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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT DEPARTAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PÓS-GRADUAÇÃO EM GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO CIVIL GESTÃO DA QUALIDADE DE CUSTOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL MARIA SOCORRO ROGÉRIA VENTURA TENÓRIO Juazeiro do Norte - CE 2017 MARIA SOCORRO ROGÉRIA VENTURA TENÓRIO Aluno do Curso de Pós-Graduação em Gerenciamento da Construção Civil URCA GESTÃO DA QUALIDADE DE CUSTOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Monografia elaborada para fins de avaliação final do Curso de Pós-Graduação em Gerenciamento da Construção Civil, pela Universidade Regional do Cariri – URCA. Orientador: Prof. Me. Jefferson Luiz Alves Marinho. Co-orienatdor: Prof. Esp. Antônio Alex Matos Lêu. Juazeiro do Norte - CE 2017 GESTÃO DA QUALIDADE DE CUSTOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Elaborado por: Maria Socorro Rogéria Ventura Tenório Aluna do Curso de Pós-Graduação em Gerenciamento da Construção Civil – URCA BANCA EXAMINADORA __________________________________________________ Prof. Me. Jefferson Luiz Alves Marinho ORIENTADOR ________________________________________________ MEMBRO 1 _________________________________________________ MEMBRO 2 Monografia aprovada em _____ /______ /_______, com nota _______. Juazeiro do Norte – CE 2017 Dedico esta monografia a meus familiares, aos colegas de curso, aos professores e a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para esta pesquisa. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela oportunidade, pela força e coragem que me foi concebido em compartilhar tamanha experiência e força para freqüentar este curso incansavelmente. ―Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo.‖ Mahatma Gandhi RESUMO A importância da gestão na construção civil que é um dos maiores setores geradores de emprego e de grande influência na economia do país apresenta certas particularidades. Entre essas particularidades estão alguns custos que são divididos em áreas dentro da empresa, onde esses custos têm nome para cada fase da obra ou para cada campo da obra. A gestão é de suma importância na execução de vários procedimentos sendo estes em qualquer área. É evidente que a empresa faça a utilização de um sistema de qualidade, pois através dele a empresa verá onde houve melhorias e onde é possível aumentar o grau de satisfação do usuário e dos trabalhadores, ficando claros as metas a serem cumpridas demonstrando a eficiência em cada setor. Entre esses setores inclui-se a economia, tempo gasto com produtos e produção da empresa. De modo geral pode-se entender que um dos principais objetivos da gestão é monitorar e coordenar todo o processo de construção desde inicio da obra até a sua finalização priorizando alguns aspectos de importância com gastos e imprevistos. O devido contexto é baseado em estudos bibliográficos e referências de outros trabalhos, podendo analisar assim os reflexos na indústria da construção civil. Conclui-se que o implante da gestão de qualidade pode trazer benefícios para qualquer tipo de empresa, seja ela como forma de marketing para atrair clientes ou como forma diferencial de concorrência. Palavras-Chaves: Construção Civil, Custos, Gestão da Qualidade. RESUMEN La importancia de la gestión en el sector de la construcción que es uno de los sectores que generan empleo y de gran influencia en la economía del país tiene ciertas particularidades. Entre estas características son algunos de los costos que se dividen en áreas dentro de la empresa, cuando estos costes tienen nombres para cada fase de la obra o para cada campo de trabajo. La dirección es de suma importancia en la aplicación de diversos procedimientos y éstos en cualquier área. Es claro que la empresa hace uso de un sistema de calidad, porque a través de ella la compañía ver donde se hicieron mejoras y donde es posible aumentar el grado de satisfacción de los usuarios y trabajadores, obtención de objetivos claros que deben cumplir demostrando la eficiencia en cada sector. Entre estos sectores incluyen la economía, el tiempo dedicado a la producción de productos y la empresa. En general se puede entender que uno de los principales objetivos de la gestión es supervisar y coordinar todo el proceso de construcción de comenzar el trabajo hasta su finalización prioridad a algunos aspectos de importancia y gastos imprevistos. El contexto adecuado se basa en estudios y referencias a otros trabajos publicados, siendo así capaz de analizar los efectos sobre la industria de la construcción. Se concluye que la implantación de la gestión de calidad puede beneficiar a cualquier empresa, ya sea como una forma de marketing para atraer a los clientes o como una forma diferencial de la competencia. Palabras clave: construcción, costo, gestión de la calidad. LISTA DE FIGURAS Figura 1. Conceito de Qualidade ........................................................................................16 Figura 2. Fatores necessários em um produto .................................................................33 Figura 2. – Estrutura top-down do modelo de avaliação e os conceitos a eles relacionados............................................................................................................................45 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Comparação entre nomenclaturas das normas da ABNT e INMETRO ....24 Tabela 2 - Correspondência entre os elementos do Sistema da Qualidade ..............26 Tabela 3 - Fatores Básicos para o Ciclo de Manutenção do Controle da Qualidade 39 Tabela 4 – Subsistema de atores........................................................................................42 Tabela 5- Relação dos 10 primeiros EPAs ........................................................................43 Tabela 6 - Os dez conceitos construídos a partir dos EPAs ..........................................43 SÚMARIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12 1.1. Justificativa .............................................................................................................. 13 1.2. Objetivos .................................................................................................................. 14 1.2.1. Objetivo Geral ..................................................................................................14 1.2.2. Objetivos específicos...................................................................................... 14 1.3. Metodologia ............................................................................................................. 14 2. QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................................... 16 2.1. Base para implantação do sistema da qualidade ............................................. 17 2.2. Qualidade na construção civil .............................................................................. 18 2.3. A evolução do controle e garantia da qualidade ............................................... 20 2.4. Série de normas ISO 9000 ................................................................................... 23 2.5. Implantação de sistema de gestão da qualidade baseado ISO 9000 ........... 28 2.6. A Gestão da Qualidade na Construção Civil ..................................................... 29 2.6.1. Custos ............................................................................................................... 31 2.6.2. Variação dos Custos ...................................................................................... 32 2.6.3. Encargos Sociais ............................................................................................ 34 2.6.4. Cálculo dos Encargos .................................................................................... 34 2.6.5. Composição de Preços e Custos ................................................................. 34 2.6.6. Taxas que incidem sobre os custos............................................................. 35 3. QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................................... 37 3.1. Programa de Qualidade e Produtividade ........................................................... 40 3.2. Os Programas da Gestão da Qualidade de Custos na Construção Civil .... 41 4. MODELO PARA AVALIAÇÃO DE CUSTOS EM CONSTRUÇÃO CIVIL ............ 42 4.1. Estrutura hierárquica de valor .............................................................................. 42 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 46 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .................................................................................. 