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Psψconectar.docx CASO ANNA O. PESQUISA

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Psψconectar
 
Sobre o autor
Limpeza de Chaminé: O caso Anna O.
Publicado em maio 18, 2012 por Psψconectar
 
Anna O. antes dos seus 21 anos, fora saudável, nunca demostrou nenhum sinal de neurose durante sua vida. Era uma jovem inteligente, com fácil absorção de informações, com dons poéticos e capacidade para imaginação. Possuía uma grande força de vontade, era persistente e em alguns momentos, beirava ao extremo da obstinação, cedendo apenas por conta de sua bondade para com as outras pessoas.
O adoecimento
Anna O. adoece aos 21 anos de idade, em 1880. Considerada por Freud, portadora de uma hereditariedade neuropática, pelo fato do histórico familiar contar com psicoses ocorridas em parentes mais distantes. A jovem dedicou toda sua vida à família, tornando seus dias cada vez mais monótonos, fazendo com que ela criasse uma imaginação cheia de fantasia (devaneio sistemático), levando-a gradativamente a doença. O adoecimento de seu pai (julho de 1880), a quem mantinha uma grande afeição, foi o ponto chave para o estado nosológico da jovem, que passou a cuidar dele. A medida que seu pai piorava, Anna também adoecia.
Os primeiros sintomas
Uma grande aversão a alimentos levaram a jovem a um estado de anemia e debilidade, fazendo com que não pudesse mais cuidar do pai enfermo, e essa notícia desencadeou uma tosse muito intensa na jovem. No início de dezembro a jovem já sofria de um estrabismo convergente. Dia 11, do mesmo mês, Anna O. cai de cama e permanece até 1º de abril. Paralisias parciais, rigidez musculares e algumas perdas de sensibilidade surgiram nesse período. Sua sintomatologia foi se modificando e novos sinais comportamentais foram surgindo, como longos intervalos de sonolência, mudanças de humor, alucinações diversificadas e um desenvolvimento de duas personalidades distintas.
Agravamento
Anna O. apresentava em diferentes intervalos do dia, dois estados distintos de consciência. O primeiro deles era marcado por uma relativa normalidade, em que a paciente ficava melancólica e angustiada, tendo capacidade de reconhecer seu ambiente. No outro estado ela sofria alucinações, ficava agressiva, e arremessava objetos contra as pessoas. No auge da doença, a paciente apresentava certo grau de normalidade por um período muito curto de tempo, e suas contraturas ja haviam se estendido do lado direito até o lado esquerdo do corpo e em pouco tempo perturbações a cercaram, trazendo alucinações com conteúdos assustadores. Anna O. dizia ver cobras negras em objetos que se assemelhavam ao animal, como fitas e até mesmo seus cabelos. Problemas na visão e audição também iam surgindo gradativamente, com picos leves a moderados.
Clareza do distúrbio
Distúrbios de linguagem se manifestam na paciente, que aos poucos começa a perder a capacidade de comunicação marcada por mudanças de idioma ao conversar, englobando até quatro idiomas em uma única frase, tornado a compreensão quase impossível. Começa a se comunicar utilizando apenas alguns verbos, até a total abolição da fala. É nesse momento que Breuer, seu terapeuta, percebeu que alguma coisa a ofendia, fazendo com que ela não falasse a respeito, e quando foi indagada sobre isso, a inibição, que tornara todas suas formas de expressão nulas, desapareceu. Aos poucos, seus sintomas físicos foram desaparecendo, e seus movimentos do lado esquerdo do corpo começam a voltar, assim como sua linguagem, que agora se manifesta com o idioma apenas em inglês. (março de 1881). Seu estrabismo também diminuiu, e dia 1º de abril, levantou-se da cama pela primeira vez, e quatro dias depois (5 de abril), seu pai vai a óbito.
O tratamento
Durante a doença do pai, Anna estava de cama, logo, teve pouco contato com ele levando-a então a um trauma psíquico muito grave após sua perda. Durante dois dias a jovem permaneceu em um profundo estado de estupor, e ao emergir dele, estava diferente. Apresentou-se um pouco mais tranquila, mas com novos sintomas. Queixava-se de problemas nos olhos, e as contraturas do lado direito ainda estavam presentes. Comia pouco, comunicava-se apenas em inglês e não compreendia quando falavam com ela em alemão. Breuer, viajou, dez dias após a morte do pai de Anna, e quanto retornou, muitos dias depois, a paciente estava pior. Durante o dia a jovem tinha alucinações, encontrava-se em um estado de consciência rebaixada, e conversava sobre seu sofrimento (em primeiro momento com caráter poético, mas com o tempo passou a falar sobre as alucinações e como se sentia a respeito). No final da tarde, perto de anoitecer mostrava-se lúcida e alegre, e logo ia dormir (exatamente a rotina que seguia quando cuidava do pai; durante o dia ficava ao seu lado acordada, e