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NP1 e NP2

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NP1Módulo 01 - Bases da Teoria de Vygotsky:
Propôs uma nova psicologia que consistia em uma síntese entre duas fortes tendências presentes na psicologia do Século XXI:
A psicologia como ciência natural (psicologia experimental – estudo dos processos psicológicos e elementares – reflexos, sensoriais);
A psicologia como ciência mental (filosofia, ciências humanas – estudo dos processos psicológicos superiores – mente, consciência, espírito).
A nova psicologia, portanto, seria aquela abordagem que busca uma síntese para a psicologia integra, numa mesma perspectiva, o homem enquanto corpo e mente, enquanto ser biológico e ser social, enquanto membro da espécie humana e participante de um processo histórico. (Oliveira, 1997:23).
Sendo assim, Vygotsky elaborou uma teoria do desenvolvimento intelectual, sustentando que todo o conhecimento é construído socialmente, no âmbito das relações humanas, estando pautada em três ideias principais:
As funções psicológicas têm suporte biológico, pois são produtos da atividade cerebral;
O funcionamento psicológico fundamenta-se nas relações sociais entre o indivíduo e o mundo exterior, as quais se desenvolvem num processo histórico;
A relação homem/trabalho é mediada por sistemas simbólicos.
Mediação Simbólica: Instrumentos e signos:
O conceito central para compreender a concepção sócia – histórica do funcionamento psicológico de Vygotsky é o conceito de mediação simbólica, em que qualquer que seja a relação do homem com o mundo esta será mediada por sistemas simbólicos.
Mediação Simbólica: é o processo de intervenção de um elemento intermediário numa relação, a relação deixa de ser direta e passa a ser mediada por esse elemento que pode ser externo ou interno. Nessa perspectiva, a relação do homem com o mundo deixa de ser entendida como sendo direta (S-R) e passa a ser compreendida como uma relação mediada por um elemento intermediário (memória, lembrança, atenção, ajuda de alguém).
Os mediadores podem ser de dois tipos:
Instrumentos físicos: elementos externos, ações concretas. De acordo com Oliveira (1997), o instrumento é um elemento interposto entre o trabalhador e o objeto de seu trabalho, ampliando as possibilidades de transformação da natureza. O instrumento é feito ou buscado especialmente para certo objetivo. Ele carrega consigo, portanto, a função para a qual foi criado e o modo de utilização desenvolvido durante a história do trabalho coletivo. É, pois, um objeto social e mediador da relação entre o indivíduo e o meio. Ex.: mão / machado.
Signos ou instrumentos psicológicos: são também mediadores, mas elementos internos, ações mentais. De acordo com Oliveira (1997), os signos são orientados para o próprio sujeito, para dentro do indivíduo; dirigem-se ao controle de ações psicológicas, seja do próprio indivíduo, seja de outras pessoas. São ferramentas que auxiliam nos processos psicológicos e não nas ações concretas, como os instrumentos. Ex.: a palavra “mesa”, o número 3, a cartola na porta do banheiro masculino, contagem de varetas, fazer uma lista compras, dar um nó em um lenço. O signo, portanto, é uma representação de um pensamento e para ser compreendido requer uma interpretação do sujeito.
Dessa forma, o processo de mediação por meio de instrumentos e signos é fundamental para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores, distinguindo o homem dos outros animais. E a mediação é um processo essencial para tornar possíveis atividades psicológicas voluntárias, intencionais, e controladas pelo próprio individuo.
 
Módulo 02 Pensamento e Linguagem:
No início do desenvolvimento, pensamento e linguagem caminham separadamente:
Fase pré-verbal do pensamento - utilização de instrumentos, inteligência prática (criança pré-verbal faz e não sabe explicar).
Fase pré-intelectual da linguagem - utilização da linguagem como alívio emocional e como função social (criança pré-intelectual).
Aos dois anos, com o aparecimento da linguagem, o pensamento e a linguagem passam a funcionar de maneira integrada, o pensamento se torna verbal e a linguagem racional. De acordo com Vygotsky, é nesse momento que ocorre a transformação do sujeito puramente biológico em um sujeito sócio-histórico: a mediação da linguagem irá possibilitar o funcionamento das funções psicológicas (pensamento).
 
As funções básicas da linguagem são: intercâmbio social e pensamento generalizante:
O intercambio social é a construção de um sistema de linguagem criado pelo homem para comunicar-se com seus semelhantes. Nas palavras de Oliveira (2010): “É a necessidade de comunicação que impulsiona, inicialmente, o desenvolvimento da linguagem”.
 
A segunda função da linguagem é o pensamento generalizante que consiste no agrupamento de todas as ocorrências de uma mesma classe de objetos, eventos, situações, sob uma mesma categoria conceitual. Por exemplo: ao denominar um objeto de cachorro estou classificando este objeto nesta categoria e diferenciando-o de outras categorias de objetos (gatos, pássaros, carros, plantas, etc.). Essa função generalizante do pensamento que torna a linguagem um instrumento do pensamento, pois será a linguagem que organizará o real e possibilitará com isso a mediação de melhor qualidade do sujeito com o mundo a ser conhecido.
 