48 12 1. INTRODUÇÃO Nos dias atuais impera uma sociedade capitalista onde a oferta e a procura de emprego sempre está acontecendo diariamente. Uma das áreas de trabalho mais procurada e crescente no Brasil e no mundo é a construção civil, por ser geradora de emprego e renda, o campo é vista de maneira economicamente satisfatória. O setor da construção civil é conhecido pelos seus altos gastos desde seu início ao termino de obras. Por isso há uma necessidade que se haja uma gestão onde a mesma desenvolva um planejamento de gastos adequadamente, e que supre a necessidade de um sistema de forma completa. Um dos principais objetivos desse sistema é a separação de departamentos ou setores, onde há uma responsabilidade de checagem por cada um. O setor em questão deverá verificar as entradas na sua área ou na sua microrregião, essas entradas a serem notadas têm que levar em consideração os materiais, maquinário, mão-de-obra, equipamentos (esses podendo ser para proteção individual ou coletiva), enfim observando todos os gastos e produção realizada. Um dos setores que implica grande importância é o controle de produção que, tem como objetivo verificar e fiscalizar os serviços e a qualidade dos materiais que estão sendo utilizados e processados em cada etapa, podendo ele utilizar um índice que possa marcar o nível de qualidade. O controle de recepção fica responsável pela qualidade e controla os insumos que estão relacionados àquela etapa da produção. É responsável ainda por todas as fases da obra do início ao fim, formando assim uma cadeia de CP (contas pagas) e CR (contas a receber) até chegar ao produto final que é a conclusão da obra. Qual seria o conceito que mais abraça o termo ―de qualidade‖? O termo ―de qualidade‖ não pode ser definido em um único conceito, pois essa definição pode ser considerada como uma meta ou uma filosofia a ser seguida, porém não se quer dizer que não exista uma ordem padrão a ser cumprida pela empresa. Pode ainda se utilizar do termo ―de qualidade‖, à conscientização do senso de responsabilidade e do nível de importância que o sistema que está inserido na empresa possa dar a execução de um centro de ações para certas partes da obra ou serviço. Assim sendo qualidade é o nível em que o produto atende ou satisfaz as exigências e necessidades do consumidor principalmente em termos de adequação ao usuário, preço, prazo de execução e atendimento ao cliente. Com a atual 13 economia brasileira instável, várias áreas da construção civil estão passando por uma reestruturação produtiva, sendo esse processo expressivo em toda a área. Porém, visto a velocidade e o ritmo de adesão dessas mudanças, é evidente que, muitas empresas procurem saídas para ganhar mais e se estabelecer em uma sociedade altamente concorrida. Uma dessas saídas é a adoção de novas formas de construção, podendo ser essas formas baseadas na utilização de tecnologias inovadoras e de custos mais acessíveis, podendo esses ajudar na gestão do administrador da empresa. Cada setor tem características particulares que, obriga o uso de tecnologias e produtos difusos. Na construção civil, uma das maiores preocupações é a reestruturação produtiva que está ligada à utilização de tecnologias. Um exemplo a ser citado são as estruturas metálicas que passaram a substituir as estruturas de concreto armado e a utilização de gesso acartonado na construção de paredes em substituição as paredes de alvenaria. É de grande importância ressaltar que, com as inovações no sistema tecnológico da construção civil não se pode excluir necessariamente o modo de construção tradicional. As inovações citadas devem cumprir a função de dar maior suporte aos projetos, demonstrando as possibilidades de minimização dos custos e maximização produtividade. 1.1. Justificativa Com as novas tecnologias tudo na atualidade vem sofrendo modificações, sejam para a segurança, conforto ou qualidade de vida. Portanto com a área da construção civil não poderia ser diferente. A aplicação de novos métodos vem sendo empregado na construção de grandes edifícios e estradas, facilitando assim a execução da obra com mais rapidez, dando condições de trabalho mais favoráveis e confortáveis. A construção civil e em especial o subsetor edificações pela importância que tem seja em termos econômicos ou sociais, por ser fundamental para todas as demais atividades e para o conjunto da população, na forma de abrigo, de local de trabalho e de edificações sociais, necessita de entendimento dos fatores que influenciam seu desempenho (CHING, 1997). Pode-se notar que a construção de edificações é tida pelos meios de comunicação, pela população em geral e por pesquisadores que estudam essas 14 atividades, como uma área que é caracterizada por marcadores que desfavorecem, em termos, a produtividade, prazos, custos e etc. O estudo deste trabalho justifica-se pela sua importância na atualidade, já que são encontrados vários problemas na economia atual, havendo assim a necessidade por parte das empresas em controlar suas despesas mantendo, portanto, a sua postura de um trabalho bem efetuado tanto na produtividade, como na melhoria do ambiente e na redução do desperdício. Os administradores reconhecem que as melhorias na qualidadeacarretam, na maioria das vezes, em custos maiores e que precisam ser controlados de forma mais rigorosa, evitando assim que os produtos que venham a ser desenvolvidos se tornem inviáveis economicamente. 1.2. Objetivos 1.2.1. Objetivo Geral Analisar a importância da gestão da qualidade de custos na construção civil, estudando-se os problemas e as vantagens causadas no âmbito da obra, pela utilização de um sistema de controle de qualidade e produtividade, sistema esse baseado nas recomendações da norma ISO/NB 9000 e na Metodologia Multicritério de Apoio à Decisão Construtivista (MCDA-C). 1.2.2. Objetivos específicos Analisar o fator da qualidade na minimização de custos e na maximização do setor produtivo com base na ISO 9000. Analisar os programas de gestão da qualidade de custos relacionados com a construção. Propor um modelo para avaliar o processo de orçamentação na construção civil. 1.3. Metodologia Para Gil (1999), pode-se definir pesquisa como o processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. E tem como objetivo fundamental, descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos. A pesquisa busca o progresso da ciência, procura desenvolver os conhecimentos científicos sem a preocupação direta com suas aplicações e conseqüências práticas. Como utensílio de intervenção foi utilizado a 15 Metodologia Multicritério de Apoio à Decisão Construtivista, no qual permitiu identificar, organizar, mensurar e integrar os fatores necessários e suficientes, quando da avaliação de gestão e qualidade de custos na construção civil. Segundo Santos (1999), três critérios podem ser utilizados para identificar a natureza metodológica dos trabalhos de pesquisa. As pesquisas podem ser caracterizadas segundo objetivos, segundo procedimentos de coleta e segundo as fontes utilizadas na coleta de dados. Roesch (1996) descreve que ao praticar, adaptar e desenvolver os conteúdos estudados para elaboração de um trabalho científico é possível traçar um paralelo entre a teoria e a realidade, utilizando-se de uma metodologia científica. Pode-se utilizar mais de um método de análise, portanto, é possível realizar uma pesquisa ao mesmo tempo qualitativa e quantitativa. Considera-se o paradigma interpretativo o mais adequado ao objeto em estudo. O padrão interpretativo, assim como o funcionalista, preocupa-se com a regulação social, porém de um ponto de vista subjetivista (LAKATOS & MARCONI, 1991). Assim, para melhor considerar a subjetividade, opta-se por uma pesquisa qualitativa. Este trabalho é um estudo de caso que, segundo Santos (1999), por lidar com fatos/fenômenos normalmente isolados, o estudo de caso exige do pesquisador grande equilíbrio intelectual e capacidade de observação, além de moderação quanto à generalização de resultados. Esta pesquisa é de revisão (pesquisa bibliográfica), pois foram consultadas fontes bibliográficas, tais como, livros, publicações periódicas (jornais, revistas, panfletos etc.) e de autores de renome no assunto. 16 2. QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL Em uma forma geral, qualidade consistente conformidade com as expectativas dos consumidores (ANDERY, 2008). Souza & Abiko (1997) sintetizam esse conceito para a construção civil como ―satisfação total dos clientes externos e internos da empresa‖. Picchi (1993) através da Figura 1 resume o conceito de qualidade mostrando a sua amplitude. Figura 1 – Conceito de Qualidade Fonte: PICCHI (1993). Andery (2008) ao tratar a qualidade no âmbito da construção civil menciona a necessidade de se pensar na qualidade da concepção do empreendimento (projetos), na qualidade de sua execução e na qualidade de sua ocupação/manutenção. Segundo Fabrício (2004), cada interpretação dada para a qualidade reflete uma preocupação mais ou menos parcial frente a um dado problema. No caso da 17 construção civil, portanto, o ideal é que os processos de projeto e de execução contemplem todas as interpretações e aspirações da qualidade. 