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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE – UNIVILLE
CURSO DE DIREITO – NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA
COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA:
APLICAÇÃO NOS TRIBUNAIS SUPERIORES NO BRASIL
 JEAN MICHEL SOARES BOMFIM
Orientador(a): Prof. Hsc.Karina Camargo Boaretto Lopes
Joinville (SC),Junho 2017
UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE – UNIVILLE
CURSO DE DIREITO – NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA
COORDENAÇÃO DE MONOGRAFIA
 O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
 Aplicação nos Tribunais Superiores no Brasil
 JEAN MICHEL SOARES BOMFIM
Monografia submetida à
 Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE,
como requisito parcial à obtenção
do título de Bacharel em Direito.
Orientador(a): Prof. Hsc. Karina Camargo Boaretto Lopes
Joinville (SC), junho 2017
Meus agradecimentos
A minha professora orientadora Karina Camargo Boaretto Lopes
Por ter me auxiliado na conclusão
Desse projeto.
Dedico esta obra:
Ao meu filho Miguel
A Deus por me dar a oportunidade de viver, aprender e
Buscar ser alguém mais humilde todos os dias.
Aos meus filhos Miguel e Pedro 
Que me são a minha vida
A minha irmã Vanessa que a quatorze anos 
trouxe a luz que tanto faltava em nossas vidas
A minha mãe Eliana que além de me dar a vida 
foi a principal incentivadora, 
Para que eu chegasse a esse momento.
A minha Avó Nira, que enfim terá seu sonho realizado.
A meu avô Adilson e sua nobre esposa
 a que considero como uma avó,
Que me apoiaram desde o inicio.
A Minha futura senhora Patricia , mãe de meu filho.
In memoriam
A meu pai Jocenilson Bomfim, que infelizmente
não pode estar aqui
Nesse momento tão incrível.
A minha Avó Terezinha Piech, que já
 imaginava no natal de 1996,onde
O “chechéu” poderia chegar.
A todos os que esqueci de mencionar
 mas que fizeram, fazem ou futuramente
Faram parte da minha vida.
“Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso”
(Charlie Chaplin).
PÁGINA DE APROVAÇÃO
 A presente monografia de conclusão de Curso de Direito da Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE, elaborada pelo(a) graduando(a) JEAN MICHEL SOARES DE BOMFIM, sob o título Princípio da Insignificância: Sua aplicação nos Tribunais Superiores do Brasil, foi submetida em _____de __________de 2017 à Banca Examinadora, obtendo a média final _____ (______________________________________), tendo sido considerada aprovada.
Joinville, _____ de _________________ de 2017.
_________________ __________________ ___________________
Prof. Prof. Prof.
DECLARAÇÃO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE, a Coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora, o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.
Joinville(SC), _____ de _________________ de 2017
Jean Michel Soares de Bomfim
Graduando
ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CRFB		Constituição da República Federativa do Brasil
MP		Ministério Público
OAB		Ordem dos Advogados do Brasil
SC		Estado de Santa Catarina
STF		Supremo Tribunal Federal
STJ Superior Tribunal de Justiça
TJSP Tribunal de Justiça de São Paulo
TJSC Tribunal de Justiça de Santa Catarina
TJDF Tribunal de Justiça do Distrito Federal
TJRS Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul
TJPR Tribunal de Justiça do Paraná
HC Habeas Corpus
RHC Recurso em Habeas Corpus
Resp Recurso Especial
RE Recurso Extraordinário
UNIVILLE	 Universidade da Região de Joinville
CP Código Penal
CPM Código Penal Militar
CPP Código de Processo Penal
MPAS Ministério da Previdencia Social
ECA Estatuta da Criança e do Adolecente
CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Juridica
AUTORIZAÇÃO DE PUBLICAÇÃO PARA FINS CIENTÍFICOS
Autorizo a publicação do presente trabalho, para fins unicamente científicos, na rede mundial de computadores, sítio da Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE, sem quaisquer ônus a esta.
Declaro, ainda, ter sido informado de que a presente autorização não me foi colocada de forma obrigatória e que a aprovação do presente conteúdo perante a Banca Examinadora não depende daquela.
Joinville (SC), _____ de _____________ de 2017
 Jean Michel Soares de Bomfim
Graduando
SUMÁRIO
RESUMO....................................................................................................................xi
INTRODUÇÃO............................................................................................................1
CAPITULO 1
BREVE ESTUDO DAS ORIGENS DO PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA
1.1.PANORAMA HISTÓRICO:Principio da insignificãncia.........................................2
1.2.A origem do principio da insignificância no Brasil...........................................................................................................................4
1.3. PRINCÍPIOS RELACIONADOS AO PRINCIPIO DA INSIGNIFICÂNCIA:.........................................................................................................5
1.3.1. Princípio da igualdade e liberdade:...................................................................6
1.3.2 Principio da legalidade........................................................................................7
1.3.3Principio da intervenção mínima:.......................................................................8
1.3.4 Princípio da fragmentariedade e subsidiariedade...........................................9
1.3.5. Princípio da proporcionalidade.........................................................................9
1.3.6. princípio da adequação social..........................................................................11
CAPITULO 2
O PRINCIPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
2.1 CONCEITO.......................................................................................................12
2.2 Requisitos para sua caracterização:.............................................................18
2.2.1Mínima ofensividade da conduta do agente...............................................19
2.2.2Ausência de periculosidade social na ação...............................................19
2.2.3Reduzido grau de reprovabilidade da ação................................................19
2.2.4Inexpressividade da lesão jurídica provocada...........................................19
2.3. Natureza jurídica..............................................................................................19
2.4. Valoração do princípio da insignificância.....................................................20
2.5 Reconhecimento da conduta insignificante..................................................21
2.6. Política criminal...............................................................................................22
2.7. Objeções ao princípio.........................................................................................242.8.A indeterminação social......................................................................................24
2.9. Insignificância em alguns ramos do direito penal............................................25
2.9.1. Insignificância previdenciária..........................................................................25
2.9.2 Insignificância em crimes ambientais.............................................................28
2.9.3 Insignificância na lei de antitóxicos................................................................29
2.9.4. Insignificância tributaria...................................................................................30
2.9.5. Insignificância nos atos infracionais:..............................................................31
2.9.6. APLICAÇÃO DO PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA NA FASE INQUISITORIAL
2.9.6.1 Da autoridade policial:....................................................................................32
2.9.6.2. Da discricionariedade da autoridade policial:...............................................33
2.9.6.3. Da prisão em flagrante....................................................................................34
CAPITULO 3
O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NOS TRIBUNAIS SUPERIORES
3.1. INSIGNIFICANCIA NO STF...................................................................................36
3.2. INSIGNIFICANCIA NO STJ..................................................................................39
3.2.1 condutas reprovável ..........................................................................................39
3.2.2 reicidencia.........................................................................................................40
3.2.3. inaplicabilidade ................................................................................................41
3.2.4. insignificância em furto famélico...................................................................42
3.2.5. Insignificância em matéria tributaria:............................................................43
3.3. INSIGNIFICANCIA EM OUTRAS UNIDADES DA FEDERAÇÃO:......................44
3.3.1. SãoPaulo:.........................................................................................................44
3.3.2. Rio Grande do Sul:..........................................................................................45
3.3.3. Distrito Federal:...............................................................................................46
CONCLUSÃO.............................................................................................................48
REFERENCIAS DOUTRINARIAS.............................................................................49
REFERENCIAS LEGISLATIVAS..............................................................................52
.......
referencias jurisprudenciais.....................................................................53
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo averiguar o discurso dos tribunais superiores (Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal) a respeito do princípio da insignificância penal, bem como identificar se tal discurso é compatível com o estado democrático de direito. Para tanto, neste trabalho, após uma breve abordagem histórica a respeito do tema, são pontuados outros princípios que possuem relação direta com aquele em estudo. Isto porque, não há no ordenamento jurídico brasileiro uma norma expressa que regulamente sua aplicabilidade, ficando os critérios a cargo da jurisprudência. Ainda que a temática aqui abordada já tenha sido amplamente debatida, o tema é relevante uma vez que se evidenciando na jurisprudência um discurso que viola garantias fundamentais e legitima o Direito Penal do autor o debate precisa permanecer forte a fim de garantir o respeito das liberdades, através do estabelecimento de uma proteção jurídica. Assim, para alcançar os objetivos almejados, foi realizada pesquisa bibliográfica, com a compilação de teses doutrinárias e posicionamentos judiciais.
Palavras-chave: Direito Penal; Princípio da Insignificância; Estado Democrático de Direito 
 INTRODUÇÃO
 O Princípio da Insignificância é o tema tratado no Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação do curso de direito da Universidade da Região de Joinville-UNIVILLE
 Trata-se de um tema extremamente interessante, de grande relevância para os aplicadores do Direito, em especial àqueles que trabalham com o direito penal e o processo penal, sejam advogados, promotores, defensores ou magistrados, bem como de grande importância para os réus, no processo penal (aqueles que sofrem a angústia de um processo demorado, o qual, muitas das vezes precisa chegar à última instância, para se ter reconhecida a sua insignificância).