Dessa forma, o sistema psicológico passa a ser mediado pela linguagem que no início é social, e depois será organizado por um sistema interpsíquico que gradativamente vai sendo internalizado, tornando-se, assim, uma linguagem individual (sistema intrapsíquico). Este é o processo de internalização da linguagem descrito por Vygotsky.
O Significado das Palavras:
Nas palavras de Oliveira (2010), o significado é o componente essencial da palavra e é também um ato de pensamento, pois ao dar um significado para a palavra o sujeito realiza uma generalização. Portanto, é no significado das palavras que o pensamento e a fala se unem em pensamento verbal.
 
É na atribuição de significado para as palavras que se encontram as duas funções básicas da linguagem, o intercambio social e o pensamento generalizante. Ao dizer ‘boneca’ estou dizendo uma palavra que tem um significado que possibilita a comunicação entre as pessoas da mesma língua e, ao mesmo tempo, define um modo de organização do mundo, por categorias de pensamento desses objetos. 
 
Sendo assim, são os significados que irão possibilitar a mediação simbólica do sujeito com o mundo e as relações que com ele irá estabelecer. Para Vygotsky, a palavra sem significado é um som vazio e não representa nada ao sujeito, portanto, não funciona como mediador.
 
A criança, na aquisição da linguagem, passa pelo mesmo processo, no início o significado da palavra tem um caráter individual e na interação verbal com adultos e crianças mais velhas vai ajustando este significado aproximando-os dos conceitos do grupo cultural e lingüístico a que pertence. Assim sendo, o significado da palavra transforma-se ao longo do tempo, tornando-se cada vez mais próximo dos conceitos estabelecidos pela cultura.
 
Vygotsky distingue dois aspectos do significado da palavra: o significado propriamente dito e o sentido. O significado propriamente dito refere-se ao sistema de relações objetivas que se formou no processo de desenvolvimento da palavra, consistindo num núcleo relativamente estável de compreensão da palavra, compartilhado por todas as pessoas que a utilizam. O sentido, por sua vez, refere-se ao significado da palavra para cada indivíduo, composto por relações que dizem respeito ao contexto de uso da palavra e às vivencias afetivas do individuo. (Oliveira, 2010:50)
O discurso interior e a fala egocêntrica:
O uso da linguagem como instrumento do pensamento pressupõe um processo de internalização da linguagem que vai da atividade social (intrapsíquica) para a atividade individual (intrapsíquica). Sendo assim, a criança inicialmente utiliza a linguagem como comunicação social e com o passar do tempo passa a utilizá-la como ferramenta do pensamento. Portanto, o processo de internalizaçãodo discurso ocorre em etapas e é gradual, completando somente nas fases mais avançadas da aquisição da linguagem.
 
De acordo com Vygotsky, nesse processo de internalização a linguagem no início apresenta-se como um mediador em forma de discurso socializado (função de comunicação e contato social) e gradativamente vai sendo internalizada tornando-se também um discurso interior (diálogo consigo mesmo por meio de um dialeto pessoal). Entre essas duas formas de expressão da linguagem têm a fala egocêntrica (por volta dos 3 a 4 anos) ou discurso egocêntrico, no qual o sujeito fala consigo mesmo em voz alta; não tem o objetivo de comunicação com o outro, mas funciona como auxiliar do pensamento para o sujeito. À medida que a linguagem vai sendo internalizado, o discurso egocêntrico vai desaparecendo e o sujeito passa a utilizar o discurso interior como mediador do pensamento.
 
Concluindo, a trajetória da criança vai em direção dos processos socializados para os processos internos, sendo a fala egocêntrica um procedimento de transição no qual o discurso já tem a função que terá como discurso interior, mas ainda tem a forma da fala socializada, externa. (Oliveira, 2010:52)
 
Módulo 03 Desenvolvimento e Aprendizado:
Vygotsky adotou a abordagem psicogenética que é comum em outras teorias da psicologia em seus estudos sobre o desenvolvimento. 
Nesse sentido, afirma que o desenvolvimento é determinado pelos processos de aprendizado pelos quais o sujeito passa ao longo da vida. Embora não negue a importância do processo de maturação do organismo individual, afirma que é o aprendizado que possibilita o despertar destes processos internos de desenvolvimento, que se não fosse o contato do indivíduo com o ambiente, não ocorreriam.
Nesse sentido, para Vygotsky a aprendizagem é um processo de conhecimento individual e o aprendizado é resultado da mediação, portanto, das relações do sujeito em seu ambiente sociocultural, fundamental no processo de internalização do conhecimento pelo sujeito. Esta é a importância que Vygotsky atribui ao papel do outro no desenvolvimento psicológico, fundamentada pelo conceito de zona de desenvolvimento proximal.
 
