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Atos Administrativos e Poderes da Administração - Comentários

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Aula 02
Questões Comentadas de Direito Administrativo p/ INSS - Técnico de Seguro Social -
2016
Professor: Herbert Almeida
Noções de Direito Administrativo ± INSS 
Técnico de Seguro Social 
Questões Comentadas 
Prof. Herbert Almeida ± Aula 02 
 
 
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AULA 2: Atos Administrativos e Poderes da 
Administração 
Sumário 
ATOS ADMINISTRATIVOS ............................................................................................................. 2 
CONCEITO ....................................................................................................................................... 2 
REQUISITOS, ELEMENTOS OU ASPECTOS DE VALIDADE ................................................................. 2 
ATRIBUTOS ...................................................................................................................................... 3 
CLASSIFICAÇÃO ............................................................................................................................... 4 
Espécies de atos administrativos .................................................................................................... 7 
Extinção dos atos administrativos .................................................................................................. 7 
Decadência administrativa ............................................................................................................ 10 
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO ................................................................................................... 27 
CONCEITO ..................................................................................................................................... 27 
DEVERES-PODERES DA ADMINISTRAÇÃO ..................................................................................... 27 
PODERES ADMINISTRATIVOS ........................................................................................................ 28 
USO E ABUSO DE PODER ............................................................................................................... 32 
QUESTÕES COMENTADAS NA AULA ............................................................................................ 49 
GABARITO ................................................................................................................................. 57 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 57 
 
Olá pessoal, tudo bem? 
Na aula de hoje, vamos estudar os seJXLQWHV� LWHQV� GR� HGLWDO�� ³5 
Poderes administrativos: poder hierárquico; poder disciplinar; 
poder regulamentar; poder de polícia; uso e abuso do poder. 6 Ato 
administrativo: validade, eficácia; atributos; extinção, 
desfazimento e sanatória; classificação, espécies e exteriorização; 
vinculação e discricionariedade.´� 
Aos estudos, aproveitem! 
 
Noções de Direito Administrativo ± INSS 
Técnico de Seguro Social 
Questões Comentadas 
Prof. Herbert Almeida ± Aula 02 
 
 
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ATOS ADMINISTRATIVOS 
 
CONCEITO 
O conceito de ato administrativo, em geral, envolve a manifestação ou declaração 
da vontade da Administração Pública, quando atua na qualidade de Poder Público, 
ou de particulares no exercício das prerrogativas públicas, com o objetivo direto 
de produzir efeitos jurídicos, tendo como finalidade o interesse público e sob 
regime jurídico de direito público. 
 REQUISITOS, ELEMENTOS OU ASPECTOS DE VALIDADE 
Representam os pressupostos de validade dos atos administrativos. 
Os autores costumam se basear no art. 2º da Lei 4.717/1965 (Lei da Ação Popular) 
para apresentar os seguintes elementos dos atos administrativos: competência; 
finalidade; forma; motivo; e objeto1. Esse é posicionamento dominante, 
prevalecente, portanto, nas bancas de concurso. 
Em rápidas palavras, podemos definir cada um desses elementos da seguinte forma: 
a) competência: poder legal conferido ao agente para o desempenho de suas 
atribuições; 
b) finalidade: o ato administrativo deve se destinar ao interesse público 
(finalidade geral) e ao objetivo diretamente previsto na lei (finalidade 
específica); 
c) forma: é o modo de exteriorização do ato; 
d) motivo: situação de fato e de direito que gera a vontade do agente que pratica 
o ato; 
e) objeto: também chamado de conteúdo, é aquilo que o ato determina, é a 
alteração no mundo jurídico que o ato se propõe a processar, ou seja, o efeito 
jurídico do ato. 
 
 
1 Nesse sentido: Meirelles (2013, p. 161); Carvalho Filho (2014, pp. 106-121); Alexandrino e Paulo (2011, p. 442). 
Noções de Direito Administrativo ± INSS 
Técnico de Seguro Social 
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Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 58 
ATRIBUTOS 
Os atributos, também chamados de características, dos atos administrativos são as 
qualidades que os diferem dos atos privados. São, portanto, as características que 
permitem afirmar que o ato se submete o ao regime jurídico de direito público. 
Apesar das divergências, existem quatro atributos dos atos administrativos: 
a) presunção de legitimidade ou veracidade; 
b) imperatividade; 
c) autoexecutoriedade; 
d) tipicidade (Maria Sylvia Zanella Di Pietro). 
Presunção de legitimidade ou veracidade 
Pela legitimidade pressupõe-se, até que se prove o contrário, que os atos foram 
editados em conformidade com a lei. A veracidade, por sua vez, significa que os fatos 
alegados pela Administração presumem-se verdadeiros. 
A presunção de veracidade, gera três consequências: 
a) enquanto não se for decretada a invalidade, os atos produzirão os seus 
efeitos e devem ser, portanto, cumpridos. Assim, enquanto a própria 
Administração ou o Poder Judiciário não invalidarem o ato, ele deverá ser 
cumprido. A Lei 8.112/1990 apresenta uma exceção, permitindo que um servidor 
deixe de cumprir uma ordem quando for manifestamente ilegal; 
b) inversão do ônus da prova: a presunção de legitimidade é relativa (iuris 
tantum), pois admite prova em contrário. Porém, a decorrência deste atributo é 
a inversão do ônus da prova, uma vez que caberá ao administrado provar a 
ilegalidade do ato administrativo; 
c) a nulidade só poderá ser decretada pelo Poder Judiciário quando houver 
pedido da pessoa: aqui, vamos apresentar os ensinamentos de Maria Sylvia 
Zanella Di Pietro2: 
[...] o Judiciário não pode apreciar ex officio a validade do ato; sabe-se que, 
em relação ao ato jurídico privado, o artigo 168 do CC determina que as 
nulidades absolutas podem ser alegadas por qualquer interessado ou pelo 
Ministério Público, quando lhe couber intervir, e devem ser pronunciados 
pelo juiz, quando conhecer do ato ou dos seus efeitos; o mesmo não ocorre 
em relação ao ato administrativo, cuja nulidade só pode ser decretada pelo 
Judiciário a pedido da pessoa interessada. 
Imperatividade 
Pela imperatividade os atos administrativos impõem obrigações a terceiros, 
independentemente de concordância. Com efeito, a imperatividade depende, sempre, 
de expressa previsão legal. 
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A imperatividade pode ser chamada de poder extroverso do Estado, significando que 
o Poder Público pode editar atos que vão além da esfera jurídicado sujeito emitente, 
adentrando na esfera jurídica de terceiros, constituindo unilateralmente obrigações. 
Autoexecutoriedade 
A autoexecutoriedade consiste na possibilidade que certos atos ensejam de imediata 
e direta execução pela Administração, sem necessidade de ordem judicial. Permite, 
inclusive, o uso da força para colocar em prática as decisões administrativas. 
O Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello não fala em autoexecutoriedade. Para o 
doutrinador, existem, na verdade, dois atributos distintos: a exigibilidade e a 
executoriedade. Pela primeira, a Administração impele o administrado por meios 
indiretos de coação. Na executoriedade, por outro lado, a Administração, por seus 
próprios meios, compele o administrado. 
Em síntese, a exigibilidade ocorre somente por meios indiretos, enquanto a 
executoriedade é mais forte, possibilitando a coação direta ou material para a 
observância da lei. 
Tipicidade 
O atributo da tipicidade é descrito na obra de Maria Sylvia Zanella Di Pietro. De acordo 
com a doutrinadora, a tipicidade é o atributo pelo qual o ato administrativo deve 
corresponder a figuras previamente definidas em lei como aptas a produzir 
determinados resultados. 
Este atributo está relacionado com o princípio da legalidade, determinando que a 
Administração só pode agir quando houver lei determinando ou autorizando. Logo, para 
cada finalidade que a Administração pretenda alcançar, deve existir um ato definido 
em lei. 
CLASSIFICAÇÃO 
Atos gerais e individuais 
Os atos gerais ou normativos são aqueles que não possuem destinatários 
determinados. Eles apresentam hipóteses genéricas de aplicação, que alcançará todos 
RV�VXMHLWRV�TXH�QHODV�VH�HQTXDGUDUHP��7HQGR�HP�YLVWD�D�³JHQHUDOLGDGH�H�DEVWUDomR´�TXH�
possuem, esses atos são também chamados de atos normativos. 
Os atos individuais ou especiais são aqueles que se dirigem a destinatários certos, 
determináveis. 
A Prof. Maria Di Pietro apresenta as seguintes 
características dos atos gerais ou normativos quando 
comparados com os individuais: 
 
