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Livro OI Cap 3

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Nota: Este material foi desenvolvido pelo prof. Roland Veras Saldanha Jr, e representa 
uma primeira versão de material a ser transformado em livro didático. Reservam-se os 
direitos autorais sobre o mesmo, mas comentários e sugestões são bem vindas no e-mail 
rsaldanha@actiomercatoria.com.br. 
 
 
Cap 3 Concorrência Perfeita e 
Análise de Bem Estar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2 
 
 
 
 
 
Introdução 
 
Inicia-se neste capítulo a discussão das estruturas de mercado que se prestam 
como referência aos argumentos desenvolvidos na OI. De partida, é fundamental 
evitar qualquer expectativa de encontrar firmas ou indústrias reais que se ajustem 
perfeitamente a qualquer um destes referenciais ideais. Na prática, deve-se 
entender estas estruturas como modelos estilizados e que precisarão ser 
adaptados ou combinados caso a caso para refletir adequadamente a situação 
analisada. 
O uso destes referenciais teóricos, entretanto, costuma trazer importantes 
esclarecimentos na análise de problemas concretos e específicos, o que justifica a 
insistência em seu estudo. São instrumentos singelos, é verdade, mas sua 
utilização não implicará em raciocínios simplistas ou inúteis, desde que se tenha 
bom domínio sobre suas funções e limitações. Na Economia Industrial os bons 
resultados dependerão da maestria no uso de ferramentas como estas, em 
esforço similar ao que se precisa fazer para apertar parafusos de tamanhos e 
formatos muito diferentes com poucas opções de chaves de fenda. 
Neste capítulo ocupa-se da análise da concorrência perfeita, provavelmente a 
mais abstrata e rara dentre as quatro estruturas de mercado a serem discutidas 
nesta parte do livro. Associa-se esta estrutura de mercado ao pólo em que os 
agentes econômicos envolvidos dispõem de pouco ou nenhum poder de interferir 
nos resultados de mercado. No pólo oposto ao da concorrência perfeita 
encontram-se os monopólios (e monopsônios), a serem discutidos no Capítulo 4, 
 3
nos quais se costuma esperar agentes com capacidade efetiva para alterar os 
preços ou quantidades observadas no ambiente em que atuam. A lógica 
econômica de operação em monopólios merecerá atenção também por 
oportunidade da análise das políticas de regulação, cuja discussão se realiza na 
última parte deste livro. 
 As situações de mercado mais frequentemente encontradas na realidade 
empírica, entretanto, costumam guardar mais proximidade com as estruturas dos 
oligopólios e da concorrência monopolística. Tais estruturas serão avaliadas nos 
capítulos 6 e 7, respectivamente, reservando-se o capítulo 5 para uma 
apresentação sucinta de elementos básicos da Teoria dos Jogos que são 
importantes tanto para a análise dos problemas estratégicos entre oligopolistas, 
como para a discussão de outras condutas estratégicas a serem tratadas na 
segunda parte do manual. 
Na avaliação das diferentes estruturas de mercado uma forte superposição aos 
argumentos microeconômicos tradicionais é incontornável. Não obstante, o 
enfoque aqui adotado procurará explorar com rigor as hipóteses e o contraponto 
empírico destes referenciais teóricos, tentando mapear os limites dentro dos quais 
cada uma das estruturas típicas pode servir como base segura para os objetivos 
da OI. 
O modelo de concorrência perfeita está baseado em diversas características 
interessantes do ponto de vista didático, dele sendo extraídos elementos que 
facilitarão a comparação com as outras estruturas de mercado no que concerne à 
eficiência na utilização de recursos e à análise de bem estar. Assim, após uma 
apresentação dos pilares lógicos e principais resultados do modelo concorrencial, 
as bases da análise econômica de bem estar sob equilíbrio parcial são discutidas. 
 
3.1 Concorrência Perfeita – Caracterização e 
Hipóteses 
 
 4 
Se fosse necessário definir a concorrência perfeita através de um único 
atributo teórico, a escolha mais adequada certamente recairia sobre a falta de 
poder dos agentes neste ambiente competitivo para alterar os resultados de 
mercado. De fato, em mercados perfeitamente competitivos, espera-se que 
todos os ofertantes e demandantes sejam tomadores de preços (price 
takers), de forma que nenhum deles se sinta capaz, sozinho ou em combinação 
com outros, de alterar os preços determinados nos mercados. 
A maior parte dos consumidores já passou pela experiência de ser um tomador 
de preços, bastando lembrar da última vez em que foi a um grande supermercado 
ou magazine para fazer suas compras. Naquela oportunidade, a sensação de 
impotência para negociar ou reduzir os preços das mercadorias se traduziu na 
simplicidade das escolhas que o consumidor precisou fazer: quanto adquirir de 
cada um dos itens em sua lista de compras. Os preços estavam ali pré-definidos 
nas etiquetas, e nada (lícito) que o demandante fizesse poderia alterá-los. 
Feliz ou infelizmente, esta estória muda bastante quando se observa que na 
grande maioria das situações práticas encontram-se agentes, ofertantes ou 
demandantes, dotados de capacidade de alterar as soluções de mercado. Os 
casos práticos de concorrência perfeita, se existem, são extremamente raros. Não 
obstante, ainda que exista, sempre que o poder para interferir nas soluções de 
mercado for baixo, o modelo de concorrência perfeita será útil na tentativa de 
destrinchar logicamente a situação envolvida. 
Junto à hipótese de preços dados, uma segunda suposição importante para a 
caracterização de um ambiente perfeitamente competitivo está na ausência de 
barreiras à entrada e saída do mercado. No capítulo sobre monopólios uma seção 
será dedicada exclusivamente à análise da contestabilidade dos mercados, mas 
intuitivamente esta segunda hipótese aponta para as dificuldades em se beneficiar 
com lucros econômicos positivos por muito tempo se não houver obstáculos 
significativos à entrada de outros agentes no mercado. Se inexistirem barreiras 
importantes ao ingresso em determinado mercado, qualquer tentativa de 
abusar do poder de mercado, alterando preços ou quantidades em proveito 
próprio, tenderá a ser dissipada pelo ingresso de novos ofertantes ou 
 5
demandantes. Uma alta contestabilidade dos mercados aparece, logicamente, 
como fator que reforça a impotência dos agentes em ambientes concorrenciais na 
manipulação dos resultados da livre operação dos mercados. 
No arcabouço ideal da Microeconomia, a hipótese de ausência de problemas 
informacionais ou da informação perfeita é sempre utilizada. Neste contexto, por 
informação perfeita é de se entender que todos os agentes participantes do 
mercado conhecem os preços e a qualidade dos produtos ali 
transacionados. A suposição de informação perfeita tem bases tão frágeis quanto 
a proposição de que os seres humanos são oniscientes, mas para muitas 
aplicações teóricas as vantagens de se abstrair dos problemas de incerteza 
trazem uma relação benefício/custo bastante favorável. Não se pode esquecer 
que os modelos teóricos sempre representam simplificações da realidade para a 
qual apontam. Fosse necessária a total identificação dos modelos e hipóteses 
teóricas com o mundo real para a aceitação destas explicações, o único modelo 
aceitável seria a própria realidade que se pretende explicar, num óbvio contra-
senso. O uso de suposições como a da informação perfeita certamente impede 
que muitos aspectos interessantes sejam considerados, mas estas simplificações 
serão justificáveis e úteis caso o fenômeno analisado não dependa 
intrinsecamente daquilo que se abstraiu, assim como ocorre no modelo de 
concorrência perfeita. 
A quarta hipótese usual nas apresentações do modelo competitivo é a da 
ausência de externalidades. Como o próprio nomeindica, as “externalidades” 
estão associadas a alguma forma de efeito externo, neste caso externo às 
escolhas dos agentes econômicos. Externalidades são os efeitos das ações de 
um agente econômico sobre os demais, podendo ser positivas ou negativas. 
Ocorre uma externalidade positiva, por exemplo, quando a escolha de um agente 
em criar abelhas, que se justifica com o objetivo individual de produzir mel e outros 
produtos apícolas, acaba por beneficiar o vizinho que cultiva laranjas. A 
polinização mais efetiva nos laranjais tende a fazer com que a atividade do 
citricultor apresente maior produtividade ou menores custos em função das ações 
de outro agente. A existência de externalidades positivas ou negativas tem 
 6 
implicações sobre a eficiência na utilização dos recursos e gera impactos sobre a 
análise de bem estar. Para evitar estas complicações a suposição de ausência de 
externalidades aparece com freqüência nas apresentações preliminares do 
modelo competitivo. Ainda neste capítulo, depois de discutidas as relações entre 
concorrência perfeita, eficiência no uso dos recursos e bem-estar, o problema das 
externalidades será formalmente retomado. 
Para fazer um contraponto a outras estruturas de mercado típicas, é 
interessante destacar uma suposição relativa à qualidade dos produtos 
transacionados em ambientes perfeitamente competitivos. Por hipótese, os 
produtos ofertados pelas diferentes firmas nos mercados competitivos serão 
considerados homogêneos, vale dizer, perfeitamente substituíveis entre si. 
Colocadas à disposição dos consumidores quantidades iguais de produtos 
produzidos pelos diferentes ofertantes, pela hipótese de homogeneidade estes se 
mostrarão indiferentes em relação à origem dos produtos. 
Outra suposição bastante comum em modelos de concorrência perfeita é a da 
divisibilidade dos produtos ofertados. Pela hipótese de divisibilidade entende-se 
que os produtos podem ser comercializados em quaisquer quantidades, inteiros 
ou fracionados. Trata-se de uma suposição que elimina algumas dificuldades 
analíticas que se poderia encontrar em mercados nos quais são comuns vendas 
discretas, como no comércio de pianos. Quem compraria 1,5 pianos? Uma outra 
forma de contornar esta dificuldade, e que dispensaria a referida hipótese, seria 
trabalhar com transações que ocorrem por intervalo de tempo, já que não há nada 
de estranho com vendas de 1,5 pianos/dia. 
Como uma nota final, e fazendo uma oportuna ligação com o final do capítulo 
anterior, é interessante perceber que se pelo menos duas das hipóteses mais 
sensíveis apresentadas acima seriam desnecessárias caso se adotasse 
explicitamente a suposição de ausência de custos de transação. De fato, a 
hipótese de ausência de custos de transação é implicitamente usada na 
maior parte das apresentações tradicionais do modelo de concorrência 
perfeita, embora não se costume enfatizá-la em função das dificuldades lógicas 
do modelo concorrencial que ela expõe, como a indeterminação do tamanho e a 
 7
própria necessidade da existência das firmas. De qualquer maneira, a suposição 
de que os mercados possam ser usados sem quaisquer custos (de transação) 
eliminaria a necessidade da hipótese de informação perfeita, já que a aquisição de 
informações é um dos custos mais importantes para a utilização dos mercados, 
assim como seria desnecessária a hipótese de ausência de externalidades pois, 
seguindo o argumento de Coase (1960), na ausência de custos de transação 
todas as externalidades seriam automaticamente internalizadas nos mercados. 
Um quadro resumo das hipóteses subjacentes ao modelo de concorrência 
perfeita é apresentado abaixo. Eventualmente o leitor sinta a falta de uma 
previsão a respeito do número de ofertantes e demandantes envolvidos no 
mercado, já que faz parte do imaginário econômico a idéia de que para que haja 
concorrência perfeita seja necessária uma grande quantidade de agentes 
pequenos, atomizados. Trata-se, entretanto, de hipótese desnecessária 
tecnicamente e sem fundamento lógico. Ainda que o aumento na quantidade de 
agentes envolvidos pelo lado da oferta ou da demanda tenda a reduzir o poder 
para que se interfira nos preços, esta preocupação é desnecessária quando já se 
supôs que nenhum agente é capaz de interferir nos resultados de mercado. 
Adicionalmente, mesmo que um mercado seja caracterizado pela existência de 
poucos e grandes ofertantes ou demandantes, a estrutura de concorrência perfeita 
pode ser adequada para explicar seus comportamentos quando as barreiras à 
entrada e saída forem suficientemente baixas. 
 
