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QUESTÃO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE

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Prévia do material em texto

QUESTÃO SOCIAL NA 
CONTEMPORANEIDADE
Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brito Cunha
Professora Esp. Daniela Sikorski
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; SIKORSKI, Daniela; CUNHA, Maria Cristina Araújo de 
Brito. 
 
 Questão Social na Contemporaneidade. Daniela Sikorski; 
Maria Cristina Araújo de Brito Cunha. 
 Reimpressão - 2018.
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2016. 
 169 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Questão. 2. Social. 3. Contemporaneidade. 4. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0320-8
CDD - 22 ed. 300
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Mercado
Hilton Pereira
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida 
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Head de Produção de Conteúdos
Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli
Gerência de Produção de Conteúdo
Gabriel Araújo
Supervisão do Núcleo de Produção de 
Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Supervisão de Projetos Especiais
Daniel F. Hey
Coordenador de Conteúdo
Maria Cristina de Brito Cunha
Design Educacional
Ana Claudia Salvadego
Iconografia
Amanda Peçanha dos Santos
Ana Carolina Martins Prado
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Editoração
Melina Belusse Ramos
Qualidade Textual
Hellyery Agda, Daniela Ferreira dos Santos, Yara 
Martins Dias, Hellyery Agda g. Silva
Ilustração
Melina Belusse Ramos
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e 
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: 
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, 
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos 
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por 
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma 
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos 
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição 
de educação precisa ter pelo menos três virtudes: 
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de 
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam 
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de 
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com 
os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica 
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando 
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em 
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal 
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o 
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento 
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns 
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe 
de professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
A
U
TO
R
A
S
Professora Esp. Daniela Sikorski 
Especialista em Política Social e Gestão de Serviços Sociais pela Universidade 
Estadual de Londrina (UEL) e graduação em Serviço Social pela Universidade 
Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Discente dos cursos de Gestão Educacional 
(pós-graduação) e Processos Gerenciais (graduação) na Unicesumar. Tem 
experiência profissional na área de Serviço Social na Educação, Terceiro 
Setor, Responsabilidade Social e Gestão na Área da Saúde.
http://lattes.cnpq.br/7555727127923107
Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brito Cunha
Mestre em Gerontologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São 
Paulo (PUC/SP). Especialista em Administração de Recursos Humanos pela 
Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Graduada em Serviço Social pela 
Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Coordenadora do Curso de 
Serviço Social no Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Unicesumar.
http://lattes.cnpq.br/5055081415728722
SEJA BEM-VINDO(A)!
Seja bem-vindo(a), caro(a) aluno(a)! 
Esta etapa que iniciamos agora é muito importante, pois trataremos da Questão Social 
e o Serviço Social. O objetivo é refletirmos acerca do surgimento da questão social e 
as suas manifestações no meio urbano e rural, bem como a sua relação com o serviço 
social.
Nos países capitalistas, e isto não exclui o Brasil, podemos perceber a questão social 
como elemento fundante do serviço social, enquanto especialização ao trabalho hu-
mano.
Para a superação das problemáticas postas a partir das questões sociais é necessário 
muita criatividade, competência, leitura crítica e, sobretudo, a soma de esforços na mes-
ma direção por parte de todos os envolvidos: governo, organizações e diversos profis-
sionais que atuam no mercado de trabalho. 
Todos necessitam da nítida compreensão de que a sociedade é dinâmica, a clareza de 
que o processo histórico nos diz muito sobre a sociedade que temos hoje, tanto nos fala 
dos avanços como nos sinalizam muito bem quanto às origens das problemáticas que 
enfrentamos, seja econômica como social. 
Os profissionais envolvidos diretamente com o trabalho com as demandas sociais que 
são geradas pelas expressões da questão social em nossa sociedade precisam ter claro 
que mesmo a questão social sendo a mesma ao longo dos tempos, ela assume caracte-
rísticas diferentes em cada realidade, manifesta-se de formas diferentes de acordo com 
as relações sócio-econômicas estabelecidas e a cada dia novos conflitos surgem acres-
centando novos elementos as questões sociais.
Estaremos juntos nas próximas páginas e buscaremos refletir acerca das questões so-
ciais e suas expressões. Esses foram apenas questionamentosiniciais. Sendo assim, bom 
trabalho, boa leitura, e aproveite este momento, pois as discussões propostas neste ma-
terial darão o norte do agir profissional, bem como uma melhor compreensão de como 
surgiu a profissional e como hoje ela é gestada no contexto social.
Bons estudos!
Profª Daniela Sikorski.
Profª Maria Cristina A. B. Cunha.
APRESENTAÇÃO
QUESTÃO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
15 Introdução
16 Adquirindo Novos Conhecimentos e Recapitulando Alguns 
Acontecimentos Acerca da Questão Social no Mundo
17 Questão Social e a História 
22 Revolução Industrial 
25 Lei dos Pobres 
31 Nova Lei dos Pobres (Inglaterra - 1834) 
32 As Workhouses 
38 Considerações Finais 
44 Referências 
45 Gabarito 
SUMÁRIO
10
UNIDADE II
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA
48 Introdução 
49 A Questão Social na Sociedade Capitalista 
54 A Questão Social no Processo de Industrialização do Brasil 
60 A Questão Social no Brasil nas Décadas de 20 e 30 (Século XX) 
72 Considerações Finais 
79 Referências 
81 Gabarito 
UNIDADE III
CONCEITUANDO A QUESTÃO SOCIAL
85 Introdução
86 Reflexões Recentes 
93 Questão Social e Nova Questão Social - Reflexões e Conceitos 
102 Refletindo Sobre o Objeto de Serviço Social 
105 Considerações Finais 
113 Referências 
115 Gabarito 
SUMÁRIO
11
UNIDADE IV
MANIFESTAÇÕES DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA SOB O OLHAR 
DO SERVIÇO SOCIAL
119 Introdução
120 Questão Social – Serviço Social e Sua Intervenção 
130 O Cenário Atual e suas Incidências na Questão Social 
132 Considerações Finais 
139 Referências 
140 Gabarito 
UNIDADE V
BUSCANDO RESPOSTAS ÀS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL NO 
BRASIL
143 Introdução
144 Questão Social e Serviço Social 
153 A Família Atingida pelas Questões Sociais – Breve Explanação 
160 Considerações Finais 
167 Referências 
168 Gabarito 
169 Conclusão
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Professora Esp. Daniela Sikorski
Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brito Cunha
QUESTÃO SOCIAL NO 
MUNDO 
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Atualizar os conhecimentos acerca de alguns acontecimentos 
históricos mundiais que contribuirão para o entendimento da 
questão social hoje e o serviço social.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Adquirindo novos conhecimentos e recapitulando alguns 
acontecimentos acerca da questão social no mundo.
 ■ Questão Social e a história
 ■ Revolução Industrial
 ■ Lei dos Pobres
 ■ Nova Lei dos Pobres (Inglaterra – 1834)
 ■ Workhouses
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), atualmente, falamos muito em globalização e sistema capita-
lista, neoliberalismo, porém se observarmos o constante crescimento da economia 
veremos que este avanço não contribuiu para amenizar ou eliminar as desigual-
dades e disparidades sociais presente na sociedade. Vemos a crescente pobreza, 
ocasionada por falta de emprego, o que acaba desencadeando problemas habi-
tacionais, de saúde, assistência social, violência, entre outros.
O avanço econômico não gerou avanço e desenvolvimento social, e em alguns 
momentos até o agravou, deixando muitos indivíduos à mercê da própria sorte. 
Desta maneira, iniciamos nossa disciplina com reflexões acerca dos acontecimen-
tos mundiais relacionados ao trabalho, principalmente, a transição do sistema 
feudal para o capitalista, no qual veremos um pouco mais sobre a Revolução 
Industrial, a criação das Workhouses e a Lei dos Pobres de 1601 e 1834. 
Alguns pontos devem ser bem observados nesta unidade: a máxima do capi-
tal: aumentar o lucro, reduzindo as despesas, isso provocou no homem a ideia de 
que para conseguir o que se queria (lucro) podia-se tudo, inclusive, passar por 
cima dos valores humanos. A distribuição de renda se torna concentrada nas 
mãos de poucos, proporcionando um desequilíbrio econômico e, por consequ-
ência, social, pois o indivíduo trabalhador mesmo cumprindo com suas funções, 
não possuía condições de no final do mês prover o necessário. E ainda com a ilu-
são de que vida próspera para todos estava na cidade, muitas famílias começam a 
abandonar o campo, depositando suas esperanças nos centros urbanos, aconte-
cendo assim um aumento significativo na demanda de mão de obra, o aumento 
da população urbana, e o retrato do despreparo das cidades no recebimento des-
tas famílias. Assim, agrava-se a questão social tanto na cidade quanto no campo.
Vamos aproveitar para somarmos conhecimento, muitos deles já se encon-
tram na sua memória, basta fazer um pouco de esforço e retomar estes fatos. 
Sendo assim, vamos ativar a memória e mãos à obra!
Introdução
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QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
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ADQUIRINDO NOVOS CONHECIMENTOS E 
RECAPITULANDO ALGUNS ACONTECIMENTOS 
ACERCA DA QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO
Neste início de leitura, creio que seja pertinente um primeiro exercício de refle-
xão, que consiste em refletir acerca da seguinte citação: “Aqueles que esquecem 
o passado estão condenados e repeti-lo” (SANTAYANA, 1905 apud SCHIMDT, 
1986, p.98).