2.1. Base para implantação do sistema da qualidade Qualquer organização, de algum ramo de atividade, seja de pequeno porte, médio ou grande, busca congregar à sua rotina de trabalho, para os vários tipos de controle e avaliação da qualidade dos seus produtos e dos seus diversos serviços. No entanto, o que ocorre é que normalmente esse controle e avaliação não são adequadamente formalizados e documentados, não garantindo que os mesmos agradem às necessidades dos usuários e às perspectivas dos clientes internos e externos. Deste modo, surge a necessidade de se introduzir um Sistema de Gestão da Qualidade compatível com a condição e objetivos da organização. Portanto, é importante que o Sistema de Gestão da Qualidade seja o mais adequado para o seu ramo de atividade, ou seja, o que melhor atenda às necessidades do usuário e supere as expectativas de seus clientes (externos e internos), permitindo-lhes desenvolver e atuar em novos mercados. A Gestão da Qualidade tem como princípios fundamentais estabelecidos pela NBR ISO 9000:2000: 1. Formalizar o modus operandi; 2. Documentar, registrar e controlar as ações e processos; 3. Garantir a constância da eficiência e eficácia destes processos; 4. Fornecer oportunidades para a melhoria dos processos existentes; 5. Fornecer melhores probabilidades de atingir os objetivos; 6. Permitir atingir, e preferencialmente superar, o que os clientes esperam da organização; 7. Fornecer perspectivas e ferramentas para o aumento da qualidade intrínseca do resultado dos produtos ou serviços; 8. Fornecer à administração da empresa instrumentos e confiança de que as metas pretendidas com qualidade e desempenho estão sendo atingidas; 9. Permitir a todos, clientes, não clientes, funcionários, administradores, comprovarem a capacidade da organização existente na empresa; 10. Buscar uma certificação. Contudo, criação de um sistema de gestão da qualidade, por si só, não representa uma melhoria essencial do produto, nem dos processos inerentes ao negócio de uma organização. Ele não é a planta que resolverá todos os problemas, mas uma ferramenta que estará à disposição para que a organização desenvolva a 18 sua atividade de uma forma mais sistemática. Determina que todos os contribuintes envolvidos trabalhem em cooperação, possibilitando uma nova forma de ver as coisas, com uma forte interrelação, integração e comunicação, para que o resultado global possa ser maior que a soma de resultados de suas partes tomadas isoladamente. É importante, também, que o sistema de gestão da qualidade não seja muito burocrático, ou possua exagero de artifícios, de forma a tornar o negócio engessado, sem facilidade. Deve sim, aproveitar a forma e estrutura de gestão da coordenação como base no desenvolvimento do sistema da qualidade, acrescentando valor ao resultado. Assim sendo, antes da adoção de um Sistema de Gestão da Qualidade, convém que se averigue aquilo que já existe, como é executado, registrado e controlado, e se for o caso, melhorar os processos existentes, modificando-os, acrescentando, suprimindo, simplificando, sem perder de vista o principal objetivo de cada um dos procedimentos e nunca esquecendo o fato de que qualquer que seja o processo, este faz parte de um negócio que deve estar focado na plena satisfação do cliente. 2.2. Qualidade na construção civil A qualidade pode ser definida por uma palavra: mudança. A empresa que pretende implementá-la, deverá ter a vontade de mudar,como se pode analisar no conceito de Juran apud Souza (2001, p. 69): ―Qualidade é adequação ao uso‖. Ou seja, ou a empresa muda ou ela fica defasada em relação ao mercado, perdendo assim competitividade. Pode-se analisar também outro conceito da qualidade, como o de Falconi citado por Souza (2001 p. 85) que diz que ―um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no tempo certo às necessidades do cliente‖. A qualidade destaca-se pela sua importância para o desenvolvimento de qualquer organização, principalmente pela garantia de proporcionar bens e serviços de qualidade para seus consumidores, sejam eles, internos e externos. Nas últimas décadas, a Construção Civil Brasileira apresentou mutações contínuas e progressivas, alcançando um patamar mais alto do desenvolvimento 19 como indústria, apesar de diferenciar-se da indústria de transformação em que nasceram e se desenvolveu os conceitos e processos relativos à qualidade. Tendo em vista que as teorias e as ferramentas para a melhoria da qualidade existem e estão disponíveis, é preciso analisar como aplicá-las e adaptá- las ao setor da construção civil, principalmente dada a natureza e as características únicas da indústria da construção, onde há necessidade de se desenvolverem estratégias que permitam às empresas não só sobreviver, mas principalmente competir. (FORMOSO, 1994, p.37). Com a necessidade de implantação dos sistemas de qualidade, foi lançado em 1992, o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat – PBQP-H, de qualificação evolutiva, que se divide em 04 níveis de certificação (D, C, B e A), e contempla os mesmos requisitos da ISO 9000. Visa alcançar todos os setores da construção civil ao longo da cadeia produtiva, apoiar o esforço brasileiro de modernização por meio da melhoria da qualidade, do aumento da produtividade e da redução de custos na construção habitacional. A implantação do sistema de qualidade nas empresas da construção civil tem como objetivo, portanto: Regulamentar e documentar; Controlar e planejar as atividades do projeto; Controlar e planejar as atividades de construção; Assegurar a adequação dos recursos necessários à construção, que incluem equipe, materiais, equipamentos e outros insumos; Melhorar a produtividade e a qualidade dos serviços; Reduzir os custos do empreendimento; Aperfeiçoar as relações com os clientes; Melhorar a imagem da empresa, obtendo maiores e melhores participações no mercado. Essas características fazem com que essas teorias sejam adaptadas nomeadamente para atender à complexidade do processo da construção, no qual interferem muitos fatores. Além desses fatores Souza et al. (1994), ressaltam a complexidade e a heterogeneidade da cadeia produtiva que forma o setor da construção civil e a grande diversidade de agentes intervenientes e de produtos parciais que são gerados ao longo do processo produtivo, produtos estes que agregam diferentes 20 níveis de qualidade à qualidade final do produto. Os agentes intervenientes são: os usuários; os agentes responsáveis pelo planejamento do empreendimento; os agentes responsáveis pela etapa do projeto; os fabricantes de materiais; os agentes envolvidos na etapa de construção e os agentes responsáveis pela operação e manutenção das obras ao longo da sua fase de uso. Ainda segundo o autor, a qualidade na indústria da construção civil deve ser considerada de uma forma ampla, enfocando-se as várias etapas do processo de produção e uso, que podem ser divididas em: planejamento, projeto, fabricação de materiais e componentes, execução de obras, uso, operação e manutenção. Deste modo, para elevar os padrões e característica do setor da construção civil, é necessário que todos esses agentes estejam comprometidos com a qualidade de seus processos e produtos parciais e com a qualidade do produto final, tendo como objetivo final o contentamento do usuário. Isso tem levado o setor a investir em qualidade para atender às mutações impostas pelo mercado que a cada dia se torna mais competidor, estabelecendo melhorias na relação com os clientes e margens de lucro cada vez mais amortizadas, procurando mais eficácia nos processos produtivos, através de adulterações em todas as etapas de seu processo de produção. No entanto, a falta de racionalização, a inadequação dos processos construtivos, a falha em equipamentos, a insatisfatória formação de quadros técnico e pessoal especializado, a falta de normalização e certificação de conformidade de materiais e dos elementos de construção, conduziram o setor das obras públicas e construção civil à baixa produtividade e à deficiência de qualidade. Esta situação vem apresentando mudanças contínuas nos últimos anos principalmente a partir do início dos anos 90, com o lançamento do PBQP – Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade, em que o Estado e o setor privado resolveram conjuntamente programar ações de modernização da indústria da construção civil, tendo em vista à melhoria da qualidade dos produtos e serviços através do controle da qualidade, garantia da qualidade, normalização técnica e certificação de conformidade. 