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Anato cardio

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Anatomia
1. Posição e Morfologia Externa do Coração
O coração tem a forma aproximada de um cone truncado, apresentando uma base, um ápice e 3 faces (Diafragmática, Esternocostal e Pulmonar)
O coração ocupa o mediastino médio, repousa sobre o diafragma, situa-se posteriormente ao esterno, entre os sacos pleurais. Está separado da coluna vertebral pelo mediastino posterior. Superiormente a ele estão a aorta, as artérias pulmonares e os brônquios principais. Fica disposto obliquamente, de forma que a base é medial e o ápice lateral. Normalmente, o eixo maior (longitudinal) está dirigido póstero-anteriormente, para esquerda e inferiormente em relação a parede torácica posterior e forma 40 º com o plano mediano do corpo. [no indivíduo vivo; no cadáver tal posição é modificada devido ao relaxamento exagerado do diafragma]
Variações
Tipo corpóreo: indivíduos altos e delgados possuem o coração vertical, enquanto pessoas menores e não tão magras, possuem coração transverso
Idade: coração de recém-nascidos e crianças possui forma globosa e tamanho relativamente grande, além de estar em uma posição mais transversa que o coração de um adulto
Postura: a postura modifica a posição do coração de forma a adaptar-se ao diafragma e à gravidade
Respiração: a posição e os movimentos do diafragma influenciam muito a posição do coração, uma vez que o pericárdio está inserido firmemente ao centro tendíneo do diafragma 
O ventrículo direito é anterior ao esquerdo, que é a cavidade mais muscular. O átrio direito é anterior ao esquerdo e está à direita do ventrículo direito
As raízes dos vasos estão situadas na base do coração
No átrio direito desembocam as veia cava superior e a veia cava inferior e nele se encontra o seio coronário.
No átrio esquerdo desembocam quatro veias pulmonares, que são inferiores às respectivas artérias pulmonares
Do ventrículo direito sai o tronco pulmonar, que bifurca-se nas artérias pulmonares direita e esquerda. O tronco pulmonar cruza a emergência da aorta e situa-se posterior e à esquerda dela, antes de dividir-se em a. pulmonar direita (passa sob o arco aórtico e penetra no hilo do pulmão direito) e a. pulmonar esquerda (continua seu trajeto para esquerda e penetra no hilo do pulmão esquerdo) 
Do ventrículo esquerdo sai a artéria aorta, que dirige inicialmente para cima (superiormente) e depois para trás (posteriormente) e para esquerda (inferiormente), formando o arco aórtico.
Aorta ascendente: à direita da a. pulmonar principal
Aorta descendente: penetra no mediastino posterior, frontalmente e à esquerda dos corpos vertebrais.
A massa muscular cardíaca dispõe-se em espiral em torno dos ventrículos e o esqueleto fibroso funciona como um ponto de fixação.
O esqueleto fibroso consiste de uma massa contínua de tecido conjuntivo fibroso que circunda os óstios atrioventriculares, os óstios do tronco pulmonar e da aorta. Nele se inserem as valvas dos orifícios atrioventriculares e dos orifícios arteriais, além de camadas musculares.
O esqueleto fibroso apresenta estrutura interligadas: 
os trígonos fibrosos (direito e esquerdo)
os anéis fibrosos dos óstios atrioventriculares (posteriores) e arteriais (anteriores): dão inserção a feixes musculares atriais e ventriculares
tendão do infundíbulo: pequena fita tendínea
parte membranácea do septo interventricular
O esqueleto fibroso separa a musculatura dos átrios da dos ventrículos, o que impede que impulsos dos átrios e ventrículos se misturem, garantindo a contração independente de cada câmara cardíaca
2. Morfologia Interna
A cavidade cardíaca possui septos que a dividem em quatro câmaras. 
O septo horizontal é o atrioventricular, dividindo o coração nas porções superior e inferior. 
A porção superior apresenta um septo sagital chamado septo interatrial, que delimita os átrios esquerdo e direito. Cada átrio possui um apêndice (aurícula) e um óstio atrioventricular.