 Neste trabalho pretende-se conceituar o princípio da insignificância, fazer um apanhado histórico, estudar sua correlação com outros princípios, abordar os ramos do direito nos quais tem sido aplicado o princípio da insignificância, buscando-se verificar como tem sido aplicado o princípio da insignificância no processo penal brasileiro, se tem sido adotado e aplicado aos casos dos processos penais em nosso país.
 Assim, o que é o princípio da insignificância, como tem sido sua evolução, em quais delitos se aplicam ou não, como tem sido o aceite e aplicação por parte dos aplicadores do direito são algumas das questões que procuraremos responder no decorrer do trabalho. 
 O foco principal desse trabalho é analisar a aplicação de tal princípio nos tribunais superiores do Brasil, como em alguns Tribunais de Justiça da federação, e principalmente seus requisitos e sua aplicação no Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal.
 Será que o princípio da insignificância tem sido aplicado como deveria pelos Tribunais Superiores? Como têm se portado nossos Tribunais Regionais com relação ao tema, ou seja, será que os Tribunais, tem reconhecido esse princípio nos casos de processos que estiveram por lá.
 Pela pesquisa realizada até o momento, verificou-se a existência de algumas publicações já realizadas abordando o Princípio da Insignificância. Não tem este trabalho a pretensão de inovar, falando de algo que nunca se ouviu falar, divagar, mas, simplesmente, de destacar pontos acerca do tema a fim de despertar os colegas da área jurídica penal para a necessidade de se colocar mais em prática.
 
 CAPITULO 1
BREVE ESTUDO DAS ORIGENS DO PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA
1.1 Panorama histórico 
 Não há nos registros históricos um concenso definitivo sobre a origem do principio da insignificância, para muitos o priníipio da insignificância tem origem no direito romano, como bem explica José Henrique Guaracy Rebelo “
A mencionada maxima juridica anonima, da idade média, eventualmente usada na forma MINIMIS NON CURAT PROETOR, significa que um magistrado deve desprezar as causas consideradas insignificantes para se concentrar não causas realmente inadiaveis .[1: REBÊLO, José Henrique Guaracy. Princípio da insignificância: interpretação jurisprudencial. Belo Horizonte: Del Rey 2000, p. 31.]
 Há também algumas referências no antigo Código de Manu, onde se considerava os furtos de objetos insignificântes, crime de menor potencial ofensivo,era uma das penas mais brandas do antigo código.
 Apesar da sua origem romana ser dada praticamente como certa para alguns doutrinadores há dúvidas se esse princípio era utilizado no direito Romano antigo.
 O doutrinador Ivan Silva argumenta de forma clara que existem duas origens da do princípio da insignificância, destacandoduas correntes, a primeira afirma que tal princípio teve origem no direito romano antigo como já foi citado no início.Já a segunda entende que o princípio da insignificância teve outra origem, e esta vem do pensamento jusfilosoficos dos iluministas e estaria ligado diretamente ao princípio da legalidade.
 Para Ribeiro Lopes um dos maiores doutrinadores penais do Brasil, o principio da insignificancia teve sua origem no direito romano antigo porém foi com a idéa iluminista do principio da insignificancia, que vimos sua influencia nos dias atuaisonde varias legislações naquela épocaa utilizaram , tendo seu auge na Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789.”O artigo 5 revela que a lei senão as açoes nocivas a sociedade, oque cria um carater seletivo para o direito penal, e o desprezo as ações insignificantes.”[2: LOPES, Maurício Antonio Ribeiro. Princípio da Insignificância no Direito Penal. 2 ed. São Paulo:Revista dos Tribunais, 1997, p. 43.]
 Para a segunda vertente liderada pelo doutrinador Guzmán Dalbora o principio da insignificancia não teve sua origem romana como afirna a grande maioria doutrinaria, e que a minimis non curat proetor SEGUNDO Guzmán , não existia no direito romano antigo, e ainda que tal principio está mais ligado ao pensamento liberal dos humanistas do renascimento doque ao pensamento autoritario dos Romanos antigos.
 (...)Que o juiz se despreocupe do quantitativamente insignificante responde melhor ao sensato e arrazoado juizo de quem sabe-ou intui-que o instrumento do coação juridica não pode estar para o serviço de qualquer assunto, senão só para os de alguma monta, aqueles que possuamum significado juridicamente relevante.É isto, me parece enquadre-se melhor com o pensamento liberal que com um autoritario.[3: DALBORA, José Luis Gusmán. La insignificância: especificación y reducción valorativas en elámbito de lo injusto típico. Revista Brasileira de Ciências Ciminais. São Paulo: RT, ano 4, n. 14. p. 41-]
 Tendo essas duas vertentes entendo que a de Guzmán se encaixa de forma mais adequada ao principio da insignificancia no pensamento contemporaneo.
 Tal principio só foi introduzido na Doutrina Penal no ano de 1964 por intermédio de Claus Roxin na Alemanha, como bem afirma Odone Sanguiné.
O recente aspecto histórico do Princípio da Insignificância é inafastavelmente, devido a Claus Roxin, que, no ano de 1964, o formulou como base de validez geral para a determinação do injusto, a partir de considerações sobre a máxima latina mínima non curat proetor[4: SANGUINÉ, Odone. Observações sobre o princípio da insignificância. Fascículos de Ciências Penais. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, ano 1990, v.3, n.1, p.39.]
 Para Mauricio ribeiro Lopes, o princípio da insignificância de alastrou na Europa provavelmente durante e após a Segunda Guerra Mundial, devido a situação econômica em que o continente europeu se encontrava na época, podendo se dizer que tais furtos eram por estado de necessidade.[5: LOPES, Mauricio Antonio Ribeiro. Princípio da Insignificância no Direito Penal. 2° edição, São Paulo: RT, 2000, p.42]
1.2.A origem do princípio da insignificância no Brasil
 No Brasil o primeiro doutrinador a defender in verbis o princípio da insignificância foi Francisco Assis Toledo:
Segundo o princípio da insignificância, que se revela por inteiro pela sua própria denominação, o direito penal, por sua natureza fragmentária, só vai até onde seja necessário para a proteção do bem jurídico. Não deve ocupar-se de bagatelas. Assim, no sistema penal brasileiro, por exemplo, o dano do art. 163 do Código Penal não deve ser qualquer lesão à coisa alheia, mas sim aquela que possa representar prejuízo de alguma significação para o proprietário da coisa; o descaminho do artigo 334, parágrafo 1°, d, não será certamente a posse de pequena quantidade de produto estrangeiro, de valor reduzido, mas sim a de mercadoria cuja quantidade ou cujo valor indique lesão tributária, de certa expressão, para o Fisco; o peculato do artigo 312 não pode ser dirigido para ninharias como a que vimos em um volumoso processo no qual se acusava antigo servidor público de ter cometido peculato consistente no desvio de algumas poucas amostras de amêndoas; a injúria, a difamação e a calúnia dos artigos 140, 139 e 138, devem igualmente restringir-se a fatos que realmente possam afetar a dignidade, a reputação, a honra, o que exclui ofensas tartamudeadas e sem consequências palpáveis; e assim por diante.
 Apesar de ser defendido pela ampla maioria dos doutrinadores Brasileiros, há no Brasil alguns mais conservadores que o consideram “muito liberal”, segundo alguns autores não é fácil medir a valorização do bem, para dar-lhe proteção jurídica, e a adoção do princípio da insignificância seria muito perigosa, pois algo que é insignificante para um pode não ser necessariamente insignificante para outro.
 Apesar da ampla doutrina e da grande jurisprudência que a a favor do princípio da insignificância, a conceituação não se encontra numa dogmática jurídica, como bem nos ensina Ribeiro Lopes 
Nenhum instrumento legislativo ordinário ou constitucional o define ou o acata formalmente, apenas podendo ser inferido na exata proporção em que aceitam limites para a interpretação constitucional e das leis em geral. É de criação exclusivamente doutrinaria e pretoriana o que se faz justificar estas como autenticas fontes de direito[6: LOPES, op. cit., p.45.]
 Há alguns doutrinadores que entendem que o fato de não haver uma previsão legal para o princípio da insignificância é um verdadeiro mito, pois de fato na justiça comum não h´[a a previsão legal ainda mais no Código Penal Militar, há duas hipóteses:
 O artigo 209 § 6º.do CPM diz:
No caso de lesões levíssimas, o juiz pode considerar a infração somente como disciplinar.”