Com isso Vygotsky afirma que há dois níveis de desenvolvimento que ocorrem de maneira simultânea durante toda a vida psicológica do sujeito.
 
O nível de desenvolvimento real sem ajuda do outro - Consiste nos conhecimentos já construídos pelo sujeito, o que ele consegue fazer sozinho.
O nível de desenvolvimento potencial é o nível onde estão os conhecimentos que o sujeito ainda não construiu e que, portanto, ele precisa da ajuda do outro para realizá-los. Nesse sentido, precisa de alguém para ensiná-la a fazer essas coisas, pois são conhecimentos ainda não internalizados.
 
Entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial, há a zona de desenvolvimento proximal, que consiste no espaço entre os dois níveis, onde atuam os mediadores como desencadeadores de processos de aprendizado.
 
O conceito de zona de desenvolvimento proximal:
De acordo com Oliveira (2010), a possibilidade de alteração no desempenho de uma pessoa pela interferência de outra é fundamental na teoria de Vygotsky, levando-se em consideração as condições do sujeito em se beneficiar (ou não) dessa mediação.
 
Sendo assim, Vygotsky salienta a importância da interação social no processo de construção das funções psicológicas superiores. Em outras palavras, o desenvolvimento individual ocorre na relação com o outro em um ambiente social determinado, sendo o mesmo fundamental para a construção deste ser psicológico individual.
 
Nesse sentido, o conceito de zona de desenvolvimento proximal assume um papel de relevância em sua teoria. Vygotsky define ZDP como sendo a distancia entre o nível de desenvolvimento real (solução independente de problemas) e o nível de desenvolvimento potencial (solução de problemas com auxilio); é o caminho que o sujeito irá percorrer no processo de internalização do conhecimento com auxílio dos mediadores que irão atuar neste espaço.
 
A ZDP é um domínio psicológico em constante transformação, pois o que em um momento o sujeito precisa de ajuda de mediadores para realizar, amanhã já conseguirá fazer sozinho, pois já foi internalizado e está em nível real.
 
Nas palavras de Oliveira (2010:60): Interferindo constantemente na ZDP das crianças, os adultos e as crianças mais experientes contribuem para movimentar os processos de desenvolvimento dos membros imaturos da cultura.
 
O papel da intervenção pedagógica no desenvolvimento:
Se para Vygotsky o conceito de zona de desenvolvimento proximal é fundamental no processo de desenvolvimento das funções psicológicas superiores, podemos depreender o significado da escola nessa teoria. Ao afirmar que é na ZDP que a interferência de outros indivíduos é a mais transformadora, chama a atenção para o papel da mediação da escola nesse processo, indicando inclusive o momento ideal para ocorrer esta atuação.
 
Se o sujeito já tem um conhecimento em nível real e, portanto, internalizado, não há necessidade de uma medição na ZDP desse sujeito, pois ensinar o que já se sabe não tem significado para o processo de desenvolvimento psicológico. Ao mesmo tempo, conhecimentos ainda não possíveis de serem reconhecidos pelo sujeito podem também não serem reconhecidos como mediadores nesse processo (ensinar uma criança de um ano a amarrar o sapato, mesmo com ajuda).
 
Sendo assim, somente se beneficia do auxilio na tarefa (mediação) o sujeito que ainda não aprendeu, mas que possui um processo de desenvolvimento para essa habilidade ou aprendizagem. Nesse sentido, é fundamental a compreensão do professor em relação a isso e a implicação de sua atuação, em escolher os mediadores que irão beneficiar o processo de desenvolvimento e aprendizado do sujeito.
 
A escola, portanto, tem um papel muito importante como mediadora, atuando na zona de desenvolvimento proximal do aluno, pois por meio da interação com o professor, com os colegas e o contato com diferentes signos, conhecimentos em nível potencial são internalizados e tornam-se conhecimentos em nível real.
 
Concluindo, o professor tem o papel explícito de intervir na ZDP dos alunos, provocando avanços que não ocorreriam espontaneamente, pois segundo Vygotsky o único bom ensino é aquele que se adianta ao desenvolvimento.
Módulo 04 Brinquedo e Desenvolvimento: 
Além da escola, Vygotsky afirma que o brinquedo e o jogo simbólico também são importantes no desenvolvimento psicológico do sujeito, pois atuam como mediadores e favorecem o desenvolvimento das funções psicológicas superiores.
 
O brinquedo e a situação de brincadeira, aparentemente sem um papel importante no desenvolvimento, possibilita a criação de uma zona de desenvolvimento proximal na criança, uma vez que é levada a imaginar e vivenciar uma situação muitas vezes impossível de ser experimentada concretamente.
 
