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Teologia e mídias de comunicação

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TEOLOGIA, 
COMUNICAÇÃO E 
NOVAS MÍDIAS
Professor Me. Rubem Almeida Mariano
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Mercado
Hilton Pereira
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida 
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Gerência de Produção de Conteúdo
Juliano de Souza
Supervisão do Núcleo de Produção de 
Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Editoração
André Morais de Freitas
Revisão Textual
Jaquelina Kutsunugi e Maria Fernanda Canova 
VasconcelosC397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; MARIANO, Rubem Almeida 
 
 Teologia, comunicação e novas Mídias. Rubem Almeida 
Mariano.
 (Reimpressão revista e atualizada)
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2016. 
 75 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Teologia. 2. Pensamento cristão. 3. Tecnologias. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-8084-405-4
CDD - 22 ed. 230
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. A busca 
por tecnologia, informação, conhecimento de 
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma 
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar 
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir 
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais 
e sociais; a realização de uma prática acadêmica 
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização 
do conhecimento acadêmico com a articulação e 
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela 
qualidade e compromisso do corpo docente; 
aquisição de competências institucionais para 
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade 
da oferta dos ensinos presencial e a distância; 
bem-estar e satisfação da comunidade interna; 
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de 
cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal 
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa-
zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa-
tível com os desafios que surgem no mundo contem-
porâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó-
gica e encontram-se integrados à proposta pedagó-
gica, contribuindo no processo educacional, comple-
mentando sua formação profissional, desenvolvendo 
competências e habilidades, e aplicando conceitos 
teóricos em situação de realidade, de maneira a inse-
ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais 
têm como principal objetivo “provocar uma aproxi-
mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi-
bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos 
conhecimentos necessários para a sua formação pes-
soal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cres-
cimento e construção do conhecimento deve ser 
apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda-
gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi-
bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente 
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en-
quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus-
sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de 
professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
Diretoria Operacional 
de Ensino
Diretoria de 
Planejamento de Ensino
Professor Me. Rubem Almeida Mariano
Possui graduação em Teologia - Seminário Teológico de Londrina da Igreja 
Presbiteriana Independente (1990), graduação em Filosofia pela Universidade do 
Sagrado Coração (1999) e graduação e tem formação profissional em Psicólogo 
pelo Centro Universitário de Maringá (2009). Mestrado em Ciências da Religião 
pela Universidade Metodista de São Paulo (1997).
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SUMÁRIO
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UNIDADE I
FUNDAMENTOS BÍBLICOS E TEOLÓGICOS DA COMUNICAÇÃO
11 Teologia e Comunicação: Uma Conversa em Nova Ambiência 
14 Bíblia e Comunicação 
19 A Comunidade Comunicativa 
22 Religião, Mídia e Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação 
26 Teologia da Comunicação: Alguns Apontamentos 
28 Cultura, Mídia e Religião no Contexto Brasileiro 
UNIDADE II
FUNDAMENTOS DA COMUNICAÇÃO E DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA 
INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO
33 O Que é Comunicação?
36 Conceito de Comunicação por Área de Conhecimento 
38 Os Sentidos Do Termo “Comunicação” 
39 Teoria da Informação: Algumas das Concepções Clássicas e 
Contemporâneas da Comunicação
42 Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação 
SUMÁRIO
UNIDADE III
ECLESIOLOGIA E NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA 
COMUNICAÇÃO
53 Eclesiologia e Sociedade da Informação 
56 Práticas Eclesiais: Numa Nova Ambiência e Uso das Novas Tecnologias da 
Informação e da Comunicação Para o Exercício da Missão da Igreja
73 Referências
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Professor Me. Rubem Almeida Mariano
FUNDAMENTOS BÍBLICOS 
E TEOLÓGICOS DA 
COMUNICAÇÃO
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conscientizar sobre a importância do diálogo entre Teologia e 
Comunicação.
 ■ Identificar os fundamentos bíblicos e teológicos da Comunicação.
 ■ Desenvolver um espírito crítico sobre as relações entre religião, mídia 
e novas tecnologias da informação e da comunicação na sociedade 
de hoje, em especial no Brasil.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Teologia e Comunicação: uma conversa em nova ambiência
 ■ Bíblia e Comunicação
 ■ Teologia da Comunicação
 ■ Religião, Mídia e Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação
 ■ Cultura, Mídia e Religião no contexto brasileiro
TEOLOGIA E COMUNICAÇÃO: UMA CONVERSA EM 
NOVA AMBIÊNCIA 
Raiou uma nova ambiência. Já se vai o tempo em que a Teologia, enquanto conhe-
cimento constituído, não necessitava dialogar com outros conhecimentos para 
elaborar eemitir suas constatações sobre a realidade humana. 
Novos tempos, hoje, o marco interdisciplinar é uma exigência epistemoló-
gica e metodológica das ciências humanas. O diálogo, portanto, é o caminho. 
Sendo assim, se inaugura um novo tempo em que devem conviver a especifici-
dade e a diversidade dos conhecimentos sobre uma determinada realidade. Por 
isso, o conhecimento hoje envolve as mais diversas áreas: social, política, eco-
nômica, cultural, psicológica e espiritual. 
Quem ressalta esse assunto de uma maneira apropriada é Marcelino (2004), 
quando trata da questão da “Departamentalização e Unidade das Ciências Sociais”. 
O autor afirma que os olhares dos conhecimentos estão necessariamente vol-
tados para um mesmo mundo social, no sentido que a vida do ser humano em 
sociedade é complexa e composta de uma multiplicidade de aspectos que se inter-
penetram. É nesse sentido que Marcelino (2004) assinala que não há como negar 
uma ação teórica que descarte esse viés unitário. É dialogar, portanto, utilizando 
o conhecimento especializado de forma consistente e aprofundada, considerando, 
simultaneamente, o outro conhecimento, que observa esse mesmo objeto numa 
perspectiva distinta. A palavra de ordem, nesse sentido, é soma: é formar rede 
interativa, é inclusão e não subtração, fragmentação ou exclusão.
Nessa perspectiva, Santos (2008) destaca que é imprescindível estar ciente 
que há resultados diferentes conforme a área do conhecimento, por exemplo, 
as áreas de exatas e as de humanas. As primeiras são mais conclusivas do que as 
segundas. Estas têm diferenças entre si. Por isso, em especial, há uma complexi-
dade nos estudos da comunicação, sobre a qual Santos (2008) ressalta:
a. a natureza do ato comunicativo, que pode ser interpessoal, por máquinas, 
meios de comunicação de massa, recursos verbais (sonoro ou escrito), 
gestuais ou pictóricos, e 
b. a interdisciplinaridade – a utilização de conceitos forjados em outras áreas 
do conhecimento (sociologia, antropologia, psicologia, física, biologia etc.). 
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Contudo, Santos (2008) deixa ver que a interdisciplinaridade enquanto própria 
da complexidade do conhecimento das Ciências Humanas também se revela 
como a sua chave hermenêutica para compreender a Comunicação.
Por isso, a Teologia, nesse sentido, deve se encontrar nessa “comunidade 
dialógica” com outras áreas do conhecimento humano, como forma de expres-
sar significativamente seus conhecimentos para a vida hoje. Nessa perspectiva, 
por exemplo, no que diz respeito à Teologia Prática, Sathler-Rosa (2004) enfa-
tiza a reciprocidade entre teologia e ação cristã no mundo. Isso quer dizer que a 
Teologia Prática deve abrir canais de diálogo com as ciências sociais e outras, de 
forma mais ampla e mais objetiva, como é o caso da comunicação ou das novas 
tecnologias da comunicação. Porém, não se pode fechar os olhos para a rela-
ção entre teologia e comunicação quando, em especial, referimo-nos ao âmbito 
eclesial ou comunitário.
Gomes (2005) observa que a relação entre a comunicação e a teologia ainda 
não está totalmente esclarecida no pensamento da Igreja. Vejamos as seguin-
tes questões:
a. A própria prática eclesial e missiológica da Igreja Cristã é marcada por 
contradições referentes aos meios de comunicação social (demonização 
e sacralização dos meios de comunicação).
b. A ideia de “colocar a teologia em tudo e tudo ser determinado pela teolo-
gia, ou seja, ‘batizar’ a comunicação para ganhar dignidade reconhecida”.
c. O problema se agrava quando a teologia parte da doutrina e não da rea-
lidade; de um mundo ideal e ordenado para as aplicações práticas e as 
incidências na vida das pessoas.
d. Há pouca literatura e pesquisa sobre o tema teologia e comunicação. A 
marca é a precariedade e escassez.
