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Civil IV - Contratos

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DIREITO CIVIL IV
Maria Fernanda Fontes Viana
Negócio Jurídico
Conceito: É um fato jurídico exteriorizado como uma declaração de vontades no sentido de produzir um determinado e visado efeito jurídico com a finalidade negocial de criar, modificar ou extinguir direitos.
Forma: livre, ou seja, não depende de forma especial salvo quando exigido por lei (art. 107). Quando regulamentar direitos de propriedade (reais) de imóveis de valor superior a 30 salários mínimos deve ter fé publica (escritura).
Elementos/requisitos:
Para que o negócio exista (elementos essenciais):
Declaração de vontade;
Finalidade negocial (produção de um determinado e visado efeito);
Idoneidade do objeto (pré-requisitos legais do tipo de contrato).
Para que o negócio seja válido (elementos naturais):
Agente capaz;
Validade do objeto (lícito, possível, determinado ou determinável);
Forma prescrita ou não defesa em lei.
Para que o negócio seja eficaz (elementos acidentais):[1: Os elementos acidentais podem existir ou não.]
Condição: evento futuro incerto;
Termo: evento futuro certo;
Encargo: colocar um ônus em uma deliberalidade.
O negócio será nulo quando:
Celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
For ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
O motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
Não revestir a forma prescrita em lei;
For preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
Tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
A lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
O negócio será anulável quando:
Celebrado por relativamente incapaz;
Houver vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
Empréstimo
Há duas espécies de empréstimo: Comodato e Mútuo.
Comodato
Conceito: trata-se de contrato de empréstimo gratuito de um bem infungível (exteriorizado com a tradição deste), cujos sujeitos são: quem empresta é o comodante e quem recebe é o comodatário. É um contrato gratuito (benéfico) pois não há contraprestação, salvo a hipótese do comodato modal. 
Comodato modal: não envolve uma remuneração explícita, mas uma contraprestação indireta, sendo então um contrato bilateral. Também é chamado de empréstimo de uso.
Características/elementos: 
Necessita da tradição (entrega da coisa): trata-se de contrato real;
Infungível: a coisa restituída deve ser a mesma da recebida;
Gratuito: salvo comodato modal;
Temporário: se for perpétuo é doação. Pode ser por prazo, por tempo indeterminado ou para fim específico.
Não solene
Risco sobre a coisa: a coisa perece para o dono, salvo se o comodatário estiver em mora (inadimplente com a obrigação).
Obrigações do comodatário: 
Conservar a coisa: como se sua própria fora, sob pena de responder por perdas e danos. O comodatário constituído em mora, além de por ela responder, pagará, até restituí-la, o aluguel da coisa que for arbitrado pelo comodante.[2: Art. 583. Se, correndo risco o objeto do comodato juntamente com outros do comodatário, antepuser este a salvação dos seus abandonando o do comodante, responderá pelo dano ocorrido, ainda que se possa atribuir a caso fortuito, ou força maior.]
Usar a coisa de forma adequada de acordo com o contrato ou sua natureza: O uso inadequado constitui também, causa de resolução do contrato. 
Restituição da coisa: deve ser restituído no prazo convencionado, ou, não sendo este determinado, findo o necessário ao uso concedido. 
Arcar com os gastos ordinários para a manutenção da coisa: o comodatário não poderá jamais recobrar do comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada (art. 584).
Restrição: Os tutores, curadores, e em geral todos os administradores de bens alheios, como o inventariante, testamenteiros e depositários, não podem ceder em comodato os bens confiados á sua guarda, desde que autorizados pelo juiz a que estejam sujeitos os bens do incapaz. (art. 580)
Mútuo
Conceito: É o empréstimo de coisas fungíveis, pelo qual o mutuário se obriga a restituir o mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. O mutuante transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário. Por conta deste que se torna proprietário, correm todos os riscos dela desde a tradição. 
Permite-se a alienação da coisa emprestada (posso transferir para terceiro);
Características:
Necessita da tradição (entrega da coisa): trata-se de contrato real e translativo, com a tradição ocorre a transferência da propriedade visto que não há como restituir o mesmo bem;
Fungível: Constitui empréstimo para consumo porque o mutuário não é obrigado a devolver o mesmo bem, do qual se torna dono, mas sim coisa da mesma espécie;
Temporário: se for perpétuo é doação. 
Gratuito ou oneroso: tem fins econômicos o mutuo que não é feito por simples amizade ou cortesia, mas visando uma contraprestação. Ex: mútuo feneratício;[3: O empréstimo de dinheiro é, em regra, oneroso, com estipulação de juros, sendo por isso, denominado mútuo feneratício.]
OBS: Mútuo Feneratício: cobra enquanto estiver com a posse – juros remuneratórios. Se não tiver acordado o valor do mútuo, presume-se os juros. A taxa não pode passar de 1% ao mês.
Unilateral: nada mais cabe ao mutuante, recaindo as obrigações somente sobre o mutuário
Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional. Taxa Selic. 
Riscos: Os riscos correm para o mutuário porque a coisa é dele (transferência de posse). 
Prazo: Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será:
Se o mútuo for de produtos agrícolas, assim para o consumo, como para semeadura será até a próxima colheita;
Se for de dinheiro será de trinta dias;
Se for de qualquer outra coisa fungível será o espaço de tempo declarado pelo mutuante.
Requisitos: Como o mútuo transfere o domínio, o mutuante deve ser proprietário daquilo que emprestar e ter capacidade para dispor da coisa. POSSE+ PROPRIEDADE
Restrição: O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores (art. 588). [4: Art. 589. Cessa a disposição do artigo antecedente:I - se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente;II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os seus alimentos habituais;III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças;IV - se o empréstimo reverteu em benefício do menor;V - se o menor obteve o empréstimo maliciosamente.]
Obrigação do mutuário: restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.
Depósito
Conceito: contrato por meio do qual uma das partes (depositante) entrega a uma outra parte (depositário) coisa móvel, para guarda e posterior restituição. Art 627, CC. A sua principal finalidade é, portanto, a guarda de coisa móvel alheia. 
Características: 
O deposito tem que ser a função primordial do contrato.
Coisa móvel seja infungível (regular) ou fungível (irregular).[5: Deposito irregular: depósito de coisa fungível pelo qual o depositário poderá usar a coisa e restituir por outra com as mesmas qualidades.]
Tradição. Ou seja, é um contrato real, pois deve ter a efetiva entrega da coisa.
Temporário, pois parte-se do pressuposto da restituição.
Gratuito, podendo ser oneroso quando:
Houver convenção neste sentido.
Resultar de atividade negocial (estacionamento).
O depositário praticar por profissão.