Modelo de Concorrência Perfeita – Quadro Resumo das Hipóteses Básicas 
Hipóteses 
1) Comportamento “price taker” 
2) Ausência de Barreiras à Entrada 
e Saída 
 
3.a) Informação Perfeita 3) Ausência de Custos de 
Transação 3.b) Ausência de externalidades 
4) Produtos Homogêneos 
5) Produtos Divisíveis 
 8 
 
 
3.1.1 Concorrência Perfeita 
 
Esta apresentação do modelo de concorrência perfeita enfatizará as decisões 
de oferta das firmas, sem tecer maiores considerações sobre o lado da demanda. 
Entende-se, entretanto, que as firmas serão tomadoras de preços tanto quanto 
ofertantes de produtos quanto como demandantes de insumos e fatores de 
produção. 
Neste contexto, serão analisadas as decisões de oferta para firmas uniproduto 
no curto e no longo prazo, embora os resultados apresentados sejam 
imediatamente extensíveis ao caso de firmas multiproduto. No intuito de simplificar 
ao máximo a apresentação, desconsideram-se os problemas de conflitos de 
interesses entre agentes e principais discutidos no capítulo anterior, o que 
corresponde a imaginar que os responsáveis pelas decisões na firma escolham e 
ajam como se fossem seus proprietários. 
De forma rigorosa, o proprietário de uma firma deve estar preocupado com a 
maximização do valor presente dos fluxos econômicos nela gerados. Isto significa 
que a totalidade dos fluxos atuais e futuros necessários ou decorrentes da 
atividade empresarial precisaria ser levada em conta por ocasião das decisões de 
produção realizadas. Representando por ( )t tR q as receitas totais esperadas para 
o período t, por ( )t tC q os custos econômicos realizados em t para a obtenção de 
tais receitas, e tomando uma taxa de juros constante e igual a r por período, o 
problema da firma seria o de escolher as quantidades a produzir em cada período 
que maximizassem o valor presente da firma, VP, dado pela expressão (3.1): 
 
(3.1) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )( )
( ) ( )
( )
1 1 1 1 2 2 2 2
0 0 0 0 21 1 1
T T T T
T
R q C q R q C q R q C q
VP R q C q
r r r
− − −= − + + + ++ + +" 
 
 9
Formalmente, dada uma taxa de juros, r, o problema de escolha seria o da 
maximização do VP, com a escolha das quantidades 1 2, , , Tq q q… : 
 
(3.2) ( ) ( )( )0 1, , , 0max 1T
T
t t t t
tq q q t
R q C q
VP
r=
−= +∑… 
 
O programa de otimização esboçado em (3.2) pode e costuma ficar bastante 
complexo à medida que nele se introduzem os fluxos associados a investimentos, 
depreciação e ganhos ou perdas esperadas de capital. Não obstante as 
dificuldades adicionais que esta metodologia traz, é com base em raciocínios 
similares a este que costumam ser calculados os valores das empresas na 
realidade, especialmente quando se pretende estimar seu preço para aquisição ou 
venda. 
Deixando claro que o objetivo da firma é a maximização de seu valor 
(presente), no argumento a seguir emprega-se uma metodologia bastante mais 
singela, reduzindo os problemas de escolha a apenas um período. Via de regra, 
esta última simplificação aparecerá como uma aproximação empiricamente 
razoável e adequadado ponto de vista didático para explicar as escolhas de 
produção das firmas. Na prática, entretanto, haverá inúmeras situações em que 
esta suposição de comportamento de maximização dos lucros será inadequada, 
merecendo aperfeiçoamentos conforme o caso. 
 
 A Decisão de Oferta no Curto-Prazo 
 
Fixado o objetivo da firma na maximização dos lucros do período, a lógica 
proposta para explicar a decisão de produção no curto-prazo passa a ser trivial. 
Imagina-se que, no curto-prazo, a única variável de escolha para a firma é a 
quantidade a ser produzida, q. Escolhendo a quantidade a ser produzida, a firma 
tanto determina a sua receita total, RT(q), como os seus custos totais de produção 
 10 
no período, CT(q). Subtraindo-se das receitas totais os custos de produção, 
encontra-se o lucro da firma no período, ( ) ( ) ( )q RT q CT qπ = − . 
Admite-se que existe alguma quantidade, q*, para a qual o lucro seja máximo. 
Para evitar desdobramentos formais, supõe-se ainda que esta quantidade seja 
única, vale dizer, que o máximo seja global. Desta maneira, pode-se perceber no 
gráfico 3.1 que o lucro máximo ocorre quando a inclinação de uma reta tangente à 
função lucro tenha inclinação nula, ou seja, quando ( ) 0d q
dq
π = . 
 
Gráfico 3.1 
 
Para qualquer quantidade diferente de q*, como mostra gráfico, o lucro poderia 
ser aumentado pela alteração na quantidade produzida. Tome, por exemplo, o 
ponto q0, em que a reta tangente à função lucro tem inclinação positiva. Se uma 
firma estiver produzindo a quantidade q0, será possível aumentar o lucro 
aumentando a quantidade produzida, de forma que em q0 o lucro não é máximo. 
De forma análoga, em q1 existe a possibilidade de elevar o lucro reduzindo a 
quantidade produzida, algo que acontecerá sempre que a inclinação da função 
lucro no ponto considerado for negativa. 
No raciocínio marginalista, o que se faz é checar, para cada quantidade de 
produção factível, o que aconteceria com o lucro em decorrência de uma pequena 
variação na quantidade produzida. Esta informação é encontrada pela 
q 
π
0q q∗ 1q
 11
quantificação da mudança observada dos lucros quando são realizadas pequenas 
alterações, positiva ou negativas, nas quantidades produzidas. Geometricamente, 
a variação marginal nos lucros corresponde à inclinação da reta que tangencia a 
função lucro no ponto considerado. 
De forma intuitiva uma outra linha de argumentação poderia ser apresentada, 
comparando as variações nas receitas totais e nos custos totais à medida que se 
altera marginalmente a quantidade de produção. Denominando por receitas 
marginais, RMg, estas mudanças nas receitas, e lembrando da definição de custos 
marginais, CMg, apenas três situações poderiam ser observadas: 
 
( ) ( ) dRT q dCT qRMg CMg
dq dq
>
= = =
<
 
 Se as receitas marginais forem maiores que os custos marginais quando se 
produz determinada quantidade, como ocorre em q0, no gráfico 3.1, os lucros 
poderiam ser ampliados com o aumento na quantidade produzida. Na situação 
contrária, quando os custos marginais forem maiores do que as receitas 
marginais, vide q1 no gráfico, seria possível aumentar os lucros reduzindo a 
produção. Apenas quando a produção de uma quantidade maior gerar receitas e 
custos adicionais iguais, o lucro será máximo. Somente nesta última situação 
alterar a quantidade produzida não traz qualquer vantagem para a firma, e o lucro 
será máximo, como ilustra o ponto q*. 
Algebricamente, o programa de otimização sob análise aparece em (3.3). 
 