O questionamento é: o que realmente quer dizer e o que significa para esta 
nossa discussão e, especificamente, para este capítulo a colocação deste autor? 
Aproveite este momento, pois nenhuma citação aparece em um texto por acaso ou 
mero enfeite, cada citação possui um significado e merece atenção, pois nos auxilia 
no entendimento do assunto, ela nos abre as portas da reflexão e do conhecimento.
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Questão Social e a História
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Após este exercício, partiremos em um passeio histórico, retomando con-
teúdos já vistos em outras oportunidades, no próprio curso de Serviço Social e 
até mesmo em nossa vida escolar do ensino médio ou cursinho pré-vestibular, 
o que muda agora é como nós estaremos analisando os acontecimentos históri-
cos e o processo de surgimento das questões sociais no mundo (primeiramente). 
Estaremos mais que envolvidos com a questão histórica, aliás, ela (a histó-
ria) é mais que necessária para que possamos compreender como e por que temos 
e vivenciamos o mundo como ele é hoje.
 Não podemos apenas passar uma “borracha” em tudo o que já foi constru-
ído ou simplesmente achar que os acontecimentos passados não influenciam 
nas nossas vidas. Não podemos desconsiderar as tentativas de melhorar as con-
dições de vida realizadas por nossos antepassados, os erros e acertos e a busca 
constante por um mundo melhor e que atendesse as suas necessidades.
Desta maneira, aproximaremo-nos um pouco mais da história, no que se 
refere ao surgimento da questão social, as instituições de apoio ao necessitado 
na Inglaterra (as Workhouses); estaremos ampliando nosso conhecimento acerca 
da chamada Lei dos Pobres (Poor Law) e ainda retomar alguns pontos no que se 
refere a Revolução Industrial.
Vamos, então, ampliar nosso conhecimento? Aproveitem a leitura!
QUESTÃO SOCIAL E A HISTÓRIA
Quando falamos em questão social não estamos abordando nenhum tema recente 
ou algo novo. O surgimento da questão social está inserido em um contexto 
histórico, ligado a uma gama de relações – mais especificamente trabalhistas. 
Relações contraditórias, desiguais e que geraram mudanças na realidade social da 
época onde estava inserida. 
Assim, você pode compreender que a questão social deve ser apreendida 
a partir de como as relações se configuram e se apresentam na sociedade e 
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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como acontece, o enfren-
tamento da questão 
social (quais mediações 
são buscadas) tantono 
âmbito social quanto no 
âmbito político. 
Tenha claro que 
neste momento, estare-
mos falando sobre uma 
realidade que não é a 
brasileira e sim inglesa, 
contudo, esta realidade 
nos serve de ponto de partida, pois muito dos seus feitos refletiram em todo 
mundo e são percebidos até os dias atuais.
Em seguida, vamos ler um pouco mais sobre a Lei dos Pobres (Poor Law) 
(1601 e 1834), uma vez que ela simbolizou um marco no enfrentamento das 
questões sociais da Inglaterra e contribuiu para reflexão histórica da profissão.
É importante termos sempre em mente que a leitura não só amplia nosso 
conhecimento como também contribui para nossa visão de homem e de mundo, 
sem contar que quem lê, escreve e reflete muito melhor, sem contar no aperfei-
çoamento do vocabulário e melhora nos níveis de discussão.
Gosto sempre de começar o estudo sobre a questão social a partir da cita-
ção, a seguir, ela apresenta brevemente como a sociedade entendia o mundo e 
suas realações, leia atentamente e, em seguida, prosseguiremos:
Desde o final do século XIX, o mundo imaginava que o ano 2000 seria 
o coroamento do processo civilizatório. Daí a grande questão social do 
século XXI: impedir que a desigualdade, já transformada em diferen-
ça nos dias atuais, chegue a se transformar em uma dessemelhança. O 
século XVIII descobriu a igualdade dos direitos dos homens. O século 
XIX iniciou a marcha para a sua construção. O século XX descobriu e 
iniciou a marcha para a construção do direito à igualdade, até mesmo 
no consumo supérfluo. A revolução iluminista do século XVIII trouxe 
o sonho. A revolução industrial do século XIX trouxe a possibilidade 
da igualdade nos direitos. Com a revolução consumista, o século XX 
trouxe a possibilidade de redefinição do propósito igualitário rumo ao 
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direito à igualdade, no lugar de apenas a igualdade ao direito. A huma-
nidade, que buscava a igualdade dos direitos, passou a buscar a igual-
dade do consumo, no mundo capitalista ou socialista. Antes, o mundo 
se dividia em países, agora o mundo se divide em grupos sociais, os 
incluídos e os excluídos (BUARQUE, 2004, p. 01-08).
Neste momento, vamos observar o contexto histórico do surgimento da ques-
tão social no mundo, observando que este não é um fenômeno exclusivamente 
brasileiro, ele se apresenta em todo o mundo, e em cada lugar assume carac-
terísticas diferenciadas conforme a realidade de cada lugar, de cada cultura. 
Destarte algumas colocações se fazem relevantes em relação aos direitos 
sociais no mundo do trabalho, uma vez que toda questão social surge de uma 
necessidade que foi ferida, ou melhor, que não está sendo sanada, isto necessa-
riamente, implica na “violação de algum direito social”, contudo, fique atento: 
pois os direitos sociais nem sempre foram assim entendidos, aliás, de todos os 
direitos, os sociais foram os últimos a serem reconhecidos.
Direitos Civis: Este elemento é composto dos direitos necessários à liberda-
de individual, como liberdade de ir e vir, liberdade de imprensa, de pensa-
mento e religiosa, o direito à propriedade, o de estabelecer contratos e o 
direito à justiça. As instituições mais intimamente ligadas aos direitos civis 
são os Tribunais de Justiça.
Direitos Políticos: Este elemento diz respeito à participação no exercício do 
poder – o direito de votar e de ser votado. São instituições correspondentes 
aos direitos políticos do Parlamento e as instituições de governo.
Direitos Sociais: O elemento social da cidadania se refere a tudo o que vai 
desde um mínimo de bem-estar econômico e segurança até o direito de 
levar a vida de acordo com os padrões que prevalecem na sociedade. As 
instituições mais ligadas a este elemento social são o sistema educacional e 
os serviços sociais.
Fonte: Adaptado de Dias (2005, p.124).
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
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rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Logo, começare-
mos pela IDADE 
MÉDIA. No final 
da Idade Média, o 
trabalho consistia 
em uma estrutura 
familiar, esta estru-
tura que prevalecia 
na sociedade, em 
que o espaço tempo-
ral de trabalho era o 
dia, ou seja, o traba-
lhador iniciava suas 
atividades laborativas com o nascer do sol e parava seus trabalhos somente ao 
anoitecer. Consideravam-se muito as forças místicas da natureza, eram muito 
comum os trabalhadores se orientarem e regularem suas vidas a partir da natu-
reza. O espaço físico do trabalho era o lar, a residência e os arredores da casa 
familiar (os agricultores, os sapateiros e os alfaiates). 
É importante ressaltar como o trabalho feminino e o trabalho infan-
til estão presentes nessa sociedade. As necessidades de sobrevivência 
e as obrigações servis contribuem para isso. As crianças, desde que já 
possam exercer alguma atividade laborativa, ingressam no mundo do 
trabalho para auxiliar na economia familiar. Nessa lógica, quanto mais 
filhos, maior poderia ser o aproveitamento produtivo. Pelo menos era 
assim que se apresenta aquela sociedade e, de maneira não muito dis-
tante, podemos observar a mesma lógica sendo empregada nas comu-
nidades rurais mais atrasadas atualmente (SAUCEDO; NICOLAZZI Jr. 
In: GEDIEL, 2001, p. 84). 
Com o passar dos tempos, o comércio e o constante crescimento urbano vão 
ganhando destaque no final da Idade Média, no qual gradativamente as cidades 
vão se tornando espaço de trabalho, pois é neste espaço que ocorrem as trocas 
(produtos agrícolas, artesanato etc.) e todo tipo de negócio. Estas transações ocor-
riam tanto durante o dia como a noite, em casa ou nas fábricas, rompendo neste 
final da Idade Média toda estrutura feudal vigente, pois surge o sistema capitalista.
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A evidência mais marcante, 
com o advento do sistema capi-
talista é a transformação das 
relações sociais, antes se tinha 
a relação senhor X servo, e com 
o novo sistema temos, o burguês 
X proletário. Outra característica 
é o início da produção em larga 
escala, lembrando que antes as 
produções eram baseadas na 
estrutura familiar sem muitos 
recursos. Priorizava-se o uso e, 
agora, a troca, aparecendo o que 
Marx chamava de mais valia. 
Relações estabelecidas ao longo dos tempos. Perceba que sempre se apre-
sentou uma constante oposição que podemos resumir entre “opressores e 
oprimidos”.
Homem livre X Escravo
Patrício X Plebeu
Barão/Senhor X Servo 
Burguesia (patrão) X Proletariado (empregado)
Fonte: Marx e Engels (1848, on-line)1.