2 Di Pietro, 2014, p. 208. 
Noções de Direito Administrativo ± INSS 
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a) o ato normativo não pode ser impugnado, na via judicial, diretamente pela 
pessoa lesada (somente as pessoas legitimadas no art. 103 da CF podem 
propor inconstitucionalidade de ato normativo); 
b) o ato normativo tem precedência hierárquica sobre o ato individual (por 
exemplo, existindo conflitos entre um ato individual e outro geral produzidos 
por decreto, deverá prevalecer o ato geral, pois os atos normativos 
prevalecem sobre os específicos); 
c) o ato normativo é sempre revogável; ao passo que o ato individual sofre 
uma série de limitações em que não será possível revogá-los (por exemplo, 
os atos individuais que geram direitos subjetivos a favor do administrado não 
podem ser revogados3); 
d) o ato normativo não pode ser impugnado, administrativamente, por meio 
de recursos administrativos, ao contrário do que ocorre com os atos 
individuais, que admitem recursos administrativos. 
Atos internos e externos 
Os atos internos são aqueles que se destinam a produzir efeitos no interior da 
Administração Pública, alcançando seus órgãos e agentes. 
Esses atos, em regra, não geram direitos adquiridos e podem, por conseguinte, ser 
revogados a qualquer tempo. Também não dependem de publicação oficial, bastando a 
cientificação direta aos destinatários ou a divulgação regulamentar da repartição. 
Os atos externos, por outro lado, são todos aqueles que alcançam os administrados, 
os contratantes ou, em alguns casos, os próprios servidores, provendo sobre os seus 
direitos, obrigações, negócios ou conduta perante a Administração. Esses atos devem 
ser publicados oficialmente, dado o interesse público no seu conhecimento. 
Atos de império, de gestão e de expediente 
Os atos de império são aqueles praticados com todas as prerrogativas e privilégios de 
autoridade e impostos de maneira unilateral e coercitivamente ao particular, 
independentemente de autorização judicial. 
Os atos de gestão são aqueles praticados em situação de igualdade com os 
particulares, para a conservação e desenvolvimento do patrimônio público e para a 
gestão de seus serviços. São atos desempenhados para a administração dos serviços 
públicos. É o tipo de ato que se iguala com o Direito Privado e, por conseguinte, devem 
ser enquadrados no grupo de atos da administração e não propriamente nos atos 
administrativos. 
 
3 Nesse sentido, a Súmula 473 do STF determina que a revogação dos atos administrativos deve respeitar os 
direitos adquiridos. 
Noções de Direito Administrativo ± INSS 
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Por fim, os atos de expediente são atos internos da Administração Pública que se 
destinam a dar andamentos aos processos e papéis que se realizam no interior das 
repartições públicas. Caracterizam-se pela ausência de conteúdo decisório, pelo trâmite 
rotineiro de atividades realizadas nas entidades e órgãos públicos. 
Atos vinculados e discricionários 
Os atos vinculados são aqueles praticados sem margem de liberdade de decisão, uma 
vez que a lei determinou, o único comportamento possível a ser obrigatoriamente 
adotado é sempre aquele em que se configure a situação objetiva prevista na lei4. 
Os atos discricionários, por outro lado, ocorrem quando a lei deixa uma margem de 
liberdade para o agente público. Enquanto nos atos vinculados todos os requisitos do 
ato estão rigidamente previstos (competência, finalidade, forma, motivo e objeto), nos 
atos discricionários há margem para que o agente faça a valoração do motivo e a 
escolha do objeto, conforme o seu juízo de conveniência e oportunidade. 
Simples, complexo e composto 
O ato simples é que aquele que resulta da manifestação de vontade de um único órgão, 
seja ele unipessoal ou colegiado. Não importa o número de agentes que participa do 
ato, mas sim que se trate de uma vontade unitária. Dessa forma, será ato administrativo 
simples tanto o despacho de um chefe de seção como a decisão de um conselho de 
contribuintes. 
O ato complexo, por sua vez, é o que necessita da conjugação de vontade de dois ou 
mais diferentes órgãos ou autoridades. Apesar da conjugação de vontades, trata-se de 
ato único. 
Por fim, o ato composto é aquele produzido pela manifestação de vontade de apenas 
um órgão da Administração, mas que depende de outro ato que o aprove para produzir 
seus efeitos jurídicos (condição de exequibilidade). 
Assim, no ato composto teremos dois atos: o principal e o acessório ou 
instrumental. Essa é uma diferença importante, pois o ato complexo é um único ato, 
mas que depende da manifestação de vontade de mais de um órgão administrativo; 
enquanto o ato composto é formado por dois atos. 
Cumpre frisar que o ato acessório pode ser prévio (funcionando como uma autorização) 
ou posterior (com a função de dar eficácia ou exequibilidade ao ato principal). 
Válido, nulo, anulável e inexistente 
O ato válido é aquele praticado com observância de todos os requisitos legais, relativos 
à competência, à forma, à finalidade, ao motivo e ao objeto. 
O ato nulo, ao contrário, é aquele que sofre de vício insanável em algum dos seus 
requisitos de validade, não sendo possível, portanto, a sua correção. Logo, ele será 
anulado por ato da Administração ou do Poder Judiciário.4 Alexandrino e Paulo, 2011, pp. 420-421. 
Noções de Direito Administrativo ± INSS 
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O ato anulável, por sua vez, é aquele que apresenta algum vício sanável, ou seja, que 
é passível de convalidação pela própria Administração, desde que não seja lesivo ao 
patrimônio público nem cause prejuízos a terceiros. 
Por fim, o ato inexistente é aquele que possui apenas aparência de manifestação de 
vontade da Administração, mas não chega a se aperfeiçoar como ato administrativo. 
Além disso, Celso Antônio Bandeira de Mello também considera como ato inexistente 
aqueles juridicamente impossíveis, como a ordem para que um agente cometa um 
crime. 
Espécies de atos administrativos 
a) atos negociais: são aqueles em que a manifestação de vontade da Administração 
coincide com determinado interesse particular, são atos em que não se faz 
presente a imperatividade ou autoexecutoriedade do particular; 
b) atos enunciativos: é o ato pelo qual a Administração declara um fato ou profere 
uma opinião, sem que tal manifestação, por si só, produza consequências 
jurídicas; 
c) atos punitivos: são os atos pelos quais a Administração aplica sanções aos seus 
agentes e aos administrados em decorrência de ilícitos administrativos; 
d) atos normativos: são os atos gerais e abstratos. Um ato administrativo geral 
é aquele que têm destinatários indeterminados, como a portaria que dispõe 
sobre o horário de funcionamento de um órgão público ± ela se aplica a todas as 
pessoas que tiverem interesse em se deslocar ao órgão. O ato abstrato é aquele 
que se aplica a uma situação hipotética; 
e) atos ordinários: são atos administrativos internos, destinados a estabelecer 
normas de conduta para os agentes públicos, sem causar efeitos externos é esfera 
administrativa. Decorrem do poder hierárquico. 
Extinção dos atos administrativos 
Anulação 
A anulação, também chamada de invalidação, é o desfazimento do ato administrativo 
em virtude de ilegalidade. 
Como a ilegalidade atinge desde a origem do ato, a sua invalidação possui efeitos 
retroativos (ex tunc). 
Além disso, a anulação dos atos administrativos é um poder-dever da Administração, 
podendo realizá-la diretamente, por meio de seu poder de autotutela já consagrada nas 
V~PXODV�����H�����GR�67)��'H�DFRUGR�FRP�D�SULPHLUD��³A Administração Pública pode 
declarar a nulidade dos seus próprios atos´�H��SHOD�VHJXQGD��³$�Administração pode 
anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, 
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência 
Noções de Direito Administrativo ± INSS 
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ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a 
DSUHFLDomR�MXGLFLDO´� 
A anulação também pode ser realizada pelo Poder Judiciário por meio da devida ação 
com essa finalidade. 
Em regra, a anulação é obrigação da Administração, ou seja, constatada a ilegalidade, 
o agente público deve promover a anulação do ato administrativo. Todavia, a doutrina 
entende que é possível deixar de anular um ato quando os prejuízos da anulação foram 
maiores que a sua manutenção. Além disso, há casos em que a segurança jurídica e a 
boa-fé fundamentam a manutenção do ato. 
Sempre que existir a anulação de um ato, devem ser resguardados os efeitos já 
produzidos em relação aos terceiros de boa-fé. Não se trata de direito adquirido, uma 
vez que não se adquire direito de um ato ilegal. Porém, os efeitos já produzidos, 
mas que afetaram terceiros de boa-fé, não devem ser invalidados. 
Convalidação 
$� FRQYDOLGDomR� UHSUHVHQWD� D� SRVVLELOLGDGH� GH� ³FRUULJLU´� RX� ³UHJXODUL]DU´� XP� DWR�
administrativo, possuindo efeitos retroativos (ex tunc). Assim, a convalidação tem por 
objetivo manter os efeitos já produzidos pelo ato e permitir que ele permaneça no 
mundo jurídico. 
São quatro condições para a convalidação de um ato segundo a Lei 9.784/1999: (1) 
que isso não acarrete lesão ao interesse público; (2) que não cause prejuízo a terceiros; 
���� TXH� RV� GHIHLWRV� GRV� DWRV� VHMDP� VDQiYHLV�� ���� GHFLVmR� GLVFULFLRQiULD� �³SRGHUmR´��
acerca da conveniência e oportunidade de convalidar o ato (no lugar de anulá-lo). 
Existem apenas dois tipos de vícios considerados sanáveis: 
a) vício decorrente da competência (desde que não se trate de competência 
exclusiva) ± se o subordinado, sem delegação, praticar um ato que era de 
competência não exclusiva de seu superior, será possível convalidar o ato; 
b) vício decorrente da forma (desde que não se trata de forma essencial) ± por 
exemplo, se, para punir um agente, a lei determina a motivação, a sua ausência 
constitui vício de forma essencial, insanável portanto. Porém, quando o agente 
determina a realização de um serviço por meio de portaria, quando deveria fazê-
lo por ordem de serviço, não se trata de forma essencial e, por conseguinte, é 
possível convalidar o ato. 
A convalidação pode abranger atos discricionários e vinculados, pois não se trata de 
controle de mérito, mas tão somente de legalidade. 
Revogação 
A revogação é a supressão de um ato administrativo válido e discricionário por motivo 
de interesse público superveniente, que o tornou inconveniente ou inoportuno5. Trata-
 
