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HABEAS DATA

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FARO - Faculdade de Rondônia
788 (Decreto Federal nº 96.577 de 24/08/1988)
453 (Portaria MEC de 29/04/2010)
IJN - Instituto João Neórico
3443 (Portaria MEC / Sesu nº369 de 19/05/2008)
FACULDADE DE RONDÔNIA
INSTITUTO JOÃO NEÓRICO
DIREITO CONSTITUCIONAL II
PORTO VELHO
2017
FARO - Faculdade de Rondônia
788 (Decreto Federal nº 96.577 de 24/08/1988)
453 (Portaria MEC de 29/04/2010)
IJN - Instituto João Neórico
3443 (Portaria MEC / Sesu nº369 de 19/05/2008)
INSTITUTO JOÃO NEÓRICO - IJN
FACULDADE DE RONDÔNIA - FARO
CURSO: DIREITO
Docente: Fabrício Matos
Disciplina: Direito Constitucional II
Período: 4º Turma: NB
Discentes: Ana Carla Ramos de Souza Costa
Lívia Paes Tavares Pacheco Guimarães
HABEAS DATA (ART. 5º, LXXII)
Trabalho desenvolvido para a disciplina de Direito Constitucional II como requisito parcial para obtenção de nota N2.
PORTO VELHO
2017
INTRODUÇÃO
O habeas data visa à tutela dos direitos e garantias à informação, sendo uma das grandes inovações que surgiu com o advento da constituição de 1988, instituído em seu art. 5º, inciso LXXII. Este remédio constitucional teve sua instrumentalização regulamentada pela lei 9.507/1997e atualmente existente em nosso dia a dia com mais força e aplicabilidade.
Tem como ação, assegurar o livre acesso de qualquer cidadão a informações relativas a eles próprios, constantes de registros, fichários ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público colocados à disposição de pessoas física ou jurídicas, brasileiras e estrangeiras, como por exemplo, a existência de arquivos e bancos de dados como informações pessoais específicas nas polícias, repartições públicas em geral e até em órgãos de proteção ao crédito.
São informações que se referem à vida pessoal, patrimonial ou não, que merecem ser preservados de utilizações irregulares ou mesmo criminosas, garantindo-se a intimidade da pessoa.
O conhecimento da existência e conteúdo desses dados por parte da pessoa a quem se referem, bem como o direito de retificá-los em caso de incorreção, é assegurado pelos princípios constitucionais de respeito à intimidade e à vida privada da pessoa humana.
A expressão habeas data é de origem latina e significa literalmente "tome-se o dado". Esse writ(escritura), foi instituído diante a grande necessidade de uma nova sociedade que vem se formando ao longo dos anos, onde cada vez mais anseia por informação, e diante de tantas informações que acabam vindo a público, podem acabar lesando o indivíduo, expondo sua intimidade. Então, o habeas data surge em meio a necessidade de frear os abusos aos direitos à intimidade e privacidade do indivíduo.
HABEAS DATA (ART. 5º, LXXII)
Origem 
A maioria dos doutrinadores argumenta que se iniciou pelo ‘Freedom of Information Act 1974’, nos Estados Unidos, modificado através do ‘Freedom of Information Reform Act de 1978’, o qual buscava a possibilidade da pessoa em conseguir às informações contidas nos bancos de dados públicos ou particulares com acesso público. 
O habeas data surgiu no ordenamento jurídico brasileiro com a Constituição de 1988. Foi o período de ditadura pelo qual atravessou o Brasil entre 1964 a 1985 o grande motivador para a garantia de acesso à informação do cidadão de dados que sobre si possuíam órgãos públicos ou entidades de serviço público. 
Ao criar o instituto, o constituinte brasileiro inspirou-se na Carta portuguesa de 1976 (arts. 26º, 1 a 3, e 35º, 1 a 6). 
Depois de décadas de autoritarismo, em que repartições públicas contiveram banco de dados de indivíduos, viu-se a necessidade de barrar o controle do Estado, através de meios para que as pessoas pudessem ter acesso a tais registros.
