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Centro Universitário Fluminense Curso: Letras Data: 16/11/2017 Nomes: Carolinne Ketelyn e Thamires Abreu Adélia Prado Biografia Adélia Prado (1935) é uma escritora e poetisa brasileira. Recebeu da Câmara Brasileira do Livro, o Prêmio Jabuti de Literatura, com o livro "Coração Disparado", escrito em 1978. Mineira de Divinópolis, sua obra recria numa linguagem despojada e direta, a vida e as preocupações dos personagens do interior mineiro. Adélia Prado (1935) nasceu em Divinópolis, Minas Gerais, no dia 13 de dezembro de 1935. Filha de João do Prado Filho, ferroviário, e de Ana Clotilde Correa. Estudou no Grupo Escolar Padre Matias Lobato. Aos 14 anos, já escrevia seus primeiros versos. Ingressou na Escola Normal Mário Casassanta, e em 1953 formou-se professora. Em 1955 começou a lecionar no Ginásio Estadual Luiz de Melo Viana Sobrinho. Em 1958 casa-se com o bancário José Assunção de Freitas, com quem tem cinco filhos. Ingressa na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e em 1973, forma-se em Filosofia. Publica seus primeiros poemas em jornais de Divinópolis e de Belo Horizonte. Em 1971 divide com Lázaro Barreto a autoria do livro "A Lapinha de Jesus". Sua estreia individual só veio em 1975, quando remete para Carlos Drummond de Andrade os originais de seus novos poemas. Impressionado com suas poesias, envia os poemas para a Editora Imago. Publicado com o nome "Bagagem", o livro de poemas chama atenção da crítica pela originalidade e pelo estilo. Em 1976 o livro é lançado no Rio de Janeiro, com a presença de importantes personalidades como Carlos Drummond de Andrade, Affonso Romano de Sant'Anna, Clarice Lispector, entre outros. Em 1978 escreve "O Coração Disparado", com o qual conquista o Prêmio Jabuti de Literatura, conferido pela Câmara Brasileira do Livro. Nos dois anos seguintes, dedica-se à prosa, com "Solte os Cachorros" (1979) e "Cacos Para Um Vitral" (1980). Volta à poesia em 1981, com "Terra de Santa Cruz". Entre 1983 e 1988 exerce a função de Chefe da Divisão Cultural da Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Divinópolis. Publica "Componentes da Banda" (1984). Em 1985, participa em Portugal, de um programa de intercâmbio cultural entre autores brasileiros e portugueses. Em 1988 apresenta-se em Nova York na Semana Brasileira de Poesia, promovida pelo Comitê Internacional pela Poesia. Em 1993 volta para Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Divinópolis. Em 1996 estréia no Teatro do SESI em Belo Horizonte, a peça "Duas Horas da Tarde no Brasil". Em 2000, em São Paulo, apresenta o monólogo "Dona de Casa". Em 2001, no SESI do Rio de Janeiro, apresenta um Sarau onde declama poesias do livro "Oráculos de Maio". Entre outras obras, publica "Quero Minha Mãe", (2005), "A Duração do Dia", (2010) e "Carmela Vai à Escola" (2011). OBRAS: POESIA: - Bagagem, Imago - 1976 - O coração disparado, Nova Fronteira - 1978 - Terra de Santa Cruz, Nova Fronteira - 1981 - O pelicano, Rio de Janeiro - 1987 - A faca no peito, Rocco - 1988 - Oráculos de maio, Siciliano - 1999 - A duração do dia, Record - 2010 PROSA: - Solte os cachorros, Nova Fronteira - 1979 - Cacos para um vitral, Nova Fronteira - 1980 - Os componentes da banda, Nova Fronteira - 1984 - O homem da mão seca, Siciliano - 1994 - Manuscritos de Felipa, Siciliano - 1999 - Filandras, Record - 2001 - Quero minha mãe - Record - 2005 - Quando eu era pequena - 2006. ANTOLOGIAS: -Mulheres & Mulheres, Nova Fronteira - 1978 -Palavra de Mulher, Fontana - 1979 -Contos Mineiros, Ática - 1984 -Poesia Reunida, Siciliano - 1991 (Bagagem, O Coração Disparado, Terra de Santa Cruz, O pelicano e A faca no peito). -Antologia da poesia brasileira, Embaixada do Brasil em Pequim - 1994. -Prosa Reunida, Siciliano - 1999 Poemas: 1- FOTOGRAFIA Quando minha mãe posou para este que foi seu único retrato, mal consentiu em ter as têmporas curvas. Contudo, há um desejo de beleza no seu rosto que uma doutrina dura fez contido. A boca é conspícua, mas as orelhas se mostram. O vestido é preto e fechado. O temor de Deus circunda seu semblante, como cadeia. Luminosa. Mas cadeia. Seria um retrato triste se não visse em seus olhos um jardim. Não daqui. Mas jardim. 2- Amor feinho "Eu quero amor feinho. Amor feinho não tem ilusão, Amor feinho não olha um pro outro. o que ele tem é esperança: Uma vez encontrado, é igual fé, eu quero amor feinho." não teologa mais. Duro de forte, o amor feinho é magro, doido por sexo e filhos tem os quantos haja. Tudo que não fala, faz. Planta beijo de três cores ao redor da casa e saudade roxa e branca, da comum e da dobrada. Amor feinho é bom porque não fica velho. Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é: eu sou homem você é mulher. 