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SÍNTESE COMPLETA BRUNO

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Prévia do material em texto

STUDIUM ECLESIÁSTICO DOM AQUINO CORRÊA - SEDAC 
 
 
 
 
 
BRUNO BRASIL LEANDRI 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÍNTESE TEOLÓGICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Várzea Grande – MT 
2016
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRUNO BRASIL LEANDRI 
 
 
 
 
 
 
SÍNTESE TEOLÓGICA 
 
 
 
 
 
 
Síntese Teológica apresentada à 
Faculdade Católica de Mato Grosso 
(SEDAC), como requisito parcial para 
obtenção do Certificado de Conclusão 
do Curso de Teologia. 
Orientador: Dr. Nedio Pertile 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Várzea Grande – MT 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÍNTESE TEOLÓGICA 
 
 
 
Síntese Teológica apresentada à Banca Examinadora do Curso de Teologia da 
Faculdade Católica de Mato Grosso (SEDAC), para obtenção do Certificado de 
Conclusão do Curso de Teologia. 
 
 
 
Várzea Grande – MT, ____ de ___________________ de _______. 
 
__________________________________________ 
Dr. Nedio Pertile 
Faculdade Católica de Mato Grosso (SEDAC) 
Orientador 
 
_________________________________________ 
Prof. ___________________________________ 
Faculdade Católica de Mato Grosso (SEDAC) 
Leitor 1 
 
_________________________________________ 
Prof. ___________________________________ 
Faculdade Católica de Mato Grosso (SEDAC) 
Leitor 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicatória: 
À Deus que me concedeu o dom da 
existência, à Virgem Maria e a meus 
pais que foram mediadores do seu 
amor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Agradeço ao meu orientador, Dr. Nedio Pertile, que mesmo em 
meio a tantos compromissos assumiu comigo este trabalho; 
Agradeço aos meus formadores, Pe. Valdevino José de 
Almeida, Pe. Miguel Mallmann e Pe. Edson Sestari e os Bispos 
Dom Gentil Delazari e Dom Canísio Klaus que durante toda 
minha formação no seminário me conduziram com paciência e 
atenção; 
Agradeço a Diocese Sagrado Coração de Jesus de Sinop-MT 
que tem auxiliado de todas as formas para minha formação; 
Agradeço aos professores e toda equipe que trabalha pela 
Faculdade Católica de Mato Grosso – SEDAC; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aprouve a Deus, na sua bondade e sabedoria, revelar-se a si 
mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade (cf. Ef 1,9), 
mediante o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo 
encarnado, têm acesso no Espírito Santo ao Pai e se tornam 
participantes da natureza divina (cf. Ef 2,18; 2Pd 1,4). 
DEI VERBUM 2 
 
 
 
RESUMO 
Neste trabalho apresenta-se uma síntese teológica dos principais tratados de 
teologia que são divididos em três partes. Na primeira parte a Teologia Fundamental: nela 
apresenta-se a Revelação de Deus ao homem que culmina na pessoa de Jesus Cristo, 
Palavra feita carne e na Transmissão deste amor confiado aos apóstolos e a toda a Igreja. 
Na segunda parte temos a Teologia Dogmática, na qual se desenvolve os tratados da 
Trindade, Cristologia, Pneumatologia, Eclesiologia, Mariologia, Sacramentos, 
Antropologia teológica e Graça e Escatologia. Estes tratados são de importância 
fundamental, pois através deles apresenta-se a identidade divina que nos foi revelada em 
Jesus Cristo, permitindo-nos o acesso ao conhecimento da Trindade, que no Espírito 
Santo nos cumula de graça e nos introduz nos mistérios antes escondidos. A obra de Deus 
para a redenção da humanidade é a Igreja, que é o seu corpo, instrumento que Deus se 
usa para restaurar o homem em Jesus Cristo por meio dos sacramentos e conduzi-los ao 
fim para o qual foram destinados desde toda a eternidade, pois o desejo de Deus é que 
todos se salvem (cf. 1Tm 2,4). Na terceira parte desenvolve-se a Moral em seus vários 
aspectos, que são a Moral fundamental, Moral Sexual e matrimonial, Bioética e Moral 
social, nas quais busca-se estabelecer as bases para um bom relacionamento entre os 
homens conforme o desígnio de Deus. 
 
Palavras-chave: teologia, encarnação, aproximação, redenção 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMEN 
Este artículo presenta una síntesis teológica de los principales tratados teológicos 
que se dividen en tres partes. En la primera parte de la teología fundamental: se presenta 
la revelación de Dios al hombre, que culmina en la persona de Jesucristo, la Palabra hecha 
carne y la Transmisión de este amor confiado a los apóstoles y la Iglesia entera. En la 
segunda parte nos encontramos la Teología Dogmática, que se desarrolla en los tratados 
de la Trinidad, Cristología, Pneumatología, Eclesiología, Mariología, Sacramentos, 
Antropología teológica y gracia y la Escatología. Estos tratados son de importancia 
fundamental, porque a través de ellos se presenta la identidad divina revelada a nosotros 
en Jesucristo, que nos permite el acceso al conocimiento de la Trinidad, que en el Espíritu 
Santo nos llena de gracia y nos introduce en los misterios ocultos antes. La obra de Dios 
para la redención de la humanidad es la Iglesia que es su cuerpo, un instrumento que Dios 
usa para restaurar al hombre en Jesucristo a través de los sacramentos y conducirlos a la 
finalidad para la que han sido concebidos desde la eternidad, porque el deseo de Dios es 
que todos se salven (cf. 1 Tim 2,4). En la tercera parte se desarrolla la moral en sus 
diversos aspectos, que son la Moral fundamental, Moral sexual y el matrimonio, la 
Bioética y Moral social, en un intento de sentar las bases de una buena relación entre los 
hombres como el plan de Dios. 
 
Palabras clave: teología, encarnación, enfoque, redención 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
AA Apostolicam Actuositatem 
AL Amoris Letitia 
cân. cânone 
CDSI Compêndio da Doutrina Social da Igreja 
CELAM Conselho Episcopal Latino-Americano 
cf. Confira 
CIC Catecismo da Igreja Católica 
DH Denzinger Hünermann 
DP Dignitas Personae 
DV Dei Verbum 
FC Familiaris Consortio 
GS Gaudium et Spes 
HV Humanae Vitae 
LG Lumen Gentium 
n. número 
OE Orientações educativas sobre o amor humano 
p. Página 
SH Sexualidade Humana: Verdade e Significado 
VS Veritatis Splendor 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 19 
 
1 TEOLOGIA FUNDAMENTAL ............................................................................................ 21 
1.1 Teologia da Revelação ......................................................................................................... 21 
1.1.1 Introdução ..................................................................................................................... 21 
1.1.2 A revelação na Sagrada Escritura: Antigo Testamento ........................................... 22 
1.1.3 A revelação na Sagrada Escritura: Novo Testamento .............................................. 23 
1.1.4 Desenvolvimentohistórico-dogmático ........................................................................ 24 
1.1.4.1 Patrística ................................................................................................................ 24 
1.1.4.2 Idade Média ........................................................................................................... 26 
1.1.5 A revelação no Magistério da Igreja........................................................................... 27 
1.1.5.1 Concílio Vaticano I ................................................................................................ 27 
1.1.5.2 Concílio Vaticano II .............................................................................................. 28 
1.1.6 A resposta do homem ................................................................................................... 29 
1.1.6.1 A fé .......................................................................................................................... 29 
1.1.6.2 Características da fé .............................................................................................. 31 
1.1.6.3 A eclesialidade da fé .............................................................................................. 32 
1.1.7 Conclusão ...................................................................................................................... 33 
 
1.2 Transmissão da Revelação .................................................................................................. 35 
1.2.1 Introdução ..................................................................................................................... 35 
1.2.2 Critérios da transmissão da revelação........................................................................ 36 
1.2.3 As fontes da revelação .................................................................................................. 37 
1.2.4 A transmissão da revelação na Sagrada Escritura .................................................... 38 
1.2.5 A transmissão da revelação na Igreja......................................................................... 40 
 
2 TEOLOGIA DOGMÁTICA ................................................................................................. 43 
2 TRINDADE ............................................................................................................................ 43 
2.1 O Deus uno e trino no Antigo Testamento .................................................................... 43 
2.1.1 Deus uno e trino revelado por Jesus de Nazaré ......................................................... 44 
2.1.2 Alguns textos trinitários do Novo Testamento ........................................................... 45 
2.1.3 A definição do dogma trinitário .................................................................................. 46 
2.1.3.1 As heresias trinitárias ........................................................................................... 46 
2.1.3.2 Os Concílios de Nicéia e Constantinopla ............................................................. 47 
 