Por isso Vygotsky refere-se especialmente ao jogo de faz de conta (simbólico) como brincar de casinha, escolinha, etc., em que a criança utiliza a representação simbólica, liberando o funcionamento psicológico das experiências concretas. Sendo assim, numa situação imaginária como a brincadeira de faz de conta, a criança é levada a agir em um mundo de fantasia, portanto, imaginário, onde a situação é definida pelo significado estabelecido pela brincadeira - ônibus, motorista, passageiros - e não pelos elementos reais concretamente presentes – cadeiras da sala onde está brincando de ônibus. (Oliveira, 2010:66)
 
Ao brincar com a boneca a criança se relaciona com o significado e não com o objeto concreto. O brinquedo provê, assim, uma situação de transição entre a ação da criança com objetos concretos e suas ações com significados. (Oliveira, 2010:66)
 
Além disso, a brincadeira e o brinquedo são organizados em um sistema de regras e são justamente essas regras que permitem a criança se comportar de forma mais avançada do que aquela correspondente à sua idade: ao brincar deescolinha assume o papel de professora e para isso tem que utilizar o modelo de professora que conhece e extrair dele um significado geral e abstrato de professora. E também precisa brincar conforme as regras e desempenhar o papel desta profissional, o que a impulsiona para além de seu comportamento como criança.
 
Concluindo, no brinquedo a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real e também aprende a separar o objeto do significado. (...) Sendo assim, a promoção de atividades que favoreçam o envolvimento da criança em brincadeiras, principalmente aquelas que promovem a criação de situações imaginárias, tem nítida função pedagógica. (Oliveira, 2010:67)
A evolução da escrita na criança:
Os estudos de Vygotsky sobre a evolução da escrita são muito contemporâneos e partem da concepção de que é um sistema simbólico de representação da realidade, assumindo junto com outros conceitos (linguagem, mediação simbólica) papel central em sua teoria.
 
Para Vygotsky a escrita apenas pode ser investigada por meio de uma abordagem genética que inicia muito antes da criança entrar na escola e se estende por muitos anos depois, por isso, afirma a importância de se estudar a pré-história da linguagem escrita. (Oliveira, 2010:68)
 
A fim de conhecer esse processo, Vygotsky e Luria, solicitaram a crianças que não sabiam ler e escrever que memorizassem uma série de sentenças ditadas por eles. Como não conseguiam se lembrar das sentenças faladas foi sugerido que ‘escrevessem’ as sentenças como auxílio da memória. As estratégias utilizadas pelas crianças permitiu que identificassem um percurso para a pré-história da escrita.
 
Rabiscos Mecânicos é a imitação do formato da escrita do adulto e para isso a criança utiliza como forma de representação cobrinhas.
Marcas Topográficas é a distribuição dos registros no espaço do papel, possibilitando a lembrança pelo local marcado.
Representações Pictográficas são desenhos estilizados usados como forma de escrita.
Escritas Simbólicas é o momento em que a criança passa a inventar formas para representar informações difíceis de serem desenhadas, surgindo assim os signos que não necessariamente tem uma relação lógica com os objetos e situações representadas. Será a partir daqui que irá aprender a língua escrita propriamente dita.
A mediação da percepção, atenção e memória:
Os estudos de Vygotsky sobre a gênese, função e estrutura dos processos psicológicos superiores em uma perspectiva interdependente do desenvolvimento e aprendizagem, levou-o a compreender os mecanismos mais simples (funções psicológicas elementares) e os mais sofisticados (funções psicológicas superiores) no funcionamento psicológico.
 
Em função disso, estudou temas clássicos da psicologia, como a percepção, atenção e memória e as implicações no funcionamento psicológico.
 
A mediação simbólica e a origem sociocultural dos processos psicológicos superiores são fundamentais para explicar o funcionamento da percepção. O bebe nasce com características do sistema sensorial humano, mas pela internalização da linguagem, pelos conceitos e significados culturalmente desenvolvidos, transforma a percepção de uma relação direta entre o individuo e o meio, para uma relação mediada por conteúdos culturais. (Oliveira, 2010:73)
 
Sendo assim, nossa relação perceptual com o mundo não se dá em termos de atributos físicos isolados, mas em termos de objetos, eventos e situações rotulados pela linguagem e categorizados pela cultura. (Oliveira, 2010:74)
 
Dessa forma, há uma interpretação dos dados perceptuais a partir do conhecimento de mundo, uma percepção do objeto como um todo, uma realidade completa, articulada e não simplesmente um conjunto de informações sensoriais.
 
A atenção segue também o mesmo principio. O homem nasce com uma bagagem inata que gradativamente vai sendo submetida a processos conscientes em grande parte pela mediação simbólica. Ao longo do desenvolvimento, o sujeito passa a ser capaz de dirigir voluntariamente sua atenção para elementos do ambiente que ele tenha definido como relevante.
 