Já o artigo 240 § 1º., do CPM assim determina:
“Se o agente é primário e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminui-la de um a dois terços, ou considerar a infração como disciplinar.
 Ou seja no Brasil há previsão legal acerca do princípio da insignificãncia no código penal militar, porém na justiça comum isso ainda não acontece.
 Ainda vemos através da mídia casos de pessoas que por furtarem um shampoo, lata de leite em pó, ou uma peça de carne acabem por ir presas, sem acesso a direitos fundamentais inclusive em alguns casos sem ou com a ampla defesa totalmente prejudicada.
1.3.Principios relacionados ao princípio da insignificância:
 Começaremos a falar de princípio citando um conceito do jurista Nucci, em que ele diz:
Os princípios são normas com elevado grau de generalidade, passível de envolver várias situações e resolver diversos problemas, no tocante a aplicação de normas de alcance limitado ou estreito[7: NUCCI, Guilherme de Souza. Princípios Constitucionais Penais e Processuais Penais. 1 ed. SãoPaulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 35.]
 A palavra princípio vem do latim princípium e tem significação variada, podendo
dar a ideia de começo, início, origem, ponto de partida, ou, ainda, a ideia de verdade primeira, que serve de fundamento, de base para algo.
 Nesse sentido, in verbis, lição de Robert Alexy:[8: ALEXY, Robert. Colisão e ponderação como problema fundamental da dogmática dos direitos fundamentais. Palestra proferida na Fundação Casa de Ruy Barbosa, Rio de Janeiro, em 10.12.1998.]
 (...) princípios são normas que ordenam que algo seja realizado na medida possível, dentro das possibilidades jurídicas e reais existentes. Portanto, os princípios são mandamentos de otimização, que estão caracterizados pelo fato de que podem ser cumpridos em diferente grau e que a medida devida de seu cumprimento não só depende das possibilidadesreais, mas também das jurídicas. O âmbito das possibilidades jurídicas é determinado pelos princípios e regras opostos
 Para Marcelo Harger princípios são:
 Normas positivadas ou implícitas no ordenamento jurídico com um grau de generalidade e abstração elevado e que em virtude disso, não possuem hipóteses de aplicação pré determinadas, embora exerçam um papel de prepondencia em relação as demais regras, que não podem contraria-los, por serem as vigas mestras do ordenamento jurídico e representarem os valores positivados fundamentais da sociedade.[9: HARGER, Marcelo. Princípios constitucionais do processo administrativo. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 16]
 
 Ivan Luiz da Silva fala sobre princípios jurídicos citando outro autor, De Plácido e Silva que nos explica a origem etimológica da palavra princípio:
No sentido jurídico notadamente no plural, quer significaras normas elementares ou os requisitos primordiais instituídos como alicerce de alguma coisa. E, assim, princípios revelam o conjunto de regras e preceitos, que se fixaram, para servir de norma a toda espécie de ação jurídica, traçando assim, a conduta a ser tida em qualquer operação jurídica. Desse modo , exprimem sentido, mostram a própria razão fundamental de ser das coisas jurídicas, convertendo-os em perfeitos, axiomas. Princípios jurídicos, sem dúvida, significam pontos básicos que servem de ponto de partida ou de elementos vitais do próprio direito .E nesta acepção, não se compreendem somente os fundamentos jurídicos, legalmente instituídos, mas todo axioma jurídico derivado de outra cultura jurídica universal, compreendem, pois, os fundamentos da ciência jurídica, onde se firmaram as normas originarias, ou as leis cientificas do direito, que traçam as noções em que se estrutura o próprio direito. Assim nem sempre os princípios inscrevem-se nas leis, mas porque servem de base ao direito, são tidos como preceitos fundamentais para a pratica e prestação do direito[10: De PLÁCIDO E SILVA, Vocabulário jurídico, v. III, p. 447. apud Silva, op. cit., p.28.]
1.3.1 Princípio da igualdade e liberdade
 O legislador originário de 1988, consagrou tais princípios no artigo 5, caput. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes
 
 Para Marcelo Novelino:
O princípio da isonomia tem por finalidade impedir discriminações, distinções e privilégios arbitrários, preconceituosos ou injustificáveis[11: NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional.4° edição, São Paulo: Editora Método, 2010. P. 392.]
 
 O Sábio doutrinador Mauricio Lopes fala sobre a necessidade da busca da igualdade material, no princípio da insignificância:
Na aplicação da lei penal cabe ao Magistrado suplantar os limites da isonomia formal e adequar a respectiva sanção à conduta individualmente considerada, atingindo assim grau de individualização da reprimenda que corresponda a real culpabilidade do agente, recuperando assim o valor de igualdade real entre os acusados[12: LOPES, Maurício Antonio Ribeiro. Princípio da insignificância no Direito Penal. 2° edção, São Paulo: RT, 2000, p. 56.]
 A aplicação do Princípio da Insignificância possibilita a proteção ao valor constitucional supremo da liberdade. Tais princípios visam reduzir a incidência de medidas constritivas tendentes a suprimir a liberdade individual, pois a pena, em muitas situações, evidencia-se desproporcionalmente mais maléfica que o delito praticado.[13: GRECO, Rogério.Curso de Direito Penal.Parte Geral. Volume 1. 7° edição, Rio de Janeiro: Impetus, 2006, p.47.]
1.3.2 Princípio da legalidade
 Diferentemente do princípio da insignificância, o princípio da legalidade está expresso já no artigo primeiro do Código Penal: "Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal"[14: BRASIL. Vade Mecum: Saraiva. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 523.]
 Todavia com a evolução desse princípio chegou-se a ideia de que não há crime sem que exista grave prejuízo relevante a um bem jurídico protegido, essa expressão Lopes define em latim como: nuilum crimem nu/la poena sine iuria.[15: Vide também LOPES. p. 43]
 Justamente por haver essa extensividade do princípio da legalidade, que ele passou a ser relacionado com o princípio da insignificância, objetivando dessa forma que em casos concretos tais condutas não cheguem ao judiciário e assim não o congestionem com causas de apelo ínfimo.
 Há na doutrina alguns autores que defendem a inaplicabilidade do princípio da insignificância por não haver previsão legal.
 Já Alexandre Resende da Silva descreve de forma clara tal princípio:
As garantias que este princípio propicia ao cidadão também são uma forma de segurança. Com a atividade estatal limitada aos mandantes legais e com o aumento crescente, absurdo até, da interferência do estado na sociedade civil, a previsibilidade de suas atitudes são da maior importância. Se o cidadão não tiver um mínimo desta previsibilidade relativamente ao estado, estará vivendo uma situação absurda, em que um gigante pode invadir seu quintal a qualquer momento com a força de um elefante e a astucia de uma raposa, vale dizer, viverá uma situação de angustia
 Para Celso Ribeiro Bastos o princípio da legalidade assim se define:
O princípio da legalidade mais se aproxima de uma garantia constitucional do que de um direito individual, já que ele não tutela, especificamente, um bem da vida, mas assegura, ao particular, a prerrogativa de repelir as injunções que lhe sejam impostas por uma outra via que não seja a da lei [16: BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. São Paulo: Celso Bastos Editor, 2002. ]
 Não há como se duvidar que o princípio da legalidade é uma garantia de todos nós, cidadãos, pois qualquer ato do Estado somente terá validade se formalizado..
 
1.3.3 Princípio da intervenção mínima
 Tal princípio ocupa função importante que assegura as garantias individuais previstas na Constituição. 
 Por esse princípio o direito penal deve-se abster de intervir em causas consideradas irrelevantes, e se preocupar com causa que tenha relevância jurídico penal, mantendo assim um caráter fragmentário e subsidiário.
 O princípio da intervenção mínima tem um papel precioso em um Estado Democrático de Direito, pois evita que os autores de crimes considerados insignificantes sejam julgados e condenados porque sua conduta estava descrita em um tipo penal incriminadora. Observar tal princípio é respeitar o princípio Constitucional da dignidade da pessoa humana.
 Segundo DOTTI:
Visa restringir a incidência das normas incriminadoras aos casos de ofensas aos bens jurídicos fundamentais, reservando-se para os demais ramos do ordenamento jurídico a vasta gama de ilicitudes de menor expressão, em termos de dano ou perigo de dano. A aplicação do principio resguarda o prestígio da ciência penal e do magistério punitivo contra os males da e exaustão e da insegurança que a conduz a chamada inflação legislativa.[17: Dou, Renê Anel. Alternativas Para o Direito Penal e o Princípio da IntervençãoMínima. São Paulo: RT, 1981.]
 Com essa citação de Dotti, vemos que o princípio da intervenção mínima visa em regra limitar e em alguns casos eliminar o poder do legislador, visto que o princípio da legalidade apenas coloca barreiras ao arbítrio judicial, porém não impede que o estado através do legislador com base no princípio da reserva legal , crie leis consideradas imperfeitas.