©User
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Outro aspecto que permanece com o sistema capitalista é que assim como na 
estrutura feudal, todos os membros da família eram trabalhadores, sujeitos aos 
mesmos trabalhos, sem distinção. O que diferenciava era que a grande busca por 
mulheres e crianças se dava por conta do baixo custo da mão de obra (mulheres 
recebiam salários bem menores que os homens), representando uma maneira de 
baratear os custos de produção e outro motivo era que estes dois grupos (mulhe-
res e crianças) eram “facilmente” disciplinados e fáceis de dominar.
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A Revolução Industrial começou na Inglaterra (XVIII), alterando as relações e 
condições de trabalho, “inchando” as cidades com a vinda das famílias do campo 
em busca de condições melhores de vida.
Aumentar lucros e diminuir despesas, este era (é) o princípio do sistema 
capitalista, portanto, os proprietários buscam novas tecnologias para suas fábri-
cas, exploram seus operários com carga horária de trabalho exorbitante, salários 
irrisórios e locais insalubres, tudo isto para justificaro aumento da produção de 
mercadorias e o aumento do lucro para os proprietários.
A questão social, originalmente expressa no empobrecimento do trabalha-
dor, tem suas bases reais na economia capitalista. Politicamente, passa a ser 
reconhecida como problema na medida em que os trabalhadores empo-
brecidos, de forma organizada, oferecem resistência às más condições de 
existência decorrentes de sua condição de trabalhadores para o capital.
Fonte: Santos e Costa (2006, p. 12, on-line)2.
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A partir deste cenário, 
originário da Revolução 
Industrial, vemos o 
aumento descontrolado da 
população das cidades. Os 
camponeses deslumbrados 
com a ideia de uma vida 
mais fácil e melhores salá-
rios na cidade, sem pensar 
muito abandonavam suas 
vidas no campo, contudo, 
ao chegarem à cidade o que 
encontravam era um cenário caótico e desesperador. 
Contribuindo para o crescimento dos problemas sócio-econômicos, pois não 
havia emprego para toda a demanda que chegava na cidade, começa a aparecer 
em larga escala o problema do desemprego, fome, moradia (cortiços), prosti-
tuição, alcoolismo, sem contar na ausência de leis trabalhistas que em muito 
facilitavam a exploração daqueles que ainda possuíam emprego. 
Neste contexto histórico, temos ainda a chamada Segunda Fase da Revolução 
Industrial (1871-1914) que é compreendida pela:
 ■ Introdução de outras inovações tecnológicas.
 ■ Fonte de energia: não só o vapor, mas também a eletricidade e o petróleo.
 ■ Criação de novas máquinas e ferramentas, com outra estrutura de traba-
lho que agora é colocada em prática: Avançada fragmentação de tarefas.
 ■ Ações eram repetidas infinitamente até alcançar maior produtividade. 
 ■ Para obter a colaboração dos funcionários foram estabelecidos remune-
ração e prêmios extras. 
Assim, o trabalhador tornou-se uma extensão da máquina, e ainda hoje, vemos 
nitidamente os reflexos deste modelo de trabalho, um exemplo clássico deste for-
mato é o apresentado no filme “Tempos Modernos” de Charlie Chaplin.
©shutterstock
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E24
Na leitura complementar desta unidade, vamos relembrar alguns pontos 
acerca da Revolução Industrial, procure olhar além do fato apresentado, procure 
vivenciar a época, sentir o momento e tentar compreender a situação sentida por 
milhões de pessoas nesta fase da história, e assim entender um pouco mais sobre 
a concepção da questão social. Seu surgimento, organização e fatores que contri-
buíram para seu agravamento na realidade apresentada. Faça uma boa leitura!
Entre os anos de 1855 e 1866, houve um aumento bem significativo de 
“indigentes” na Inglaterra, esses não tinham alternativa que não fosse recorrer 
a caridade pública e acabavam se submetendo aos serviços das workhouses, as 
quais veremos mais adiante. 
Cabe ressaltar que no campo a realidade não era muito diferente que a reali-
dade da cidade. No campo se agravou a questão da fome, as mulheres e crianças 
foram os mais atingidos, já que a prioridade na alimentação era o homem, pois 
esse deveria estar bem ali-
mentado para que pudesse 
trabalhar, e o restante da 
família vinha em “segundo 
lugar”.
Quando analisamos este 
contexto de crescimento do 
empobrecimento das famí-
lias tanto do campo quanto 
da cidade, percebemos a ori-
gem do que hoje chamamos 
de questão social. 
Não esqueça que o sistema capitalista com seus crescentes conflitos de classes 
gerou o agravamento das desigualdades sociais. O que trouxe à tona a discussão 
acerca da questão social, isso se deu a partir dos problemas dos trabalhadores, 
a crescente miséria, a insatisfação com as condições sociais, as lutas por melho-
rias urbanas, estes pontos quando problematizados ganham na sociedade da 
época um caráter político.
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[...] a questão social, originalmente expressa no empobrecimento do 
trabalhador, tem suas bases reais na economia capitalista. Politicamen-
te passa a ser reconhecida como problema na medida em que os indiví-
duos empobrecidos, de forma organizada, oferecem resistência as más 
condições de existência decorrentes de sua condição de trabalhadores 
para o capital. No percurso do desenvolvimento do capitalismo atraves-
sado por lutas sociais entre capital e trabalho constituem-se respostas 
sociais mediadas ora por determinadas organizações sociais, ora pelo 
Estado, em um processo impulsionado pelo movimento de reprodução 
do capital (SANTOS; COSTA, 2006, p. 3, on-line)2.
Tudo isto gera uma grande insatisfação e, descontentamento, originando assim 
a organização dos operários, processo este que não ocorreu do dia para noite.
Sendo assim, quem interveio neste contexto foi a Igreja Católica. Com vistas 
a “recuperar” e melhorar os efeitos trágicos que caiam sobre a classe trabalha-
dora. Ela atuaria no espaço entre:
A recusa do Estado em assumi-la e a incapacidade das chamadas ‘clas-
ses inferiores’ de decidir sobre seu destino. Nesse sentido, ela lançará 
mão de um conjunto de procedimentos e estratégias de forte conteúdo 
moralizador, atuando basicamente em três níveis: [...] assistência aos 
indigentes por meio de técnicas que antecipam o trabalho social no 
sentido profissional do termo; o desenvolvimento de instituições de 
poupança e de previdência voluntária que apresentam as premissas de 
uma sociedade segurancial; a instituição da proteção patronal, garantia 
da organização racional do trabalho e, ao mesmo tempo, da paz social 
(CASTEL, 1998 p. 319).
LEI DOS POBRES
Na Inglaterra por volta do final do reinado de Elizabeth, os seus parlamentares 
da época perceberam a necessidade de melhorar a política que estava relacio-
nada ao auxílio aos mais pobres do país.
Logo, no ano de 1597, é implantada uma nova lei que ordenava que as paró-
quias nomeassem o que chamaram de “inspetores” dos pobres, esses tinham 
como função encontrar trabalho para aqueles que estivessem sem ocupação. Os 
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rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E26
inspetores dos pobres tinham ainda como tarefa a construção de “paróquias-
-abrigo”, essas deveriam contar com hospitais e asilos.
As “paróquias-abrigo” 
eram utilizadas para aco-
lher aqueles que não 
possuíam condições de 
garantir a sua própria sub-
sistência. Esse projeto era 
financiado com fundos 
públicos, dando origem ao 
que chamamos na história 
deste país (Inglaterra) de 
“bem-estar social” inglês.
No ano de 1601, todas 
as medidas, gradativamente 
sancionadas nesse sentido, foram organizadas em um estatuto que se chamou de 
Primeira Lei dos Pobres (Poor Law) mantida, basicamente, inalterada até 1834.
A Lei dos Pobres de 1601 foi estimulada pelas circunstâncias econô-
micas e pelo aumento populacional da Inglaterra em relação a épocas 
anteriores, que levou à expansão da pobreza. O homem pobre, destitu-
ído de seus direitos, não tinha trabalho, alimentação e moradia, nem 
condições para alimentar seus filhos, constituindo-se desta forma em 
um problema de ordem social (DORIGON, 2006, p. 119, on-line)4.
Conforme explanação de Dorigon (2006, on-line)4, a Lei dos Pobres era financiada 
pelo imposto fundiário, estabelecendo para quem não tinha meios de subsis-
tência, o direito à assistência social. Acontecia a partir dos seguintes princípios:
a. Obrigação de socorro aos necessitados.
b. Assistência pelo trabalho.
c. Taxa cobrada para o socorro dos pobres (poor tax).
d. Responsabilidade das paróquias pela assistência de socorros e de trabalho.
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A Lei dos Pobres foi pensada a partir do aumento da população carente no 
país, oriunda da expansão do sistema capitalista, o que afetou a estabilidade da 
ordem econômica. Claro que a lei não foi pensada somente por pura preocupa-
ção da classe dominante com os mais necessitados e afetados pelo sistema, por 
trás dessa ideia encontra-se a intenção desta classe burguesa em controlar este 
segmento da população.
Dorigon (2006, p. 64, on-line)4 diz que:
Essa lei definiu algumas estratégias: trabalho como punição para o de-
socupado e para o pobre que tinha capacidade; pagamento em dinhei-
ro, considerado uma pensão, para aqueles que não podiam trabalhar; 
proibição do auxílio ao mendigo e ao frequentador casual dos asilos, 
que buscavam auxílio apenas naquele momento.
