Buscar

Londres e Paris no século XIX

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Aventura Sociológica 
Londres e Paris no Século XIX
A rua e seus personagens
Londres e Paris no século XIX foram marcadas por um acontecimento recém gerado que se configurava na multidão. Esse novo fenômeno passou a fazer parte do cotidiano das grandes cidades, onde a identidade individual passou a ser substituída por uma noção de identidade coletiva, onde o habitante passa a fazer parte de um grande aglomerado urbano. A multidão sua presença nas ruas de Londres e Paris do século XIX foi considerada pelos contemporâneos como um acontecimento inquietante milhares de pessoas se deslocando para as grandes cidades.
Walter Benjamin fez da multidão seu objeto de estudo na literatura do século XIX, e diz que estar exposto a esse fenômeno faz a vida cotidiana tomar a dimensão de um permanente espetáculo, pois em cada canto havia a possibilidade de se observar algo novo, sempre havia uma incerteza quanto a que poderia ser encontrado. Essas cidades também se caracterizavam pelas distintas características da ocupação do espaço urbano. Durante o dia, as ruas eram tomadas pelo exercito de operários, já à noite esses se recolhiam em seu leito para o descanso enquanto as ruas eram tomadas por vagabundos, criminosos e prostitutas. Durante a noite os soldados do trabalho repousam, enquanto os “demônios” despertam para preencher o espaço urbano.
Em meio à multidão londrina, era possível encontrar distintas classes, como por exemplo, nobres, mercadores, advogados, lojistas, agiotas, batedores de carteira, jogadores profissionais, prostitutas, vendedores de empadas, exibidores de macacos, entre outros indivíduos, deixando claro o caráter heterogêneo das multidões, onde se pode encontrar todo tipo de cidadão. Os autores do século XIX compuseram uma representação estética do universo das cidades, identificando elementos comuns do viver em multidão com o estar à mercê de habitantes selvagens ou ainda como estar sujeito a condições de estadia no inferno.
Outro fator importante de se ressaltar foi à questão da readequação da população para com o tempo, na primeira metade de século as atividades urbanas haviam perdido todo o vinculo com o tempo da natureza, passando a serem vinculadas ao tempo abstrato dividido em 24 horas, esse novo método, arrancou do homem a lógica da natureza devida seu caráter que consistia em tornar uma sociedade disciplinada de ponta a ponta, uma sociedade obediente perante um continuo e irreversível fluxo ligado a repetição diária dos mesmos afazeres e mesmos percursos.
O Homem Pobre e o Vagabundo
A partir do intenso processo de industrialização que a Inglaterra sofreu diversos foram os problemas que surgiram nas cidades industriais. A possibilidade de emprego serviu de incentivo para população do campo e de outras regiões migrarem para as cidades industriais que se formavam. O poder de atração exercido pelas cidades foi tão forte que a quantidade de pessoas que lá chegaram no início desse processo e posteriormente com o crescimento normal da população produziu-se um inchaço nas cidades, e decorrente desse, vários problemas relacionados a qualidade vida da população urbana. A cidade em sua dinâmica habitual não conseguia suprir as necessidades de sua população e as indústrias não possuíam postos de trabalho suficientes para absorver toda essa mão de obra. Diante disso crescia a miséria, e a paisagem urbana se mostrava profundamente deteriorada pela quantidade de mendigos, pela sujeira e pelo crescimento dos bolsões de pobreza que muitas das vezes era causador de várias doenças.
Neste contexto de grande mudança da dinâmica na cidade essa grande quantidade pessoas pelas ruas, tanto trabalhadores com também “vagabundos” produziu uma grande infinidade sensações nos antigos moradores da cidade. O medo foi o primeiro seguido da repulsa, do nojo e posteriormente a tentativa de resolver esse problema.
A questão que se coloca é a de como resolver o problema da multidão amotinada, o crescimento dos bolsões de pobreza e na sociedade de Londres do séc.XIX que se caracterizava pela positividade do trabalho como fazer os mendigos que consumiam muito dos cofres públicos em programas assistenciais produzirem o suficiente para seu sustento e algo mais que faça girar o mercado. A classe trabalhadora se encontra dentro dos limites da sociedade, se estiver num nível de moralidade. Marx define de forma clara os incapacitados aos que permite viver de caridade e os vagabundos. O apelo ao parlamento relativo aos pobres para que não haja mendigos na Inglaterra ,a intenção de fazer os pobres trabalharem o suficiente para que retirado o seu sustento, restasse ainda para a comunidade, ou seja, de tornar a pobreza rentável. Houve um imposto agregado ao salário para tornar os trabalhadores mais produtivos.
