como a necessidade de estabelecimento de padrões ambientais de selos e rótulos, entre outros.
 Já na segunda fase, ocorre a elaboração de um padrão (standard), após acordos iniciais, que traz os detalhes das características relativas a eles e busca o estabelecimento de um consenso entre as partes, sendo uma fase crítica, na qual os interesses são postos em questão.
 A terceira fase é quando ocorre a aprovação dos padrões resultantes dos rascunhos (draft), entre o consenso mínimo de dois terços dos membros, com a participação ativa no processo de desenvolvimento de padrões, e mais 75% de todos os membros. Após essa etapa, ocorrerá a sua aprovação definitiva, com a devida publicação, como uma norma da ISO.
São três os princípios que fundamentam a produção das normas ISO:
 O princípio do consenso;
 O princípio da abrangência internacional;
 O princípio da voluntariedade.
O último se fundamenta pela não obrigatoriedade da adoção das normas pelas empresas, ou seja, a aceitação dos critérios tem que partir de um interesse na adoção de determinada norma pelas empresas ou entidades;
esse tem como fundamento primordial a busca da ampla aplicação para os setores estudados, propondo soluções e uma aplicabilidade global; e aquele se expressa a partir da obrigatoriedade teórica de levar em consideração o interesse de todos, buscando um denominador comum.
Tema 3: Série ISO 14000 (Sistemas de Gestão Ambiental)
As normas dessa série estabelecem padrões para a implantação de um Sistema de Gestão ambiental nas organizações que, segundo a NBR ISSO 14001:2015, visam:
 Estabelecer, implementar, manter e aprimorar um sistema de gestão ambiental;
 Assegurar a conformidade com sua política ambiental definida;
 Buscar conformidade com a norma.
É importante ressaltar que a norma não estabelecerá critérios ou técnicas específicos de desempenho e sim procedimentos e padrões que têm como objetivo facilitar a avaliação do sistema. Assim, a série ISO 14000,
desenvolvida para o gerenciamento, tem como objetivo fornecer padrões e normas elaboradas pela International Organization for Standardization, com o intuito de promover melhor desempenho ambiental para a empresa.
A ISO 14001 é a norma internacional pertencente à Série de Normas ISO 14000, que trata especificamente da implantação de um sistema de gestão ambiental, sendo a única da série que é certificável; elaborada e publicada no
ano de 1996. Mais tarde, no ano de 2004, foi revisada e publicada a nova versão que, em português, foi traduzida pela ABNT como NBR ISSO 14001:2004. Atualmente, a norma passou por uma revisão para atualizar seus quesitos. O lançamento aconteceu em 2015.
De acordo com a FIESP1, as principais mudanças da versão atual (2015) em relação à anterior (2004) foram:
 O entendimento do contexto da organização, as necessidades e as expectativas das partes interessadas;
 A consideração de uma perspectiva de ciclo de vida;
 A ênfase em uma abordagem de riscos;
 A liderança como papel central para o alcance dos objetivos do sistema de gestão;
 O destaque para o fortalecimento do desempenho ambiental da organização, por meio da melhoria contínua do Sistema de Gestão Ambiental.
A principal motivação das organizações em implantar essa norma devesse à crescente preocupação por parte das empresas em demonstrar seu desempenho ambiental e uma conduta correta.
As contribuições atribuídas a essa norma estão na disponibilização e especificação dos passos essenciais ou nos requisitos necessários a um SGA, que se aplicam perfeitamente a diferentes tamanhos e localizações geográficas, culturais e sociais das mais diversas organizações.
Sintetizando, a ISO 14001:2015 é aplicável a todas as organizações que demonstrarem interesse para:
 Implementar, manter e aprimorar um Sistema de Gestão Ambiental (SGA);
 Assegurar-se da conformidade com a política ambiental, os objetivos e as metas ambientais que estabeleceu, e comprovar a melhoria contínua do desempenho ambiental;
 Utilizar-se de um parâmetro internacional para demonstrar conformidade ambiental em caso de realizar autoavaliação ou autodeclaração;
 Buscar o reconhecimento das partes interessadas, tais como clientes, ou seja, o reconhecimento de uma “segunda parte”;
 Buscar confirmação de sua autodeclaração por meio de uma organização externa, uma “terceira parte”, sem obter uma certificação;
 Buscar, por meio de uma organização externa, uma “terceira parte”, a “certificação” ou o “registro”, oficial e internacional de seu Sistema de Gestão Ambiental (FIESP, 2015).
Segundo a ISO 14001, o que é Sistema de Gestão Ambiental (SGA)?
Há cerca de uma década, muitas organizações, que elaboravam uma política ambiental e tinham objetivos e metas ambientais a ser perseguidos, costumavam fazer “análises” ou “auditorias” ambientais para avaliar seu
desempenho ambiental, ou seja, se os objetivos e as metas ambientais estavam sendo alcançados.
Porém, isso não foi considerado suficiente para garantir que o desempenho ambiental atendesse, de forma contínua, os objetivos e as metas ambientais, fundamentados na política ambiental e, consequentemente, no
atendimento a requisitos legais e outros requisitos, com os quais as organizações estivessem comprometidas (FIESP, 2015).
Tema 4: A Gestão Integrada
Podemos conceituar o Sistema de Gestão Integrada (SGI) — também denominado Enterprise Resource Planning (ERP) — como uma combinação de processos, procedimentos e práticas relacionados à questão de meio ambiente, qualidade,

Outros materiais