For um depósito necessário pois este não presume gratuidade.
O depositário responde pela guarda e conservação da coisa.
Não solene: forma escrita serve como prova, mas não é requisito de validade.
Espécies: 
Depósitos voluntários (éa escolha da parte)
Para depositar, não precisa ser dono, mas ter capacidade de administração.
Para ser depositário, é necessário ter capacidade para se obrigar.
Provar-se-á por escrito. Não é formal, mas a prova deve ser escrita. 
Depósitos necessários (necessariamente existe depósito)
Legal: É o que decorre do desempenho de obrigação imposta pela lei. Ex: art. 345.
Miserável: Realiza-se em calamidades (terremotos, guerra, furacão). A premente necessidade do depositante de evitar o perecimento dos bens o impele a deixá-los com a primeira pessoa que aceite guardá-los. Nesse caso a prova não precisa ser escrita.
Hoteleiro: tem por objetos as “bagagens dos viajantes ou hóspedes”.[6: A responsabilidade decorre tanto de atos de terceiros, como de empregados ou pessoas admitidas nas hospedarias. Cessa, porém, provado que “os fatos prejudiciais ao hospede não podiam ser evitados”, como nas hipóteses de culpa destes, por deixarem a porta aberta do quarto, por exemplo, e de caso fortuito ou força maior como nas ocorrências de roubo á mão armada ou violência semelhante. STJ: a hospedaria deve provar que não foi negligente. Mas permanece ao se tratar de furto simples, com emprego de chaves falsas, ou sem violência. A obrigação de ressarcir o prejuízo não pode ser excluída nem mediante clausula de não indenizar pactuada com o hospede, pois, o hoteleiro é um prestador de serviços, sujeitando-se ao CDC. ]
Deposito irregular: é o depósito de coisa fungível, onde o depositário pode usar a coisa e restituir outra com a mesma qualidade.
Prestação de serviços
Conceito: contrato por meio do qual uma das partes (prestador) obriga-se a prestar um determinado serviço (atividade) a uma outra parte (tomador), mediante remuneração. Toda espécie de serviço lícito, material ou imaterial pode ser contratado sendo gerida pelas leis trabalhistas, especial ou se não for o caso, pelas disposições do capítulo do artigo 593, CC.
Caráter residual: a partir do artigo 593, CC. Ou seja, primeiro deve-se analisar se não possui uma relação trabalhista, porque se for segue a lei trabalhista.
Onerosidade: a prestação de serviço é onerosa podendo ser paga em dinheiro ou em outras formas.
Divergência doutrinária: alguns autores entendem que serviço por serviço não é contrato de prestação de serviço mas contrato atípico.
Art 596/597: Não se tendo estipulado, nem chegado a um acordo, fixar-se-á por arbitramento a retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo de serviço e sua qualidade.
Duração: O prazo pode ser determinado ou não em casos de contrato indeterminado pode ocorrer resilição unilateral, já quando o contrato possuir um prazo será vedada a resilição unilateral. 
Peculiaridade: nos contratos de prestação de serviço PUROS não se pode convencionar mais de quatro anos. Nada obsta que, no fim do quatriênio, novo contrato seja ajustado entre as partes pelo mesmo prazo, pois, o que a lei visou permitir que, de 4 em 4 anos, o prestador readquira plena liberdade de movimentos, podendo livremente permanecer ou sair. 
Transferência: art 605, CC. Nenhuma das partes pode transferir o contrato a terceiro sem que haja a anuência (autorização) prévia da outra parte.
Pessoa inabilitada: art 606, CC. Se o serviço for prestado por pessoa inabilitada (ex: engenheiro sem CREA), não poderá quem os prestou cobrar a retribuição normalmente correspondente ao trabalho executado. Mas se deste resultar benefício para a outra parte, o juiz atribuirá a quem o prestou uma compensação razoável, desde que tenha agido com boa-fé.
Aliciamento de mão de obra: Se houver aliciamento, a parte lesada poderá exigir indenização de dois anos dos vencimentos do aliciado. Mas para isso existem dois requisitos: o contrato deve ser escrito e deve haver exclusividade. Art. 608, CC. Caso da Brahma, Nova Schin e Zeca Pagodinho.
Empreitada
Conceito: é o contrato em que uma das partes (o empreiteiro) se obriga, sem subordinação ou dependência, a realizar pessoalmente ou por meio de terceiros certo trabalho a outra parte (dono da obra), mediante remuneração global ou proporcional.
Objeto: é a obra pronta e finalizada, sendo os meios de inteira responsabilidade do empreiteiro (ex: obra literária).
Resultado: na empreitada, o contrato é realizado pelo resultado, os meios não importam.
Diferenciação:
	
	Empreitada
	Prestação de Serviços
	Objeto
	Obra
	Atividade do prestador
	Remuneração
	Pode ser global
	Sempre proporcional ao trabalho prestado
	Execução
	Dirigida pelo empreiteiro
	Dirigida pelo tomador
	Riscos
	Correm sobre o empreiteiro
	Correm sobre o patrão
Espécies: 
De mão de obra (lavor): Assume-se o empreiteiro apenas obrigação de fazer, consiste em executar o serviço, cabendo ao proprietário fornecer os materiais.
De materiais: Obriga-se não só a realizar um trabalho de qualidade, mas também a dar, consiste em fornecer os materiais.
Preço: Salvo estipulação em contrário, o empreiteiro, não terá direito a exigir acréscimo no preço, ainda que sejam introduzidas modificações no projeto, a não ser que estas resultem de instruções escritas do dono da obra. Salvo fato extraordinário (ex: guerra).[7: Ainda que não tenha havido autorização escrita, o dono da obra é obrigado a pagar ao empreiteiro os aumentos e acréscimos, segundo o que for arbitrado, se, sempre presente à obra, por continuadas visitas, não podia ignorar o que se estava passando, e nunca protestou.]
Riscos e Perecimento: art 613, CC. Na empreitada de lavor, até a entrega da obra, a responsabilidade é do empreiteiro, sem direito de pedir sua remuneração. Exceto se o dono da obra estiver em mora, ou se o empreiteiro provar que a perda resultou de defeito, má qualidade ou falta dos materiais fornecidos pelo dono e que isso foi avisado ao mesmo antes.
Medição e recebimento: Se a obra constar de partes distintas, ou for de natureza das que se determinam por medida, o pagamento poderá ser feito em parcelas, presumindo-se verificado tudo aquilo que já foi pago e o que se mediu e, em trinta dias, a contar da medição, não foram denunciados os vícios ou defeitos pelo dono da obra ou por quem estiver incumbido da sua fiscalização.
