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Moradores de rua: O QUE OS OLHOS NÃO VEEM A SOCIEDADE NÃO SENTE

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O QUE OS OLHOS NÃO VEEM A SOCIEDADE NÃO SENTE
Bruna Silva Alves, Cristiane Ferreira da Fonseca, Gleiciele Rodrigues Silva Rocha, Juliana Valesca Martins, Lorenna Pereira Veiga, Yully Ribeiro de Magalhães
Fonte: averdade.org.br
A população em situação de rua é um grupo diverso, mas possuidor de algumas características em comum, como por exemplo: a pobreza extrema, ausência de moradia e vínculos familiares vulneráveis ou com ruptura. São pessoas invisíveis à sociedade, tratadas com indiferença e estão relacionadas pelo senso comum à vadiagem e à criminalidade (BORDIGNON et al. 2011). Geralmente abrigam-se em logradouros públicos, residindo em praças, terrenos baldios, locais abandonados, calçadas e albergues (KUNZ; HECKERT; CARVALHO, 2014).
Segundo Bordignon et al. (2011), a trajetória até a rua é caracterizada por ser dolorosa, com rupturas e perdas significantes em sua história de vida. A saída de casa pode ter ocorrido por desentendimento ou perda familiar, doença ou desemprego.
Foi realizada uma entrevista com C. J., 62 anos, morador das ruas de Patos de Minas há dois anos e frequentador há doze dias da Casa de Promoção Humana, entidade que acolhe temporariamente pessoas sem moradia. Em um primeiro momento foi questionado pelo motivo que o levou às ruas e diante sua fala percebemos que foi o desentendimento familiar: 
“Eu morava com uma mulher (...) e não dava certo, a filha dela bebe, e eu bebia muito também, chegava falando palavrões e a mulher também falava palavra pesada, aí eu saí. Pra não ter brigas e atrito eu preferi sair... Quando saí da casa, ela ficou com meu cartão e retirou o meu dinheiro que estava no banco, pra mim não servia mais, porque isso é latrocínio. “(C.J., 62 anos.)[1: Latrocínio: é a expressão utilizada para se designar a roubo seguido de morte, a palavra foi usada erroneamente no contexto e a palavra que se encaixa corretamente é furto.REFERÊNCIAS:ALVAREZ, Aparecida Magali de Souza; ALVARENGA, Augusta Thereza de; FIEDLER-FERRARA, Nelson. O encontro transformador em moradores de rua na cidade de São Paulo. Psicol. Soc.,  Porto Alegre ,  v. 16, n. 3, p. 47-56,  Dezembro.  2004. BORDIGNON, J. S. et al. ADULTOD EM SITUAÇÃO DE RUA: Acesso aos Serviços de Saúde e Constante Busca Pela Ressocialização. Contexto saúde, Ijuí, v. 10, n. 20, p. 629-634, jan./jun. 2011.KUNZ, Gilderlândia Silva; HECKERT, Ana Lucia; CARVALHO, Silvia Vasconcelos. Modos de vida da população em situação de rua: inventando táticas nas ruas de Vitória/ES. Fractal, Rev. Psicol.,  Rio de Janeiro ,  v. 26, n. 3, p. 919-942,  Dezembro.  2014.   MATTOS, Ricardo Mendes; FERREIRA, Ricardo Franklin. Quem vocês pensam que (elas) são? - Representações sobre as pessoas em situação de rua. Psicol. Soc.,  Porto Alegre ,  v. 16, n. 2, p. 47-58,  Agosto  2004 .]
As condições precárias acompanhadas de perdas particulares podem repercutir na saúde tanto física quanto mental de quem tem a rua como local para viver. Frequentemente, o uso de álcool e outros entorpecentes estão presentes como forma de suportar a situação sub-humana em que se encontram (BORDIGNON et al. 2011).
Durante a entrevista de C.J. indagamos se ele já fez uso de álcool e outros entorpecentes.
“Só álcool, só pinga, outras coisas não, nem conheci. Era dependente, não comia, não alimentava, só bebia. (C.J., 62 anos)
Fonte: Hypescience.com
As pessoas em meio a suas atividades corriqueiras se deparam com a figura de moradores de rua por onde passam sem sequer notar as condições cruéis em que vivem. As reações mais comuns dessas pessoas são de ignorar e/ou lançar olhares de medo, constrangimento, hostilidade, piedade. Não os veem mais como semelhantes e os tratam com inferioridade. (BORDIGNON et al. 2011)
 Diante disso, segundo Mattos e Ferreira (2004), observa-se a existência de representações sociais depreciativas em relação a esses indivíduos. As designações mais comuns são: vagabundo, preguiçoso, bêbado, drogado, sujo, perigoso, coitado, etc. Estas representações interferem na formaçãode suas identidades, pois através do conhecimento compartilhado socialmente constrói-se a identidade pessoal. Configurando sua identidade através de valores negativos, a pessoa acredita que está nestas condições de pobreza absoluta devido somente a imperfeições individuais, responsabilizando-se e agregando a si uma visão de fracasso e desvalor.
A sociedade não vê o medo e a violência que eles vivenciam. Ainda de acordocom Mattos e Ferreira (2004), esses indivíduos se sentem inseguros ao dormir, pois enquanto dormem podem ser agredidos, levados para outros lugares como forma de “limpeza da cidade”, podem ser roubados, queimados e até assassinados. A violência sofrida pode ser praticada por pessoas que não vivem nas ruas, ou como resultado de conflitos entre os próprios moradores de rua.
Fonte: revistarhonline.com.br
É importante ressaltar que os problemas enfrentados por essas pessoas comprometem sua sobrevivência, pois elas tem menos que o necessário para atender suas necessidades vitais. Mesmo diante de todas as dificuldades há sempre a esperança de um dia conseguir superar tudo, voltar a viver em sociedade.
O entrevistado, C. J. quando questionado sobre a presença do sentimento de superação considerou o abrigo (CPH) o motivo de ajudar a superar seu vício em álcool e foi além, dizendo ser feliz e se sentir melhor no ambiente em que se encontra comparado à vida que levava nas ruas da cidade. 
A capacidade de superação pode ser chamada de resiliência, uma característica humana onde as adversidades são ultrapassadas, promovendo a transformação dos indivíduos diante a situação apresentada (ALVAREZ; ALVARENGA; FIEDLER-FERRARA. 2009). 
Através de ações afirmativas e políticas públicas de inclusão social,os moradores em situação de rua são capazes de ter resiliência, e ter uma melhora significativa em suas condições de vida. No entanto, nota-se que pouco tem sido feito nesse sentido pelo Estado, responsável direto por esses moradores. (BORDIGNON et al. 2011).
A solução do problema vai além da vontade e ação do Estado, pois todos os membros da sociedade podem ajudar, através de pequenas ações sociais, a tornar a vida dessas pessoas mais digna. 
A Casa da Promoção Humana (CPH) é uma entidade que abriga temporariamente as pessoas que não tem moradia, o local recebe várias pessoas todos os dias e necessita constantemente de doações (alimentos, utensílios domésticos, produtos de higiene pessoal, etc.) e voluntários para tratar da saúde física e mental dos seus frequentadores. Para ajudar, basta entrar em contato na Rua Vereador João Pacheco, 632, bairro Santa Terezinha, na cidade de Patos de Minas. Telefone: 3823-6087.

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