Previsão legal 
O habeas data está previsto no artigo 5º, inciso LXXII, da Constituição Federal de1988, que assim versa:
"Conceder-se-á habeas data:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros públicos ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo."
Com o surgimento da Constituição Federal de 1988, instituindo o habeas data, houve necessidade de regulamentação do instituto por meio de legislação ordinária.
A referida lei ordinária só veio a lume em 1997, recebendo o número 9.507, que tem como ementa "regular o direito de acesso a informações e disciplinar o rito processual do habeas data", composta por 23 (vinte e três) artigos.
Entre o advento da Constituição Federal de 1988 e a entrada em vigor da lei que regulamentou o habeas data (Lei nº 9.507, de 12 de novembro de 1997), o instituto do habeas data possuiu aplicação prática em nossos pretórios, sendo utilizado para tanto, através de analogia, as disposições referentes ao remédio constitucional do mandado de segurança, subsidiado pelas regras do Código de Processo Civil.
Finalidade
A Lei n° 9507/97 (art. 7°, I a III), seguindo os passos do art. 5º, LXXVII, da Carta Magna, estipulou as seguintes finalidades para o habeas data:
assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes no registro ou banco de dados das entidades governamentais ou de caráter público;
corrigir dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; e 
propiciar a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável, e que esteja sob pendência judicial ou amigável. 
Nesta última finalidade é possível evitar possíveis humilhações ao indivíduo sobre dados que o coloquem em situação humilhante perante a sociedade. Pois até que se prove o contrário ninguém pode ser culpado antecipadamente, fazendo com que este tenha o direito de se explicar e esclarecer fatos distorcidos. 
Este dispositivo pretende assegurar o íntimo do cidadão, impedindo registros de dados pessoais, adquiridos de forma ilegal, visando proteger, e até retificar, a transmissão de informações falsas, provenientes de dados caluniosos, como por exemplo, os ligados à raça, à orientação sexual, ou até mesmo opção política
 Cabimento
Inscrito no art. 5º, LXXII, reforçada pela Lei nº 9.507/97, onde as condições para concessão do habeas datas vem expressa, não é qualquer assunto que sustenta o instituto. Temos o exemplo usado para obter acesso a autos de processos administrativos. 
4.1 Necessidade do interesse de agir
Para entrar com ação do habeas data, é imprescindível três requisitos: assim como qualquer outra ação, interesse de agir e legitimidade para a causa, sendo este último de grande importância. 
Decidiu o Plenário do STF, entendendo que:
“o acesso ao habeas data pressupõe, dentre outras condições de admissibilidade a existência do interesse de agir. Ausente o interesse legitimador da ação, torna-se inviável o exercício desse remédio constitucional. A prova do anterior indeferimento do pedido de informação de dados pessoais, ou da omissão em atendê-lo, constitui requisito indispensável para que se concretize o interesse de agir no habeas data. Sem que se configure situação prévia de pretensão resistida, há carência da ação constitucional do habeas data”.
Assim podemos estimar o interesse de agir na impetração do habeas data, que se configura, processualmente, pela resistência oferecida por entidade governamental ou de caráter público, detentora dos dados. 
4.2 Legitimidade ativa 
Podem impetrar com habeas data todos aqueles que têm direito à correta identificação no mundo social, tais como pessoas físicas e jurídicas, nacionais e estrangeira. A legitimidade ativa é aquela que pretende conhecer informações relacionada a sua pessoa. 
A legitimidade para propositura do writ constitucional, estabelece em seu art. 5º, LXXII, ‘a’, a quem compete propor o presente remédio:
“a – Para assegurar o conhecimento de informaçõesrelativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público.”
Assim, percebe-se que em princípio o habeas data é personalíssimo, porque o autor só pode ir a juízo para pleitear informações, ou corrigir dados, a seu respeito, e não de terceiro. 
Entretanto, apresente caráter personalíssimo do habeas data, a interpretação jurisprudencial evoluiu no sentido de permitir o manejo do referido remédio constitucional pelo cônjuge sobrevivente ou supérstite ou herdeiros do falecido titular dos dados constantes em registros públicos, com o propósito de preservar a memória daquele. 