Em relação à memória Vygotsky apresenta uma distinção: memória natural, aquela não mediada e a memória mediada por signos. A memória não mediada assim como a percepção sensorial e a atenção involuntária é mais elementar, presente nas determinações inatas da espécie humana. A memória mediada é a ação voluntária do sujeito em utilizá-la como mediadora para lembrar-se de conteúdos específicos.
 
Portanto, as funções psicológicas superiores, típicas do ser humano, são, por um lado, apoiadas nas características biológicas da espécie humana (funções psicológicas elementares) e, por outro lado, construídas ao longo de sua historia social. (Oliveira, 2010:78)
 
NP2 Módulo 5 Henri Wallon
Método de Pesquisa: Análise genética comparativa multidimensional:
Para realizar os estudos sobre o desenvolvimento infantil, Wallon utilizou um método de análise, tendo como base a psicologia genética, pois considerava que esta referencia era a mais adequada para estudar os processos pelos quais a criança passa da infância à idade adulta.
 
Assim sendo, com base na psicologia genética e no materialismo histórico, elaborou um método próprio para realizar as investigações psicológicas: a análise genética comparativa multidimensional, que consiste em realizar diferentes comparações para compreender adequadamente o desenvolvimento humano. Ao fazer essas comparações Wallon analisa o desenvolvimento em suas várias determinações, orgânicas, neurofisiológicas, sociais e as relações entre esses fatores.
 
Assim sendo, destaca dois grandes pressupostos:
A pessoa está continuamente em desenvolvimento.
Em cada instante desse processo a pessoa é uma totalidade, um conjunto resultante da integração dos conjuntos motor, afetivo e cognitivo.
 
Assim sendo, o desenvolvimento humano é resultado das relações entre as dimensões motor, afetivo, cognitivo e os fatores determinantes – orgânicos e sociais.
Principais conceitos da Teoria:
O desenvolvimento psicológico é dividido em estágios (não rígidos, mas contínuos, marcado por rupturas, retrocessos e reviravoltas) inicialmente biológicos, depois sociais. Não é possível definir um limite terminal para o desenvolvimento da inteligência, pois isso depende das condições oferecidas pelo meio. Os estágios do desenvolvimento segundo Wallon são: impulsivo-emocional (0 a 1 ano); sensório-motor e projetivo (1 a 3 anos); personalismo (3 a 6 anos);    categorial (6 a 11 anos); puberdade e adolescência (11 anos em diante). 
 
De acordo com Wallon, o desenvolvimento infantil é dinâmico – não há linearidade. Os fatores orgânicos (biológicos) determinam a seqüência fixa dos estágios do desenvolvimento, que se tornam flexíveis pela influência dos fatores sociais (alimento cultural = linguagem e conhecimento). Em outras palavras, a gênese da inteligência para Wallon é genética e organicamente social. Nesse sentido, a teoria do desenvolvimento cognitivo é centrada na psicogênese da pessoa completa, ou seja, em cada estágio temos uma pessoa inteira, completa e em transformação constante, a partir das dimensões afetiva, cognitiva e motora. (Mahoney, 2000)
 
O desenvolvimento é emocional (afetividade), cognitivo (inteligência) e motor (movimento), determinado por fatores orgânicos e sociais. Assim, há sempre a predominância funcional de uma dimensão do desenvolvimento em relação aos outros e em cada período, sendo que no final há uma integração funcional. Portanto, o desenvolvimento é pontuado por crises ou conflitos chamados de fatores dinamogênicos, que podem ser de natureza endógena / interna (maturação nervosa) e de natureza exógena / externa (cultural). A isso, Wallon chamou de lei de alternância funcional: ora o conflito é interno ora é externo, constituindo-se num motor propulsor ao desenvolvimento.
 
Períodos do desenvolvimento: Impulsivo emocional (0-1a); Personalismo (3-6a); Puberdade e adolescência (11 anos).
- Fatores dinamogênicosè endógeno.
- Predominância funcional è afetivo (centrípeta).
 
Períodos do desenvolvimento: Sensório-motor e projetivo (1-3 a); Categorial (6-11a).
- Fatores dinamogênicos è exógeno.
- Predominância funcional è cognitivo (centrífuga).
 
No último estágio do desenvolvimento há a integração funcional em que não há mais a predominância de uma dimensão do desenvolvimento em relação à outra. Caso isso não aconteça, Wallon identifica uma série de problema, chamando de criança turbulenta.
Módulo 06 Psicogênese da Pessoa Completa:
Assim como Piaget e Vygotsky, Henri Wallon buscou explicitar os fundamentos epistemológicos, objetivos e métodos que embasaram sua compreensão sobre o desenvolvimento humano, dialogando, para isso, com as principais correntes filosóficas do pensamento ocidental e questionando as contradições da psicologia de sua época.
 