(3.3) ( ) ( ) ( )max
q
q RT q CT qπ = − 
 
A solução para este problema ocorre pela escolha da quantidade produzida 
compatível com ( ) 0d q
dq
π = . Derivando (3.3) em relação a q e forçando a condição 
de lucro máximo, obtém-se: 
 
 12 
 ( ) ( ) ( ) 0d q dRT q dCT q
dq dq dq
π = − = 
 
ou, rearranjado os termos: 
 
(3.4) ( ) ( )RMg q CMg q= 
 
A expressão (3.4) estabelece a condição para a maximização dos lucros de 
forma bastante geral. De fato, a mesma condição (3.4) será usada para explicar a 
decisão de oferta dos monopolistas, dos oligopolistas e das firmas em 
concorrência monopolística, já que a maximização dos lucros permanecerá como 
objetivo a ser perseguido independentemente da estrutura de mercado 
considerada. As soluções específicas encontradas pela aplicação da regra geral 
em (3.4) tenderão a mostrar diferenças conforme as firmas detenham ou não 
poder para afetar os preços e quantidades de mercado, bem como em função das 
barreiras à entrada e saída observadas nas distintas situações. 
No caso de firmas que atuam em ambiente perfeitamente competitivo, a 
condição expressa pela igualdade entre receita marginal e custo marginal pode 
ser simplificada caso se relembre o fato de que, nesta estrutura de mercado, os 
agentes são tomadores de preços. Sendo os preços determinados no mercado, 
independentemente das escolhas de qualquer firma individual, percebe-se que 
para a firma as receitas marginais são pré-determinadas e iguais ao preço vigente 
no mercado, RMg p= . Imagine, a título de ilustração, que o produto da firma 
tenha um preço unitário de mercado 1 $10p = e que ela esteja ofertando, a este 
preço, 1 8000q = unidades por mês. Com estes valores, suas receitas totais seriam 
iguais a ( ) ( ) ( )1 1 1 $10 8.000 $80.000RT q p q= = = /mês. Considere, agora, que a firma 
aumente sua produção em 1%, passando a ofertar 8.080 unidades/mês, com 
receitas de vendas iguais a $ 80.800. Nota-se que as receitas totais variaram em 
$80.800 $80.000 $800RT∆ = − = , em decorrência de uma mudança de 
8.000 8.080 80q∆ = − = unidades na quantidade produzida. Tomando a razão 
 13
1
$800 $10
80
RT p
q
∆ = = =∆ , percebe-se que a variação nas receitas totais será igual ao 
preço de mercado. Esta relação será sempre a mesma desde que o preço de 
mercado não mude, qualquer seja a mudança na quantidade ofertada, de forma 
que para a concorrência perfeita, a condição básica para a maximização do lucro, 
apresentada em (3.4), pode ser reescrita da seguinte forma: 
 
. (3.5) ( )p CMg q= 
 
Numa primeira abordagem, portanto, percebe-se que para maximizar seus 
lucros, uma firma sob concorrência perfeita precisa ofertar as quantidades que 
façam com que os seus custos marginais de produção sejam iguais aos preços de 
mercado. Para se obter uma relação mais segura e geral, entretanto, será 
necessário avaliar a relação entre os preços de mercado, os custos totais médios 
e os custos variáveis médios de produção da firma. 
No raciocínio usado para a obtenção de (3.5) os custos inevitáveis são 
desconsiderados, já que, por definição, aumentar ou reduzir a quantidade 
produzida não traz qualquer mudança sobre custos fixos. Este será um problema 
importante, pois quando os preços de mercado forem menores do que os custos 
totais médios de produção, o uso mecânico da regra posta em (3.5) poderá gerar 
soluções em que a firma terá lucros econômicos negativos (prejuízos). Enquanto 
os preços de mercado forem superiores aos custos variáveis médios de produção, 
pode ser conveniente à firma suportar prejuízos econômicos temporariamente, 
desde que haja a perspectiva de elevação dos preços ou da redução dos custos 
no futuro. Caso os preços de mercado sejam menores do que os custos variáveis 
médios de produção, a melhor decisão seria o fechamento da firma, que deixaria 
de produzir de forma a minimizar seus prejuízos. 
No lado esquerdo da Figura 3.1, encontram-se esboçadas as curvas de custos 
no curto-prazo para uma firma individual, i, que ajudam a esclarecer estas 
questões. Para simplificar a apresentação, supôs-se que todos os custos fixos são 
inevitáveis,de forma que a curva de custos variáveis médios (CVMe) pode ser 
 14 
identificada à curva dos custos evitáveis médios. Para este raciocínio, é crucial 
saber encontrar no gráfico o lucro econômico da firma para as diferentes 
quantidades produzidas. 
Suponha que o preço de mercado seja igual a p1, de forma que a maximização 
dos lucros indique como ótima a produção de CPiq unidades por período. Neste 
nível de produção, as receitas totais são dadas por 1
CP
ip q , o que corresponde à 
área do retângulo que se inicia na origem, com altura 1p e tem base igual a 
CP
iq . 
Os custos totais para se produzir a quantidade CPiq também podem ser medidos 
pela área de um retângulo, cuja altura é dada pelos CTMe para a produção deste 
montante de produtos, e a base é novamente igual a CPiq [lembre-se que 
CTMe q CT× = ]. Ora, ao preço p1, constata-se que a firma obtém um lucro 
econômico positivo no curto prazo, dado pela diferença entre as receitas e custos 
totais, conforme mostra a área hachurada no gráfico. 
Quando o preço for igual a p0 na Figura 3.1, a quantidade produzida compatível 
com o lucro máximo será dada por LPiq e, como se constata com facilidade, a firma 
estará recebendo por unidade exatamente o seu custo total médio de produção, 
ou seja, perceberá um lucro econômico nulo. Esta situação aparentemente 
desoladora é, na verdade, aquela que se espera prevalecer no equilíbrio de longo 
prazo em ambientes perfeitamente concorrenciais. Longe de ser um mau 
resultado, um lucro econômico igual a zero traduz a idéia de que todos os 
recursos empregados nas operações da firma estão sendo remunerados da 
melhor maneira possível, tomando por referência as maiores remunerações que 
eles receberiam caso fossem alocados fora da firma. Tema já discutido no 
Capítulo 2, o cálculo dos lucros pela dedução dos custos econômicos implica um 
critério extremamente rigoroso para a avaliação dos resultados obtidos pela firma, 
sendo anormais ou extraordinários os lucros econômicos positivos, e normais os 
lucros econômicos nulos. 
Os dois preços críticos a serem considerados no gráfico são, desta forma, p0 e 
pE, pois a preços menores do que p0 a firma passará a ter lucros econômicos 
 15
negativos e abaixo de pE deixar de produzir será uma alternativa mais interessante 
do que produzir qualquer quantidade positiva. 
A situação em que o preço é igual aos custos variáveis médios mínimos, 
estabelece o ponto de entrada da firma no mercado. A curva de custos marginais 
cruza a curva de custos variáveis médios exatamente no ponto em que estes são 
mínimos, de forma que produzir quantidades positivas a preços menores do que pE 
seria um contra-senso, já que os prejuízos percebidos pela firma diminuiriam se 
ela simplesmente cessasse a produção. O preço de entrada, pE , desta forma, 
também é conhecido como preço de fechamento, e a curva de oferta da firma no 
curto-prazo é definida pela regra: 
 
(3.6) ( )p CMg q= se Ep p≥ , com 0q = , se Ep p≤ . 
 
 
Figura 3.1 
Ainda que o preço de mercado seja maior do que pE, a firma permanecerá 
tendo prejuízo econômico enquanto o preço que recebe por unidade vendida for 
menor do que os custos totais médios de produção. O custo total médio mínimo é 
encontrado no cruzamento das curvas de custo marginal e custo total médio o 
p p
q Q E
iq
E
inq
LP
iq
CMg 
CTMe 
CVMe 
S
CPQ
p1 
p0 
pE 
Firma Mercado
 
 0CPπ > 
CP
iq
 
CP
inq
DQ
 
 16 
que, na Figura 3.1 ocorre quando a produção é igual a LPiq . Pode-se indagar por 
que uma firma estaria disposta a produzir a preços inferiores a p0, já que estaria 
sofrendo prejuízos econômicos. De fato, esta opção seria ilógica se os preços 
fossem permanecer inferiores aos custos médios por muito tempo, mas em se 
tratando de uma situação transitória ou caso a firma espere conseguir reduzir seus 
custos de produção no futuro, seria razoável manter a firma aberta e produzindo 
quantidades positivas no curto-prazo. É por este motivo que, na caracterização da 
curva de oferta de curto-prazo para a firma individual, a regra ( )p CMg q= é 
admissível para preços menores do que os custos totais médios, desde que os 
custos variáveis médios estejam sendo cobertos. No longo-prazo, como se verá 
mais adiante, esta peculiaridade deixa de ser importante já que neste horizonte de 
planejamento mais dilatado todos os custos são variáveis e, desta forma, o ponto 
de entrada e o de custo total médio mínimo coincidem. 
Do lado direito do Figura 3.1 encontram-se as curvas de oferta e demanda de 
mercado para o produto comercializado pela firma i. A curva de oferta de 
mercado, SCPQ , inclui as quantidades ofertadas pela totalidade das firmas aos 
diferentes preços. Supôs-se na construção desta curva de oferta de curto prazo a 
existência de n firmas com estruturas de custos idênticas à da firma i. Neste caso, 
fica fácil entender por que abaixo de pE a oferta de mercado é nula, havendo uma 
quantidade ofertada igual a Einq assim que, ao preço pE, as n firmas entram no 
mercado. Observa-se, ainda, que para a curva de demanda QD, o equilíbrio de 
mercado indicado no gráfico está determinando preços iguais a p0, o que implica 
que cada uma das n firmas esteja auferindo um lucro econômico positivo. A 
situação de firmas em concorrência perfeita percebendo lucros extraordinários 
contradiz outra imagem do imaginário econômico, pela qual apenas lucros 
econômicos nulos ou “normais” seriam factíveis nesta estrutura de mercado. No 
curto-prazo não há nada de anormal com firmas perfeitamente competitivas 
ganhando lucros econômicos positivos. O que não se pode esperar é que, na 
ausência de barreiras à entrada e saída, estes lucros extraordinários continuem a 
ser observados por muito tempo. 
 17
 