Eis decisão do extinto Tribunal Federal de Recursos:
"o extinto Tribunal Federal de Recursos admitiu, em sessão plenária, a legitimidade para a propositura da ação por parte dos herdeiros de um falecido, bem como seu cônjuge supérstite. Abandonando o entendimento meramente gramatical da Constituição, decidiu que não seria razoável que se continuasse a fazer uso ilegítimo e indevido dos dados do morto, afrontando sua memória, sem que houvesse meio de corrigenda adequada" (HD 1, Rel. Min. Milton Pereira, 20501989). 
Além disso, igualmente é possível, malgrado opiniões em contrário, a impetração de habeas data em sentido coletivo, em favor, por exemplo, de sindicalizados, filiados em partidos políticos, membros de associações e outros.
Ressalva-se, entretanto, que esse habeas data, em sentido coletivo, somente é possível quando a associação, sindicato, partido político agir por representação processual, mas nunca por meio de substituição processual. 
Isso é representação processual, devendo cada uma das pessoas físicas conceder procuração específica para a associação ingressar com habeas data, abre mão de seu sigilo e da sua intimidade, permitindo que o representante (associação, sindicato, etc.) tome ciência de seu sigilo e da sua intimidade, permitindo que outras pessoas tomem conhecimento de seus dados.
Legitimidade passiva 
São sujeitos passivos do habeas data aqueles que detiverem dados referentes a pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeira, tais como: podem figurar entidades governamentais, da Administração Pública Direta (União, Estados, DF e Municípios) e Indireta (as autarquias, as Fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, as Empresas Públicas e as Sociedades de Economia Mista), bem como as instituições, entidades e pessoas jurídicas privadas detentoras de banco de dados contendo informações que sejam ou possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações (ex: as entidades de proteção ao crédito, como o SPC, o SERASA, entre outras).
É irrelevante a natureza jurídica da entidade, que poderá ser pública ou privada. O aspecto que determinará o cabimento da ação será o fato de o banco de dados ser de caráter público, a exemplo do SPC. Note-se que, nesse caso, a entidade é de natureza privada, mas o seu banco de dados é de caráter público (as informações sobre os consumidores podem ser acessadas por terceiros).
Podem responder por ação de reparação política, administrativa, civil ou penal, aquele que possuir registros ou dados íntimos de alguém que não justifica o porquê os mantem armazenados. Tudo isto porque o direito à intimidade é uma garantia constitucional que não compactua com a devassa indevida dos dados personalíssimos do ser humano.
Requisitos da petição de habeas data
Estabelecido os requisitos em seu art. 8, da Lei 9.507/97, onde a petição inicial deverá ser preenchida de acordo com os arts. 319 e 320 do Código de Processo Civil, apresentando duas vias, os documentos que instruírem a primeira serão reproduzidos por cópia na segunda. 
Além disso em seu Parágrafo Único estabelece que a inicial deverá ser formada com as provas: I - Da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão; II - Da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso de mais de quinze dias sem decisão.
No habeas data é imprescindível que a petição inicial seja assinada por advogado, igualmente sob pena de indeferimento, por inexistência de capacidade postulatória.
Formada a inicial de acordo com seus requisitos, o juiz ao despachar a inicial, ordenará que seja notificado o impetrado do conteúdo da petição, concedendo uma segunda via apresentada pelo requerente, nelas as cópias dos documentos, para que no prazo de dez dias apresente as informações que julgar necessárias, como instrui o art. 9º da lei regulamentadora.
Terão prioridade sobre os atos judiciais, os processos de habeas data, exceto habeas-corpus e mandado de segurança. Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se seguir à data em que, feita a distribuição, forem conclusos ao relator, como estabelece o art. 19.
Competência 
A indicação do órgão jurisdicional competente para julgar o habeas data é feita em razão da qualidade da autoridade dita coatora (ratione personae).