 
2.1.3.3 Os Padres capadócios ............................................................................................ 49 
2.1.3.4 A contribuição de Santo Agostinho ..................................................................... 49 
2.1.4 Explicitação do dogma trinitário ................................................................................ 50 
2.1.4.1 Monarquia.............................................................................................................. 50 
2.1.4.2 Trindade ................................................................................................................. 50 
2.1.4.3 Teologia .................................................................................................................. 50 
2.1.4.4 Economia/imanência ............................................................................................. 51 
2.1.4.5 Essência .................................................................................................................. 51 
2.1.4.6 Pessoa e subsistência ............................................................................................. 52 
2.1.4.7 Relações e Propriedades pessoais ou noções ....................................................... 52 
2.1.4.8 Processão ................................................................................................................ 53 
2.1.4.9 Missão ..................................................................................................................... 53 
2.1.5 Conclusão ...................................................................................................................... 53 
 
2.2 Cristologia ............................................................................................................................ 54 
2.2.1 Introdução ..................................................................................................................... 54 
2.2.2 Quem é Jesus? .............................................................................................................. 54 
2.2.3 O Reino de Deus, centro da vida e da mensagem de Jesus ....................................... 55 
2.2.4 A encarnação de Jesus ................................................................................................. 58 
2.2.5 A morte de Jesus ........................................................................................................... 59 
2.2.6 A ressurreição de Jesus ................................................................................................ 61 
2.2.7 O dogma cristológico calcedonense............................................................................. 63 
2.2.7.1 Nicéia (325)............................................................................................................. 63 
2.2.7.2 Concílio de Éfeso (431) .......................................................................................... 63 
2.2.7.3 O Concílio de Constantinopla I (381) e Calcedônia (451) .................................. 64 
2.2.7.4 Definições cristológicas posteriores ..................................................................... 65 
2.2.7.4.1 Concílio de Constantinopla II (553) .................................................................. 65 
2.2.7.4.2 Concílio de Constantinopla III (681) ................................................................ 66 
2.2.7.4.3 II Concílio de Nicéia (787) ................................................................................. 66 
2.2.8 A Salvação em Jesus Cristo (Soteriologia) ................................................................. 67 
2.2.9 Conclusão ...................................................................................................................... 67 
 
2.3 Pneumatologia ..................................................................................................................... 69 
2.3.1 Introdução ..................................................................................................................... 69 
2.3.2 Fundamentos bíblicos .................................................................................................. 69 
2.3.2.1 O Espírito de Deus no Antigo Testamento .......................................................... 69 
2.3.2.2 O Espírito de Deus no Novo Testamento ............................................................. 72 
2.3.2.2.1 Evangelhos sinóticos ........................................................................................... 72 
 
 
2.3.2.2.2 Atos dos Apóstolos e acartas paulinas ..............................................................73 
2.3.2.2.3 Escritos joaninos ................................................................................................. 74 
2.3.3 O Espírito Santo na Tradição da Igreja ..................................................................... 75 
2.3.3.1 O Espírito Santo na Igreja antiga ........................................................................ 75 
2.3.3.2 A formulação e a proclamação da divindade do Espírito Santo (Concílio de 
Constantinopla) ................................................................................................................. 76 
2.3.3.3 A contribuição de Santo Agostinho ..................................................................... 77 
2.3.4 O problema do Filioque ............................................................................................... 78 
2.3.5 A missão do Espírito Santo na Igreja e no mundo e na vida particular do ser 
humano ................................................................................................................................... 79 
2.3.6 Conclusão ...................................................................................................................... 79 
 
2.4 Eclesiologia ........................................................................................................................... 81 
2.4.1 Introdução ..................................................................................................................... 81 
2.4.2 Fundamentos bíblicos da Igreja .................................................................................. 81 
2.4.2.1 A Igreja no Novo Testamento............................................................................... 82 
2.4.3 A origem mistérico-trinitária da Igreja...................................................................... 84 
2.4.4 A fundação histórica da Igreja .................................................................................... 85 
2.4.5 Grandes definições da Igreja ....................................................................................... 85 
2.4.6 A Igreja, “sacramento universal de salvação” ........................................................... 87 
2.4.7 As “notas” da Igreja: unidade, santidade, catolicidade, apostolicidade ................. 88 
2.4.8 Os membros da Igreja .................................................................................................. 90 
2.4.9 Conclusão ...................................................................................................................... 92 
 
2.5 Mariologia ............................................................................................................................ 93 
2.5.1 Introdução ..................................................................................................................... 93 
2.5.2 Fundamentos bíblicos .................................................................................................. 93 
2.5.2.1 As prefigurações de Maria no Antigo Testamento ............................................. 93 
2.5.2.2 O lugar e a função de Maria em relação a Cristo e à Igreja segundo os escritos 
neotestamentários .............................................................................................................. 94 
2.5.3 Os dogmas marianos .................................................................................................... 96 
2.5.3.1 Mãe de Deus ........................................................................................................... 96 
2.5.3.2 Sempre Virgem ...................................................................................................... 97 
2.5.3.3 Imaculada Conceição ............................................................................................ 97 
2.5.3.4 Assunção ao Céu .................................................................................................... 98 
2.5.4 O lugar de Maria na vida da Igreja ............................................................................ 99 
2.5.5 Conclusão ...................................................................................................................... 99 
 
 
 
2.6 Escatologia ......................................................................................................................... 101 
2.6.1 Introdução ................................................................................................................... 101 
2.6.2 Escatologia do mundo ................................................................................................ 101 
2.6.2.1 Fundamentos bíblicos ......................................................................................... 101 
2.6.2.2 Fim do mundo (quiliasmo ou milenarismo) ...................................................... 102 
2.6.2.3 Ressurreição dos mortos e juízo final ................................................................ 103 
2.6.2.4 “Novos céus e nova terra”................................................................................... 105 
2.6.3 Escatologia do indivíduo ............................................................................................ 105 
2.6.3.1 Fundamentos bíblicos ......................................................................................... 105 
2.6.3.2 Morte .................................................................................................................... 106 
2.6.3.3 Juízo particular ................................................................................................... 107 
2.6.3.4 Purgatório ............................................................................................................ 107 
2.6.3.5 Inferno .................................................................................................................. 108 
2.6.3.6 Céu ........................................................................................................................ 109 
2.6.4 Conclusão .................................................................................................................... 110 
 
2.7 Antropologia Teológica e Graça ...................................................................................... 111 
2.7.1 Introdução ................................................................................................................... 111 
2.7.2 A fé na criação do mundo cósmico............................................................................ 111 
2.7.2.1 No Antigo e Novo Testamentos .......................................................................... 111 
2.7.2.2 Patrística .............................................................................................................. 112 
2.7.2.3 Escolástica ............................................................................................................ 113 
2.7.3 A fé na criação do ser humano .................................................................................. 115 
2.7.3.1 Antigo Testamento .............................................................................................. 115 
2.7.3.2 Novo Testamento ................................................................................................. 116 
2.7.4 O confronto entre a fé e a ciência em relação à origem do homem ....................... 116 
2.7.5 A negação do plano de Deus: o pecado original ...................................................... 117 
2.7.6 A justificação do homem pecador ............................................................................. 119 
2.7.7 Reflexão teológica sobre a graça de Deus ................................................................. 120 
2.7.7.1 A vontade salvífica universal e o dom da filiação............................................. 120 
2.7.7.2 Cooperação e graça ............................................................................................. 120 
2.7.8 Conclusão .................................................................................................................... 122 
 
2.8 Sacramentologia ................................................................................................................ 123 
2.8.1 Introdução ................................................................................................................... 123 
2.8.2 Aspectos gerais ........................................................................................................... 123 
2.8.3 Os Sacramentos da Iniciação Cristã ........................................................................ 125 
 