Perfeição da obra: após finalizada e paga a única obrigação do dono da obra é a de recebe-la. Mas ele pode rejeitá-la se ela não estiver conforme o que foi acordado ou então receber um abatimento no preço da mesma.
Inutilização dos materiais: O material recebido que for inutilizado por negligencia ou imperícia, deverá ser pago pelo empreiteiro.
Alteração do Projeto: O dono da obra não pode alterar o projeto por ele aprovado sem a anuência do projetista, a não ser por razões monetárias ou técnicas ou se as mudanças forem muito pequenas.
Suspensão da obra: Mesmo após iniciada a construção, pode o dono da obra suspendê-la, desde que pague ao empreiteiro as despesas e lucros relativos aos serviços já feitos, mais indenização razoável, calculada em função do que ele teria ganho, se concluída a obra. Suspensa a execução da empreitada sem justa causa, responde o empreiteiro por perdas e danos salvo se a suspensão ocorrer:
Por culpa do dono, ou por motivo de força maior;
Por dificuldades geológicas ou hídricas que o dono da obra se opuser ao reajuste do preço para superá-las;
Se as modificações exigidas pelo dono da obra, forem desproporcionais ao projeto aprovado, ainda que o dono se disponha a arcar com o acréscimo de preço.
Vícios → garantia: O empreiteiro tem o dever de reparar vícios na obra pelo prazo de 5 anos (em obras consideráveis), desde que seja proposta ação em 180 dias após o aparecimento do vício ou defeito. [8: Os pequenos defeitos que não afetam a segurança e nem a solidez da obra, são considerados vícios redibitórios, que devem ser alegados no prazo decadencial de 1 ano, contado da entrega efetiva.]
Danos a terceiros: a jurisprudência divide a responsabilidade entre tomador e empreiteiro analisando primeiro se a terceiro é vizinho ou não. 
Vizinho: a responsabilidade é solidária. 
Não vizinho: a responsabilidadeé somente do empreiteiro. A não ser que o empreiteiro seja uma pessoa inabilitada neste caso o dono da obra será solidariamente responsável.
Extinção: ocorre por vários motivos:
Pelo cumprimento ou execução;
Pela morte do empreiteiro em casos de contrato intuitu personae. Se não for contrato personalíssimo, transmite a obrigação aos sucessores.
Pela resilição bilateral: mediante o exercício da autonomia da vontade. 
Pela resolução: se um dos contraentes deixar de cumprir qualquer das obrigações contraídas.
Pela resilição unilateral: por parte do dono da obra no curso de sua execução. 
Pela excessiva onerosidade: em virtude da ocorrência de fatos extraordinários e imprevisíveis.
Pelo perecimento da coisa: por força maior ou caso fortuito.
Pela falência do empreiteiro ou insolvência do proprietário. 
Subempreitada: é a transferência da empreitada para outro empreiteiro.
Mandato
Conceito: contrato por meio do qual uma das partes (mandatário ou procurador) recebe poderes de outra pessoa (mandante) para, em seu nome praticar atos ou administrar interesses. De modo que todos os efeitos dos atos praticados se liguem diretamente ao mandante como se ele mesmo tivesse praticado.
Características:
Personalíssimo: em regra, pois se baseia na confiança e cessada a confiança pode ocorrer resilição unilateral.
Consensual: não é necessária tradição, basta o consenso.
Não solene*: pode ser tácito ou verbal (art. 656) apesar da procuração ser o seu instrumento.
Gratuito*: em regra, mas se o mandatário atuar por ofício ou profissão lucrativa presume-se oneroso.
Unilateral: gera obrigações somente ao mandatário.
Procuração: é o instrumento do mandato que deve especificar o lugar; qualificar as partes; data; objetivos e poderes. O terceiro, ainda, poderá exigir que na procuração haja firma reconhecida. Pode ser:
Judicial: feita no juízo.
Extrajudicial: quando é algo administrativo.
Poderes: partir do momento em que se formaliza o contrato de mandato, deve-se estabelecer os poderes que o mandante outorga ao mandatário, podendo ser:
Geral: só confere poderes de administração. Compreende atos de simples gerencia como: pagamento de imposto, contratação de empregados, realização de pequenos concertos.
Especial: O especial é restrito ao negócio especificado no mandato, não podendo ser estendido a outros: pratica de um ou mais negócios jurídicos especificados no instrumento.
Substalecimento: É o ato pelo qual o procurador transfere ao substabelecido os poderes que lhe foram conferidos pelo mandante. O substabelecimento pode ser feito com reserva de poderes, consistindo na transferência provisória dos poderes, podendo o procurador reassumi-los a qualquer tempo e atuar em conjunto; ou sem reserva de poderes, tratando-se de transferência definitiva, em que o procurador originário renuncia ao poder de representação que lhe foi conferido.
O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na execução do mandato, e a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabelecer, sem autorização, poderes que devia exercer pessoalmente.
Aceitação pelo mandatário: art 659, CC: para configurar aceitação do mandatário, basta que ele inicie a prática dos atos previstos na procuração. Ou seja, mesmo de forma tácita configura-se aceitação.
Regras: 
Os atos praticados por quem não tem poderes não vinculam o mandante, salvo ratificação.
Se o mandatário agir em nome próprio, ficara pessoalmente obrigado, mesmo que o negócio seja de conta do mandante. 
O mandatário tem direito de retenção até que seja feito o pagamento devido.
O mandatário que exceder os poderes outorgados responderá como gestor de negócios.
Partes Legítimas: menor pode ser mandante (ex: ação judicial) mas somente aqueles entre 16 e 18 anos podem ser mandatários, estando estes isentos de responsabilidade civil em virtude do mandato.
Pluralidade de mandatários: Conjuntos → cláusula in solidum: sendo dois ou mais os mandatários nomeados no mesmo instrumento, qualquer deles poderá exercer os poderes outorgados, se não forem expressamente declarados conjuntos, nem especificamente designados para atos diferentes, ou subordinados a atos sucessivos. Se os mandatários forem declarados conjuntos, não terá eficácia o ato praticado sem interferência de todos, salvo havendo ratificação, que retroagirá à data do ato.
Obrigações do Mandatário:
Agir em nome do mandante e dentro dos poderes recebidos, não sendo o mandante responsável pelos atos praticados além dos poderes concedidos na procuração.
Indenizar os prejuízos causados por sua culpa ou por aquele substabelecido. No caso da responsabilidade pelo substabelecido, há três subespécies (art. 667, CC):
Havendo poderes para o substabelecimento, só será responsável o mandatário se tiver agido com culpa na escolha ou nas instruções dadas ao substabelecido (ex: não é adv).
Sendo omissa a procuração, o mandatário só responderá em caso de culpa do substabelecido.