2.3. A evolução do controle e garantia da qualidade Segundo Israelian et al. (1996), a preocupação com a qualidade surgiu no modo de produção anterior à Revolução Industrial quando o artesão se ocupava de 21 todas as tarefas: desde a escolha e aquisição da matéria-prima até a fase de acabamento e entrega do produto. O controle da qualidade era exercido pelo próprio artesão. As características do modelo artesanal eram a baixa produção e o alto padrão de qualidade. Com o advento da industrialização, surgiu o processo de multivisão das tarefas na confecção de um produto. O controle da qualidade passou às mãos do mestre industrial, que exercia a supervisão desses grupos. Com o aumento das escalas de produção e do número de trabalhadores, o sistema tornou-se inviável, pois não era possível um só mestre supervisionar todo o processo. A resposta para o problema surgiu a partir da necessidade de manter os padrões de atendimento às especificações de produtos seriados, desenvolvendo-se mecanismos de controle como forma de minimização de incertezas no processo e para reduzir a possibilidade de colocação de produtos defeituosos no mercado. Mais tarde, a noção de qualidade evoluiu e "controle da qualidade" passou a ser denominação dada a técnicas e atividades operacionais usadas para satisfazer às necessidades específicas da qualidade, ficando a denominação "qualidade" reservada para o aspecto mais abrangente da questão. É claro que um grande impulso à qualidade industrial veio com a adoção de padrões mais austeros de exigência por parte dos países desenvolvidos, preocupados em regular as relações entre fornecedores e clientes dentro de mercados internacionais, surgindo o conjunto de normas ISO 9000. Deste modo, qualidade é definida na atualidade como "a totalidade das propriedades e características de um produto ou serviço que lhe conferem capacidade de satisfazer necessidades explícitas ou implícitas", ISO-8402 (1986). Entretanto, o conceito de qualidade tem sido utilizado de forma que nem sempre se consegue transmitir ao interlocutor o significado adequado, surgindo definições como as seguintes, ISO 9000 (1987). Qualidade subjetiva: "Não sei ao certo o que é qualidade, mas eu a reconheço quando a vejo". Qualidade baseada no produto: "O produto possui algo, que lhe acrescenta valor, que os produtos similares não possuem". Qualidade baseada na perfeição: "É fazer a coisa certa na primeira vez". Qualidade baseada no valor: "O produto possui a maior relação custo- beneficio". Qualidade baseada na manufatura: "É a conformidade às especificações e aos requisitos, além de não haver nenhum defeito". 22 Qualidade baseada no cliente: "É a adequação ao uso" e "É a conformidade às exigências do cliente". Todas essas definições, provavelmente, são corretas, entretanto as definições baseadas no cliente são as mais interessantes, pois leva em consideração a opinião de quem vai utilizar o produto. De acordo com Israelian et al. (1996), este tipo de enfoque baseado no cliente fez com que as empresas olhassem para o mundo exterior e criassem produtos que as pessoas querem e não produtos que os engenheiros de projeto (ou outros responsáveis) achavam que as pessoas queriam. Conforme foi visto qualidade é adequação ao uso e conformidade às exigências do cliente. De acordo com Ferreira (1996), aplicando-se esses conceitos à construção civil Pode-se afirmar que qualidade é a capacidade da construção de responder às exigências funcionais dos seus usuários, tanto do ponto de vista objetivo quanto subjetivo. Estão em jogo aspectos técnicos, urbanos, ambientais, ergonômicos, psicológicos e sociológicos. (1996.p.65) A qualidade na construção civil pode e deve ser obtida em qualquer tipo de obra, seja na construção de uma usina nuclear que requer um alto grau de controle, seja na urbanização de uma praça. O que varia de obra para obra é a amplitude e o detalhamento que o sistema de garantia da qualidade irá atingir. Destarte, um conceito importante a ser aprofundado é o de garantia de qualidade, pois tem um caráter abrangente e globalizante. Messeguer (1991) afirma que um sistema de garantia da qualidade deve ser capaz de responder aos seguintes três pontos: A qualidade na construção requer cinco ações: defini-la, o que envolve algumas especificações; produzi-la, o que requer alguns procedimentos; comprová-la, o que pressupõe um controle de produção; demonstrá-la, o que exige um controle de recepção; e documentá-la o que significa documentar e arquivar tudo que foi realizado. Estas cinco ações devem ser estendidas às cinco fases do processo construtivo: planejamento, projeto, materiais, execução e uso e manutenção. Em cada uma das medidas adotadas para cumprir o anteriormente estabelecido, devem ser atendidos dois tipos de fatores: os técnicos (medidas de caráter técnico) e os humanos (medidas de caráter pessoal, de organização e de gestão). 23 Os sistemas da qualidade adequam os instrumentos necessários para assegurar que as condições e atividades especificadas sejam acompanhadas e verificadas de uma maneira planejada, ordenada e documentada. Desta forma, estabelecer um sistema de gestão da qualidade não significa acrescentar ou reduzir a qualidade dos serviços ou produtos, mas sim, aumentar ou reduzir a certeza de que os requisitos e atividades especificados sejam cumpridos. O ponto central nesta evolução do conceito de qualidade foi à mudança do enfoque tradicional (baseado no controle da qualidade e na garantia de qualidade) para o controle de gestão e melhoria de processos, que garante a produção da qualidade especificada logo na primeira vez. No contexto atual, qualidade não se refere mais a qualidade de um produto ou serviço em particular, mas à qualidade do processo como um todo, abrangendo de forma sistêmica tudo o que ocorre na empresa. 2.4. Série de normas ISO 9000 Os Sistemas da Qualidade foram a princípio empregados apenas em situações contratuais, correspondendo a várias normas que estabeleciam requisitos para os sistemas adequados aos países e setores industriais específicos. Tiveram, assim, início em diversos países, normas de Sistemas da Qualidade para os seguintes setores: nuclear, aeronáutico, petrolífero e outros. Essas normas eram usadas por grandes clientes compradores para qualificação de empresas fornecedoras em diversos níveis. Contudo, com o decorrer do tempo, a propagação de normas dessa natureza e a crescente importância dada pelos clientes à questão da qualidade começaram a provocar sérios distúrbios nas trocas comerciais, uma vez que empresas fornecedoras se viram obrigadas a atender a requisitos de Sistemas da Qualidade diferentes, conforme a norma utilizada por cada cliente. Essa situação levou a Organização Internacional de Normalização (ISO - International Organization for Standardization), entidade internacional de normalização, a criar, na década de 80, uma comissão técnica para elaborar normas voltadas aos Sistemas da Qualidade, procurando uniformizar conceitos, padronizar modelos para garantia da qualidade e fornecer diretrizes para implantação da gestão da qualidade nas organizações. Resultou dai série de normas ISO 9000, que foram editadas em 1987, tornando-se uma referência mundial em termos de qualidade. 24 A série ISO 9000 reúne as normas mais completas e atualizadas sobre o assunto, e já foram adotadas por mais de 45 países, entre os quais os da Comunidade Européia, servindo como parâmetro internacional para a comercialização de produtos e serviços. Não se trata simplesmente de especificações de produtos, mas de normas sistêmicas, que estabelecem os elementos do Sistema de Gestão e Garantia da Qualidade a serem considerados pela empresa. No Brasil as normas ISO 9000 foram editadas pela ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, que adotou a mesma numeração da série, chamando-a de série NB 9000. Também, o INMETRO – Instituto Nacional de Normalização, Metrologia e Qualidade Industrial registrou a série com uma numeração semelhante NBR 19000. Podendo ser observado na tabela 1. Tabela 1. Comparação entre nomenclaturas das normas da ABNT e INMETRO NBR 19000 NB/ISO 9000 Normas de Gestão da Qualidade e Garantia da Qualidade. Diretrizes para Seleção e Uso NBR 19001 NB/ISO 9001 Sistemas da Qualidade — Modelo para Garantia da Qualidade em Projeto, Desenvolvimento, Produção, Instalação e Assistência Técnica. NBR 19002 NB/ISO 9002 Sistemas da Qualidade — Modelo para Garantia da Qualidade em Produção, Instalação e Serviços Associados NBR 19003 NB/ISO 9003 Sistemas da Qualidade — Modelo para Garantia da Qualidade em Inspeção e Ensaios Finais NBR 19004 NB/ISO 9004 Gestão da Qualidade e Elementos do Sistema da Qualidade Fonte: Souza et al. (1994) A ISO 9000 (NB 9000, NBR 19000), Normas de Gestão da Qualidade e Garantia da Qualidade - Diretrizes para Seleção e Uso, tem por objetivo esclarecer as diferenças e o interrelacionamento entre os principais conceitos da qualidade e fornecer diretrizes para a seleção e o uso das outras normas da série, que podem 25 ser usadas para fins de gestão da qualidade interna (norma ISO 9004) e garantia da qualidade externa (norma ISO 9001, 9002 e 9003). A ISO 9001 (NB 9001, NBR 19001), Sistema da Qualidade - Modelo para Garantia da Qualidade em Projetos, Desenvolvimento, Produção, Instalação e Assistência Técnica, estabelece os requisitos do Sistema da Qualidade para aplicação em contratos que exigem a demonstração da capacidade do fornecedor para projetar e fornecer produtos. Os requisitos especificados nesta norma destinam-se, primordialmente, à prevenção de não-conformidades em todos os estágios, desde o projeto até a assistência técnica. A ISO 9002 (NB 9002, NBR 19002), Sistema da Qualidade - Modelo para Garantia da Qualidade em Produção e Instalação estabelece os requisitos doSistema da Qualidade para aplicação em contratos que exigem a demonstração da capacidade do fornecedor para controlar os processos que determinam a aceitabilidade do produto fornecido. Os requisitos especificados