 
2.8.3.1 Batismo ..................................................................................................................... 125 
3.1.1 Fundamentos bíblicos ............................................................................................ 125 
2.8.3.1.2 Desenvolvimento histórico ............................................................................... 126 
2.8.3.2 Confirmação ............................................................................................................ 127 
2.8.3.2.1 Fundamentos bíblicos da unção ...................................................................... 127 
2.8.3.2.2 Desenvolvimento histórico ............................................................................... 128 
2.8.3.2.3 As definições magisteriais ................................................................................ 129 
2.8.3.3 Eucaristia ................................................................................................................. 130 
2.8.3.3.1 Definição de “eucaristia” ................................................................................. 130 
2.8.3.3.2 Fundamentos bíblicos da eucaristia ................................................................ 130 
2.8.3.3.3 A prática e a teologia da Eucaristia nos Padres da Igreja ............................ 132 
2.8.3.3.4 A presença de Cristo na eucaristia ................................................................. 133 
2.8.3.3.5 A dimensão comensal e sacrifical da Eucaristia ............................................ 134 
2.8.4 Os Sacramentos da Cura ........................................................................................... 135 
2.8.4.1 Penitência ................................................................................................................. 135 
4.1.1 O nome e a identidade do sacramento .................................................................. 135 
2.8.4.1.2 Fundamentos bíblicos do sacramento da penitência ..................................... 135 
2.8.4.1.3 Desenvolvimento histórico-doutrinal .............................................................. 137 
2.8.4.1.4 A sacramentalidade da penitência .................................................................. 137 
2.8.4.2 Unção dos Enfermos................................................................................................ 138 
2.8.4.2.1 Pressupostos antropológicos ............................................................................ 138 
2.8.4.2.2 Fundamentos bíblicos do sacramento da unção dos enfermos ..................... 139 
2.8.4.2.3 Evolução histórica do sacramento .................................................................. 140 
2.8.4.2.4 Sacramentalidade da unção dos enfermos ..................................................... 140 
2.8.5 Sacramentos do Serviço ............................................................................................ 141 
2.8.5.1 Ordem ....................................................................................................................... 141 
2.8.5.1.1 Introdução ......................................................................................................... 141 
2.8.5.1.2 Fundamentos bíblicos ...................................................................................... 141 
2.8.5.1.3 A sacramentalidade da ordem......................................................................... 142 
2.8.5.1.4 As condições da admissão ao sacramento da ordem ..................................... 143 
2.8.5.2 Matrimônio .............................................................................................................. 143 
2.8.5.2.1 Introdução ......................................................................................................... 143 
2.8.5.2.2 Fundamentos bíblicos do matrimônio ............................................................ 144 
2.8.5.2.3 Sacramentalidade do matrimônio ................................................................... 144 
2.8.5.2.4 As características e as exigências do amor conjugal ..................................... 145 
2.8.6 Conclusão .................................................................................................................... 145 
 
 
 
3 MORAL ................................................................................................................................ 147 
3.1 Moral Fundamental .......................................................................................................... 147 
3.1.1 Introdução ................................................................................................................... 147 
3.1.2 Fundamentação bíblica da moral cristã ................................................................... 147 
3.1.3 Liberdade e responsabilidade ................................................................................... 149 
3.1.4 Opção fundamental .................................................................................................... 150 
3.1.5 Consciência na vida moral ......................................................................................... 151 
3.1.6 Leis e normas morais ................................................................................................. 152 
3.1.7 Virtudes ....................................................................................................................... 153 
3.1.8 Pecado na moral ......................................................................................................... 154 
3.1.9 Conclusão .................................................................................................................... 155 
 
3.2 Moral Sexual e Matrimonial ............................................................................................ 157 
3.2.1 Introdução ................................................................................................................... 157 
3.2.2 Significado da sexualidade humana .......................................................................... 157 
3.2.3 Exigências básicas da sexualidade ............................................................................ 158 
3.2.4 Sexualidade e celibato ................................................................................................ 159 
3.2.5 A dimensão amorosa e procriadora do matrimônio ............................................... 160 
3.2.6 A indissolubilidade matrimonial ............................................................................... 161 
3.2.7 Situações irregulares .................................................................................................. 162 
3.2.8 Conclusão .................................................................................................................... 163 
 
3.3 Bioética ...............................................................................................................................165 
3.3.1 Introdução ................................................................................................................... 165 
3.3.2 O surgimento da bioética ........................................................................................... 165 
3.3.3 Os princípios da bioética ............................................................................................ 166 
3.3.4 Alguns problemas atuais de bioética e a posição da Igreja .................................... 167 
3.3.5 Conclusão .................................................................................................................... 172 
 
3.4 Moral Social ....................................................................................................................... 174 
3.4.1 Introdução ................................................................................................................... 174 
3.4.2 O conceito de “pessoa humana” ................................................................................ 174 
3.4.3 Os direitos e os deveres da pessoa humana .............................................................. 175 
3.4.4 Os princípios da Doutrina Social da Igreja.............................................................. 176 
3.4.5 O trabalho humano .................................................................................................... 177 
3.4.6 A economia .................................................................................................................. 178 
3.4.7 A participação na vida política ................................................................................. 179 
 
 
3.4.8 A cooperação com a comunidade internacional ...................................................... 179 
3.4.9 A responsabilidade pelo ambiente ............................................................................ 180 
3.4.10 A promoção da Paz .................................................................................................. 181 
3.4.11 Conclusão .................................................................................................................. 182 
 
CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 183 
 
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 185 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Neste trabalho de Conclusão de Curso foi realizado um resumo dos principais 
temas de teologia como sugere o seu nome: síntese teológica. Ele é desenvolvido em três 
partes: Teologia Fundamental, Teologia Dogmática e Teologia Moral, dentro dos quais 
estão dispostos os quatorze capítulos, a saber: Revelação, Transmissão da Revelação, 
Trindade, Cristologia, Pneumatologia, Eclesiologia, Mariologia, Antropologia teológica 
e Graça, Sacramentos, Escatologia, Moral Fundamental, Moral Sexual e Matrimonial, 
Bioética e Moral Social. 
A Teologia Fundamental apresenta os pressupostos básicos da teologia, o 
encontro de Deus com o homem. Este encontro realiza-se através da revelação de Deus, 
por puro amor à sua criatura, chegando ao extremo de se rebaixar ao seu nível para 
conduzi-la à participação de sua divindade por meio de seu Filho unigênito, Jesus Cristo. 
A esta revelação, porém, exige-se do homem a sua resposta, que se dá na fé, “pois aquele 
que se aproxima de Deus deve crer que ele existe...” (Hb 11,6). Uma pergunta surge 
espontaneamente: se Deus ama o ser humano e a ele se revelou na história, como se dá a 
continuidade desta revelação? Esta resposta buscamos no estudo da Transmissão da 
revelação, que nos demonstram o quanto o Senhor cuida de que através de sua Igreja o 
seu amor continue sendo testemunhado aos homens. 
Podemos entender a Teologia Dogmática como a identidade de Deus que se 
revelou e a obra de redenção realizada por suas mãos, com a colaboração dos homens que 
lhe assentiram pela fé e se empenharam a transmitir o seu amor. Neste sentido apresenta-
se o estudo sobre a Trindade, onde, busca-se conhecer o amado do ser humano, que nunca 
se esgota e é fonte de felicidade das suas criaturas. Na Cristologia encontra-se o centro 
de nosso trabalho, pois pela Palavra feita carne Deus aproxima-se do homem e lhe revela 
todo seu esplendor, porém, na simplicidade que nos vem de uma criança na manjedoura. 
Jesus, o Cristo, vem para nos salvar, assumindo nossa natureza humana, revela-nos o Pai, 
nos ensina o amor, demonstra este amor morrendo na cruz, ressuscita, retorna ao Pai e de 
junto dele envia o Espírito Santo para renovar as criaturas e unificar a Igreja, o corpo de 
Cristo, impulsionando-a a transmitir a sua graça e ser um instrumento de salvação para 
todos os povos, conforme o desígnio de Deus. 
20 
 