Se havia proibição expressa, os atos do substabelecido serão suportados pelo mandatário;
Prestar contas e repassar as vantagens do mandato, inclusive o excesso. Ou seja, todo e qualquer valor atingido por meio da procuração;[9: Ex: acordo de 3mil e consegue fechar por 5mil.]
Apresentar a procuração às pessoas com quem tratar;
Embora ciente da morte, interdição ou mudança de estado do mandante (causas de extinção), deve o mandatário concluir o negócio já começado, se houver periculum in mora.
Obrigações do Mandante:
Assumir os negócios realizados em seu nome;
Adiantar ou reembolsar as despesas necessárias (ex: guias, transporte etc.);
Pagar a remuneração – desde que não seja um mandato gratuito – e indenizar os prejuízos.
Extinção:
Pela revogação do mandante ou pela renúncia do mandatário; 
Pela morte ou interdição de uma das partes;[10: Deve-se ter o cuidado de analisar se o contrato é personalíssimo. Não sendo, pode haver substituição do mandatário. Por outro lado, independentemente do contrato, a morte do mandante ocasiona a extinção do mandato]
Pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o mandatário para os exercer;
Pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio.
Contrato de Comissão
Conceito: contrato por meio do qual uma das partes (comissário) se obriga a realizar negócios em favor da outra parte (comitente), segundo instruções recebidas, mas em nome próprio.
Objeto: é a compra e venda de bens móveis, pois imóveis precisam ser registrados. [11: Ex: Luciano Huck quer comprar uma obra de arte, então contrata um comissário para que o vendedor não saiba quem é o comprador e assim não aumente o preço.]
Oneroso: o comissário SEMPRE terá direito a remuneração de algum tipo segundo estes requisitos:
A remuneração é livremente fixada, e se não for estipulada deverá ser arbitrada judicialmente observando os usos do local.
Em caso de morte ou força maior, a remuneração será proporcional aos trabalhos realizados.
A existência ou não de motivos para a dispensa do comissário não afeta seu direito de remuneração, mas não afasta eventuais perdas e danos. Art 703 e 705, CC.
O comissário pode reter os bens como garantia de pagamento.
Obrigações do Comissário:
O comissário tem a obrigação de seguir as instruções dadas. Na falta delas deve solicitar orientações e somente após proceder com os usos locais.
Salvo força maior, o comissário responde pelos prejuízos decorrentes da sua culpa.
Sua falta estará justificada: 
Se resultou em vantagem para o comitente.
A solução não admitia demora e ele agiu de acordo com os usos do local.
O comissário está autorizado a conceder dilação do prazo para pagamento. Desde que: 
Não haja proibição; 
Respeite os usos do local; 
Informe imediatamente ao comitente.
Caso o comissário não observe as condições acima, ficará responsável por essa dilação, ou seja, assumirá o ônus da coisa.
Insolvência do comprador: o comissário não responde pela insolvência do comprador, salvo:
Insolvência notória: quando o nome do comprador ésujo e este fato é de conhecimento geral.
Falta de empenho: se o comissário não se preocupou em cobrar o valor do comprador.
Cláusula del credere: cláusula pela qual o comissário assume o risco do negócio, responsabilizando-se solidariamente com o comprador.
Contrato de Comissão x Estimatório: No contrato estimatório a pessoa que combinou de vender tem a opção de ficar com a coisa para si, ou seja, o vendedor possui 3 opções: ficar com o bem, vender o bem ou devolver o bem, já na comissão não é possível ficar com o bem.
Agência e distribuição
Conceito: na agência uma das partes (agente) se obriga, de forma autônoma, a promover certos negócios por conta da outra parte (proponente ou agenciado), com habitualidade em determinada zona. Já na distribuição o agente tem a coisa à sua disposição (em estoque).
Representação comercial, lei 4886/65: não é um agente, mas possui os mesmos direitos e deveres, acrescida a faculdade de fechar o pedido e negociar valores. 
Elementos:
Habitualidade: não pode ser esporádico ou eventual.
Exclusividade: salvo disposto em contrário em contrato. 
Delimitação da zona: para se adequar a exclusividade.
Oneroso: tem direito a uma remuneração
Autonomia e independência
Remuneração -> regras
Se o proponente realizar negócios, mesmo que indiretamente, que competiam ao agente terá que pagar sua remuneração, art 714.
É permitido que as partes nomeiem mais de um agente. Nesses casos se o contrato for omisso e o proponente adotar uma postura igual acima, a remuneração será proporcional ao número de agentes.
O agente ou distribuidor terá direito a uma indenização caso o proponente reduza ou encerre o atendimento às propostas sem justa causa. Art 715, CC.
Se o negócio não se concluir por culpa do proponente, o agente terá direito a uma remuneração pelos serviços prestados, salvo caso fortuito ou força maior. Art 716, CC.
Nem mesmo a justa causa afasta o direito a remuneração. Art 717 e 718, CC. 
Resilição unilateral → aviso prévio: se o contrato for por tempo indeterminado, qualquer das partes poderá resolvê-lo, mediante aviso prévio de 90 dias (art. 720, CC). [12: Se antes de o agente de recuperar minimamente seu investimento, o proponente encerra o contrato, poderá aquele requerer ao juiz a inviabilização da resilição unilateral, mantendo-se o contrato até que se recupere o valor.]
Corretagem
Conceito: é o contrato por meio do qual uma das partes (corretor) se obriga a obter e concluir certos negócios para outra parte (comitente), sem relação de dependência e mediante remuneração caso o negócio seja concluído. Art 722, CC.[13: Ex: corretor de imóveis, seguros etc.]
Obrigação de Resultado: o corretor só é remunerado se obtêm resultado, não há habitualidade e nem remuneração fixa. 
Corretor de Imóveis: é regulado pela lei 6530/78 (CRECI). O corretor recebe no mínimo 6% do valor.
Regras sobre a remuneração:
Em regra, quem paga é quem procura os serviços do corretor.
Se a remuneração não estiver prevista no contrato ou na lei, será fixada segundo natureza do negócio e usos do local.
A remuneração não depende do recebimento integral do preço ou execução do contrato.
O corretor perderá sua remuneração se o contrato principal for nulo pois o contrato acessório segue o principal. Se anulável somente se sabia a causa.
O corretor só terá direito a sua remuneração se sua atividade teve relação direta com a conclusão do negócio. Art 726, CC.
Mas se a corretagem for exclusiva e por escrito, a solução é outra: receberá remuneração mesmo não participando do negócio, salvo por inércia ou ociosidade.
A dispensa do corretor ou finalização do seu contrato não afasta seu direito pelos negócios por ele iniciados → STJ.