 
1.3.4 Princípio da fragmentariedade e da subsidiariedade
 O princípio da fragmentariedade decorre de outros três importantes princípios,o da legalidade como explicarei mais adiante, o da intervenção mínima, e da lesividade, tem como base que somente condutas relevantes e que atentem contra bem jurídico relevante, necessitam dos rigores e punições do direito penal. Sobre este assunto vale citar Rogério Greco:
O caráter fragmentário do Direito Penal significa, em síntese, que uma vez escolhidos aqueles bens fundamentais, comprovada a lesividade e a inadequação das condutas que os ofendem, esses bens passarão a fazer parte de uma pequena parcela que é protegida pelo Direito Penal, originando-se, assim, a sua fragmentariedade.
 
 Tal citação nos leva a entender que o princípio da fragmentariedade serve como base ao princípio da insignificância, pois nem todos os atos ilícitos devem ser punidos com rigor pelo direito penal, devendo o magistrado, ou outro agente judiciário avaliar a conduta e a lesividade caso a caso.
 Na lição de Mañas:
“O princípio da insignificância surge justamente para evitar situações dessa espécie, atuando como instrumento de interpretação restritiva do tipo penal, com o significado sistemático e político-criminal de expressão da regra constitucional do nulium crinmen sine lege, nada mais faz do que revelar a natureza subsidiária e fragmentária do direito penal.”[18: MA1AS, Vico. O Princípio da Insignificância como Excludente no Direito Penal.São Paulo: Saraiva, 1994.]
 Sendo de natureza fragmentaria o direito penal, deve se ocupar apenas de punir condutas que realmente ameacem bem jurídicos tutelados considerados relevantes.
1.3.5 Princípio da proporcionalidade
 Está relacionado a não aplicação do excesso, tendo como principal função no ordenamento jurídico brasileiro coibir as práticas excessivas e desnecessárias, tal princípio vem para evitar punições excessivas que venham a prejudicar ou ferir princípios fundamentais básicos, o princípio da proporcionalidade, é sem dúvida nenhuma um dos fundamentos do princípio da insignificância, visto que sua aplicação deve incidir nas condutas penalmente insignificantes fazendo com que a punição seja de fato proporcional ao bem jurídico lesado. Ivan Silva cita em sua obra uma citação de Odone Sanguiné:
O fundamento do princípio da insignificância está na ideia de proporcionalidade que a pena deve guardar em relação a gravidade do crime. Nos casos de ínfima afetação ao bem jurídico, o conteúdo de injusto, é tão pequeno que não subsiste nenhuma razão para o palhos ético da pena. Ainda a mínima pena aplicada seria desproporcional a significação social do fato.[19: SANGUINÉ, Odone. Observações sobre o princípio da insignificância. Fascículos de CiênciasPenais. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, ano 3, v. 3, p.36-50, 1990. Apud SILVA, op. cit., p. 135]
 Nesta linha de pensamento afirma Maurach:[20: Segundo as palavras de MATAS.]
“Aplicar um recurso mais grave quando se obtém o mesmo resultado através de um mais suave: seria tão absurdo e reprovável criminalizar infrações contratuais civis quanto cominar ao homicídio tão só o pagamento das despesas funerárias”
 Através desse princípio ligado fundamentalmente ao princípio da insignificância, podemos concluir sem sombra de dúvidas que o princípio da proporcionalidade vem para realmente satisfazer a justiça, sem prejuízo a institutos fundamentais.
 Leciona Brucci:
O princípio da razoabilidade pode ser definido como aquele que exige proporcionalidade, justiça e adequação entre os meios utilizados pelo Poder Público, no exercício de suas atividades - administrativas ou legislativas -, e os fins por ela almejados, levando-se em conta critérios racionais e coerentes.[21: BRUCCI, Maria Paula Daliari. O princípio da razoabilidade em apoio à legalidade.Caderno de Direito Constitucional e Ciência Política. Revista dos Tribunais, ano 4, n°16, p. 173, jul/set.]
 Para ilustrar o princípio da proporcionalidade é importante destacar o julgado do Superior Tribunal de Justiça no “Caso dos Minhocuçus”, onde é importante a citação do voto do Ministro Fernando Gonsalves:
O ato dos réus em apanhar quatro minhocuçus não tem relevância jurídica. Incide aqui o princípio da insignificância, porque a conduta dos acusados não tem poder lesivo suficiente para atingir o bem jurídico tutelado pela Lei n° 5.197/67. A pena por ventura aplicada seria mais gravosa do que o dano provocado pelo ato delituoso.[22: Caso que consta da Jurisprudência do STJ, CC 2032/MG, Rei. Min. Fernando Gonçalves, DJU 23 .08.99.]
1.3.6 Princípio da adequação social 
 Tal teoria tem origem alemã com WELZEL, surgiu para ser um princípio geral de interpretação das normas penais, esse princípio de encaixa perfeitamente em legislações defasadas de reforma ou atualização legislativa, quando as normas são ultrapassadas pela mudança daquela sociedade em questão, excluindo condutas penalmente atípicas, configurando a ação um comportamento tolerado.
 Adequação social são aquelas condutas socialmente aceitas que apesar de estarem descritas no nosso código penal, não são passiveis de punição, como por exemplo a mão que fura a orelha da filha, tal conduta é considerada uma lesão corporal leve porém não é algo passível de punição, tal princípio é fundamental para tirar da esfera punitiva do direito penal condutas que são aceitas, seja pelos nossos costumes, folclore, ou cultura.
 Nesta linha de pensamento temos como referencial a citação de Klaus Roxin em sua obra Politica criminal e sistema jurídico penal, traduzida por Luís Greco:
Interpretação restritiva, que realize a função de Magna Carta e a natureza fragmentaria do direito penal, que mantenha íntegro somente o campo de punibilidade indispensável para a proteção do bem jurídico. Para tanto, são necessários princípios regulativos como a adequação social introduzida por WELZEL, que não é elementar do tipo, mas certamente um auxilio de interpretação para restringir formulações literais que também abranjam comportamentos socialmente suportáveis. Aqui pertence igualmente o chamado principio da insignificância que permite excluir logo de plano lesões de bagatela da maioria dos tipos (...). Se reorganizássemos o instrumentário de nossa interpretação dos tipos a partir destes princípios, daríamos uma significativa contribuição para diminuir a criminalidade em nosso pais. [23: ROXIN, Claus. Política Criminal e Sistema Jurídico Penal. Trad. Luís Greco. Rio de Janeiro:Renovar, 2002.]
 Apesar de muitas condutas que são consideradas crimes porém não são criminalizadas por fazerem parte dos costumes, folclore e cultura, temos exemplos de condutas que eram costumes e aceitas pela nossa sociedade e hoje não são mais toleráveis, é o caso por exemplo da chamada “Farra do boi”, que acontecia aqui em Santa Catarina e faz parte da cultura Açoriana, que desde 1997, é considerada crime com poder punitivo pela enorme crueldade cometida contra animais.
CAPITULO 2
O PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA
2.1.Conceito 
 O princípio da insignificância tem como principal função afastar a tipicidade penal da realidade do fato, ou seja em outras palavras tem a função de não considerar condutas penais insignificantes como penalmente punitivas, por esse motivo sua aplicação consiste na absolvição do réu e não apenas na atenuação de sua pena.
 Sua aplicação decorre de uma conduta insignificante não deve ocupar espaço e tempo da justiça, por não caracterizar lesão significativa, e que por isso mesmo não gere prejuízo relevante nem a ordem social nem a vítima.
 O Excelentíssimo Ministro do Supremo Tribunal federal, Celso de Mello se manifestou acerca do princípio da insignificância no RHC STF 107264:
“O princípio da insignificância -que deve ser analisado em conexão com os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do estado em matéria penal-tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu caráter material. Doutrina, talpostulado- que considera necessária, na aferição do relevo material da tipicidade penal, a presença de certos valores, tais como (a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação,(c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada -apoiou-se, em seu processo de formulação teórica no reconhecimento de que o caráter subsidiário do sistema penal reclama e impõe, em função dos próprios objetivos por ele visados, a intervenção mínima do poder público. O postulado da insignificância é a função do direito penal. ”De minimis non curat proetor”, - O sistema jurídico há de considerar a relevantíssima circunstancia de que a privação da liberdade e a restrição de direitos do individuo somente se justificam quando estritamente necessárias a própria proteção das pessoas, da sociedade e de outros bens jurídicos que lhes sejam essenciais, notadamente naqueles casos em que os valores penalmente tutelados se exponham a dano, efetivo ou potencial, impregnado de significativa lesividade.[24: RHC STF 107264, acesso em 4 de junho de 2015]
 Outro Ministro do STF na época também se manifestou em outro julgamento de HABEAS CORPUS no HC STF 109277 foi Ayres Britto:[25: HC STF 109277, acesso em 10 de junho de 2014.]