A Virgem Maria, no tratado de Mariologia apresenta-se como o corolário da obra 
redentora, majestosa aos olhos de nossa fé, pois ela é obra perfeita da Santíssima 
Trindade, imagem do homem redimido que já participa da plenitude da graça. Ela deu um 
corpo humano à Palavra divina, para que com sua carne resgatasse a carne humana dando 
a ela a redenção de sua alma. Os sacramentos são estes instrumentos de salvação, pelos 
quais a graça de Deus se atualiza e renova o homem. Eles são concedidos gratuitamente 
por Deus e encontram na Eucaristia a mais bela expressão da bondade de Deus que doa o 
seu corpo para redimir as suas criaturas degeneradas pelo pecado. 
No tratado de Escatologia realizamos o estudo e o conhecimento acerca dos fins 
do homem e da criação. Tudo na criação tem um princípio e um fim, igualmente o ser 
humano não veio do nada e não se dissipará no vácuo, mas a fé nos diz que viemos de 
Deus e a ele retornaremos. Nele, ou seja, no Amor, seremos julgados conforme nossas 
ações tiverem correspondido a esse amor ou não. Tendo em vista esta responsabilidade 
que ressoa em nossa consciência é que nos tratados de Moral a Igreja busca agir conforme 
a caridade, correspondendo à sua dignidade de pessoa humana de filhos de Deus, pois na 
resposta da fé não estão excluídos tudo o que toca à materialidade da vida humana, seja 
na vida familiar, comunitária e social, pois o próprio Filho de Deus nos demonstra a 
necessidade de agir em conformidade com a vontade de Deus nas realidades humanas 
quando se encarna assumindo a corporalidade e tudo o que corresponde à humanidade 
em sua irredutível responsabilidade pelos dons da criação depositados em suas mãos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
1 TEOLOGIA FUNDAMENTAL 
1.1 Teologia da Revelação 
1.1.1 Introdução 
Revelar de origem latina re-velare significa “afastar o ‘velum’, o envoltório, o 
anteparo, tudo aquilo que cobre alguma coisa. ” (FEINER; LOEHRER, 1971, p.176.) No 
âmbito da reflexão teológica, o significado da palavra recebe sentido mais específico, 
referindo-se à Deus que, oculto e invisível, torna-se então manifesto através de Sua 
autorrevelação. 
O objeto de estudo da teologia da revelação é duplo, é a revelação do próprio Deus 
e de seu desígnio de salvação. Deus se revela no Antigo Testamento como um Deus vivo e 
pessoal em oposição aos ídolos. O segundo aspecto, que é a salvação, acontece em meio à 
libertação de Israel realizada por Deus no êxodo do Egito onde sela a aliança por meio de 
Moisés (cf. LATOURELLE, 1985, p. 34-35). 
O autor e o objeto da revelação é Deus mesmo, ele se dá a conhecer ao homem e 
aí se desdobra consequentemente o desígnio de salvação. Por isso “a revelação é 
essencialmente interpessoal. Antes que manifestação de alguma coisaé manifestação de 
Alguém a alguém” (LATOURELLE, 1985, p. 37-38). 
Na Dei Verbum, lemos que “aprouve a Deus em sua bondade e sabedoria, revelar-
se a si mesmo” (DV 2). Deus, portanto, se revela à humanidade por pura bondade. Ele não 
precisa do homem e não deve ao homem nada, pelo contrário, tudo o que temos recebemos 
dele (cf. 1Cor 4,7). Sabemos que “Deus é amor” (1Jo 4,16) e é característico do amor a 
caridade que atua beneficiando a outrem sem necessidade dela e sem interesse. Esta é pois a 
razão de Deus se revelar à humanidade: seu amor e bondade infinitos. 
Deus se revela na criação e pela fé através de sua palavra comunicada aos profetas. 
Sobre a primeira assim ensina o Concílio Vaticano I quando diz que Deus pode ser conhecido 
pela luz natural da razão; por meio das coisas criadas pode-se chegar ao conhecimento de 
Deus (DH 3004). São Paulo testemunha o mesmo ao dizer que “sua realidade invisível – seu 
eterno poder e sua divindade – tornou-se inteligível, desde a criação do mundo, através das 
criaturas, de sorte que não têm desculpa” (Rm 1,20). Na imanência cósmica, pode-se 
entrever a sua causa primária, “uma vez que a criação é o que foi dito por Deus, ela é também 
revelação” (LATOURELLE, 1985, p. 27). 
Deus se revela também pela via sobrenatural, que exige a fé. E esta revelação 
inicia na história, pelos patriarcas e profetas no Antigo Testamento ao comunicar a sua 
22 
 
palavra e chega à plenitude na pessoa de Jesus de Nazaré que nos chegaram pela tradição 
dos apóstolos de forma escrita e não escrita. 
 
1.1.2 A revelação na Sagrada Escritura: Antigo Testamento 
 
As etapas da revelação vão desde a criação, a primeira humanidade, representada 
por Adão e Eva, prosseguindo com Noé até Abraão e sua descendência, passando por 
Moisés, os profetas até culminar na pessoa do Verbo que se encarna e se revela à humanidade 
em Jesus Cristo. 
Deus se revela progressivamente ao ser humano, ele conhece a sua obra e sabe 
que o homem cresce através de um longo caminhar em que vai tomando consciência, mesmo 
errando e caindo, ele vai descobrindo, na medida em que Deus o auxilia como um pai. Assim 
na primeira etapa da revelação Deus se dá a conhecer na criação: “Deus, criando e 
conservando todas as coisas pelo Verbo (cf. Jo 1,3), oferece aos homens um testemunho 
perene de si mesmo na criação (cf. Rm 1,19-20)” (DV 3). 
A Igreja ensina na Constituição Dei Verbum que Deus se manifesta a si mesmo 
aos nossos primeiros pais e mesmo depois da queda ele não rompe totalmente com eles, mas 
lhes dá a esperança da salvação que entrevemos em Gn 3,15. (Esta é a primeira etapa da 
revelação, a revelação cósmica). 
A segunda etapa da revelação vai do pecado original até Abraão. “O pecado do 
homem não o fez perder a vocação à visão de Deus, numa comunhão de vida” (SESBOÜÉ; 
TEOBALD, 2006, p. 427). Ao longo da história narrada no Gênesis podemos ver que Deus 
acompanha e abençoa aqueles que buscam viver na justiça e fala com todos na consciência 
de cada um. Neste sentido podemos recordar de Abel, Seth, Noé e mesmo Melquisedec e 
Agar, que mesmo não sendo do povo eleito, Deus se lhes manifestava, daí vemos que “Deus 
continua propondo sua graça e, por isso mesmo, algum tipo de revelação, expressões de sua 
vontade salvífica universal” (SESBOÜÉ; TEOBALD, 2006, p.427). Abraão é um destes 
homens, ao qual Deus elege para constituir o seu povo, por meio do qual serão abençoadas 
todas as nações da terra (cf. Gn 12,3b). 
O chamado de Deus a Abraão marca uma nova etapa da revelação1. Deus lhe 
chama para constituir um povo; através de Moisés, ensina que é o único Deus; os profetas 
 
1 Esta é propriamente a revelação histórica: “Afora a primeira revelação narrada nos primeiros capítulos do 
Gênesis, a revelação histórica (para distingui-la da cósmica) começa com Abraão, Moisés e os profetas. 
23 
 
anunciam a vinda do ungido de Deus: “E assim preparou, ao longo dos séculos, o caminho 
para o Evangelho” (DV 3). 
 
Resume-se aí toda a economia do Antigo Testamento, dos patriarcas (Abraão, 
Isaac, Jacó), Moisés e os profetas. Deus escolhe o seu povo, não para 
privilegiá-lo com exclusividade, mas para lhe confiar uma missão. É uma 
história que converge para a vinda de Cristo, seu ponto mais alto. Assim se 
prepara imediatamente o Evangelho (SESBOÜÉ; TEOBALD, 2006, p.428). 
 
 
1.1.3 A revelação na Sagrada Escritura: Novo Testamento 
 
“Depois de ter falado muitas vezes e de muitos modos pelos Profetas, ‘Deus 
ultimamente, nestes dias, falou-nos por meio do filho’ (Hb 1,1-2) ” (DV 4). Assim nos 
apresenta o Concílio Vaticano II ao falar de Cristo como a plenitude da revelação. Exprime 
o vínculo com o Antigo Testamento, sua continuação que se desenvolve ao longo do tempo 
até culminar na pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus enviado. 
O projeto de Deus para com a humanidade foi desde toda a eternidade a comunhão 
de amor com o homem, sua criatura. O pecado não rompeu este projeto. Com efeito, Deus 
quis se comunicar com o homem e entrar em comunhão com ele assumindo sua natureza, 
tornando-se semelhante a ele, para senti-lo, falar-lhe e convidá-lo a seguir seus passos. 
O Verbo de Deus, que, no princípio, estava com Deus se tornou carne para habitar 
entre nós (cf. Jo 1,1.14). Jesus assume plenamente a condição humana, com exceção do 
pecado, para revelar o Pai em suas ações e palavras, “sinais e milagres, e especialmente por 
sua morte e gloriosa ressurreição” (DV 4). 
Jesus inicia a Nova Aliança prenunciada pelo profeta (cf. Jr 31,31ss). No Antigo 
Testamento, Deus sela a Aliança com o seu povo no monte Horeb, com Moisés, em meio do 
fogo e lhes deu a lei que deviam cumprir (cf. Dt 4, 12ss), Ele se manifestava através dos 
fenômenos naturais, trovões, relâmpagos e nuvens, aos quais o povo temia (cf. Ex 19, 16). 
O homem, mesmo sendo do povo eleito, não podia ver a Deus. Em Jesus, o homem 
finalmente vê a face de Deus, nele lhes é manifestado o Pai. Esta ideia é iluminada 
maravilhosamente comparando-se à manifestação teofânica de Deus a Moisés com a 
transfiguração de Jesus no monte Tabor (cf. Mt 17). Com efeito, “o Novo Testamento é 
 
Torna-se então a palavra plenamente inteligível. Dirige-se Deus ao homem, interpela-o, torna-o participante 
de seu desígnio, fala-lhe” (LATOURELLE, 1985, p. 28) 
24 
 
último (novissimum). É a Aliança definitiva. Até a volta (parusia) de Cristo, não haverá 
terceira revelação pública” (SESBOÜÉ; TEOBALD, 2006, p.430) 
 
1.1.4 Desenvolvimento histórico-dogmático 
 
De acordo com as preocupações próprias de cada época da história e dos 
distintos problemas doutrinais que foram surgindo, o acento foi colocado em 
um ou outro aspecto, de tal maneira que, sem olvidar por completo o que já 
havia sido adquirido em reflexões anteriores, a compreensão do que é a 
revelação sofreu variadas concepções que determinaram e marcaram atitudes 
concretas na Igreja (CELAM, 1987, p. 85. Tradução nossa). 
 