Ao Supremo Tribunal Federal compete processar e julgar, originariamente, o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador Geral da República e do próprio Tribunal (Constituição Federal, artigo 102, inciso I, alínea ‘d’). Compete igualmente ao Supremo Tribunal Federal o julgamento, em recurso ordinário, do habeas data decidido em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão (Constituição Federal, artigo 102, inciso II, alínea ‘a’).
Compete ao Superior Tribunal de Justiça processar e julgar, originariamente, o habeas data contra atos de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ou do próprio Tribunal (Constituição Federal, artigo 105, inciso I, alínea ‘b’).
É competência do Tribunal Superior Eleitoral conhecer em recurso ordinário, o habeas data denegado pelos Tribunais Regionais Eleitorais (Constituição Federal, artigo 121, §4º, inciso IV).
Ao Tribunal Regional Federal cabe processar e julgar, originariamente, o habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal (Constituição Federal, artigo 108, inciso I, alínea ‘c’).
Compete aos juízes federais processar e julgar o habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competências dos tribunais acima descritos (Constituição Federal, artigo 109, inciso VIII).
Completando o quadro de competências, em situação residual, apresenta-se a competências das justiças estaduais. No âmbito da Justiça Estadual, serão os próprios Estados-membros que estabelecerão a competência para julgamento do habeas data entre seus Tribunais e juízes, conforme as Constituições e Leis de Organização Judiciária Estaduais (Constituição Federal, artigo 125).
A respeito, eis julgado pertinente:
"Competência – Hábeas data – Impetração por 2º Tenente contra o comandante do 5º BPM/M, requerendo vista de seu prontuário, com os conceitos emitidos, visto que não logrou a promoção esperada ao cargo de 1º Tenente, sem que lhe fossem informadas as razões e negadas quando pedidas – Conhecimento originário incabível – Hipótese em que, não figura o impetrado dentre os integrantes do elenco taxativo que se submetem à competência originária do Tribunal de Justiça – Art. 74, III da Constituição do Estado – Impetração não conhecida – Determinada a remessa à Vara da Fazenda Pública (TJSP. Hábeas data 167.964-1 – Relator: Renan Lotufo - São Paulo – 02.06.92)".
Importante inovação a respeito das competências para processar e julgar o habeas data foi incluída pela Emenda Constitucional nº 45/2004, que estabeleceu, no artigo 114, inciso IV, da Constituição Federal, que compete à Justiça do Trabalho processar e julgar habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição.
A inovação da Emenda Constitucional nº 45/2004acima mencionada é importante por dois motivos: a) por atribuir à Justiça do Trabalho competência para conhecer e julgar habeas data, que não havia antes da referenda emenda constitucional e b) por excepcionar a regra geral de indicação da competência em razão da qualidade da pessoa da autoridade coatora, sendo que no caso do artigo 114, inciso IV, a competência é firmada em razão da matéria (ratione materiae).
7. Prescrição e decadência
Ao contrário do mandado de segurança, que estabelece o prazo de cento e vinte dias para a impetração, sob pena de perda do direito de ingresso do mandamus, a Lei nº 9.507/97, que regula o rito processual do habeas data, não especificou para este último writ prazo decadencial, andando bem neste sentido.
Sendo o objeto primário do habeas data o acesso ou retificação de dados da pessoa do impetrante, constantes em registros e banco de dados, e sendo esses registros e dados profundamente dinâmicos, com mudanças às vezes diárias, seria impossível fixar uma data inicial para transcurso de qualquer prazo decadencial.
A mesma explicação serve para a questão da prescrição, igualmente inaplicável em sede de habeas data.
A respeito do tema, a doutrina de Arnold Wald:
"Tendo em vista o caráter dinâmico dos bancos de dados, com o constante registro de novas informações, o habeas data, em princípio, não estará sujeito a qualquer prazo decadencial ou prescricional. O pedido sempre poderá ser encaminhado, a qualquer momento. É possível, até mesmo, que se façam pedidos periódicos a um determinado banco de dados, para verificação se as informações continuam as mesmas ou se houve a anotação de alguma alteração. Assim, pelo princípio da actio nata, a cada pedido administrativo negado estará nascendo a possibilidade de uma nova impetração. E os pedidos administrativos poderão ser apresentados a qualquer tempo".
