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TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 72 CAPÍTULO III: TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS. 1-OBJETIVO: Neste capítulo será recordado o funcionamento do GS em regime permanente, e será explicado o período transitório e subtransitório, entendido entre o instante da ocorrência do distúrbio que o provoca e sua passagem para o regime permanente. O estudo do GS que contemple seu comportamento em qualquer tipo de regime pode ser efetuado no domínio do tempo, mas implica na difícil resolução de um conjunto de equações diferencias que refletem o modelo da máquina. Neste capítulo é apresentada a modelagem no domínio da freqüência que embora com limitações do ponto de vista teórico, conduz a resultados confiáveis. Além disso, permite aprofundar o entendimento físico da máquina. Quando se aplica carga ao gerador é mister a manutenção da tensão em seus terminais. A componente desmagnetizante da força magneto motriz da reação de armadura deve ser compensada pelo acréscimo da corrente de excitação, que também compensa a queda na reatância de dispersão. O regulador identifica a tensão de saída nos terminais do gerador como a principal variável a ser controlada. Funções como sub e sobre excitação, relação entre a constância da tensão e freqüência, compensação de reativos para trabalho em paralelo, são outras variáveis a serem acrescidas ao sistema de excitação regulação, se necessárias. A ação corretiva do enrolamento amortecedor bem como aquela devida ao ‘‘efeito transformador’’ do enrolamento de campo são focadas também neste capítulo. As figuras 1.a e 1.b mostram gerador e regulador bem como a representação em diagrama de blocos de um sistema de excitação e regulação de tensão de gerador (computer representation) de acordo com IEEE Recommended Practice for Excitation System Models for Power Systems Stability Studies – IEEE Std 421.5-1992. A referida prática classifica os diversos tipos de excitação-regulação. A figura 1 b) representa o tipo ST2A-Compound Source Controlled Rectifier Exciter listado no item 7-Type da referida IEEE Recommended Practice. TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 73 A figura 2 reproduz o corte de geradores síncronos de 2 e 4 pólos respectivamente de pólos salientes com rotor laminado. Evidencia-se o lugar para a colocação da gaiola amortecedora, elemento de grande importância, não apenas para dotar o gerador de capacidade de partida de motores de indução, mas também Figura 1.b- Representação computacional de gerador com excitação estática compoundada TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 74 para melhorar a estabilidade quando paralelado com outra(s) máquina(s). No caso da máquina síncrona trabalhar como motor síncrono, a gaiola é imprescindível para proporcionar conjugado de partida. Soluções de fabricação nas quais se utiliza sapata polar maciça ao invés de chapas laminadas, apresentam resultados piores no que diz respeito à resposta aos distúrbios transitórios. Na sapata polar maciça, os infinitos caminhos oferecidos à condução das correntes que surgem em decorrência ao distúrbio, possuem eficiência menor que os caminhos pela gaiola constituída por cobre. Figura 2- Alternadores de pólos salientes de 2 e 4 pólos respectivamente 2- REGIME PERMANENTE Quando o gerador está em regime permanente, não importando qual seja a carga, desde que equilibrada, a composição das forças magneto motrizes criadas pelas três correntes de armadura, defasadas de 120 º entre si e em 3 enrolamentos defasados de 120º elétricos no espaço, ou seja, 120º/p geométricos, onde p é numero de pares de pólos, cria força magneto motriz girante de reação de armadura Fa, com rotação n igual à rotação do eixo imposta pela máquina motriz. No caso de pólos salientes o entreferro é variável, aumentado do centro do pólo (eixo direto) para as laterais o que permite gerar fluxo senoidal, com harmônicas devidas apenas a saturação, que provavelmente ocorre em volta do eixo direto, onde a relutância é menor. A tensão é praticamente isenta de harmônicas graças a técnicas aprimoradas de distribuição e encurtamento. Por isso, neste estudo considera-se apenas a fundamental. O erro cometido é menor que as linearizações admitidas nas modelagens. Assim a força magneto motriz de reação de armadura resultante das somas das FMM’s de cada fase, é senoidal e sua posição coincide com a fase com o máximo módulo. Esta propriedade permite concluir que FA está defasada de fº de V, sendo f o fator de potência. 