1.1.4.1 Patrística 
 
Na Igreja primitiva com os padres da Igreja tinha-se consciência clara de Cristo 
como o cume e a fonte do cristianismo em quem se encontra a plenitude da revelação. 
 
Estão persuadidos os Padres Apostólicos de que o ensinamento da Igreja é de 
origem divina. O objeto da fé é a palavra de Deus, o conjunto dos mandamentos 
e instruções dados à humanidade pelo Cristo, pelos profetas e pelos apóstolos. 
Para todos o Cristo é a fonte de onde jorra o cristianismo, o Mestre único; os 
profetas são seus discípulos espirituais; os apóstolos são os pregadores e os 
mensageiros de seu Evangelho; a Igreja recolhe e transmiteseu ensinamento. 
Inácio de Antioquia, mais que todos, vê no Cristo o todo da revelação e o todo 
da salvação. Nele, Verdade e Vida estão inseparavelmente unidas. Na 
encarnação do Filho termina e atinge seu ponto mais alto a economia da 
revelação. O Cristo é o conhecimento do Pai. (LATOURELLE, 1985, p. 93-
94) 
 
Os apologistas foram aqueles que diante do desafio da cultura da época buscaram 
dar razões de sua fé (cf. 1Pd 3,15), apresentando a fé em Cristo como a verdadeira doutrina 
que conduz à vida eterna. Eles adaptaram a linguagem à filosofia para usá-la como 
instrumento, defender a fé e comunicá-la de forma compreensível para levar todos para 
Cristo. Nesta linha estão São Justino, Atenágoras e Teófilo de Antioquia. 
Diante do gnosticismo que desviava a doutrina da revelação transmitida pelos 
apóstolos, Santo Ireneu afirma a presença do Verbo desde o Antigo Testamento, 
apresentando a unidade da revelação. A revelação não é um simples conhecimento 
intelectual reservado a poucos, mas um dom de amor dado a todos, que pela fé conduz à vida 
eterna. Ele relaciona criação e encarnação explicando aos fiéis que o Verbo que criou o 
homem à sua imagem é o mesmo que vem restaurar sua obra desfigurada pelo pecado através 
da encarnação. 
25 
 
Clemente de Alexandria entre os padres gregos vê na filosofia uma preparação 
para receber a revelação de Cristo, assim como a Lei e os Profetas é a preparação dos judeus 
para o messias. Entretanto, embora ela conduza à verdade, contém falhas, pois só Cristo é a 
verdadeira e total verdade onde não há erro. “Dessa maneira, judeus, gregos e cristãos, a 
filosofia, a Lei e o Evangelho formam uma só ordem salvífica: são três disposições ou 
Testamentos cujo autor é o mesmo Logos” (LATOURELLE, 1985, p. 118). 
Orígenes contribuiu ainda mais com a doutrina da revelação ao introduzir, além 
da objetividade da revelação pela encarnação, a subjetividade da mesma pela ação da graça 
no interior do crente, tocando-o e capacitando-o para compreender o mistério: “O homem 
não se voltaria para Deus, se ele mesmo não lhe tocasse a alma” (ORÍGENES apud 
LATOURELLE, 1985, p. 125). 
Os padres capadócios, São Basílio, São Gregório de Nazianzo, São Gregório de 
Nissa e São João Crisóstomo, contribuíram com a ideia da dupla via de acesso ao 
conhecimento de Deus: a criação e o ensinamento da fé. Diante da heresia de Eunômio, que 
afirmava o esgotamento do mistério revelado de Deus, defenderam que o homem pode 
chegar ao conhecimento de Deus a partir do mundo visível, mas por mais que Deus se revele, 
ainda permanece em sua essência um mistério (LATOURELLE, 1985, p. 137). 
Segundo Latourelle, Tertuliano, sendo jurista é um apaixonado da verdade e que, 
diante do erro do paganismo e das heresias, o cristianismo se apresenta como a verdadeira 
religião que conduz ao conhecimento da verdade. “O único problema, pois, é saber quem 
possui essa verdade, quem a pode reivindicar” (1985, p. 145). Ele desenvolve para tanto o 
tema da transmissão da revelação. Cristo transmite como fonte de verdade a doutrina aos 
seus apóstolos, em quem termina a ação reveladora, esses por sua vez são os mediadores e 
as igrejas são depositárias da mesma e única doutrina (CELAM, 1987, p. 87). 
Santo Agostinho leva-nos em seus escritos a compreender que a revelação não é 
uma comunicação de uma verdade abstrata, mas objetiva, real que nos toca, pois insere-se 
na história através da economia da encarnação. Assim, Jesus anuncia o Evangelho por suas 
ações e palavras comunicando as verdades eternas e sobrenaturais através de sua 
humanidade. Cristo é sujeito e objeto da revelação, ele é ao mesmo tempo aquele por quem 
Deus se revela e Deus revelado, pois ele nos comunica a Palavra do Pai, mas também é a 
palavra do Pai. Esta palavra que foi confiada aos apóstolos nos é comunicada, a qual nós 
respondemos com o ato de fé. “Os apóstolos, a Igreja, a Escritura: são os elos que nos unem 
ao Cristo e que garantem a autenticidade da fé católica” (LATOURELLE, 1985, p. 157). 
26 
 
Nos escritos patrísticos não há um desenvolvimento sistemático do tema da 
revelação, mas encontramos ideias fundamentais que serão a base para um desenvolvimento 
posterior da teologia, especialmente no Concílio Vaticano II. 
 
1.1.4.2 Idade Média 
 
Quanto à Idade Média, Latourelle (1985, p. 169) nos esclarece que, 
 
não é preocupação dos escolásticos do século XIII nem da teologia que os 
precedeu interrogar-se especialmente sobre a natureza e as propriedades da 
revelação cristã. Santo Tomás, por exemplo, fora de seus comentários 
escriturísticos onde o texto sagrado inspirava seus passos, tem apenas breves 
indicações quanto à revelação pelo Cristo e pelos apóstolos. O que 
principalmente prende a atenção é a revelação imediata dirigida aos profetas: 
carisma de conhecimento, entendido como uma iluminação do espírito. Falam 
também da revelação objetiva ou do Evangelho, sumariamente, porém. 
 
Para Santo Tomás, a revelação é base da teologia e da fé cristã. A revelação se 
realiza em função da salvação do homem, sendo relacionada com a vida íntima em Deus, 
com isto supera as capacidades humanas Deus dispõe ao homem os meios para conhecê-lo 
e chegar à salvação. A revelação se realiza por etapas, começando por Abraão, na era 
patriarcal, depois Moisés inaugurando a era profética e por fim a era cristã chegando à 
perfeição em Cristo (cf. CELAM, 1987). 
Conforme nos apresenta Latourelle, para São Boaventura, a revelação é a ação 
iluminadora de Deus. Ele não distingue as noções de revelação e inspiração, sendo a 
iluminação interior pela graça igualmente revelação. Destaca que a revelação é obra da 
trindade e seu aspecto de economia (1985, p. 176). 
 
1.1.4.3 Século XX 
Por volta dos anos de 1950, começam os teólogos a interessar-se mais pela 
compreensão da revelação, tudo o que foi desenvolvido anteriormente e depois, de reflexões 
acerca da revelação, que serviram para a formação da Constituição Dei Verbum. O ponto 
que mais recebeu destaque foi o tema do encontro pessoal, já vislumbrada na patrística, e 
que é apresentada na Escritura (cf. CELAM, 1987). 
Muitos teólogos contribuíram para esse aprofundamento da revelação, como de 
Lubac, Daniélou, Chenu, Bouillar, Von Balthasar e também os protestantes como K. Barth, 
R. Bultmann e E. Brunner. Havia um movimento de retorno às fontes bíblica e patrística. 
27 
 
Rejeitavam uma compreensão puramente abstrata da revelação e focavam na teologia 
querigmática, sem, contudo, negar o caráter doutrinal (cf. CELAM, 1987). 
 
