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* I. USINAGEM DOS METAIS 3. Mecanismos de formação do cavaco 3.1. Introdução Cavaco é definido como a porção de material da peça retirada pela ferramenta de corte durante o processo de usinagem, caracterizando-se por apresentar forma irregular. * A formação do cavaco influência os seguintes fatores ligados à usinagem: Desgaste da ferramenta; Os esforços de corte; O calor gerado na usinagem; A penetração do fluido de corte. Estão envolvidos com o processo de formação do cavaco: Aspectos econômicos e de qualidade da peça; A segurança do operador; A utilização adequada da máquina-ferramenta. * * O corte dos metais envolve o cisalhamento concentrado ao longo de um plano chamado plano de cisalhamento. Esse plano faz um ângulo com a direção de corte denominado ângulo de cisalhamento (). Quanto maior a deformação do cavaco sendo formado, menor o ângulo de cisalhamento e maiores são os esforços de corte. * * Em geral, a formação do cavaco nas condições normais de usinagem com ferramentas de aço rápido ou metal duro se processa da seguinte forma: Uma pequena porção do material é recalcada contra a superfície de saída da ferramenta; Esta deformação plástica aumenta progressivamente, até que a tensão de cisalhamento se torne suficientemente grande, de modo a se iniciar um deslizamento entre a porção do material recalcada e a peça; Continuando a penetração da ferramenta na peça, haverá uma ruptura parcial ou completa do cavaco, acompanhando o plano de cisalhamento, dependendo da ductilidade do material e das condições de usinagem; * * Prosseguindo, devido ao movimento relativo entre a ferramenta e a peça, inicia-se um escorregamento da porção do material deformada e cisalhada (cavaco) sobre a superfície de saída da ferramenta. Enquanto isso, uma nova porção do material está se formando e cisalhando, a qual irá também escorregar sobre a superfície de saída do material, repetindo o fenômeno. Concluí-se que o fenômeno de formação do cavaco é periódico. Materiais dúcteis – ? Materiais frágeis - ? * 3.1. Interface cavaco-ferramenta Pesquisadores defendem a teoria de que, na interface cavaco-superfície de saída da ferramenta, existe uma zona de aderência e, logo após está uma zona de escorregamento entre o cavaco e a ferramenta quando da usinagem de vários metais com ferramentas de metal duro e de aço rápido. As condições na interface, de escorregamento ou aderência, dependem do par ferramenta-peça, do tempo de usinagem e da velocidade de corte. * As condições de aderência são favorecidas por altas velocidades de corte, longos tempos de usinagem e pequenas diferenças entre os materiais da ferramenta e da peça. Quanto menor o ângulo de saída () da ferramenta, maior o comprimento de contato cavaco-superfície de saída da ferramenta e, com isso, maior a zona de aderência. E quanto maior a zona de aderência, maiores a temperatura de corte e a força de usinagem. * 3.2. Controle da forma do cavaco Ao observar os cavacos produzidos num torno, verifica-se que os mesmos podem apresentar muitos aspectos distintos, dependendo: das condições de usinagem; geometria da ferramenta; material da peça; fluido de corte, etc. Na produção, prefere-se sempre obter um cavaco que não ofereça perigo para o operador, não obstrua o espaço de trabalho, e que possa ser removido fácil e rapidamente, evitando a transferência do seu calor para a peça ou para a máquina. * Diversos problemas práticos têm relação com a forma do cavaco produzido na usinagem. A forma do cavaco tem implicações sobre: Segurança do operador; Possíveis danos à ferramenta e à peça; Manuseio e armazenamento do cavaco; Forças de corte, temperatura e vida da ferramenta. * 3.2.1. Classificação dos cavacos A classificação dos cavacos em tipos e formas é dentre as diversas classificações, aquela considerada mais didática. Os tipos de cavacos são: Cavaco contínuo – apresenta-se constituído