Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Cidadania no Brasil: O longo caminho (Carvalho). Palavra cidadania ganha força de impacto com fim da repressão em 1985 e a constituição de 1988 (constituição cidadã), junto com a construção do processo democrático brasileiro. Ingenuidade em tamanho entusiasmo verificado na utopia de maiores e melhores escolhas para o cidadão bem como provimento de serviços básicos como segurança, emprego, eleição por meio de voto. A prática demonstra o contrário ao afirmar que em quinze anos desde o fim da ditadura verifica-se desgaste por parte dos governantes em não conseguir prover os serviços necessários aos seus cidadãos, tem-se insegurança, problemas de saúde e analfabetismo como consequência da problemática. Com a dependência da economia internacional por melhoras a curto prazo, fatores políticos e sociais acrescentam a necessidade de reflexão sobre a cidadania e seu problema, incluindo significado, evolução histórica e suas perspectivas. Cidadania, no seu fenômeno, é complexa e historicamente definida, já que o exercício de certos direitos como liberdade de pensamento e voto não gera consequentemente outros direitos como segurança e emprego. De outra maneira: “A liberdade e a participação não levam automaticamente, ou rapidamente, à resolução de problemas sociais.” Costume de desdobramento: Cidadania em direitos civis, políticos e sociais. Considerado cidadão pleno o detentor de um desses três direitos. Sem o benefício de um deles não se poderiam ser considerados cidadãos. Direitos Civis: Fundamentais para a vida, liberdade, propriedade e igualdade perante a lei. Baseia-se na existência da justiça independente, eficiente, barata e acessível a todos. Possibilidade de existência de direitos civis sem direitos políticos? Sim. Direitos políticos: Referem-se à participação no governo da sociedade pelo indivíduo. Consiste na participação do indivíduo na vida pública, de votar e ser votado. Pode ser relacionado com o direito do voto. Direitos políticos podem existir sem os direitos civis? No! Nesse caso o voto seria como uma maneira de justificar governos do que propriamente representar os cidadãos. Direitos sociais: Garantem a participação na riqueza coletiva. Incluem direito à educação, trabalho, salário justo, saúde e aposentadoria. Podem existir sem os direitos políticos e civis, em tese, com substituição aos direitos políticos, inclusive. Direitos sociais permitem a redução dos excessos de desigualdades ocasionadas pelo capitalismo. Marshall: Criador das distinções acima. Sugere desenvolvimento com lentidão no caso inglês, com manifestação dos direitos civis, políticos e sociais. (diferentes para cada nação em termos de sua conquista e fatores influentes na construção cidadã). Exceção: Problemas de educação popular → principal obstáculo na construção da cidadania civil e política. Ordem invertida no caso brasileiro. Implantação de direitos sociais em meio a supressão de direitos políticos e redução dos direitos civis. O que pode sugerir construção diferenciada dos preceitos de cidadania no que diz respeito a sua natureza. Direitos políticos: Bizarro, já que surge em meio a outro regime de repressão. Direitos civis, ainda inalcançáveis para a maioria da população. Desenvolveu-se também no fenômeno histórico do Estado-Nação. Sua lealdade depende da participação na vida política. Apesar de tola a ideia de que cidadania se baseia em apenas um caminho, a história mostra o contrário, principalmente nos casos Europeus. Estadania: Cultura mais orientada para o Estado do que para a representação é o que chamamos de “Estadania” em contraste com a cidadania. Além da cultura estatista, ou governista, a inversão favoreceu também a visão corporativa dos interesses coletivos (vide Vargas e o Estado Novo). Situação peculiar: Os eleitores desprezam os políticos, mas continuam votando neles na esperança de benefícios pessoais. Remédio: Reformas política, partidária, eleitoral e da forma de governo. Cenário internacional como problema na construção cidadã: Mudanças externas provocam mudanças importantes na relação entre Estado, sociedade e nação, que eram o centro da noção da prática da cidadania ocidental. Foco em dois pontos: Redução do papel central do Estado em benefícios de organismos e mecanismos de controle internacionais de impacto direto sobre os direitos políticos. A incapacidade do sistema representativo de produzir resultados para a redução da desigualdade e o fim da divisão dos brasileiros em castas separadas por fatores como educação e renda é um câncer que corrói a vida cívica e impedia a reconstrução da nação. “A precária democracia de hoje não sobreviveria a espera tão longa para acabar com o câncer da desigualdade.”
Compartilhar