 
 
A Mão Invisível em Ação: Equilíbrios de Curto-prazo e de Longo-Prazo 
 
O processo pelo qual os lucros econômicos positivos (ou negativos) em 
concorrência perfeita são dissipados leva a um quadro distinto do que se estava 
analisando, conforme exibido na Figura 3.2. Do lado direito desta figura, 
encontram-se as curvas de oferta e demanda de mercado para o longo prazo, 
chamando a atenção o fato de a oferta no longo prazo ser perfeitamente horizontal 
no nível de preços p0. Por trás deste formato da curva de oferta de longo prazo há 
duas pressuposições que merecem explicitação: (i) o fato de p0 ser igual aos 
custos (totais) médios de produção e (ii) a ausência de economias ou 
deseconomias de escala. 
Efetivamente, só haverá equilíbrio de longo prazo em mercados perfeitamente 
concorrenciais quando os lucros percebidos pelas empresas que nele atuam, 
também denominadas firmas “incumbentes”, forem iguais a zero. Enquanto houver 
lucros econômicos positivos, a entrada de novas firmas permanecerá ocorrendo e 
se as incumbentes estiverem tendo prejuízos, elas sairão do mercado, de forma 
que o preço de entrada ou de fechamento, no longo prazo, será igual ao custo 
médio mínimo, como se pode observar do lado esquerdo da Figura 3.2. 
Como se está supondo que todas as firmas neste mercado têm estruturas de 
custo idênticas, a ausência de economias ou deseconomias de escala impõe uma 
escala de produção eficiente com a produção de LPiq unidades por firma. A 
quantidade total ofertada no mercado será, então, igual ao número de firmas que 
ali ficarão produzindo, nLP, multiplicado por LPiq . De forma mais geral, seria 
interessante considerar a possibilidade de ocorrência de economias ou 
deseconomias de escala externas às firmas, eventualmente por razão da 
presença de algum insumo com disponibilidade fixa, cuja intensificação no uso ou 
aumento da demandacausasse alterações nos preços dos inputs. Neste caso, a 
 18 
curva de oferta de longo prazo poderia ter inclinação positiva (deseconomias 
externas) ou negativa (economias externas), mas o fim processo de entrada ou 
saída de novas firmas permaneceria determinado pela ausência de oportunidades 
de obtenção de lucros econômicos anormais. 
 
 
 
Figura 3.2 
 
Na Figura 3.3 ilustra-se uma curva de oferta perfeitamente competitiva de 
longo prazo com inclinação positiva. Conforme desenhada, a curva foi obtida pela 
diferenciação dos ofertantes em dois grupos, os do tipo I e os do tipo II. A 
existência de algum fator de produção fixo, como por exemplo, terras de alta 
fertilidade, permite aos ofertantes do tipo I produzir a custos médios relativamente 
menores do que os produtores do tipo II, que utilizam terras menos férteis. Por 
simplicidade supôs-se que as curvas de custos marginais para os dois tipos de 
produtores fossem iguais. Assim, ao preço p1, somente ofertantes do tipo I 
estariam no mercado, ofertando em conjunto a quantidade n1q1. Estes produtores 
permanecerão sozinhos no mercado até que os preços se elevem a p2, quando 
passará a ser factível a entrada dos ofertantes do tipo II. A este preço maior, a 
p p
q QCP
iq
LP
iq
CMg 
CTMe 
CVMe S
LPQ 
LP
LP in q 
p0 
Firma Mercado 
 19
oferta conjunta será igual a ( )1 2 2n n q+ , e ninguém mais desejará entrar no 
mercado, já que as terras mais férteis estão todas ocupadas e os lucros 
econômicos dos produtores que ocupam terras menos férteis é igual a zero. Aos 
preços p1, entretanto, observa-se que os produtores do tipo I estarão recebendo 
por unidade vendida valores substancialmente maiores do que os seus custos 
médios de produção: Como poderiam produtores competitivos auferir lucros 
econômicos positivos no longo prazo? 
 
 
Figura 3.3 
 
Não podem, e os produtores do tipo I na Figura 3.3 não estão obtendo lucros 
anormais. Reaparece aqui a importância do uso da noção econômica de custos ou 
dos custos de oportunidade. De fato, observa-se que os produtores do tipo I 
ingressam primeiro no mercado porque têm custos médios menores do que os 
produtores do tipo II. Mas quando estão produzindo a quantidade q2, estes 
produtores conseguiriam alugar ou arrendar suas terras férteis a outros produtores 
por um valor máximo igual a estas receitas adicionais (anormais) que recebem por 
p p
q Q
CMg 
CMe1 
S
LPQ 
( )1 2 2n n q+ 
p2 
p1 
Firma Mercado 
CMe2 
1 1n q 1 2n q 
 
 
Renda 
Econômica 
1q 2q 
 20 
usarem terras mais férteis, exibido pela área em destaque no gráfico da esquerda. 
Este valor não é um lucro econômico derivado da produção, mas uma renda que 
cabe àqueles que são proprietários dos recursos limitados, como são as terras de 
alta fertilidade. Reitera-se, assim, que no longo prazo as firmas em um 
mercado perfeitamente competitivo percebem lucros econômicos nulos, ou 
normais. Situações como a ilustrada na Figura 3.3 para os produtores do 
tipo I não aparecem como exceções, desde que a noção econômica de 
custos seja usada. 
 
A Curva de Demanda Residual 
 
No início do capítulo colocou-se como suposição central no modelo de 
concorrência perfeita o fato dos agentes serem tomadores de preços. Esta 
hipótese foi usada para encontrar a oferta ótima das firmas e traduz bem o espírito 
do modelo concorrencial, mas, mesmo dentro de uma estrutura de mercado 
teórica e ideal, ela não é rigorosamente verdadeira. Pode-se mostrar que até uma 
firma competitiva se defronta com uma curva de demanda negativamente 
inclinada e, portanto, tem alguma capacidade para alterar os preços de mercado. 
Ocorre que este poder em mercados competitivos é bastante pequeno, de forma 
que a idéia de que os preços seja dados - ou de que demanda individual seja 
horizontal - para firmas perfeitamente concorrenciais permanece sendo uma boa 
aproximação. Dois conceitos serão discutidos para que se consiga esclarecer 
estes pontos: o de elasticidade e o de curva de demanda residual. 
As elasticidades são usadas em Economia como indicadores de 
sensibilidade. Elas medem a variação percentual no valor de uma variável 
trazida por mudanças percentuais em outra. A priori é possível encontrar a 
elasticidade para qualquer par de variáveis quantitativas, mesmo que não sejam 
econômicas. Por exemplo, a “elasticidade horas de estudo da nota obtida no 
curso de OI” mediria a sensibilidade da variável “nota” a mudanças na “quantidade 
de tempo” de estudo dedicado à matéria. Na prática, estas notas podem estar 
 21
numa escala de 0 a 10, mas há professores que usam critérios diferentes, como 
avaliações de 0 a 5 ou de 0 a 100. Da mesma forma, o tempo de estudo pode ser 
medido em dias, horas ou minutos, e para cada opção de unidades de medida se 
obteria uma medida de sensibilidade diferente. É por isto que no cálculo das 
elasticidades prefere-se trabalhar com variações percentuais nos valores das 
variáveis envolvidas. O uso de mudanças em percentagem elimina problemas com 
as unidades de mensuração, permitindo comparações mais abrangentes e de fácil 
interpretação. 
A fórmula para a “elasticidade tempo de estudo (t) da nota (g)”, poderia ser 
expressa da seguinte forma: 
 