Teólogos como K. Rahner, H. de Lubac, J. Alfaro, R. Latourelle, R. Guardini 
e H. U. von Balthasar insistem na necessidade de vincular a revelação com a 
pessoa de Cristo, como consequência da economia da encarnação que Deus 
utilizou para levar à plenitude sua manifestação e seu encontro pessoal com o 
homem. Esta economia de encarnação se realiza na história e pela história, 
interpelada à luz da palavra de Deus, Deus se dirige ao homem. Este aspecto 
interpessoal da revelação é talvez o que mais foi desenvolvido e que foi levado 
à necessidade de ligar muito estreitamente a ela a fé, como resposta pessoal do 
homem à Deus que se revela (CELAM, 1987, p. 92-93. Tradução nossa). 
 
1.1.5 A revelação no Magistério da Igreja 
 
1.1.5.1 Concílio Vaticano I 
 
No segundo capítulo da Constituição Dei Filius, do Concílio Vaticano I, é exposto 
o que a Igreja pensa sobre a revelação. No primeiro parágrafo se esclarece que a revelação 
tem duas vias pelas quais o homem pode chegar ao conhecimento de Deus. A primeira é a 
via ascendente, natural, parte da busca do homem pela razão através da natureza para chegar 
a finalidadeque é Deus, porém não em sua vida íntima, mas em sua relação causal com o 
mundo. A segunda via é descendente, a via sobrenatural que parte de Deus que se revela 
dando-se a conhecer e os decretos de sua vontade (cf. LATOURELLE, 1985, p.302). 
No segundo parágrafo delineia-se a necessidade, a finalidade e o objeto da 
revelação (cf. LATOURELLE, 1985, p.304). É necessária porque “Deus, em sua infinita 
bondade ordenou o homem para um fim sobrenatural, isto é, para participar dos bens 
divinos...” (DH 3005). Aqui também já encontramos a finalidade: a participação do homem 
nos bens divinos. “É, pois, em última análise, a intenção salvífica de Deus que explica a 
necessidade da revelação das verdades de ordem sobrenatural” (LATOURELLE, 1985, 
p.305). O objeto, como já vimos, é Deus mesmo e os decretos eternos de sua vontade, que 
são as conaturais ao homem, quanto aquelas sobrenaturais ultrapassam a compreensão 
humana. 
Esta revelação está nos livros e nas Tradições não escritas, as duas fontes da 
Palavra de Deus. A respeito dos livros sagrados, o Concílio ressalta que estes são assim tidos 
porque têm o próprio Deus como autor e foram confiados à Igreja. Por isso cabe unicamente 
a ela a interpretação da Sagrada Escritura. 
 
28 
 
1.1.5.2 Concílio Vaticano II 
No capítulo I sobre a revelação é retomada a afirmação do Vaticano I, porém com 
uma formulação mais personalista, ao dizer: “Aprouve a Deus, na sua bondade e 
sabedoria...” (LATOURELLE, 1985, p. 371). Fica claro nesta linha que a revelação é obra e 
iniciativa de Deus e não do homem. 
Ao propor igualmente o objeto da revelação retoma o Vaticano I, porém 
substituindo o verbo “decreto” pelo “mistério” ao dizer: “Dar a conhecer o mistério de sua 
vontade...”. “O Mistério é o plano divino que, afinal, se resume no Cristo, com suas 
insondáveis riquezas, seus tesouros de sabedoria e de ciência. Concretamente o Mistério é o 
Cristo ” (LATOURELLE, 1985, p. 372). 
Os homens têm acesso a Deus Pai mediante o Verbo encarnado, que no Espírito 
Santo se tornam participantes da natureza divina (cf. DV 2). Nesta expressão consiste o 
desígnio salvífico de Deus. “O desígnio divino, expresso em termos de relacionamento 
interpessoal, inclui os três principais mistérios do cristianismo: a Trindade, a encarnação, a 
graça” (LATOURELLE, 1985, p. 372). 
A natureza da revelação apresentada pela Dei Verbum é o diálogo que Deus 
estabelece com o homem, diálogo que parte do seu amor e faz com que se dirija aos homens 
como a amigos. 
A revelação de Deus se realiza por palavras e obras relacionadas entre si, 
 
de tal maneira que as obras, realizadas por Deus na história da salvação, 
manifestam e corroboram a doutrina e as realidades e as realidades significadas 
pelas palavras, enquanto as palavras declaram as obras e esclarecem o mistério 
nelas contido (DV 2) 
 
E Cristo é o mediador e plenitude de toda a revelação, nele se revela de modo 
pleno tanto a natureza de Deus quanto da salvação dos homens: “Dirigindo-se ao homem, 
ser de carne e espírito, mergulhado no tempo, Deus comunicou-se com o homem pelas vias 
da encarnação e da história” (LATOURELLE, 1985, p. 374). 
No terceiro parágrafo, intitulado de “preparação da revelação evangélica”, o 
Concílio apresenta primeiro duas formas de revelação que é o testemunho de si na criação 
pelo Verbo e a revelação sobrenatural que acontece na história aos primeiros pais. Depois 
indica as etapas da revelação, que começa com Abraão, os patriarcas, Moisés e os profetas 
preparando o caminho para o Evangelho. 
29 
 
No quarto parágrafo, o Concílio cita o início da carta aos Hebreus afirmando que 
Cristo é o ponto mais alto da revelação: “Jesus Cristo, Verbo feito carne, enviado ‘homem 
aos homens’, ‘fala’ portanto ‘as palavras de Deus’ (Jo 3,34) ”. 
 
O paralelo entre a Palavra e as palavras que ela pronuncia mediante a carne, 
evidencia de modo impressionante que o Filho de Deus realmente se fez 
homem e usou sem subterfúgios os meios de expressão da natureza humana 
(LATOURELLE, 1985, p. 381). 
 
Resumidamente, Deus falou aos homens antigamente através de mediadores 
humanos falhos e limitados que transmitiam partes da revelação, mas ultimamente revelou-
se plenamente em Jesus Cristo, seu Filho, o mediador supremo, em quem fez com os homens 
uma aliança perfeita que jamais passará. (cf. MARÍN, 2015, p. 46). 
 
1.1.6 A resposta do homem 
 
1.1.6.1 A fé 
 
O Deus que se revela requer a resposta do homem, que é a fé. No Catecismo da 
Igreja Católica lemos que “antes de mais, a fé é uma adesão pessoal do homem a Deus. Ao 
mesmo tempo, e inseparavelmente, é o assentimento livre a toda a verdade revelada por 
Deus” (§150). 
Marín (2015, p. 99) distingue dois sentidos relativos ao sujeito da fé: sujeito 
pessoal e psíquico. São sujeitos pessoais da fé os que possuem o hábito ou virtude 
sobrenatural da fé. São eles todos os justos do mundo, que possuem a graça santificante, 
tendo ou não o batismo2, e as almas do purgatório que ainda não possuem a visão beatífica. 
No sentido psíquico a virtude sobrenatural da fé reside no entendimento do crente, 
assim, crer é um ato do entendimento, porém a vontade intervém de maneira decisiva de tal 
modo que não seria possível um ato de fé sobrenatural sem ela. Torna-se assim essencial 
para a fé, por isso fica dito que, 
 
embora a fé resida formalmente no entendimento, é certo que a vontade 
também intervém, e de maneira decisiva, no ato de fé. Porque, em se tratando 
de verdades cuja evidência intrínseca se nos escapa (ainda que tenhamos dela 
certeza firmíssima, enquanto reveladas por Deus, que não pode enganar-se 
nem enganar-nos), é preciso que a vontade ordene o entendimento a crer, 
apesar da falta de visão. O que não seria necessário, nem sequer possível, se o 
 
2 “É sabido que se pode possuir a graça mesmo sem ter recebido o sacramento do batismo, mas não 
sem o desejo (ao menos implícito) dele” (MARÍN, 2015, p. 99). 
30 
 
entendimento percebesse diretamente a evidência intrínseca das verdades que 
a fé propõe, já que então não teria outro remédio senão inclinar-se ante a 
verdade evidente, mesmo sem que a vontade lho tivesse ordenado (MARÍN, 
2015, p.102). 
 