Na porção inferior está um septo sagital, o septo interventricular, delimitando os ventrículos direito e esquerdo
O septo interventricular possui dois orifícios, o óstio atrioventricular direito e o óstio atrioventricular esquerdo, que permitem a comunicação de átrios com ventrículos
Nos óstios atrioventriculares estão as valvas atrioventriculares, lâminas de tec conjuntivo denso recoberto pelo endocárdio em ambas as faces e que só permitem a passagem do sangue dos átrios para os ventrículos. As valvas são compostas por subdivisões incompletas, as válvulas/cúspides. A valva direita (tricúspide) possui três válvulas e a esquerda (mitral) apresenta duas válvulas.
Não ocorre eversão de sangue durante a sístole ventricular porque as cordas tendíneas prendem a valva aos músculos papilares (projeções do miocárdio nas paredes internas do ventrículo)
PROLAPSO: condição em que as cordas tendíneas falham e a valva é empurrada para dentro do átrio durante a contração ventricular.
Átrio direito: sua parede ântero-superior possui dois segmentos: um lateral posterior, composto pelo seio venoso das veias cavas, que recebe as v.v. cavas superior e inferior, e um medial (o átrio propriamente dito). A separação desses segmentos é feita pela crista terminal. O óstio da v. cava inferior apresenta uma prega endotelial rudimentar, a válvula da veia cava inferior. Imediatamente anterior e medial a v. cava inferior, localiza-se o óstio do seio coronário, que também apresenta sua válvula e é por onde chega o sangue drenado do coração. Na parte superior do segmento lateral, encontra-se o nó sinoatrial. O segmento lateral e a parede septal são lisos, já o segmento medial é acidentado devido a presença dos músculos pectíneos, que se espalham da crista terminal até a aurícula. Na parede septal (septo interatrial) está a fossa oval (marca o local primitivo do forame oval do feto). Nas paredes do átrio direito são encontrados vários forames das veias mínimas do coração. O átrio direito se comunica com o ventrículo direito através do óstio atrioventricular direito, onde se encontra a valva atrioventricular direita (tricúspide)
Em cerca de 20% dos casos o forame oval persiste nos adultos e em 25% dos adultos normais existe uma pequena comunicação sem repercussão clínica
Átrio esquerdo: também pode ser dividido em duas porções, mas não há uma linha de separação nítida. A porção posterior é lisa e recebe as veias pulmonares e a porção anterior é contínua com a aurícula esquerda, apresentando músculos pectíneos. O átrio esquerdo se comunica com o ventrículo esquerdo através do óstio atrioventricular esquerdo, composto pela valva atrioventricular esquerda (bicúspide/mitral).
Ventrículos: a superfície de ambos os ventrículos é marcadamente irregular devido a presença dos músculos papilares e outras projeções de feixes musculares. Há três músculos papilares (anterior, posterior e septal) no ventrículo direito e dois no ventrículo esquerdo (anterior e posterior). Deles partem delicadas trabéculas fibrosas, as cordas tendíneas. O septo interventricular é bem visível, sendo mais côncavo no lado do ventrículo esquerdo e convexo no lado do ventrículo direito. A parte membranácea do septo (mais superior) é fibrosa, o restante constitui a parte muscular do septo. No ventrículo direito existe a trabécula septomarginal, onde corre o ramo direito do fascículo atrioventricular pertencente ao complexo estimulante do coração. A parede do ventrículo esquerdo é pelo menos duas vezes mais espessa que a do ventrículo direito. 
No orifício de saída do tronco pulmonar encontra-se a valva do tronco pulmonar e no orifício de saída da aorta encontra-se a valva aórtica. Cada uma é composta por três válvulas semilunares, em forma de bolso, com o fundo voltado para o ventrículo e a porção aberta voltada para luz da artéria
O espaço entre a cúspide e a parede de um vaso é chamado seio (seio aórtico e seio do tronco pulmonar). Dentro do seio das cúspides sempre permanece um pouco de sangue para impedir sua aderência à parede do vaso.
3. Vascularização (irrigação e drenagem venosa do miocárdio)A irrigação do coração é feita pelas artérias coronárias direita e esquerda que correm no seio coronário. Essas artérias se originam da aorta logo acima da sua emergência no ventrículo esquerdo, posteriormente a a. pulmonar
O estudo das coronárias é importante para prática de métodos terapêuticos e diagnóstico, como a cirurgia de revascularização do miocárdio, angioplastia transluminal coronária, aterectomia e aplicação de stents.
