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Capítulo IV O MUNDO ÉTICO As normas éticas não envolvem apenas juízos de valor sobre os comportamentos humanos, mas também, implicam no reconhecimento da obrigatoriedade de um comportamento, é o que caracterizamos como imperatividade do Direito, sendo assim, toda norma enuncia um comportamento que deve ser obrigatório, é um juízo de valor imperativo. Juízo de valor é todo caráter que nós atribuímos a determinada coisa. Bom, no caso do Direito, o juizo de valor ocorre quando o legislador decide como um homem deve agir ou não agir, prevendo uma ou mais consequências caso não exista obediência à norma. Entende-se assim que, as normas éticas não são necessariamente normas de ordem, é um dever suscetível da decisão do homem de seguir ou não, isto é, as normas éticas se caracterizam pela possibilidade de sua violação, elas não excluem a liberdade do indivíduo, pressupõe-se que este terá discernimento suficiente para não infrigir a norma, porém, prevê-se ainda o que acarreta o descumprimento dela. A norma é configurada como uma delimitação do agir, uma regra proveniente da necessidade de uma boa convivência entre os homens, por meio daquilo que devemos ou não fazer. A Ética pode ser vista de diferentes prismas, sob diferentes valores, quando ocorre um desmedido apego à um determinado valor sobre o outro, cria-se o que chamamos de aberrações éticas. Esses valores podem ser: • BELO – são os valores estéticos, são feitos por homens que dão demasiada importância à realização do que é bonito, é o caso dos artistas, dos poetas. • ÚTIL – são os valores econômicos sobre o que cada homem necessita para viver bem, é o chamado “útil-vital”, torna-se materialismo quando excede-se a importância dada a este valor. • SANTO – são os valores religiosos, que podem ser demasiadamente utilizados para nortear a vida de homens que só vivem do valor sacro. • AMOR – são os valores que estabelecem uma relação emocional entre dois seres. • PODER – são os valores que organizam uma sociedade, os valores do Estado, quando prevalecem sobre os demais valores criam-se os chamados Estados Totalitários. • BEM INDIVIDUAL – conduta realizada em função da intencionalidade do indivíduo, a Ética vista desse ângulo é chamada de Moral. • BEM COMUM - são os valores dentro das relações intersubjetivas, valores da coletividade, expressados na Moral Social e no Direito. Capítulo V DIREITO E MORAL Pode-se dizer que Moral é uma conduta espontâneta de cada homem, isto é, vem de dentro dele a intencionalidade de agir corretamente, o Prof. Miguel Reale diz que, o Direito é uma moral obrigatória, ou seja, o “agir corretamente” ao invés de vir de uma intencionalidade do próprio indivíduo, provém de circunstâncias exteriores à sua vontade. Diz ainda que o Direito possui o chamado “mínimo ético”, que consiste em dizer que o Direito tem apenas a moral suficente necessária à sociedade para que possa sobreviver sem grandes conflitos, assim sendo, o Direito não se ve separado da Moral e sim como uma grande parte dela. Bom, dizendo que a Moral do Direito é obrigatória e alheia a vontade do indivíduo, requer-se uma obediência às regras sociais que essa Moral estabelece. O professor ainda salienta que a Mora só é autêntica quando o respeito à essa regra resulta de um “movimento espiritual espontâneo”, sendo assim não se pode conceber o ato de Moral como sendo algo forçado. Ninguém pode ser bom pela violência. Nesse ponto o professor expõe uma distinção entre Direito e Moral, enquanto o primeiro é coercitivo, o último não é passível de coerção, partindo desse pressuposto, enquanto a Moral é o ato de bondade espontâneo o Direito é a ordenação coercitiva da boa conduta humana, estando aí a principal diferença entre ambos. Como já foi citado anteriormente, existe um caráter de “alheiedade” do indivíduo no Direito, isso é o que chamamos de Heteronomia, o Direito é heterônomo visto que é posto por terceiros o que somos obrigados a cumprir, além disso, a Moral se distingue do Direito num elemento chamado bilateralidade atributiva, que nada mais é do que o fato de que o Direito só existe quando duas ou mais pessoas se relacionam de maneira objetiva, o que as autoriza a pretender ou a fazer garantidamente algo. Historicamente Direito e Moral sempre estiveram em discussão, vários estudiosos tenderam a estudar ambos os conceitos como independentes e sempre com distinções, no mundo moderno, grandes pensadores entenderam Direito e Moral como conceitos que se complementam e não apenas como estudos antagônicos. Porém, o que existe até hoje é um conflito com as normas de trato social, que são as regras seguidas pela sociedade por força de costume, o que as coloca em numa situação intermediária entre Direito e Moral. Essas normas compartilham da espontaneidade da Moral e também da sua incoercibilidade, isto é, ninguém pode ser obrigado, por exemplo, a cumprimentar um amigo ou conhecido, é uma de trato social que foi se adquirindo pelo costume, porém essa norma conicide com a heteronomia do Direito, já que provém de forças externas e alheias a vontade do indivíduo, é apenas uma questão de adequação. São bilaterais como a Moral, mas não adquirem a característica de atributividade, já que ninguém pode exigir um cumprimento respeitável de outra pessoa, a atributividade só surge quando o costume se torna fonte de norma jurídica, a chamada norma consuetudinária ou quando o ato de cumprimentar alguém torna-se obrigação jurídica
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