Diante dessas questões que ainda se colocam à frente ou entre o nosso tema, teolo-
gia e comunicação, apresentaremos algumas ideias que nos ajudam a desenvolvê-lo 
de maneira mais apropriada. Essas ideias são resultados de leituras especializadas 
em Alves (1979), Diéz (1997), Sathler-Rosa (2004), Gomes (2005), Mendonça 
(2008), Campos (2008) dentre outros sobre o tema em apreço ou afins, bem como 
da própria experiência acadêmica e pastoral. Entre os objetivos escolhidos, estão:
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a. Abordar o presente tema considerando tanto a teologia quanto a comu-
nicação como dois campos distintos do conhecimento que podem se 
inter-relacionar e assim proporcionar um melhor entendimento das 
questões presentes e de suas aplicações práticas.
b. Nesse sentido, é necessário, para se constituir uma teologia da comu-
nicação ou uma pastoral da comunicação, lançar um olhar atento à 
história da Igreja, para identificar uma comunicação libertadora de 
ontem e de hoje, como também o estudo moderno da ciência da comu-
nicação à luz das ciências sociais.
c. É imprescindível registrar que a teologia bíblica e sistemática parte 
da realidade e não do mundo das ideias, ou seja, da fé inserida na 
realidade histórica, assim como o pai Abraão e as comunidades pri-
mitivas do cristianismo: “um novo céu e uma nova terra”; bem como 
das doutrinas fundamentais ao Cristianismo como, por exemplo, a 
da Trindade e da Eclesiologia. 
d. Proporcionar reflexão teológica sobre o significado e as mais diver-
sas formas de comunicação atual para o contexto e missão eclesial 
nesta nova ambiência.
Deve ficar patente, nesta disciplina, que estamos estudando fenômenos 
sociais imprescindíveis à compreensão da própria realidade humana, pois 
estamos colocando em evidência o ato da comunicação. Por isso, devemos 
guardar todo o respeito no diálogo com as Ciências Sociais para alcançar 
objetivos que contribuam no entendimento da nossa realidade e na aplicação 
dos conhecimentos da teologia sem cair, mesmo estando sujeitos a extremos 
ou equívocos próprios de quem ousa buscar honestamente o conhecimento 
do seu tempo. 
FUNDAMENTOS BÍBLICOS E TEOLÓGICOS DA COMUNICAÇÃO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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BÍBLIA E COMUNICAÇÃO
Pode-se observar, após a formação do cânon das Escrituras Sagradas, que a Bíblia 
sempre foi utilizada nos momentos mais importantes da história do Cristianismo. 
Ela tem sido referência para tomada de decisão e de elaboração de teologias 
nevrálgicas da Igreja. Tal é essa centralidade, por exemplo, que o teólogo Karl 
Barth (apud, CARVALHO, 2000) assevera a centralidade das Escrituras para a 
Igreja contemporânea como estando:
a. No conhecimento de Deus.
b. De Sua Revelação.
c. De Sua Proclamação.
Diante disso, pode-se inferir, portanto, uma perspectiva da exegese bíblica diante 
do novo contexto, a importância das novas tecnologias da informação e da comu-
nicação e religião, no contexto brasileiro, em especial.
Nesse ponto, cabe a assertiva barthiana: se a Igreja é testemunha fiel da Fé 
Cristã, ela deve examinar seu testemunho (contextualizado) para assegurar-se 
de que ele é fiel. Deste modo, a fé e a vida da Igreja estão sendo sempre prova-
das à luz da contínua exegese das Escrituras (CARVALHO, 2000).
Indiscutivelmente, a comunicação é tema central no universo bíblico neo-
testamentário, haja vistaque está escrito na Bíblia, na boca de Jesus, no seu 
chamamento à Igreja para o exercício de sua missão, no Evangelho de Mateus: 
28:19-20: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em 
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as 
coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, 
até a consumação dos séculos. Amém”. Portanto, a Proclamação do Evangelho 
está diretamente relacionada ao ato de comunicá-lo em todo o tempo. E hoje é 
o tempo, não como o tempo de ontem, mas como o tempo que se chama hoje, 
o qual, certamente, quando vier o amanhã não será mais o mesmo. Cada tempo 
tem a sua especificidade. O nosso também tem a sua peculiaridade: suas marcas 
são, dentre outras, a inovação, a mutação, a nova ambientação, uma nova cons-
tituição social, um novo ser social que se irrompe (voltaremos a essa questão 
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nas próximas unidades).
Nesse sentido, este subitem tem o objetivo de fazer uma exposição do uni-
verso bíblico-teológico sobre o tema, e quem de uma forma adequada e muito 
precisa realiza esse trabalho é Gomes (2005), num artigo denominado “Teologia 
e Comunicação”. A seguir, serão expostas suas ideias como eixo central, com 
algumas contribuições ao longo dessa exposição. 
Inicialmente, Gomes (2005) assevera que é necessário fazer a pergunta sobre 
os fundamentos bíblicos de uma comunicação adequada ao projeto do Reino 
de Deus. Para isso, é melhor lançar toda a atenção para o relato bíblico, tanto do 
Antigo Testamento (AT) quanto do Novo Testamento (NT) sobre a ação de Deus 
Pai, Filho e Espírito Santo mediante o testemunho da Igreja ou da Comunidade. 
A AÇÃO DO PAI
A dinâmica do AT é a seguinte: Deus oferece a comunicação. O povo rompe a 
comunicação. Deus torna a oferecer a comunicação. É uma dialética comunica-
tiva entre um Deus que salva e um mundo pecador.
1) A iniciativa de comunicação de Deus
a. Deus abre um diálogo com o ser humano – O ato da criação, em especial 
do ser humano – homem e mulher –, é um ato comunicativo que revela de 
antemão um Deus que cria um ser comunicativo, e, com esse mesmo ato, 
inaugura um dialogo (gratuito e livre) com este ser. Portanto, em Gênesis 
1:26, Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa 
semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e 
sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre 
a terra”. Nota-se no ato criador de Deus, o ato da comunicação que cria 
um ser comunicativo, pois recebe o Espírito de Deus que é comunicação.
b. Deus chama um povo e faz uma aliança – O ato comunicativo de Deus se 
expressa em uma aliança marcada pelo chamamento de um povo: Gêne-
sis 15:7, 12:2 e 17:9: “Disse mais Deus a Abraão: Tu, porém, guardarás a 
minha aliança, tu, e a tua descendência depois de ti, nas suas gerações”.
FUNDAMENTOS BÍBLICOS E TEOLÓGICOS DA COMUNICAÇÃO
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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c. Deus se comunica como libertador ao povo – O ato comunicativo de 
Deus é expresso de uma maneira contundente e concreta na história de 
um povo. Ele se solidariza com seu povo. Ele vê, sente, ouve e se movi-
menta. Ele se comunica: Ex.3:7-10, em especial, o versículo 8 que diz: 
“Portanto desci para livrá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir 
daquela terra, a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel; 
ao lugar do cananeu, e do heteu, e do amorreu, e do perizeu, e do heveu, 
e do jebuseu”.
2) A recusa da comunicação
a. O povo se fecha para o diálogo – O povo se fecha de maneira egoísta 
em si e busca ser igual a Deus, conforme Gênesis 3:5, assim diz: “Porque 
Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, 
e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal”. E, com isso, o povo rompe 
com o criador.
b. O povo ao se fechar, não se comunicar, perde referencial e se confunde 
– A mais emblemática expressão disso é a Torre de Babel, em Gênesis 11, 
em especial o versículo 9, que afirma: “Por isso se chamou o seu nome 
Babel, porquanto ali confundiu o SENHOR a língua de toda a terra, e 
dali os espalhou o SENHOR sobre a face de toda a terra”. Essa passagem 
aponta a falta de comunicação entre os seres humanos.
c. O povo se contradiz às portas da Terra Prometida – O povo quer vol-
tar para o Egito tanto do ponto de vista geográfico quanto psicológico, 
conforme Ex. 32:1, e em destaque Números 11:5, que está escrito: “Lem-
bramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça; e dos pepinos, e 
dos melões, e dos porros, e das cebolas, e dos alhos”.
d. O povo não se comunica com Deus e por isso não se comunica também 
com o próximo – Tal situação se intensifica na posse da terra prometida, 
por isso os Dez Mandamentos para preservar a comunicação, o diálogo 
entre Deus e o seu povo e o povo entre si, em Ex.20, nos versículos: 2, 
3,13, como exemplo: “Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirei da terra do 
Egito, da casa da servidão[...]; Não terás outros deuses diante de mim[...]; 
Não matarás [...]”.
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3) A proposta de comunicação se mantém
Apesar de o povo romper a comunicação com Deus, Ele, enquanto ser livre, pro-
cura por sua vontade reatar essa comunicação por meio dos juízes e dos profetas, 
os quais eram comunicadores da vontade de Deus e de sua palavra, conforme 
Jeremias 1:9-10: 
E estendeu o SENHOR a sua mão, e tocou-me na boca; e disse-me o 
SENHOR: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca; Olha, po-
nho-te neste dia sobre as nações, e sobre os reinos, para arrancares, e 
para derrubares, e para destruíres, e para arruinares; e também para 
edificares e para plantares.