Nesse sentido, opõem-se as concepções reducionistas (a concepção idealista e a concepção materialista mecanicista ou organicista) que limitam a compreensão do psiquismo humano a um ou outro termo da dualidade (inato-adquirido).
 
Propõe, então, o materialismo dialético como a única abordagem que permite a superação dos antagonismos que entravam a objetiva compreensão da realidade, na medida em que permite a coordenação de pontos de vista diversos, compreendendo a contradição como constitutiva do sujeito e do objeto.
 
Sendo assim, para Wallon, o estudo da realidade movediça e contraditória que é o homem e seu psiquismo beneficia-se enormemente do recurso ao materialismo dialético, perspectiva filosófica especialmente capaz de captar a realidade em suas permanentes mudanças e transformações, adotando-o como método de análise e fundamento epistemológico de sua teoria psicológica, uma psicologia dialética. (Galvão, 2002)
 
Impulsivo Emocional:
No Estágio impulsivo-emocional (0 a 1 ano) a predominância funcional é afetiva (relações afetivas) e o conflito é de natureza endógena (centrípeta). A afetividade é marcante nesse período, a criança nutre-se pelo olhar, pelo contato físico e se expressa por gestos, mímicas e posturas.
 
Essa é a etapa da formação do eu corporal, a criança está voltada à construção de si mesmo. No início há uma total indiferenciação eu - outro (simbiose), depois ocorre à diferenciação do espaço objetivo e subjetivo (recorte corporal), por exemplo, morder o próprio braço e não perceber que foi ela mesma.
 
O estágio está dividido em dois momentos:
Impulsivo (0 a 3 meses) - organismo puro; sua atividade se manifesta apenas por reflexos e movimentos impulsivos: exploração do corpo, movimentos bruscos, desordenados, existe uma simbiose fisiológica.
Emocional (3 a 12 meses) - construção de padrões emocionais de medo, alegria, raiva = formas de comunicação corporal; existe uma simbiose afetiva que caracteriza o início do psiquismo ou vida psíquica.
 
Aos seis meses inicia-se a atividade circular, ou seja, um gesto da criança cria um resultado auditivo e/ou visual e ela tentará reproduzi-lo, isso possibilitará a organização dos exercícios sensório motores e irá preparar a criança para o estágio seguinte. Piaget denomina tal ação de “reação circular”. Essa atividade circular pode ser observada em várias ações infantis: balbuciar, movimentar as pernas e os braços, morder objetos, pegar e deixar cair milhares de vezes um brinquedo etc.
Sensório Motor Projetivo:
A predominância funcional é cognitiva (relações cognitivas) e o conflito é de natureza exógena (centrífuga). Período marcado pela diferenciação do corpo físico (mas não psíquico). Esse período é marcado pela exploração sensório-motora do mundo físico (agarrar, segurar, sentar, marchar). Além disso, há o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem – o ato mental “projeta-se” em atos motores.
 
Portanto, é um estágio dividido em dois momentos:
Sensório-motor é inteligência prática: movimentos motores com o início da marcha acompanhado dos demais movimentos - agarrar, segurar, sentar, virar, rodar, pular.
Projetiva é inteligência simbólica: movimentos motores acompanhados de gestos e projeções. Aparecimento da linguagem. A criança necessita dos gestos para expressar seus pensamentos e, nesse sentido, o gesto precede a palavra e a criança é incapaz de imaginar sem representar gestualmente. O ato mental projeta-se em atos motores.
 
A atividade projetiva, por volta dos 2 e 3 anos, continua a aparecer nos jogos simbólicos e nas histórias infantis e abre caminho para outras formas de representação, uma vez que a ação motora organiza seu pensamento. Há vários movimentos projetivos nessa fase: 
Imitação: atividade que relaciona o movimento de um modelo exterior e a representação. A criança reproduz modelos das pessoas e situações que a atraem.
Simulacro: pelos gestos, a criança simula uma situação de utilização de um objeto sem tê-lo de fato. Trata-se de um ato sem o objeto real, pois é um pensamento apoiado em gestos e serve de suporte a sua linguagem (faz de conta). O gesto torna presente o objeto.
Animismo: a criança atribui vida a alguma parte de seu corpo, tratando-a como se fosse uma pessoa.
Uso da 3ª pessoa: refere-se a sua pessoa pelo próprio nome ou usa a 3ª pessoa ao invés de utilizar o pronome “eu”, indicando uma indiferenciação do eu psíquico. Por exemplo: “Mariana” está triste, “ela” quer brincar, dê para “ela”.
 
Nessa etapa, há a integração do corpo, das sensações ao corpo visual (espelho). A criança somente irá perceber sua imagem projetada no espelho por volta dos dois anos (diferenciação do eu físico ou eu corporal). Antes disso, acredita que a imagem é de outra criança e tenta comunicar-se com ela atribui-lhe existência, vida própria. Apresenta também diálogo consigo mesma representando vários personagens.
 