2.1- Considerações a respeito de alternadores de pólos lisos A força magneto motriz FA adicionada a Ff (força magneto motriz proporcionada pelo campo) resulta em FR, a qual causa o fluxo resultante no entreferro ΦR. Em máquinas de pólos lisos FA é calculada pela fórmula TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 75 FA=0,9. q Ke. Npf. Ia (1) Onde q é o número de fases, Npf é o número de espiras por pólo e por fase e Ke é o fator de enrolamento que considera a distribuição e o encurtamento. A superposição das FMM’s conduz a resultados mais precisos que os obtidos com modelagem que admite a superposição dos fluxos, o qual corresponde ao modelo das reatâncias, que é mais usual. Em condições de regime permanente, FA e o campo possuem a mesma velocidade, não ocorrendo qualquer variação de fluxo e, portanto qualquer ação de transformação. Caso a corrente de carga esteja defasada com relação à tensão a força magneto motriz de reação de armadura FA possui componente desmagnetizante (carga indutiva) ou magnetizante ( carga capacitiva) . A figuras 3 representa referida situação de forma simplificada: figura 3 A análise da figura 3 permite identificar a força magneto motriz de campo Ff no eixo direto, bem como da reação de armadura FA, neste caso para gerador em regime com carga indutiva, entre os eixos direto e quadratura; à esquerda onde se representa máquina de pólos lisos, a relutância oferecida a FA pelo circuito magnético é constante, se forem desconsideradas as variações da relutância devidas aos dentes bem como à saturação. A soma de Ff e FA pode ser efetuada. Sua resultante FR não importando a posição, causa o fluxo ΦR cuja derivada com relação ao tempo provoca o aparecimento da fem resultante por espira ou a fem ER do enrolamento, considerando todas as espiras do mesmo em série. 2.2-Considerações sobre alternadores de pólos salientes TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 76 Na figura 3 da direita representa-se gerador de pólos salientes: para cada posição de FA existe uma relutância diferente. A soma direta de Ff e FA implica em erro que facilmente pode ser evitado decompondo FA em duas componentes: Fd no eixo direto e Fq no eixo em quadratura. A relutância oferecida a cada componente é constante. Deve-se observar que a forma de Ff é retangular, conseqüência da geometria da bobina e do pólo, enquanto FA bem como Fd e Fq são senoidais em enrolamentos distribuídos e encurtados. O método desenvolvido por J.A. Shouthen permite recalcular os módulos das fundamentais de Fd e Fq equivalentes, em função da geometria dos pólos salientes, o que permite adicioná-las a Ff. Fd =0,75q Ke Npf Ia senψ (2) Fq=0,4635q Ke Npf Ia cos ψ (3) onde ψ é o ângulo entre Ia e o eixo em quadratura. A fórmula 2 foi desenvolvida para indução senoidal. A fórmula 3 foi desenvolvida para arco do pólo entre 0,67 e 0,7 do passo polar. Os valores das harmônicas de Fd possuem ordens de grandeza de até 10% e desconsidera-los implica em erro de 2 a 3%. Os harmônicos de Fq são da ordem de 40% e desconsidera-los pode implicar em erro de 10% a 12% de Fq. A figura 3 evidencia ainda que no caso de carga indutiva a componente Fd é oposta a Ff e, portanto desmagnetizante. A componente Fq no eixo em quadratura provoca acentuada distorção nas sapatas polares. A influência na composição da tensão é reduzida no módulo, porém não desprezível na posição angular. Desconsiderar esta componente implica em grave erro no cálculo da potência. 2.3-Equivalência da superposição das FMM’s e dos fluxos O diagrama fasorial da figura 4 mostra a superposição das FMM’s em máquina de pólos lisos. Se adotada a linearização da máquina, cada FMM pode ser associada ao respectivo fluxo por ela provocado. As tensões derivadas dos fluxos são adicionadas permitindo calcular a tensão final. Figura 4- Diagrama fasorial de tensões, fluxos e FMM´s. TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 77 No diagrama fasorial da figura 4, para corrente de carga indutiva, FA é desmagnetizante. FR=Ff +FA, aplicada ao circuito magnético proporciona fluxo ΦR .A análise da figura 4.4 permite escrever a equação da tensão Ef=V+jxs Ia (4) Onde Ef é a tensão que existiria, caso a única FMM fosse Ff. xs=xl+xmg é a reatância síncrona, xl é a reatância de dispersão e xmg é a reatância de magnetização; ra foi desconsiderada. A figura 5 mostra o diagrama fasorial para alternador de pólos salientes Figura 5- Diagrama fasorial de tensões, FMM´s e fluxos do gerador síncrono de pólos salientes. A decomposição de FA no eixo d e q, devido à diferença das relutâncias, impõe alterações na equação 4, pois como exposto, cada FMM decomposta atuará em circuito magnético diferente. Associando- se uma reatância em cada eixo e utilizando a corrente devidamente decomposta, pode-se reescrever a equação 4. Assim, se a tensão nos terminais for V e a corrente Ia, a fem ER que corresponde ao fluxo resultante ΦR, desconsiderando ra, será TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 78 ER=V+jxl Ia (5) A observação da figura 5, que obedece a teoria de dupla reação, permite escrever: Ef= V+jxl Ia+jxrd Iad +jxrq Iaq Se xd=xl+xrd e xq=xl+xrq Ef= V+jxd Iad +jxq*Iaq (6) 2.4- Análise do comportamento do gerador com cargas fortemente indutivas A figura 6 mostra o mesmo diagrama fasorial, porém com corrente de carga muito elevada e fortemente desmagnetizante. Corresponde a partida de MI . Figura 6- Diagrama fasorial de tensões, FMM´s e fluxos de gerador com carga fortemente indutiva. Não se considerou o efeito do enrolamento amortecedor(dumper) ou ‘’efeito transformador’’ do enrolamento de excitação na representação. As componentes correspondentes estão presentes apenas no estudo do regime transitório. Iaq pode ser desconsiderada e a equação 6 pode ser reduzida. TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 79 Ef= V+jxd Iad (7) A fundamentação teórica s expressões 4, 6 e 7 supõe máquina linearizada como já exposto. Entretanto, disponibilizam-se métodos que permitem sua utilização em máquinas saturadas. Os resultados apresentam razoável grau de precisão. 