Buscar

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO

Prévia do material em texto

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO
Fontes do Direito Internacional Público
UNIDADE I
ROL DAS FONTES DO DIP
O rol das fontes do DIP encontra-se relacionado no Estatuto da Corte Internacional de Justiça (também denominada de Corte de Haia), em seu artigo 38:
- Artigo 38 - A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: 
a. As convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;
b. o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito; 
c. os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;
d. sob ressalva da disposição do Artigo 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.
A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão ex aequo et bono, se as partes com isto concordarem. 
ROL DAS FONTES DO DIP
Trata-se, portanto, de uma disposição que prevê quais critérios normativos devem ser utilizados pelo Corte Internacional de Justiça ao resolver os conflitos judiciais entre os Estados.
Dividem-se em:
Fontes formais primárias – Tratados Internacionais, Costumes, e Princípios Gerais do Direito; 
Meios auxiliares – Jurisprudência, Doutrina, Equidade.
* Não existe hierarquia entre as fontes;
Outras fontes não relacionadas no ECIJ: atos unilaterais, decisões das Organizações Internacionais, normas de jus cogens e a soft law.
TRATADOS
“Tratado” significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica (Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados de 1969)
COSTUME
O costume internacional pode ser conceituado como “uma prática geral, aceita como sendo direito”.
Geral significa difundida e não unânime. Pode ser regional ou particular.
O costume, mesmo positivado em um tratado, continua a existir para aqueles Estados que desse tratado não são partes ou, ainda, para aqueles Estados que se retiraram desse mesmo instrumento pela denúncia unilateral. 
Exige-se a prova do costume: a parte que alega a existência do costume deve comprovar sua existência;
COSTUME
O costume possui dois elementos:
Elemento material – prática (repetição, reiterada ao longo do tempo). Pode ser também uma omissão ou abstenção. Não existe uma delimitação objetiva do tempo em que a prática deve ser reiterada, devendo ser observada caso a caso. O que se diz é que deve haver um lapso temporal e espacial hábil a fazê-lo efetivo;
Elemento Subjetivo “opinio juris” – aceitação (convicção de que esta prática é normativamente justa e necessária para convivência pacífica na sociedade internacional); 
COSTUME
Teoria do Objetor Persistente:
Se um estado comprovar que se opôs (ofereceu objecção) de forma persistente ao costume internacional desde a adoção do costume, deixaria de estar obrigado a cumprir o referido costume. 
Esta teoria não é bem aceita pela maior parte da doutrina pois apoia-se em uma fundamentação extremamente voluntarista, levando em consideração somente a vontade dos Estados;
COSTUME
Exemplos de Costumes Internacionais:
Asilo Político;
Proibição da escravidão;
Proibição do Racismo;
Proibição da Xenofobia;
Proibição da Tortura;
Proibição da prática de Crimes contra a humanidade (Tribunal de Nuremberg);
Medidas Cautelares da Comissão Interamericana de DH. 
COSTUME
Não existindo hierarquia entre as fontes do DIP, um costume só pode ser extinto ou revogado:
Por um tratado posterior contrário ao costume (contanto que o costume não seja norma de jus cogens);
Quando o costume deixa de ser aplicado;
Por um novo costume;
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
Princípios reconhecidos pelos Estados membros da sociedade internacional:
São princípios gerais do direito (dentre outros):
Devido processo legal;
Boa-fé;
Proibição de locupletar-se da sua própria torpeza;
Responsabilização por danos causados – justa indenização;
Autodeterminação dos povos;
O respeito a coisa julgada e o direito adquirido;
Proibição do uso da força, exceto nos casos de legítima defesa;
In dubio pro mísero...
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
Ao se questionar se uma norma corresponde de fato a um princípio geral de Direito, deve-se averiguar se este princípio encontra-se difundido nos ordenamentos jurídicos internos dos diversos Estados que compõem a Sociedade Internacional.
Esses princípios surgem nos âmbitos internos dos Estados e alçam o status normativo na ordem jurídica internacional. Mas, existem também princípios próprios do Direito Internacional., os quais nascem das relações jurídicas entre os seus sujeitos.
