Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1. Introdução O homem atual consome em média dez vezes mais energia do que o homem primitivo. Consequentemente, com o aumento do consumo de energia, cresceu também a poluição. Visto a isso, têm sido desenvolvidas fontes energéticas consideradas “limpas”, com o objetivo de estabilizar o quadro de poluição. Dentro dessas fontes de energia limpa, têm-se os biocombustíveis sintetizados por algas. Essas algas são capazes de converter substâncias simples presentes na atmosfera, com absorção de luz solar, em energia química acumulada, ou seja, compostos com alto valor energético. 2. Algas As algas compreendem vários grupos de seres vivos aquáticos e autotróficos, ou seja, que produzem a energia necessária ao seu metabolismo através da fotossíntese; São organismos que possuem clorofila a e não possuem um talo diferenciado em raiz, caule e folhas; Podem ser divididas em dois grandes grupos: microalgas e macroalgas. 2.1 Macroalgas As macroalgas marinhas são mais populares; Não apresentam potencial para a produção de biocombustíveis; Nos últimos anos, diversos estudos veem sendo realizados com o intuito de investigar o potencial e desenvolver tecnologias para a produção de biocombustíveis a partir da biomassa de macroalgas. Fonte: www.danilorvieira.com Figura 1: Macroalgas visíveis a olho nu. 2.2 Microalgas Microalgas vêm recebendo mais atenção no cenário global de matérias-primas para a produção de biocombustíveis; Devido sua característica de proporcionar alta taxa de crescimento, podendo assim sintetizar e acumular rapidamente quantidades elevadas de lipídios em comparação às plantas terrestres. Fonte: www.cmapsconverted.ihmc.us Figura 2: Microalgas. Microalgas alimentam-se com dióxido de carbono, e com utilização da luz solar transformam o carbono em açúcares e posteriormente em gorduras; No processo liberam oxigênio, igual a todas as outras plantas, mas de forma mais eficiente. 2.2 Microalgas Figura 3: Equação geral da fotossíntese. Fonte: http://pt.slideshare.net/marinadapieve/atp-fotossintese-fermentao-e-respirao Substâncias sintetizadas por estes microrganismos para indústrias alimentar, química, cosmética e farmacêutica, e em áreas como na nutrição humana e animal. Fonte: www.algamoil.br Figura 4: Subprodutos a partir de microalgas. Podem-se obter diferentes tipos de biocombustíveis: metano, hidrogênio, bioetanol, ou biodiesel derivado do óleo extraído da biomassa; Os produtos energéticos obtidos são combustíveis limpos, não tóxicos e biodegradáveis. 2.2 Microalgas Microalgas também podem gerar energia elétrica com eficiência; Este processo se dá através da queima da biomassa desses microrganismos. 2.2 Microalgas 3. Modo de produção 3.1 Cultivo Os sistemas de produção de microalgas podem ser divididos em dois grupos: Céu aberto; Cultivo fechado. 3.1.1 Cultivo a céu aberto Consiste em tanques ou lagoas abertos ao meio ambiente, utilizando a luz solar como fonte de energia natural, sendo a cultura agitada por um sistema mecânico. Fonte: Chisti (2007). Figura 5: Esquema de um tipo de cultivo a céu aberto. Fonte: bioenergiamicroalgas.blogspot.com.br/2013_07_01_archive.html Figura 6: Exemplo de um projeto conceitual de uma fazenda de microalgas para produção de biodiesel. 