Módulo 7 – Personalismo, Categorial, Puberdade:
Personalismo:
A predominância funcional é afetiva (relações afetivas) e o conflito é de natureza endógena (centrípeta). Período de formação da personalidade, marcado por conflitos e crises. Nessa fase, a afetividade que é simbólica incorpora os recursos intelectuais (principalmente a linguagem) e se exprime por palavras e ideias.
 
São características desse estágio: atividades de oposição; atividades de sedução (idade da graça); atividades de imitação; discriminação “eu e o outro”; uso da 1ª pessoa para referir-se a si mesmo: eu, meu, não; desaparecimento gradativo dos diálogos que tem consigo mesma.
 
Há a ocorrência de conflitos pessoais: oposição ao não eu (confrontos = ciúmes, tirania, agressividade). Disputa de brinquedos: desejo de propriedade conta mais do que o próprio objeto (sentimento de posse). Portanto, há a expulsão e a incorporação do outro, ou seja, movimentos complementares e alternantes no processo de formação do “eu”.
 
Categorial:
A predominância funcional é cognitiva (relações cognitivas) e o conflito é de natureza exógena (centrífuga). Período marcado pela exploração mental do mundo físico, mediante atividades de agrupamento, seriação, classificação, categorização (pensamento categorial). A afetividade é racional, os sentimentos são elaborados no plano mental.
 
Há a consolidação da função simbólica e a diferenciação da personalidade, que permitem progressos intelectuais e revelam o interesse da criança para o conhecimento. Período de razoável estabilidade se comparado com o estágio do personalismo. No transcorrer, desaparece o sincretismo, e a criança apresenta uma autodisciplina mental ou atenção que marca sua entrada na escola – idade escolar.
 
Esse estágio está dividido em dois momentos:
Pré-categorial (6 a 9 anos): sincretismo (pensamento confuso no qual os critérios afetivos prevalecem). O pensamento sincrético pode ser:
- tautologia – repetição de um termo várias vezes na frase;
- elisão – fala confusa, faltando trechos;
- fabulação – invenção de histórias para contar fatos;
- pensamento por pares – existência de um objeto ou situação apenas em seu pensamento, estando em relação a outro que lhe dê identidade; ex.: uma pessoa dorme porquesonha.
Categorial (9 a 12 anos): operações mentais e formação de categorias intelectuais que auxiliam na representação das coisas e na explicação do real. São exemplos de categorias intelectuais: identificar, analisar, definir, classificar, seriar.
Puberdade e Adolescência:
A predominância funcional é afetiva (relações afetivas) e o conflito é de natureza endógena (centrípeta). Essa é a última e movimentada etapa que separa a criança do adulto que ela tende a ser. A crise pubertária rompe a tranqüilidade da fase anterior: modificações hormonais e corporais levam às crises morais e existenciais. A afetividade é racional, os sentimentos são elaborados no plano mental.
 
Novamente ocorre o conflito eu – outro (do personalismo), agora mais cognitivo do que emocional. Há a exploração de si mesmo com uma identidade autônoma, mediante atividades de confronto, auto-afirmação, questionamentos. Domínio de categorias cognitivas de maior nível de abstração com discriminação mais clara dos limites de sua autonomia e de sua dependência.
 
O estágio da puberdade e adolescência é também chamado de período da crise da puberdade, pois nele ocorrem modificações fisiológicas, corporais e psicológicas. Há o amadurecimento sexual, provocando na criança profundas transformações corporais acompanhadas de modificações psíquicas. O corpo da menina fica diferente do corpo do menino, crescem pelos, há a modificação da voz, crescimento dos seios e dos órgãos genitais, além do aumento acelerado na estatura. A menina apresenta a menarca e o menino a emissão de espermas (aquisição da função reprodutora).
            
O espelho é o grande rival: ao mesmo tempo em que se apresenta como companhia constante, proporcionando momentos de prazer, causa inquietação e angústia, pois, em função das mudanças corporais tão rápidas, o adolescente não se reconhece na imagem refletida e isso lhe proporciona mal-estar.
 
Nas palavras de Wallon (1975:218): “Assinalou-se o que foi denominado signo do espelho: tanto os rapazes como as moças têm necessidade de se examinar num espelho e observar as transformações do rosto, sentem-se mudar e ficam desorientados. Sente ainda mais essa mudança, essa desorientação perante eles mesmos, em relação a seu meio ambiente.”
 
Todas essas modificações geram uma ambivalência de atitudes e sentimentos, marcados principalmente pela crise em relação ao adulto (ambivalência afetiva). Por isso, tanto nessa fase como no personalismo, o adulto deve estar muito bem preparado para lidar com as situações e poder ajudar o jovem em desenvolvimento.
 