Os ingleses desde o séc.XVI já possuíam dispositivo que tratavam da questão dos que não trabalhavam (os vagabundos). Naquela época os dispositivos já eram subumanos (sanguinário nas palavras de Marx) e falavam até em castigos físicos. Ao longo do séc.XIX a partir das analises sociais de Locke essas políticas públicas foram legitimadas. Este filósofo partindo da premissa de que a terra e seus frutos foram dados em comum a espécie humana e sendo estes essenciais ao desenvolvimento da vida, fica justificada a apropriação destes meios por uns poucos. O trabalho é o meio pelo qual se deve usar para conseguir os meios para sua existência. Locke faz inúmeras proposições acerca dos papeis sócias que devem ser desempenhados na cidade. A classe pobre é essencial, sendo a mesma obrigada a trabalhar, onde vagabundos e desempregados não tem lugar nesta sociedade e isso se deve a degradação moral. Os pobres, assalariados e desempregados por terem que se preocupar com coisas ligadas a sua subsistência possuem um nível mental baixo não sendo possível assim lutarem junto aos ricos, salvo em períodos de calamidade pública. Sendo assim fica justificado o uso da força para com esses tipos, no sentido estimulá-los ao trabalho, deste modo, os trabalhadores são livres, já os desempregados não são nem livre e nem partilham de uma comunidade política, o que não os livra de estarem submetidos ao poder político do estado. É recorrente em seu discurso a necessidade de obrigar os vagabundos a trabalharem sob castigos físicos, ele chega a propor a criação de estabelecimentos de trabalhos forçados que atingiriam até as crianças maiores de três anos.
A medida que o tempo passava o processo de industrialização se expandia e produzia cada vez mais desigualdade, com isso mais problemas sociais, esse conjunto de mudanças que provocaram as mais diversas transformações foi chamada de “questão inglesa”, ela englobava uma infinidade de aspectos relacionados aos impactos da industrialização no modo de vida da população. As poucas pessoas que conseguiam emprego deixavam se levar por vícios, a condição de trabalho nas fábricas exaustivos descritas por Marx , descrição dos bairros operários, moravam em casas miseráveis. A relação da habitação era um dos problemas de haver tantas doenças na época. As mulheres tiveram que trabalhar e com isso as crianças perderam a companhia das mães.
Por volta do ano de 1830 um novo contexto se ergue quando a quantia necessária para manter os desvalidos passa de 4 milhões de libras para 7 milhões, com isso uma seria de mudanças acontecem no âmbito das políticas sociais. Em 1834 uma nova “lei dos pobres” é criada. Essa nova lei mantém o auxílio aos sem trabalho, mas os obriga a entrar nas chamadas (Workhouses), nessas casas praticava-se trabalhos forçados, comia-se mal,era proibido fumar, devia-se ficar em silêncio, as visitas eram raras e a disciplina era se uma prisão. As diversas formas de punição dos desempregados eram tão grotescas que o idealizador dessa nova lei dos pobres já havia tentado usar indigentes em substituição do vapor em uma fábrica de seu irmão.
O que se pode perceber a partir dessas políticas é a separação entre os pobres que trabalham e os que não trabalham marcando assim a profundadivisão do social do trabalho características dessa sociedade.
A partir das diversas movimentações das bases dessa sociedade no sentido de que essa grande massa de trabalhadores começa a se fazer ouvir pelo seu expressivo número, começa a haver uma relativa organização (movimento cartista) do trabalhador em busca de participação política. Essa movimentação ainda não foi suficiente para mudar a imagem do homem pobre por completo, mas mostrava aos governantes que a classe trabalhadora não podia mais ser tratada como criança.