3.1.2 Cultivo fechado Este tipo de sistemas de cultivo consiste num fotobiorreator onde se controlam todas as variáveis necessárias ao pleno e eficaz crescimento de microalgas: Temperatura; Composição química; Iluminação; Nível de pH; Injeção de CO2; Remoção de oxigênio. Fonte: Excalibur Project (2010). Figura 7: Esquema dos fotobiorreatores. • Tubos transparentes; • 10 cm de diâmetro; • Coletores solares. Figura 8: Esquema dos fotobiorreatores e reciclagem de água. Fonte: Excalibur Project (2010). As microalgas reproduzem-se a um ritmo elevado nos tubos do fotobiorreator e, seguidamente vão para o depósito sendo, no momento propício, colhidas no fundo, e canalizadas para um dispositivo que separa as microalgas da água. Fonte: http://www.agriportugal.com/secil-ja-inaugurou-unidade-que-sequestra-co2-com-microalgas/. Figura 9: Exemplo de cultivo de algas em um fotobiorreator. 3.2 Colheita Ocorre em duas etapas: A pré-separação: podendo ser feita por floculação, sedimentação por gravidade ou flotação; A separação fina: processo seguinte à pré- separação, que consiste em utilizar técnicas como a centrifugação e a filtração e concentrar o meio provindo do primeiro método de pré- separação. 3.3 Floculação Consiste na adição de floculantes químicos, por exemplo o cloreto férrico, que interagem com as microalgas; Esta interação promove a agregação das microalgas formando flocos, que ao ganharem mais massa decantam facilmente. Figura 10: Evolução do processo de floculação em microalgas. Fonte: GUIMARÃES, L. P. C. (2012). 3.4 Flotação Consiste na injeção de ar na água, promovendo o arraste das células por micro bolhas formando uma espuma com alta concentração de biomassa à superfície que é posteriormente removida. Figura 11: Processo de flotação em microalgas. Fonte: GUIMARÃES, L. P. C. (2012). 3.5 Centrifugação Este método é extremamente eficiente para separar a biomassa da água. Fonte: GUIMARÃES, L. P. C. (2012). Figura 6: Processo de centrifugação em microalgas da espécie Chlorella vulgaris. 3.6 Filtração No caso de microalgas de maior dimensão (>70 μm), utiliza-se o método de colheita denominado de filtração. Figura 12: Processo de filtração do meio de cultura com microalgas. Fonte: GUIMARÃES, L. P. C. (2012). Para microalgas com dimensão inferior, é necessária a utilização de membrana com poros pequenos que, através de alta pressão, filtram a água com microalgas que por eles passa. 3.6 Filtração Fonte: www.aprolab.com.br Figura 13: Membrana de filtração. 3.7 Processamento Existem vários métodos de produção de diferentes combustíveis através da biomassa colhida pelos métodos de colheita. Figura 14: Diferentes formas de obtenção de energia através de biomassa. Fonte: GUIMARÃES, L. P. C. (2012). 3.8 A geração de eletricidade através da queima da biomassa Mulder & Oliveira (2010) desenvolveram um projeto do processo produtivo de modo a se realizar em conjunto com a produção de etanol de uma usina de cana-de-açúcar; Custos de produção de microalgas para a geração de bioeletricidade são reduzidos. Todo CO2 emitido pelo processo de fermentação do etanol é absorvido pelas algas; Para cada 1.000 litros produzidos de álcool são emitidos 800 kg de CO2 que é suficiente para produzir 470 kg de biomassa algal; Esta quantidade queimada gera cerca de 3,82 MWh. 3.8 A geração de eletricidade através da queima da biomassa Fonte: Mulder & Oliveira (2010). Figura 15: Fluxo do processo produtivo de microalgas. Fonte: Mulder & Oliveira (2010). Figura 16: Processo de secagem das microalgas. 3.8 A geração de eletricidade através da queima da biomassa Fonte: Mulder & Oliveira (2010). Figura 17: Fluxo do processo produtivo de microalgas. O processoem conjunto com a usina de etanol maximiza a produção de microalgas; Desse processo obtêm-se receitas oriundas de créditos de carbono, venda de oxigênio puro e energia elétrica. 