Havendo mais de um corretor que concluíram o negócio a remuneração dividida igualmente, salvo ajuste em contrato.
Julgamento Recursos repetitivos STJ:
Taxa da corretagem: as construtoras podem repassar a taxa desde que seja de forma transparente
SATI: não pode recair sobre consumidor.
Prescrição: 3 anos
Constituição de renda
Conceito: contrato pelo qual uma pessoa (instituidor) entrega a outra (rendeiro ou censuário) um capital, que pode consistir em bens móveis ou imóveis, obrigando-se esta a pagar àquela ou a terceiro por ela indicado, periodicamente, uma determinada prestação (renda).[14: Renda significa uma série de prestações em dinheiro ou outros bens.]
Partes: Instituidor, Rendeiro ou censuário e beneficiário (que pode ser o instituidor ou terceiro).
Características do contrato:
Real: se aperfeiçoa com a entrega dos bens;
Solene: o contrato de constituição de renda requer escritura pública. Dessa forma, caso não se cumpra o requisito, apesar do contrato existir, será inválido.
Comutativo: prestações certas e determinadas.
Regras:
A constituição de renda pode ser constituída por ato intervivos, causa mortis (testamento) ou por sentença judicial (geralmente devido a ato ilícito);
O prazo deve ser certo ou por vida – pode ultrapassar a vida do rendeiro, mas não a do instituidor ou beneficiário;
A constituição de renda será nula nas hipóteses do art. 808, CC. São estas: a constituição de renda em favor de pessoa já falecida; ou se a pessoa vier a morrer nos 30 dias subsequentes à celebração do contrato em decorrência de doença que já tinha;
Quando houver pluralidade de credores: sem nenhuma estipulação no contrato determinando quanto cada um deve receber, pressupõe-se direitos iguais. Caso um dos credores morra, no entanto, o devedor subtrairá a quantia a ser paga a este;
Jogo e Aposta:
Conceito Contrato de Jogo: duas ou mais pessoas se obrigam a pagar certa importância a quem se consagrar vencedor de determinado ato de que todos participam. O êxito ou o insucesso dependem da atuação de cada jogador.
Conceito Contrato de Aposta: duas ou mais pessoas se obrigam a pagar certa importância a pessoa cujo ponto de vista a respeito de determinado acontecimento alheio e incerto se verifique ser verdadeiro. Ficando o êxito ou insucesso de cada jogador nas mãos do acaso.
Espécies:
Ilícitos: condutas expressas na lei de contravenções penais. São os jogos de azar. [15: Estes dizem respeito a uma forma de jogo que depende somente da sorte. Ex: jogo do bicho.]
Lícitos: no caso dos jogos de habilidade, em que não se depende exclusivamente da sorte, é permitido. Podem ser tolerados ou autorizados:
Autorizados: o Estado expressamente autoriza e regulamenta aquele jogo/aposta.[16: Ex: competições esportivas, loterias etc.]
Tolerados: apesar de não haver expressa regulamentação e serem malvistos, são permitidos. É o caso, por exemplo, dos jogos de sinuca e de tabuleiro
Consequências: Art. 814 - as dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdedor é menor ou interdito.
Sorteio: Art. 817, CC - o termo sorteio não necessariamente está ligado a jogo ou aposta. É uma forma de partilha, ou seja, distribuição por sorteio.
Transporte
Conceito: contrato por meio do qual uma das partes (transportador) se obriga mediante remuneração a transportar pessoa ou bem de um lugar para o outro.
Objeto principal: o transporte deve ser o objeto principal, e não acessório de um contrato de compra e venda. Ex: Cia Aérea.
Obrigação de Resultado: o transportador se obriga a um resultado, ou seja, tem que transportar.
Dano: se o resultado não for atingido (ex: não entregou a mercadoria no dia e hora combinados), o transportador será responsabilizado, embora nem sempre gere uma indenização.
Cláusula de incolumidade (art. 734, CC): O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade.
Exclusão responsabilidade: o transportador só se isenta de responsabilidade em três casos específicos:
Culpa exclusiva da vítima → exclusiva x concorrente (art. 738, parágrafo único): o próprio passageiro que deu causa ao resultado.Foi ele, por exemplo, quem provocou o atraso. Além da culpa exclusiva, que rompe o nexo e não há indenização, também há a situação de culpa concorrente. Exemplo: se o motorista vê passageiro sem o cinto de segurança e não solicita que o mesmo seja colocado. Havendo culpa concorrente, a consequência é a redução da condenação.
Força maior: acontecimento da natureza;
Fato de terceiro → jurisprudência: o fato provocado por terceiro não exime o transportador. Dessa forma, num acidente em que táxi é atingido por outro veículo, o passageiro poderá cobrar indenização do transportador. Este, no entanto, pode impetrar direito de regresso contra o terceiro causador do acidente. Fato de terceiro, portanto, não rompe a responsabilidade. Todavia, a jurisprudência do STJ pacificou uma exceção: se o fato de terceiro for algo extraordinário, que não tenha relação direta com o transporte. Exemplos clássicos são a bala perdida e o roubo.
	TRANSPORTE DE PESSOAS
	TRANSPORTE DE COISAS
	Direitos e deveres
	Três partes: expedidor, que vai contratar um transportador, para fazer entrega a um remetente.
Regras:
A coisa transportada deve ser descrita de forma completa (valor, peso e quantidade e o que mais for necessário para que não se confunda com outras);
Ao receber a coisa, o transportador emitirá o conhecimento de transporte. 
Se o transportador sofrer prejuízo em virtude de informação inexata ou omissão do expedidor, a responsabilidade será deste.
Transportador pode recusar o bem em certas situações (embalagem inadequada, ou que coloque em risco a saúde de outras pessoas ou a qualidade do veículo), mas deve recusá-la em outras (coisas que não podem ser transportadas ou comercializadas, ou que venham desacompanhadas da documentação necessária);
É dever do transportador conduzir a coisa ao seu destino em bom estado e no prazo;
Sua responsabilidade é limitada ao valor do conhecimento, começa quando recebe a coisa e termina ao entregá-la. Ou seja, para se apurar o valor de indenização, a base será o documento do “conhecimento de transporte”;
Até a entrega, o emissor pode desistir ou alterar o destinatário, arcando com os prejuízos do transportador;
Se o transporte não puder ser feito ou sofrer longa interrupção, o transportador só será isento em caso de força maior;
Sem manifestação do remetente e perdurando o impedimento, o transportador poderá: depositar a coisa em juízo ou vendê-la, observando os usos locais;
Porém, se o impedimento decorrer de fato imputável ao próprio transportador, ele poderá: depositar a coisa em juízo, mas vendê-la somente se perecível;
Se a coisa for depositada nos armazéns do próprio transportador, ele será depositário, mas poderá cobrar uma remuneração;
Em regra, quem recebe as mercadorias, deve vistoriá-las, no prazo decadencial de 10 dias. As partes, no entanto, podem estipular outro prazo, tanto maior quanto menor.