5 Barchet, 2008. 
Noções de Direito Administrativo ± INSS 
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se, portanto, da extinção de um ato administrativo por conveniência e oportunidade da 
Administração. 
Na revogação não há ilegalidade. Por isso, o Poder Judiciário6 não pode revogar um ato 
praticado pela Administração. Também em virtude da legalidade do ato, a revogação 
possui efeitos ex nunc (a partir de agora). Isso quer dizer que seus efeitos não 
retroagem. Tudo que foi realizado até a data da revogação permanece válido. 
Nem todo ato administrativo é passível de revogação, existindo diversas limitações, 
conforme ensina a doutrina. 
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, não são 
passíveis de revogação: 
a) atos vinculados: precisamente porque não se fala em conveniência e 
oportunidade no momento da edição do ato e, por conseguinte, também não 
se falará na hora de sua revogação; 
b) atos que exauriram os seus efeitos: como a revogação não retroage, mas 
apenas impede que o ato continue a produzir efeitos, se o ato já se exauriu, 
não há mais que falar em revogação. Por exemplo, se a Administração 
concedeu uma licença ao agente público para tratar de interesses 
particulares, após o término do prazo da licença, não se poderá mais revogá-
la, pois seus efeitos já exauriram; 
c) quando já se exauriu a competência relativamente ao objeto do ato: 
suponha que o administrado tenha recorrido de um ato administrativo e que 
o recurso já esteja sob apreciação da autoridade superior, a autoridade que 
praticou o ato deixou de ser competente para revogá-lo; 
d) os meros atos administrativos: como as certidões, atestados, votos, porque 
os efeitos deles decorrentes são estabelecidos em lei; 
e) atos que integram um procedimento: a cada novo ato ocorre a preclusão com 
relação ao ato anterior. Ou seja, ultrapassada uma fase do procedimento, não 
se pode mais revogar a anterior; 
f) atos que geram direito adquirido: isso consta expressamente na Súmula 473 
do STF.6 O Poder Judiciário poderá revogar os seus próprios atos quando atuar no exercício da função atípica de 
administrar. 
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Cassação 
A cassação é o desfazimento de um ato válido em virtude de descumprimento pelo 
beneficiário das condições que deveria manter, ou seja, ocorre quando o administrado 
comete alguma falta. Funciona, na verdade, como uma sanção contra o administrado 
por descumprir alguma condição necessária para usufruir de um benefício. 
Caducidade 
A caducidade é a forma de extinção do ato administrativo em decorrência de invalidade 
ou ilegalidade superveniente. Assim, a caducidade ocorre quando uma legislação 
nova ± ou seja, que surgiu após a prática do ato ± torna-o inválido. 
Decadência administrativa 
A lei 9.784/1999 admite uma hipótese de convalidação que não é propriamente um 
³DWR´�� mas sim uma omissão da administração que impede, após um lapso 
temporal, a invalidação do ato administrativo. 
Segundo a LHL� ����������� �DUW�� ����� ³O direito da Administração de anular os atos 
administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco 
anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé´� 
Trata-se de prazo decadencial, ou seja, que não admite interrupções nem 
suspensões. A interrupção se refere à inutilização do tempo já transcorrido, ou seja, 
quando se interrompe um prazo, dever-se-á reiniciar a sua contagem. A suspensão, por 
sua vez, trata da suspensão temporária da contagem do tempo, porém, cessado o 
motivo da suspensão, continua-se contando de onde parou. 
Vamos as questões. 
1. (Cespe ± ATA/MIN/2013) A construção de uma ponte pela administração pública 
caracteriza um fato administrativo, pois constitui uma atividade pública material em 
cumprimento de alguma decisão administrativa. 
Comentário: este é um tema bem controverso, uma vez que os principais 
doutrinadores apresentam conceitos diferentes para fato administrativo. 
Em uma primeira análise, o fato administrativo tem o sentido de atividade 
material no exercício da função administrativa, que visa a efeitos de ordem 
prática para a Administração. São exemplos a apreensão de mercadorias, a 
dispersão de manifestantes, a limpeza de uma rua. Assim, muitas vezes teremos 
o fato administrativo como a operação material de um ato administrativo. 
Numa segunda definição, apresentada por Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, 
os fatos administrativos são quaisquer atuações da Administração que 
produzam efeitos jurídicos, sem que esta seja a sua finalidade imediata. Essas 
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atuações não correspondem a uma manifestação de vontade da Administração, 
porém trazem consequências jurídicas. 
Os autores citam como exemplo a colisão de um veículo oficial da 
Administração Pública dirigido por um agente público, nesta qualidade, e um 
veículo particular. No caso, a colisão resultou de uma atuação administrativa e 
produzirá efeitos jurídicos, porém não se trata de ato administrativo, pois não 
ocorreu uma manifestação de vontade com a finalidade de produzir efeitos 
jurídicos. Logo, trata-se de um fato administrativo. 
Uma terceira aplicação vem dos ensinamentos de Maria Sylvia Zanella Di Pietro. 
Segundo a doutrinadora, o ato é sempre imputável ao homem, enquanto o fato 
decorre de acontecimentos naturais, que independem do homem ou dele 
dependem apenas indiretamente. Um exemplo de fato é a morte, que é algo 
natural7. 
Quando um fato corresponde a algum efeito contido em norma legal, ele é um 
fato jurídico, pois produz efeitos no Direito. Se este fato produzir efeito no 
Direito Administrativo, trata-se de um fato administrativo. A morte de um 
servidor é um fato administrativo, pois tem como efeito a vacância do cargo. 
Dessa forma, Maria Di Pietro só considera como fato administrativo o evento da 
natureza cuja norma legal preveja algum efeito para o Direito Administrativo. 
Ainda segundo a autora, se o fato não produz efeitos jurídicos no Direito 
Administrativo, ele será um fato da administração. 
$VVLP�� HPERUD� VHMDP� YiULRV� ³FDPLQKRV´�� R� TXH� QRV� LQWHUHVVD� p� R�
posicionamento do Cespe e, segundo o entendimento da banca, em que pese 
alguns doutrinadores trabalhem de forma distinta, o fato administrativo 
constitui uma atividade pública material em cumprimento de alguma decisão 
administrativa. 
Portanto, correta a assertiva. 
Gabarito: correto. 
2. (Cespe ± ATA/MIN/2013) Todos os atos da administração pública que produzem 
efeitos jurídicos são considerados atos administrativos, ainda que sejam regidos pelo 
direito privado. 
Comentário: o ato administrativo só ocorre quando a Administração Pública ou 
os particulares estejam atuando com o fim de atender a uma finalidade pública. 
Neste caso, é necessário que eles estejam investidos das prerrogativas do 
regime-jurídico administrativo, agindo em situação de verticalidade perante o 
 