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
Não intervenção;
Não ingerência em assuntos particulares;
Obrigação de cooperação entre os estados;
Primazia dos tratados sobre as leis internas;
Prévio esgotamento dos recursos internos;
Solução pacífica das controversas;
Proibição do uso da força ou ameaça;
Igualdade soberana entre os Estados;
Direito de passagem inocente;
Respeito universal aos direitos humaos;
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
Observar o artigo 4ª da Constituição Federal de 1988, o qual disciplina os princípios gerais do direito reconhecidos pelo Brasil em suas relações internacionais:
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
II - prevalência dos direitos humanos;
III - autodeterminação dos povos;
IV - não-intervenção;
V - igualdade entre os Estados;
VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X - concessão de asilo político.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
JURISPRUDÊNCIA
As decisões judiciárias são consideradas instrumentos de interpretação e compreensão do Direito Internacional;
Nesse sentido são consideradas as decisões judiciais de todos os tribunais internacionais 
Corte Internacional de Justiça;
Corte Interamericana de Direitos Humanos; 
Corte Europeia de Direitos Humanos;
Tribunal Africano de Direitos Humanos e dos Povos; 
Tribunal Penal Internacional;
Tribunal Internacional do Direito do Mar.
JURISPRUDÊNCIA
Observar a ressalva prescrita no artigo 59 da Corte Internacional de Justiça, referente às suas próprias decisões.
Art. 59 do ECIJ – “A decisão da Corte só será obrigatória para as partes litigantes e a respeito do caso em questão”.
Consagra o princípio da coisa julgada e afasta a obrigatoriedade da adoção de um sistema de precedentes.
DOUTRINA
Além dos grandes autores (p. ex. Ian Brownlie, Antônio Augusto Cançado Trindade, Antonio Cassese, Malcolm Shaw, etc...), incluem-se dentro da doutrina as obras e estudos publicados pelas associações internacionais independentes, ONG´s, e pelas Organizações Internacionais, tais como estudos preparatórios para a celebração de tratados internacionais ou sobre a interpretação das normas internacionais.
EQUIDADE
Instrumento utilizado para a solução de lacunas na ordem jurídica internacional. Trata-se de um mecanismo de integração do Direito Internacional.
“(...) a equidade nada mais é do que a aplicação a um caso concreto das ideias e princípios de justiça, a fim de preencher as lacunas das normas vigentes. Daí ser também chamada de justiça do caso concreto, uma vez que resolve o caso por meio da aplicação de critérios criados pelo próprio aplicador ‘num ajustamento da pauta de decisão às características de cada situação em análise’” (MAZZUOLI, Valério de Oliveira).
ATOS UNILATERAIS
Atos decorrentes da vontade unilateral de um Estado,mas que por consequência de sua natureza acaba gerando obrigações ou direitos perante os outros membros da sociedade internacional:
Condições de validade:
Ser emanado por Estado soberano;
Conteúdo compatível com as normas e costumes do DIP;
Ter como intenção criar um direito ou obrigação para si e para terceiros no âmbito da sociedade internacional;
ATOS UNILATERAIS
O ato unilateral pode ser tácito (silêncio, abstenção) ou expresso (protesto, notificação, renúncia, reconhecimento, promessa, etc...). Os atos unilaterais expressos podem ainda ser escritos (decretos, portarias, notas diplomáticas, etc...), ou orais (manifestação em eventos internacionais, em pronunciamentos oficiais, etc...)
Ex.: Leis e Decretos no âmbito do direito interno que determinam a extensão do mar territorial do Estado, a criação de uma zona econômica, o regime dos portos, o direito de passagem e a franquia das aguas nacionais para a navegação estrangeira;
DECISÕES DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
São normas produzidas no âmbito interno das Organizações Internacionais, mas que não são tomadas necessariamente por meio do voto dos Estados membros, ou por sua deliberação.