Usualmente, a coronária esquerda é mais calibrosa que a direita e sua área de distribuição é maior. É originária do seio aórtico esquerdo, posteriormente a a. pulmonar. Corre entre o seio aórtico esquerdo e a aurícula esquerda. Bifurca-se nos ramos interventricular anterior (corre no sulco interventricular anterior em direção ao ápice, contorna-o e segue pelo sulco interventricular posterior - HÁ MUITA VARIAÇÃO ANATÔMICA) e circunflexo (percorre o sulco coronário para a esquerda e posteriormente e normalmente termina na face diafragmática do ventrículo esquerdo) 
As principais ramificações do ramo interventricular anterior são o ramo do cone arterial, o ramo lateral e os ramos interventriculares septais
As principais ramificações do ramo circunflexo são o ramo do nó atrioventricular e os ramos atriais e ventriculares
Artéria coronária direita origina-se no seio aórtico direito e dirige-se para a direita, posteriormente a a. pulmonar, para correr no sulco coronário, entre o átrio e o ventrículo direitos. Geralmente alcança o sulco interventricular posterior, ultrapassa-o e termina no sulco coronário, à esquerda do sulco coronário posterior. Origina o ramo marginal e o ramo interventricular posterior (também tem o ramo do nó sinoatrial, ramo atrial intermédio, do nó atrioventricular, …)
A drenagem do coração é feitas em duas vias: o sistema venoso e as veias cardíacas mínimas (pequenos canais) 
O seio coronário é a principal estrutura de drenagem. Situa-se no sulco coronário, entre o átrio e o ventrículo esquerdos. É um tronco curto, relativamente calibroso, munido da válvula do seio coronário e que desemboca no átrio direito pelo óstio do seio coronário.
Cateterização do seio coronário: estudos eletrofisiológicos
Veias cardíacas que drenam o coração:
Veias tributárias do seio coronário
Veias anteriores do coração (desembocam no AD)
Veias mínimas do coração
Veias coronárias importantes:
Veia cardíaca parva
Veia cardíaca interventricular anterior
Veia cardíaca magna
Veia cardíaca média
As artérias coronárias podem ser classificadas de acordo com sua área de irrigação. A artéria dominante é aquela que ultrapassa a cruz do coração, ou seja, o encontro entre os sulcos interatrial e interventricular posteriores com o sulco coronário. Dessa forma, existem três dominâncias: dominância direita, esquerda e balanceada.
A mais comum é a dominância direita (70%)
O estudo da distribuição das a.a. coronárias e dos ramos são importantes para cateterismo cardíaco e cineangiografia (métodos auxiliares de diagnóstico das doenças coronarianas) 
Um tubo flexível é inserido pela a. braquial e levado até as a.a. coronárias. Através dele injeta-se um contraste radiopaco e filma-se o exame radiológico, sendo possível visualizar a irrigação cardíaca
Anastomoses arteriais: o miocárdio possui um grande número de anastomoses arteriolares que conectam ramos de uma mesma artéria coronária, anastomoses dos ramos septais anteriores e posteriores, no ápice e no sulco coronário posterior.
INFARTO DO MIOCÁRDIO: oclusão súbita das coronárias ou de seus ramos, privando o suprimento de alguma área cardíaca. Isso leva a necrose da região relacionada e pode resultar em FIBRILAÇÃO VENTRICULAR, ou seja, mudança no potencial isoelétrico da área muscular envolvida.
4. Topografia tóraco cardíaca (projeção do coração na superfície do tórax)
Em vista antero-posterior, a margem direita do coração é formada pela v. cava superior, pelo átrio direito e pela v. cava inferior. A margem esquerda é formada pelo arco aórtico, pelo tronco pulmonar, pela aurícula esquerda e pelo ventrículo esquerdo.