Diante deste contexto de grande mudança de postura dos pobres e a partir disso a mudança da visão do homem rico para com os pobres, novos tipos de relações são produzidos no seio da sociedade inglesa. Agora a visão recorrente é de que o desemprego não é mais uma questão temporária nem resistência ao trabalho, e sim uma questão estrutural, uma criação da própria sociedade industrial, como um resíduo que, produzido por ela, nela não tem lugar. 
Alguns estudiosos pesquisaram as condições de vida dos operários e chegaram a conclusão que as grandes jornadas de trabalho e a vida precária levaram a degradação da população Inglesa. Os pobres ganharam o direito de participar da politica e o direito de escolher o patrão. A perspectiva do futuro depende do grau em que os pobres possam ser transformados em seres racionais. A distância do trabalhador e o patrão é cada vez maior, o trabalhador é tratado como criatura no mundo industrial e visto como produto pela sociedade as instituições de caridade viraram estratégia em Londres, inspiração socialista. Os trabalhadores foram a luta e entraram em greve, lutando com coragem contra seu opressivo destino em doze dias mostraram ao país que pretendiam ocupar seu lugar e obrigando o governo a rever as leis para melhorar o higiene nacional, e descobriram que o homem pobre nasce de suas próprias entranhas o espetáculo da pobreza produzida pela própria sociedade do trabalho é insuportável.
 
Classes pobres, Classes perigosas.
 Na França do século XIX, principalmente em Paris, existe o temor das jornadas revolucionárias, jornadas estas formadas pela população pobre, mas não a pobreza indigente. Eram pessoas querendo fazer valer suas exigências através do controle das instituições políticas.
 A partir de 1830 começam as primeiras manifestações, revoltas, isoladas, mas sempre reprimidas, porem sempre renascentes. O sentimento revolucionário surgia principalmente nos bairros operários. Esse sentimento de revolta se familiarizava com a Revolução de 1789, considerada como a fundação da sociedade francesa. Em meio a esses anos revolucionários, se definiu a imagem de retorno ao estado natureza, um estado primitivo onde tudo era possível, pois tudo antes construído pelo estado se encontrava arrasado(estrutura política e a hierarquia de privilegio de seus habitantes). Esse movimento não se tratava apenas de uma revolta, mas sim de uma revolução, que tinha como objetivo a liberdade do povo, que antes eram considerados os pobres e oprimidos.
 Robespierre já dizia que não sabia se iria se instaurar uma monarquia ou uma republica, mas ele só sabia da questão social, que tinha o objetivo de alcançar a liberdade. A miséria que prevalecia nas ruas, com o povo, fez de certa maneira mudar os ideais da revolução, não tinham mais como objetivo a liberdade, mas sim a abundancia (tentativa de conter a pobreza e a miséria). Na teoria política de Rousseau já tinha transformado a compaixão num dever político plenamente racional, e esse dever foi transformado numa “solidariedade fundada na comunhão de interesses com os oprimidos e explorados”. Deixa a idéia de confronto de opiniões e passa a existir a idéia de consentimento ou vontade geral. Isso acaba inserindo a “multidão” nas decisões do poder. Na França então surge à política da felicidade ou da abundância geral, inserindo toda a população de modo no mínimo mais igualitário.
 Forma-se na frança o que se chamou de revolução permanente, é uma forma de dizer que o povo conseguiu seus ideais como esta descrito no texto: “... o fim da força, o trabalho para o homem, a instrução para a criança, a doçura social para a mulher, a liberdade, a igualdade, a fraternidade, o pão para todos, o paraíso na terra". A revolução era tão temida que vasculhava minuciosamente o terreno onde se imagina que germinava o “inimigo”. Um imenso exercito saia à rua a procura de pelo menos um pequeno sinal das chamadas classes perigosas. A questão social se encontrou momentaneamente sua forma política, a republica formada pela livre associação de comunas federais. A multidão toma as praças e proclamam o direito dos citadinos à sua cidade (Comuna de Paris).
 Foi a primeira grande mobilização da classe desfavorecida em prol da igualdade e felicidade geral, pode-se dizer que a revolução francesa é o inicio das revoluções com objetivo de igualdade entre as pessoas. É o fim do velho mundo governamental e clerical, do militarismo, do funcionalismo, da exploração, da agiotagem, dos monopólios e dos privilégios aos quais o proletariado deve sua servidão a pátria sas infelicidades e seus desastres

Outros materiais