. O tema da insignificância penal diz respeito à chamada “legalidade penal”, expressamente positivada como ato-condição da descrição de determinada conduta humana como crime, e, nessa medida, passível de apenamento estatal, tudo conforme a regra que se extrai do inciso XXXIX do art. 5º da CF, literis: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. É que a norma criminalizante (seja ela proibitiva, seja impositiva de condutas) opera, ela mesma, como instrumento de calibração entre o poder persecutório-punitivo do Estado e a liberdade individual.
2. A norma legal que descreve o delito e comina a respectiva pena atua por modo necessariamente binário, no sentido de que, se, por um lado, consubstancia o poder estatal de interferência na liberdade individual, também se traduz na garantia de que os eventuais arroubos legislativos de irrazoabilidade e desproporcionalidade se expõem a controle jurisdicional. Donde a política criminal-legislativa do Estado sempre comportar mediação judicial, inclusive quanto ao chamado “crime de bagatela” ou “postulado da insignificância penal” da conduta desse ou daquele agente. Com o que o tema da significância penal confirma que o “devido processo legal” a que se reporta a Constituição Federal no inciso LIII do art. 5º é de ser interpretado como um devido processo legal substantivo ou material. Não meramente formal. 
3. Reiteradas vezes este Supremo Tribunal Federal debateu o tema da insignificância penal. Oportunidades em que me posicionei pelo reconhecimento da insignificância penal como expressão de um necessário juízo de razoabilidade e proporcionalidade de condutas que, embora formalmente encaixadas no molde legal-punitivo, materialmente escapam desse encaixe. E escapam desse molde simplesmente formal, por exigência mesma da própria justiça material enquanto valor ou bem coletivo que a nossa Constituição Federal prestigia desde o seu principiológico preâmbulo. Justiça como valor, a se concretizar mediante uma certa dosagem de razoabilidade e proporcionalidade na concretização dos valores da liberdade, igualdade, segurança, bem-estar, desenvolvimento, etc. Com o que ela, justiça, somente se realiza na medida em que os outros valores positivos se realizem por um modo peculiarmente razoável e proporcional. Equivale a dizer: a justiça não tem como se incorporar, sozinha, à concreta situação das protagonizações humanas, exatamente por ser ela a própria resultante de uma certa cota de razoabilidade e proporcionalidade na historicização de valores positivos (os mencionados princípios da liberdade, da igualdade, da segurança, bem-estar, desenvolvimento, etc). Donde a compreensão de que falar do valor da justiça é falar dos outros valores que dela venham a se impregnar por se dotarem de um certo quantum de ponderabilidade, se por este último termo (ponderabilidade) englobarmos a razoabilidade e a proporcionalidade no seu processo de concreta incidência. Assim como falar dos outros valores é reconhecê-los como justos na medida em que permeados desse efetivo quantum de ponderabilidade (mescla de razoabilidade e proporcionalidade, torna-se a dizer). Tudo enlaçado por um modo sinérgico, no sentido de que o juízo de ponderabilidade implica o mais harmonioso emprego do pensamento e do sentimento do julgador na avaliação da conduta do agente em face do seu subjetivado histórico de vida e da objetividade da sua concreta conduta alegadamente delitiva. 
4. É nessa perspectiva de concreção do valor da justiça que se pode compreender o tema da insignificância penal como um princípio implícito de direito constitucional e, simultaneamente, de direito criminal. Pelo que é possível extrair do ordenamento jurídico brasileiro a premissa de que toda conduta penalmente típica só é penalmente típica porque significante, de alguma forma, para a sociedade e a própria vítima. É falar: em tema de política criminal, a Constituição Federal pressupõe lesão significante a interesses e valores (os chamados “bens jurídicos”) por ela avaliados como dignos de proteção normativa. Daí porque ela, Constituição, explicitamente trabalha com dois extremos em matéria de política criminal: os crimes de máximo potencial ofensivo (dentre os quais os chamados delitos hediondos e os que lhe sejam equiparados, de parelha com os crimes de natureza jurídica imprescritível) e as infrações de pequeno potencial ofensivo (inciso I do art. 98 da CF). Mesmo remetendo à conformação legislativa ordinária a descrição dos crimes hediondos, bem como daqueles de pequeno potencial de ofensividade.
 5. Ao prever, por exemplo, a categoria de infrações de menor potencial ofensivo (inciso I do art. 98), a Constituição Federal logicamente nega a significância penal de tudo que ficar aquém desse potencial, de logo rotulado de “menor”; ou seja, quando a Constituição Federal concebe a categoria das infrações de menor potencial ofensivo, parece mesmo que o faz na perspectiva de uma conduta atenuadamente danosa para a vítima e a sociedade, é certo, mas ainda assim em grau suficiente de lesividade para justificar uma reação estatal punitiva. Pelo que estabelece um vínculo operacional direto entre o efetivo dano ao bem jurídico tutelado, por menor que seja, e a necessidade de uma resposta punitiva do Estado. 
6. A contrario sensu, o dano que subjaz à categoria da insignificância penal não caracteriza, materialmente, sequer lesão de pequena monta; ou seja, trata-se de ofensividade factualmente nula, porquanto abaixo até mesmo da concepção constitucional de dano menor. Donde sua categorização como penalmente atípica. 7. O desafio do intérprete da norma é encontrar aqueles vetores que levem ao juízo da não-significância penal da conduta. Vetores que decolam de uma leitura pluridimensional da figura da adequação típica, principiando pelo ângulo do agente; quero dizer: da perspectiva do agente, a conduta penalmente insignificante deve revelar muito mais uma extrema carência material do que uma firme intenção e menos ainda toda uma crônica de vida delituosa. Pelo que o reconhecimento da irrelevância penal da ação ou omissão formalmente delituosa passa a depender de uma ambiência factual reveladora da extrema vulnerabilidade social do suposto autor do fato. Até porque, sendo o indivíduo uma realidade única ou insimilar, irrepetível mesmo na sua condição de microcosmo ou de um universo à parte, todo instituto de direito penal que se lhe aplique há de exibir o timbre da personalização. Logo, tudo tem que ser personalizado na concreta aplicação do direito constitucional-penal (sobretudo os institutos da pena e da prisão), pois é a própria Constituição que se deseja assim orteguianamente aplicada (na linha do “Eu soueu e as minhas circunstâncias”, como luminosamente enunciou Ortega Y Gasset). 8. Já do ângulo da vítima, o exame da relevância ou irrelevância penal deve atentar para o seu peculiarmente reduzido sentimento de perda por efeito da conduta do agente, a ponto de não experimentar revoltante sensação de impunidade ante a não-incidência da norma penal que, a princípio, lhe favorecia. Espécie da mais consentida desreificação ou auto-apeamento de situação jurídico-subjetiva. Sem que estejamos a incluir nesse vetor aquelas situações atinentes aos bens de valoração apenas no psiquismo da vítima, porquanto de valor tão-somente sentimental (uma bijuteria que pertenceu a importante familiar falecido ou muito admirado, por exemplo).
 9. Sob o prisma dos meios e modos de realização da conduta, não se pode reconhecer como irrelevante a ação que se manifesta mediante o emprego de violência ou ameaça à integridade física, ou moral, tanto da vítima quanto de terceiros. É dizer: os meios e modos de execução da ação formalmente delitiva não podem consistir em atentado à vida, à saúde, à integridade física, nem à dignidade de qualquer pessoa. Reversamente, sinaliza infração de bagatela ou penalmente insignificante aquela que, além de não se fazer acompanhar do modus procedendi que estamos a denunciar como intolerável, revela um atabalhoamento ou amadorismo tal na sua execução que antecipa a sua própria frustração; isto é, já antecipa a sua marcante propensão para a forma não mais que tentada de infração penal, porque, no fundo, ditadas por um impulso tão episódico quanto revelador de extrema carência econômica do agente.
 10. Do ângulo da repressão estatal, a aplicação do princípio da não-significância penal é de se dar num contexto empírico de óbvia desnecessidade do poder punitivo do Estado. Situações em que a imposição de uma pena se auto-evidencie como tão despropositada que até mesmo a pena mínima de privação liberdade, ou sua conversão em restritiva de direitos, já significa um desbordamento de qualquer idéia de proporcionalidade. 
11. Por fim, e invertendo um pouco a visão até hoje prevalecente na doutrina e na jurisprudência brasileiras acerca do furto e demais crimes contra o patrimônio, o reconhecimento da atipicidade material da conduta há de levar em consideração o preço ou a expressão financeira do objeto do delito. Ou seja: o objeto material dos delitos patrimoniais é de ser conversível em pecúnia, e, nessa medida, apto a provocar efetivo desfalque ou redução do patrimônio da vítima. Reversamente há de propiciar algum enriquecimento do agente. Enriquecimento sem causa, lógico, apto à estimulação de recidiva e à formação do juízo malsão de que “o crime compensa”. É dizer, o objeto material do delito há de exibir algum conteúdo econômico, seja para efetivamente desfalcar ou reduzir o patrimônio da vítima, seja para ampliar o acervo de bens do agente. 