3.8 A geração de eletricidade através da queima da biomassa 4. Estimação do investimento necessário Processo Investimento (R$) Fotobiorreatores 1.080.180,00 Iluminação 100.000,00 Separação 200.000,00 Secagem 200.000,00 Mão de obra 1.300.000,00 Total 2.880.180,00 Fonte: HOLANDA & RAMOS (2011) com dados/estimativas de Mulder & Oliveira (2010). 5. Custos de produção Descrição Custo/Mês (R$) Custo/Ano (R$) CO2 0 0 Água 0 0 Nutrientes 12.000,00 80.000,00 Iluminação 0 0 Energia do processo 6.000,00 40.000,00 Energia da secagem 0 0 Mão de obra 6.000,00 40.000,00 Total 24.000,00 160.000,00 Fonte: HOLANDA & RAMOS (2011) com dados/estimativas de Mulder & Oliveira (2010). 30 toneladas de microalgas por dia Absorção de 51 toneladas de CO2 Gera 10MWh de bioeletricidade. 6. Potencial energético 7. Vantagens São cultivadas em terras não agricultáveis, utilizando água salgada, salobra ou mesmo águas residuais; As microalgas apresentam maior eficiência fotossintética que os vegetais superiores; São eficientes fixadoras de CO2; Capacidade de multiplicação ao longo do ano inteiro, tornando a sua produção elevada; Alto teor de óleo, alto potencial biotecnológico e menor impacto ambiental. 8. Desvantagens Procedimentos de extração em grande escala complexos e ainda na fase de desenvolvimento; Custos altos de implantação a partir de tecnologias disponíveis. 9. Conclusão As algas convertem substâncias simples presentes na atmosfera, com absorção de luz solar, em energia química acumulada; Sendo assim, utilizadas em diversos setores industriais e também revelando grande potencial na produção de biocombustíveis e eletricidade; Ainda há necessidade de desenvolver inúmeras pesquisas. 10. Referências Bibliográficas BIOCOMBUSTIBLES. Disponível em: <http://cmapsconverted.ihmc.us/rid=1K4VGT3S0-CSBGMS- WJS/BIODIESEL.cmap> Acesso em 04. FEV. 2017. CHISTI, Y. Biodiesel from Microalgae. Biotechnology Advances, Elsevier, Palmerston North, Nova Zelândia, v. 25, p. 294–306, 2007 DEFANTI, L. S.; SIQUEIRA, N. S.; LINHARES, P. C. Produção de biocombustíveis a partir de algas fotossintetizantes. Bolsista de Valor: Revista de divulgação do Projeto Universidade Petrobras e IF Fluminense v. 1, p. 11-21, 2010. EXCALIBUR PROJECT. Disponível em: <http://www.excaliburproject.com/pt/> Acesso em: 04 FEV. 2017. GUIMARÃES, L. P. C. Projeto e construção de um fotobiorreator para crescimento acelerado de microalgas. 2012. 138 p. Tese (Mestrado integrado em engenharia mecânica). Universidade do Minho, Escola de Engenharia. 2012. HOLANDA,L.R.; RAMOS, F. S. Análise da viabilidade econômica da energia elétrica gerada através das microalgas. Revista Eletrônica Sistemas & Gestão 6 (2011), pp 327-346. LIRA, R. A. et al. As microalgas como alternativa à produção de biocombustíveis. Engenharia na agricultura, viçosa - mg, V.20 N.5, SETEMBRO / OUTUBRO 2012. REVENG 389-403p. MULDER, J. P. Micro-Algas: A nova Agricultura. Mimeo, Recife/PE: UFPE, 2009. MULDER, J. P.; OLIVEIRA, P. E. Micro-Algas: A nova energia. Mimeo, Recife/PE: UFPE, 2010. RELATÓRIO do Trabalho de Campo: Ubatuba, outubro de 2007. Disponivel em: <https://www.danilorvieira.com/disciplinas/iob132/relatorio-ubatuba.php> Acesso em: 04 FEV. 2017. TEIXEIRA, C. M.; MORALES, M. E. Microalga como matéria-prima para a produção de biodiesel. HOLANDA, L. R.; RAMOSB, F. S. Análise da viabilidade econômica da energia elétrica gerada através das microalgas. Revista Eletrônica Sistemas & Gestão 6 (2011), pp 327-346. 10. Referências Bibliográficas
Compartilhar