nesta norma destinam-se, primordialmente, à prevenção e à detecção de qualquer não conformidade durante a produção e instalação e à implementação de meios para prevenir a sua reincidência. A ISO 9003 (NB 9003, NBR 19003), Sistema da Qualidade – Modelo para Garantia da Qualidade em Instalação e Ensaios Finais, estabelece os requisitos do Sistema da Qualidade para aplicação em contratos que exigem a demonstração da capacidade do fornecedor em detectar e controlar eventuais não conformidades de qualquer produto durante a inspeção e ensaios finais. É aplicável em situações contratuais, quando a conformidade do produto aos requisitos especificados pode ser obtida pela documentação adequada de determinada capacidade do fornecedor, para inspeção e ensaios efetuados no produto fornecido. A ISO 9004 (NB 9004, NBR 19004), Gestão da Qualidade e Elementos do Sistema da Qualidade – Diretrizes, destina-se a organizações que desejam implantar espontaneamente um Sistema de Gestão da Qualidade. Descreve um conjunto básico de elementos através do qual o sistema pode ser desenvolvido. O sistema da qualidade aplica-se a todas as atividades relativas à qualidade de um produto ou serviço, interagindo com as mesmas. Ele envolve todas as fases, desde a identificação inicial até a satisfação final dos requisitos e expectativas do cliente, abrangendo marketing, projeto, aquisição, planejamento e desenvolvimento, produção, inspeção, armazenamento, vendas, instalação e operação, assistência 26 técnica e de manutenção e descarte após o uso. Sendo assim, o usuário dessa norma pode selecionar os elementos do sistema da qualidade que são adequados à sua realidade empresarial, considerando especificamente como requisitos de mercado tipo de produto, processo de fabricação, etc. Em situações contratuais as normas ISO 9001 a 9003 são consideradas como requisitos mínimos para que a organização mantenha certo nível de qualidade, sendo que ISO 9001 é a mais completa, tendo as demais ISO 9002 e 9003 um nível de exigência decrescente conforme pode ser observado na tabela 2. Essas normas asseguram ao comprador que os procedimentos da qualidade foram obedecidos. Tabela 2. Correspondência entre os elementos do Sistema da Qualidade Elementos do Sistema da Qualidade Elementos Correspondentes na Norma Segundo a ISO 9004 ISO 9001 ISO 9002 ISO 9003 1. Responsabilidade da Administração 2. Princípios do Sistema da Qualidade 3. Auditoria interna do Sistema da Qualidade 4. Economia (consideração sobre custos relacionados com qualidade) 5. Qualidade em Marketing (análise crítica do contrato) 6. Qualidade na especificação e projeto (controle de projeto) 7. Qualidade na Aquisição (compras) 8. Qualidade na Produção (controle de processo) 9. Controle da Produção 10. Controle e rastreabilidade de materiais (identificação e rastreabilidade do produto) 27 11. Controle do estado de verificação (situação da inspeção e ensaios) 12. Verificação do produto (inspeção e ensaios) 13. Controle de equipamentos de medição e ensaios (equipamentos de inspeção, medição e ensaio) 14. Não-Conformidade (controle de produto não - conforme) 15. Ação Corretiva e Ação Preventiva 16. Funções de manuseio e pós produção (manuseio, armazenamento, embalagem e expedição) 17. Serviço pós-venda 18. Documentação e registros da qualidade (controle de documentos) 19. Registros da Qualidade 20. Pessoal (treinamento) 21. Segurança e responsabilidade pelo fato do produto 22. Uso de método estatístico (técnicas estatísticas) 23. Produtos fornecidos pelo comprador Fonte: Souza et al. (1994) Legenda: Requisito pleno Menos rigoroso que na ISO 9001 Menos rigoroso que na ISO 9002 Não utilizado 28 Vem se intensificando, nos últimos anos, o movimento pela certificação ISO 9000 das empresas do setor da construção civil, tanto da área imobiliária quanto na área industrial e de obras públicas. Neste sentido, as empresas que pretendem diferenciar-se junto aos seus clientes e obter ganhos de competitividade através da padronização e melhoria de seus processos devem, adicionalmente, implantar sistema de gestão na qualidade, centrado na satisfação do cliente e fundamentado nas normas ISO 9004. 2.5. Implantação de sistema de gestão da qualidade baseado ISO 9000 O movimento pela qualidade é uma estrada longa e sem volta. Segundo Israelian (1996), o desejo de implantar um sistema de gestão da qualidade baseado nas normas da série ISO 9000, nasce da iniciativa da direção da empresa, devido a quatro razões básicas: 1. Conscientização da alta administração ("por livre e espontânea vontade"): a mais eficaz entre todas. 2. Razões contratuais ("por livre e espontânea pressão"): no fornecimento de produtos/serviços para outros países, para órgãos/empresas governamentais e também para um número cada vez maior de empresas de iniciativa privada; evidentemente menos eficaz que a anterior. O tempo para a maturação é maior, mas normalmente se alcança a conscientização. 3. Competitividade ("ou nos enquadramos ou quebramos"): embora não tão eficaz quanto a primeira, consegue-se de um modo geral chegar à conscientização da alta administração. 4. Modismo ("temos que dançar o que está tocando"): a menos eficaz de todas, normalmente não se chega a alcançar o objetivo maior, que é a conscientização da alta administração e aí, então, o processo é abandonado no meio do caminho. Uma vez definida a razão para a implantação do Sistema de Gestão da Qualidade baseado nas normas ISO 9000, a empresa tem um longo caminho a percorrer, devendo cumprir uma série de etapas até alcançar a certificação ISO 9000. A primeira delas é a definição da política da qualidade e consequentemente a seleção do modelo de norma mais adequado às expectativas da empresa. A Segunda é analisar o sistema da qualidade existente na empresa (quando houver), a fim de estabelecer às mudanças necessárias para ajustar o sistema existente às exigências as normas ISO 9000. 29 A terceira etapa é a conscientização e treinamento dos funcionários que farão parte do processo de implementação do sistema da qualidade, e posteriormente dos demais funcionários da empresa. A quarta etapa é a mais longa nesta caminhada, pois consiste em desenvolver e implementar todos os procedimentos necessários ao sistema da qualidade. Em conjunto com as pessoas que deverão segui-los. A quinta etapa é a escolha do organismo certificador, que irá avaliar se o sistema da qualidade da empresa está condizente com a norma ISO 9000. A sexta etapa é a realização de uma pré-auditoria, para avaliar se o sistema da qualidade implantado na empresa está em conformidade com os padrões estabelecidos pelas normas. A sétima etapa consiste na eliminação das eventuais não conformidades detectadas durante o processo de pré-auditoria. A maioria das não-conformidades, dizem respeito à inadequada documentação do sistema. Entretanto, deve-se tomar cuidado com o exagero de documentação, a fim de não burocratizar o sistema da qualidade. A última etapa corresponde àrealização da auditoria final e à certificação da empresa. A empresa uma vez certificada deve zelar pela manutenção do seu certificado, pois a sua perda é mais danosa para a empresa do que à não certificação. O processo para implantar o sistema pode durar de alguns meses a dois anos, dependendo do tamanho da empresa e, principalmente, da existência de um sistema da qualidade e do seu grau de desenvolvimento. Alguns Órgãos Certificadores possuem programas de consultoria para auxiliar as empresas durante o processo de implantação. Caso a empresa opte por um destes programas ela deverá, entretanto, escolher outro órgão certificador para avaliar e certificar o seu sistema da qualidade, pois seria antiético um órgão certificador avaliar e certificar um sistema da qualidade que ele mesmo ajudou a programar. 