Módulo 8 A questão da afetividade:
Para Wallon a emoção é orgânica e social. É orgânica porque tem controle subcortical e tem repercussões tônicas. A emoção faz parte da vida orgânica e cognitiva. É através dela que o indivíduo se socializa. É pela comunicação afetiva que temos acesso ao mundo humano. “No primeiro ano de vida nutrir a inteligência é nutrir o afeto". Segundo o autor a emoção é social e epidêmica e a mãe é afetada pelo choro do bebê. A criança sobrevive graças à mobilização do outro pela emoção. Primeiramente a emoção é controlada pelo subcórtex. À medida que o córtex vai amadurecendo, vai ocorrendo à possibilidade de um controle maior. Em um primeiro momento a emoção é incontrolada, passando a controlar-se lentamente através da maturação e do processo social. Crianças muito impulsivas podem apresentar alguma lesão subcortical. Podem também, segundo o autor, apresentar um problema de "educação da emoção" - o que fazer com a emoção, emoção descontrolada.
A afetividade não é apenas uma das dimensões da pessoa: é também uma fase de desenvolvimento, a mais primitiva. A história da construção da pessoa se dará por uma sucessão pendular de movimentos dominantemente afetivos ou dominantemente cognitivos - não paralelos, mas integrados. Isto significa que a afetividade depende, para evoluir, de conquistas realizadas no plano da inteligência. Com a linguagem surgem outras formas de vinculação afetiva, é uma forma cognitiva de vinculação afetiva. Wallon falava, então, em três momentos dessa afetividade: 1-afetividade emocional ou tônica, inicial. 2- Afetividade simbólica. 3- Afetividade categorial.
 
A construção da pessoa é uma autoconstrução. O vínculo afetivo supre a insuficiência da inteligência do início da vida, quando ainda não é possível a ação cooperativa que vem da articulação de pontos de vista bem diferenciados. O contágio afetivo cria os elos necessários à ação coletiva. Com o passar do tempo, a essa forma primitiva acrescenta-se outra e assim vai se construindo como sujeito.
Wallon e a Educação:
Para Wallon, o estudo da criança não é um mero instrumento para a compreensão do psiquismo humano, mas também uma maneira de contribuir para a educação. Mais do que um estado provisório, considerava a infância como uma idade única e fecunda, cujo atendimento é tarefa da educação.
 
A preocupação pedagógica é presença forte na psicologia de Wallon, tanto nos escritos em que trata de questões mais propriamente psicológicas – que consiste a maioria – como naqueles em que discute assuntos específicos da pedagogia. (Galvão, 2002, p.12)
 
A fecundidade das contribuições da psicologia genética de Wallon para a educação deve-se à perspectiva global pela qual enfoca o desenvolvimento infantil, mas também à atitude teórica que adota. Utilizando o materialismo dialético como fundamento filosófico e como método de análise, as ideias de Wallon refletem uma incrível mobilidade de pensamento, capaz de resolver muitos impasses e contradições a que levam teorias baseadas numa lógica rígida e mecânica. Contrário a qualquer simplicação, enfrenta a complexidade do real, procurando compreendê-la e explicá-la por uma perspectiva dinâmica, multifacetada e extremamente original. (Galvão, 2002, p.12)
 
Ao tratar de temas como emoção, movimento, formação da personalidade, linguagem, pensamento e tantos outros, fornece valioso material para a adequação da prática pedagógica ao desenvolvimento da criança. Sendo assim, Wallon tratou de explicar em artigos, interessantes considerações acerca da educação, como a reforma da universidade, doutrinas sobre a Escola Nova, orientação profissional, o papel do psicólogo escolar, formação de professor, interação entre alunos e problemas de comportamentos.
 
Wallon e a Psicologia:
Ao fornecer informações e explicações acerca das características da atividade da criança nas várias fases de seu desenvolvimento, a psicologia genética constitui-se numa valiosa ferramenta para a construção de uma prática em psicologia, especialmente aquela voltada à área escolar.
 
O psicólogo escolar é capaz, a partir desse referencial teórico, compreender o funcionamento da escola e os fatores que tornam a criança turbulenta, construindo uma série de estratégias que permitam a intervenção no próprio sistema educacional, em relação aos sujeitos constituídos e constituintes deste processo, diminuindo o encaminhamento a consultório clínico, muitas vezes não aceito pelos pais ou interrompido pela falta de compreensão sobre a real necessidade da criança em relação aos mesmos.
 
Sendo assim, o psicólogo walloniano auxilia na adequação dos objetivos e métodos pedagógicos às possiblidades e necessidades infantis, favorecendo uma prática de melhor qualidade, tanto em seus resultados como em seu processo. Em outras palavras, a teoria walloniana, como instrumento para a reflexão pedagógica, tanto dos pais como dos professores, mediadores pela ação do psicólogo, permite a construção de uma prática pedagógica que considera os planos afetivo, cognitivo e motor, promovendo o desenvolvimento em todos os sentidos.

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