12. As presentes diretivas de aplicabilidade do princípio da insignificância penal não são mais que diretivas mesmas ou vetores de ponderabilidade. Logo, admitem acréscimos, supressões e adaptações ante o caso concreto, como se expõe até mesmo à exclusão, nesses mesmos casos empíricos (por exemplo nos crimes propriamente militares de posse de entorpecentes e nos delitos de falsificação da moeda nacional, exatamente como assentado pelo Plenário do STF no HC 103.684 e por esta Segunda Turma no HC 97.220, ambos de minha relatoria). 
13. No caso, a tentativa de subtração de protetores solares, a todo tempo monitorada pelos seguranças do estabelecimento comercial de grande porte e pelo sistema de vigilância eletrônica, se amolda à ponderabilidade de todas as diretivas listadas. O que legitima ou autoriza a aplicação do princípio da insignificância, pena de se provocar a mobilização de uma máquina custosa, delicada e ao mesmo tempo complexa como é o aparato de poder em que o Judiciário consiste, para, afinal, não ter o que substancialmente tutelar.
 A de se destacar também a citação de Alberto Silva Franco, em sua obra Código penal e sua interpretação jurisprudencial, define o princípio da insignificância da seguinte forma:
Um princípio bem próximo ao da adequação social é o da insignificância. Alguns autores chegam até a dizer que este se inclui naquele. Roxin ('Politica Criminal y Sistema del Derecho Penal', Bosch, Barcelona, 1972), por exemplo, afirma que às condutas socialmente admissíveis, 'pertence o denominado princípio da insignificância que permite na maior parte dos tipos excluir desde logo dano de pouca importância: mau trato não é qualquer tipo de lesão à integridade corporal, mas apenas um que seja relevante; analogamente, indecorosa, no sentido do Código Penal é somente a ação sexual de uma certa importância; injuriosa, do ponto de vista delitivo, é tão somente a lesão grave à pretensão social de respeito. Como 'força' deve ser considerado unicamente um obstáculo de certa importância, igualmente também a ameaça deve ser 'sensível' para passar o umbral da criminalidade'. Não obstante o posicionamento de Roxin, força é convir que o princípio da insignificância atua paralelamente ao princípio da ação socialmente adequada, mas com ele não se confunde. Distingue um do outro a circunstância de que o princípio da insignificância 'não pressupõe a total aprovação social da conduta, mas apenas uma relativa tolerância dessa conduta, por sua escassa gravidade' (Mir Puig, ob. cit., p. 46)[26:  Código penal e sua interpretação jurisprudencial , parte geral, São Paulo, RT, 2001, p. 45., ]
 Cabe dizer que o princípio da insignificância pode e deve ser utilizado no momento da ocorrência ou da interpretação dos fatos, usando critérios como razoabilidade, e princípios como o da proporcionalidade chegando até a completa destituição da reprovabilidade do fato excluindo-se a tipicidade e isentando o agente de punição.
 Mirabete e Fabbrini citam ensinamentos de Luiz Flavio Gomes acerca dos requisitos da incidência do princípio da insignificância:
“(a) escassa reprovabilidade; (b) ofensa a bem jurídico de menor relevância; (c) habitualidade; (d) maior incidência nos crimes contra o patrimônio e no trânsito, além de uma característica de natureza político-criminal, qual seja, a da dispensabilidade de pena do ponto de vista da prevenção geral, se não mesmo sua inconveniência do ponto de vista da prevenção especial”.[27: MIRABETE, Julio Fabbrini e FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal – parte geral, arts. 1º a 120 do CP. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2009, p. 105.]
 O princípio da insignificância tem como principal objetivo tirar crimes de conteúdo insignificantes do direito penal, fazendo com que tal ramo do direito se ocupe com causas relevantes.Nesta linha de pensamento nos ensina Diomar Ackel:
O principio da insignificância pode ser conceituado como aquele que permite ínfimar a tipicidade de fatos que por sua inexpressividade, constituem ações de bagatela, desprovida de reprovabilidade, de modo a não merecerem valorização da norma penal, exaurindo pois, como irrelevantes a tais ações, falta o juízo de censura penal(ACKEL FILHO,1988)” [28: ACKEL FILHO, Diomar. O princípio da insignificância no direito penal. Revista de Jurisprudênciado Tribunal de Alçada de São Paulo. São Paulo: TJSP, v. 94, p. 72-77, abr./jun/1988. p. 76. ApudSILVA, op. cit., p. 100.]
2.2 Requisitos para sua caracterização
 Como vimos anteriormente o princípio da insignificância não está tipificado, sua incidência decorre de interpretação e analogia a outros princípios, porem apesar dessa falta de normatização, o principio em questão tem de observar uma serie de critérios estabelecidos em requisitos de ordem subjetiva, que autorizam a sua aplicação como modo de utilização da excludente de tipicidade, tais requisitos são costumeiramente citados por doutrina, e a Jurisprudencia tanto do STJ, quanto do STF, cabe nesse contexto citar o RHC 24.326/MG, o qual em sua síntese diz:[29: MIRABETE, Julio Fabbrini e FABBRINI, Renato N. Manual de direito penal –parte geral, arts. 1º a 120 do CP. 25. ed. São Paulo: Atlas, 2009, p. 105]
“Nesse sentido, em determinadas hipóteses, aplicável o princípio da insignificância, que, como assentado pelo Ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do HC nº 84.412-0/SP, deve ter em conta a mínima ofensividade da conduta do agente, a nenhuma periculosidade social da ação, o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada”[30: BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso em Habeas Corpus 24326/MG. Matéria criminal. Penal – Crimes contra o Patrimônio – Furto. Relator: Min. Paulo Gallotti. 6ª. Turma. j. 17.03.2009. Disponível em: . Acesso em 9 jun 2015]
 No mesmo julgamento o então Ministro do STJ Paulo Gallotti afirma:
“(...) o reconhecimento de tais pressupostos demanda o minucioso exame de cada caso sob julgamento, não se mostrando possível nem razoável a criação de estereótipos, tal como a fixação antecipada de valor aquém do qual se estaria diante da incidência do princípio, que é de caráter excepcional, mostrando-se de rigor a verificação cuidadosa da presença desses elementos para evitar a vulgarização da prática de delitos[31: Idem.]
2.2.1Minima ofensividade da conduta do agente
 Tal requisito não trata especificadamente do dano sofrido pela vítima, o que realmente importa é saber caracterizar o grau de ofensividade da conduta cometida pelo agente, não importando saber a lesão no determinado momento.
 Neste requisito somente é justificado a intervenção do estado se houver um concreto ataque a um bem jurídico tutelado que seja relevante.
2.2.2Ausencia de periculosidade social na ação
 Ao iniciarmos a análise do segundo requisito para a caracterização do princípio da insignificância, analisaremos seu aspecto partindo da premissa de que a sociedade em geral não pode de maneira nenhuma sofrer algum risco com a conduta, dessa forma será analisada a conduta do agente e verificado se há ou não periculosidade social que possa o isentar da penalização.
2.2.3 Reduzido grau de reprovabilidade da conduta do agente
 Neste terceiro requisito o comportamento do agente deve ser considerado insignificante ou inexpressível, diante da mínima caracterização da aceitação de sua conduta, de modo que suas atitudes sejam passiveis de compreensão e de não reprovação.
 Segundo Ivan Luiz da Silva:
“Uma vez identificada à insignificância do desvalor da ação e desvalor do resultado, tem-se determinada à conduta penalmente insignificante em razão da sua irrelevância jurídico-penal”..[32: SILVA, Ivan Luiz da. Princípio da insignificância no direito penal. 2.ed. Curitiba: Juruá. 2011. p. 160.]
2.2.4 Inexpressividade da lesão jurídica provocada
 Em análise ao último requisito para a concessão da aplicação do princípio da insignificância está à inexpressividade da lesão jurídica provocada, onde, para que haja seu reconhecimento, este não deverá ofender ao interesse jurídico tutelado
 Assim, conforme doutrina do professor Luiz Flávio Gomes:
“Se a conduta for insignificante são exigidos os três critérios concernentes à conduta, quais sejam: ausência de periculosidade social da ação, mínima idoneidade ofensiva da conduta e falta de reprovabilidade da conduta. Caso a insignificância ocorra quanto ao resultado aplica-se somente o requisito concernente ao resultado, qual seja: inexpressividade da lesão jurídica causada. Agora, se a insignificância ocorrer tanto na conduta quanto no resultado, os quatros requisitos se fazem necessários cumulativamente”.[33: GOMES, Luiz Flávio. Princípio da insignificância e outras excludentes da tipicidade. São Paulo: RT, 2009.p. 16.]
