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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE CIENCIAS HUMANAS E TECNOLOGIAS CAMPUS XVIII – EUNÁPOLIS Disciplina: Construção do sentido no texto literário Período: 2017.2 Docente: Marcio Ramos Junqueira Discente: João Santos de Jesus Neto Esta presente antologia se constitui por poemas compostos por autores durante o sec. XX, na qual a escolhas das obras presente na antologia seguiu basicamente 3 passos : primeiramente utilizar os poemas que estavam em três obras antológicas no qual o professor da disciplina Construção do sentido no texto literário disponibilizou para nós discentes utilizarmos o segundo passo foi estudar o significado de antologia , quais são os tipos e antologia e como se realiza uma antologia, o terceiro passo fora decidir qual características a antologia que estava prestes a compor precisaria ter para poder incluir obras poéticas que se encaixassem nessas características e pudessem então encontrar elementos comuns as obras então selecionadas para compor a antologia e para poder encontrar essas características veio a questão de criar critérios de características que as obras tinha que ter e a escolha desses critérios nessa atual antologia foram elas: Obras que relatassem questões cotidiana do sec. XX, as obras terem sido composta entre os anos de 1901 a 2000, obras terem sido escritas por autores brasileiros ou estados unidenses, a escolha de filtrar autores brasileiro se dá porque no sec. XX o país estava tendo revoluções na arte como a semana de arte moderna, o movimento de contra- cultura, tropicália entre outrs e a escolha de autores estados unidenses se dá por levar em conta que os EUA influencia muitos países por meio das artes e mídia, e para decretar uma ordem nos critério citado acima, as obras necessitariam de estar em ordem cronológica crescente (1901-2000). O intuito dessa antologia será de que o leitor possa ler-la e a mesma servir de um raio X sociocultural, na qual o leitor coniga compreender um pouco como era a realidade do sec. XX do Brasil e como o EUA eram um país na qual por meio das artes influenciava muito outros países foram postas obras de autores estado unidenses na antologia, a possibilitando assim o leitor poder observar questões em que autores brasileiros tiveram influência de autores estado -unidenses e observar elementos em obras que os autores brasileiros utilizaram características próprias nas obras literárias brasileiras no sec. XX, e tam´bem provoca o senso crítico nos leitores de indagar como era o sec. XX, observar se concorda ou não com visão dos autores sobre o modo de ver a realidade da época, e útlimo objetivo será oferecer uma antologia de ordem cronológica de determinado tempo para entreter leitores fãs de antologias. Antologia de 10 obras de autores do sec .XX com temáticas que relatem o cotidiano da época do Sec. XX. A acácia-meleira em flor- William Carlos Williams 1914 Quinta feira -William Carlos Williams 1919 Trem de Ferro- Manuel Bandeira 1936 Parábola”Lawrence Ferlinghetti (1946-1952) Dádiva- Berkeley, 1971 O ai, -Alice Ruiz 1980 Pelo Menos - Raymond Carver 1981 Todas as vidas Cora Carolina 1983 A uma passante - Charles Baudelaire 1985 A terceira via- Adélia Prado 1987 A acácia-meleira em flor - William Carlos Williams 1914 (Segunda versão) Por entre verde velho claro rijo roto ramo outro branco doce Maio vem. Quinta feira - William Carlos Williams 1914 eu tive um sonho - como outros - mas não deu em nada, de modo que agora sigo descuidado com os pés plantados no chãode olho pro céu sentindo minhas roupas sobre mim o peso do meu corpo sobre meus sapatos a borda do meu chapéu, o ar entrando e saindo do meu nariz - e decido não