7 Di Pietro, 2014. 
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administrado. Por conseguinte, como o ato administrativo ocorre no exercício 
das funções públicas, eles são executados com predomínio do direito público. 
Desse modo, nem todos os atos da administração que produzem efeitos 
jurídicos são atos administrativos, mas somente aqueles regidos pelo direito 
público. 
Gabarito: errado. 
3. (Cespe ± AJ/TRT 10/2013) Os fatos administrativos não produzem efeitos 
jurídicos, motivo pelo qual não são enquadrados no conceito de ato administrativo. 
Comentário: os fatos administrativos causam efeitos jurídicos, mas, 
diferentemente dos atos administrativos, independem do homem. 
Gabarito: errado. 
4. (Cespe ± AJ/TJDFT/2013) A designação de ato administrativo abrange toda 
atividade desempenhada pela administração. 
Comentário: a doutrina menciona a diferença entre atos da Administração e 
atos administrativos. Estes últimos são apenas os atos realizados pela 
Administração em posição de superioridade perante os particulares, ou seja, 
são apenas os atos realizados sob regime jurídico de direito público. Os atos 
da Administração, por outro lado, são os atos que não se revestem do regime 
jurídico administrativo, ou seja, são atos de Direito Privado, em que há 
igualdade entre as partes. Por exemplo, quando a Administração emite um 
cheque ela não realiza um ato administrativo, mas um ato da Administração, 
uma vez que não existe superioridade nesse tipo de ato. Nessa perspectiva, 
atos administrativos são aqueles realizados sob Direito Público (superioridade), 
enquanto os atos da Administração são regidos pelo Direito Privado 
(horizontalidade). 
Cabe alertar, no entanto, que alguns doutrinadores referem-se aos atos da 
Administração para designar qualquer ato formalizado pela Administração 
Pública. Assim, os atos da Administração são gênero que abrangem: (a) os atos 
administrativos; (b) os atos de direito privado; (c) os atos políticos; (d) os atos 
normativos; (e) os atos materiais (fato administrativo); etc. 
Portanto, são os atos da Administração que abrangem toda atividade 
desempenhada pela Administração. Logo, o item está errado. 
Gabarito: errado. 
5. (Cespe ± ATA/MIN/2013) Quando o juiz de direito prolatauma sentença, nada 
mais faz do que praticar um ato administrativo. 
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Comentário: quando um juiz prolata uma sentença, na verdade, ele está 
exercendo um ato judicial, por ser um ato típico da função jurisdicional. Esse é 
o erro da questão. 
Hely Lopes Meirelles informa que existem três categorias de atos na atividade 
pública em geral: (a) atos legislativos; (b) atos judiciais; e (c) atos 
administrativos. A decisão do juiz enquadrou-se na categoria de ato judicial. 
Gabarito: errado. 
6. (Cespe - AA/IBAMA/2013) Ato administrativo corresponde, conceitualmente, a 
manifestação unilateral de vontade do Poder Executivo, com efeito jurídico imediato, 
exarada sob o regime jurídico de direito público. 
Comentário: o ato administrativo é a manifestação unilateral da vontade da 
Administração Pública com o objetivo direto de produzir efeitos jurídicos, tendo 
como finalidade o interesse público e sob regime jurídico de direito público. 
Gabarito: errado. 
7. (Cespe - Ana/BACEN/2013) Para concretizar a desapropriação de um imóvel, a 
administração toma providência para tomar a posse desse imóvel, situação que 
constitui exemplo de fato administrativo. 
Comentário: a situação apresentada constitui um fato administrativo decorrente 
de um ato administrativo (operação material do ato administrativo). Dessa 
forma, após o Estado manifestar a sua vontade, ele poderá cumprir o seu dever 
e executar a desapropriação. 
Gabarito: correto. 
8. (Cespe - AnaTA/MIN/2013) A pavimentação de uma rua pela administração 
pública municipal representa um fato administrativo, atividade decorrente do exercício 
da função administrativa, que pode originar-se de um ato administrativo. 
Comentário: é isso ai. O fato administrativo tem o sentido de atividade material 
no exercício da função administrativa. Assim, a pavimentação de uma rua se 
enquadra na categoria de fato administrativo. 
Gabarito: correto. 
9. (Cespe ± Escrivão/PC-BA/2013) O contrato de financiamento ou mútuo firmado 
pelo Estado constitui ato de direito privado, não sendo, portanto, considerado ato 
administrativo. 
Comentário: um contrato de financiamento ou mútuo firmado pelo Estado é 
regido pelas normas de direito privado. Neste caso, o Estado está atuando em 
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situação de igualdade perante o administrado. Dessa forma, é apenas um ato 
da administração, mas não é um ato administrativo. 
Gabarito: correto. 
10. (Cespe ± DP-DF/2013) A edição de atos administrativos é exclusiva dos órgãos 
do Poder Executivo, não tendo as autoridades dos demais poderes competência para 
editá-los. 
Comentário: da mesma forma que o Poder Executivo, os demais poderes 
também realizam atos administrativos. A nomeação de um servidor, por 
exemplo, pode ocorrer em qualquer um dos poderes e é um exemplo de ato 
administrativo. 
Gabarito: errado. 
11. (Cespe ± Admin/SUFRAMA/2014) Caso a administração seja suscitada a se 
manifestar acerca da construção de um condomínio em área supostamente irregular, 
mas se tenha mantida inerte, essa ausência de manifestação da administração será 
considerada ato administrativo e produzirá efeitos jurídicos, independentemente de 
lei ou decisão judicial. 
Comentário: partindo dos ensinamentos de Bandeira de Mello e de Carvalho 
Filho, o silêncio administrativo, isto é, a omissão da Administração quando lhe 
incumbe o dever de se pronunciar, quando possuir algum efeito jurídico, não 
poderá ser considerado ato jurídico e, portanto, também não é ato 
administrativo. Dessa forma, os autores consideram o silêncio como um fato 
jurídico administrativo. 
Ademais, os efeitos do silêncio dependem do que está previsto na lei. Assim, 
existem hipóteses em que a lei descreve as consequências da omissão da 
Administração e outros em que não há qualquer referência ao efeito decorrente 
do silêncio. 
No primeiro caso ± quando a lei descrever os efeitos do silêncio ±, poderá existir 
duas situações: 1º) a lei prescreve que o silêncio significa manifestação positiva 
(anuência tácita); 2º) a lei dispõe que a omissão significa manifestação 
denegatória, ou seja, considera que o pedido foi negado. 
Porém, o certo é que, na maior parte dos casos, as leis sequer dispõem sobre 
as consequências da omissão administrativa. O silêncio administrativo, quando 
não há previsão legal de suas consequências, não possui efeitos jurídicos, 
sendo necessário recorrer a outras instâncias, como o Poder Judiciário, para 
que o juiz conceda o direito ou determine que a Administração se manifeste. 
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Em resumo, devemos entender que a omissão só possui efeitos jurídicos 
quando a lei assim dispuser (negando ou concedendo o pedido). Caso não haja 
previsão legal das consequências, o silêncio não possuirá efeitos jurídicos. 
Ou seja, a ausência de manifestação da administração representa um silêncio 
administrativo, que não é considerado ato administrativo pela doutrina 
majoritária. Ademais, o silêncio só possuirá efeitos quando a lei determinar. Daí 
o erro da questão. 
Gabarito: errado. 
12. (Cespe ± ATA/MIN/2013) O silêncio administrativo, que consiste na ausência de 
manifestação da administração pública em situações em que ela deveria se 
pronunciar, somente produzirá efeitos jurídicos se a lei os previr. 
Comentário: o silêncio administrativo só possui efeitos jurídicos quando a lei 
determinar. Nesse caso, a norma deverá esclarecer se a omissão possui efeito 
positivo (anuência tácita) ou negativo (omissão denegatória). 
Gabarito: correto. 
13. (Cespe ± Procurador/Bacen/2013 ± adaptada) Quando a lei estabelece que o 
decurso do prazo sem a manifestação da administração pública implica aprovação de 
determinada pretensão, o silêncio administrativo configura aceitação tácita, hipótese 
em que é desnecessária a apresentação de motivação pela administração pública 
para a referida aprovação. 
Comentário: existência situações em que a ausência de manifestação da 
Administração, dentro do prazo previsto na norma (decurso do prazo), significa 
que a pretensão (o pedido do administrado) foi concedida (aceitação tácita). Um 
exemplo é o art. 12, § 1º, II, da Lei nº 10.522/2000, em que a ausência de 
pronunciamento em até 90 dias sobre o pedido de parcelamento junto à Receita 
Federal, será considerada como deferimento do pedido. 
Nesses casos, como sequer houve manifestação, por óbvio não existirá 
necessidade de motivação (apresentação dos motivos). Logo, o item está 
correto. 
Gabarito: correto. 
14. (Cespe ± Auditor/TCE-ES/2012) O silêncio administrativo consiste na ausência 
de manifestação da administração nos casos em que ela deveria manifestar-se. Se a 
lei não atribuir efeito jurídico em razão da ausência de pronunciamento, o silêncio 
administrativo não pode sequer ser considerado ato administrativo. 
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Comentário: começamos pela parte conceitual. Segundo Carvalho Filho, o 
VLOrQFLR� DGPLQLVWUDWLYR� p� D� ³RPLVVmR� GD� $GPLQLVWUDomR� TXDQGR�OKH� LQFXPEH�
PDQLIHVWDomR� GH� FDUiWHU� FRPLVVLYR´�� /RJR�� WUDWD-se da ausência de 
manifestação quando, na verdade, a Administração deveria ter se manifestado. 
Celso Antônio Bandeira de Mello e José dos Santos Carvalho Filho não 
consideram o silêncio como ato administrativo, os autores destacam que se 
trata de fato jurídico administrativo. 
Marçal Filho, por outro lado, dispõe que o silêncio, quando significar 
manifestação de vontade da Administração, ou seja, quando a lei dispuser os 
efeitos dele decorrente, poderá ser considerado ato administrativo. 
Não dá para extrair o entendimento da banca nesse caso, pois ela não afirmou 
FDWHJRULFDPHQWH� TXH� ³o silêncio administrativo será considerado ato 
administrativo quando a lei dispuser os seus efeitos´�� 3RUpP�� R� IDWR� p� TXH��
sempre que a lei não dispuser sobre os efeitos, o silêncio não será ato 
administrativo. Assim, o item está correto. 
Gabarito: correto. 
15. (Cespe ± Notários/TJDFT/2008) O silêncio administrativo não significa 
ocorrência do ato administrativo ante a ausência da manifestação formal de vontade, 
quando não há lei dispondo acerca das conseqüências jurídicas da omissão da 
administração. 
Comentário: entendimento semelhante ao anterior. A banca fugiu da polêmica, 
dispondo apenas que, quando a lei não dispuser sobre os efeitos jurídicos, o 
silêncio administrativo não significa ocorrência de ato administrativo. Assim, 
mais um item correto. 
Gabarito: correto. 
16. (Cespe ± AJ/TRT-10/2013) Consoante a doutrina, são requisitos ou elementos 
do ato administrativo a competência, o objeto, a forma, o motivo e a finalidade. 
Comentário: a doutrina utiliza diversos termos para designar este ponto da 
nossa aula. Marçal Justen Filho se refere aos aspectos dos atos 
administrativos; Maria Sylvia Zanella Di Pietro prefere falar em elementos; por 
fim, Hely Lopes Meirelles utiliza a designação de requisitos dos atos 
administrativos. 
Independentemente da nomenclatura utilizada, o que os autores querem se 
referir com estes termos é sobre os pressupostos de validade dos atos 
administrativos. 
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Os autores costumam se basear no art. 2º da Lei 4.717/19658 (Lei da Ação 
Popular) para apresentar os seguintes elementos dos atos administrativos: 
competência; finalidade; forma; motivo; e objeto9. 
Assim, já sabemos que nosso gabarito é correto. 
Apenas para complemento, em rápidas palavras, podemos definir cada um 
desses elementos da seguinte forma: 
ƒ competência: poder legal conferido ao agente para o desempenho de 
suas atribuições; 
ƒ finalidade: o ato administrativo deve se destinar ao interesse público 
(finalidade geral) e ao objetivo diretamente previsto na lei (finalidade 
específica); 
ƒ forma: é o modo de exteriorização do ato; 
ƒ motivo: situação de fato e de direito que gera a vontade do agente que 
pratica o ato; 
ƒ objeto: também chamado de conteúdo, é aquilo que o ato determina, é a 
alteração no mundo jurídico que o ato se propõe a processar, ou seja, o 
efeito jurídico do ato. 
Gabarito: correto. 
17. (Cespe - AnaTA MJ/2013) O motivo do ato administrativo não se confunde com 
a motivação estabelecida pela autoridade administrativa. A motivação é a exposição 
dos motivos e integra a formalização do ato. O motivo é a situação subjetiva e 
psicológica que corresponde à vontade do agente público. 
Comentário: o motivo, também chamado de causa, é a situação de direito ou de 
fato que determina ou autoriza a realização do ato administrativo. O 
pressuposto de direito do ato é o conjunto de requisitos previsto na norma 
jurídica (o que a lei determina que deva ocorrer para o ato ser realizado). O 
pressuposto de fato é a concretização do pressuposto de direito. Assim, o 
pressuposto de direito é encontrado na norma, enquanto o pressuposto de fato 
p�D�RFRUUrQFLD�QR�³PXQGR�UHDO´� 
Quanto a motivação, essa se refere à exposição ou declaração por escrito do 
motivo da realização do ato. 
Retornando ao enunciado, o item começa muito bem, porém o motivo é o 
pressuposto de fato e de direito que determina ou autoriza a realização do ato 
 