,t g
g
g tg
t t g
t
∆
∆Ε = =∆ ∆ 
 
Como fica evidente da fórmula acima, o valor da elasticidade depende não 
apenas das mudanças absolutas das variáveis envolvidas, t∆ e g∆ , mas também 
dos valores com relação aos quais se calculam as variações percentuais, t e g. O 
tempo de estudo e a nota a serem substituídos por t e g no cálculo de ,t gΕ são os 
anteriores à mudança ou aqueles observados depois que o tempo de estudo foi 
alterado? Este problema será importante sempre que se estiver calculando as 
elasticidades com base em mudanças discretas (“grandes”), já que nestes casos 
os valores iniciais e finais das variáveis envolvidas podem ser muito diferentes. 
Elasticidades calculadas usando mudanças discretas nas variáveis são 
denominadas elasticidades no arco, e neste caso não há uma regra única para a 
escolha dos valores escolhidos para aferir a variação percentual, podendo ser os 
iniciais, os finais ou, eventualmente, uma média de ambos. 
Se as variações envolvidas no cálculo das elasticidades forem suficientemente 
pequenas, entretanto, esta dificuldade não existe. Elasticidades aferidas com base 
em mudanças marginais são denominadas elasticidades no ponto, e como as 
mudanças tendem a ser pequenas entre a situação inicial e a final, os valores 
 22 
iniciais serão adequados para a aferição da elasticidade. Para o exemplo das 
notas e tempo de estudo, a elasticidade no ponto seria: 
, 0
limt g t
g t dg t
t g dt g
ε ∆ →
∆= =∆ 
Uma aplicação do conceito mais próxima aos usos práticos na OI seria o 
cálculo da elasticidade preço da quantidade demandada de um produto, aqui 
apresentada na forma marginal (elasticidade no ponto). O que esta elasticidade 
quantifica é a sensibilidade da quantidade demandada em determinado mercado 
derivada de alterações no preço do produto, sempre em termos percentuais. 
Como em resposta a uma elevação (redução) de preços espera-se que a 
quantidade demandada de determinado produto em um mercado se reduza 
(eleve), o sinal desta elasticidade é sempre negativo. Se uma alteração dos 
preços de 1% causar uma mudança em sentido oposto da quantidade demandada 
de 2%, o valor da elasticidade preço da demanda será igual a 
,
2% 2
1%Dp Q
ε = − = − . 
Os valores de 
, Dp Q
ε estão compreendidos em um intervalo entre −∞ e 0, de 
maneira que a fórmula da elasticidade preço da demanda seria: 
(3.7), D
D
Dp Q
Q p
p Q
ε ∂= ∂ , 
com, 
,
0Dp Qε−∞ < ≤ 
Em termos absolutos, as elasticidades preço da demanda tendem a ser 
maiores quanto mais substitutos houver para o produto em consideração, já que o 
primeiro caminho usado pelos demandantes para se proteger de uma elevação 
nos preços de um produto é a substituição por outros produtos cujos preços não 
tenham se elevado. É por este motivo que se costuma usar o exemplo do sal de 
cozinha para ilustrar o caso de um bem com demanda preço inelástica, pois diante 
de uma elevação no preço do sal os consumidores encontram poucas alternativas 
 23
de substituição, reduzindo pouco a quantidade demandada1. Pelo mesma razão, 
têm-se como “regra geral” que à medida que o tempo passa, mais fácil é para os 
demandantes encontrar substitutos para os produtos que tradicionalmente 
adquirem, pelo que as elasticidades preço costumam ser maiores (em valor 
absoluto) no longo prazo do que no curto prazo. 
Qualquer regra geral relativa às elasticidades deve ser percebida com 
cautela. O objetivo de se usar estas medidas de sensibilidade não é o de explicar 
a realidade dos mercados, mas apenas organizar ou resumir informações 
econômicas de forma simples e objetiva. Neste sentido, é interessante notar que 
para os bens duráveis, como uma geladeira ou um automóvel, por exemplo, o 
comportamento das elasticidades preço no curto e no longo prazo é exatamente o 
oposto do preconizado pela “regra geral” acima. No curto prazo, uma elevação no 
preço da geladeira induz o demandante substituir o refrigerador novo por aquele 
que já possui, ou seja, a prolongar a vida da geladeira usada. Este comportamento 
que eleva a elasticidade preço da demanda por geladeiras no curto-prazo, 
entretanto, não pode ser mantido indefinidamente, já que a depreciação da 
geladeira velha forçará, no longo prazo à aquisição de uma nova, mesmo a preços 
mais elevados. Assim, as elasticidades preço da demanda por bens duráveis 
tendem a ser maiores no curto prazo do que são no longo prazo. 
Outro aspecto interessante com relação à elasticidade preço da demanda é 
que um mesmo produto pode e costuma exibir valores diferentes para este 
indicador à medida que os preços e quantidades variam. No gráfico 3.2 exibe-se 
uma curva de demanda de mercado linear, aqui representada por DQ a bp= − . É 
imediato perceber que qualquer variação em p leva a uma mudança na quantidade 
demandada, DQ∆ , igual a b p− ∆ . Desta maneira, observa-se que 
DdQ b
dp
= − , uma 
constante negativa que pode ser substituída em (3.7), obtendo-se: 
 
 
1 As elasticidades preço da demanda também tendem a ser maiores (em valores absolutos) quando os 
dispêndios com os produtos a que se refere representarem uma proporção significativa dos gastos do 
demandante. O sal também é um bom exemplo desta regularidade, já que além de ter poucos substitutos, 
usualmente não representa uma fração importante dos dispêndios dos consumidores. 
 24 
(3.8) 
, D Dp Q
pb
Q
ε = − 
 
Na mesma curva de demanda para um produto encontram-se elasticidades 
preço da demanda distintas, a depender do ponto em que elas são calculadas. Um 
primeiro ponto interessante nesta curva é aquele para o qual a elasticidade-preço 
é unitária, 
,
1D Dp Q
pb
Q
ε = − = − , que pode ser localizado nesta curva de demanda 
linear ao preço 
DQp b= e à quantidade DQ bp= . No ponto de elasticidade 
unitária, uma elevação de 1% no preço do produto faz com que a quantidade 
demandada caia em exatos 1%. Note-se que para preços superiores a 
DQp b= , 
a elasticidade preço da demanda assumirá valores entre 1DpQε−∞ < < − , e a 
preços inferiores aos da elasticidade unitária, 0 1DpQε> > − . 
 
 
Gráfico 3.2 
 
Não deve causar estranhamento o fato da elasticidade preço da demanda 
aumentar (em valores absolutos) quando o preço do bem sobe. Isto ocorre porque 
DQ a bp= − 
p 
0 1DpQε> > − 
1DpQε−∞ < < − 
1DpQε = − 
1
b
α = − 
DQ
b
 
bp 
 25
os preços mais altos funcionam como incentivos para que os demandantes 
encontrem substitutos e pelo fato da redução no poder de compra dos 
demandantes trazida pela elevação dos preços normalmente force uma redução 
nas quantidades demandadas. 
 
A apresentação da noção de curva de demanda residual propicia um 
interessante uso do conceito de elasticidade. Imagine que existam n firmas em 
determinado mercado no qual se comercializa um produto perfeitamente 
homogêneo. Por simplicidade supõe-se que todas elas têm estruturas de custos 
exatamente iguais, e procura-se encontrar a curva de demanda “exclusiva” de 
uma destas firmas, digamos a firma i. O raciocínio é ilustrado no gráfico 3.3, em 
que se superpõem a curva de oferta de mercado das outras n-1 firmas e a curva 
de demanda de mercado. Sem a oferta da firma i, o preço que equilibraria este 
mercado seria p1. A este preço, a demanda residual da firma i seria igual a 0, 
conforme se observa no gráfico da direita. Para preços inferiores a p1, entretanto, 
observa-se que as quantidades demandadas no mercado são maiores do que a 
oferta das outras firmas, e as diferentes combinações entre preços e excesso de 
demanda de mercado abaixo de p1 constituem a curva de demanda residual da 
firma i. 
 
 
Gráfico 3.3 
 
A fórmula para calcular a demanda residual da firma i é apresentada a seguir: 
p p
S
oQ
DQ 
R
iq 
P1 
P0 
( )0DQ p ( ) ( ) ( )0 0 0R D Si oq p Q p Q p= − ( )0SoQ p 
 26 
(3.9) ( ) ( ) ( )R D Si oq p Q p Q p= − , para ( ) ( )D SoQ p Q p≥ e ( ) 0Riq p = , para 
( ) ( )D SoQ p Q p< 
Derivando-se (3.9) em relação a p, e multiplicando-se ambos os lados por 
i
p
q
, 
chega-se a uma expressão para a elasticidade preço da demanda individual da 
firma i, Riε : 
 
R SD
R i o
i
i i i
dq dQp dQ p p
dp q dp q dp q
ε = = − 
 
Os dois termos do lado direito da expressão acima podem ser transformados 
em elasticidades, bastando para tanto multiplicar e dividir o primeiro por QD e o 
segundo por SoQ : 
S
o
S S S SD D D D
R o o o o
i D S D S
i o i i o i
dQ Q dQ QdQ Q p p dQ p Q p
dp Q q dp Q q dp Q q dp Q q
ε ε
ε = − = −
��	�
 ��	�
 
Representando a elasticidade preço da demanda de mercado por ε , a 
elasticidade preço da oferta das outras firmas por Soε , e notando que 
D
i
Q n
q
= e 
que 1
S
o
i
Q n
q
= − , chega-se a uma expressão mais sintética e de fácil interpretação: 
 
(3.10) ( )1R Si on nε ε ε= − − 
 
Por (3.10) percebe-se que a elasticidade preço da demanda individual da firma 
i depende (i) da elasticidade preço da demanda de mercado, ε , (ii) do número de 
firmas incumbentes, n, e da elasticidade preço da oferta das outras firmas, Soε . 
 27
Fazendo a suposição extremamente conservadora2 de que a oferta das outras 
firmas seja totalmente preço inelástica, 0Soε = , algumas simulações apresentadas 
na Tabela 3.1 revelam que mesmo para produtos com baixa elasticidade preço da 
demanda, digamos, 2ε = − , a elasticidade preço da demanda residual para um 
firma específica assume valores bastante altos ainda que o número de firmas seja 
pequeno, com 16Riε = − para n=8 e 32Riε = − caso hajam 16 firmas. Para se ter 
uma idéia, com 16Riε = − se a firma elevasse seus preços em 1% perceberia uma 
redução na quantidade demandada de 16%, o que torna esta opção de 
interferência nos preços pouco atrativa. 
 
eR i 2 8 16 64 128 512
-1 -2 -8 -16 -64 -128 -512
-2 -4 -16 -32 -128 -256 -1024
-4 -8 -32 -64 -256 -512 -2048
-8 -16 -64 -128 -512 -1024 -4096
-16 -32 -128 -256 -1024 -2048 -8192
-32 -64 -256 -512 -2048 -4096 -16384
-64 -128 -512 -1024-4096 -8192 -32768E
la
st
ic
id
ad
e 
Pr
eç
o 
da
 