	Transportador
Exigir o pagamento do preço e estabelecer as normas da viagem;
Reter a bagagem e outros objetos pessoais em caso de não pagamento;
Em regra, não se pode recusar passageiros, salvo nos casos permitidos em regulamentos ou em razão das condições de saúde e higiene do passageiro.
	Passageiros
Exigir a continuidade do transporte mesmo que em decorrência de fato imprevisível. 
Rescindir o contrato quando quiser, se:
*Avisar com antecedência terá direito à restituição da passagem.[17: Antecedência deve ser interpretado como : tempo necessário para que a passagem seja renegociada;]
*Após iniciada a viagem, terá direito à restituição do trecho não utilizado, desde que prove que outra pessoa foi transportada em seu lugar.
*Se o passageiro não comparecer ao embarque, não terá direito à restituição, salvo se provado que outra pessoa viajou em seu lugar.
	
	Transporte Gratuito: é a carona, não se subordina as regras do contrato de transporte salvo se o transportador incorrer em dolo ou culpa grava (STJ) ou auferir vantagens indiretas (dividir a gasolina).
	
Seguro
Conceito: contrato aleatório por meio do qual uma das partes (segurador) assume perante a outra (segurado), a obrigação de pagamento de indenização caso se concretize o risco contratado;[18: É aleatório pois não se tem certeza da concretização do sinistro;]
Elementos do contrato:
Risco: possibilidade de um acontecimento a que se está sujeito;
Prêmio: prêmio não é o que se recebe caso ocorra o sinistro, e sim o valor a ser pago mensalmente.
Indenização: valor recebido em caso de sinistro caso esteja em dia com o prêmio.
Sinistro: acontecimento danoso concretizado.
Riscos Excluídos:
Objetos e atos ilícitos em geral;
Seguro por mais do que valha a coisa segurada;
Pluralidade de seguros sobre a totalidade da mesma coisa;
Proveniente de ato doloso do segurado, do seu beneficiário ou representante;
Espécies:
Seguro De Dano:
Seguro de Responsabilidade civil, regras:
Tão logo o segurado saiba das consequências do seu ato, deverá comunicar ao segurador. 
O segurado não pode confessar, transigir (acordar) ou indenizar o terceiro sem anuência do segurador
O segurado deve dar ciência da lide ao segurador. Na via processual se deve requerer a denunciação à lide da seguradora. A jurisprudência entende que caso se esqueça de incluir a seguradora na lide, não se perde o direito de acioná-la 
A insolvência da seguradora mantém o segurado responsável 
Seguro de Coisas, regras:
Considera-se enriquecimento indevido o segurado receber valor superior ao da coisa segurada
A indenização deve corresponder ao real prejuízo do segurado, nos limites da apólice, salvo mora do segurador.
Todo e qualquer contrato de seguro terá um limite, que será retratado por meio da apólice. Todavia, se houver mora da seguradora, como é o caso de discussão judicial em que o segurado ganha, pode incidir sobre o valor da apólice juros moratórios, correção monetária e eventuais perdas e danos;
O risco engloba os prejuízos diretos e imediatos, bem como estragos para evitar o dano ou salvar a coisa. 
O vício oculto afasta a garantia
Pagando a indenização ocorre a subrogação do segurador nos direitos do segurado, nos limites do valor pago.[19: Salvo dolo, a sub-rogação não tem lugar se o dano foi causado pelo cônjuge do segurado, seus descendentes ou ascendentes, consanguíneos ou afins]
Seguro de Pessoas
Seguro de Vida, regras:
Tem caráter alimentar, logo não pode ser tocado por dívidas do segurado e não faz parte de herança uma vez que representa uma verba de auxílio.
Pode ter quantos seguros quiser
A seguradora não se sub-roga nos direitos do segurado.
O valor pode ser livremente estipulado
Acidentes pessoais, regras: 
Mesmas regras do seguro de vida
A prótese, em separado, é coisa. A partir do momento que se agrega ao corpo, torna-se pessoa.
 Inadimplemento: não terá direito à indenização o segurado que estiver em mora do pagamento do prêmio. Exceto se houver aplicação da teoria do adimplemento substancial do contrato, qual seja: o inadimplemento é irrisório em comparação ao que já foi pago, de forma que, segundo critérios da boa-fé objetiva, seria injusto anular o contrato.
Carência: No seguro de vida para o caso de morte, é lícito estipular-se um prazo de carência, durante o qual o segurador não responde pela ocorrência do sinistro.[20: Caso o sinistro ocorra, o segurado ou beneficiário receberá apenas a reserva técnica – quantia que foi efetivamente paga ao segurador.]
Beneficiários: o segurado pode elencar quem ele quer que seja o beneficiário como lhe convir. Na falta de indicação, morte ou inexistência do beneficiário, metade será pago ao cônjuge e o restante aos herdeiros do segurado. Na falta destas pessoas, serão beneficiários os que provarem que a morte do segurado os privou dos meios necessários à subsistência. Caso ainda assim não apareça ninguém, o valor do prêmio ficará para a seguradora.
Comoriência: caso não haja como identificar quem veio a falecer primeiro, segundo jurisprudência do TJ/RS, metade será pago ao cônjuge e o restante aos herdeiros do segurado.Atos de humanidade e outros : o segurador não pode se eximir do pagamento da apólice se a morte ou a incapacidade do segurado provier da utilização de meio de transporte mais arriscado, da prestação de serviço militar, da prática de esporte, ou de atos de humanidade em auxílio de outrem.
Suicídio: nos primeiros dois anos de vigência ou após dois anos da sua recondução depois de suspenso, a regra é de que caso haja suicídio, o beneficiário não recebe a indenização.
Jurisprudência: antes 03/2015, ou a seguradora pagava a indenização ou comprovava premeditação (Súmula 61, STJ e Súmula 105 do STF). 
Em 03/2015, o STJ proferiu entendimento que a lei não fala nada sobre premeditação portanto esta é indiferente e mesmo após o prazo de dois anos, se a seguradora conseguir provar que houve premeditação do suicídio, consegue se eximir do pagamento.
Homicídio pelo beneficiário: se o beneficiário matar o segurado, afastará o pagamento da indenização, por dois motivos: primeiro que é um ato doloso, e também porque segundo o CC se a pessoa maliciosamente dá causa à condição, ela não pode se beneficiar.
