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Colégio Estadual Onildo Raimundo de Cristo Aluno= Daniel Lisboa Data= 23/03/2021 Professora= Lucivone Disciplina= Sociologia Série= 2°/ano Atividade/Fichamento de sociologia, pág. 230 a 237 Cidadania é uma conquista Na década de 1990, o sociólogo Herbert de Souza (1935-1997), conhecido como Betinho, concebeu e comandou a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida. Aderiram à campanha empresas públicas e privadas; meios de comunicação; brasileiros e brasileiras de todas as classes sociais, idades, categorias profissionais, tendências políticas e religiosas; e, principalmente, jovens dispostos a recolher e distribuir alimentos. As ações desenvolvidas pelo sociólogo permitem demonstrar que a cidadania é fruto da conquista de direitos e um mecanismo para tornar as sociedades mais igualitárias. A cidadania se relaciona, portanto, com o princípio de igualdade e com a ampliação da democracia e o respeito a direitos na sociedade. O reconhecimento dos direitos humanos, atribuídos aos indivíduos independentemente de sua etnia, gênero, cor, idade e religião, está previsto e garantido, em tese, nas atuais democracias. As origens dos conceitos de cidadão e cidadania Cidadão, na Roma antiga, era o habitante não escravizado da cidade, do sexo masculino, que participava da sociedade com seu poder de voz e de voto nos comícios e plebiscitos e com sua participação na administração pública. Embora essa participação interferisse na dinâmica dos espaços urbanos e rurais, cidadania não implicava igualdade. Na Europa sob as monarquias absolutistas, ocorreram lutas da burguesia por mais influência política, exigência de autonomia para as cidades e rebeliões pelos direitos da população que não fazia parte da nobreza. Deve-se à influência do pensamento idealista do filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804) a concepção de lei moral, segundo a qual as relações dos seres humanos entre si supõem a liberdade e uma profunda consciência de dever. Ao estudar essa nova configuração da cidadania, o sociólogo britânico Thomas Humphrey Marshall (1893-1981) afirma que a cidadania não nasce acabada: ela é construída pouco a pouco pela adição de novos direitos, conquistados por diferentes atores sociais, em lutas e reivindicações organizadas ao longo da formação da sociedade capitalista. Tomando por base o desenvolvimento da sociedade inglesa, ele concebeu três tipos de direitos conquistados ao longo dos séculos: civis, políticos e sociais. Esse conjunto de direitos é o que dá garantia à condição de cidadão. Direitos civis; englobam as liberdades pessoais de expressão e culto religioso, o direito à propriedade, o direito a um tratamento legal justo. Direitos políticos; correspondem a formas de participação no processo político, como o direito do voto (eleger e ser eleito), de ocupar cargos políticos e administrativos no aparelho do Estado, de participar de júri, entre outros. Direitos sociais; procura garantir, entre outros, o trabalho para todos e a previdência social para indivíduos sem condições de trabalhar, além dos aposentados. Políticas públicas: dilemas da cidadania Por meio de políticas públicas, o Estado intervém em diferentes dimensões da sociedade. As grandes decisões de cunho econômico de uma nação, como obras de infraestrutura (pontes, barragens, estradas, portos, etc.) e formas de atrair investimentos, geralmente resultam de opções do grupo político que está no poder. No contexto atual de competição econômica intensa entre os países, muitas escolhas políticas podem levar o governo a deixar de atender às demandas mais imediatas da população (educação, saneamento e saúde, por exemplo). Com isso, crescem as desigualdades sociais internas e entre os países. Mesmo com a existência de leis que priorizam o cidadão, estabelecer um limite de atuação entre o poder político e o poder econômico é sempre difícil O poder político diz respeito à distribuição coletiva dos recursos e seu sujeito máximo é o Estado, que opera por meio de um aparato jurídico-administrativo (leis, órgãos estatais, etc.). Já o poder econômico tem por base a propriedade, a posse e a gestão dos recursos econômicos, e o seu sujeito típico é a empresa. A formação e a distribuição dos bens em nossa sociedade dependem da interação entre a esfera da economia e a da política. Quando o Estado assume os problemas sociais como questões de sua responsabilidade, está formulando e implementando políticas sociais. As políticas sociais são estabelecidas para garantir um mínimo de bem-estar e consumo para todos os indivíduos, seja pela provisão de serviços, seja por transferências diretas de renda. Para que os direitos se concretizem em conquista efetiva e beneficiem a todos, é preciso a participação do povo no exercício de sua cidadania. O desenvolvimento de um país está vinculado a condição de cidadania de sua população e não ocorre somente com a superação da pobreza socioeconômica, mas se estende a ampliação da participação política. A conquista da cidadania exige instrumentos de reivindicação e vai além de campanhas e programas específicos ou emergenciais: implica vencer os diferentes problemas sociais por meio da participação política, uma ação efetiva de mobilização das diversas instâncias da sociedade civil no sentido de exercer os seus direitos e deveres.
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