A AÇÃO DO FILHO
Em Hebreus 1:1-2, temos uma narrativa que é uma referência na teologia da comu-
nicação. Assim, as Escrituras nos dizem: “Havendo Deus antigamente falado muitas 
vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últi-
mos dias pelo Filho, A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o 
mundo”. Essa passagem assinala que Deus se comunica com o ser humano por meio 
do seu próprio Filho, Jesus, como Palavra Viva, na plenitude dos tempos. Jesus é a 
expressão exata do ser de Deus.
Cristo, a Palavra do Pai
I. A Palavra do Pai é uma palavra encarnada, que desce e que se torna humana, 
Jesus Cristo. Para haver comunicação, é fundamental viver na própria pele 
para poder comunicar de maneira viva e, assim, atingir seus ouvintes a par-
tir de sua realidade, conforme a narrativa do Evangelho de João 1:1; 14: “No 
princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus[...]; E 
o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a gló-
ria do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”.
II. A encarnação revela um Deus, em Jesus, que fala uma lingua-
gem das pessoas humanas, com todas as suas limitações. Como 
toda comunicação, essa linguagem sofre as ambiguidades da comu-
FUNDAMENTOS BÍBLICOS E TEOLÓGICOS DA COMUNICAÇÃO
Reprodução proibida. A
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nicação humana: a) ser entendida por uns e rejeitada por outros; e 
b) como ser humano, Jesus sofre com os conceitos ambíguos e com uma lin-
guagem insuficiente e limitada. Por exemplo, o anúncio do Reino de Deus. 
Ele anuncia um Reino que já tinha uma compreensão deturpada, por isso a 
confusão, segundo o Evangelhode João: 8:25: “Disseram-lhe, pois: Quem és 
tu? Jesus lhes disse: Isso mesmo que já desde o princípio vos disse”.
III. Assim como Deus se comunicou concretamente, Jesus Cristo também se 
comunicou com gestos concretos de salvação e libertação, esse é o testemu-
nho de Lucas 4:18-19: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu 
para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, a 
pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liber-
dade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor”.
IV. A comunicação realizada por Jesus não é algo pronto, mas dinâmico que 
vai se aprofundando e gerando um diálogo e uma resposta necessariamente 
do povo. 
Morte: a resposta humana
I. A resposta humana à proposta de Deus por meio de Jesus é ambígua. Uns 
aceitam e outros rejeitam. Segundo Evangelho de João 12:24: “Na verdade, 
na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica 
ele só; mas se morrer, dá muito fruto”. 
II. A rejeição humana a Jesus se dá por duas razões: por criticar as estrutu-
ras injustas, tanto religiosas quanto políticas, e por tornar presente a vida 
de Deus frente aos ídolos religiosos e políticos. Assim como no AT, o povo 
rompe mais uma vez.
Ressurreição: a confirmação da proposta
I. A última palavra desse diálogo entre Deus e o ser humano foi dado por Deus 
pela sua Graça, conforme Efésios 2:8: “Porque pela graça sois salvos, por meio 
da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus”. Essa palavra se chama ressur-
reição e é definitiva, conforme Primeira Coríntios 15:14: “E, se Cristo não 
ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé”. 
II. Nessa palavra, Deus em Cristo fala definitivamente ao ser humano. Ele é vida 
que liberta criando fraternidade, liberta os cativos os pobres e oprimidos; 
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no dizer de Gálatas 5:1: “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos 
libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão”. 
III. Esta libertação tem como base a cruz. Ela é o grande testemunho de soli-
dariedade de Deus em Cristo pelo ser humano, como nos chama a atenção 
Segundo Coríntios 5:19: “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando con-
sigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra 
da reconciliação”. 
IV. Diante disso, a ressurreição se torna a chave hermenêutica de interpretação 
de toda a vida de Jesus. Ela diz que a vida e a missão de Jesus não termina-
ram com sua morte. Mas ressurgiu. Deus dá testemunho que fez a sua opção 
por um crucificado. A Palavra de Deus em Cristo vence a morte, Primeiro 
Coríntios 15, em especial, no versículo 57: “Mas graças a Deus que nos dá a 
vitória por nosso Senhor Jesus Cristo”. Deus vence testemunhando por meio 
de Jesus Cristo esse diálogo com o ser humano.
A COMUNIDADE 
COMUNICATIVA
A Igreja é que, em nome de Deus e a partir 
de Cristo, continua e mantém a comunica-
ção de Deus com as pessoas, conforme Atos 
dos Apóstolos 1:8, que assim diz: “Mas rece-
bereis a virtude do Espírito Santo, que há 
de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, 
tanto em Jerusalém como em toda a Judeia 
e Samaria, e até aos confins da terra”. Ou, 
ainda, conforme o Evangelho de Mateus 28: 
18-20, que é a base do chamamento de Cristo 
para a Igreja assumir a comunicação da Sua 
mensagem como continuadora de sua obra.
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I
a) A Palavra no Espírito Santo
I. A Igreja iluminada pelo Espírito que lhe possibilita receber a comuni-
cação de Cristo e transmiti-la ao mundo, se autocompreende como a 
Palavra de Cristo ao mundo no Espírito Santo, conforme Evangelho de 
João 14:26: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará 
em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de 
tudo quanto vos tenho dito”.
II. A Igreja testemunha e é presente por sua práxis concreta que é a práxis 
imitativa, reiterativa da práxis de Cristo. Assim, assinalam as Escrituras 
em Efésios 6:20: “Pelo qual sou embaixador em cadeias; para que possa 
falar dele livremente, como me convém falar”.
III. Portanto, a Igreja é presença de Cristo enquanto realiza a práxis de Cristo, 
que é a construção do reino num mundo conflitivo. Por isso, a Bíblia 
chama sempre a Igreja à reconciliação em Cristo, Segundo Coríntios 
5:20: “De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se 
Deus por nós rogasse. Rogamo-vos, pois, da parte de Cristo, que vos 
reconcilieis com Deus”.
b) A comunidade encarnada
I. Para falar ao mundo, a Igreja necessita falar a linguagem humana; assim 
bem enfatizou o apóstolo Paulo ao dizer: “Mas o que profetiza fala aos 
homens, para edificação, exortação e consolação. Por isso, a Igreja pre-
cisa se encarnar no meio das pessoas”.
II. A encarnação permanece como o critério eclesial para a comunicação de 
Cristo na história. Este critério exige que ela se encarne numa realidade con-
creta e assuma os riscos de sua comunicação. Esta comunicação não se dá 
de maneira teórica e alienada, mas em gestos concretos que levam à liberta-
ção. Assim, Cristo comunicou a palavra de Deus, conforme Filipenses 2:5-8: 
De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em 
Cristo Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser 
igual a Deus Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, 
fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, 
humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. 
Portanto, sem a encarnação não será possível qualquer comunicação, 
qualquer transmissão da palavra de Jesus Cristo ao mundo de hoje.
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A Comunidade Comunicativa
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c) A comunicação interna e externa
I. A ação comunicativa da Igreja desenvolve-se em dois vetores: ad intra 
e ad extra.
II. O primeiro assinala os processos comunicativos vividos e desenvolvidos 
no interior da própria comunidade. É imprescindível que o Espírito, que 
impulsiona a comunidade, circule livremente no seu interior. O amor, 
a partilha e a comunhão eram o distintivo dos primeiros cristãos, con-
forme Atos dos Apóstolos 4:32-35: 
E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém 
dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as 
coisas lhes eram comuns. E os apóstolos davam, com grande poder, 
testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia 
abundante graça. Não havia, pois, entre eles necessitado algum; por-
que todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam 
o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E 
repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha.
Esse testemunho também cabe hoje à comunidade. Conforme o tes-
temunho bíblico de Primeiro Coríntios 11 sobre a Ceia do Senhor, os 
sacramentos são comunicação porque, dentro da Igreja, são gestos sim-
bólicos concretos, realizados em Cristo, que expressam, atualizando, a 
práxis de Cristo na história. São gestos concretos simbólicos que relem-
bram o passado e prometem o futuro; são momentos densos de vida 
da Igreja, pois condensam tudo quanto ela é e deve ser. A comunicação 
intraeclesial se dá quando se busca viver essa relação horizontal (com os 
irmãos e irmãs) e relação vertical (com Deus).
III. O segundo vetor relaciona-se com a ação missionária. Isso implica umavocação universal para fazer discípulos, conforme Mateus 28. A Igreja 
é chamada a realizar a práxis libertadora de Jesus (Lucas: 4) – expres-
são de comunicação – é criar fraternidade num mundo que vive sem ela. 