Direitos e deveres:
O segurado poderá exigir a revisão do prêmio ou resolução do contrato, caso ocorra a diminuição considerável do risco.
O segurado tem que informar todas as suas condições para celebrar o seguro.
O segurado deve comunicar ao segurador todo incidente capaz de agravar o risco.[21: Se o agravo de risco for algo pontual, não terá problemas quanto ao seguro. Por outro lado, caso seja algo habitual e a seguradora não esteja informada, o segurado perderá a garantia]
O segurado perderá a garantia se agravar intencional e dolosamente o risco (art. 768, CC).
Comunicado o sinistro tão logo saiba e tomar as providências necessárias para minorar o dano.
Declarações inexatas: omitir ou mentir certas características com o intuito da seguradora aceitar o seguro, perde a garantia. Mas, caso essas declarações sejam feitas sem má-fé pelo segurado, o segurador terá direito a resolver o contrato, ou a cobrar, mesmo após o sinistro, a diferença do prêmio.
Fiança
Conceito: contrato por meio do qual uma das partes (fiador), se obriga perante um credor, a garantir dívida (obrigação) de um determinado devedor (afiançado). Art.s 818 e seguintes, do Código Civil.
Caução → real x fidejussória: no caso da caução real, por estar ligada à coisa, cabe hipoteca, de bem imóvel, ou penhor, de bem móvel. A garantia fidejussória, por sua vez, está ligada à pessoa, ou seja, incidirá sobre o patrimônio do garantidor.
Aval x fiança → diferenças:
I. Fiança é contrato, enquanto o aval é declaração unilateral nos títulos de crédito;
II. Na fiança, a obrigação é subsidiária, enquanto no aval é solidária. Então, em regra, na fiança, deve-se cobrar primeiramente do devedor, passando-se a cobrar do fiador no caso daquele estar insolvente;
Relação → credor → fiador: a relação jurídica é entre credor e fiador, uma vez que só é celebrado quando aquele aceita o nome deste. Pode-se estipular a fiança, ainda que sem consentimento do devedor ou contra a sua vontade. Se o fiador se tornar insolvente ou incapaz, poderá o credor exigir que seja substituído.
Unilateral: via de regra, pois as obrigações recaem apenas sobre o fiador.
Gratuito: via de regra, é um contrato gratuito, uma vez que o fiador não recebe nenhuma contraprestação. Pode, no entanto, haver uma contrapartida para o fiador, como é o caso, por exemplo, da carta fiança, na qual o banco cobra para afiançar o contrato.
Acessório: é um contrato acessório pois depende da existência de um principal, como, por exemplo, compra e venda, no qual o fiador será garantidor das obrigações do devedor.
!!!! As obrigações nulas não são suscetíveis de fiança. Excetua-se, no entanto, se a nulidade resultar de incapacidade pessoal do devedor.
Interpretação: a fiança dar-se-á por escrito (contrato formal) e não admite interpretação extensiva. 
Benefício de ordem: é um benefício ao fiador para que, caso ele seja demandado, invoque na contestação que o patrimônio do devedor principal seja atingido primeiramente devendo indicar quais são os bens deste. Não terá direito ao benefício: 
se ele o renunciou expressamente;[22: Enunciado 364, Jornada de Direito Civil: no contrato de fiança, é nula a cláusula de renúncia ao benefício de ordem quando inserida em contrato de adesão pois neste tipo de contrato não há opções de modificação.]
se se obrigou como principal pagador, ou devedor solidário;
se o devedor for insolvente, ou falido.
Benefício de divisão: havendo pluralidade de fiadores haverá solidariedade entre eles, a não ser que no contrato de fiança esteja expressamente previsto o benefício da divisão. Estipulado este benefício, cada fiador responde unicamente pela parte que, em proporção, lhe couber no pagamento.
Subrogação: O fiador que pagar integralmente a dívida fica sub-rogado nos direitos do credor; mas só poderá demandar a cada um dos outros fiadores pela respectiva quota. A parte do fiador insolvente distribuir-se-á pelos outros.[23: Ex: se houverem dois fiadores aquele que pagar a dívida em sua totalidade poderá cobrar 100% da dívida do devedor e 50% do outro fiador.]
Doutrina: para que haja a sub-rogação não adianta o pagamento parcial, é necessário que haja o pagamento integral. Dessa forma, a doutrina interpreta o art. 831 de forma literal, já que consideram inadmissível que o fiador concorra com o credor em mesma obrigação.
Desídia do credor: isso significa que o credor foi omisso, desleixado. Quando o credor, sem justa causa, demorar a execução iniciada contra o devedor, poderá o fiador promover-lhe o andamento. Ou seja, se o credor for desidioso após iniciar a execução, o fiador pode dar movimentação ao processo.
Fiança por prazo indeterminado
Art. 835, CC x Art. 39, Lei 8.245/91: “O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após a notificação do credor”. Se por um acaso houver fiador por prazo indeterminado, este pode fazer resilição unilateral, mantendo-se vinculado por mais 60 dias.
O art. 835, CC, no entanto, não é aplicável nos casos de locação. O art. 39, da Lei 8.245/91 – Lei do Inquilinato -, é o que prevalece pelo critério de especialidade, o qual reza: presume-se prorrogada a fiança até a devolução do imóvel.
Extinção
A morte do fiador.
“Art. 836. A obrigação do fiador passa aos herdeiros; mas a responsabilidade da fiança se limita ao tempo decorrido até a morte do fiador, e não pode ultrapassar as forças da herança”. Ou seja, os herdeiros arcam com a fiança, nos limites da herança e se o descumprimento por parte do devedor tiver sobrevindo antes da morte do fiador;
Causas terminativas de todas as obrigações, tais como, pagamento, novação, confusão;
Atos praticados pelo credor, listados no art. 838, CC. Este, que possui três incisos, elenca as três hipóteses:
iii.a Se, sem consentimento do fiador, o credor conceder moratória ao devedor, ou seja, se perdoar a dívida, dilatar o prazo…;
iii.b Se, por fato do credor, for impossível a sub-rogação nos seus direitos e preferências. Por exemplo, se o credor abrir mão da hipoteca, o fiador fica desobrigado;
iii.c Se o credor, em pagamento da dívida, aceitar amigavelmente do devedor objeto diverso do que este era obrigado a lhe dar, ainda que depois venha a perdê-lo por evicção. Ou seja, se houver uma dação em pagamento, os fiadores estão exonerados.
Fiança por pessoa casada
Art.s 1647/1649: exceto no regime de separação absoluta de bens, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro – outorga uxória ou marital -, prestar fiança ou aval. A falta de autorização na fiança, não suprida pelo juiz, será nula e, o outro cônjuge pode pleitear a anulação da fiança até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal.