8 
9 Nesse sentido: Meirelles (2013, p. 161); Carvalho Filho (2014, pp. 106-121); Alexandrino e Paulo (2011, p. 442). 
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administrativo, não se trata se uma situação subjetiva ou psicológica. Esse é o 
erro da questão. 
Gabarito: errado. 
18. (Cespe - Tec/BACEN/2013) Define-se o requisito denominado motivação como 
o poder legal conferido ao agente público para o desempenho específico das 
atribuições de seu cargo. 
Comentário: a definição de motivação se refere à exposição ou declaração por 
escrito do motivo da realização do ato. 
O que foi apresentado na assertiva não corresponde à motivação, mas sim à 
competência. 
Gabarito: errado. 
19. (Cespe ± Agente Administrativo/DPF/2014) Há presunção de legitimidade e 
veracidade nos atos praticados pela administração durante processo de licitação. 
Comentário: a presunção de legitimidade e veracidade é uma das quatro 
características dos atos administrativos. Além dela, temos ainda a 
imperatividade, a autoexecutoriedade e a tipicidade. 
Vamos aproveitar o momento para determinar cada uma dessas características: 
ƒ presunção de legitimidade e veracidade: por esse atributo os atos 
administrativos pressupõem-se em conformidade com a lei e 
verdadeiros, até que se prove o contrário; 
ƒ imperatividade: pelo atributo da imperatividade, a Administração, através 
de atos administrativos, impõe obrigações a terceiros, 
independentemente de concordância; 
ƒ autoexecutoriedade: consiste na possibilidade que certos atos ensejam 
de imediata e direta execução pela Administração, sem necessidade de 
ordem judicial. Permite, inclusive, o uso da força para colocar em prática 
as decisões administrativas; 
ƒ tipicidade: atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a 
figuras previamente definidas em lei como aptas a produzir determinados 
resultados. 
Gabarito: correto. 
20. (Cespe ± AA/Anac/2012) O atributo da presunção de legitimidade é o que 
autoriza a ação imediata e direta da administração pública nas situações que exijam 
medida urgente. 
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Comentário: a afirmação contida na assertiva versa sobre o atributo da 
autoexecutoriedade. 
A presunção de legitimidade, por sua vez, se refere à conformação do ato com 
a lei, enquanto que a veracidade afirma que os fatos alegados pela 
Administração presumem-se verdadeiros. 
Gabarito: errado. 
21. (Cespe - AAmb/IBAMA/2013) O IBAMA multou e interditou uma fábrica de 
solventes que, apesar de já ter sido advertida, insistia em dispensar resíduos tóxicos 
em um rio próximo a suas instalações. Contra esse ato a empresa impetrou mandado 
de segurança, alegando que a autoridade administrativa não dispunha de poderes 
para impedir o funcionamento da fábrica, por ser esta detentora de alvará de 
funcionamento, devendo a interdição ter sido requerida ao Poder Judiciário. 
Em face dessa situação hipotética, julgue o item seguinte. 
Um dos atributos do ato administrativo executado pelo IBAMA na situação em questão 
é o da autoexecutoriedade,que possibilita ao poder público obrigar, direta e 
materialmente, terceiro a cumprir obrigação imposta por ato administrativo, sem a 
necessidade de prévia intervenção judicial. 
Comentário: perfeito! A autoexecutoriedade consiste na possibilidade que 
certos atos ensejam de imediata e direta execução pela Administração, sem 
necessidade de ordem judicial. Existe, inclusive, a possibilidade de uso da força 
para que as decisões sejam estabelecidas. 
Gabarito: correto. 
22. (Cespe - AJ/TRT 10/2013) Em razão da característica da autoexecutoriedade, a 
cobrança de multa aplicada pela administração não necessita da intervenção do 
Poder Judiciário, mesmo no caso do seu não pagamento. 
Comentário: a primeira parte da questão está correta. É possível efetuar a 
cobrança de uma multa, desde que enquadrada nos casos específicos para a 
autoexecutoriedade, sem recorrer ao Poder Judiciário. Contudo, no caso de não 
pagamento da multa, apenas uma ação judicial poderá obrigar a quitação da 
dívida. 
Gabarito: errado. 
23. (Cespe - Tec/BACEN/2013) A autoexecutoriedade é um atributo presente em 
todos os atos administrativos. 
Comentário: essa característica poderá ser aplicada em situações pontuais, 
quais sejam, 
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x quando prevista expressamente em lei; ou 
x quando se tratar de medida de urgência. 
Afora essas situações, não estará presente o atributo da autoexecutoriedade. 
Gabarito: errado. 
24. (Cespe ± TJ/TRT-10/2013) Segundo a doutrina, os atos administrativos gozam 
dos atributos da presunção de legitimidade, da imperatividade, da exigibilidade e da 
autoexecutoriedade. 
Comentário: dispensa comentários. Poderíamos incluir ainda a tipicidade, mas 
como a questão não disse que são apenas esses, não deixa de estar correta. 
Gabarito: correto. 
25. (Cespe ± Adm/MIN/2013) O atributo da imperatividade não está presente em 
todos os atos administrativos. 
Comentário: a imperatividade requer expressa previsão legal. Assim, não está 
presente em todos os atos administrativos. Além disso, os atos enunciativos e 
negociais não gozam desse atributo. 
Gabarito: correto. 
26. (Cespe - Tec/MPU/2013) Dada a imperatividade, atributo do ato administrativo, 
devem-se presumir verdadeiros os fatos declarados em certidão solicitada por 
servidor do MPU e emitida por técnico do órgão. 
Comentário: devido ao atributo da presunção de legitimidade ou veracidade, 
deve-se acreditar que os fatos alegados em certidão são verdadeiros. 
A imperatividade, no entanto, afirma que os atos administrativos impõem 
obrigações a terceiros, independentemente de concordância. 
Gabarito: errado. 
27. (Cespe - Ana/MPU/2013) A autorização é ato administrativo discricionário 
mediante o qual a administração pública outorga a alguém o direito de realizar 
determinada atividade material. 
Comentário: a autorização é um exemplo de ato negocial ± em que a 
manifestação de vontade da Administração coincide com determinado 
interesse particular. Para tanto, podemos definir a autorização como um ato 
discricionário e precário, em que o interesse predominante é o do particular. 
Gabarito: correto. 
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28. (Cespe - AnaTA/MJ/2013) Ato vinculado é aquele analisado apenas sob o 
aspecto da legalidade; o ato discricionário, por sua vez, é analisado sob o aspecto 
não só da legalidade, mas também do mérito. 
Comentário: o ato vinculado é aquele em que não há margem de escolha ao 
agente público, cabendo-lhe decidir com base no que consta na lei. Já no ato 
discricionário, a lei deixa uma margem para que o agente faça a valoração do 
motivo e a escolha do objeto, conforme o seu juízo de conveniência e 
oportunidade. 
Gabarito: correto. 
29. (Cespe - Ana/BACEN/2013) A lei estabelece todos os critérios e condições de 
realização do ato vinculado, sem deixar qualquer margem de liberdade ao 
administrador. 
Comentário: é isso ai. É isso que o difere do ato discricionário ± enquanto nos 
atos vinculados todos os atributos do ato estão rigidamente previstos 
(competência, finalidade, forma, motivo e objeto), nos atos discricionários o 
agente deverá analisar os motivos para então decidir pelo objeto. 
Gabarito: correto. 
30. (Cespe - AnaTA/MDIC/2014) Um aviso é uma forma de ato administrativo 
classificado como ato punitivo, ou seja, que certifica ou atesta um fato administrativo. 
Comentário: os atos capazes de atestar um fato administrativo, como as 
certidões ou os atestados, são os atos enunciativos. O aviso é considerado um 
ato ordinatório, pois é um ato administrativo interno utilizado para estabelecer 
normas de conduta para os agentes públicos. Por fim, os atos punitivos são 
aqueles utilizados para aplicar sanções aos agentes e aos administrados em 
decorrência de ilícitos administrativos, como a imposição de advertência, 
suspensão ou demissão do servidor público, ou ainda, de multa administrativa 
ao particular que desobedecer às regras de trânsito. 
Gabarito: errado. 
31. (Cespe - PT/PM CE/2014) A licença é ato administrativo unilateral e discricionário 
pelo qual a administração pública faculta ao particular o desempenho de atividade 
material ou a prática de ato que, sem esse consentimento, seria legalmente proibido. 
Comentário: a licença é um ato vinculado e definitivo, ou seja, tem seu 
comportamento obrigatório e determinado pela lei. 
Gabarito: errado. 
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32. (Cespe ± AA/Anac/2012) Os atos vinculados são insuscetíveis de revogação 
pela administração pública. 
Comentário: nem todo ato pode ser revogado. É o caso dos atos vinculados, 
pois como não se fala em conveniência e oportunidade no momento da edição 
do ato, também não se falará na hora de sua revogação. 
Gabarito: correto. 
33. (Cespe ± AA/Anac/2012) A revogação de um ato administrativo ocorre nos casos 
em que esse ato seja ilegal. 
Comentário: a revogação é um ato administrativo discricionário por meio do 
qual a Administração extingue outro ato administrativo, válido e também 
discricionário, por motivos de conveniência ou oportunidade. Nele, não há 
ilegalidade e, por isso, o Poder Judiciário não pode revogar um ato praticado 
pela Administração. 
Gabarito: errado. 
34. (Cespe - AJ/CNJ/2013) A licença concedida ao administrado para o exercício de 
direito poderá ser revogada pela administração pública por critério de conveniência e 
oportunidade. 
Comentário: essa questão gerou bastante polêmica quando foi aplicada. 
Analisando melhor o item é possível perceber que a questão deveria ser 
anulada. A definição de licença pode ser encontrada na doutrina, vejamos: 
Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2014, p. 239): "Licença é o ato administrativo 
unilateral e vinculado pelo qual a Administração faculta àquele que preencha os 
requisitos leais o exercício de uma atividade". 
No mesmo sentido, Hely Lopes Meirelles (2013, p. 198): "Licença é o ato 
administrativo vinculado e definitivo pelo qual o Poder Público, verificando que 
o interessado atendeu a todas as exigências legais, faculta-lhe o desempenho 
de atividades ou a realização de fatos materiais antes vedados ao particular, 
como, p. ex., o exercício de uma profissão, a construção de um edifício emterreno próprio". 
Assim, por ser ato vinculado, a licença não poderia ser revogada. Essa é a regra 
geral e, muitas vezes, as bancas julgam os itens de acordo com as regras. 
Porém, nesse caso, o examinador apegou-se à exceção, o que só prejudicou os 
alunos mais preparados. 
O gabarito preliminar dessa questão foi dado como errado e, posteriormente, o 
avaliador modificou o gabarito para correto com a seguinte argumentação: 
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Já existe entendimento consolidado na doutrina e na jurisprudência no sentido 
de que a licença concedida ao administrado para o exercício de direito poderá 
ser revogada pela administração pública por critério de conveniência e 
oportunidade. Por esse motivo, opta-se por alterar o gabarito do item. 
Dizer que existe entendimento, tudo bem, agora o "consolidado" foi forçado. 
Existem, de fato, alguns julgados do STF e do STJ nesse sentido. Por exemplo, 
no RE 105634/PR, julgado em 1985, o STF entendeu o seguinte: 
LICENCA PARA CONSTRUIR. REVOGAÇÃO. OBRA NÃO INICIADA. 
LEGISLAÇÃO ESTADUAL POSTERIOR. I. COMPETÊNCIA DO ESTADO 
FEDERADO PARA LEGISLAR SOBRE AREAS E LOCAIS DE INTERESSE 
TURISTICO, VISANDO A PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO PAISAGISTICA 
(C.F., ART. 180). INOCORRENCIA DE OFENSA AO ART. 15 DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL; II. ANTES DE INICIADA A OBRA, A LICENCA 
PARA CONSTRUIR PODE SER REVOGADA POR CONVENIENCIA DA 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, SEM QUE VALHA O ARGUMENTO DO 
DIREITO ADQUIRIDO. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL. 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO CONHECIDO. 
No STJ o entendimento é um pouco mais consolidado, no sentido de permitir a 
revogação quando sobrevier interesse público relevante, hipótese na qual ficará 
o Poder Público obrigado a indenizar os prejuízos gerados pela paralisação e 
demolição da obra: 
ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. 
LICENCIAMENTO DE EMPREENDIMENTO IMOBILIÁRIO. DEFERIMENTO 
EM CONFORMIDADE COM A LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. OFENSA AO ART. 
10, DA LEI N. 6.938/81 CONFIGURADA. REVALORAÇÃO JURÍDICA DOS 
FATOS DESCRITOS NA ORIGEM. POSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO DO ART. 
535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. [...] 
9. A jurisprudência da Primeira Turma firmou orientação de que aprovado e 
licenciado o projeto para construção de empreendimento pelo Poder Público 
competente, em obediência à legislação correspondente e às normas técnicas 
aplicáveis, a licença então concedida trará a presunção de legitimidade e 
definitividade, e somente poderá ser: a) cassada, quando comprovado que o 
projeto está em desacordo com os limites e termos do sistema jurídico em que 
aprovado; b) revogada, quando sobrevier interesse público relevante, hipótese 
na qual ficará o Município obrigado a indenizar os prejuízos gerados pela 
paralisação e demolição da obra; ou c) anulada, na hipótese de se apurar que 
o projeto foi aprovado em desacordo com as normas edilícias vigentes. (REsp 
1.011.581/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 
20/08/2008). 10. Nessa ordem de raciocínio, não cabe ao Judiciário, sob pena 
de violar o art. 10 da Lei n. 6.938/81, determinar o embargo da obra, e, por 
consequência, anular os atos administrativos que concederam o licenciamento 
de construção, aprovada em acordo com todas as exigências legais, ainda 
mais quando a prova pericial realizada em juízo constatou que, quanto ao 
processo de licenciamento, "não havia indícios de que o DEPRN teria se 
baseado em falsas premissas para decidir sobre a emissão e conteúdo da 
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licença ambiental" (fl. 1.551). Precedentes: AgRg na MC 14.855/MG, Rel. 
Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 4/11/2009; REsp 
763.377/RJ, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJe 20/3/2007; REsp 
114.549/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJe 
2/10/1997. 11. Recursos especiais providos. 
Na doutrina, porém, há críticas fortes deste entendimento. O Prof. Celso 
Antônio Bandeira de Mello afirma que (2014, p. 467): "Assim, depois de 
concedida regularmente uma licença para edificar e iniciada a construção, a 
Administração não pode "revogar" ou "cassar" esta licença sob alegação de 
que mudou o interesse público ou de que alterou-se a legislação a respeito. Se 
o fizer, o Judiciário, em havendo pedido do interessado, deve anular o ato 
abusivo, pois cumpre à Administração expropriar o direito de construir 
naqueles termos." Veja que o autor fala em expropriação do direito e não em 
revogação. 
Da mesma forma, José dos Santos Carvalho Filho, após fazer uma análise sobre 
os recentes julgados que permitem a "revogação" da licença, conclui que, 
embora admitida pela jurisprudência, não se trata de revogação, pois a licença 
possui caráter vinculado e definitivo. Com efeito, o fato de se ter que indenizar 
o prejudicado também não se coaduna com a revogação. Portanto, o autor fala 
que se trata de uma "desapropriação de direito", "este sim instituto que se 
compadece com o dever indenizatório atribuído ao Poder Público" (Carvalho 
Filho, 2014, p. 144). 
Em resumo, como o assunto é controverso, a questão deveria ser anulada. 
Para a prova, devemos guardar o seguinte: (1) "não se pode revogar ato 
vinculado" - isso é verdadeiro, e se encontra pacíficado na doutrina; (2) "a 
licença admite revogação" - isso é verdadeiro (para a jurisprudência), porém só 
em situações de interesse público superveniente relevante, caso em que o 
particular deverá ser indenizado. 
Gabarito: correto. 
35. (Cespe - TJ/TRT 10/2013) Os atos administrativos só podem ser anulados 
mediante ordem judicial. 
Comentário: por se tratar de um poder-dever da Administração, pode ela realizar 
a anulação, diretamente, por meio de seu poder de autotutela. Além disso, 
conforme cita a questão, a anulação pode ser feita mediante Poder Judiciário. 
Gabarito: errado. 
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36. (Cespe - AJ/TRT 10/2013) Sendo a revogação a extinção de um ato 
administrativo por motivos de conveniência e oportunidade, é ela, por essência, 
discricionária. 
Comentário: a discricionariedade trata da margem existente para que o agente 
possa valorar o motivo e a escolha do objeto, conforme o seu juízo de 
conveniência e oportunidade. 
Verificando a frase, vemos os mesmos elementos que descrevem a 
discricionariedade e a revogação. Assim sendo, podemos afirmar que a 
essência da revogação é discricionária. 
Gabarito: correto. 
37. (Cespe - AJ/TRT 10/2013) Os atos administrativos do Poder Executivo não são 
passíveis de revogação pelo Poder Judiciário. 
Comentário: por não haver ilegalidade na revogação, o Poder Judiciário não 
pode revogar um ato da Administração. 
Gabarito: correto. 
38. (Cespe - PRF/2013) Praticado ato ilegal por agente da PRF, deve a administração 
revogá-lo. 
Comentário: o ato ilegal não é passível de revogação, mas sim de anulação. 
Gabarito: errado. 
39. (Cespe - AFT/MTE/2013) A revogação de um ato administrativo produz efeitos 
retroativos à data em que ele tiver sido praticado. 
Comentário: não existe retroação dos efeitos de um ato. Devido a legalidade do 
ato, a revogação possui efeitos ex nunc (a partir de agora), ou seja, o que já foi 
realizado até a data da revogação é válido. 
Gabarito: errado. 
40. (Cespe - DP DF/2013)Caso verifique que determinado ato administrativo se 
tornou inoportuno ao atual interesse público e, ao mesmo tempo, ilegal, a 
administração pública terá, como regra, a faculdade de decidir pela revogação ou 
anulação do ato. 
Comentário: vejamos bem, no caso de o ato não refletir o melhor ao interesse 
público, ele pode ser revogado mediante decisão da Administração. Contudo, 
na presença de ilegalidade, não há possibilidade de revogação e apenas a 
anulação será aceita nesse caso. 
Gabarito: errado. 
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41. (Cespe - AnaTA/MJ/2013) O poder de revogação de ato administrativo por parte 
da administração pública não é ilimitado, pois existem situações jurídicas que não 
rendem ensejo à revogação. 
Comentário: relembrar e fixar! 
A revogação não será possível para atos vinculados; atos que exauriram seus 
efeitos; quando já se exauriu a competência relativamente ao objeto do ato; 
meros atos administrativos; atos que integram um procedimento; e atos que 
geram direito adquirido. 
Com esse enfoque, correta a assertiva. 
Gabarito: correto. 
42. (Cespe - Ana/BACEN/2013) O Poder Judiciário poderá revogar um ato 
administrativo editado pelo Poder Executivo, se o ato for considerado ilegal. 
Comentário: novamente, na ocorrência de ilegalidade não há revogação e sim 
anulação. 
Ademais, é vedado ao Poder Judiciário revogar ato praticado pelo Poder 
Executivo. 
Gabarito: errado. 
43. (Cespe - Ana/BACEN/2013) A declaração de nulidade do ato surte efeitos 
retroativos a todos aqueles que, de alguma forma, se beneficiaram dos efeitos 
produzidos pelo ato viciado. 
Comentário: a Administração deve sempre prezar pela melhor solução para o 
interesse público. Dessa forma, mesmo que a anulação possua efeitos 
retroativos, pessoas que tenham sido beneficiadas e que tenham agido de boa-
fé (sem a intenção de se beneficiar da situação errônea) não serão atingidas 
pela nulidade do ato ± permanecem válidos os efeitos jurídicos concedidos 
anteriormente. 
Gabarito: errado. 
44. (Cespe - ACE/TCE-RO/2013) Se um particular descumprir as condições impostas 
pela administração para efetuar uma construção, deve-se cassar a licença que tiver 
sido concedida para tal construção. 
Comentário: a cassação é o desfazimento de um ato válido em virtude de 
descumprimento pelo beneficiário das condições que deveria manter. Isso quer 
dizer que, ao não cumprir as condições impostas pela Administração, o 
beneficiário comete uma falta passível de sanção e deve perder a licença 
concedida para a obra. 
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Gabarito: correto. 
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO 
 