 
2.3.NATUREZA JURIDICA
 Não há como negar, crime está tradicionalmente ligado a ideia de legalidade, pois para haver crime tem que haver uma norma que o incrimine e o pune, porém, ocorre que ao tutelar a proteção de um bem o Estado acaba por caracterizar condutas graves e condutas insignificantes da mesma forma, criando uma desproporção entre a conduta irrelevante e o valor ou bem tutelado, criando assim desigualdade.
 Com o tempo passou-se a entender que o direito não poderia usar apenas critérios lógicos para descrever e punir condutas criminosas, mas sim deveria haver uma valoração no caso concreto, dessa forma a tipicidade passou a ser interpretada e dividida em duas, a tipicidade formal e a tipicidade material.
 De tal modo foi constatada a necessidade da aplicação nos casos insignificantes da tipicidade material, que é ao meu ver bem mais justa na descrição da conduta do agente.
 Dessa forma quando há a violação de um bem jurídico tutelado porem sem dano e sem ofensa a vítima e a sociedade, deve ser aplicado a excludente de tipicidade, entendida em sentido material, assim concluímos que para ser penalizada a conduta deve além de se adequar a literalidade formal fornecer dano significante ou perigo de dano significante para a vítima e para a sociedade.
 
2.4.VALORAÇÃO DO PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA
 Como já foi visto anteriormente o princípio da insignificância incide na não penalização criminal de condutas onde o bem jurídico ofendido é considerado irrelevante, não ocasionando prejuízo sério a vítima nem a sociedade como um todo.
 Como não há em nosso ordenamento jurídico atual nenhuma lei que o descreva, há muita divergência e questionamentos na hora de definir o que é um valor considerado insignificante.
 A doutrina dominante no Brasil alega que pra ser insignificante o bem jurídico ofendido deve ser absolutamente desprezível, incapaz de causar qualquer forma de prejuízo a vítima.
 Alguns doutrinadores entendem que é considerado ínfimo o bem com valor no teto do salário mínimo vigente no país na época da ocorrência do fato, como veremos mais a frente em algumas jurisprudências de tribunais superiores em nosso país.
 Para ilustrar o quanto é majoritário o uso do salário mínimo como base para caracterização da insignificância cito um julgado do Superior Tribunal de Justiça:
Trata-se de tentativa de furto de trinta e duas cartelas de pilhas. Para que se aplique o princípio da insignificância, é necessário que se verifiquem dois critérios: o valor de pequena monta e o seu ínfimo caráter para a vítima. Na espécie, o valor da resfurtiva ultrapassou o salário mínimo vigente à época do fato, logo não há que se falar em crime de bagatela. Quanto ao sursis processual, deve o magistrado verificar se o réu está sendo processado, além de observar as condicionantes dispostas no art. 77 do CP. Assim, o fato de já ter se submetido a uma anterior suspensão processual não desestimulou o ora paciente, que voltou a delinqüir, motivo que inviabiliza uma nova concessão. Para que o condenado tenha a pena privativa de liberdade substituída pela restritiva de direitos, é necessário que preencha os requisitos do art. 44 do CP. Logo a Turma denegou a ordem. HC 53.139-PB, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 31/10/2007.
 
 A de se observar que o salário mínimo como quantum caracterizador é utilizado de forma geral, porem em crimes tributários por exemplo esse valor é muito maior, como valores que na maioria dos casos não é insignificante para a maioria das pessoas comuns.
 A grande problemática é que vivemos em um país com grandes desigualdades sócias e majorar o salário mínimo como teto para caracterizar o valor da insignificância não parece ser muito inteligente, pois a maioria dos brasileiros vive com justamente um salário mínimo, e qualquer valor dele subtraído traz enorme prejuízo a vítima.
2.5 Reconhecimento da conduta insignificante
 Durante anos o direito penal não tinha critérios que caracterizavam a conduta insignificante, tal fato deve-se pelo fato de ainda não haver a positivação de tal princípio em nosso ordenamento jurídico, sendo que hoje em dia tais critérios não são vinculantes e por isso dependem da análise do caso concreto.Para Ivan da Silva, deve se observar o modelo clássico de determinação para se reconhecer a conduta penalmente insignificante:[34: SILVA, Ivan Luiz da Silva. Princípio da Insignificância no direito penal.1°  Ed. (ano2004), 3° reimp. Curitiba: Juruá, 2009, p.150.]
 Trata-se de uma avaliação dos índices de desvalor da ação e desvalor do resultado da conduta praticada, como fito de se determinar o grau quantitativo-qualitativo da lesividade em relação ao bem jurídico atacado”. Desta forma, para o referido autor “é a avaliação da concretização dos elementos da conduta praticada que indicará o que é significante ou insignificante, fazendo incidir ou não o Direito Penal
 Nesta mesma linha de pensamento não posso deixar de citar Juarez Tavarez em sua obra “Teoria do Injusto Penal”.[35: TAVARES, Juarez. Teoria do injusto penal. Belo Horizonte: Del Rey, 2000. p. 238]
Ao determinar as características do comportamento proibido, o legislador procede a uma avaliação negativa sobre a conduta e o resultado por ela produzido. Esta dupla avaliação é denominada de desvalor do ato e do resultado.
 Na Doutrina de Odone Saguiné, o índice desvalor da ação:[36: SANGUINÉ, Odone. Observações sobre o princípio da insignificância.Fascículos de Ciências Penais. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, v. 32, 1990, p. 45.]
Refere-se ao grau de probabilidade da conduta para realizar o evento na concreta modalidade lesiva assumida pelo agente”. Já o índice desvalor do resultado é obtido “da importância do bem jurídico atacado e da gravidade do dano provocado.
 Importante notarmos na doutrina de Saguina, que para ser configurado um fato insignificante deve ser concorrente insignificante a conduta e o resultado.
 Para Luiz Flavio Gomes,com o princípio da insignificância o magistrado deixou de ter que apenas aplicar a norma penal legal, adquirindo assim mais valoração as suas decisões:[37: GOMES, Luiz Flávio. Princípio da insignificância e outras excludentes da tipicidade. São Paulo: RT, 2009, p.19.]
O Princípio da Insignificância tem tudo a ver com a moderna posição do juiz, o qual não mais está bitolado pelos parâmetros abstratos da lei, mas sim pelos interesses em jogo em cada situação concreta
 Ou seja, diante da atual realidade do judiciário, que está sobrecarregado e de um sistema prisional deficitário e desumano, aplicar o princípio da insignificância é ao meu ver a única e mais concreta forma de se fazer a justiça.
 Apesar de tutelar e proteger bens jurídicos, nem todos esses bens merecem ser protegidos pela ordem penal, pois são irrelevantes e insignificantes para a sociedade.
 
2.6 .Política criminal
 Há na doutrina vários conceitos de política criminal, podemos conceitua-la como “O conjunto dos procedimentos através dos quais o corpo social organiza as respostas ao fenômeno criminal”. Para Claudio Heleno Fragoso a politica criminal é:[38: DELMAS-MARTY, Mireille. Modelos e movimentos de política criminal. Rio de Janeiro: Revan,1992, p. 24. apud ROCHA, Fernando A. N. Galvão. Política Criminal. 2. ed. Belo Horizonte:Mandamentos, 2002. Capítulo I. Material da 1ª. Aula da Disciplina Política Criminal, ministrada noCurso de Pós-Graduação Lato Sensu Televirtual em Ciências Penais – Universidade Anhanguera-Uniderp – REDE LFG.][39: FRAGOSO, Heleno Claudio. Lições de direito penal – Parte geral. Rio de Janeiro: Forense, 1993,p. 18. Apud ROCHA, op. cit.]
A atividade que tem por fim a pesquisa dos meios mais adequados para o controle da criminalidade, valendo-se dos resultados que proporciona a criminologia, inclusive através da análise e crítica do sistema punitivo vigente
 Um dos grandes problemas dos cursos de graduação de direito no Brasil é que poucos abordam ou aprofundam o conhecimento em política criminal, para a professora Alice Bianchini em “Politica Criminal: Direito de punir do estado e finalidade do direito penal”, define tal política:[40: BIANCHINI, Alice. Política Criminal, Direito de punir do Estado e finalidade do Direito Penal.Materia da 1ª. Aula da Disciplina Política Criminal, ministrada no Curso de Pós-Graduação LatoSensu Televirtual em Ciências Penais – Universidade Anhanguera-Uniderp – REDE LFG.]