8. Habeas data e dados sigilosos da sociedade e do estado
Há grande discussão quanto a amplitude do habeas dataquanto ao improvimento do pedido quando a decisão é fundada no sigilo da informação devido ao que preceitua o art. 5º, inciso XXXIII da Constituição Federal de 1988, que se refere a recusa ao acesso às informações, quando estas tratarem de segurança da sociedade e do Estado. De outro lado, existem os que entendem o habeas data como uma garantia ampla, não se sujeitando à restrições contidas no art. 5º, XXXIII, da carta de Outubro. Alegam que informações inerentes ao próprio interessado não se submetem a qualquer sigilo, uma vez que são personalíssimas. 
Citando Alexandre de Moraes, que dentre seu entendimento, que o Estado não pode furtar o conhecimento de informações relativas a pessoa do impetrante, baseado no inciso XXXIII do art. 5º da CF de 88, pois se estaria cometendo uma ilegalidade diante um direito fundamental, sem antes haver previsão legal para tanto, já que no inciso LXXII, do mesmo art.º 5, não existe tal limitação.
Outro autor que se posicionou acerca do assunto, contra a restrição das informações a pessoa do impetrante foi Vicente Greco Filho:
“O direito às informações sobre a própria pessoa é incondicionado, não se aplicando, portanto, a ressalva do sigilo prevista no inc. XXXIII do art. 5º da Constituição Federal. (VICENTE GRECO, 2009, p.349) ”
O autor fundamentou sua tese alegando haver diferença entre os incisos XXXIII e LXXII do art. 5º, pois afirma que o sigilo pode perfeitamente ser alegado, desde que essas informações não sejam objetivas, onde poderia comprometer a segurança nacional, mas se for informações que em nenhum caso se trate sobre terceiros, mas sim da própria pessoa do impetrante, essa não poderá ser recusada.
9. Conclusão 
Podemos verificar no presente trabalho a importância do habeas data como um dos meios de proteção ao indivíduo, constituindo um forte instrumento de defesa do cidadão face à sociedade moderna, possuindo um vasto campo de atuação, fazendo com que parte da doutrina considere o habeas data como o writ da era do conhecimento. A devassa da intimidade do cidadão passou a ser mais intensa principalmente diante da rapidez dos meios de armazenamento, processamento e transmissão de dados, sendo a rede mundial de computadores – internet – o exemplo mais patente.
Mesmo com a regulamentação do instrumento de tutela habeas data, ainda há divisão enquanto a sua utilização, pois parte da doutrina entende que o acesso as informações que estejam em posse de órgãos públicos, devem sim serem restritas, com base na segurança nacional, como estipula o art. 5º, inciso XXXIII, já a outra vertente, defende o acesso amplo e irrestrito a essas informações, pois se para garantir a lisura das informações contidas nos órgãos públicos, essas deveriam ser disponibilizadas sem restrição, pois se fossem verdadeiras já seriam de conhecimento do impetrante, e caso estivessem essas informações erradas, o cidadão teria o direito de retifica-las
Em suma, o habeas data, da forma como foi previsto no texto constitucional e regulamentado por intermédio da Lei nº 9.507, de 12 de novembro de 1997, possui uma importante finalidade de preservação do direito à intimidade, privacidade e acesso às informações, constituindo importante instrumento de respeito aos direitos e garantias fundamentais do ser humano.
Referências
BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de direito constitucional/ Uadi Lammêgo Bulos. – 6. ed. rev. e atual. - São Paulo: Saraiva, 2011.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 7º edição, São Paulo: Editora Jurídico Atlas. 2000.
WALD, Arnoldo. Habeas Data. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1998.
Alissandro Filgueiras Siqueira. Artigo Jurídico. Habeas data como garantia constitucional ao direito à informação. Disponivel em: < http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=17293&revista_caderno=9 > Acesso em: 22/10/20177
Lei nº 9.507, de 12 de novembro de 1997. Regula o direito de acesso a informações e disciplina o rito processual do habeas data. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9.507.htm>. Acesso em: 27 de outubro de 2017.

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