CONCEITO 
Conjunto de prerrogativas de direito público que a ordem jurídica confere aos agentes 
administrativos para o fim de permitir que o Estado alcance seus fins10. 
Assim, embora o vocábulo poder dê ideia de faculdade, o certo é que se trata de um 
poder-dever, pois ao mesmo tempo em que representam prerrogativas próprias das 
autoridades, eles representam um dever de atuação, uma obrigação. 
DEVERES-PODERES DA ADMINISTRAÇÃO 
Poder-dever de agir 
Os poderes administrativos são outorgados aos agentes públicos para que eles possam 
atuar em prol do interesse público. Logo, as competências são irrenunciáveis e devem 
REULJDWRULDPHQWH�VHU�H[HUFLGDV��e�SRU�LVVR�TXH�R�³poder tem para o agente público o 
significado de dever para com a comunidade e para com os indivíduos´11. Diz-se, 
portanto, que são poderes-deveres, pois envolvem simultaneamente uma 
prerrogativa e uma obrigação de atuação. 
O Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello, buscando dar ênfase ao caráter impositivo de 
DWXDomR��GL]�TXH�R�FRUUHWR�p�IDODU�HP�³deveres-poderes´��SRLV�DV�SUHUURJDWLYDV�GHYHP�
ser vistas antes como um dever de atuação em busca da finalidade pública das 
competências administrativas. 
Nesse sentido, o art. 11 da Lei 9.784/1999 determina que a competência atribuída ao 
DJHQWH� S~EOLFR� ³é irrenunciável e se exerce pelos órgãos administrativos a que foi 
atribuída como própria, salvo os casos de delegação e avocação legalmente admitidos´� 
Dever de eficiência 
O dever de eficiência representa a necessidade de atuação administrativa com 
qualidade, celeridade, economicidade, atuação técnica, controle, etc. Pode-se resumir, 
SRUWDQWR��QD�³boa administração´� 
O dever de eficiência vai além da exigência de produtividade, abrange também a 
perfeição do trabalho, ou seja, a adequação técnica aos fins desejados pela 
 