Tratam-se muitas vezes de diretrizes estabelecidas internamente, com caráter procedimental, e que obrigam os Estados integrantes a adotar certas medidas;
Decisões que são tomadas por maioria, mas obrigam todos os membros da Organização;
Resoluções, Recomendações, Diretrizes, Declarações, etc...
Ex.: Declaração Universal dos Direitos Humanos;
Direito dos Tratados
ASPECTOS GERAIS
Historicamente, o Direito dos Tratados era expressão do direito costumeiro internacional, baseando-se nos princípios do pacta sunt servanda e da boa-fé.
Atualmente, existe um tratado específico que versa sobre Direito dos Tratados, denominado de “Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969”. 
TRATADO
Conceito:
Art. 1º, “a”, da CV/69;
“Logo, tratado é todo acordo formal concluído entre pessoas jurídicas de direito internacional público destinado a produzir efeitos jurídicos” (REZECK, Francisco).
Necessidade de formalização: o tratado deve ser celebrado por escrito (art. 1º, “a” da CV/69);
- Art. 102 da Carta das Nações Unidas c/c art. 80 da CV/69
CLASSIFICAÇÃO
Quanto ao número de partes: Bilateral ou Multilateral;
Quanto ao procedimento: simplificado ou em sentido estrito;
Quanto a natureza: contratual ou normativo;
Quanto a execução no tempo: estático (situação jurídica definitiva e objetiva) ou dinâmico (situação jurídica dinâmica, com prazo definido ou sob evento certo);
Quanto a execução no espaço: alcance interno ou externo.
TERMINOLOGIAS
Art. 2º, “a”, da CV/86;
Concordata: tratado bilateral em que uma das partes é a Santa Sé, cujo objeto seja a organização de um culto religioso, disciplina eclesiástica, missões apostólicas, relações religiosas entre a Igreja Católica local e o Estado ocupante.
Acordo por troca de notas diplomáticas: as notas diplomáticas são geralmente utilizadas para assuntos de natureza administrativa, ou com o intuito de expressar alterações em tratados vigentes ou sobre como a parte notificante interpretará determinada disposição do tratado.
TERMINOLOGIAS
Acordo Executivo: acordos concluídos pelo Poder Executivo, que não necessitam do consentimento do Poder Legislativo. Não necessitam de ratificação, por isso também são conhecidos como acordos simplificados. Art. 49, I, da CF/88. Ex.: acordo executivo como expressão de diplomacia ordinária.
Protocolo: Acordos que estão vinculados a tratados. Instrumentos secundários que complementam o conteúdo de um tratado.
Carta: geralmente servem para denominar o ato constitutivo de organização intergovernamental;
Acordo de cavalheiros (Gentlemen´s agreement): acordo com disposições morais (sof law).
Condições de Validade
Capacidade;
Habilitação;
Consentimento mútuo;
Objeto lícito e possível;
COMPETÊNCIA
Capacidade para celebrar: 
- Sujeitos de direito internacional (Estados Soberanos, Organizações Internacionais, Santa Sé, beligerantes, insurgentes).
Habilitação para celebrar – “treaty making power” (Art. 7º, da CV/69):
Chefes de Estado e de Governo;
Ministro das Relações Exteriores;
Plenipotenciário (Art. 2º, c, da CV/69);
Missões diplomáticas (embaixador – tratados bilaterais)
Delegações nacionais (chefe da delegação);
CONSENTIMENTO
Vícios de consentimento:
Consentimento expresso em violação ao direito interno: art. 46 da CV/69;
Erro: art. 48 da CV/69;
Dolo: art. 49 da CV/69;
Corrupção: art. 50 da CV/69;
Coação: arts. 51 e 52 da CV/69;
GÊNESE
Negociação: Coletiva ou Bilateral (troca de notas diplomáticas ou conferência diplomática internacional);
Adoção: Artigo 9º, § 1º, CV/69
Quando há o consenso (bilateral);
Quando se tratar de conferência internacional – maioria de 2/3 ou outra regra diversa aprovada pelo mesmo quórum;
O estado que votou a favor da adoção, não está obrigado a assinar ou a ratificar o tratado.