O Direito Penal tem tido uma função simbólica, qual seja, manter um nível de tranquilidade na opinião pública, fundado na impressão de que o legislador se encontra em sintonia com as preocupações que emanam da sociedade. Criam-se, assim, novos tipos penais, incrementam-se penas, restringem-se direitos sem que, substancialmente, tais opções representem perspectivas de mudança do quadro que determinou a alteração (ou criação) legislativa. Produz-se a ilusão de que soluções foram encaminhadas.
 
 Hoje temos claramente uma política criminal repressiva no Brasil, onde o certo seriamos ter uma política preventiva, essa tal política repressiva decorre do chamado populismo penal, difundido em grande parte pela mídia em nosso, pais, que prega o direito penal máximo, não admitindo inclusive a excludente de tipicidade nos casos considerados insignificantes, essa máxima penalização leva ao crescimento da criminalidade, a superlotação carcerária e a segregação dos agentes.
 Para algumas pessoas aplicar o princípio da insignificância geraria um retrocesso no direito penal, aumentando a sensação de impunidade.
 Carlos Mañas define tal sentimento:[41: MAÑAS, Carlos Vico, op. cit.]
Tal temor é fruto do desconhecimento da natureza fragmentária e subsidiária do direito penal, pois a proposta não é que as condutas lesivas de pouca relevância passem a ser consideradas lícitas. A idéia é apenas retirá-las da área de influência do direito penal, transferindo a solução do problema para outros ramos do ordenamento jurídico ou mesmo outros instrumentos de controle social.
 É certo que tal situação vem mudando com os anos mas como explanarei nos próximos tópicos ainda há uma parte de pessoas que resistem a ideia do princípio da insignificância, e defendem o direito penal máximo, como sabemos pessoas pobres cometem condutas insignificantes, e apenas elas seriam punidas se aplicarmos apenas a tipicidade formal, tornando assim nosso judiciário ainda mais abarrotado de causas insignificantes, enquanto causas importantes acabam muitas vezes prescrevendo.
2.7.Objeções ao principio
 Embora a maioria esmagadora dos doutrinadores defendam o princípio da insignificância há alguns que defendem a inaplicabilidade da sua aplicação.
 A grande objeção está na dificuldade de caracterizar critérios precisos na hora de definir uma conduta insignificante, outra objeção está na aplicação do princípio em condutas que o legislador considera, apesar de pouca relevância, criminosas, pois isso geraria a chamada Incongruência sistemática.
 Há ainda alguns que defendem a não aplicação de tal princípio por não estar devidamente formalizado, legislado. Esses doutrinadores mais formalistas defendem que aplicação de tal princípio geraria uma sensação de insegurança na população.
 Apesar de haver críticas quanto a aplicação do princípio da insignificância, não há como o excluir do nosso direito penal pois é uma forma político criminal de descriminalização sistemática. 
 Ensina Vico Mañas que:[42: MAÑAS.Carlos Vico op.cit.pg.59]
É inegável que a utilização do conceito indeterminado ou vago pode implicar risco para a segurança jurídica que deve proporcionar o sistema, até porque este tem por objetivo básico impedir a arbitrariedade
 Todavia, deve ser entendida a aplicabilidade do princípio da insignificância inserido na dogmática penal; na origem do crime, fundamentando em seu próprio conceito os fins a que se destina o direito penal, com vistas aos bens jurídicos e os interesses sociais, de forma a enxergar a realidade social.
2.8.A indeterminação social
 Por proporcionar um certo risco a segurança jurídica com fundamento no risco da arbitrariedade, é que se evita a conceituação indeterminado ou vago.
 A ausência de previsão legal éuma das maiores críticas a aplicabilidade de tal princípio, na medida que o princípio da insignificância não encontra previsão legal , sendo apenas segundo muitos autores apenas “criação doutrinaria”, cria na visão de alguns uma profunda insegurança jurídica.
 Segundo Vani Bemfica:[43: BEMFICA. Francisco Vani.Da teoria do crime.São Paulo.saraiva.1990p.72.]
O principio da insignificância é muito liberal, e procura esvaziar o direito penal, não é fácil medir a valoração do bem para dar-lhe segurança jurídica e sua adoção é perigosa, mormente porque a medida que se restringe o conceito de moral , mais fraco se torna o direito penal que nem sempre deve acompanhar as mutações da vida social.
 Apesar de ainda haver na doutrina objeção ao princípio da insignificância, a jurisprudência vem cada vez mais consolidando tal instituto, pois a lei deve sim se adequar a realidade social de seu, atenuando desigualdades, e fazendo o direito material acima do formal.
2.9.Insignificancia em alguns ramos do direito penal
 Como pode ser observado nos tópicos anteriores o princípio da insignificância está relacionado não apenas com o código penal em si mas com todos os sub-ramos do direito penal, quer seja de maneira direta que de maneira indireta, como por exemplo em questões penais previdenciárias, patrimoniais, tributarias, em questões fiscais, delitos de transito, lei de drogas, e no direito ambiental.
2.9.1.Insignificancia previdenciária
 A lei 9.983/2000, incluiu no código penal os crimes de apropriação indébita previdenciária (CP art.168-A) e sonegação de contribuição previdenciária (CP art.337-A), antes tais dispositivos eram tratados em leis separadas, contam com a previsão do perdão judicial, estando facultado ao juiz deixar de aplicar a pena restritiva de liberdade, ou em alguns casos aplicar apenas a pena de multa, desde que o agente tenha bons antecedentes e seja réu primário .Assim dispõe a lei:[44: BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal.]
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I - omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II - deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
I - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II - o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste dos benefícios da previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
 Por conta desse dispositivo inserido no código penal, alguns consideram desnecessário aplicar o princípio da insignificância pois já consideram que a própria lei já o fez formalmente.
 A de enaltecer a sabia lição de Francisco Dias Teixeira:[45: TEIXEIRA, Francisco Dias. Crimes contra a Previdência Social em face da Lei n° 9.983/00. pagina 4-5. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_20/artigos/FranciscoDias_rev20.ht...Acesso em 22.05.15]
“Poder-se-á objetar essa interpretação dizendo que, se a insignificância prejudica a sua própria tipificação, até um determinado grau, sequer poderá haver ação penal, porque crime não existe. O argumento é válido sob o aspecto da coerência da teoria da insignificância. Mas, de qualquer sorte, ainda que assim se entenda, o certo é que esse “grau” até onde o fato seja considerado insignificante deve estar abaixo da linha estabelecida, pela lei, como máximo para o perdão judicial. Do contrário, estar-se-ia revogando a lei, que confere significância penal ao fato, exigindo a respectiva ação (porque, para que o Judiciário perdoe, o Ministério Público tem que processar), pela teoria, que preconiza a falta de justa causa para o processo”.
 
 Outros doutrinadores entendem que tal crítica não é válida, extraindo-se dos tribunais uma verdadeira desarmonia, quanto a fixação do valor mínimo para sua caracterização, apesar das críticas não restam dúvidas sobre a possibilidade de aplicação do princípio da insignificância nos crimes previdenciários.
 Explicita o art. 4. da Portaria MPAS n o 4.910, de 4 de janeiro de 1999:
Art. 40 A Dívida Ativa do INSS de valor até R$5.000,00 (cinco mil reais), considerada por CGC/CNPJ, não será ajuizada, exceto quando, em face do mesmo devedor, existirem outras dívidas, caso em que estas serão agrupadas para fins de ajuizamento. (BRASIL. Ministério da Previdência e Assistência Social, Portaria MPAS n° 4.910, de 4 de janeiro de 1999. Dispõe sobre o parcelamento simplificado da dívida ativa do Instituto Nacional do Seguro Social).
 Segundo a jurisprudência, se a quantis não for descontada nem repassada ao INSS aplica-se o princípio da insignificância.[46: Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n° 261403. Relator: Min. Gilson Dipp. Brasília, DF. 16 deoutubro de 2001.]
 Vale dizer que o Supremo Tribunal Federal tem aplicado o princípio da insignificância no crime de descaminho, quando o valor sonegado pelo agente for inferior a R$10.000,00(dez mil reais). Para arquivamento sem baixa de distribuição:
Lei nº 10.522 de 19 de Julho de 2002
Dispõe sobre o Cadastro Informativo dos créditos não quitados de órgãos e entidades federais e dá outras providências.
Art. 20. Serão arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais de débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004)
§ 1o Os autos de execução a que se refere este artigo serão reativados quando os valores dos débitos ultrapassarem os limites indicados.
§ 2o Serão extintas as execuções que versem exclusivamente sobre honorários devidos à Fazenda Nacional de valor igual ou inferior a 100 Ufirs (cem Unidades Fiscais de Referência).
§ 2o Serão extintas, mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, as execuções que versem exclusivamente sobre honorários devidos à Fazenda Nacional de valor igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais). (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004)
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica às execuções relativas à contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
(Revogado pela Medida

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