É essencialmente na Lei dos Pobres que a medicina inglesa começa a tornar-
-se social, na medida em que o conjunto dessa legislação comportava um 
controle médico do pobre. A partir do momento em que o pobre se bene-
ficia do sistema de assistência, deve, por isso mesmo, submeter-se a vários 
controles médicos. Com a Lei dos Pobres aparece, de maneira ambígua, algo 
importante na história da medicina social: a ideia de uma assistência con-
trolada, de uma intervenção médica que é tanto uma maneira de ajudar os 
mais pobres a satisfazer suas necessidades de saúde, sua pobreza não per-
mitindo que o façam por si mesmos, quanto um controle pelo qual as clas-
ses ricas ou seus representantes no governo asseguram a saúde das classes 
pobres e, por conseguinte, a proteção das classes ricas. Um cordão sanitário 
autoritário é estendido no interior das idades entre ricos e pobres: os pobres 
encontrando a possibilidade de se tratarem gratuitamente ou sem grande 
despesa e os ricos garantindo não serem vítimas de fenômenos epidêmicos 
originários da classe pobre.
Fonte: Foucault (1982, on-line)3.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
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rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Depreende-se que a Lei visava evitar futuros problemas sociais. Tendo 
em vista o número significativo de pobres desocupados em condições 
degradantes, buscava a repressão à mendicância e à vagabundagem e a 
minimização da miséria.
Perceba que já nesta época, as iniciativas de sanar as problemáticas sociais eram 
permeadas de interesses pessoais da classe dominante, podemos imaginar que 
muitos poucos políticos da época, possuíam a real preocupação com o agrava-
mento de tais problemáticas que assolavam a vida daqueles que foram atingidos 
da pior forma pela instauração crescente do sistema capitalista, a estes não res-
tou o acompanhamento do progresso nacional, muito menos a socialização dos 
ganhos financeiros gerados por tal sistema.
Perceba que estamos discutindo neste momento o que aconteceu no século XVII. 
Hoje no século XXI, como percebemos as ações de tentativas de resolver as ques-
tões sociais em nosso país?
Logo, podemos ver a seguinte questão acerca da Lei dos Pobres (Poor Law):
Ela era, ao mesmo tempo, marcada por um sentimento de caridade 
cristã e por um violento preconceito social. A ideia de que a esmola 
é uma ação piedosa e redime os pecados levava à distribuição ampla e 
indiscriminada de ajuda: mas não excluía, absolutamente, a descon-
fiança e o temor em relação aos que recebiam. Daí as alternâncias de 
fraqueza e rigor na aplicação dessa lei: em geral, o rigor venceu. Pre-
tendiam fazer desaparecer a perigosa classe de mendigos profissionais, 
que tivera, em meados do século XVI, um desenvolvimento temível. A 
obrigatoriedade do trabalho, imposta a todos assistidos, exceto quando 
suas doenças os tornavam absolutamente incapazes, era reforçada por 
severas penalidades: chicote, no primeiro delito de vadiagem ou envio 
a casa de correção; em caso de reincidência, chicote e marca de ferro 
(MANTOUX, 1989, p. 443, on-line, grifos do autor)5.
Conforme vimos até agora, você percebeu alguma semelhança com os dias 
atuais? Alguma semelhança com o nosso país?
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Era objetivo da Lei dos Pobres eliminar os “vagabundos” e mendigos que peram-
bulavam pelas ruas. Deixava claro que a Igreja deveria administrar os auxílios 
aos necessitados, bem como realizaria o recolhimento das taxas dos locatários 
e as utilizava conforme exposta na figura a seguir:
Figura 1 - Lei dos Pobres (1601) - Utilização das taxas e sua aplicabilicadade
1. Trabalho com os órfãos.
2. Com crianças cujos pais trabalhavam e não tinham com quem 
deixá-los, muito menos cuidá-los no trabalho.
3. Aquisição de materiais para que o pobre pudesse trabalhar, 
por exemplo: lã, linho e �ador para produção. 
4. Oferta de auxílio àqueles impossibilitados de trabalhar (cegos, 
idosos, pessoas com de�ciência, entre outros casos).
5. Poderia ainda ser provido casas que serviriam de asilos ou 
poorhouses, que depois passariam a ser as Workhouses, conheci-
das como casas de correção e instrução, que tinham como 
propósito fornecer acomodação e ao mesmo tempo trabalho.
Fonte: a autora (2016).
 Segundo Dorigon (2006, p. 65, on-line)4:
A Lei dos Pobres de 1601 delegava autoridade legislativa para o estabe-
lecimento nas paróquias destas instituições, que poderiam unir duas 
ou mais igrejas que iriam organizar as casas de trabalho para abrigar os 
pobres, dar-lhes assistência, mas também ter lucros com eles, conforme 
o parágrafo primeiro da Lei dos Pobres de 1601. Todavia, embora mui-
tas igrejas buscassem ganhar mais dinheiro com o trabalho dos pobres, 
grande parte dos que se abrigavam nessas instituições eram doentes, 
idosos e crianças, cujo trabalho dava pouco lucro, o que os levava a 
fugir das suas responsabilidades.
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IU N I D A D E30
Com todas estas medidas tomadas para a redução do número de pobres no país, 
logo, questionamentos sobre a sua efetividade começaram a surgir, uma vez que 
a quantidade de ociosos aumentou significativamente. Isto de deu por volta do 
século XVIII. Bem como a atuação da Igreja também começou a ser indagada, 
mediante certos tipos de medidas tomadas, como você pode verificar a seguir:
Cada paróquia achava que só tinha que socorrer seus pobres, excluindo 
os recém-chegados, que consideravam intrusos: alias, é provável que 
algumas paróquias tenham tentado desembaraçar-se dos encargos de 
sua competência às custas de outras paróquias, mais ricas ou menos 
avaras (MANTOUX, 1989, p. 443-444, on-line)5.
Todas estas discussões 
e análises fizeram com 
que acontecesse a revi-
são e reformulação da 
Lei dos Pobres de 1601. 
Repensou-se o auxílio 
ao pobre, a sua adminis-
tração, devendo-se agora 
“ajudar” realmente e 
apenas aquele que necessi-
tasse e puniria aqueles que 
se recusassem a trabalhar. 
Intensificou-se a criação de 
instituições que visavam retirar o pobre da rua, dar-lhe educação e proporcio-
nar-lhe trabalho, para que recuperasse sua condição.
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NOVA LEI DOS POBRES (INGLATERRA - 1834)
Após os motivos explicitados acima, a Lei dos Pobres de 1601 foi reformulada e 
em 14 de agosto de 1834 foi criada a Nova Lei dos Pobres (Reinado de George 
III), e com ela, podemos perceber a situação, segundo Trindade (1998, p. 29):
A Nova Lei dos Pobres [...], um estatuto de insensibilidade incomum, 
deu aos trabalhadores (da Inglaterra) o auxílio-pobreza somente den-
tro das novas workhouses (onde tinham que se separar da mulher e 
dos filhos para desestimular o hábito sentimental e não malthusiano de 
procriação impensada)e retirou a garantia paroquial de uma manuten-
ção mínima. Nessas ocasiões em que a miséria batesse à porta, sequer 
vestígios de cidadania se preservariam: ‘[...] os indigentes abriam mão, 
na prática, do direito civil da liberdade pessoal devido ao internamento 
na casa de trabalho, e eram obrigados por lei a abrir mão de direitos 
políticos que possuíssem. Essa incapacidade permaneceu em existência 
até 1918’ (grifos do autor).
Podemos dizer que a Primeira Lei dos 
Pobres sucumbiu pelo fato de muitas 
pessoas que podiam trabalhar e que se 
negavam devido ao auxílio da Igreja, 
o que gera uma nova questão social.
Uma das funções da Nova Lei dos 
Pobres era selecionar e nomear os cha-
mados comissários, que deveriam atuar 
na administração do auxílio aos pobres 
e necessitados, conforme o que pregava 
a lei.
Os intitulados comissários tinham poder para executar regras, ordens 
e regulamentação da administração do auxílio aos pobres e, além disso, 
coordenar casas que serviriam como abrigo, a educação das crianças e 
a administração das paróquias. Desta forma, entende-se que o objetivo 
maior dessa lei era administrar o auxílio aos pobres da Inglaterra, bem 
como impedir o homem produtivo de reivindicar ajuda, prover refúgio 
para o doente e desamparado, formando um grupo para gerenciar as 
instituições que estavam sendo organizadas e executar a lei, como esta-
belece o parágrafo 15 da lei de 1834 (DORIGON, 2006, p. 67, on-line)4.
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A Lei dos Pobres de 1834 ampliava a lei dos pobres de 1601, contava com pro-
pósitos mais definidos para a administração do auxílio aos pobres e o controle 
dos gastos em todos os aspectos. Para tanto, as Workhouses foram organizadas 
para que se cumprisse os objetivos previstos na Lei e atendesse as necessidades 
da população pauperizada daquele país. No próximo tópico, veremos um pouco 
mais sobre Workhouse e suas funções.
AS WORKHOUSES
Agora, aprenderemos um pouco mais sobre as Workhouse.
As Workhouses eram grandes casas fundadas para fornecer moradia, 
trabalho e educação ao homem destituído, mas apto a desenvolver um 
ofício e ingressar na sociedade de trabalho requisitada pela indústria. 