GÊNESE
Autenticação Art. 10 da CV/69
Versões autênticas de um tratado serão as únicas em cuja base o tratado poderá ser aplicado e interpretado (Art. 33 da CV/69). Já as versões oficiais são traduções que servem apenas para o consumo interno dos Estados. Não há, por exemplo, versão autêntica da Carta da ONU em português, apenas versão oficial.
A ONU utiliza seis línguas oficiais: árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo.
Os idiomas oficiais da OEA são: espanhol, inglês, francês e português.
O estado que se manifestar a favor da autenticação do texto de um tratado não está obrigado a assinar ou ratificar o tratado.
GÊNESE
Meios de manifestar o consentimento e se obrigar perante um tratado:
Assinatura;
Troca dos instrumentos constitutivos do tratado (Art. 13 da CV/69);
Ratificação, aceitação, aprovação (art. 2º, §1 º, “b”, da CV/69; 
Adesão.
GÊNESE
Assinatura:
Art. 12 da CV/69 – assinatura suficiente para obrigar um Estado (ou assinatura ad referendum);
Dependendo do rito de aprovação do tratado, a assinatura pode manifestar o consentimento definitivo do Estado em se obrigar (art. 12) ou apenas anunciar a vontade de um Estado de, no futuro, manifestar sua vontade definitiva por meio da ratificação.
Art. 18 da CV/69 – entre a assinatura e a ratificação de um tratado, o Estado não está obrigado (obrigação positiva) a cumpri-lo, mas não poderá frustrar os objetivos do tratado (obrigação negativa);
GÊNESE
Ratificação (art. 2º, § 1º, alínea “b” da CV/69):
Manifestação da vontade definitiva de um Estado em se obrigar, após a aprovação do tratado no âmbito interno do País;
Competência: Artigo 84, VIII c/c Art. 49, I da CF/88 (treaty making power);
Discricionariedade: do Presidente da República;
Irretratabilidade: uma vez ratificado, não poderá voltar atrás, mesmo que o tratado ainda não esteja vigente (pacta sunt servanda). Exceção – rebus sic stantibus (art. 62 da VC/69);
Depósito ou troca de instrumentos (art. 16 da CV/69);
Entrada em vigor (no plano internacional):
Após sua entrada em vigor, os tratados serão remetidos ao Secretariado das Nações Unidas para fins de registro ou de classificação e catalogação, conforme o caso, bem como de publicação (art. 102 da Carta das Nações Unidas c/c art. 80 da CV/69)
A partir deste momento, os Estados estão obrigados pelo tratado. Não é possível retirar a ratificação de um tratado que ainda não entrou em vigor, a não ser que:
haja cláusula de denúncia do tratado;
um direito de denúncia ou retirada possa ser deduzido da natureza do tratado (art. 56, § 1º, “b”);
se a demora para a entrada em vigor de um tratado for injustificável (doutrina); ou
se houver uma mudança fundamental de circunstâncias, nos termos do art. 62 (rebus sic stantibus)
ADESÃO
Assim como a ratificação, a adesão é uma forma de expressão definitiva do consentimento de um Estado em se obrigar num tratado (Art. 11 da CV/69);
Adesão se opera para um Estado que não participou das fases de negociação, adoção e assinatura de um tratado, mas mesmo assim deseja fazer parte;
O tratado deve estar aberto apossibilidade de adesão (Art. 15 da CV/69);
CONSENTIMENTO PARCIAL
Alguns tratados permitem o consentimento parcial, ou seja, somente sobre parte do instrumento internacional;
Nesses casos, o Estado deve apontar objetivamente quais partes do tratado consente.