Para isso, a Igreja deve ir e atuar junto àqueles que vivem numa condi-
ção sub-humana de vida, que lhes impossibilita entrar em diálogo com 
Deus, porque não podem entrar em diálogo com seus semelhantes visto 
serem objetos e não sujeitos de sua história.
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I
RELIGIÃO, MÍDIA E NOVAS TECNOLOGIAS DA 
INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO
O que tem a ver religião, mídia e novas tecnologias da Informação e da 
Comunicação? Se tomarmos as mais recentes pesquisas publicadas nas Ciências 
da Religião e nas Ciências da Comunicação, por exemplo, a resposta é um sonoro: 
“tem tudo a ver!”
Veja só que interessante: para a elaboração deste item, foi realizada pesquisa 
em literatura impressa e digitalizada. O acesso à literatura impressa foi bem mais 
limitado do que à literatura digitalizada, uma vez que não tínhamos muitos dos 
livros, artigos e obras de referência impressas especializadas, bem como não 
foram encontrados nas bibliotecas físicas das proximidades; contudo, quanto 
à literatura especializada digitalizada, o acesso foi muito maior. Esse relato tão 
simples tem o objetivo de chamar a sua atenção para algo que já está posto e é 
imprescindível para o entendimento desta disciplina: estamos numa nova ambi-
ência social e, porque não dizer, religiosa.
Fausto Neto (2004) inicia seu artigo sobre: “a religião do contato: estraté-
gias discursivas dos novos ‘templos midiáticos’” trazendo uma ideia de Weber: 
[...] que dizia que apesar dos efeitos do pensamento racional e da mo-
dernidade, julgava impossível viver-se num mundo desprovido de 
crenças. E que não obstante as profecias do iluminismo, os “braços das 
velhas igrejas continuariam abertos para eles”, referindo-se àqueles que 
definiam os horizontes da sociedade da razão. 
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Nota-se, que a máxima weberiana perdurou ao longo dos tempos e somos 
testemunhas vivas de que a religião nunca esteve tão presente como nos dias 
atuais, em toda a modernidade.
A relação religião e mídia, inicialmente, ganha espaço nas pesquisas aca-
dêmicas, dentre outras, de uma forma especial, com o fenômeno denominado 
de “Igreja Eletrônica”. São pregadores que, inicialmente vindos do rádio, con-
quistaram a mídia televisiva. Segundo Gomes (2002), os tele-evangelistas 
advêm das Igrejas Cristãs, Católica e Evangélicas, principalmente america-
nas. A “Igreja Eletrônica” foi, e ainda é, objeto de pesquisa da Teologia e das 
Ciências da Religião. Na década de oitenta, o renomado teólogo Hugo Assman 
(1986) e, já neste novo século, o Cientista Social e da Religião Leonildo Campos 
(2008) têm textos publicados sobre esse fenômeno.
Num recorte do fenômeno religião e mídia televisiva, Campos (2008) faz 
um artigo onde aborda duas questões: as relações entre evangélicos e mídia 
no Brasil, desde a fase da oralidade e da imprensa até o período contempo-
râneo, que é o da comunicação mediada eletronicamente (inclui-se aqui a 
internet), e reflexões e exemplos de como o uso da televisão, assim como a 
compra de redes televisivas, provocaram alterações na maneira de os pente-
costais se comunicarem com a sociedade brasileira. Campos (2002) observa 
que o uso da mídia, de uma maneira geral, pelos pentecostais é significativo 
e expressivo, uma vez que tem se configurado um novo espaço religioso, pois 
este mesmo grupo vem, ao longo dos tempos, sofrendo mudanças. Hoje, domi-
nam e ocupam o mercado sociorreligioso atual, antes tinham uma postura de 
abandono da sociedade e de suas “tramas diabólicas”.
Para Fausto Neto (2004), a religião de hoje se apresenta como fenômeno 
que se descola dos templos e de suas lógicas, autonomiza-se pela expansão e 
força da técnica midiática para se transformar em “marcas” e objetos semanti-
zados, retirando a religião dos horizontes do transcendente, que vive submetido 
a um modelo de experiência do “aqui e agora”, que “troca o antigo Bem ético 
pelo Bem-estar individualista, associando salvação e consumo”.
A presença da religião nos mais diversos meios de comunicação, desde os 
de massa (TV e rádio) como os das novas tecnologias (via internet) tem dia a 
dia sido mais expressiva e significativa. Por quê? A seguir, para concluir esta 
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I
unidade, tomamos as ideias e os dados apresentados por Fausto Neto (2004) 
para responder essa e também a seguinte pergunta, no mínimo interessante: 
“Por que evolui a midiatização da religião no Brasil via TV?” Segundo ele, 
por três fatores:
a. O primeiro, a característica desta indústria cultural. A atividade de cap-
tura dos fiéis só pode ser compreendida se na esfera terrestre, pelo papel 
de uma indústria cultural peculiar onde se estrutura a oferta discursiva 
para o mercado religioso, ou seja, só há discursos porque lá existem 
complexos processos de produção. As Igrejas Católica e Evangélicas (não 
pentecostais) adotam complexas redes de rádio e de televisão, como é o 
caso da Rede Record e das 3 emissoras católicas geradoras (Rede Vida, 
Canção Nova e Século XXI). Na esfera editorial, num mercado de 17 
milhões de leitores, as editoras católicas e evangélicas faturaram, jun-
tas, 178 milhões de reais em 2002. A internet é também outro indicador 
dessa indústria cultural, com lojas virtuais oferecendo estruturas de 
e-commerce para vendas. Na atividade musical, foram comercializados, 
no mesmo ano, oito milhões de discos, o que corresponde a 14% das 
vendas da indústria fonográfica, cujo grande carro chefe são os CDs do 
Padre Marcelo Rossi, que ao longo dos últimos 4 anos já comercializou 
mais de 6 milhões de unidades. Na esfera cinematográfica, os católicos 
lideram as investidas. O lançamento do filme “Maria, mãe do filho de 
Deus”, em 2002, produção orçada em 7 milhões de reais, foi visto por 
mais de 3 milhões de expectadores. Esta indústria cultural tem tam-
bém seus protagonistas para dar visibilidade às estratégias. Marcelo 
Rossi é um multipersonagem, vencedor de prêmios, personagem de 
filme, apresentador de TV, cantor, além de peregrinar em entrevistas 
nas diferentes redes de TV. O missionário RR Soares, além de contro-
lar uma Igreja, se apresenta diariamente em mais de quatro estações, 
inclusive em horário nobre, na BAND, com o “Show da Fé”, ao custo 
mensal de 3 milhões de reais. Edir Macedo, autor de mais de 22 livros, 
controla duas redes de TV, uma rede de rádio, o jornal Folha Univer-
sal - com tiragem superior a um milhão de exemplares diários, gráfica, 
editora, empresa de processamento de dados, construtora, agência de 
viagem - gravadora de disco, além de associações de negócios na área 
da informática e na política nacional.
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b. O segundo, a existência de um mercado religioso para as ofertas midi-
áticas. Ao longo das quatro últimas décadas, 1970/2000, os católicos 
continuam sendo a maior população religiosa, embora se observe decrés-
cimo nos seus contingentes: se em 1970 ela correspondia a 91,8%da 
população religiosa, em 2002, estes percentuais caem para 73,9%. Em 
igual período, a população evangélica salta de 5,2% para 15,6%, o que 
significa dizer que, segundo dados censitários em 2002, os católicos se 
constituem numa população de 125 milhões de fiéis contra 26 milhões 
de perfil pentecostal. Habitando a região urbana, onde está mais de 
80% dos domicílios do país, o neopentecostalismo avança justamente 
naqueles espaços para onde foram despejados, nas últimas 4 décadas, 
mais de 40 milhões de brasileiros que saíram em busca de vida mais 
digna, transformando-se neste fabuloso “exército de reserva”, ou alvo 
das mais diferentes políticas públicas, sociais, assistenciais e religiosas 
postas em práticas pelas instituições.
c. E, o terceiro, a saída de cena de agentes estratégicos, como, no caso, o 
Estado, faz com que o campo religioso seja convertido num protago-
nista na medida em que transforma estes cenários em insumos para 
as estratégias que visam à captura de segmentos de populações para as 
hostes das diferentes religiões, a pretexto do desenvolvimento de novas 
políticas institucionais. Atuando em cima do vácuo político-assistencial 
deixado pelo Estado e outras instituições, as Igrejas elegem “políticas 
de atendimentos”, convertendo a cultura midiática na esfera em que as 
demandas temporais dos indivíduos serão transformadas e/ou captu-
radas para os fins instrumentais das instituições. A religião deixa de ser 
uma abstração, e pelo trabalho dela em constituir os novos coletivos, 
colocando-se no lugar de contato, os horizontes de salvação deixam de 
ter como parâmetros a vida depois da morte, e uma série de novas “prá-
ticas terapêuticas” é acionada como resposta à problemática do “aqui 
e agora”. Nestas condições, as estratégias telerreligiosas estruturam os 
espaços de curas, segundo operações de compra e venda fundamenta-
das nos alicerces do marketing confessional.