no final da tarde ia dormir). Ao falar sobre o assunto, descrevendo suas terríveis alucinações, a jovem sentia muito temor, mas ao final da conversa, mostrava-se mais tranquila e aliviada. Esse processo de tratamento se manteve, mesmo após sua transferência para um casa de campo, pois foi constatado que a jovem possuía grandes impulsos suicídas. Agora vivendo em outro lugar, as visitas de Breuer diminuiram, e ele não pode mais fazer visitas diárias a ela. Durante o final da tarde, quando estava prestes a dormir, a jovem entrava em um estado hipnótico, e nesse período ocorria a talking cure (cura pela fala), Anna chamava esse processo de “Limpeza de Chaminé”. O humor da jovem ainda apresentava mudanças, e em momentos de euforia, a terapia só ocorria após ela confirmar a identidade de Breuer, apalpando suas mãos, cuidadosamente. Aos poucos foi sendo confirmado que seu sofrimento de ordem psíquica e até mesmo físico, como suas contraturas, diminuía a medida que Anna se expressava verbalmente sobre seus complexos representativos e alucinações.
Traumas, conteúdos de alucinações, curiosidades, origens.
Afirmava estar com problemas na visão, pois ao olhar-se no espelho percebeu que seu vestido azul, na verdade era marrom. Exatamente um ano antes, ela estava confeccionando um roupão para o pai. O tecido do vestido e do roupão eram o mesmo, porem o roupão era azul.
Anna não queria beber água mesmo com muita sede: Em uma de suas sessões com o doutor, quando praticava a “limpeza de chaminé”, começou a falar de um dia em que viu um cão – repugnante em suas palavras – beber de um copo de água. Ao falar sobre isso e expulsar o que lhe atormentava, voltou a beber agua em um copo.
Tinha problemas na audição e em muitas ocasiões, não ouvia quando alguém entrava no recinto: Em um momento de sua vida, seu pai entrou em seu quarto e a jovem não percebeu.
Não entendia quando várias pessoas conversavam: seu pai conversava com um conhecido, e a jovem não entendia.
Quando alguém lhe dirigia a palavra diretamente, e ela se encontrava sozinha, não conseguia ouvir: em uma ocasião o pai lhe pediu vinho, mas Anna não escutou.
Ao se sacudir por qualquer motivo (andar de carroagem por exemplo), a jovem ficava surda: Em uma noite, quando estava com o ouvido colada na porta do quarto do pai que se encontrava de cama, Anna foi sacudida com raiva pelo irmão mais novo.
Algum ruído repentino provocava surdez: Ao engolir mal, o pai se sufucou provocando um susto na jovem.
As contraturas e sensações anestésicas em seu braço direito possuem uma ligação com as alucinações com cobras, e claro, com seu pai: Em uma noite que cuidava do pai acamado, Anna estava sentada em uma cadeira com o braço apoiado, e que por muito tempo, ficou com uma sensação de formigamento. Ao entrar em um de seus devaneios, a jovem viu cobras querendo atacar seu pai; o motivo é que no terreno ao lado, de vez em quando, algumas cobras passavam por lá.
O estrabismo e problemas de visão: Certa vez quando cuidava do pai, a jovem estava com os olhos cheios de lágrimas, e ao tentar olhar as horas no relógio dele, se aproximou esforçando-se para enxergar, mas as lágrimas não permitiram, e tentou ao mesmo tempo disfarçar o choro para o pai, levando futuramente ao estrabismo.
Durante toda a doença, Anna reagia a qualquer música com ritmo acentuado, com uma tossemuito forte: A primeira vez que tossiu foi ao ouvir uma música para dançar que vinha do vizinho ao lado. Anna sentiu vontade de estar lá naquele momento, mas não podia, pois estava cuidando de seu pai, sentada ao seu lado, logo, essa culpa de, por um momento, pensar em abandoná-lo para dançar, gerou uma auto-punição; toda vez que uma música semelhante tocava, ela tossia.
Contribuição para uma nova ciência 
O caso de Anna O. ficou conhecido como caso fundador da psicanálise. Atendida durante um ano e meio por Josef Breuer, a jovem que sofria de histeria teve seus sintomas mais graves, como paralisias, estrabismo e alucinações, diminuídos e alguns até cessados, com a nova “técnica de cura” denominada talking cure (cura pela fala), ou Limpeza de Chaminé, nas palavras da própria paciente, que após, aproximadamente, dois anos de tratamento, viu-se praticamente livre de seu sofrimento. Um certo envolvimento emocional surgiu entre Breuer e Anna, e algumas especulações apontam que foi esse o motivo do médico ter viajado com sua esposa e ter cessado a terapia por algum tempo. De qualquer forma, foi com o presente caso que Freud desenvolveu muitas de suas teorias, que até hoje são referências de muitos estudos e técnicas terapêuticas.
https://psiconectar.wordpress.com/2012/05/18/limpeza-de-chamine-o-caso-anna-o-
Nome: William Selau Alves
Formação: Psicólogo
Experiência: Psicologia Clínica e do Trabalho

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