D
em
an
da
 d
e 
M
er
ca
do
 
e
Número de Firmas (n)
 
Tabela 3.1 
 
 
 
 
Eficiência e Bem-Estar 
 
A alusão a mercados perfeitamente competitivos traz imediatamente à mente 
dos economistas as imagens da maximização do bem-estar social e do uso 
eficiente de recursos. Estas associações são pertinentes desde que se conheça 
com rigor os limites do instrumental teórico disponível na análise econômica de 
bem-estar, já que é relativamente fácil cometer equívocos de interpretação nesta 
 
2 Esta suposição de completa inelasticidade preço da oferta indica que elevações no preço do produto não 
trazem qualquer alteração na quantidade ofertada pelas outras firmas, o que dificilmente ocorre na prática. 
(continuação da nota de rodapé) 
 28 
área em que as vertentes positiva e normativa do pensamento econômico se 
encontram. 
Quantificar e fazer proposições sobre o bem-estar de uma sociedade é mesmo 
tarefa delicada. O primeiro ponto a se notar é que as medidas de bem-estar são 
obtidas a partir de um determinado referencial teórico usado para explicar como 
são resolvidos os problemas econômicos, aquilo que se costuma denominar por 
Economia Positiva. É com base nestas explicações sobre a operação dos 
mercados e comportamento dos agentes econômicos que se estruturam as 
proposições de Economia Normativa, vale dizer, as recomendações técnicas ou 
de política econômica voltadas à satisfação de determinados objetivos sociais. 
Dizer que os indivíduos responsáveis pelas decisões das firmas escolhem de 
forma a maximizar o valor presente da empresa ou os lucros do período é propor 
uma lógica teórica de operação para o sistema econômico, uma explicação de 
natureza positiva voltada a esclarecer quais são os problemas econômicos e como 
são resolvidos. Proposições como estas têm natureza positiva porque seu objetivo 
é tentar encontrar uma lógica científica para os comportamentos observados na 
realidade, sem a intenção imediata de interferir sobre o fenômeno estudado. Algo 
bastante diverso ocorre quando se propõe ações específicas para alterar ou 
conformar a realidade que se observa. Nos argumentos de natureza normativa há 
uma pretensão de controle e a fixação de objetivos práticos a serem atingidos, o 
que transforma o cientista “isento” em um agente que sugere aperfeiçoamentos ou 
mudanças cuja implementação ele considera adequada. Ao se defender um 
conjunto de objetivos ou ações econômicas em detrimento de outras, realiza-se 
uma escolha diante de possibilidades alternativas e a “isenção” científica abre 
espaço para uma opção valorativa. 
Os problemas e valores envolvidos na análise de bem estar dependerão das 
situações concretas consideradas. Não obstante, dispõe-se de uma metodologia 
relativamente padronizada e simples para a estruturação lógica de problemas de 
bem estar relacionados ao funcionamento dos mercados, que passa agora a ser 
 
Como a elasticidade preço da oferta é positiva, num contexto mais realista as estimativas da elasticidade 
preço da demanda residual para a firma i seriam ainda maiores em termos absolutos. 
 29
discutida. Trata-se da análise de bem estar sob equilíbrio parcial, cujos 
antecedentes remontam a Dupuit3 (1804-1866). Para este autor, a curva de 
demanda mostraria os preços máximos que os consumidores estariam dispostos a 
pagar para adquirir as diferentes quantidades de um bem ou serviço. Supondo que 
os preços máximos que os consumidores voluntariamente pagariam para adquirir 
determinada quantidade de uma mercadoria guardem uma relação direta com o 
bem estar por ela propiciado, Dupuit associou a área compreendida abaixo da 
curva de demanda à utilidade total que os consumidores atribuem ao consumo ou 
uso desta mercadoria. 
Alfred Marshall (1842–1924) aperfeiçoou e disseminou os insights de Dupuit. A 
partir de Marshall os conceitos de excedente dos consumidores e seu análogo, o 
excedente dos produtores, popularizam-se como medidas de bem estar 
associadas ao uso de determinado mercado. Baseados em curvas de oferta e 
demanda para mercados específicos, estes indicadores de bem estar se 
enquadram na análise de equilíbrio parcial, pois não pretendem avaliar o bem 
estar da sociedade como um todo, mas apenas aquele relacionado aos agentes 
participantes de determinado mercado. Max Corden (1974) associa a análise de 
equilíbrio parcial ao estudo de uma ou poucas peças de um grande quebra-
cabeças, numa metáfora esclarecedora. O fenômeno econômico é único quer se 
tente analisá-lo de perto, identificando as “peças” isoladamente, quer se escolha 
estudá-lo em sua inteireza, como um sistema organizado e complexo do quebra 
cabeças completo. Aproximando-se de cada peça, problemas e situações 
imperceptíveis para quem está em posição distante, contemplando toda a figura, 
passam a ser visíveis. Na análise de equilíbrio parcial, “destaca-se” um ou poucos 
mercados para estudá-los detalhadamente, mas este ganho cognitivo tem como 
contrapartida a perda de informações sobre as relações entre o mercado 
“destacado” e o resto do sistema econômico. As análises de equilíbrio parcial 
serão, desta forma, sempre imperfeitas ou, como o próprio nome diz, “parciais”. 
Justificam-se, entretanto, já que a tentativa de estudar todos os mercados 
 
3 Conhecido como um “engenheiro-economista”, Dupuit foi um francês que ofereceu notáveis 
contribuições à teoria econômica, especialmente no que concerne à relação entre a curva de demanda e a 
(continuação da nota de rodapé) 
 30 
simultaneamente, uma empreitada típica da análise de equilíbrio geral, exige um 
esforço de abstração e traz uma complexidade analítica que dificulta sobremaneira 
a obtenção de resultados práticos aplicáveis. Por este motivo o nobel Gary Becker 
(1973) qualifica a análise de equilíbrio parcial como uma análise de equilíbrio geral 
aplicada. 
A grande vantagem do uso dos conceitos de excedente dos consumidores e 
dos produtores está exatamente na facilidade do seu uso ou de aplicabilidade. A 
partir de estimativas confiáveis das curvas de oferta e demanda envolvidas, é 
possível extrair um indicador do “grau” de bem estar associado ao uso do mercado 
em consideração. É preciso sempre ter em mente, entretanto, que nesta análise 
desconsideram-se, ao menos em primeiro contato, as relações entre o que ocorre 
neste mercado e nos demais, de forma que a medida de bem estar obtida será 
parcial e incompleta. 
Ainda numa avaliação preliminar deste instrumental, uma outra questão a ser 
notada decorre de seu caráter estático ou de estática comparativa. Os processos 
e ajustes observados nos mercados podem levar um tempo considerável para se 
estabilizarem, ou seja, as mudanças entre posições de equilíbrio não precisam ou 
costumam ser instantâneas. Este fato é importante quando se entende que nas 
análises de bem estar sob equilíbrio parcial comparam-se apenas situações que 
pressupõem estabilidade ou “equilíbrio estático”. Ora, enquanto tais situações de 
equilíbrio estático não forem efetivamente atingidas, os valores dos excedentes 
dos agentes econômicos estarão se alterando, assim como estarão as medidas de 
bem estar neles baseadas. Trata-se de um problema de fundo ainda não 
solucionado pelo corpo teórico da Economia atual e que revela a fragilidade dos 
conhecimentos disponíveis sobre a dinâmica dos processos econômicos. Se ainda 
não se dispõe de respostas adequadas para estas questões, ter consciência dos 
limites daanálise estática empregada é um bom começo para evitar equívocos de 
avaliação ou a super-estimativa do poder deste instrumental. 
 
utilidade marginal dos consumidores. 
 31
A forma mais intuitiva e direta para apresentar os conceitos de excedente dos 
consumidores e produtores é gráfica. Ao preço 0 10p = unidades monetárias e à 
quantidade 0 100Q = mil unidades por mês, o mercado perfeitamente concorrencial 
representado no Gráfico 3.4 está em equilíbrio, vale dizer, a este preço não há 
nenhum agente insatisfeito com as quantidades que demanda ou oferta desta 
mercadoria. Pela observação da curva de demanda nota-se, entretanto, que 
haveria consumidores dispostos a pagar mais do que $10 por unidade do bem ou 
serviço. Mais precisamente, no gráfico analisado o preço máximo que alguém 
estaria disposto a pagar para ter uma unidade desta mercadoria seria igual a $20, 
o intercepto da curva de demanda com o eixo em que se medem os preços. Como 
todos os consumidores estão pagando exatamente $10 por unidade adquirida, 
pode-se dizer que os consumidores neste mercado percebem uma vantagem, um 
ganho definido pela diferença entre o valor máximo que estariam dispostos a 
pagar e o que realmente pagam. 
À diferença entre o valor máximo que os demandantes em conjunto 
estariam dispostos a pagar por determinada quantidade de uma mercadoria 
e o valor que efetivamente pagam denomina-se excedente dos 
consumidores (EC). Supondo que todos os demandantes pagam exatamente o 
mesmo preço pelos produtos adquiridos, o EC pode ser quantificado pela área 
compreendida abaixo da curva de demanda e acima da linha de preços, o que no 
Gráfico 3.4 equivale à área do triângulo retângulo com base (b) 0 100Q = mil e 
altura (h) 20Maxp = - 0 10p = = 10 unidades monetárias. Como a área de um 
triângulo é igual a *
2
b h , o valor do EC no caso analisado seria de 
100*$10 $500
2
= mil/mês. 
Para os produtores, entendendo que nas curvas de oferta encontram-se os 
preços mínimos que eles estariam dispostos a receber para ofertar as diferentes 
quantidades de um produto, define-se o excedente dos produtores (EP) como a 
diferença entre o valor mínimo que os ofertantes em conjunto estariam 
dispostos a receber por determinada quantidade de uma mercadoria e o 
 32 
valor que efetivamente recebem. O triângulo que mede o EP no Gráfico 3.4 tem 
base igual a 0 100Q = mil e uma altura igual a 0 10p = - 6Ep = = $4, pelo que seu 
valor é igual a 100*$4 $200
2
= mil/mês. 
 
