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Aula Desapropriação (2)

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DESAPROPRIAÇÃO
Professora Ms. Márcia Rosana R. Cavalcante
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CF, art. 5º., XXIV
“A lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição”
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CF/88
Art. 182. (...)         
§ 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. 
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Desapropriação
Supressão da propriedade privada pelo Estado
Pressupostos:
	=> utilidade ou necessidade pública
		Decreto-lei 3365/41
	=> interesse social
		Lei 4.132/62
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Definição
	“Do ponto de vista teórico, pode-se dizer que desapropriação é o procedimento através do qual o Poder Público compulsoriamente despoja alguém de uma propriedade e a adquire, mediante indenização, fundado em um interesse público. Trata-se, portanto, de um sacrifício de direito imposto ao desapropriado”.
(CABM, Curso de direito administrativo, 21ª ed., p. 821). 
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Outras formas de desapropriação
Exceções à regra geral:
Desapropriação urbanística sancionatória 
Desapropriação rural de imóvel que descumpre função social
Desapropriação confiscatória
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Desapropriação sancionatória urbanística
Art. 182, §4º, III, CF
	§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento,      sob pena, sucessivamente, de:
	(…)
	III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
Ver art. 8º da Lei 10.257/01
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Desapropriação rural
Art. 184
    
	Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. 
Ver Lei 8.629/93 e LC 76/93
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Desapropriação confiscatória
Art. 243, CF/8
Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. 
Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins será confiscado e reverterá em benefício de instituições e pessoal especializados no tratamento e recuperação de viciados e no aparelhamento e custeio de atividades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico dessas substâncias.
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RE 543974 / MG 
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. EXPROPRIAÇÃO. GLEBAS. CULTURAS ILEGAIS. PLANTAS PSICOTRÓPICAS. ARTIGO 243 DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. INTERPRETAÇÃO DO DIREITO. LINGUAGEM DO DIREITO. LINGUAGEM JURÍDICA. ARTIGO 5º, LIV DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. O CHAMADO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. 1. Gleba, no artigo 243 da Constituição do Brasil, só pode ser entendida como a propriedade na qual sejam localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas. O preceito não refere áreas em que sejam cultivadas plantas psicotrópicas, mas as glebas, no seu todo. 2. A gleba expropriada será destinada ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos. 3. A linguagem jurídica corresponde à linguagem natural, de modo que é nesta, linguagem natural, que se há de buscar o significado das palavras e expressões que se compõem naquela. Cada vocábulo nela assume significado no contexto no qual inserido. O sentido de cada palavra há de ser discernido em cada caso. No seu contexto e em face das circunstâncias do caso. Não se pode atribuir à palavra qualquer sentido distinto do que ela tem em estado de dicionário, ainda que não baste a consulta aos dicionários, ignorando-se o contexto no qual ela é usada, para que esse sentido seja em cada caso discernido. 
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RE 543974 / MG
	A interpretação/aplicação do direito se faz não apenas a partir de elementos colhidos do texto normativo [mundo do dever-ser], mas também a partir de elementos do caso ao qual será ela aplicada, isto é, a partir de dados da realidade [mundo do ser]. 4. O direito, qual ensinou CARLOS MAXIMILIANO, deve ser interpretado "inteligentemente, não de modo que a ordem legal envolva um absurdo, prescreva inconveniências, vá ter a conclusões inconsistentes ou impossíveis". 5. O entendimento suf ragado no acórdão recorrido não pode ser acolhido, conduzindo ao absurdo de expropriar-se 150 m2 de terra rural para nesses mesmos 150 m2 assentar-se colonos, tendo em vista o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos. 6. Não violação do preceito veiculado pelo artigo 5º, LIV da Constituição do Brasil e do chamado "princípio" da proporcionalidade. Ausência de "desvio de poder legislativo" Recurso extraordinário a que se dá provimento. 9dj 28.05.2009)
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Competência
Para legislar sobre desapropriação: é privativa da União
	