2.6. A Gestão da Qualidade na Construção Civil A engenharia civil é um ramo de grande magnitude dentro da engenharia, sendo um importante setor para a economia brasileira. É uma valiosa fonte geradora 30 de empregos, responsável por suprir uma das obrigações básicas do ser humano, a moradia e ao mesmo tempo é um setor com expressiva participação no PIB. Por esta razão, os estudos sobre este setor ganham seriedade, tanto sob o ponto de vista social, quanto sob a ponto de visto econômica como apresentam o autor Abiko (2005). Sendo assim, os problemas relacionados à qualidade e produtividade no setor de construção civil no Brasil são, cada vez mais, alvos de pesquisas e discussões, estabelecendo uma tendência ao desenvolvimento de métodos de avaliação e acompanhamento de problemas relacionados a não-conformidade dos produtos e serviços neste setor (ROCHA, 2007). O campo da construção civil no Brasil apresenta determinadas características que prejudicam sua evolução, dentre as quais citam: 1. Baixa produtividade; 2. Ocorrência de graves problemas de qualidade de produtos intermediários e finais da cadeia produtiva, que geram elevados custos de correções; 3. Manutenção pós entrega; desestímulo ao uso mais intensivo de componentes industrializados devido à alta incidência de impostos; 4. Falta de conhecimento do mercado consumidor, no que refere - se às necessidades do consumidor; e falta de capacitação técnica dos agentes da cadeia produtiva nas novas técnicas gerenciais (PRADO, 2002). A garantia da qualidade de acordo com Griffitih (1990) é o conceito mais amplo de métodos gerenciais, através da qual a qualidade tem que ser planejada e controlada, apesar de que na construção civil ser bem menos conhecida e quase não ser praticada a nível de empresa de construção. A denominada garantia da qualidade na construção civil, faz referência a um conjunto de medidas orientadas para conseguir a qualidade e, em particular, para evitar ou detectar erros em todas as fases do processo construtivo. Nesse aspecto amplo, a expressão identifica-se com a gestão da qualidade. Em um sentido mais limitado, a garantia da qualidade faz referencia à demonstração documentada de que forma efetuados os pertinentes controles da qualidade (MESSEGUER, 1991). A garantia da qualidade está inserida na construção civil, num determinado momento que implantado um controle preventivo, evitando retrabalhos em seus serviços, corrigindo as não-conformidades e evitando a sua repetição. Por conseguinte, definiram-se em todas as etapas do processo produtivo, as ações que 31 irão garantir o cumprimento dos requisitos de qualidade especificados, tentando minimizar a possibilidade de ocorrerem falhas. Observa-se que todos os procedimentos deve ser realizado do início da obra até a entrega do produto final ao cliente. Conforme menciona Messeguer (1991), a garantia da qualidade requer cinco ações: 1. Defini-la: a necessidade ou não de especificações 2. Produzi-la: quanto ao requerimento de procedimentos 3. Comprová-la: o que pressupõe um controle de produção 4. Demonstrá-la: exigência de um controle de recepção 5. Documentá-la: documentar tudo que foi realizado Todos estes processos são realizados simplesmente para a satisfação de uma única necessidade, a do cliente. Finalmente, a garantia não estabelece processos nem fixa os requisitos das pessoas implicadas, pois os necessários e adequados para obter uma qualidade determinada são conhecidos previamente. O importante é que a qualidade deve ser planejada e produzida, não se podendo obtê-la apenas com inspeção e testes periódicos (SANTANA, 1994). 2.6.1. Custos Para Leone (1997), o valor pode ser definido como a expressão monetária de uma obra ou serviço, correspondendo ao valor cobrado do cliente. Já os custos, representam o valor da soma dos insumos (Mão-de-obra, materiais e equipamentos, impostos, administração, depreciação, etc.), custos estes necessários à realização de cada obra ou serviço, sendo assim constitui-se no valor pago pelos insumos. De acordo com a produção, os custos podem ser classificados em: Diretos: por definição, são os custos diretamente apropriados ao produto, perfeitamente caracterizados e quantificados a cada serviço. Exemplo: mão- de-obra direta, insumos e equipamentos. Integram os custos diretos: a mão- de-obra diretamente vinculada à obra ou serviços, leis sociais incidentes sobre a mão-de-obra, materiais ou insumos e equipamentos diretamente alocados aos serviços. 32 Indiretos: são aqueles onde se faz necessário quaisquer fatores de rateio para a apropriação, ou quando há uso de estimativas e não de medição direta. Em obra, são as ferramentas, os trabalhos de apoio, as instalações auxiliares, a administração e manutenção da obra, entre outros (GOLDMAN, 1986; CAMERINI,1991). Deste modo, os custos indiretos podem ter duas origens: 1. Custos vinculados administração do canteiro de obras; 2. E as despesas decorrentes da administração da empresa. A classificação dos custos em relação ao volume de produção é a mais importante, pois considera a relação entre os custos e o volume da atividade numa unidade de tempo. Fixos: são aqueles que não variam em função das oscilações na atividade de produção. Poder-se-ia citar os salários do pessoal administrativo, telefone e aluguel. Variáveis: são os que têm seu valor determinado pela oscilação do volume de produção ou dimensão do produto. Em obra, são os materiais, a mão-de- obra e os impostos e taxas, entre outros. Semi-variáveis: são os que possuem componentes das duas naturezas - fixos e variáveis - não variando de maneira proporcional ao volume de produção. Alguns autores argumentam serem estes os custos predominantes na construção civil (CAMERINI, 1991; FERNANDEZ, 1993), visto que, aumentos ou diminuições na área construída não apresentam o correspondente aumento ou diminuição proporcional no custo total. 2.6.2. Variação dos Custos Segundo Fernandez (1993), ocorrem variações nos custos das obras devido a uma série de fatores, principalmente relacionados aos insumos diretos. Dentre eles, podemos destacar como mostra a figura 2. 33 Figura 2. Fatores necessários em um produto Fonte: autor (2016) a) Projetos: a falta de projetos ou de detalhamentos via de regra gera custos extras na execução. O projeto é uma das partes mais importantes de toda a obra. É nessa parte da construção em que se decide onde são distribuídos os matérias e quanto os mesmo iram consumir em dinheiro. A falta de projeto pode acarretar em custos desnecessários como, por exemplo, a compra de matérias em grande quantidade e que não será utilizado, gerando assimdesperdício de dinheiro e tempo. b) Mão-de-obra: Os trabalhadores especializados tendem a produzir mais, além de evitar gastos e desperdícios ainda tem uma melhor desenvoltura na área de segurança. c) Equipamentos: variam de acordo com a operação, o tempo de operação e a manutenção; d) Materiais: os custos de utilização dos materiais de construção estão relacionados com o consumo e o preço (FORMOSO et al,1986). Enquanto o 34 preço é função do mercado, e de toda uma conjuntura econômica, o consumo está ligado às condições do canteiro, técnicas construtivas e treinamento da mão-de-obra. Apesar da construção civil ser um setor caracterizado pela utilização intensiva de mão-de-obra, os materiais de construção contribuem com uma participação de cerca de 60% no custo total da obra. (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 1984; FORMOSO et al, 1986). 2.6.3. Encargos Sociais Encargos sociais são todos os impostos que incide sobre a folha de pagamento de salários. Parte do custo das leis sociais será introduzida nos próprios salários, devendo ser calculado como um percentual deste. Visto que invariavelmente são alteradas algumas das leis que regem o cálculo dos encargos sociais, cabe ao orçamentista acompanhar a evolução destas leis, de maneira a manter atualizado o taxa referente a este item de custo, de suprema importância por seu elevado peso no preço final de qualquer empreendimento. 2.6.4. Cálculo dos Encargos Quaisquer dos encargos são fixados por lei como um percentual fixo sobre a folha de pagamentos. No entanto, a maioria tem que ser calculada a partir de estimativas que envolvem desde o número de dias efetivamente trabalhados até estatísticas sobre taxa de natalidade, acidentes no trabalho, número de conduções tomadas pelo trabalhador etc. 2.6.5. Composição de Preços e Custos Os preços e os custos na construção civil, via de regra, são orçados por serviços e determinados segundo a produção de acordo com as composições unitárias. E estas composições, conforme os serviços têm por unidade: o metro, metro quadrado, metro cúbico, homens-hora despendido na execução da obra, hora - máquina etc. (LOPES, LIBRELOTTO e AVILA, 2003). 35 Para a definição dos custos indiretos de produção, é necessário conhecer a produtividade da mão-de-obra e dos equipamentos, bem como a composição de insumos que compõem o serviço a ser realizado. LOPES et al. (2003). Ainda segundo o autor a composição de custos unitários geralmente tem os seguintes componentes: Índice ou coeficiente de aplicação de materiais; Índice ou coeficiente de produção ou de aplicação de mão-de-obra; Índice de aplicação de equipamentos com seu custo horário; Preços unitários de materiais; Preços unitários de mão-de-obra; Taxa de encargos sociais; Benefícios e despesas indiretas (BDI). O resultado dessa operação depende de uma série de variáveis entre as quais se podem apresentar algumas mais importantes. Tipo de obra: para cada tipo de obra tais como de edificações, rodoviárias, saneamento, obras de arte, hidrelétricas, metrô, etc . Os custos indiretos podem variar muito de obra para obra. Valor do Contrato: dependendo do valor da obra pode definir o porte e a complexidade do mesmo, exigindo maior ou menor aporte de infra- estrutura para poder executá-la. Prazo de execução: os custos indiretos, na sua maioria são proporcionais ao prazo da obra, principalmente em relação aos custos com o pessoal. Se o prazo for prorrogado mantendo a mesma estrutura o BDI ficará maior. Volume de faturamento da empresa : o rateio da administração central no BDI é função do montante das despesas da sede em relação ao volume de faturamento global. Se esse faturamento cair, o rateio tende a ser maior. Local de execução da obra : a distância entre a sede da empresa e o local de execução da obra, tem um grande peso no custo indireto, principalmente em relação ao transporte e despesas com o pessoal do quadro permanente da empresa. Consequentemente, para cada obra deveria haver um BDI diferente, porém, para o órgão que licita muitas obras de todos os tipos e tamanhos. Torna-se quase impossível calculá-lo de forma individualizada, pois depende também das variáveis próprias de cada uma das empresas. Partindo dessas dificuldades os órgãos licitantes estabelecem um BDI único para todos os contratos, fato esse que pode causar algumas distorções no cálculo do valor real de venda do produto. 