Súmula 332, STJ: caso ocorra a fiança sem anuência do cônjuge, o negócio será ineficaz.
Aula – 16/11/2017
Contrato de transação
Conceito:contrato por meio do qual os transigentes previnem ou terminam um litígio mediante concessões mútuas (art. 840, CC).
Audiência de conciliação ou mediação: é fase do processo, onde pode vir a ser feita uma transação.
Espécies:
Judicial: feita no âmbito de um processo, como na audiência de conciliação ou mediação em que há autocomposição;
Extrajudicial: fora de juízo, ou seja, não tinha um processo.
Forma (art. 842, CC): Escrituração pública, se a lei determinar ou instrumento particular, se não houver determinação legal.
Regras:
A transação é indivisível (art. 848, CC). Excetua-se, no entanto, aquela situação em que há vários temas na transação, preservando-se as hipóteses que não são nulas;
A interpretação é restritiva, ou seja, não admite interpretação extensiva ou analogia (art. 843, CC);
A transação é negócio jurídico declaratório. Isso significa que ela serve para declarar direitos, isto é, em regra, não cria novos direitos;
A transação admite pena convencional – multas, tais como as arras. É interessante colocar para forçar o cumprimento da obrigação (art. 847, CC).
Efeitos (art. 844, CC): a transação não aproveita e nem prejudica, senão nos que nela intervierem, ainda que diga respeito a coisa indivisível. É o princípio, portanto, da relatividade dos contratos: estes, em regra, geram efeitos apenas para as partes contratuais, mas pela relativização, outras partes podem ser atingidas. Os parágrafos do art. 844, CC, trazem alguns exemplos: (I) se for concluído acordo entre o credor e o devedor, desobrigará o fiador (ou seja, o efeito do contrato de transação atinge terceiros); (II) se um devedor solidário fizer acordo com um dos credores, extinguir-se-á a obrigação para os demais credores; (III) se houver transação do credor solidário com um dos devedores, desobriga-se os outros devedores.
ATOS UNILATERAIS
Promessa de recompensa
Conceito: ato por meio do qual alguém (promitente) se obriga a recompensar pessoa que preencha certa condição ou preste determinado serviço (art. 854, CC).
Fundamento: legítima expectativa criada.
Requisitos:
Publicidade a um grupo indeterminado.
Ou seja, para que se crie a promessa de recompensa, deve-se tornar pública a vontade unilateral, desde que não seja de forma individualizada;
Estipular a condição ou serviço.
É óbvio, deve-se especificar o que se recompensa;
Informar que haverá uma recompensa, embora não se necessite informar o valor a ser pago e tampouco ser algo material.
Exigibilidade: pouco importa se a pessoa sabia da recompensa ou se tinha capacidade civil, ela possui o direito de receber.
Divisão: o art. 858, CC determina que se há dois ou mais recompensados, a recompensa deve ser dada em proporções iguais. Se o bem da recompensa for indivisível, este deverá ter o seu valor apurado e dividido entre as partes. Caso ambas queiram o bem indivisível, deve-se realizar sorteio, de forma que a parte vencedora deve pagar a proporção relativa aos demais compensados
Revogação da promessa: de acordo com o art. 856, CC, antes da promessa ser cumprida, o promitente pode revogá-la, contanto que o faça com a mesma publicidade, ou seja, pelos mesmos meios que utilizou para inicialmente divulgar.
Além disso, pode-se estipular prazo de duração da promessa de recompensa. Neste caso, não se pode revogar a promessa, deve-se mantê-la até o término do prazo.
Concursos: concurso de beleza, monografia… De acordo com o art. 859, CC, se houver fixação de um prazo para a atribuição do prêmio, tratar-se-á de promessa de recompensa. Exige-se a fixação do prazo para que o criador do concurso não o possa revogar.
Aula – 21/11/2017
→ Atos unilaterais
Gestão de negócios
Conceito: ato por meio do qual alguém, sem autorização do interessado, intervém na gestão de negócio alheio, segundo a vontade presumível do seu dono (art. 861, CC).
É, portanto, a proteção jurídica de quem ajuda o próximo.
Fundamento: beneficiário ajudar o dono do negócio.
Requisitos:
Negócio alheio – não no sentido comercial, e sim esfera jurídica de outra pessoa;
Ausência de autorização do dono do negócio;
Atuação no interesse e vontade presumida do dono do negócio;
Limitar-se a atos de natureza patrimonial;
Intervenção visando trazer proveito ou utilidade para o dono do negócio.
Ratificação (art. 873, CC): a ratificação retroage ao dia da gestão de negócios. Ou seja, o objetivo final da gestão é nunca existir.
Independentemente da pessoa ratificar ou não, o gestor pode cobrar os custos. Caso ela ratifique mas não pague, o fundamento da cobrança será o mandato. Por outro lado, se não ratificar, o fundamento será a gestão de negócios.
Enriquecimento sem causa/pagamento indevido
Conceito: situação na qual um indivíduo aufere vantagem indevida sem causa legítima que o justifique. O pagamento indevido constitui um dos modos do enriquecimento sem causa (art. 884, CC).
Caráter dúplice: pode ser utilizado tanto como fundamento principal da pretensão inicial quanto como princípio de direito.
Aula – 23/11/2017
Fato jurídico: acontecimento que importa ao direito
Naturais: decorrem da natureza;
Ordinários x extraordinários: ordinários acontecem de forma comum e para todos, tais como o nascimento e a morte. Já os extraordinários, acontecem atipicamente, como uma chuva de granizo.
Humanos: fato humano (ato jurídico) que importa ao direito.
Ilícitos: fato humano contrário ao direito que enseja a responsabilidade civil.
Lícitos:
Ato jurídico em sentido estrito: ato praticado pela pessoa cujo efeito já está previsto em lei;
Ato-fato jurídico: o agente humano pratica o ato, não tem consciência jurídica a respeito do ato, mas é uma conduta socialmente aceita.
Negócio jurídico: declaração de vontade no sentido de produzir um efeito jurídico.
Responsabilidade civil:
Fundamentos:
Art. 186, CC: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
Art. 187, CC: “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes”.
Art. 927, CC: “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem“.
Elementos:
Conduta: deve-se realizar a análise subjetiva, isto é, verificar se houve culpa na conduta do agente. A exceção é a responsabilidade objetiva, na qual basta o resultado lesivo para que a conduta seja imputável ao agente. Para saber se a análise será subjetiva ou objetiva, dependerá da previsão legal
Nexo:
Dano:
– Contratual x extra contratual: contratual decorre de uma relação contratual.

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