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I
TEOLOGIA DA COMUNICAÇÃO: ALGUNS 
APONTAMENTOS
Todo e qualquer tema ou assunto ganha força quando tem sua fundamenta-
ção sustentada teologicamente. Isso não é diferente em relação à Comunicação. 
Também há elaborações teológicas que sustentam e fundamentam esse tema na 
literatura especializada. 
Quem desenvolveu o tema de uma maneira bem apropriada foi Díez (1997) 
no seu livro: “Teologia da Comunicação”. Tomo a liberdade para sistematizar 
algumas ideias que são, sem dúvida nenhuma, ímpares para uma construção 
teológica adequada para embasar nosso presente estudo.
É salutar a observação de Díez (1997), ao ressaltar que “refletir a partir da 
fé não significa desinteressar-se pelas realidades da terra e não é falar somente 
das coisas celestiais, mas ter como referencial epistemológico a dimensão espiri-
tual” (p.111). Certamente, isso implica o exercício de tornar a Fé Cristã inteligível 
para o nosso tempo. Por isso, usar dos conhecimentos filosóficos ou das elabora-
ções racionais no fazer teológico é cumprir um processo de comunicação, onde 
necessariamente também a missão da Igreja está sendo realizada.
Díez (1997) aborda com muita propriedade na obra já citada as princi-
pais doutrinas da Fé Cristã, as quais sejam: a Trindade, a Criação, a Revelação, 
a Cristologia, a Pneumatologia e a Eclesiologia. Sem dúvida, refletir sobre os 
fundamentos teológicos da comunicação a partir das principais doutrinas pro-
porciona uma compreensão mais apurada da importância desse tema para os 
nossos dias, bem como para a ação da Igreja na sociedade de hoje. 
Inicialmente, Díez (1997) ressalta que a Trindade é, para a comunicação cristã, 
a fonte, a origem, o modelo e protótipo de toda comunicação. Pois, no centro da 
fé cristã está a confissão de um Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. O 
Deus cristão não é um Deus solitário e incomunicável. Díez (1997) assim com-
preende a importância da doutrina da trindade para a teologia da comunicação:
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O Deus cristão não é um Deus introvertido na sua própria intimidade; 
não é um Deus fechado em si mesmo ou recluso em si mesmo de forma 
solipsista e solitária. Cumpre-se nele de forma exemplar o principio de 
toda a comunicação: o bem é essencialmente difusivo. O Deus trini-
tário projeta-se para além de si mesmo, sem deixar de ser ele mesmo, 
precisamente porque é essencialmente amor, comunhão e comunica-
ção. Em consequente, é fundamento teológico, origem e protótipo de 
toda comunicação (p. 140).
Com a mesma propriedade, Díez (1997) assinala a doutrina da Cristologia nos 
seguintes termos: “Jesus Cristo é o eixo da história da revelação e da salvação 
[...] Toda teologia da comunicação deve ser, em definitivo, uma cristologia” (p. 
211), pois parte, nesse sentido, da encarnação como um mistério de comunica-
ção e comunhão entre Deus e o homem na pessoa de Jesus. Nesse sentido, do 
ponto de vista cristológico, toda comunicação é realizar a comunhão e a frater-
nidade humana, derrubando os muros e as divisões entre os seres humanos. Tal 
construção aponta para a prática de uma Igreja que deve comunicar a liberta-
ção e a vida na história, pois foi assim que Jesus Cristo testemunhou o Pai. Nesse 
sentido, a Igreja deve ser promotora da comunhão entre os seres humanos na 
história e, consequentemente, deve ser referência na atualidade.
Por fim, Díez (1997) afirma que uma teologia cristã da comunicação deve con-
tar obrigatoriamente com o Espírito Santo como agente principal da comunhão e 
da comunicação intra e extratrinitárias. O Espírito Santo é agente da comunicação 
intratrinitária associada ao amor e à comunhão, e extratrinitária da comunicação 
de Deus com a humanidade como dom que age animando a comunhão intere-
clesial e como agente missionário. Díez (1997) ressalta que a doutrina do Espírito 
Santo aponta para a perfeita comunhão. O objetivo terminal ou a meta última de 
toda comunicação é a comunhão pessoal. O Espírito Santo dá testemunho em 
primeiro lugar da verdadeira raiz de toda autêntica comunicação e comunhão: a 
filiação divina (Rm 8,16). Ele se torna presença de forma ativa na oração, que é 
a comunhão mais intensa com o Pai. Nesse sentido, a comunhão que o Espírito 
opera é uma união na diferença. A multiplicidade de carismas enriquece a comu-
nidade e amplia o horizonte da comunhão do povo de Deus. 
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I
CULTURA, MÍDIA E RELIGIÃO NO CONTEXTO 
BRASILEIRO
A cultura brasileira e planetária se interpenetram. A diversidade cultural se 
faz presente nas faixas etárias, níveis sociais, gênero, religiosidade, nos âmbitos 
local, rural ou urbano. No mundo da comunicação, nessa nova ambiência, pare-
ce-nos que não há mais fronteiras para conflitos ou segregações, mas sim um 
meio para alavancar incluir e inserir. No campo religioso, essa tese também se 
faz presente por meio da inclusão e, porque não dizer, da busca de novos segui-
dores e adeptos. Segundo Thompson (In: MATOS; SOUZA; GOMES, 2009), os 
meios de comunicação e seu impacto são a chave para compreender a natureza 
da modernidade. Sem dúvida, é só fazer o exercício de listar as características 
das instituições criadas pela sociedade atual para perceber como, de fato, os 
meios de comunicação exercem presença estruturante na constituição e forma-
ção da cultura hodierna. Nesse sentido, Matos, Souza e Gomes (2009), a partir 
de Moreira (2008), afirmam:
Na sociedade brasileira, a mídia tem um papel decisivo navida pessoal 
e no cotidiano das pessoas. Há informação e entretenimento altamen-
te concentrados na dinâmica da economia de mercado em atividades 
culturais como música, cinema, shows, revistas, esporte, lazer, mercado 
das artes (p. 480).
No campo religioso, não é diferente. As mais diversas religiões têm utilizado os 
meios de comunicação e as novas tecnologias para anunciar e divulgar as suas 
mensagens com o objetivo único de fazer seguidores. Por isso, nota-se na atuali-
dade o mercado religioso em alta na mídia, com shows, danças, músicas, números 
artísticos sofisticados, cantores e atores religiosos que já gozam de amplo reco-
nhecimento nacional.
Na internet não é diferente. Como meio de comunicação de massa, essa fer-
ramenta já está sendo utilizada, por exemplo, para orar com as pessoas como a 
oração on-line, ou, ainda, transmissão de eventos (cultos e shows) ou divulgações 
de CDs e DVDs por tecnologia streaming ou confissões de fiéis via Skype, em 
que se sobressai a marca gospel como a grande grife, como uma refinada estra-
tégia religiosa desse mercado que proporciona a cada dia cifras consideráveis e 
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expressivas, na atualidade. Matos, Souza e Gomes (2009) fazem a seguinte inter-
pretação dessa estratégia gospel no mercado religioso:
Para um produto ser vendido em círculos evangélicos na década de 
1990, precisava ser rotulado com o termo gospel. Gospel é uma tentati-
va de massificar uma marca, defendida como estratégia mercadológica. 
Além da música gospel, vieram a moda gospel, a igreja gospel e a lin-
guagem gospel. Se não bastasse tudo isso, tivemos também cosméticos 
gospel, prestação de serviços gospel e até dieta gospel (Dieta de Jesus, 
Dieta do Criador). Tudo explorando um nome, uma imagem criada 
para o consumo em massa (p. 482).
No contexto brasileiro, portanto, não é diferente a influência das novas tecno-
logias da informação e da comunicação na missão da Igreja. Essa influência, 
contudo, não fica somente na forma, mas tem constituído novas maneiras de 
fazer essa comunicação. Tem atingido, assim, o conteúdo, ou seja, o fazer mis-
sionário da Igreja, enquanto a instituição tem se caracterizado também como 
toda e qualquer agência atual.
1. A partir do subtítulo: “Teologia e Comunicação: um conversa numa nova ambi-
ência”, apresente os motivos que se fazem necessários para o diálogo entre os 
conhecimentos, em especial, da Teologia com outros conhecimentos.
2. Tomando o subitem “Bíblia e Comunicação”, cite e justifique uma fundamenta-
ção bíblica da Comunicação.
3. Tomando o subitem “Teologia da Comunicação: alguns apontamentos”, elabore 
uma lista de atitudes necessárias da Igreja hoje, a partir das doutrinas da trinda-
de, da cristologia e da pneumatologia.