2.6.6. Taxas que incidem sobre os custos Despesas Financeiras. São as provenientes de empréstimos bancários ou simplesmente recursos próprios da Construtora necessários ao suprimento da obra, devido a medições iniciais inferiores aos valores investidos. No caso de 36 ocorrer altas medições iniciais, de forma a manter o caixa sempre em superávit a taxa poderá ser lançada em negativo. Taxa de Risco. Funcionando como um seguro, deverão ser lançadas em caso de insegurança no orçamento por falta de especificações adequadas ou mesmo devido insegurança em se executar a obra dentro de padrões normais. Diferença de Reajuste. Quando o reajuste estipulado no Edital é insuficiente para cobrir o esperado. Reajuste. Complementa o item anterior. Quando não houver reajuste previsto para as medições 37 3. QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL A partir da promulgação do Código de Defesa do Consumidor – CDC através da Lei nº. 8.078, de 11 de setembro de 1990, que estabelece uma série de regras relativas à relação produtor/consumidor, observa-se que o código impõe severas sanções aos projetistas, fabricantes, prestadores de serviços e construtores em decorrência de falhas nos produtos em uso ou vícios de construção, além de regulamentar a prestação de serviços. Além disso, o CDC veda a colocação de produtos e serviços no mercado que estejam em desacordo com as Normas Técnicas brasileiras, elaboradas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT. A partir da promulgação do CDC, houve uma maior preocupação com a qualidade de produtos e serviços prestados ao consumidor. Desta forma, as organizações começaram a se preocupar com os prazos, garantias, data de validade de seus produtos, além e fornecer treinamento especializado a seus funcionários, com a finalidade de atender as exigências que venham a garantir a satisfação de seus clientes. Portanto, a qualidade é um assunto que vem merecendo cada vez mais atenção em todas as partes do mundo. O que se observa que a atual e crescente demanda mundial, faz aumentar as expectativas dos clientes em relação à qualidade dos produtos e serviços prestados. Desta forma, para serem competitivos, e, por conseguinte, manterem um bom desempenho econômico-financeiro, as empresas necessitam, cada vez mais, de aprimorar a qualidade de seus produtos e serviços. Segundo a ABNT, em sua norma NBR ISO 8402, qualidade é a totalidade de propriedades e características necessidades explícitas ou implícitas. Os clientes possuem necessidades dinâmicas que podem ser ordenadas de forma explicita e implícita sendo que a forma implícita não são apresentadas abertamente, mas da mesma forma são caracterizadas pelas necessidades reais. Desta forma o procedimento adequado é identificá-las e traduzi-las adequadamente na linguagem da empresa, para planejar e produzir um bem ou serviço que realmente possa atender todos os anseios do consumidor. Picchi (1993) leciona que o conceito de qualidade adveio a partir de um conceito bastante restrito e específico, em funçãoda conformidade com requisito, novo aspectos foram sendo adicionada ao longo do tempo, e nunca eliminada, num 38 processo cumulativo no qual o conceito se amplia e ganha complexidade cada vez maior e apresenta a evolução como sendo a seguinte: a) Conformidade com requisitos b) Características que atendem à necessidade dos clientes c) O cliente pode ser interno, externo, e a sociedade em geral. d) As necessidades podem ser explícitas ou implícitas e) Atender com economia f) Qualidade inclui os serviços agregados ao produto g) Qualidade é relativa e dinâmica h) O que conta é a qualidade percebida pelo cliente i) Qualidade é maximizar o valor do produto j) Qualidade é a capacidade de entusiasmar o cliente Para Juran (1997), o conceito de qualidade tem dois significados distintos: As características de produto que respondem às necessidades dos clientes; Ausência de deficiência. Em termo genérico para cobrir os dois significado é ―adequação ao uso‖ A preocupação com a qualidade surgiu no início do século XX, quando os inspetores surgiram nas empresas. Mas o serviço realizado não era muito bom e os problemas acabavam aparecendo no mercado, exigindo do cliente a solução (JURAN, 1997). Ainda que inicialmente esteja associada ao desenvolvimento industrial, a evolução da qualidade demonstra uma extensão abrangente ao longo do tempo, conduzindo uma grande importância econômica e social inserida nos dias atuais. Posteriormente, surge o denominado controle da qualidade total com uma filosofia diferenciada em relação às anteriores. O controle inicia-se com o planejamento, o desenvolvimento e projeto do produto, procurando-se antecipar as necessidades do consumidor e terminar apenas quando o produto estiver nas mãos deste. A qualidade é estabelecida durante todo o ciclo de produção, e com o envolvimento de todas as pessoas e setores da empresa. Conforme expõe Paladini (1995), o controle de qualidade é caracterizado como um sistema dinâmico e complexo que envolve direta ou indiretamente todos os setores da empresa com a finalidade de melhora e garantir economicamente a qualidade do produto final. 39 Paranthaman (1990) define o controle de qualidade implicando o estudo das características da qualidade por meio das quais um processo é julgado em termos de conformidade ou aceitabilidade. O processo controlado é definido por ser previsível. Podendo-se desta forma fixar limites dentro dos quais espera- se que os valores das características conhecidas que estão sendo consideradas permaneçam desde que o estado de controle seja mantido. Segundo Campos (1992), o controle da qualidade é caracterizado de acordo com três objetivos, fundamentais: a) Localizar o cliente, saber de suas necessidades (muitas vezes ele não as conhece e você deve colocar-se em seu lugar), traduzirem estas necessidades em características mensuráveis, de tal forma que seja possível gerenciar o processo de atingi-las; b) Manter a qualidade desejada pelo cliente, cumprindo padrões e atuando na causa dos desvios. O processo para manter a qualidade desejada pelo cliente está mostrado na Tabela 3. Neste caso o controle (PDCA) é exercido para manter os resultados; c) Melhorar a qualidade desejada pelo cliente; neste caso é preciso localizar os resultados indesejáveis (problemas) e utilizar o método de solução de problema para melhorá-los. Tabela 3. Fatores Básicos para o Ciclo de Manutenção do Controle da Qualidade Ciclo PDCA Etapas Atividades de manutenção no controle da qualidade Observações P 01 Estabelecimento do padrão da qualidade Estude as necessidades dos seus clientes (interno ou externo). Verifica a possibilidade de seu processo atendeu u não a estas necessidades. 02 Estabelecimento dos procedimentos padrão Estabeleça o seu processo de acordo com as necessidades do cliente e define os fatores importantes do seu processo (causas) que devem ser padronizado. 03 Trabalho de acordo com os padrões As pessoas devem está treinadas em manter os valores padrões dos fatores importantes como 40 D determinados no item anterior. Conduza a auditoria. 04 Medidas Defina as medidas a serem feitas: temperaturas, pressão, composição química, dimensões, tempo, etc. C 05 Padrões de verificação Defina os padrões de verificação (inspeção). Estes padrões são geralmente de nível superior aos padrões de qualidade. 06 Verificação Verifique se existem não conformidades em relação aos padrões de verificação. A 07 Eliminação das não conformidades As causas da não conformidade devem ser eliminadas de imediato. Se a não conformidade for crônica, os procedimentos operacionais padrões devem ser alterados, se for ocasional devem ser conduzida a uma analise de falhas para localizar as causa, devendo o evento ser registrado para analise futura. Fonte: CAMPOS, 1992 3.1. Programa de Qualidade e Produtividade Juran e Gryna (1991) definem qualidade como sendo ―adequação ao uso‖. Essa definição foi amplamente utilizada na literatura por renomados autores e empresas envolvidas com programas de qualidade total ou programas de melhoria contínua da qualidade, porém outra s definições podem ser consideradas. Segundo Feigenbaum (1994), qualidade é a determinação do cliente, e não a determinação da engenharia, nem de marketing, nem da alta administração. A qualidade deve estar baseada na experiência do cliente com o produto e o serviço, medida através das necessidades percebidas pelo cliente, que passam a representar uma meta da organização num mercado competitivo. Segundo Csillag (1995), um produto de qualidade, na visão do consumidor, é aquele que atende às suas necessidades e que requer um número menor de sacrifício ou dispêndio de recursos produtivos para o desempenho de determinada função, tanto para o fabricante quanto para o usuário. O valor do cliente é a razão entre o desempenho das funçõ es do produto e o seu preço. 