10 Carvalho Filho, 2014, p. 51. 
11 Meirelles, 2013, p. 112. 
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Administração. Dessa forma, a atuação eficiente envolve aspectos quantitativos e 
qualitativos. 
Dever de probidade 
Pelo dever de probidade, exige-se dos agentes públicos a observância de padrões éticos 
de comportamento. Assim, o dever de probidade se pauta na exigência da atuação 
segundo o princípio constitucional da moralidade. Os agentes públicos, além de 
observarem a lei, devem ser probos, honestos, leais ao interesse público. 
Dever de prestar contas 
O exercício da atividade administrativa pressupõe a administração, gestão e aplicação 
de bens públicos. Os agentes públicos administram o patrimônio público em nome da 
sociedade e, portanto, devem prestar constas de sua atuação. 
Vale dizer, o povo é o titular do patrimônio público, sendo que os agentes apenas fazem 
a administração desses bens. Por conseguinte, é obrigação constitucional prestar contas 
e comprovar a boa aplicação dos recursos públicos. 
Todavia, apesar de ser mais acentuado no controle dos recursos públicos, o dever de 
prestar contas alcança todos os atos de governo e de administração. 
PODERES ADMINISTRATIVOS 
Poder vinculado e poder discricionário 
O poder vinculado ou regrado ocorre quando a lei, ao outorgar determinada 
competência ao agente público, não deixa nenhuma margem de liberdade para o seu 
exercício. Assim, quando se deparar com a situação prevista na lei, caberá ao agente 
decidir exatamente na forma prevista na lei. 
Diversamente, no poder discricionário, o agente público possui alguma margem de 
liberdade de atuação. No caso em concreto, o agente poderá fazer o seu juízo de 
conveniência e oportunidade e decidirá com base no mérito administrativo. 
Poder hierárquico 
Segundo Hely Lopes Meirelles, o poder KLHUiUTXLFR�³é o de que dispõe o Executivo para 
distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus 
agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro 
de pessoal´� 
Nesse contexto, o poder hierárquico tem por objetivo: 
o dar ordens; 
o rever atos; 
o avocar atribuições; 
o delegar competências; e 
o fiscalizar. 
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Prosseguindo, enfatizamos que não se pode confundir subordinação com vinculação. O 
poder hierárquico se aplica nas relações de subordinação, permitindo o exercício de 
todas as formas de controle. Por outro lado, a vinculação gera uma formade controle 
restrita, em geral sob o aspecto político. O controle decorrente da vinculação só pode 
ocorrer quando expressamente previsto em lei. 
Poder disciplinar 
O poder disciplinar é o poder-dever de punir internamente as infrações funcionais dos 
servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da 
Administração. 
1mR�SRGHPRV�FRQIXQGLU�³SRGHU�GLVFLSOLQDU´�FRP�SRGHU�SXQLWLYR�GR�(VWDGR��(VWH�~OWLPo 
pode se referir à capacidade punitiva do Estado contra os crimes e contravenções 
penais, sendo competência do Poder Judiciário; ou, no direito administrativo, pode 
designar a capacidade punitiva da Administração Pública que se expressa no poder 
disciplinar ou no poder de polícia12. 
Vale dizer, o poder punitivo, no âmbito administrativo, se manifesta no poder 
disciplinar e no poder de polícia. Os poderes disciplinar e de polícia distinguem-se por 
atuarem em campos distintos. O poder de polícia se insere na esfera privada, 
permitindo que se apliquem restrições ou condicionamentos nas atividades privadas. 
Assim, o vínculo entre a Administração e o particular é geral, ou seja, é o mesmo que 
ocorre com toda a coletividade. Por outro lado, o poder disciplinar permite a aplicação 
de punições em decorrência de infrações relacionadas com atividades exercidas no 
âmbito da própria Administração Pública. 
O exercício do poder disciplinar é em parte vinculado e em parte discricionário. 
Isso, pois pode-se dizer que é vinculada a competência para instaurar o 
procedimento administrativo para apurar a falta e, se comprovado o ilícito 
administrativo, a autoridade é obrigada a responsabilizar o agente faltoso. 
Por outro lado, em regra, é discricionária a competência para tipificação da falta e 
para a escolha e gradação da penalidade. 
Por fim, é importante tecer alguns comentários sobre o direito de defesa e a motivação 
dos atos de aplicação de penalidades. 
Antes da aplicação de qualquer medida de caráter punitivo, deve a autoridade 
competente proporcionar o contraditório e a ampla defesa do interessado. 
Finalmente, todo ato de aplicação de penalidade deve ser motivado. Não há nenhuma 
exceção dessa regra. Sempre que decidir punir alguém, a autoridade administrativa 
 