4. Tendo como referência o subitem: “Religião, Mídia e Novas Tecnologias da Infor-
mação e da Comunicação”, em especial os argumentos de Fausto Neto (2004) 
sobre essa relação “religião e mídia”, responda por que evolui a midiatização da 
religião no Brasil?
5. Identifique no subitem “Cultura, mídia e religião no contexto brasileiro” as novas 
formas de comunicação das instituições religiosas, quer nos meios de comuni-
cação de massa ou nos novos meios de comunicação e informação, como a in-
ternet.
 
FAUSTO NETO, Antônio. A religião do contato: estratégias discursivas dos novos “templos 
midiáticos”, 2004.
Disponível em:
<http://www.seer.ufrgs.br/index.php/EmQuestao/article/viewFile/89/48>.
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Professor Me. Rubem Almeida Mariano
FUNDAMENTOS DA 
COMUNICAÇÃO E DAS NOVAS 
TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO
E DA COMUNICAÇÃO
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Conhecer, de forma introdutória, os fundamentos e as teorias da 
Comunicação.
 ■ Refletir sobre algumas das concepções clássicas e contemporâneas 
da comunicação, como chave de leitura da realidade comunicacional.
 ■ Localizar-se no tempo e espaço do desenvolvimento das novas 
tecnologias da informação e da comunicação.
 ■ Pontuar algumas críticas sobre as novas tecnologias da informação 
na sociedade atual.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ O que é Comunicação? Fundamentos, conceitos e sentidos do termo
 ■ Estudo introdutório das concepções clássicas e contemporâneas da 
comunicação
 ■ As Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação
O QUE É COMUNICAÇÃO?
OS FUNDAMENTOS DA COMUNICAÇÃO
O estudo sobre qualquer tema, na atualidade, é marcado pela chamada “com-
plexidade”, como já foi observado na Primeira Unidade. Essa percepção se tem 
evidenciado pela riqueza de atividades da pesquisa e a diversidade dos conhe-
cimentos que se voltam para um mesmo objeto de estudo, por exemplo. Nesse 
sentido, tomo as palavras de Santos (2008) sobre a seguinte questão: qual o objeto 
de estudo da teoria da comunicação? Ele adverte que diante disso, é fundamen-
tal que toda e qualquer investigação nessa área delimite, empregue pressupostos 
teóricos (positivista, estruturalista, marxista etc.) para que esse empreendimento 
científico contextualize, determinando o fenômeno da comunicação da forma 
mais apropriada possível (histórico, social, cultural etc.).
Santos (2008), em seu livro “Teorias da Comunicação – Da fala à Internet”, no 
primeiro capítulo faz uma introdução digna de nota, uma vez que faz advertên-
cias para quem se aproxima dessa área do conhecimento, as quais são necessárias, 
vejamos:
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O Que é Comunicação?
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II
Sobre a definição de comunicação, Santos (2008) enfatiza que toda e qualquer 
definição ou conceito estão marcados por seus limites ou visão parcial da comu-
nicação, por fatores ideológicos, históricos e de natureza acadêmica. Inicialmente, 
uma definição básica de comunicação é “transmissão de informações”. Segundo 
Santos (2008), essa definição é correta, mas sofre de superficialidade. Deve-se 
considerar ainda sobre essa definição o seguinte: 
a. Comunicação envolve simbolismo – manipular o imaginário, mexer com a 
fantasia, estimular ou influenciar de modo positivo ou negativo o receptor.
b. Comunicação envolve uma relação interacional – implica, necessaria-
mente, numa relação entre os participantes do processo comunicativo por 
um dado meio (carta, telefone, rádio, e-mail etc.) entre emissor e receptor.
c. Comunicação envolve hermenêutica – ao captar a mensagem e ao trans-
mitir, o receptor recria a partir do seu universo conceitual e preconceitos 
– decodificando e codificando de acordo com sua visão de mundo.
Santos (2008) aborda a questão da evolução da comunicação enquanto fenô-
meno, destacando as seguintes informações: 
 ■ Possivelmente, o ser humano inicialmente, na pré-história, utilizou-se 
de respostas instintivas a partir de ruídos vocais (emitindo sons da natu-
reza) e movimentos corpóreos.
 ■ Data de 55 mil anos a idade da fala e da linguagem humana (homo sapiens).
 ■ Cerca de 15 mil anos atrás é a datação em que o ser humano conseguiu 
iniciar-se na pintura como uma forma de fixar sua imprensão e entendi-
mento da realidade mediante imagens que foram sendo aperfeiçoadas, 
ao longo dos séculos.
 ■ Os chineses, maias, sumérios e egípcios deram início, há 5 mil anos, à Era 
da escrita. Inicialmente, a escrita foi ideogramáticacomo os hieróglifos 
egípcios; em 1700 a.C., com os sumérios, houve a passagem da repre-
sentação pictórica para os sistemas fonéticos como a escrita cuneiforme 
(gravada em artefatos de cerâmica), onde cada símbolo representava um 
som, uma sílaba; já a escrita alfabética surgiu na Europa em 700 a.C, mas 
o primeiro alfabeto só foi sistematizado 500 anos a.C. E a escrita impressa 
levaria quase 2 mil anos para ser desenvolvida e popularizada no Ocidente.
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O Que é Comunicação?
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Por fim, Santos (2008) apresenta uma classificação dos atos comunicativos. De 
forma resumida, são os seguintes: 
a. Para realizar um ato comunicativo, o ser humano emprega duas formas:
 ■ VERBAL (ou digital): que pode ser oral (palestra) ou escrita (carta).
 ■ NÃO VERBAL (ou analógica) que compreende a comunicação gestual 
(movimentos e posicionamentos do corpo) e pictórica (desenho, foto-
grafia etc.).
b. Do ponto de vista da amplitude, a comunicação pode ser:
 ■ SUBJETIVA – pensar, meditar e refletir sobre a vida, sobre o mundo.
 ■ INTERPESSOAL/GRUPAL – envolve grupo de pessoas.
 ■ MASSIVA – meios de comunicação como jornal e televisão que têm maior 
alcance e atingem um grande número de receptores.
c. Em todo o processo de comunicação, há presente os seguintes elementos:
 ■ INTERLOCUTORES – emissor e receptor.
 ■ MENSAGENS – sequências de sinais transmitidos, que formam signos 
a serem organizados por meio de códigos compreendidos pelo receptor.
 ■ MEIOS.
 ■ CONTEXTO – onde o ato comunicativo se realiza; do ponto de vista his-
tórico, social, cultural etc.
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II
CONCEITO DE COMUNICAÇÃO POR ÁREA DE 
CONHECIMENTO
O sentido de comunicação é muito rico, como se pode observar pelos funda-
mentos da comunicação apresentados. A seguir, serão apresentados conceitos 
em Comunicação por Área de Conhecimento. Esta exposição tem como fonte 
um artigo disponibilizado na internet por Rêgo (1997): 
Conceito Etimológico
Comunicação vem do latim communis, comum, dando ideia de comunidade. 
Comunicar significa, nesse sentido, participação, troca de informações, tornar 
comum aos outros ideais, volições e estados d’alma. Esse conceito preza o fato 
das pessoas poderem entender umas às outras, expressando pensamentos e até 
mesmo unindo o que está isolado, o que está longe da comunidade.
Conceito Biológico
Nesse conceito, a comunicação é relacionada com a atividade sensorial e ner-
vosa do ser humano. É por meio da linguagem que é exprimido o que se passa 
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Conceito de Comunicação por Área de Conhecimento
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em seu sistema nervoso. Algumas espécies têm a necessidade de intercambiar 
informações apenas para multiplicar-se, enquanto a espécie humana procura 
comunicar-se intensamente com outros porque necessita participar ativamente 
da sua própria evolução biológica.
Conceito Pedagógico
A comunicação é uma atividade educativa que envolve troca de experiências entre 
pessoas de gerações diferentes, evitando-se assim que grupos sociais retornem ao 
primitivismo. Entre os que se comunicam, há uma transmissão de ensinamentos, 
onde se modifica a disposição mental das partes envolvidas. Pedagogicamente, 
é essencial que a educação faça parte de uma comunidade, para que os jovens 
adaptem-se à vida social sem que cometam erros do passado.
Conceito Histórico
Baseada na cooperação, a comunicação no conceito histórico funciona como ins-
trumento de equilíbrio entre a humanidade, neutralizando forças contraditórias. 
Desse ponto de vista, o conceito propicia o resgate diacrônico imprescindível ao 
avanço do ser humano em direção ao futuro. Não fossem os meios de comunica-
ção, ampliando as possibilidades de coexistência mais pacífica entre os homens, 
estes já estariam extintos em meio às disputas por poder.