Esta nova organização exigia uma nova concepção de trabalho, pois 
a forma como o homem se organizava na manutenção de sua vida já 
não respondia aos interesses produtivos. Tal conceito de trabalho era 
diferente do até então vigente, tendo por objetivo adaptar o trabalha-
dor às novas necessidades produtivas. Algumas das Workhouses foram 
organizadas pela união de várias igrejas para dividir melhor os custos, 
isto porque muitas cidades pequenas não tinham condições de manter 
Os comissários eram selecionados pela comissão real formada por um gru-
po de pessoas ligadas diretamente ao rei. Era função dos comissários admi-
nistrar fazendo cumprir a Lei dos Pobres de 1834, elegendo os guardiões 
para cada Workhouse, os quais cumpriram as ordens estabelecidas pela Lei. 
Os comissários deveriam de tempos em tempos vistoriar cada Workhouse e 
emitir relatórios sobre a administração geral relacionada a todos os procedi-
mentos desenvolvidos dentro de cada instituição.
Fonte: Adaptado de Dorigon (2006, p. 123, on-line)4.
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As Workhouses
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uma instituição desse porte. Outras eram construídas em terras com-
pradas pela comissão real 10 ou em prédios que correspondessem às 
exigências da lei para abrigar os que necessitavam, conforme previa o 
parágrafo 23 da Segunda Lei dos Pobres, de 1834 (DORIGON, 2006, p. 
125, on-line)4.
Pudemos perceber a partir do exposto ao longo do texto que com a Revolução 
Industrial ocorreram mudanças nas relações de trabalho; mudanças significativas 
na vida do trabalhador em virtude do processo crescente do capitalismo; houve 
avanços, mas, também se instaurou muitas dificuldades e problemas, sobretudo, 
a exploração de mão de obra do homem, da mulher e da criança.
Na medida em que os problemas sociais e econômicos se agravavam, medi-
das eram tomadas com vistas a seu enfrentamento, foram encontradas diversas 
saídas para sanar ou minimizar algumas problemáticas, dentre elas, a criação 
das Workhouses. 
As Casas de Trabalho (Workhouses) foram estabelecidas em Inglaterra 
no século XVII. Segundo a Lei dos Pobres adaptada, em 1834, só era 
admitida uma forma de ajuda aos pobres: o seu alojamento em casas de 
trabalho com um regime prisional; os operários realizavam aí trabalhos 
improdutivos, monótonos e extenuantes; estas casas de trabalho foram 
designadas pelo povo de “bastilhas para os pobres” (DICIONÁRIO..., 
on-line, grifos do autor)6.
Dentro das suas atribuições era ainda mis-
são da Workhouse atuar junto aos indivíduos 
empobrecidos e desajustados socialmente 
educando-os para o trabalho, desenvolvendo 
uma ação que auxiliasse a introduzir e/ou 
reintroduzir também a sociedade. Estes indi-
víduos (homens, mulheres crianças e idosos) 
eram tidos muitas vezes como pessoas sem 
moral, assim o trabalho da workhouse con-
templava a tarefa de torná-los novas pessoas, 
homem perante a si mesmo e a sociedade. 
De acordo com Bresciani (1986, p. 10), as 
workhouses objetivavam “transformar vaga-
bundos em trabalhadores”.
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Os espaços que onde se instalavam estas casas, muitas vezes eram alugados, e 
quando se tratava de alimentação não havia nada de excesso ou exagero, servia-
-se apenas o necessário para subsistência daquele que lá se encontrava. Devido 
a sua eficiência, por volta de 1830 havia na Inglaterra centenas de workhouses 
atuando junto à assistência ao pobre e desocupado. Contudo,
[...] as Casas de Trabalho (Workhouses) deviam ser lugares, pouco atra-
entes para que seus ocupantes procurassem sair de lá o mais rápido 
possível. Não deviam se sentir confortados em suas instalações, a vida 
em família e a boa refeição representavam privilégios, a merecida re-
compensa aos que ocupam seus dias com o trabalho produtivo. Mesmo 
a disciplina e a intensidade do trabalho lá dentro, deveriam ser sensi-
velmente mais rigorosas do que nas fábricas, de forma a atuarem como 
estímulo a busca de emprego (BRESCIANI, 1986, p. 44).
As Workhouses possuíam rotinas bem definidas, bem como procedimentos esta-
belecidos e que deveriam ser seguidos por todos 
os que lá se encontravam, por exemplo, pro-
cesso de higienização; saúde; padronização 
dos dormitórios; seguimento de uma reli-
gião; trabalhos distintos para mulheres, 
homens e idosos; educação para crianças.
Conhecer e compreender como o 
trabalho acontecia nas Workhouses é muito 
interessante, a seguir, você terá uma breve noção 
de como era operacionalizada uma destas 
instituições, acredito que você conseguirá 
fazer as devidas reflexões tanto quanto a Lei 
dos Pobres, quanto do trabalho desenvolvido pelas Workhouses. 
O exemplo que utilizaremos é o da Workhouse de St. Marylebone, de Londres, 
fundada em 1730 e que em seu início se destinava ao abrigamento apenas para 
que os pobres pernoitassem. “Com o tempo, sua abrangência foi ampliada e ela 
foi requisitada com mais intensidade, passando a abrigar em tempo integral 
homens, mulheres e crianças” (DORIGON, 2006, p. 132, on-line)4.
As Workhouses
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Na tabela, a seguir, você poderá verificar melhor como as pessoas eram aco-
lhidas, o que faziam, qual a sua rotina etc. Embora, todas as Workhouse fossem 
parecidas, a de St. Marylebone destacava-se, pela sua gestão, rigor e organização.
Tabela 1 - Como funcionava a Workhouse St. MaryleboneAO CHEGAR À 
INSTITUIÇÃO
Os “internos” passavam por um processo de higienização, 
pois devido à sua permanência nas ruas ficavam expostos 
a todos os tipos de enfermidade. Eram lavados com água 
quente e sabão, as roupas eram levadas para serem esteri-
lizadas.
UNIFORME
Enquanto estivessem na instituição, no período noturno 
usavam um “camisolão” de lã, e para o período diurno 
recebiam um uniforme, que todos deveriam usar, até 
mesmo para serem identificados e distinguidos quando 
estivessem fora da Workhouse. O uso do uniforme pelos 
internos nas Workhouses relaciona-se com a concepção 
do homem que se pretendia formar - um homem discipli-
nado, organizado, ordeiro e obediente às regras.
DORMITÓRIOS
Homens e mulheres ficavam separados. As crianças eram 
divididas em grupos de vinte e acompanhadas por quatro 
mulheres. As camas eram formadas de colchão e traves-
seiro. Nas paredes dos dormitórios havia textos bíblicos 
e os dez mandamentos, e as orações noturnas eram 
obrigatórias. Os quartos eram organizados de forma que 
as camas ficassem todas visíveis aos olhos dos guardiões, 
o que denuncia o controle da ordem a partir de uma 
disciplina severa. As inscrições bíblicas nas paredes, por 
exemplo: “Deus é bom”; “Deus é justo” e “Deus é amor” - 
apontam que esse controle também passava pela religião, 
que, em consonância com a ordem posta, exigia um 
homem moralizado.
ROTINA
O despertar ocorria às 7h, em seguida, se dirigiam ao 
refeitório e se alimentavam, sendo essa refeição conside-
rada o café da manhã. Logo, após, os internos eram en-
carregados de desenvolver diversos tipos de trabalho, na 
maioria, relacionados à manutenção da Workhouse, além 
de obterem uma aprendizagem destinada à execução de 
um ofício.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
Reprodução proibida. A
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MULHERES
Designadas para os trabalhos domésticos, na cozinha ou 
na lavanderia, ou seja, a elas era destinada a manutenção 
relacionada à higienização da Workhouse, bem como os 
cuidados com a alimentação e indumentária de todos 
que ali se instalavam. Também poderiam executar outras 
atividades, por exemplo, escolher pequenos pedaços de 
corda velha, usados para preencher buracos nas laterais 
dos navios de madeira.
HOMENS
Destinados aos trabalhos árduos, como quebrar pedras, 
moer grãos com pesados moinhos, triturar ossos para 
servirem de fertilizantes e rachar madeira. No entanto, o 
ponto axial nessas atividades era a ordem e a disciplina, 
em uma reprodução do que seria a sua vida no mundo 
das fábricas.
IDOSOS
O trabalho era mais ameno. Na maioria das vezes cabia-
-lhes a colheita de carvalho, o que não dispensava a mes-
ma prática disciplinadora adotada pela instituição, tendo 
em vista a docilização do homem, independentemente 
da sua idade.
DOENTES
Não tinham obrigação de desenvolver nenhum trabalho; 
eram encaminhados às enfermarias, onde o médico pro-
moveria todos os procedimentos, até mesmo o interna-
mento, se fosse o caso, mas sempre tendo em conta o seu 
restabelecimento para ser reintegrado ao trabalho.
Fonte: Adaptado de Dorigon (2006, p.132-140, on-line) 4.
Por fim, ainda tem nos registros que:
De 1897 a 1901, a Workhouse de St. Marylebone passou por novas orien-
tações. Foi organizado um espaço para berçário e jardim de infância. 
Homens velhos e doentes foram separados dos demais em um bloco 
exclusivo, buscando-se dessa forma uma organização mais adequada, 
para livrar crianças e homens saudáveis de possíveis contaminações.