12 Alguns autores utilizam a expressão ?ƉŽĚĞƌ� ƉƵŶŝƚŝǀŽ� ĚŽ� �ƐƚĂĚŽ ?� ƉĂƌĂ� ƐĞ� ƌĞĨĞƌŝƌ� ĂƉĞŶĂƐ� ĂŽ� ĞdžĞƌĐşĐŝŽ� ĚĂ�
capacidade punitiva em decorrência de crimes e contravenções penais. Nesse caso, o poder punitivo é realizado 
pelo Poder Judiciário e não pela Administração Pública. Adotamos, todavia, a designação de Lucas Rocha 
Furtado, que utiliza a expressão para designar a capacidade punitiva tanto no Direito Penal quanto no Direito 
Administrativo, que, neste último caso, apresenta-se no poder disciplinar e no poder de polícia (Furtado, 2012, 
pp. 576-577). 
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deve expor os motivos da punição. A motivação se destina a evidenciar a conformação 
da penalidade com a falta, sendo pressuposto do direito de defesa do administrado. 
Poder regulamentar 
É o poder conferido ao chefe do Poder Executivo (presidente, governadores e prefeitos), 
para a edição de normas complementares à lei, permitindo a sua fiel execução. Essas 
³QRUPDV� FRPSOHPHQWDUHV� j� OHL´� VmR� atos administrativos normativos, que, quando 
editados pelo chefe do Poder Executivo, revestem-se na forma de decreto. 
A competência para o exercício do poder regulamentar está prevista no art. 84, IV, da 
CF, sendo atribuição privativa do Presidente da República. Vale dizer que se trata de 
competência indelegável, ou seja, o Presidente da República não pode delegá-la aos 
ministros de Estado ou outras autoridades. Com efeito, em decorrência do princípio da 
simetria, esse poder se aplica aos demais chefes do Poder Executivo (governadores e 
prefeitos). 
Neste momento, é importante informar que os atos normativos dividem-se em primários 
e secundários. Os atos normativos primários encontram fundamento direto na 
Constituição e, por conseguinte, podem inovar na ordem jurídica. 
Os atos normativos secundários, por sua vez, encontram fundamento nos atos 
normativos primários e, por conseguinte, estão delimitados por estes. Dessa forma, os 
atos normativos secundários não podem inovar na ordem jurídica. Vale dizer, os atos 
secundários possuem caráter infralegal e, portanto, estão subordinados aos limites da 
lei. 
Poder de polícia 
De todos os poderes administrativos, o que merece maior atenção é o poder de polícia, 
pois se trata de uma atividade fim da administração, de elevada importância para a 
preservação do interesse público. 
A definição legal do poder de polícia encontra-se no Código Tributário Nacional, nos 
seguintes termos: 
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública 
que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a 
prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público 
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da 
produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas 
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à 
tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais 
ou coletivos. 
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia 
quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, 
com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei 
tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder. 
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3DUD� +HO\� /RSHV� 0HLUHOOHV�� R� SRGHU� GH� SROtFLD� p� ³a faculdade de que dispõe a 
Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades, e 
direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado´� 
OBJETIVO E FINALIDADE DO PODER DE POLÍCIA 
Segundo Hely Lopes Meirelles, o objetivo GR�SRGHU�GH�SROtFLD�DGPLQLVWUDWLYD�p�³todo 
bem, direito ou atividade individual que possa afetar a coletividade ou pôr em risco a 
segurança nacional, exigindo, por isso mesmo, regulamentação, controle e contenção 
pelo poder público´� 
Por conseguinte, a finalidade do poder de polícia é a proteção do interesse público em 
sentido amplo. 
ATOS POR MEIO DOS QUAIS SE EXPRESSA O PODER DE POLÍCIA 
Fernanda Marinela classifica o poder de polícia como preventivo, repressivo e 
fiscalizador. 
No exercício do poder de polícia administrativa preventiva, encontram-se os atos 
normativos, a exemplo dos regulamentos e portarias. São disposições genéricas e 
abstratas que delimitam a atividade privada e o interesse do particular, em razão do 
interesse coletivo. 
Com efeito, a polícia administrativa repressiva se apresenta na prática de atos 
específicos subordinados à lei e aos regulamentos. 
Por fim, a função fiscalizadora do poder de polícia tem o objetivo de prevenir eventuais 
lesões aos administrados. 
DELEGAÇÃO DOS ATOS DE POLÍCIA 
A doutrina majoritária entende que não é possível delegar o exercício do poder de 
polícia aos particulares. Não se pode nem atribuir essas competências às pessoas 
jurídicas de direito privado integrantes da administração indireta. 
No entanto, é possível a delegação de atividades materiais, preparatórias ou sucessivas 
da atuação dos entes públicos. É possível, por exemplo, a delegação de competências 
para instalar equipamentos de fiscalização de velocidade (atividade preparatória)

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