Conceito Sociológico
O papel da comunicação é de transmissão de significados entre pessoas para 
a sua integração na organização social. Os seres humanos têm necessidade 
de estar em constante relação com o mundo, e para isso usam a comunicação 
como mediadora na interação social, pois é compreensível, enquanto código, 
para todos que dela participam. Além desse aspecto, os sociólogos entendem a 
comunicação como fundamental nos dias de hoje para o bom entendimento da 
sociedade e na construção social do mundo. Quanto mais complicada se torna 
a convivência humana, mais se faz necessário o uso adequado e pleno das pos-
sibilidades de comunicação.
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II
Conceito Antropológico
A tendência predominante em alguns estudos da Antropologia é a de analisar 
a comunicação como veículo de transmissão de cultura ou como formadora da 
bagagem cultural de cada indivíduo. Esse é um assunto de grande importância, 
haja vista o surgimento da cultura de massa neste século XX, transformando 
as formas de convivência do ser humano moderno. Tanto que, dentre as prin-
cipais teorias da comunicação de massa, encontramos a Teoria Culturológica, 
desenvolvida por Edgar Morin. Os antropólogos e comunicólogos não devem 
esquecer que sem o desenvolvimento da comunicação, não se poderia estudar 
o homem em suas origens.
OS SENTIDOS DO TERMO “COMUNICAÇÃO”
Em um trabalho que versa sobre “Cultura Midiática e Igreja – uma nova ambi-
ência”, Puntel (2005), na introdução, faz uma exposição sobre os sentidos do 
termo “Comunicação” ao longo da história, os quais sejam:
a. Comunicação como partilha – sentido inicial do termo em latim; signi-
fica participante, ser um vaso comunicante. Sugere pertencer a um corpo 
social por meio de um ato expressivo que requer respostas ou reconhe-
cimento. Nesse sentido, a ideia de comunicado acadêmico enquanto 
mensagem ou notícia.
b. Comunicação como transferência ou transmissão – implica transferência 
física: a comunicação de calor, luz, magnetismo ou dons. Transferências 
psíquicas como ideias, pensamentos ou significados, por exemplo: John 
Locke, comunicação de pensamentos.
c. Comunicação como troca – nesse sentido, a comunicação envolve 
intercâmbio, mutualidade e algum tipo de reciprocidade. Comunicação 
bem-sucedida de dois terminais separados (telegrafia). Sentido coloquial, 
uma conversa íntima e franca entre colegas e amigos, mas não qualquer 
conversa. Sentido de encontro entre mentes ou fusão de consciências.
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d. Comunicação como termo “coringa” para os vários tipos de intera-
ção simbólica, como túmulos, hieróglifos, escrita, moedas, catedrais, 
selos, bandeiras, relógios, a impressa, o correio, a telegrafia, a fotografia, 
o cinema, a telefonia, a fonografia, o rádio, a televisão aberta e a cabo, 
o computador, a internet, a multimídia, a realidade virtual ou qualquer 
outro meio significativo.
TEORIA DA INFORMAÇÃO: ALGUMAS DAS 
CONCEPÇÕES CLÁSSICAS E CONTEMPORÂNEAS DA 
COMUNICAÇÃO
Como já se pode notar, ao longo do nosso estudo, essa área do conhecimento 
guarda um alto nível de complexidade. Tal complexidadese deve, no meu entender, 
à realidade simultânea que se estabelece entre os instrumentos epistemológi-
cos e metodológicos de leitura e o próprio objeto de estudo, a comunicação. 
Evidentemente, são realidades distintas, mas profundamente imbricadas e rela-
cionadas entre si.
Neste subitem, estudaremos as concepções clássicas e contemporâneas da 
Comunicação mediante uma exposição sobre o assunto. Tem-se como objetivo 
apresentar as características dessas concepções sem entrar em aspectos mais 
profundos da crítica. Desta vez, nos serviremos das ideias de Sampaio (2001) 
apresentadas no artigo “Conceitos e Modelos de Comunicação”, os quais são: os 
modelos comunicacionais apresentados pelas teorias da Informação de Shanon 
e Weaver, da Ação Comunicativa de Jürgen Habermas, dos Bens Simbólicos de 
Pierre Bourdieu e dos Sistemas de Niklas Luhmann. A seguir são apresentadas, 
de forma sintética, as elaborações de Shanon e Weaver e de Pierre Bourdieu, por 
serem respectivamente uma visão tradicional ou clássica e a outra por fazer a 
interface nos estudos em Ciências da Religião. 
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II
A Comunicação como Transmissão de Sinais
Essa concepção fora criada e é advogada por C.E.Shannon e W.Weaver, modelo 
criado em 1949, que concebe a comunicação como uma transmissão de sinais. 
Também designada como uma teoria da Informação, foi concebida, de acordo 
com seus criadores, como modelo matemático para permitir a transmissão de 
um conjunto de informações quantificáveis de um lugar para outro. Advém dessa 
concepção os conceitos como os de emissor, destinatário, código, sinal, informa-
ção, codificação e decodificação, utilizados de modo recorrente nas discussões 
sobre comunicação. Trata-se de um modelo linear da comunicação visto como 
um processo de transporte da informação de um ponto A (o emissor) para um 
ponto B (o receptor). A informação, uma vez codificada em sinais por um emissor, 
seria transmitida por meio de um canal (a mídia) para um receptor que proces-
saria a sua decodificação. O processo comunicacional é, desse modo, reduzido 
a uma questão de transporte, no qual as mensagens e significados são tratados 
como meros sinais a serem identificados e decodificados por um receptor.
A Comunicação como Disputa 
O sociólogo francês Pierre Bourdieu tem como um dos eixos da sua sociologia 
dos bens simbólicos a investigação de questões relacionadas ao poder, onde o 
processo de comunicação é compreendido como uma disputa simbólica pelas 
nomeações legítimas. Desse ponto de vista, a sua compreensão da comunicação 
pode ser considerada, exemplarmente, como contrária a de Habermas. Enquanto 
para o filósofo alemão a comunicação é considerada sinônimo da busca de enten-
dimento, para Bourdieu ela é sinônimo de disputa. 
O autor postula a existência na sociedade de um mercado de bens simbóli-
cos tão vigorosos quanto o de bens materiais. À medida que estabelecem relações 
sociais entre si, os homens realizam não somente a troca de mercadorias, mas tam-
bém de significados, de símbolos. Há, assim, uma lógica da produção, circulação 
e consumo dos bens simbólicos a ser apreendida e analisada. Daí a sua afirma-
ção de uma “autonomia relativa” desse mercado simbólico que, não obstante, 
continua sendo estudado pelo autor em analogia ao mercado de bens materiais. 
Como tal, ele é analisado a partir do foco na existência de produtores e consu-
midores de bens simbólicos que se movimentam no âmbito de um “mercado”, a 
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partir de certo quantum de capital, que os capacita ou não a se colocarem frente 
aos “preços” estipulados num processo de competição. 
Bourdieu especifica a sua noção de mercado simbólico mediante a associação 
com o conceito de campo. Na sua concepção, aos vários campos correspondem a 
mercados específicos, sendo a lógica de funcionamento de cada mercado definida 
pelo campo que o delimita. A sociedade, para o autor, tem o seu ordenamento 
definido a partir da existência e do relacionamento dos diversos campos nela 
configurados. A sua “teoria geral do funcionamento dos campos” constitui uma 
tentativa de compreender a sociedade, fugindo aos moldes do marxismo clás-
sico a partir do binômio estrutura-superestrutura. 
O campo é concebido por Bourdieu como sendo estruturado a partir de 
dois elementos fundamentais: um capital específico comum, que dá sentido à 
sua existência, e um processo permanente de luta pela apropriação desse capital. 
Na afirmação do autor, “para que um campo funcione, é preciso que haja objetos 
de disputa e pessoas prontas para disputar o jogo, dotadas de habitos que impli-
quem no conhecimento e no reconhecimento das leis imanentes do jogo, dos 
objetos de disputa etc”. É precisamente essa disputa que sustenta a existência do 
campo e o movimenta. Uma disputa que é produzida pelas próprias estruturas 
constitutivas do campo e, ao mesmo tempo, é responsável pela produção de suas 
estruturas e hierarquias. Em outras palavras, o campo se mantém em funcio-
namento à medida que o conjunto dos agentes nele envolvido atua para manter 
ou melhorar suas posições no seu interior. Nessa disputa, as chances de êxito 
serão maiores ou menores na dependência direta do domínio maior ou menor 
do capital específico do campo. 
A visão da comunicação de Bourdieu como um processo de disputa perma-
nente pode ser tomada como caso exemplar da utilização da metáfora, na qual a 
comunicação se assemelha a um processo de guerra. Nessa abordagem, que asso-
cia a comunicação a um processo de disputa, a fala dos agentes sociais deve ser 
compreendida como “uma relação de força simbólica, que se baseia numa relação 
de autoridade-crença”, necessariamente referida às condições de instauração dos 
discursos, mais precisamente, à estrutura do mercado em que eles são proferidos. 