De 1914 a 1915 essa casa recebeu outras funções: acolher os refugiados 
da Guerra Belga. De 1918 a 1921 foi utilizada como quartel de detenção 
militar, e na Primeira Guerra Mundial serviu a propósitos do exército. 
Na Segunda Guerra Mundial foi destinada a ser um centro de recreação 
para trabalhadores civis, e após a guerra serviu de abrigo para pessoas 
deslocadas e excluídas do seu continente. Em 1965, a Workhouse de St. 
Marylebone foi fechada, seus ocupantes foram enviados para outros 
lugares e, posteriormente, edificou-se no local a Escola Politécnica de 
Londres, [...]. (DORIGON, 2006, p.140, on-line)4.
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E, então, o que você achou? 
Conseguiu ter uma ideia 
de como funcionava uma 
Workhouse? Espero que 
tenha lhe auxiliado. Sendo 
assim, vamos dar continui-
dade e ver outro exemplo da 
tratativa das questões sociais.
Agora, podemos ana-
lisar muito brevemente a 
questão da assistência na 
França, percebemos a par-
tir das decisões do Barão de 
Gérando, esse apresenta uma proposta para a assistência ao “indigente”. Esta 
assistência consistia em aplicar como estratégia de ação, a doação de dona-
tivos, porém, tão ação não acontecia de maneira imediata, estabeleceu que o 
profissional responsável, por tal função deveria estar atento às condições de 
cada indivíduo e sua família, não de maneira aleatória, e sim, estando atento às 
necessidades (permanente ou provisória, ou por má-formação da moral) de tais 
pessoas necessitadas de auxílio. 
Desse modo, exercia um controle efetivo sobre o processo de seleção 
e distribuição, na medida em que utilizava a prestação da ajuda como 
instrumento de recuperação moral, submetendo o serviço de socorros 
a boa conduta do assistido. Assim, o ‘visitador do pobre’ realizava uma 
intervenção fundada em uma relação pessoal, com acompanhamento, 
onde procurava fazer um diagnóstico e solucionar os problemas indivi-
duais. Essa forma de atuação, segundo Castel, dará origem ao trabalho 
social profissionalizado. Convém ressaltar que essa maneira de abordar 
a assistência, ou seja, a corrente da scientific charity se expandirá pelos 
países anglo-saxônicos durante a segunda metade do século XIX. Nes-
sa mesma direção, segue o case work, que surge nos Estados Unidos em 
sua instituição formal no início do século XX, a partir de uma neces-
sidade de centralizar novamente a intervenção social entre o agente e 
os beneficiários. Essas constatações indicam, mesmo para pensadores 
externos ao circuito profissional do Serviço Social, evidências histó-
ricas na relação entre a questão social e as origens do Serviço Social 
(SANTOS; COSTA, 2006, p. 6, on-line, grifos do autor)2.
QUESTÃO SOCIAL NO MUNDO 
Reprodução proibida. A
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para encerrarmos esta unidade, deixo o seguinte questionamento: como o homem 
sendo um animal racional, que procura inúmeras saídas para que suas necessi-
dades sejam supridas, permitiu que a disparidade social chegasse a tal ponto? 
Quem sancionou a supremacia de uns poucos indivíduos sobre muitos, dando-
-lhes permissão para explorá-los, em nome do ganho capital? Pense nisto.
Tenha sempre presente que o mundo que temos hoje, é parte de um pro-
cesso histórico, aquilo que temos é reflexo de um passado, assim como o futuro 
será reflexo da história que construirmos hoje. Por isso é que precisamos estar 
atentos aos fatos históricos. 
O que seria do mundo sem a organização dos proletários e a Revolução 
Industrial? Todas as mobilizações, rebeliões e revoluções? Não falo, aqui, das 
mortes e opressões, das dores geradas pela violência que muitos acontecimen-
tos geraram, falo do ideal, do sonho e da luta pelos direitos. Estes despertam 
no ser humano a força intrínseca que habita em todo ser humano ameaçado.
Pudemos ainda refletir acerca da relação capital trabalho e o surgimento do 
sistema capitalista em substituição ao sistema feudal. Os avanços e dificuldades 
gerados pelo mesmo.
Tivemos a oportunidade de aprofundamos nossa ideia sobre a Revolução 
Industrial e conhecermos um pouco mais sobre as políticas de assistência na 
Inglaterra e na França. Como lidavam com os seus pobres, indigentes e desocu-
pados, as estratégias de enfrentamento dos diversos problemas sociaisda época.
Ao tratarmos da Lei dos Pobres de 1601 e 1834, pudemos ter noção de como 
a classe dominante enxergava a sociedade e suas diferenças, isto fica claro quando 
passamos a conhecer um pouco mais as Workhouses (casas de trabalho), isto 
revela que as contradições, diferença e o sentimento de “superioridade social” 
de alguns segmentos. O poder do capital sobrepunha ao valor da vida humana, 
sua dignidade e integridade.
39 
1. Antes mesmo da Revolução Industrial, a pobreza e a miséria eram cultivadas e 
utilizadas como forma de manter as desigualdades existentes e o “status quo” 
das camadas dominantes. A pobreza e os demais problemas sociais eram tra-
tados como um problema de ordem:
a. Natural, individual e moral, suas causas eram associadas à preguiça e à inca-
pacidade como características inatas aos não integrados. 
b. Natural, coletiva e amoral, suas causas eram associadas à superinteligência e 
à capacidade como características natas aos não integrados. 
c. Adquirida, individual e contagiosa, suas causas eram associadas à preguiça e 
à incapacidade como características natas aos integrados. 
d. Natural, individual e moral, suas causas eram associadas sobra de talento pes-
soal e profissional.
e. Sobrenatural, individual e legal, suas causas eram associadas à vontade plena 
de Deus.
2. Lei que se tornou referência no enfretamento das questões sociais na Inglaterra 
e acabou sendo incorporada por outros países europeus:
a. Lei Áurea.
b. Lei de Diretrizes e Bases.
c. Lei dos Pobres.
d. Leis de Bem-Estar Social. 
e. Lei dos Miseráveis.
3. Aponte, a seguir, a alternativa que não condiz com as estratégias adotadas na 
Lei dos Pobres:
a. Trabalho como punição para o desocupado e para o pobre que tinha capaci-
dade. 
b. Pagamento em dinheiro, considerado uma pensão, para aqueles que não po-
diam trabalhar.
c. Proibição do auxílio ao mendigo e ao frequentador casual dos asilos, que bus-
cavam auxílio apenas naquele momento.
40 
d. Proibição de gerar mais filhos, sendo adotado como punição para aqueles 
que não obedecessem a Lei, a entrega do filho ao Estado.
e. As formas de “proteção” assistencial na Lei dos Pobres variavam da mera dis-
tribuição de alimentos, passando pelo complemento de salários até o recolhi-
mento em asilos e reclusão nas workhouses.
4. A definição a seguir diz respeito a que instituições do século XVII: “casas correcio-
nais”, com o objetivo de atender e formar a camada aleijada da sociedade:
a. Hospitalhouse.
b. Workhouses.
c. Carhouse.
d. Horsehouse. 
e. Churchouse.
5. A proposta de uma “nova tecnologia de assistência” na França, que consistia 
em distribuir donativos aos indigentes, não de forma aleatória, mas examinan-
do cuidadosamente quais as suas necessidades (permanentes ou ocasionais)‏, 
criou um novo tipo de profissional chamado de:
a. Fiscalizador do pobre.
b. Condutor do pobre.
c. Visitador do pobre. 
d. Criador do pobre.
e. Gerenciador do pobre.
41 
Revolução Industrial  
A substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz 
e do modo de produção doméstica pelo sistema fabril constituiu a Revolução Industrial; 
revolução, em função do enorme impacto sobre a estrutura da sociedade, em um pro-
cesso de transformação acompanhado por notável evolução tecnológica.
A Revolução Industrial aconteceu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII e 
encerrou a transição entre feudalismo e capitalismo, a fase de acumulação primitiva de 
capitais e de preponderância do capital mercantil sobre a produção. Completou ainda o 
movimento da revolução burguesa iniciada na Inglaterra no século XVII.
Etapas da industrialização
Podem-se distinguir três períodos no processo de industrialização em escala mundial:
1760 a 1850 – A Revolução se restringe à Inglaterra, a “oficina do mundo”. Preponderam 
a produção de bens de consumo, especialmente têxteis, e a energia a vapor. 
1850 a 1900 – A Revolução espalha-se por Europa, América e Ásia: Bélgica, França, Ale-
manha, Estados Unidos, Itália, Japão e Rússia. Cresce a concorrência, a indústria de bens 
de produção se desenvolve, as ferrovias se expandem; surgem novas formas de energia, 
como a hidrelétrica e a derivada do petróleo. O transporte também se revoluciona, com 
a invenção da locomotiva e do barco a vapor. 
1900 até hoje – Surgem conglomerados industriais e multinacionais. A produção se au-
tomatiza; surge a produção em série; e explode a sociedade de consumo de massas, 
com a expansão dos meios de comunicação. Avançam a indústria química e eletrônica, 
a engenharia genética, a robótica. 