3- A Serenata Uma noite de lua pálida e gerânios ele viria com boca e mão incríveis tocar flauta no jardim. Estou no começo do meu desespero e só vejo dois caminhos: ou viro doida ou santa. Eu que rejeito e exprobo o que não for natural como sangue e veias descubro que estou chorando todo dia, os cabelos entristecidos, a pele assaltada de indecisão. Quando ele vier, porque é certo que vem, de que modo vou chegar ao balcão sem juventude? A lua, os gerânios e ele serão os mesmos - só a mulher entre as coisas envelhece. De que modo vou abrir a janela, se não for doida? Como a fecharei, se não for santa? 4- Casamento Há mulheres que dizem: Meu marido, se quiser pescar, pesque, mas que limpe os peixes. Eu não. A qualquer hora da noite me levanto, ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar. É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha, de vez em quando os cotovelos se esbarram, ele fala coisas como "este foi difícil" "prateou no ar dando rabanadas" e faz o gesto com a mão. O silêncio de quando nos vimos a primeira vez atravessa a cozinha como um rio profundo. Por fim, os peixes na travessa, vamos dormir. Coisas prateadas espocam: somos noivo e noiva. 5 - Ensinamento Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo. Não é. A coisa mais fina do mundo é o sentimento. Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, ela falou comigo: "Coitado, até essa hora no serviço pesado". Arrumou pão e café , deixou tacho no fogo com água quente. Não me falou em amor. Essa palavra de luxo. 6- Dona Doida Uma vez, quando eu era menina, choveu grosso com trovoadas e clarões, exatamente como chove agora. Quando se pôde abrir as janelas, as poças tremiam com os últimos pingos. Minha mãe, como quem sabe que vai escrever um poema, decidiu inspirada: chuchu novinho, angu, molho de ovos. Fui buscar os chuchus e estou voltando agora, trinta anos depois. Não encontrei minha mãe. A mulher que me abriu a porta, riu de dona tão velha, com sombrinha infantil e coxas à mostra. Meus filhos me repudiaram envergonhados, meu marido ficou triste até a morte, eu fiquei doida no encalço. Só melhoro quando chove. 7- Janela Janela, palavra linda Janela é o bater das asas da borboleta amarela Abre pra fora as duas folhas de madeira à -toa pintada, janela jeca, de azul Eu pulo você pra dentro e pra fora, monto a cavalo em você, meu pé esbarra no chão. Janela sobre o mundo aberta, por onde vi o casamento da Anita esperando neném, a mãe do Pedro Cisterna urinando na chuva, por onde vi meu bem chegar de bicicleta e dizer a meu pai: minhas intenções com sua filha são as melhores possíveis. Ô janela com tramela, brincadeira de ladrão claraboia na minha alma, olho no meu coração. Análise do poema "Clareira": Seria tão bom, como já foi, As comadres se visitarem nos domingos. Os compadres fiquem na sala, cordiosos, Pitando e rapando a goela. Os meninos Farejando e mijando com os cachorros. Houve esta vida, ou inventei? Eu gosto de metafísica,só pra depois Pegar meu bastidor e bordar ponto de cruz, Falar as falas certas: a de Lurdes casou, A das Dores se forma, a vaca fez, aconteceu, As santas missões vêm aí, vigiai e orai Que a vida é breve. Agora que o destino do mundo pende do meu palpite, Quero um casal de compadres, molécula de sanidade, Pra eu sobreviver. A poesia retrata a saudade de uma cena perfeita para a autora, família reunida num almoço de domingo, onde os homens todos juntos conversam, fumam e as mulheres também se agrupam a conversar. As crianças estão no quintal com os cachorros, brincando e "mijando" juntos, fazendo o que meninos faziam na época, para a poetisa, toda a lembrança desse bom tempo é tão perfeita que a faz pensar se ela realmente o viveu ou se o inventou, se essa vida realmente existiu ou ela o fez pela imaginação na tentativa talvez de fazer parte desta realidade inventada. Ela assume que gosta da metafísica, do conhecimento da essência das coisas, para que com esse conhecimento ela consiga dentro da sua imaginação, colocar cada coisa em seu lugar, dar uma conclusão feliz a cada personagem por ela citado no poema, e que tudo fosse aproveitado e vivido porque a vida é breve. No fim do poema, ainda dentro da imaginação dela, o futuro depende do que ela palpitar, imaginar e deseja um casal de compadres na tentativa de recriar o que tinha no passado para que ela consiga sobreviver em plena sanidade, mostra a vontade dela de resgatar o passado sem voltar para ele, e sim, trazer as atitudes do passado de volta no mundo atual no qual ela sencontra. Referencias Bibliográficas http://poesianuncademais.blogspot.com.br/2009/06/clareira.html http://manmessias.blogspot.com.br/2015/04/poesia-janela-adelia-prado.html http://www.poesiaspoemaseversos.com.br/adelia-prado-poemas/ https://www.mensagenscomamor.com/poemas-e-poesias-de-adelia-prado https://www.ebiografia.com/adelia_prado/
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