Art. 17 da CV/69;
RESERVAS
Art. 2º, §1º, “d”, da CV/69 – “uma declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação ou denominação, feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a esse Estado”
Incide sobre tratados multilaterais;
Artigo 19 da CV/69 – A reserva é permitida desde que:
Não sejam proibidas pelo próprio tratado;
Não se trate de matéria com reserva vedada;
Reserva incompatível com a finalidade do tratado;
RESERVAS
O Brasil possui reservas aos artigos 25 e 66 da CV/69;
Aplicação provisória;
Processo de Solução Judicial, de Arbitragem e de Conciliação relativo à Nulidade, Extinção, Retirada ou Suspensão da Execução de um Tratado;
Declarações Interpretativas – não se destinam a modificar o efeito jurídico das disposições de um tratado, mas estabelecem uma interpretação do tratado consistente com o Direito interno do Estado que formulou a declaração interpretativa
EMENDAS
Permite-se as emendas, contato que o tratado não estabeleça o contrário (Art. 40 da CV/69);
Qualquer estado parte pode propor emendas, devendo os demais serem notificados e convidados a negociar e consentir com o texto da emenda;
Se o tratado for aberto para adesão, a emenda também será;
Os Estados, que já são parte, ou que passam a ser parte do tratado após a sua vigência, poderão optar em fazer parte ou não da emenda;
EFEITO SOBRE TERCEIROS
A regra geral é de que os tratados não geram obrigações para terceiros (Art. 34 da CV/69);
Exceções:
Quando o tratado dispuser que gerará obrigação para terceiro, e este terceiro aceitar – por escrito (Art. 35 da CV/69);
Se o terceiro consentir com aquela obrigação, entendido o consentimento como a simples inércia em manifestar o contrário (Art. 36 da CV/69);
Os efeitos perante terceiros, podem ser também: difusos ou aparentes;
EXTINÇÃO DO TRATADO
Vontade comum das partes (Art. 54, da CV/69):
Tratados com prazo pré-determinado;
Decisão unânime de todos os Estados parte;
Vontade unilateral (Art. 56 da CV/69):
Denuncia ou retirada – se o tratado não prever a possibilidade de denuncia ou retirada, ela somente poderá ocorrer em três situações: (i) as partes acordem essa possibilidade; (ii) o direito de denuncia ou retirada, possa ser deduzido da própria natureza do tratado;
Obs.: A não ser que o tratado disponha diversamente, um tratado multilateral não se extingue por um único ato de renuncia, pelo simples fato de que o número de partes ficou aquém do número necessário para sua entrada em vigor. 
EXTINÇÃO DO TRATADO
Art. 62 – Rebus sic stantibus – mudanças circunstanciais:
Quando a mudança for sobre uma condição essencial do consentimento das partes; 
Quando houver uma mudança fundamental de circunstâncias, sob as quais se estabeleceu o tratado;
Obs.: O rompimento de relações diplomáticas ou consulares entre partes em um tratado não afetará as relações jurídicas estabelecidas entre elas pelo tratado, salvo na medida em que a existência de relações diplomáticas ou consulares for indispensável à aplicação do tratado.
INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS AO DIREITO INTERNO BRASILEIRO
Fases de formação de um tratado
Convenção de Viena (Decreto Legislativo nº 496, de 17 de julho de 2009):
- Negociação;
- Adoção;
- Assinatura;
- Ratificação;
- Depósito;
- Entrada em vigor (no âmbito internacional);
TREATY MAKING POWER
Art. 84, VIII, da CF/88: Compete privativamente ao presidente da República celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.
Obs.: A competência é extensível ao ministro das Relações Exteriores e pode ainda ser delegada por meio da carta de plenos poderes.
Art. 49, I da CF/88: É da competência exclusiva do Congresso Nacional resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
Processo de aprovação de um tratado no âmbito interno brasileiro
Se dá prioritariamente por meio de sua aprovação através de Decreto Legislativo, o qual tem o efeito de autorizar o seu depósito pelo executivo no órgão internacional respectivo;
Se o Legislativo não aprova o tratado, o Executivo está proibido de ratificá-lo.
Se o Legislativo aprova um tratado com ressalvas, o Executivo deverá ratificar o tratado com reservas.
Como o depósito é realizado pelo Executivo, mesmo após a aprovação do tratado pelo Legislativo, aquele poderá optar por não ratificá-lo.