Por fim, é importante ressaltar que em Teoria da Informação há diversas 
teorias, além das citadas e esboçadas acima, que construíram modelos próprios 
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II
para auxiliarem na interpretação desse fenômeno. É o caso da cibernética, campo 
que estuda o controle e a comunicação no animal e na máquina que pregava a 
troca de informações sem barreiras. Ou, ainda, é caso da Escola de Palo Alto, 
constituída por engenheiros que abandonaram a Teoria de Shanon e Weaver 
fundamentada na matemática e desenvolveram um modelo próprio das ciên-
cias humanas. Segundo Santos (2008), a principal contribuição dessa escola foi 
estabelecer uma teoria dos processos de comunicação que privilegiava as inte-
rações, partindo do princípio de que o receptor tem, nesse processo, um papel 
tão importante quanto do emissor. São essas as hipóteses da Escola de Palo Alto:
a. A essência da comunicação reside em processos relacionais e interacionais.
b. Todo comportamento humano possui valor comunicativo.
c. As perturbações psíquicas remetem a perturbações da comunicação entre 
o indivíduo e seu meio.
NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA 
COMUNICAÇÃO
Como deveria ser o mundo sem computadores e internet? Quem sabe esta possa 
ser uma das perguntas das futuras gerações. Contudo, o mundo das novas tecno-
logias da informação e da comunicação ainda é, para nós, cercado de mistério. 
Apesar disso, a realidade das novas tecnologias da informação e da comuni-
cação toma conta na atualidade. Acompanhe o relatointrodutório de Gontijo 
(2009), em seu trabalho intitulado: “Ciberespaço: que território é esse?”, sobre 
este momento pelo qual passa a sociedade:
A presença das tecnologias de informação e de comunicação-TICs na 
sociedade contemporânea e a lógica virtual dela advinda têm produzi-
do significativas transformações na dialética - relação do sujeito com o 
mundo, revolucionando todas as dimensões da vida humana: relações 
de trabalho e produção, instituições, práticas sociais, códigos culturais, 
espaços e processos formativos, etc. Nas palavras de Castells (2005), 
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trata-se da “gênese de um novo mundo”, cadenciada por repercussões 
que atravessam desde os valores pessoais e as visões de mundo compar-
tilhadas por pequenos grupos, até as já instituídas formas de organiza-
ção materializadas na estrutura social. De fato, observa-se na realidade 
das grandes metrópoles a disseminação de terminais de computadores, 
terminais de vídeo com acesso a bancos de dados nacionais e interna-
cionais, videogames, telefones públicos ligados a centrais automatiza-
das, telefones celulares, enfim, todo um aparato tecnológico que está 
sendo incorporado às atividades cotidianas das pessoas. Há aqueles 
que sequer conseguem imaginar como seria a vida sem tais invenções, 
tal é a forma como elas foram incorporadas às suas existências (p. 1).
Por sua vez, quem se depara com a literatura especializada já pode ter a seguinte 
intuição: o mundo está mudando. Ele está em metamorfose. Essa transforma-
ção não é, por exemplo, uma nova “descoberta” geográfica, territorial, mas uma 
conquista numa outra dimensão, denominado ciberespaço. Segundo Jungblut 
(2004), inspirado em Lévy: 
[...] o ciberespaço é um espaço de comunicação possibilitado pela in-
terconexão mundial dos computadores e no qual as informações co-
municadas são de natureza digital. Esses seriam os pressupostos técni-
cos essenciais, ou necessários, para a existência do ciberespaço.
E completa que são “os programas ou softwares que fazem possível essa fluidez, 
que possibilitam as inúmeras interfaces em tempo real pelas quais o ciberes-
paço se revela”. 
Contijo (2009) entende o ciberespaço como um campo gerador de infinitas 
possibilidades interativas, um novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de 
reconfiguração de identidades, para além de sua dimensão mais visível e prag-
mática, que é organização e transação da informação e do conhecimento. Mas 
que mudanças estariam envolvidas na gestação e concretização do ciberespaço 
como um universo aglutinador de todas essas possibilidades? - pergunta e res-
ponde Contijo (2009):
a. Mudança na tecnologia informática - A tela do computador não é espaço 
de irradiação, mas ambiente de adentramento e manipulação, com jane-
las móveis e abertas a múltiplas conexões.
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II
b. Mudança na esfera social - Há um novo espectador menos passivo diante 
da mensagem e mais aberto à sua intervenção. Ele aprendeu com o con-
trole remoto da TV, com o joystick do videogame, e agora aprende com 
o mouse. Essa mudança significa emergência de um novo leitor.
c. Mudança no cenário comunicacional - Ocorre a transição da lógica da 
distribuição (transmissão) para a lógica da comunicação (interatividade). 
Isso significa modificação radical no esquema clássico da informação base-
ado na ligação unilateral emissor-mensagem-receptor. 
É importante ressaltar que ainda não temos toda a dimensão sobre esse fenô-
meno. Seu entendimento e interpretação ainda estão em disputa, mas ele está aí. 
É uma realidade. Vejamos, abaixo, como Gomes (2008) compreende essa ques-
tão e como ela suscita posições diferentes:
Estamos vivendo hoje uma mudança epocal, com a criação de um bios 
midiático que incide profundamente no tecido social. Surge uma nova 
ecologia comunicacional. É um bios virtual. Mais do que uma tecnoin-
teração, está surgindo um novo modo de ser no mundo, representado 
pela midiatização da sociedade. Esse modo de ser no mundo assume o 
deslocamento das pessoas do palco (onde são sujeitos e atores) à pla-
teia (onde sua atitude é passiva). Muito embora existam correntes que 
dizem que a midiatização é a mediação tecnológica, (diz Muniz Sodré 
que a midiatização é uma ordem de mediações socialmente realizadas 
no sentido da comunicação entendida como processo informacional, 
a reboque de organizações empresariais e com ênfase num tipo parti-
cular de interação – a que poderíamos chamar de “tecnointeração” -, 
caracterizada por uma espécie de prótese tecnológica e mercadológica 
da realidade sensível, denominada “médium”) cremos estar diante de 
algo novo, significando um salto qualitativo no desenvolvimento da 
mídia (p. 2). 
Se tomarmos a posição de pobres mortais, sem o conhecimento especializado, 
pode-se notar que esta realidade já está materializada por meio dos elementos, 
dos suplementos e dos equipamentos das novas tecnologias da informação e da 
comunicação que utilizamos em nosso dia a dia, como é o caso do computador 
e da internet, bem como das produções publicadas dos estudos científicos e aca-
dêmicos das áreas tecnológicas e afins.
Nos últimos anos, os avanços na comunicação humana têm sido surpre-
endentes. Além das posições céticas e eufóricas, as expressões interrogativas se 
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enfileiram: “Onde vamos parar?”; “Qual a sociedade que está surgindo dessas 
mudanças?”; “Que sentimentos e emoções vão nascer dessa nova sociedade?”; 
“Que tipo de tecido social está surgindo dessas novas relações provocadas pelo 
mundo virtual?”. Nesse sentido, especialistas da área relacionados à Teologia, 
como é o caso de Gomes (2008) em recente artigo intitulado “As novas fronteiras 
na comunicação”, fazem questionamentos que nos interessam de forma peculiar:
A pergunta que se impõe é: que consequências haverá para a Igreja 
de Jesus se, permanecendo ainda na antiga ambiência, aventuraram-se 
idilicamente no mundo da mídia? A sociedade midiatizada, com a sua 
vocação de totalidade, deixar-se-á dominar pelo mundo da religião? 
Como se pode dominar, domesticar, algo que nos sobrepassa? O pro-
jeto unificador da midiatização não irá condicionar o projeto religio-
so, competindo com ele no domínio de corações e mentes? (GOMES, 
2008, p.3).
Estas e outras questões relacionadas à Igreja é que nos interessam. Como fica a 
missão do anúncio do Evangelho? Como a Igreja se apresentará nessa nova rea-
lidade? Até que ponto o discurso da Igreja sofrerá mudanças? Sua fisionomia 
espaço-temporal no mundo tomará outra configuração, outra arquitetura? A 
institucionalização da Igreja virtual é uma realidade sem voltas? Quais as conse-
quências teológicas e eclesiológicas dessas mudanças? Por enquanto, são muitas 
as perguntas e poucas respostas. Contudo, nosso processo de conhecimento oci-
dental, em especial, sempre se forjou assim, a partir da indagação e da reflexão 
racional e científica. 
Enquanto as respostas não vêm para o campo da Teologia, é salutar locali-
zar introdutoriamente essa discussão no tempo e no espaço, bem como assinalar 
algumas questões críticas da literatura especializada com o objetivo principal 
de, no entanto, não entrarmos em juízo de valor, colher informações a respeito 
desse fenômeno que

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