 
Gráfico 3.4 
 
Nesta análise, entende-se que a soma do EC ao EP é igual ao valor do bem-
estar dos agentes (demandantes e ofertantes) que participam deste mercado, pelo 
que a utilidade ou felicidade destes agentes teria um valor igual a EC+EP = $700 
mil/mês. Não cabe aqui a realização de uma prova formal a respeito deste 
resultado, facilmente encontrada em bons manuais de Microeconomia. É de se 
notar, entretanto, que para tomar o valor dos excedentes como indicador do bem-
estar dos agentes participantes em determinado mercado assume-se que $1 
equivale a 1 “utilidade” ou “felicidade” para todo e qualquer indivíduo neste 
mercado. Trata-se de uma suposição bastante forte, já que admitir que $1 a mais 
de renda representa a mesma utilidade adicional para um indivíduo bastante 
abastado que para um assalariado de baixa renda é pouco plausível. Esta 
EC 
 EP 
SQ 
DQ 
p 
Q 0 100Q = 
0 10p = 
6Ep = 
20Maxp = 
 33
hipótese de “utilidade marginal da renda constante”, não obstante, permanece 
sendo efetivamente usada quando se calcula o bem estar dos envolvidos em 
determinado mercado com o auxílio dos conceitos de EC e EP4. 
Chama-se novamente a atenção para o fato de o Gráfico 3.4 representar um 
mercado perfeitamente competitivo, em que todos os agentes são tomadores de 
preços e inexistem barreiras à entrada/saída. Nesta situação, admitindo que as 
curvas de oferta e de demanda ali expostas são representações adequadas dos 
problemas enfrentados pelos ofertantes e demandantes, pode-se observar que 
em qualquer combinação factível entre preço e quantidade diferente da que 
equilibra este mercado, o bem estar dos agentes envolvidos será reduzido. Posto 
de outra forma, em equilíbrio, o mercado competitivo determina uma situação 
de bem estar máximo, já que a soma dos EC e EP será sempre menor do que 
$700 mil/mês se os preços ou quantidades forem diferentes daqueles 
determinados na intersecção das curvas de oferta e demanda. 
 
 
4 É fato que se pode realizar ajustes posteriores para dar mais peso às unidades monetárias de excedente em 
função do nível de renda de cada agente separadamente, mas persistiremos com a hipótese de utilidade 
marginal da renda constante por ora, de forma a evitar complicações didaticamente desnecessárias. 
 34 
 
Gráfico 3.5 
 
No Gráfico 3.5 esboçam-se os efeitos de uma política de preços mínimos 
voltada a “estimular” a produção neste mercado. A equipe responsável pela 
política industrial neste país resolve estabelecer um preço mínimo 1 15p = para o 
produto em questão, tomando as medidas administrativas necessárias para coibir 
qualquer tentativa de venda deste produto abaixo do piso fixado. Qual o impacto 
desta medida sobre o bem estar dos indivíduos atuantes neste mercado5? 
Observa-se que com os preços mais elevados, a quantidade demandada cai 
para 50 mil de unidades/mês, de forma que o novo valor do EC passa a ser a área 
do triângulo A, cuja base mede 1 0 $5p p− = , e altura é igual a 1 50DQ = . Sendo a 
 
5 Para o leitor interessado, as funções oferta e demanda de mercado usadas nos gráficos 3.4 e 3.5 têm as 
seguintes especificações: 
200 10
150 25
D
S
Q p
Q p
= −
= − + 
 E 
 A 
SQ 
DQ 
p 
Q 0 100Q = 
0 10p = 
6Ep = 
20Maxp = 
1 15p = 
 C 
D 
1 50
DQ = 1 225SQ = 
 
 B 
2 8, 4p = 
 35
área do triângulo A igual a $5*50 $125
2
= mil/mês, constata-se que o preço mínimo 
reduziu o EC de $500 para $125 mil/mês, uma perda de bem estar mensal para os 
demandantes equivalente a $375 mil. A perda de excedente sofrida pelos 
consumidores pode ser percebida graficamente pela soma das áreas do retângulo 
B e do triângulo C, cada qual merecendo justificativa própria. O retângulo B tem 
base 1 50
DQ = e altura igual a 1 0 $5p p− = , e sua área (= $250 mil/mês) quantifica a 
transferência de excedente dos consumidores para os produtores decorrente da 
política. Já o triângulo C, com base 0 1 100 50 50Q Q− = − = mil/mês e altura 
1 0 $5p p− = , aparece como uma perda de EC associada à redução no consumo da 
mercadoria em função da elevação artificial de seu preço. Aos preços maiores, 
alguns demandantes preferirão deixar de adquirir a mercadoria, substituindo-a por 
outra ou simplesmente poupando seus recursos. Esta mudança de escolhas, 
causada pela interferência no livre funcionamento do mercado, é denominada 
perda de eficiência ou perda peso-morto (deadweight loss) para os consumidores, 
e seu valor aqui é igual a $62,5 mil/mês. 
O EP também foi alterado, pois os ofertantes passaram a vender uma 
quantidade menor de unidades por mês, em contrapartida recebendo um preço 
unitário maior. Pode-se calcular o novo valor do EP achando a área do trapézio de 
área B + D, cuja base maior (B) mede 1 $15 $6 $9Ep p− = − = , com base menor (b) 
dada por 1 2 $15 $8, 4 $6,6p p− = − = e altura (h) igual a 1 50DQ = . Lembrando que a 
área do trapézio é dada por ( ) ( )$9 $6,6 50 $390
2 2
B b h+ += = mil/mês, observa-se 
que osprodutores obtiveram um aumento no EP igual a $190 mil/mês. Este valor 
também poderia ser obtido pela soma da área B ao EP anterior à política de 
preços mínimos, com a subtração da área do triângulo D. Já se sabe que B 
representa uma transferência de renda mensal dos consumidores para os 
produtores igual a $250 mil, faltando apenas perceber que o triângulo D, com base 
0 1 100 50 50Q Q− = − = e altura igual a 0 2 $10 $8, 4 $1,6p p− = − = , implica uma perda 
 36 
de EP igual a $40 mil/mês. Ora, a soma dos ganhos de $250 mil com as perdas 
peso morto dos produtores de $40 mil leva à variação no EP igual a $210 mil/mês. 
Os efeitos da política de preços mínimos discutida aparecem resumidos na 
Tabela 3.2. Sempre que se tomar por referência o equilíbrio em mercados 
competitivos ideais, qualquer solução diferente da encontrada na intersecção entre 
as curvas de oferta e demanda trará perdas de eficiência e de bem estar social, ao 
menos enquanto se supuser que a utilidade marginal da renda é constante e igual 
para todos os agentes econômicos. No exemplo considerado, a política de preço 
mínimo fez com que a soma dos excedentes diminuísse em $165 mil/mês, que 
podem ser encontrados adicionando as áreas dos triângulos de perda peso morto, 
C e D. 
 
Bem-Estar 
(mil/mês) 
Sem a 
Política (I) 
Com a 
Política (II) 
Variação 
(I) – (II) 
EC $ 500 $ 125 - $ 375 
EP $ 200 $ 410 + $ 210 
EC+EP $ 700 $ 535 - $ 165 
Perda de 
Eficiência 
- $ 165 +$ 165 
 Tabela 3.2 
 