de lamelas justapostas numa disposição contínua. A distinção das lamelas não é nítida. Forma-se na usinagem de materiais dúcteis, onde o ângulo de saída deve assumir valores elevados. * b) Cavaco de cisalhamento - apresenta-se constituído de lamelas justapostas bem distintas. c) Cavaco de ruptura – apresenta-se constituído de fragmentos arrancados da peça usinada. A superfície de contato entre cavaco e superfície de saída da ferramenta é reduzida, assim como a ação do atrito entre as mesmas. O ângulo de saída da ferramenta da ferramenta deve assumir valores baixos, nulos ou negativos. * * As formas do cavaco são: Cavaco em fita; Cavaco helicoidal; Cavaco espiral; Cavaco em lasca ou pedaço. Qual a melhor e a pior forma de cavaco? * 3.2.2. Alteração da forma do cavaco Geometricamente a forma do cavaco é determinada pela combinação de: Curvatura vertical - a melhor maneira de se promover a curvatura vertical é a colocação de um obstáculo no caminho do fluxo do cavaco, o qual é chamado quebra-cavaco, outra forma é a diminuição do ângulo de saída e/ou de inclinação da ferramenta. Curvatura lateral – ocorre quando há um gradiente de velocidade de corte ao longo da aresta de corte, como acontece na furação e no torneamento de peças de pequeno diâmetro com grandes ap. Ângulo de inclinação do cavaco. * * É interessante que se promova a curvatura do cavaco a fim de se conseguir a sua quebra e assim evitar a formação do cavaco em fita. Diversos tipos de quebra de cavaco podem ser observada: O cavaco pode se dobrar verticalmente e se quebrar ao atingir a peça; O cavaco pode se dobrar verticalmente e se enrolar em si mesmo quando toca a peça; O cavaco pode se dobrar verticalmente e lateralmente e se quebrar quando atingir a superfície de folga da ferramenta; O cavaco pode dobrar lateralmente e se quebrar quando atingir a superfície da peça que ainda não foi usinada. * * A quebra do cavaco ocorrerá quando a deformação aplicada ao mesmo for maior ou igual a deformação limite na ruptura (r) do material. Assim, para que a quebra do cavaco ocorrera, a equação abaixo deve ser satisfeita: * Sendo: hD – espessura do cavaco; * hD – distância entre a linha neutra e a superfície do cavaco; R0 – raio de curvatura do cavaco; R1 – menor valor de R0 onde ainda se evita o choque do cavaco com o porta ferramenta ou outro obstáculo. Como é possível facilitar a quebra do cavaco? * * Para facilitar a quebra do cavaco pode-se: a) Diminuir r – aumentando a fragilidade do material através de: Tratamentos térmicos ou de trabalho a frio (encruamento) do material. Composto como o MnS e a presença de Pb em aços de usinabilidade melhorada também tem a função de aumentar a fragilidade do material. b) Aumentar hD – através do aumento de “f” e de r já que hD = f * sen (r). Cavacos de menor espessura são mais flexíveis (dúcteis) e, conseqüentemente, mais difíceis de quebrar * c) Diminuir R0 – através da inclinação de 0 ou s ou da colocação de quebra cavaco. d) Aumentar R1 – limitar o espaço para o fluxo do cavaco. e) Aumentar o coeficiente - este coeficiente é 0,5 para cavacos com seção transversal retangular. Quebra-cavacos como o mostrado abaixo, produz um cavaco com seção transversal curvada, que tem um valor de maior. * O tipo de quebra cavaco mostrado na figura abaixo é útil para quebrar cavacos finos em corte de acabamento. * Influência dos parâmetros de corte e geometria da ferramenta na capacidade de quebra do cavaco: Vc - os cavaco geralmente apresentam boa curvatura natural e, portanto, não costumam apresentar problemas em relação a quebra; Vc - o problema da quebra do cavaco passa a ser muito importante; ap - auxilia o aumento da capacidade de quebra do cavaco; Relação raio de ponta da ferramenta (r) e ap influencia sobre a quebra do cavaco. Quando a relação ap/r o cavaco se dobra lateralmente dificultando a sua quebra. * Quando a relação ap/r além da curvatura lateral haverá também curvatura