sonhar mais. Trem de Ferro- Manuel Bandeira 1936 Café com pão Café com pão Café com pão Virge Maria que foi isto maquinista? Agora sim Café com pão Agora sim Voa, fumaça Corre, cerca Ai seu foguista Bota fogo Na fornalha Que eu preciso Muita força Muita força Muita força Oô... Foge, bicho Foge, povo Passa ponte Passa poste Passa pasto Passa boi Passa boiada Passa galho De ingazeira Debruçada No riacho Que vontade De cantar! Oô... Quando me prendero No canaviá Cada pé de cana Era um oficiá Oô... Menina bonita Do vestido verde Me dá tua boca Pra matá minha sede Oô... Vou mimbora vou mimbora Não gosto daqui Nasci no Sertão Sou de Ouricuri Oô... Vou depressa Vou correndo Vou na toda Que só levo Pouca gente Pouca gente Pouca gente. “Parábola”Lawrence Ferlinghetti (1946-1952) O mundo é um lugar maravilhoso onde nascer, Se a gente não ligar para o fato de a felicidade nem sempre ser muito engraçada, Se a gente não ligar para umas horas de inferno de vez em quando, Justamente quando tudo está ótimo porque nem no céu eles ficam cantando o tempo todo, O mundo é um lugar maravilhoso onde nascer se a gente não ligar que o tempo todo haja alguma pessoa morrendo ou talvez só passando algum tempo á mingua, O que afinal não é tão ruim se não for você, Oh o mundo é um lugar maravilhoso onde nascer se a gente não perder a cabeça por haver cabeças mortas nos lugares mais altos ou então uma ou duas bombas de vez em quando nas vossas faces reviradas ou outras impropriedades tais, Das quais nossa sociedade de Marca e Nome é vitima com seus homens de disntinçao e seus homens de extinção, Seus padres e outros patrulheiros e suas varias segregações, E investigações congressionais e outras constipações de que nossa carne louca herda alguma coisa, Sim é o melhor lugar de todos para um monte de coisas como fazer a cena engraçada e fazer a cena de amor e fazer a cena triste, E cantar canções baixinho e ter inspirações e andar por aí olhando tudo, E cheirando flores e arruinando estátuas e até pensando e até pensando e beijando pessoas, E fazendo bebês e usando calças e abanando chapéus e dançando e indo nadar em rios, Nos piqueniques em pleno verão e enfim apenas “vivendo”, Pois é, Mas no meio de tudo chega o sorridente morticeiro. Dádiva- Berkeley, 1971 Um dia tão feliz. A névoa baixou cedo, eu trabalhava no jardim. Os colibris se demoravam sobre a flor de madressilva. Não havia coisa na terra que eu quisesse possuir. Não conhecia ninguém que valesse a pena invejar. O que aconteceu de mau, esqueci. Não tinha vergonha ao pensar que fui quem sou. Não sentia no corpo nenhuma dor. Me endireitando, vi o mar azul e velas. O ai, -Alice Ruiz 1980 o ai quando um filho cai. Pelo Menos - Raymond Carver 1981 Quero acordar cedo mais uma vez, antes do sol. Antes até dos pássaros. Quero jogar água fresca no rosto e estar na minha mesa de trabalho quando o céu se iluminar e a fumaça começar a subir das chaminés das outras casas. Quero ver as ondas quebrarem nesta praia rochosa, não apenas ouvi-lasquebrar como ouvi a noite inteira, enquanto dormia. Quero ver de novo os navios que passam pelo Estreito, vindos de todos os países do mundo - cargueiros velhos e sujos que avançam lentamente e os modernos navios mercantes, velozes, pintados de todas as cores sob o sol, cortando a água ao passar. Quero ficar de olho neles e nos barquinhos que cruzam a água entre os navios e a estação de controle junto ao farol. Quero ver descerem um homem do navio e trazerem outroa bordo. Quero passar o dia vendo isso acontecer e tirar minhas próprias conclusões. Odeio parecer ganancioso - já tenho tanto pelo que ser grato. Mas quero acordar cedo mais um dia, pelo menos. Ir para o meu canto com um café, e esperar. Apenas