  
Artesanato, manufatura e maquinofatura
O artesanato, primeira forma de produção industrial, surgiu no fim da Idade Média com 
o renascimento comercial e urbano e se definia pela produção independente; o produ-
tor possuía os meios de produção: instalações, ferramentas e matéria-prima. Em casa, 
sozinho ou com a família, o artesão realizava todas as etapas da produção. 
A manufatura resultou da ampliação do consumo, que levou o artesão a aumentar a pro-
dução e o comerciante a dedicar-se à produção industrial. O manufatureiro distribuía a 
matéria-prima e o artesão trabalhava em casa, recebendo pagamento combinado. Esse 
comerciante passou a produzir. Primeiro, contratou artesãos para dar acabamento aos 
tecidos; depois, tingir; e tecer; e finalmente fiar. Surgiram fábricas, com assalariados, sem 
controle sobre o produto de seu trabalho. A produtividade aumentou por causa da divi-
são social, isto é, cada trabalhador realizava uma etapa da produção. 
Na maquinofatura, o trabalhador estava submetido ao regime de funcionamento da 
máquina e à gerência direta do empresário. Foi nesta etapa que se consolidou a Revo-
42 
lução Industrial. 
[...]
Revolução Social
A Revolução Industrial concentrou os trabalhadores em fábricas. O aspecto mais impor-
tante, que trouxe radical transformação no caráter do trabalho, foi esta separação: de 
um lado, capital e meios de produção (instalações, máquinas e matéria-prima); de outro, 
o trabalho. Os operários passaram a assalariados dos capitalistas (donos do capital). 
Uma das primeiras manifestações da Revolução foi o desenvolvimento urbano. Londres 
chegou ao milhão de habitantes em 1800. O progresso deslocou-se para o norte; cen-
tros como Manchester abrigavam massas de trabalhadores, em condições miseráveis. 
Os artesãos, acostumados a controlar o ritmo de seu trabalho, agora tinham de subme-
ter-se à disciplina da fábrica. Passaram a sofrer a concorrência de mulheres e crianças. 
Na indústria têxtil do algodão, as mulheres formavam mais de metade da massa traba-
lhadora. Crianças começavam a trabalhar aos 6 anos de idade. Não havia garantia contra 
acidente nem indenização ou pagamento de dias parados neste caso. 
A mecanização desqualificava o trabalho, o que tendia a reduzir o salário. Havia frequen-
tes paradas da produção, provocando desemprego. Nas novas condições, caíam os ren-
dimentos, contribuindo para reduzir a média de vida. Uns se entregavam ao alcoolismo. 
Outros se rebelavam contra as máquinas e as fábricas, destruídas em Lancaster (1769) 
e em Lancashire (1779). Proprietários e governo organizaram uma defesa militar para 
proteger as empresas. 
A situação difícil dos camponeses e artesãos, ainda por cima estimulados por ideias vin-
das da Revolução Francesa, levou as classes dominantes a criarem a Lei Speenhamland, 
que garantia subsistência mínima ao homem incapaz de se sustentar por não ter traba-
lho. Um imposto pago por toda a comunidade custeava tais despesas. 
Havia mais organização entre os trabalhadores especializados, como os 
penteadores de lã. Inicialmente, eles se cotizavam para pagar o enterro de 
associados; a associação passou a ter caráter reivindicatório. Assim, surgiram as 
tradeunions, os sindicatos. Gradativamente, conquistaram a proibição do traba-
lho infantil, a limitação do trabalho feminino, o direito de greve.  
Fonte: Chaves (2014, on-line)7.
Material ComplementarMATERIAL COMPLEMENTAR
Pelle: O Conquistador
O filme “Pelle – O Conquistador” se passa no século XIX, onde 
pai e filho saem da Suécia e vão para Dinamarca, pois estão em 
busca de melhores condições de vida. Começam a trabalhar 
em uma fazenda, na condição de escravos, sob condições 
precárias. O pequeno Pelle aprende a língua do país e sonha 
em busca de uma vida melhor para ele e seu pai.
Comentário: O filme retrata muito bem as mudanças 
sociais do século XIX, podendo ser percebido claramente as 
transformações advindas com a Revolução Industrial. O pai 
de Pelle tem uma atuação emocionante, como incentivador, 
contudo, se utiliza da violência física como método de educar 
o pequeno Pelle. Para ampliarmos nosso conhecimento, 
podemos utilizar vários recursos, um deles são os filmes 
cinematográficos. Logo, para refletir mais sobre a Revolução 
Industrial, você poderá assistir ao filme “Pelle: O Conquistador”.
Apresentação: Para saber mais sobre a realidade inglesa, relatos e acontecimentos abordados no 
ponto Lei dos Pobres, leia o texto: “A grande diáspora irlandesa” de Pierre Joannon, acessando ao 
link:
Disponível em: <http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/a_grande_diaspora_
irlandesa_imprimir.html>.
http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/a_grande_diaspora_irlandesa_imprimir.html
http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/a_grande_diaspora_irlandesa_imprimir.html
REFERÊNCIAS
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Paulo: Brasiliense, 1982.
_____. Lógica e dissonância: Sociedade e Trabalho: lei, ciência disciplina e resistên-
cia operária. Revista Brasileira de História. São Paulo, v.6, n.11, p.7-44, 1986.
BUARQUE, C. A questão social do século XXI. In: Congresso Luso-Afro-Brasileiro de 
Ciências Sociais, 8, 2004, Coimbra: Portugal. Anais... Coimbra: CES – FEUC, 2004.
CASTEL, R. As metamorfoses da questão social: uma crônica do salário. Petrópolis: 
Vozes, 1998. 
DIAS, R. Introdução à Sociologia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
GEDIEL, J. A. (Org.). Os caminhos do cooperativismo. Curitiba: UFPR, 2001.
SCHIMDT, B. V.; FARRET, R. L. A questão urbana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986.
SANTOS. E. P; COSTA, G. M. Questão social e desigualdade: novas formas, velhas 
raízes. Revista Ágora, n. 4, (on-line), jul 2006. Disponível em: <http://www.estudos-
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TRINDADE, J. D. de L. Anotações sobre a história social dos direitos humanos. In: São 
Paulo (Estado). Direitos Humanos: Construção da liberdade e da Igualdade. São 
Paulo: Centro de Estudos da Procuradoria Geral do Estado, 1998, p. 23-163.
REFERÊNCIA ON-LINE
1 - <http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/manifestocomunista.pdf>. Acesso 
em: 05 mai. 2016.
2 - <http://www.estudosdotrabalho.org/5RevistaRET6.pdf>. Acesso em: 05 mai. 
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3 - <http://www.nodo50.org/insurgentes/biblioteca/A_Microfisica_do_Poder_-_
Michel_Foulcault.pdf>. Acesso em: 05 mai. 2016.
4 - <http://www.ppe.uem.br/dissertacoes/2006-Nelci_Dorigon.pdf>. Acesso em: 05 
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5 - <http://www.nossaescola.com/acervop.php?idpesq=151>. Acesso em: 05 mai. 
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6 - <https://www.marxists.org/portugues/dicionario/verbetes/w/workhouses.
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7 - <http://www.culturabrasil.pro.br/revolucaoindustrial.htm>. Acesso em: 05 mai. 
2016.
http://www.estudosdotrabalho.org/5RevistaRET6.pdf
http://www.estudosdotrabalho.org/5RevistaRET6.pdf
GABARITO
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E IIPRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Retomar alguns acontecimentos históricos brasileiros que 
possibilitarão ao aluno a melhor compreensão da questão social e o 
serviço social.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ A questão social na sociedade capitalista
 ■ A questão social no processo de industrialização do Brasil
 ■ A questão social nas décadas de 20 e 30 (século XX)
Professora Esp. Daniela Sikorski
Professora Me. Maria Cristina Araújo de Brito Cunha
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), nesta unidade, trabalharemos alguns pontos relacionados à 
questão social na sociedade capitalista, trazendo elementos que auxiliarão no 
entendimento da questão social no processo de industrialização do Brasil, dando 
enfoque a questão social nas décadas de 20 e 30 (século XX).
Como eram as relações estabelecidas no Brasil nestes períodos e como se 
deu o agravamento das questões sociais, sabendo que o processo de industriali-
zação gera uma demanda excedente de mão de obra, ocasionando a competição 
e a exploração dos trabalhadores. Nesta época, consta a inexistência das leis tra-
balhistas, que vem a surgir mais tarde com objetivos principalmente de acalmar 
os ânimos exaltados dos trabalhadores, procurando evitar possíveis rebeliões e 
ameaça à classe dominante.
No campo a situação foi agravada, tanto pela exploração, quanto pelo êxodo. 
Veremos que a questão social no Brasil primeiramente era tratada como caso de 
polícia, no qual aqueles pobres, desocupados eram tidos como os principais res-
ponsáveis pela sua condição inexistiam a ideia de que os problemas sociais eram 
oriundos das contradições do sistema que se instaurava no país. 
Na era Vargas inicia-se a reflexão de outro sentido para as questões sociais, 
este passa a ser tratado como caso de política, começa-se a gerar formas de enfren-
tamento as problemáticas existentes, mas ainda não com seu sentido totalmente 
ligado a noção de direito, esta noção ainda contemplava os ideais burgueses, pois 
se sentiam ameaçados pela população vulnerabilizada. Criam-se estratégia de 
enfrentamentos, mais para sossegar os medos burgueses do que para atender a 
demanda necessitada de assistência, contudo é um começo, e, hoje, podemos 
ver o aperfeiçoamento de algumas leis e medidas trabalhistas tomadas naquela 
época, que de certa forma contribuíram para a regulação das relações trabalhis-
tas e sociais brasileiras.