vertical e o cavaco se dobrará no sentido de encontrar a superfície de folga da ferramenta e lá se quebrar. * As mudanças nas condições de usinagem com o fim específico de se obter uma forma adequada do cavaco, deve ser o tanto quanto possível evitada (são fixadas considerando-se requisitos técnicos e econômicos do processo. Os e negativos, quando exagerados aumentam os esforços de corte, podendo ocasionar vibrações indesejáveis na ferramenta ou mesmo impossibilitar o corte. Assim a forma mais adequada de se obter a quebra do cavaco é a utilização de elementos de forma colocados na superfície de saída da ferramenta, denominados quebra-cavaco. * Os quebra-cavacos podem ser moldados na superfície de saída da ferramenta ou mesmo postiço. * As dimensões do quebra-cavacos estão intimamente relacionadas com a espessura, velocidade de corte e profundidade de usinagem, além do material usinado. Esta dependência diminui a versatilidade do emprego com quebra cavacos moldados na superfície de saída da ferramenta; outra desvantagem do quebra-cavaco moldado é que ele dificulta ou impossibilita a afiação da ferramenta. O quebra-cavaco postiço exige que o operador o coloque na posição correta na superfície de saída da ferramenta (sempre em função de ap e f). Outra desvantagem é que ele se desgasta e precisa ser trocado. No geral os quebra-cavacos moldados levam vantagens e são mais usados. * Assim, existem diversas geometria de pastilhas intercambiáveis com quebra-cavacos moldados na superfície de saída destinado a a quebras o cavaco em uma determinada faixa de condições de usinagem. * Nas operações de usinagem a forma do cavaco é muito instável. As razões para que isso aconteça são: Variação da força agindo no cavaco; Fenômenos transientes no início do corte; Variação da geometria da ferramenta; Não uniformidade do material da peça. * 3.3. Temperatura de corte Toda energia associada à formação do cavaco praticamente se transforma em energia térmica (calor). As fontes geradoras de calor no processo de usinagem são: As deformações elásticas e plásticas; O cisalhamento do cavaco no plano de cisalhamento; O atrito do cavaco com a superfície de saída da ferramenta; O atrito entre a ferramenta de corte e a peça. * As porcentagem de calor total devido a cada uma das fontes citadas variam com: O tipo de usinagem; O material da peça; O material da ferramenta; As condições de usinagem; E a forma da ferramenta. Em geral, pode-se afirmar que as principais fontes de geração de calor são a deformação e o cisalhamento do cavaco no plano de cisalhamento, seguido pelo atrito cavaco superfície de saída da ferramenta e finalmente o atrito peça com a superfície de folga da ferramenta. * Esse calor é dissipado através da: Da peça; Do cavaco; Do fluido de corte quando usado; Da ferramenta. O percentual de calor dissipado em cada um dos meios citados depende das condições de usinagem. * * Conseqüências do calor que vai para a peça? Dificuldade de se obter tolerâncias apertadas; Danificação da estrutura superficial do material; Crítico no processo de retificação. Influência do material na dissipação do calor (Vc = 100 m/min; aço ABNT 1040 – 26%; Alumínio? A quantidade de calor gerada na usinagem aumenta com a velocidade de corte, avanço e profundidade de usinagem; este calor gerado acelera e é acelerado com o desgaste da ferramenta, que aumenta o atrito e, conseqüentemente os esforços de corte. * Deve-se tentar por todos os meios diminuir o calor gerado ou tentar conviver com ela sem grandes danos, sem perda de produtividade do processo. Os meios que têm sido tentado com esses fins são: Desenvolvimento de materiais de usinabilidade melhorada; Desenvolvimento de materiais de ferramentas com maior resistência ao calor; Utilização de fluido de corte com efeitos refrigerantes e lubrificantes. * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
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