Em vista lateral, o ventrículo direito e o tronco pulmonar são anteriores e o átrio esquerdo forma a margem posterior do coração
Um aumento patológico dos átrios é evidenciado no lado direito do tórax e um aumento do ventrículo esquerdo é visto no lado esquerdo do tórax, já do ventrículo direito é visto num plano ântero-posterior
BULHAS CARDÍACAS E FOCOS DE AUSCULTA: 
Focos de ausculta
Foco aórtico: segundo espaço intercostal direito [segunda bulha]
Foco pulmonar: segundo espaço intercostal esquerdo [segunda bulha]
Foco tricúspide: quarto espaço intercostal direito, sobre a parte inferior do esterno [primeira bulha]
Foco mitral: quinto espaço intercostal esquerdo (ápice do coração) [primeira bulha]
Foco a. acessória: terceiro espaço intercostal esquerdo
As bulhas cardíacas são vibrações produzidas pelo fechamento das valvas cardíacas. A primeira bulha cardíaca ouvida é resultado do fechamento das valvas atrioventriculares e a segundo, do fechamento das valvas aórtica e pulmonar.
Área precordial: região imaginária que delimita a área do coração e dos grandes vasos em um corpo fechado
Choque da ponta do coração: aquilo que sentimos quando colocamos a mão no ápice do coração (quinto espaço intercostal) sobre o peito durante a sístole ventricular
Maciez cardíaca absoluta: Som abafado devido ao batimento cardíaco - o abafamento se dá em razão da posição, mediastino médio, posterior ao esterno.
5. Pericárdio
Saco fibro-seroso de dupla parede que envolve o coração, separando-o dos outros órgãos do mediastino e limitando sua expansão durante a diástole ventricular. Divide-se em pericárdio fibroso (camada externa) e pericárdio seroso (camada interna) 
Entre as lâminas está uma cavidade virtual, a cavidade do pericárdio. É ocupada por camada líquida de espessura capilar, permitindo o deslizamento de uma lâmina contra outra durante as mudanças de volume do coração.
Seio transverso do pericárdio: posterior a aorta e o tronco pulmonar
Possui importância cirúrgica, uma vez que após a remoção do saco pericárdico é possível inserir, por esse seio, um clampe cirúrgico e passar uma ligadura em torno dos grandes vasos, interrompendo ou desviando a circulação sanguínea da região (hemostasia), o que permite operar o coração 
Seio oblíquo do pericárdio: posterior ao átrio esquerdo, entre as aberturas das quatro veias pulmonares
INFLAMAÇÃO DO PERICÁRDIO (pericardite) pode levar a acúmulo de líquido na cavidade! Como o pericárdio fibroso é pouco distensível e está firmemente fixado aos grandes vasos, o excesso de líquido comprime o coração e o retorno venoso fica comprometido, assim como na pericardite constritiva - atrito pericárdico na ausculta 
Traumatismos cardíacos: o sangue que extravasa pela ferida do coração enche a cavidade pericárdica com velocidade superior a de saída. Ocorre então o tamponamento cardíaco, o coração torna-se incapaz de bombear o sangue de forma eficaz. 
Pericardiocentese: drenagem do líquido da cavidade pericárdica através da inserção de uma agulha entre o quinto e o sexto espaço intercostal no lado esquerdo e próximo ao esterno.
Pericárdio seroso: possui uma lâmina parietal, forra internamente o pericárdio fibroso, e uma lâmina visceral (epicárdio), reveste o miocárdio e as raízes dos grandes vasos. 
A lâmina visceral se dispõe em duas bainhas, uma que envolve as grandes artérias (tronco pulmonar e aorta) e outra que envolve as grandes veias (as quatros veias pulmonares e as veias cavas)
A lâmina visceral/epicárdio pode conter grande quantidade de gordura
Pericárdio fibroso: denso, firme e adere a superfície externa do pericárdio seroso, impedindo a hiperdistensão do coração.
Está fixado anteriormente ao esterno pelos ligamentos esterno-pericárdicos, mas os sacos pleurais separam a maior parte de sua face anterior da parede torácica
Está fixado ao centro tendíneo do diafragma pelos ligamentos diafragmático-pericárdicos
Os nervos frênicos descem em direção ao diafragmaentre a pleura e o contorno lateral do pericárdio fibroso

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