	Art. 22, CF/88. Compete privativamente à União legislar sobre:
	(...)
   II - desapropriação;
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Desapropriação por utilidade pública
Decreto-lei 3.365/41
 	Art. 2o  Mediante declaração de utilidade pública, todos os bens poderão ser desapropriados pela União, pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios.
	(...)
	§ 2o  Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa.
	Art. 3o  Os concessionários de serviços públicos e os estabelecimentos de caráter público ou que exerçam funções delegadas de poder público poderão promover desapropriações mediante autorização expressa, constante de lei ou contrato.
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Casos de utilidade pública
Art. 5o  Consideram-se casos de utilidade pública:
a) a segurança nacional;
b) a defesa do Estado;
c) o socorro público em caso de calamidade;
d) a salubridade pública;
e) a criação e melhoramento de centros de população, seu abastecimento regular de meios de subsistência;
f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas minerais, das águas e da energia hidráulica;
g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, casas de saúde, clínicas, estações de clima e fontes medicinais;
h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;
i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a construção ou ampliação de distritos industriais; (Redação dada pela Lei nº 9.785, de 1999)
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Casos de utilidade pública
j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo;
k) a preservação e conservação dos monumentos históricos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e, ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente dotados pela natureza; 
 l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, documentos e outros bens moveis de valor histórico ou artístico; 
m) a construção de edifícios públicos, monumentos comemorativos e cemitérios;
n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso para aeronaves;
o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natureza científica,
artística ou literária;
p) os demais casos previstos por leis especiais
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Procedimento da desapropriação por utilidade pública
	 Art. 6o  A declaração de utilidade pública far-se-á por decreto do Presidente da República, Governador, Interventor ou Prefeito.
	Art. 7o  Declarada a utilidade pública, ficam as autoridades administrativas autorizadas a penetrar nos prédios compreendidos na declaração, podendo recorrer, em caso de oposição, ao auxílio de força policial.
	Àquele que for molestado por excesso ou abuso de poder, cabe indenização por perdas e danos, sem prejuízo da ação penal.
 	Art. 8o  O Poder Legislativo poderá tomar a iniciativa da desapropriação, cumprindo, neste caso, ao Executivo, praticar os atos necessários à sua efetivação.
 	
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Procedimento
Duas etapas
Fase declaratória: 
O ato que declara um bem de utilidade pública para fins de desapropriação tem natureza declaratória ou constitutiva?
Fase executória: processo amigável ou judicial
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Conseqüências da declaração de utilidade pública
Permissão às autoridades públicas para penetrar no prédio, inclusive com força policial, se necessário
Início da contagem do prazo de caducidade do ato declaratório
5 anos para declaração de utilidade pública (art. 10 DL 3365/41)
2 anos para declaração de interesse social (art. 3º, L 4132/62)
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Decreto-lei 3365/41
	Art. 26. No valor da indenização, que será contemporâneo da avaliação, não se incluirão os direitos de terceiros contra o expropriado. 
	§ 1º Serão atendidas as benfeitorias necessárias feitas após a desapropriação; as úteis, quando feitas com autorização do expropriante. 
	(...)
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STF – Súmula 23
	“VERIFICADOS OS PRESSUPOSTOS LEGAIS PARA O LICENCIAMENTO DA OBRA, NÃO O IMPEDE A DECLARAÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA PARA DESAPROPRIAÇÃO DO IMÓVEL, MAS O VALOR DA OBRA NÃO SE INCLUIRÁ NA INDENIZAÇÃO, QUANDO A DESAPROPRIAÇÃO FOR EFETIVADA.”
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DL 3365/41
	Art. 10.  A desapropriação deverá efetivar-se mediante acordo ou intentar-se judicialmente, dentro de cinco anos, contados da data da expedição do respectivo decreto e findos os quais este caducará. 
  Neste caso, somente decorrido um ano, poderá ser o mesmo bem objeto de nova declaração. 
	Parágrafo único. (...).
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Fase executória
Desapropriação “amigável”: partes chegam a um acordo sobre a indenização na via administrativa
Desapropriação judicial: poder público ou o seu delegatário ingressa em juízo para que esse determine o valor da indenização
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Algumas peculiaridades da ação de desapropriação
Art. 9o  Ao Poder Judiciário é vedado, no processo de desapropriação, decidir se verificam ou não os casos de utilidade pública. 
Art. 20. A contestação só poderá versar sobre vício do processo judicial ou impugnação do preço; qualquer outra questão deverá ser decidida por ação direta.
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Valor da indenização
	Art. 27.  O juiz indicará na sentença os fatos que motivaram o seu convencimento e deverá atender, especialmente, à estimação dos bens para efeitos fiscais; ao preço de aquisição e interesse que deles aufere o proprietário; à sua situação, estado de conservação e segurança; ao valor venal dos da mesma espécie, nos últimos cinco anos, e à valorização ou depreciação de área remanescente, pertencente ao réu. 
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INDENIZAÇÃO PRÉVIA E JUSTA
- INDENIZAÇÃO JUSTA: é a que cobre não só o valor real e atual do bem expropriado (à data do pagamento), como também os danos emergentes (o que efetivamente foi perdido) e lucros cessantes do proprietário (o que deixou de ganhar), acrescidos de juros moratórios, juros compensatórios na hipótese de imissão provisória da posse, honorários advocatícios, custas e despesas judiciais e correção monetária. 
- INDENIZAÇÃO PRÉVIA significa que o Poder expropriante deverá pagar a indenização antes da transferência da titularidade do bem. Não haverá indenização no caso de confisco ou desapropriação confiscatória que é a perda da propriedade particular para o Estado sem o pagamento da indenização, previsto em duas situações: (a) no caso de bens de valor econômico apreendidos em decorrência de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e (b) no caso de expropriação de gleba de qualquer região onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas (art. 243 da CF., regulamentado pela Lei nº 8.257/1991).
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Possibilidade de imissão provisória na posse
Pressupostos
Urgência
Depósito do preço arbitrado, na forma da lei
	