O Concílio Vaticano I, sobre o objeto da fé no ato de crer, ensina que, 
 
deve-se, pois, crer com fé divina e católica tudo o que está contido na palavra 
de Deus escrita ou transmitida, e que pela Igreja, quer em declaração solene, 
quer pelo Magistério ordinário e universal, nos é proposto a ser crido como 
revelado por Deus (DH 3011) 
 
 Quando o Concílio diz que são todas as coisas contidas na palavra de Deus escrita 
ou transmitida pela Tradição apresenta-nos as duas fontes da divina revelação: “a Sagrada 
Escritura, transmitida por escrito, e a Tradição Católica, transmitida por escrito ou oralmente 
de geração em geração” (MARÍN, 2015, p.68). 
 E este conteúdo nos é proposto pela Igreja de duas maneiras: em declaração 
solene, “quando o papa define ex cathedra algum dogma de fé ou quando um concílio 
ecumênico presidido e aprovado pelo papa o declara expressamente” (MARÍN, 2015, p. 69); 
ou pelo Magistério ordinário e universal onde o papa e todos os bispos da Igreja ensinam 
uma determinada doutrina. 
Na Bíblia, a fé é definida na carta aos Hebreus da seguinte forma: “[...] a garantia 
dos bens que se esperam, a prova das realidades que não se veem” (Hb 11,1). É assim que 
dentre outros exemplos da Sagrada Escritura no Antigo Testamento, Abraão é tomado por 
São Paulo como exemplo desta fé que teve em Deus ao partir para o encontro das suas 
promessas, “esperando contra toda esperança,creu e tornou-se assim pai de muitos povos, 
conforme lhe fora dito: Tal será sua descendência” (Rm 4,18). 
A Virgem Maria é maior exemplo de fé: 
 
A Virgem Maria realiza, do modo mais perfeito, a “obediência da fé”. Na fé, 
Maria acolheu o anúncio e a promessa trazidos pelo anjo Gabriel, acreditando 
que “a Deus nada é impossível” (Lc 1, 37) e dando o seu assentimento: “Eis a 
serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38). Isabel 
saudou-a: “Feliz aquela que acreditou no cumprimento de quanto lhe foi dito 
da parte do Senhor” (Lc 1, 45). É em virtude desta fé que todas as gerações a 
hão-de proclamar bem-aventurada (CIC 148) 
 
Os padres da Igreja também o atestam ao dizer que “o nó da desobediência de Eva 
foi desatado pela obediência de Maria, e o que Eva amarrara pela sua incredulidade Maria 
soltou pela sua fé” (SANTO IRENEU, Adv. Haer. III, 22.4). 
31 
 
A fé também foi definida no Magistério da Igreja; no Concílio Vaticano I ficou 
bem expressa nestas palavras: 
 
Visto que o homem depende inteiramente de Deus como seu criador e senhor, 
e que a razão incriada está inteiramente sujeita à verdade incriada, somos 
obrigados a prestar, pela fé, a Deus que revela, plena adesão do intelecto e da 
vontade. Esta fé, porém, que é o início da salvação humana, a Igreja a professa 
como virtude sobrenatural, pela qual, sob a inspiração de Deus e com a ajuda 
da graça, cremos ser verdade o que ele revela, não devido à verdade intrínseca 
das coisas conhecidas pela luz natural da razão, mas em virtude da autoridade 
do próprio Deus revelante, o qual não pode enganar-se nem enganar. Pois, 
segundo o testemunho do Apóstolo, “a fé é a substância das coisas que se 
esperam, argumento do que não se vê” (Hb 11,1). (DH 3008) 
 
Ao dizer que a fé é uma virtude sobrenatural, quer dizer que é uma virtude infusa 
por Deus em nosso entendimento, sem a qual seria impossível crer com as faculdades 
racionais. Da mesma maneira a graça, como dom, auxilia o homem interiormente, pois, já 
que ultrapassa a ordem natural, necessita do auxílio divino. Cremos porque não vemos, 
limitando-nos a acreditar pela autoridade de Deus nas verdades que ele revela, não pela 
razão, porque se assim fosse perderia a característica de fé (cf. MARÍN, 2015, p. 28-29). 
No concílio Vaticano II, retomando alguns pontos do anterior, também temos uma 
rica definição da fé: 
 
A Deus que revela é devida a “obediência da fé”; por ela, entrega-se o homem 
todo, livremente, a Deus, oferecendo “a Deus revelador o obséquio pleno da 
inteligência e da vontade” e prestando voluntário assentimento à sua 
Revelação. Para prestar esta fé, é necessária a graça divina que se antecipa e 
continua a ajudar, e o auxílio interior do Espírito Santo, auxílio requerido para 
mover e converter a Deus os corações, abrir os olhos da alma, e dar “a todos a 
suavidade, no assentimento e na adesão à verdade”. Para entendermos cada vez 
mais profundamente a Revelação, o Espírito Santo aperfeiçoa sem cessar a fé 
mediante os seus dons (DV 5) 
 
Retomando a mesma definição do Concílio Vaticano I, ele acrescenta o auxílio da 
graça que antecipa e continua a ajudar no ato de fé, e também acrescenta e acentua o auxílio 
do Espírito Santo no interior que aperfeiçoa a fé do crente pelos seus dons. 
 
1.1.6.2 Características da fé 
 
Segundo a teologia católica, baseada nos dados da revelação, a fé é definida como 
ato e como hábito. Baseando-se em Santo Tomás, Marín define a fé como ato, explicando 
que é “o assentimento sobrenatural pelo qual a mente, sob o império da vontade e a 
32 
 
influência da graça, adere-se firmemente às verdades reveladas pela autoridade de Deus 
revelante” (2015, p.31). A fé é certo gênero de conhecimento por ser um ato do 
entendimento, mas diferente, enquanto se distingue do conhecimento científico, do sentido 
religioso, da certeza histórica, da opinião e da visão beatífica. A fé, porém, não é um ato 
somente do entendimento, mas de toda a alma, envolve a vontade que sob o influxo da graça 
de Deus move-a para que aceite a sua vontade. As verdades reveladas são o objeto material 
da fé, e a autoridade é o objeto formal, que é o motivo pelo qual aceitamos essas verdades 
(2015, p.31-33). 
Da mesma forma define a fé como hábito sendo “uma virtude sobrenatural e 
teológica que dispõe a mente para assentir firmemente às verdades reveladas por Deus, pela 
autoridade do próprio Deus revelante” (2015, p.33). Ela é uma virtude porque é permanente, 
distinguindo-se do ato de fé que é transitório; é sobrenatural por que supera a natureza 
humana que precisa do auxílio da graça divina; teológica por ter como objeto direto o próprio 
Deus (2015, p. 33-34). 
 Acrescentemos ainda o que o Catecismo da Igreja Católica nos propõe como 
características da fé: é “uma graça” porque é dada por Deus como auxílio divino que ajuda 
a crer; é também um “ato humano” porque não viola e não anula a liberdade e a inteligência 
do homem, a fé um ato autenticamente humano, por isso prestamos fé também às pessoas; 
“fé e razão” não se contrapõem, embora a fé se sustente unicamente na autoridade de Deus 
que revela a inteligência tem diante de si inúmeros sinais que comprovam esta revelação; “a 
fé é necessária” para obter a salvação, para receber a justificação e entrar na vida eterna 
devemos dar esse passo fundamental em direção daquele que pode nos salvar; “a fé é o início 
da vida eterna” porque ela nos faz comtemplar mesmo que de modo imperfeito as realidades 
que gozaremos na visão beatífica, “agora meu conhecimento é limitado, mas depois, 
conhecerei como sou conhecido” (1Cor 13,12b) (cf. CIC 153-165). 
 
1.1.6.3 A eclesialidade da fé 
 
Quando no Credo dizemos “creio” – que nós rezamos nas celebrações dominicais 
e que expressam o fundamento da nossa fé – estamos pessoalmente professando a fé da 
Igreja, mas também estamos professando em Igreja, com a nossa “mãe”, que nos ensina a 
dizer “creio”. Neste sentido nos diz o Catecismo que 
 
33 
 
a salvação vem só de Deus. Mas porque é através da Igreja que recebemos a 
vida da fé, a Igreja é nossa Mãe. “Cremos que a Igreja é como que a mãe do 
nosso novo nascimento, mas não cremos na Igreja como se ela fosse a autora 
da nossa salvação”. É porque é nossa Mãe, é também a educadora da nossa fé 
(CIC 169). 
 
E, segundo Libânio (2000, p.253), nós só cremos “na Igreja” de modo indireto, por 
que cremos em Deus, mas como dentro de seu projeto está incluído a mediação, ele associou 
a Igreja, neste sentido cremos nela enquanto é parte deste mistério salvífico. Assim a Igreja 
tem o serviço dado por Deus de ser para os fiéis, Mestra da fé. “Tal como uma mãe ensina 
os seus filhos a falar e, dessa forma, a compreender e a comunicar, a Igreja, nossa Mãe, 
ensina-nos a linguagem da fé, para nos introduzir na inteligência e na vida da fé” (CIC 171). 
É importante destacar que a fé é vivida dentro da realidade eclesial, na sua liturgia, 
na vivência prática cotidiana com a comunidade, na participação dos sacramentos. 
 