Vigência no âmbito interno
Apenas com a aprovação do Decreto Legislativo e o consequente depósito (ratificação)?
OU
Há necessidade de Promulgação pelo Presidente da República (por Decreto) para entrada em vigor no âmbito interno?
Há controvérsias acerca da necessidade de Promulgação do tratado pelo Presidente da República, mediante Decreto Presidencial, para a vigência no âmbito interno.
O STF já manifestou o entendimento pela imprescindibilidade dessa Promulgação por Decreto Presidencial, para o pleno vigor do tratado no âmbito interno. (ADI - 1480 DF:
“O exame da vigente Constituição Federal permite constatar que a execução dos tratados internacionais e a sua incorporação à ordem jurídica interna decorrem, no sistema adotado pelo Brasil, de um ato subjetivamente complexo, resultante da conjugação de duas vontades homogêneas: a do Congresso Nacional, que resolve, definitivamente, mediante decreto legislativo, sobre tratados, acordos ou atos internacionais (CF, art. 49, I) e a do Presidente da República, que, além de poder celebrar esses atos de direito internacional (CF, art. 84, VIII), também dispõe - enquanto Chefe de Estado que é - da competência para promulgá-los mediante decreto. O iter procedimental de incorporação dos tratados internacionais - superadas as fases prévias da celebração da convenção internacional, de sua aprovação congressional e da ratificação pelo Chefe de Estado - conclui-se com a expedição, pelo Presidente da República, de decreto, de cuja edição derivam três efeitos básicos que lhe são inerentes: (a) a promulgação do tratado internacional; (b) a publicação oficial de seu texto; e (c) a executoriedade do ato internacional, que passa, então, e somente então, a vincular e a obrigar no plano do direito positivo interno”.
Iter procedimental complexo: para que um tratado entre em vigor no Brasil, é necessário:
1- aprovação parlamentar, por decreto legislativo;
2- ratificação;
3- promulgação e publicação de decreto executivo;
(a) a promulgação do tratado internacional
(b) a publicação oficial de seu texto; 
(c) a executoriedade do ato internacional, que passa, então, e somente então, a vincular e a obrigar no plano do direito positivo interno.
Comungam desse mesmo entendimento os juristas Valério de Oliveira Mazzuoli e Luiz Flávio Gomes, que ao se referirem a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, acreditam que sua incorporação ao direito interno brasileiro só se deu por meio do Decreto Presidencial em 2009 (Decreto Executivo 6.949/2009).
Obs.: Assinado em 2007, ratificado em 2008.
Flavia Piovesan e Antônio Augusto Cançado Trindade discordam, e defendem que esta Convenção em questão, já tinha vigência no âmbito interno desde 2008 (Decreto Legislativo nº 186/2008)
Hierarquia dos tratados na legislação brasileira
Em regra, os tratados internacionais tem status normativo perante o sistema jurídico interno brasileiro de lei ordinária (conforme jurisprudência do Supremo Tribunal Federal – RE nº 80.004/77). Obs.: Convenção de Genebra – Lei Uniforme sobre Letras de Câmbio e Notas Promissórias.
Contudo, existem duas exceções a esta regra;
A primeira exceção diz respeito às normas internacionaisde direito tributário. Isso porque, segundo previsão expressa do artigo 98 do Código Tributário Nacional, os tratados internacionais que versem sobre matéria tributária prevalecem sobre as norma tributárias de direito interno, possuindo assim status de lei complementar, tal como o CTN.
“Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.”
A segunda exceção refere-se aos tratados internacionais de direitos humanos, os quais atualmente podem possuir status normativo de Emenda Constitucional, a depender da forma de sua aprovação no Congresso Nacional.
Por previsão do parágrafo 3º do artigo 5º da Constituição Federal de 1988:
Caso o tratado internacional de direitos humanos seja aprovado pelo quórum qualificado de 3/5, em dois turnos, nas duas casas do Congresso Nacional (Câmara e Senado), terá então status de Emenda Constitucional (caso da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – ONU, aprovada em 2008).

Continue navegando