Bons estudos!
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA
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A QUESTÃO SOCIAL NA SOCIEDADE CAPITALISTA
A história revela que mesmo o homem sendo um ser de relações e em constante 
evolução, foi capaz de gerar entre a sua própria espécie a segregação e divisão, 
instaurando a “verdade” de que uns “abençoados” são melhores e ”superiores” 
que outros coitados. 
O progresso econômico e social da humanidade foi capaz de produzir tam-
bém a alienação, a exploração de uns poucos sobre muitos, bem como a divisão 
desigual de bens e lucros, gerando assim as desigualdades de problemáticas 
sociais, estas questões foram sendo cada vez mais agravadas com o passar do 
tempo, crescia na mesma proporção que a industrialização e aumento do lucro. 
O avanço veio à custa daqueles que eram obrigados a vender a sua força de 
trabalho, já que esta era a única coisa que tinha a oferecer em troca do mínimo 
para garantir a sua subsistência. Alegre aquele que ainda possuía este recurso, e 
não dependia apenas da caridade alheia. 
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA
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O operário se torna mais pobre quanto mais riqueza produz, quanto 
mais aumenta a produção em poderio e em extensão. O operário con-
verte-se em mercadoria cada vez mais barata à medida que cria mais 
mercadorias. O valor crescente do mundo das coisas determina a pro-
porção direta da desvalorização do mundo dos homens. O trabalho 
produz não só mercadorias; se produz a si mesmo e ao operário como 
mercadorias; e o faz na proporção em produz às mercadorias em geral 
(MARX, 2004, p. 68).
Marx, em sua obra“O Capital” (1985), já aponta esta 
exploração do patrão sobre o empregado, aponta a reti-
rada da mais valia, com vistas à acumulação do capital; 
no qual, gradativamente, poucos vão acumulando 
muito enquanto muitos cada dia mais experenciam 
a dor da exploração, miséria e desigualdade.
A relação de exploração do trabalho vivo 
pelo capital é uma relação social de pro-
dução historicamente determinada, na 
qual os trabalhadores são despossuídos 
dos meios de produção e obrigados a 
vender sua força de trabalho. É no mer-
cado que são encontrados os capitalistas 
dispostos a comprar tal mercadoria para 
valorizá-la no processo de produção e re-
alizá-las continuamente como capital.
Quando o capitalista gasta a soma inicial de dinheiro com o objetivo 
de autovalorizar o dinheiro acumulado primitivamente, ele acaba por 
transformar os meios de produção e a capacidade de trabalho em capi-
tal. As mercadorias compradas pelo capitalista não são capital por na-
tureza ou por suas características físicas próprias; elas se tornam capital 
em relações históricas e sociais determinadas (CASTELO BRANCO, 
2006, p. 144).
Logo, podemos dizer que as relações que se estabelecem assim, desta forma desi-
gual e tão conflituosa entre o capital e o trabalho é que acabam por configurar 
as questões sociais, onde o sistema econômico se encontra.
A partir do exposto, vamos entender uma das fontes das desigualdades pre-
sentes há tempos na sociedade, aonde o valor de troca vai dando lugar ao valor de 
uso. Entendamos um pouco mais o que significa o termo mais valia, de acordo 
com Karl Marx (2003):
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A teoria marxiana da mais-valia consiste não só em perceber o trabalho 
como fonte geradora do valor, mas, principalmente, em perceber que 
existe uma dupla natureza do trabalho – concreto e abstrato – e uma 
diferença de magnitude do valor de troca e do valor de uso da força de 
trabalho, o que significa dizer que o trabalhador não recebe o valor in-
tegral da jornada de trabalho, mas tão somente uma fração da mesma. 
“O possuidor do dinheiro pagou o valor diário da força de trabalho; 
pertence-lhe, portanto, o uso dela durante o dia, o trabalho de uma 
jornada inteira. A manutenção quotidiana da força de trabalho custa 
apenas meia jornada, e o valor que sua utilização cria em um dia é o 
dobro do próprio valor-de-troca” (MARY, 2003, P.227, grifos do autor).
Além da exploração do homem pelo homem, por conta do sistema, gerando 
assim os problemas sociais, vemos também nesta relação à alienação do homem.
Procure neste momento estabelecer uma busca científica, pois esta discus-
são já foi estabelecida em outras oportunidades, em outras disciplinas, tais como 
sociologia, psicologia social, filosofia, entre outros momentos em que pudemos 
analisar a alienação advinda a partir do sistema capitalista.
Lembre-se que existem vários tipos de alienação. Ela pode ser religiosa, 
filosófica, política e sócio-econômica. Percebemos que a partir das obras mar-
xianas, inúmeras críticas à alienação, e Marx (2003) aponta que esta é revestida 
de várias formas, ou seja, a alienação social e econômica acontece por meio da: 
Figura 1 - Tipos de Alienação
1. Separação entre o homem e o trabalho que 
desempenha na sociedade, quando este o priva do 
processo de decisão de como e o quê fazer.
2. Quando o homem é apartado do produto de seu 
trabalho, quando isso acontece ele se torna impossi-
bilitado de exercer controle sobre o que é feito, sobre 
o que é resultado de seu trabalho, caracterizando 
assim a exploração. 
3. Quando o homem por meio do processo competiti-
vo se afasta de seus iguais.
Fonte: Adaptado de Marx (2003).
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA
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O sistema prega que o homem deve sempre fazer o seu máximo, alcançar o topo, 
de forma que este doe toda a sua energia e concentre todo seu potencial para que 
o lucro (que não será partilhado com ele) seja aumentado, vendo assim a lógica 
do capitalismo aumentar os lucros e reduzir as despesas. O homem acredita que 
se fizer o seu melhor, não se importando com os demais poderá ingressar na 
parte da pirâmide onde só poucos têm acesso.
É importante ter em mente que não se pode intervir junto aos problemas que 
não se conhece, para tanto é preciso conhecer a história, dialogar com os pensa-
dores e teóricos e, assim, formularmos 
nossos conceitos e ideias acerca da 
questão social, este momento sinaliza 
o início do processo de desalienação. 
Já parou para pensar nisto? Então, 
vamos continuar nossa empreitada. 
Retomar nosso estudo.
Os trabalhadores percebendo 
todo este movimento exploratório 
ligado à exploração e acumulação 
desigual de capital resolve se organi-
zar em movimentos reivindicatórios, 
movimentos de luta, buscando melhores condições de vida e trabalho, sem con-
tar na solução dos problemas sociais que se alastrava nas diversas realidades, 
tanto do campo quanto da cidade.
 Desta maneira, partindo desta nova organização que surgia na sociedade 
começa a se perceber a implantação de políticas sociais pelo mundo, por volta 
Nós teríamos alguma saída para os problemas sociais existentes em nosso 
país e no mundo? Qual seria a estratégia de ação?
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A Questão Social na Sociedade Capitalista
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do final de século XIX (Europa e Estados Unidos), e no Brasil a partir de 1930. 
Porém, devemos estar atentos para que não 
reduzamos as políticas sociais apenas ao ângulo da 
reprodução da exploração capitalista, temos ainda 
que considerar a realidade da correlação de forças 
sociais existentes, e até mesmo da contradição visí-
vel do próprio sistema. A classe trabalhadora deve 
ser vista como sujeito, como ator e protagonista, 
uma vez que buscam seus direitos, que se criem e 
se efetive as políticas sociais criadas para respon-
der a demanda surgida a partir do agravamento 
das questões sociais.
Quando falamos na ação do Estado na elabo-
ração de políticas sociais não podemos concebê-la unicamente como uma ação 
autônoma e beneficente deste, tais ações revelam muitas vezes “[...] o resultado 
de concretas, prolongadas e muitas vezes violentas demandas das classes popu-
lares” (VILAS, 1978, p. 7).
Vamos dar início a nossa reflexão acerca da questão social no Brasil, é neces-
sário que isto dê de forma tranquila, logo se algo ficar meio confuso em seu 
entendimento recorra a outras fontes de pesquisa, socialize suas dúvidas, enfim, 
não deixe isto incomodando você.
 Nosso país mesmo possuindo muitos pontos semelhantes com a história de 
outros países, nós temos que reconhecer que no Brasil não havia entre a popu-
lação a tradição de luta pelos direitos de cidadania, o Estado não tinha como 
missão administrar os bens e riquezas acumulados de maneira a distribuir entre 
seus cidadãos, como acontecia em outros países.
No Brasil, nossas políticas sociais e assim também o serviço social foram 
implantados no século XX, por volta de 1930, e as condições que isto ocorreu 
diz respeito a características muito diversas, este processo de entendimento nos 
possibilitará conhecer o passado para compreender melhor o presente, pensando 
e propondo um outro futuro, concordam?
Sendo assim, vamos avançar mais um pouco.
PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO DA QUESTÃO SOCIAL BRASILEIRA
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IIU N I D A D E54
A QUESTÃO SOCIAL NO PROCESSO DE 
INDUSTRIALIZAÇÃO DO BRASIL
De início, ao pesquisar a realidade socioeconômica do Brasil, percebemos que 
havia muitas aproximações com a realidade inglesa, explicitadas

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