Para viver a fé cristã, o fiel é introduzido na comunidade da Igreja e aí a 
desenvolve. Não se trata, pois, simplesmente de realizar a dimensão de 
sociabilidade, mas de cumprir uma vontade de Cristo. Evidentemente ela não 
se impõe como algo extrínseco à nossa natureza concreta, mas vem realizá-la 
em profundidade (LIBÂNIO, 2000, p. 254). 
 
Portanto, quem quer que seja, tenha a pretensão de que tenha uma fé autêntica e 
se ponha a criticar e desafiar a fé da Igreja colocando sua opinião como certa e verdadeira, 
sem uma vivência da fé no interior da Igreja, está enganado ao pensar que tem a fé da Igreja. 
 
Ao sair desse círculo de fé, mesmo tendoacesso ao “depósito da fé” em sua 
objetividade escrita, visibilizada nos sinais externos, não se tem garantia de 
viver da fé da Igreja. Por isso, crer implica necessariamente esses dois 
momentos, de acolhida da Tradição, mas dentro do espaço hermenêutico vital 
da comunidade (LIBÂNIO, 2000, p. 252). 
 
1.1.7 Conclusão 
 
Neste capítulo pudemos ver brevemente como Deus vai em busca do homem para 
comunicar-lhe o seu amor. Isto nos revela a Sagrada Escritura, a qual nos diz que tudo foi 
criado por Deus, e o ser humano é sua obra magnífica com a qual coroa toda a criação. 
Ela nos revela ainda mais, abre-nos o conhecimento de que sua obra criadora é uma 
extensão de seu amor a nós, por pura bondade de sua graça, que deseja cumular-nos de 
sua experiência que plenifica na comunhão de amor. Mesmo com a desordem do pecado 
Deus não abandona sua criatura, o seu desígnio de comunhão plena com os homens não 
é rompido com o pecado, mas torna-se ainda mais uma chance de demonstrar com maior 
34 
 
largueza esse amor abundante de seu coração divino. Em resposta ao pecado, Deus envia 
o seu Filho, em quem nós conhecemos a plenitude do amor do Pai, e no seu Espírito Santo 
somos renovados e transformados para também transmitir a mesma graça. Veremos a 
seguir como este amor que através da graça é transmitido de geração em geração, à Igreja 
e desta para a humanidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
1.2 Transmissão da Revelação 
1.2.1 Introdução 
 A resposta à pergunta sobre o que é a tradição vem-nos com mais facilidade 
através de outra pergunta fundamental: 
Uma vez que a revelação, a redenção e a salvação, têm em vista não somente 
os homens que então viviam, mas também todo o resto da humanidade, surge 
logo a pergunta: de que maneira o restante da humanidade poderá 
participar do dom de que gozam os que se encontram com Jesus de 
Nazaré? Se considerarmos os que nunca chegaram a ouvir a mensagem da 
salvação, a resposta àquela pergunta será a seguinte: compartilham dela 
mediante a tradição, a transmissão daquilo que Jesus de Nazaré disse, realizou, 
comunicou e revelou (LOEHRER; FEINER, 1971, p. 7. Grifo nosso). 
 
 A tradição, portanto, é a transmissão da revelação que Deus comunicou aos 
apóstolos; o conhecimento de Deus e tudo o que era necessário para a salvação foi a eles 
confiado para que comunicassem para o bem de todos. “De graça recebestes, de graça 
dai” (Mt 10, 8b); disse Jesus quando enviou seus apóstolos para a missão. 
 Na Constituição Dei Verbum, do Concílio Vaticano II, se encontra uma definição 
muito clara de como se deu esta transmissão, com efeito está assim expresso: 
 
[...] Cristo Senhor, em quem se consuma toda a Revelação do Deus Altíssimo 
(cf. 2Cor 1,20;3,16;4,6), mandou aos apóstolos que o Evangelho, objeto da 
nossa promessa outrora feita pelos profetas que ele veio cumprir, e que 
promulgou pessoalmente, eles o pregassem a todos, como fonte de toda a 
verdade salutar e de toda a regra moral, e assim lhes comunicassem os dons 
divinos (DV, 7). 
 
 E essa tradição é transmitida de duas maneiras como nos explica o CIC: a) 
oralmente, “pelos Apóstolos, que, na sua pregação oral, exemplos e instituições, 
transmitiram aquilo que tinham recebido dos lábios, trato e obras de Cristo, e o que tinham 
aprendido por inspiração do Espírito Santo”, e b) por escrito, “por aqueles apóstolos e 
varões apostólicos que, sob a inspiração do mesmo Espírito Santo, escreveram a 
mensagem da salvação” (76). 
 Em relação aos meios usados para transmitirem a revelação, diz a Dei Verbum que 
“[...] a Igreja, em doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo 
aquilo que ela própria é e tudo quanto ela acredita” (8). A pregação apostólica 
desempenha um papel importante nesta transmissão e que se exprime de modo especial 
nos livros inspirados. 
36 
 
 
1.2.2 Critérios da transmissão da revelação 
 Na Igreja, na sua liturgia e oração, na sua vida ativa, em sua fé, temos a 
necessidade premente de saber, o que é realmente necessário crer, por onde devemos 
caminhar, por quais critérios devemos nos basear para termos segurança em nossa 
missão? Esta é uma questão que as pessoas se preocupam e se interessam, pois se sentem 
mais seguras quando sabem que estão na via certa, guiados pelos seus pastores na senda 
da salvação, sem se preocupar com questões fúteis que só nos fazem perder tempo e 
forças. 
 
Não obstante várias propostas, o Concílio não quis precisar mais a tradição 
dogmática para a distinguir das muitas outras tradições que existem na Igreja. 
Procuram os teólogos perscrutar esta difícil noção, distinguindo a “Traditio 
divina” e a “traditio ecclesiastica”. Evidentemente, só a tradição divina é fonte 
dogmática, ao passo que todas as que têm origem humana, quer remontem aos 
mesmos apóstolos enquanto organizadores da Igreja (trad. mere Apostolica), 
quer remontem aos chefes posteriores da mesma (trad. ecclesiastica), não 
servem para o fim, por maior que seja sua importância para a disciplina, o 
culto, a liturgia e o direito eclesiástico. Tradição divina é a que remonta ou à 
“boca de Cristo” (trad. dominica) ou às “comunicações do Espírito Santo” 
feitas aos apóstolos depois da Ascensão do Senhor (trad. divino-apostólica). 
De modo que, com o nome de tradição dogmática compreendemos as 
verdades reveladas que os apóstolos receberam de Cristo ou do Espírito santo 
e que a Igreja de então transmitiu sem alterações (BARTMANN, 1964, p. 50). 
 
 Na Igreja podemos distinguir a Tradição das tradições, que são aspectos 
particulares que nasceram no decorrer do tempo nas Igrejas locais. À luz da grande 
Tradição estas podem ser mantidas, modificadas e até abandonadas conforme o 
Catecismo (83). Porém, como podemos distinguir a Tradição das tradições particulares 
ou até mesmo de não tradições? Sobre este ponto Ruiz Arenas (1995, p. 183) coloca 
alguns critérios para podermos fazer este discernimento. 
a) O magistério: a Dei Verbum nos diz que “o múnus de interpretar autenticamente a 
palavra de Deus escrita ou contida na Tradição, só foi confiado ao Magistério vivo da 
Igreja, cuja autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo” (10). A ele, portanto, 
devemos confiar que interprete o que é Tradição divina ou o que é tradição eclesiástica e 
qual é sua necessidade ou sua superfluidade na atualidade, num diálogo com a 
comunidade local. 
b) Antiguidade: este critério foi usado pelo Concílio de Trento para distinguir as tradições 
daquelas que devem ser recebidas e veneradas “como provenientes da boca de Cristo ou 
37 
 
ditadas pelo Espírito Santo e conservadas na Igreja católica por sucessão contínua” (DH 
1501). São Vicente de Lerins contribuiu para este discernimento, além do critério da 
antiguidade (antiquitas = semper), acrescenta os critérios da universalidade (universitas 
= ubique) e do consentimento geral (consenso = ab omnibus), ou seja, “uma verdade, 
acerca da qual todos os fiéis em todos os tempos e em todos os lugares estão de acordo, 
é uma doutrina verdadeiramente católica” (BARTMANN, 1964, p. 57). Contudo, esta 
regra não está completamente esclarecida, pois não diz se estes critérios têm valor juntos 
ou separadamente, ela necessita que o magistério decida se todos os elementos se 
encontram em um caso determinado (1964, p. 57). 
c) Sensus fidei: O Espírito Santo está presente em todos os membros da Igreja e lhes 
garante um esclarecimento interior a respeito das coisas espirituais. “Para discernir as 
tradições através do ‘sensus fidei’ é necessário que se examinem a fé e a prática da Igreja 
toda desde o

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