esperar, para ver o que acontece. Todas as vidas Cora Carolina 1983 Vive dentro de mim uma cabocla velha de mau-olhado, acocorada ao pé do borralho, olhando para o fogo. Benze quebranto. Bota feitiço. Ogum. Orixá. Macumba, terreiro. Ogã, pai-de-santo. Vive dentro de mim a lavadeira do Rio Vermelho. Seu cheiro gostoso d’água e sabão. Rodilha de pano. Trouxa de roupa, pedra de anil. Sua coroa verde de são-caetano. Vive dentro de mim a mulher cozinheira. Pimenta e cebola. Quitute bem feito. Panela de barro. Taipa de lenha. Cozinha antiga toda pretinha. Bem cacheada de picumã. Pedra pontuda. Cumbuco de coco. Pisando alho-sal. Vive dentro de mim a mulher do povo. Bem proletária. Bem linguaruda, desabusada, sem preconceitos, de casca-grossa, de chinelinha e filharada. Vive dentro de mim a mulher roceira. Enxerto de terra. Trabalhadeira. Madrugadeira. Analfabeta. De pé no chão. Bem parideira. Bem criadeira. Seus doze filhos, seus vinte netos. Vive dentro de mim a mulher da vida. Minha irmãzinha… tão desprezada, tão murmurada. Fingindo ser alegre seu triste fado. Todas as vidas dentro de mim: Na minha vida – a vida mera das obscuras. A uma passante - Charles Baudelaire 1985 A rua em derredor era um ruído incomum, longa, magra, de luto e na dor majestosa, Uma mulher passou e com a mão faustosa Erguendo, balançando o festão e o debrum; Nobre e ágil, tendo a perna assim de estátua exata. Eu bebia perdido em minha crispação No seu olhar, céu que germina o furacão, A doçura que embala o frenesi que mata. Um relâmpago e após a noite! — Aérea beldade, E cujo olhar me fez renascer de repente, So te verei um dia e já na eternidade? Bem longe, tarde, além, jamais provavelmente! Não sabes aonde vou, eu não sei aonde vais, Tu que eu teria amado — e o sabias demais! A terceira via- Adélia Prado 1987 Jonathan me traiu com uma mulher que não sofreu por ele um terço do que eu sofri, uma mulher turista espairecendo na Europa.Jonathan é bastante tolo. Estou sem saber se me mudo para alguém mais ladino, se espero Jonathan crescer. Sem descasar-me, sem gastar um tostão, o moço oferece-me pensamentos diários com irresistível margem de perigos: posso ficar tísica, posso engordar posso entender de física, posso jejuar produzindo sua imagem na hora mais quente do dia. Ismália me diz: ‘Deus é um tijolo, está aqui no nariz do meu cachorro. eu sou puro pecado’. E imediatamente come docinho de aletria com descansada certeza: ‘Irei salvar-me porque Deus me ama’. Não tenho o peito de Ismália para chegar perto de Deus. Por isso fico ganindo e chego perto dos homens, cheiro a camisa de Pedro, o travo ingrato de Jonathan. Todos viram que minha boca secou quando disse muito prazer e desfaleci na cadeira. O amor me envergonha. Da geração da cachaça, do é ou não é, do ou casa ou vai pro convento, não posso ser gay e dizer: depende, vou ver, vou tratar do seu caso. Comigo é na pândega ou na santidade mais rigorosa. Eu não servia para ter nascido, para comer com boca, andar com pés e ter dentro de mim oito metros de tripas desejando a filigrana de tua íris cuja cor não digo para não estragar tudo e novamente ficar coberta de ridículo. Sei agora, a duras penas, porque os santos levitam. Sem o corpo a alma de um homem não goza. Por isto Cristo sofreu no corpo a sua paixão, adoro Cristo na Cruz. Meu desejo é atômico, minha unha é como meu sexo, meu pé te deseja, meu nariz, meu espírito – que é o alento de Deus em mim – te desejapra fazer não sei o quê com você. Não é beijar, nem abraçar, muito menos casar e ter um monte de filhos. Quero você na minha frente, extático - Francisco e o Serafim, abrasados -, e eu para todo o sempre olhando, olhando, olhando...
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