41 Para Crosby (1986), a qualidade é vista como ―conformidade com os requisitos‖. Ele acrescenta que, se existe empenho em fazer bem-feito na primeira vez, os desperdícios seriam eliminados e a qualidade não seria dispendiosa. Coral (1996) também define qualidade como conformidade aos requisitos. ―Qualidade não é apenas o que nós fazemos, mas o que nós fazemos e que pode ser visto e aplicado por todo s dentro da organização‖ (p. 84). Coral (1996) diz que um sistema de qualidade deve objetivar maximizar a satisfação do cliente, assegurar a conformação dos requisitos e buscar lucratividade para o negócio. Um pro grama de qualidade ou melhoria contínua deve ter clareza na sua definição de qualidade, pois a ênfase dada a uma metodologia dependerá dos objetivos da organização. 3.2. Os Programas da Gestão da Qualidade de Custos na Construção Civil A NBR ISO 9001 estabelece que o controle do processo produtivo deva ser executado conforme o plano de qualidade da empresa ou em procedimento documentado. O procedimento e controle têm como finalidade estabelecer conformidade do produto ou serviço com os requisitos especificados através do monitoramento. Todos os procedimentos de inspeção devem ser documentados e registrados para os mesmos fins do controle de materiais. Souza (1997) considera fundamental a documentação do processo produtivo e da forma de controle da qualidade como forma de garantir a manutenção do acervo tecnológico das empresas construtoras. Este tipo de documentação tem sido de grande proveito nas empresas construtorasno sentido de promover a racionalização dos processos e conferir um caráter industrial à construção civil uma vez que, pelo menos, procura garantir que os processos sejam conforme o método estabelecido pela construtora, independente do engenheiro, mestre ou operário que esteja realizando a tarefa. Os registros da qualidade dos serviços devem ser anotados em formulários, mostrando que o controle foi efetivamente executado. Deve possibilitar a identificação de prováveis patologias e realimentar o sistema. 42 4. MODELO PARA AVALIAÇÃO DE CUSTOS EM CONSTRUÇÃO CIVIL A cada reunião era apresentado um resumo da reunião anterior e do trabalho desenvolvido sobre as informações apanhadas, para validação e maior detalhamento, quando necessário. Dentro da contextualização, a primeira preocupação foi definir um rótulo que representasse as principais preocupações fundamentais do decisor quanto ao problema. Como passo inicial para a estruturação desse modelo, buscou-se identificar para quem seria realizado o apoio à decisão, ou seja, quem dentro do quadro da empresa seria o ator com o poder de alterar a situação atual (decisor), quais seriam os atores com poder de interferência nesse processo (intervenientes) e quais seriam influenciados pelas decisões a serem tomadas (agidos). Esses atores são mostrados na tabela 4. Tabela 4 – Subsistema de Atores Decisor Gerente de Engenharia Empresa de ornamentação executiva Grupo que possui Intervenientes Engenheiros de obra participação Analista da qualidade Gestores da Construtora Facilitadores Autores Quadro funcional Agidos Terceirizados Clientes da Empresa Fonte: Azevedo, 2011. 4.1. Estrutura hierárquica de valor As informações coletadas foram analisadas para identificação dos Elementos Primários de Avaliação (EPAs). Os EPAs são o registro das principais propriedades do contexto avaliado que o decisor julga relevantes em função do objetivo pretendido. Os dez primeiros EPAs identificados são exibidos na tabela 5. O próximo passo da Metodologia MCDA-C é a construção de conceitos a partir dos EPAs. Os conceitos representam a expansão do entendimento dos EPAs. Cada um deve estabelecer a direção de preferência do decisor (chamado pólo presente) e, também, estabelecer a conseqüência que se deseja evitar ou minimizar (polo oposto 43 psicológico). Os dez conceitos construídos a partir dos primeiros EPAs são exibidos na tabela 6, em que as reticências (―...‖) devem ser lidas como ―ao invés de‖. Tabela 5 – Relação dos 10 primeiros EPAs identificados EPA DESCRIÇÂO 01 Definir material para acabamento 02 Classificar material para acabamento 03 Definir fornecedores para material de acabamento 04 Definir similares para material de acabamento 05 Levantar os preços de material de acabamento 06 Usar os matérias de acabamento definidos 07 Memorial descritivo 08 Check list para memorial descritivo 09 Definir padrões para materiais 10 Ter Projeto de áreas comuns Fonte: Azevedo, 2011. Tabela 6 – Os dez conceitos construídos a partir dos EPAs Conceito Descrição C1 Ter materiais predefinidos de acabamento e ter dificuldades na seleção de materiais para acabamento C2 Ter categorias pré estabelecidas com seus materiais de acabamento (linha de produto/fornecedor) e cada empreendimento terem materiais sem padronização C3 Selecionar fornecedores de referência para os materiais de acabamento e ter dificuldade na cotação do material C4 Definir similaridades entre os materiais de acabamento e não poder substituir material (produto) C5 Ter as cotações de todos os materiais de acabamento/produto e estimar custos sem informações reais C6 Garantir que os materiais definidos sejam utilizados na execução e ter mudanças não autorizadas/analisadas 44 C7 Ter um memorial descritivo com todos os itens definidos no modelo de memorial descritivo e ter um memorial ambíguo/incompleto C8 Garantir a padronização da elaboração dos memoriais descritivos e ter variações na elaboração de um memorial descritivo C9 Vide conceito 2 C10 Garantir que projetos de áreas comuns sejam incluídos no orçamento e áreas comuns serem executadas com parte do lucro previsto Fonte: Azevedo, 2011. Após essa atividade, gerou-se um entendimento maior do contexto estudado. A partir desse entendimento global, os facilitadores, em conjunto com o decisor, partiram para a identificação de objetivos estratégicos associados ao conhecimento até então construído. Para atender a essas duas propriedades, o decisor, novamente apoiado pelo facilitador, relacionou cada conceito a um objetivo (necessidade), e nenhum conceito ficou sem objetivo estratégico relacionado (suficiência). A Figura 3 apresenta os objetivos estratégicos deste estudo. 45 Figura 3 – Estrutura top-down do modelo de avaliação e os conceitos a eles relacionados Fonte: Adaptado Azevedo, 2011. Com essa atividade, é possível identificar linhas de argumentação que conduzem os conceitos-meios aos conceitos mais estratégicos. A associação das linhas de argumentação a uma preocupação do decisor é chamada de cluster. Uma vez estabelecidos os objetivos estratégicos associados ao contexto, faz-se necessário testar os objetivos no tocante às propriedades de necessidade e suficiência diante dos conceitos anteriormente levantados. 46 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em meio a um país em plena crise econômica, as empresas buscam saídas para acabar com atividades desnecessárias que demandam tempo e gastos, com a construção civil não poderia ser diferente. Com o passar do tempo as empresas ligadas à construção viram que a adoção de um sistema é de suma importância para o auxilio de controle de gastos e de materiais. A admição de um modelo de sistema que venha a ajudar no projeto de uma empresa a visualizar o desempenho gradual, permitindo uma visão detalhada, em cada setor da obra, desempenha um papel relevante para o sucesso da empresa. O sistema pode possuir estruturação hierárquica fazendo com que o mesmo possa sempre se manter em constante manutenção. Trazendo um o beneficio de estabelecer uma visão estratégica, tática e operacional. Na introdução de um sistema hierárquico há a chance de um processo participativo onde o topo da hierarquia pode ver os principais problemas e corrigi -los de modo rápido e que não afete as outras áreas do sistema dando ainda ao administrador a oportunidade de planejar ações com vista em melhorias para o setor desejado. Muitas empresas adotam um sistema de qualidade, onde o mesmo é utilizado não só para o acompanhamento da empresa, mas também como ferramenta de marketing para atrair novos clientes se destacando em frente das demais empresas. Observando por uma visão tecnológica que tem como finalidade o processo de produção, nota-se que a qualidade do produto final depende tanto na qualidade do seu projeto, do produto como resultado da produção; dos materiais utilizados e dos componentes aplicados; do gerenciamento e controle ao longo de todas as etapas. Como foi dito antes o conceito de qualidade depende da visão de cada usuário. Com isso, é necessário que haja uma união entre fornecedores, empresas e clientes. As empresas que apresentam o produto final com melhor qualidade de preço e que atendem às necessidades do consumidor têm maiores chances de sucesso conseguindo assim uma maior fatia do mercado.
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