As perdas peso morto decorrem de distorções nas decisões que os ofertantes 
e demandantes fariam caso o mercado fosse perfeitamente concorrencial. Pode-
se, desta forma, intuir que este tipo de perda ocorrerá sempre que não se verificar 
a solução perfeitamente competitiva, o que leva aos interessantes temas das 
falhas de mercado e da intervenção pública no sistema econômico. O equilíbrio 
que seria determinado em mercados perfeitamente competitivos, ideais, serve 
como referencial teórico para o que os economistas costumam denominar de 
“solução de primeiro melhor” ou “first best solution”. Neste contexto hipotético, o 
bem estar econômico,medido pela soma dos excedentes dos consumidores e 
produtores seria máximo, sendo impossível melhorar a situação de um agente 
econômico qualquer sem piorar a de outro, o que caracteriza uma situação de 
“ótimo de Pareto”. 
 37
Se todos os mercados fossem concorrenciais e perfeitos, nada haveria a ser 
feito para melhorar o bem estar social como definido acima. Políticas públicas 
como as de preço mínimo, impostos, e qualquer forma de intervenção estatal no 
domínio econômico seriam desnecessárias e, em última instância, inúteis. Em um 
mundo ideal como este, talvez fosse desnecessário um curso de Economia 
Industrial e, se ele existisse, provavelmente teria a natureza de uma discussão 
filosófica e puramente abstrata, já que todos os problemas práticos estariam 
sendo automaticamente resolvidos nos mercados. Mas o mundo em que vivemos 
não é assim, os mercados têm falhas e as soluções de primeiro melhor são 
extremamente raras, se é que existem. 
A preocupação dos economistas com as falhas de mercado não é nova, já 
havendo certo consenso que os mercados não resolvem bem os problemas de 
alocação social ótima de recursos quando há: 
1) Presença de Externalidades; 
2) Problemas Informacionais; 
3) Poder de Mercado; 
4) Bens públicos; 
5) Problemas de Distribuição de Renda. 
Como visto no início deste capítulo, as externalidades decorrem dos efeitos 
das ações de um agente econômico sobre os demais. Na maior parte dos modelos 
econômicos, supõe-se que os agentes tomadores de decisão desconsideram os 
efeitos de suas ações sobre os demais indivíduos, numa postura “egoística” e 
auto-interessada com interessantes desdobramentos práticos. Uma maneira 
simples de ilustrar este tópico é distinguir entre os custos privados e sociais de 
produção, digamos, de tecidos. Considere uma situação em que um grupo de 
empresários do setor têxtil resolve construir um complexo industrial na periferia de 
uma cidade, por coincidência próximo de uma clínica médica. Supondo que o 
mercado de tecelagem seja competitivo, após o início das operações, as firmas 
estarão produzindo de forma a maximizar seus lucros, observando a regra p=CMg, 
conforme ilustrado pela curva PCMg no gráfico. Para uma curva de demanda 
dada, o equilíbrio neste mercado seria encontrado no Gráfico 3.6 ao preço p0 e à 
 38 
quantidade Q0. A produção destas firmas, entretanto, causa ruídos altos o 
suficiente para dificultar a auscultação dos pacientes e os exames clínicos em 
geral, pelo que há custos para terceiros que não são considerados pelas 
tecelagens. Imagine, por um momento, que os médicos proprietários da clínica 
fossem também os donos das empresas de tecido. Nesta situação, eles levariam 
em consideração como custos produtivos da fabricação de tecidos as perdas de 
receitas ou aumentos de custos em suas atividades médicas, e as curvas de 
custos apropriadas estariam representadas por SCMg , que levaria a um equilíbrio 
no mercado ao preço 1p e à quantidade 1Q . 
 
 
Gráfico 3.6 
Evidentemente, se os médicos fossem os proprietários das tecelagens não 
haveria externalidades, já que os efeitos da produção de tecidos sobre as 
atividades médicas seriam naturalmente levadas em consideração e o ótimo de 
Pareto seria atingido com a produção menor e os preços mais altos. Quando as 
PCMg 
DQ 
p 
Q 0Q
0p 
SCMg 
1Q 
1p 
 39
diferentes atividades são administradas por agentes diferentes, entretanto, 
observa-se uma solução em que o bem estar da sociedade não é maximizado. 
A correção deste problema poderia se dar pelo próprio uso de mercados, caso 
não fosse muito caro fazê-lo. Afinal, de quem é o direito sobre o “silêncio 
ambiental”, dos médicos, dos donos de tecelagem ou de nenhum deles? Se os 
médicos fossem proprietários de direitos ao silêncio, poderiam vendê-los aos 
fabricantes por um preço que compensasse suas perdas com o barulho. Da 
mesma forma, se fossem os donos das tecelagens os proprietários dos direitos ao 
silêncio, encontrariam médicos dispostos a adquirí-los por valores iguais ou 
menores dos prejuízos que vêm sofrendo, de uma forma ou de outra solucionando 
o problema das externalidades. O grande obstáculo para a ocorrência destas 
transações de mercado está na dificuldade em estabelecer direitos de propriedade 
sobre o “silêncio”. Pode-se imaginar que negociações alternativas, envolvendo a 
possível construção de isolamentos acústicos nas fábricas ou na clínica ou a 
própria mudança das instalações que eliminassem as externalidades, mas quem 
arcaria com os custos? À proporção em que os custos de transação aumentam, 
trocas mutuamente benéficas podem deixar de ser viáveis, o que implica a 
manutenção das ineficiências ou, alternativamente, dá motivo para que se crie 
uma tecnologia alternativa para resolver os problemas não solucionados bem pelo 
uso dos mercados. 
Esta linha de raciocínio deve muito à teoria dos custos de transação de Ronald 
Coase, apresentada nos capítulos anteriores. De fato, se não houver custos de 
transação, espera-se que os mercados forcem automaticamente a internalização 
de todas as externalidades, o que levaria à solução socialmente ótima. Como 
estes custos para o uso dos mercados existem e não são desprezíveis, alguns 
economistas entendem que se justifica a ação estatal no sentido de mitigar os 
efeitos das falhas de mercado sobre o bem estar. Uma lei do silêncio, ou regras 
administrativas que limitem a um nível aceitável de decibéis os ruídos em 
determinadas regiões urbanas,por exemplo, elimina a necessidade de longas e 
onerosas negociações e, se bem delineadas, aproximam o equilíbrio de mercado 
da situação ótima. 
 40 
Raciocínios similares podem ser feitos para todas as outras falhas de mercado, 
mas haverá ainda oportunidades específicas nos capítulos subseqüentes para 
tratar dos problemas associados a bens públicos, ausência ou assimetria de 
informações, poder de mercado e distribuição de renda. Na medida em que estes 
tópicos forem tratados, remissões e complementações aos fundamentos da 
análise de bem estar aqui lançados serão realizadas. 
 
 
 
 
Palavras-Chave 
Estrutura de Mercado 
Concorrência Perfeita 
Poder de Mercado 
Externalidade 
Homogeneidade de produto 
Informação Perfeita 
Maximização do valor presente 
Maximização dos lucros 
Receita Marginal 
Custo Marginal 
Ponto de entrada ou fechamento 
Renda econômica 
Elasticidade 
Demanda residual 
Economia positiva 
Economia normativa 
Análise de bem estar 
Equilíbrio parcial 
Equilíbrio geral 
Excedente dos consumidores 
Excedente dos produtores 
 41
Perda peso morto 
Equilíbrio Estático 
Solução de primeiro melhor 
Ótimo de Pareto 
Eficiência 
Custo Marginal Social 
Custo Marginal Privado 
 
 
Exercícios Sugeridos 
 
1. Quais as principais hipóteses teóricas usadas para caracterizar a 
estrutura de Concorrência perfeita? 
2. Já que situações práticas de concorrência perfeita parecem ser raras, 
por que motivo este modelo abstrato e ideal permanece sendo usado na 
Economia Industrial? 
3. No gráfico 3.1, encontrou-se uma quantidade ótima supondo (1) que 
existia um ponto de lucro máximo e (2) que este máximo era global. 
Conforme desenhada, aquela função lucro assemelhava-se à forma de 
um sino. Refaça aquele gráfico de forma que a função lucro se pareça 
com dois sinos com alturas diferentes. Identifique os pontos que 
satisfazem a condição de igualdade entre receita marginal e custo 
marginal neste novo gráfico, e discuta a importância das suposições (1) 
e (2). 
4. Para uma firma em concorrência perfeita, qual a importância dos custos 
inevitáveis para definir o ponto de entrada ou fechamento? Sua resposta 
é a mesmo caso se esteja falando do de um longo prazo ou de curto 
prazo? Por quê? 
5. Desenhando as curvas de custo marginal total médio e custo marginal 
variável médio para uma firma competitiva, ilustre uma situação em que 
esta firma aufere lucros econômicos positivos no curto prazo. Isto não é 
 42 
contraditório com a hipótese de ausência de barreiras á entrada/saída? 
Explique. 
6. “Na ausência de economias ou deseconomias de escala externas, a 
renda econômica de firmas competitivas não pode ser positiva”. É Falso, 
verdadeiro ou incerto? Por quê? 
7. Explique o que são e para que servem as elasticidades em Economia. 
Supondo uma curva de demanda linear, mostre que mesmo 
mercadorias que apresentam poucos substitutos e representam uma 
fração pequena dos gastos totais dos demandantes pode exibir 
elasticidades-preço da demanda bastante elevadas. 
8. Suponha que a demanda de mercado por certo produto seja 
representada por QD = 100 – p. Neste Mercado, existem 50 firmas 
idênticas, cada qual com custos marginais iguais a q. Encontre a curva 
de demanda residual para uma destas firmas. 
 
9. Ao preço que equilibra o mercado descrito na questão anterior, supondo 
apenas 49 firmas incumbentes, quais são as elasticidades preço da 
demanda de mercado e da demanda residual para a 50ª firma 
(considere que a elasticidade preço da oferta das outras firmas seja 
igual a 0). 
 
10. Suponha que o mercado de maças possa ser descrito pela seguintes 
equações: 
 
Demanda: P=20-q 
Oferta: P=q-4 
 
Onde p é o preço em unidades monetárias de cada caixa de maças e q é 
um número de caixas da fruta em milhares de unidades. 
 
 43
a) se este mercado for perfeitamente competitivo, que preço e quantidade 
serão observados? 
b) Qual o valor dos excedentes dos consumidores e produtores neste 
mercado? 
 
 
 
11. As autoridades públicas após terem conhecimento dos benefícios que o 
consumo de maças traz à saúde dos consumidores, entendem que seria 
interessante estimular o consumo deste produto em sociedade. Para 
tanto, contratam você para realizar uma análise do impacto sobre o bem 
estar das seguintes alternativas: 
 
a) a imposição de um preço máximo, p=8 para garantir o acesso de 
mais consumidores a este produto 
b) a concessão de um subsídio de $4 por mil caixas produzidas. 
c) Calcule e mostre graficamente a variação dos excedentes dos 
consumidores e produtores para as duas alternativas 
consideradas. Qual delas, se alguma, mereceria seu apoio. 
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