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Decreto-lei 3365/41 
Art. 15. Se o expropriante alegar urgência e depositar quantia arbitrada de conformidade com o art. 685 do Código de Processo Civil, o juiz mandará imiti-lo provisoriamente na posse dos bens. [atual 802 CPC]
Art. 33. (...)
	 § 2º O desapropriado, ainda que discorde do preço oferecido, do arbitrado ou do fixado pela sentença, poderá levantar até 80% (oitenta por cento) do depósito feito para o fim previsto neste e no art. 15, observado o processo estabelecido no art. 34. (Incluído pela Lei nº 2.786, de 1956)
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Súmula 164 - STF
	“NO PROCESSO DE DESAPROPRIAÇÃO, SÃO DEVIDOS JUROS COMPENSATÓRIOS DESDE A ANTECIPADA IMISSÃO DE POSSE, ORDENADA PELO JUIZ, POR MOTIVO DE URGÊNCIA.”
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Decreto-lei 3365/41
	Art. 29.  Efetuado o pagamento ou a consignação, expedir-se-á, em favor do expropriante, mandado de imissão de posse, valendo a sentença como título hábil para a transcrição no registro de imóveis.
	Art. 33.  O depósito do preço fixado por sentença, à disposição do juiz da causa, é considerado pagamento prévio da indenização.
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Súmula - STJ
Súmula 12 - EM DESAPROPRIAÇÃO, SÃO CUMULAVEIS JUROS COMPENSATORIOS E MORATORIOS. 
Súmula 113 - OS JUROS COMPENSATORIOS, NA DESAPROPRIAÇÃO DIRETA, INCIDEM A PARTIR DA IMISSÃO NA POSSE, CALCULADOS SOBRE O VALOR DA INDENIZAÇÃO, CORRIGIDO MONETARIAMENTE. 
Súmula 70 - OS JUROS MORATORIOS, NA DESAPROPRIAÇÃO DIRETA OU INDIRETA,CONTAM-SE DESDE O TRANSITO EM JULGADO DA SENTENÇA. 
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Desapropriação indireta
Fato administrativo pelo qual o Estado se apropria de bem particular, sem observância dos requisitos da de utilidade pública e da indenização prévia.
artigo 35 do Decreto-Lei nº 3.365/1941 que diz: “Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos.”
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REsp 727404 / SP
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Retrocessão
Código Civil
	“Art. 519. Se a coisa expropriada para fins de necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, não tiver o destino para que se desapropriou, ou não for utilizada em obras ou serviços públicos, caberá ao expropriado direito de preferência, pelo preço atual da coisa.”
Em caso de tredestinação lícita, não cabe retrocessão
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DESVIO DE FINALIDADE
o interesse público desejado 
A alteração do objetivo final da desapropriação não constitui em ilegalidade, desde que o interesse público esteja sendo efetivamente atendido. 
A mudança de destinação é chamada pela doutrina de TREDESTINAÇÃO, significando o mau emprego do bem expropriado. 
Todavia, deve-se entender que a finalidade pública é sempre genérica e, por isso, o bem desapropriado para um fim público pode ser usado em outro fim público sem que ocorra desvio de finalidade (exemplo: um terreno, inicialmente desapropriado para construção de uma escola pública, pode ser utilizado para construir um hospital público sem que isso importe desvio de finalidade). 
Não poderá, contudo, ser alienado a uma organização privada para nele edificar uma escola ou um hospital particular porque, nestes casos, está ausente a finalidade pública justificadora do ato expropriatório.
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Desapropriação por ZONA
É a desapropriação de área maior do que a necessária à realização da obra ou serviço, para abranger zona contígua a ela, com o objetivo de: 
(a) utilizar futuramente esta área excedente,
realizando obras na mesma ou 
(b) revender, se extraordinária valorização for decorrência da desapropriação a ser efetuada, de forma a evitar enriquecimento sem causa ao antigo proprietário. 
É prevista no Decreto-Lei nº 3.365/1941, artigo 4º: “A desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem extraordinariamente, em consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a declaração de utilidade pública deverá compreendê-las, mencionando-se quais as indispensaáveis à continuação da obra e as que se destinam à revenda.”).
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DIREITO DE EXTENSÃO
é o direito do expropriado de exigir que na desapropriação se inclua a parte restante do bem que se tornou inútil ou de difícil utilização, sem valor econômico. Este direito deve ser exercido quando da realização do acordo administrativo ou na ação de desapropriação, sob pena de se considerar que houve renúncia.
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ANULAÇÃO DA DESAPROPRIAÇÃO
se estiverem ausentes os requisitos do ato administrativo (competência, forma, finalidade, objeto, motivo), poderá ser anulado pelo Poder Judiciário ou pela própria Administração. 
O particular interessado poderá impetrar mandado de segurança ou propor ação popular. 
A intervenção do Ministério Público é obrigatória.

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