3- REGIME TRANSITÓRIO E SUB TRANSITÓRIO 3.1-Regime transitório Reatância transitória. Método de cálculo. A complexidade de análise da máquina síncrona decorre pelo fato de possuir vários enrolamentos: 3 na armadura e um no campo além do amortecedor no eixo direto e em quadratura, cuja ação não ocorre em regime permanente, mas contribui decisivamente durante os transitórios. O reconhecimento das interações entre os diversos enrolamentos é dificultado pela geometria irregular das máquinas de pólos salientes. Não somente para justificar o modelo que será utilizado para o cálculo de situações transitórias em geral como, por exemplo, curto circuitos ou partida de MIT , mas também para explorar com maior detalhamento o conceito dos fenômenos envolvidos, apresenta-se a seguir a sustentação teórica do modelo freqüentemente utilizado classicamente. Para focalizar a atenção exclusivamente no período transitório, desconsidera-se a existência do enrolamento amortecedor, que inclui os caminhos constituídos pela sapata polar e estruturas que suportam as cabeças de bobinas. Ao ser aplicada, a corrente de armadura cria a força magneto motriz FA, no eixo direto com ação desmagnetizante (carga indutiva). Pelo teorema fluxos concatenados de Doherty & Shirley (theorem of constant linkages - Doherty and Shirley, Trans. A.I.E.E.,37,p.1209(1918)), no instante t=0+, a variação do fluxo no enrolamento do campo é zero. Para anular a componente desmagnetizante de FA, este enrolamento será sede de variação de corrente que imporá variação da Força Magneto Motriz ∆Ff. Mas, nem todo fluxo criado pelo enrolamento de campo se enlaça com o da armadura, em função da dispersão. Assim, neste enrolamento ocorre diminuição do fluxo. O parâmetro que mede a redução é a reatância transitória. Após o primeiro instante, o efeito da resistência do enrolamento provoca queda na corrente do enrolamento, até que seu efeito cesse totalmente. TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 80 A fim de generalizar a análise, suponha-se o gerador excitado com If. A aplicação de carga no gerador em vazio Ia gera FA. Se o mesmo já está fornecendo Ia, o acréscimo de carga ∆Ia gera acréscimo ∆FA. FA impõe fluxo ΦA assim como o acréscimo ∆FA impõe ∆ΦA. Assim o novo fluxo será ΦA1= ΦA+∆ΦA. Figura 7-Diagrama fasorial das FMM’s e fluxos na aplicação de carga indutiva A figura 7 mostra o aumento instantâneo da corrente de armadura (indutiva) Ia e de FA representados por ∆Ia e ∆FA, bem como Ff e ∆Ff. Os acréscimos do fluxo no instante do distúrbio são ∆ΦA e ∆Φf.. Mostram-se também acréscimos que não atravessam o entreferro, ou seja, as variações de dispersão do campo ∆Φfl e da armadura ∆ΦAl Exclusivamente para facilidade de entendimento suponha-se a máquina inicialmente em vazio. Portanto em t=0-ÆIa=0; em t=0+Æ Ia>0 que provoca FA>0 e ΦA>0. O entreferro em máquinas rotativas causa grandes fluxos de dispersão. Seja Φal o fluxo de dispersão de armadura, Φm o fluxo mútuo e Φfl o fluxo de dispersão do campo.(Se a máquina estivesse em carga e aumentássemos o valor da mesma, trabalharíamos com acréscimos. Assim teríamos ∆Φal, ∆Φm, ∆Φfl como mostra a figura 7 ao invés de Φal, Φm, Φfl). A indutância de dispersão do enrolamento da armadura será Lal = Na*Φal/Ia (8) ou simplesmente Ll.A indutância de dispersão do campo Lfl = Nf*Φfl/∆if (9) TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 81 ou simplesmente Lf e a indutância mútua entre a armadura e o campo no eixo direto. M =Nf*ΦΜ/ia (10) Observe-se que os parâmetros da armadura incluem as três fases, pois como já explicado, FA é a resultante da soma das três forçasmagneto motrizes pulsantes senoidalmente das fases, defasadas no tempo em 120º elétricos e aplicada às três bobinas defasadas no espaço. A corrente ∆if e sua correspondente FMM é unidirecional, porém para um observador no estator corresponderá a corrente alternada. A utilização de ∆if é necessária para diferenciar de if que sempre existe se a máquina está excitada. Quando a corrente do estator passar de zero para ia, o fluxo que atravessa o entreferro Φm expresso em termos da indutância mútua e provocado por Ia será: Φm = M*ia/Na (11) ou seja o fluxo concatenado é Φm*Na = M*ia. (12) O enrolamento de campo "reage" com corrente ∆if, a qual gera fluxo concatenado (Lf+M)*∆if na bobina deste enrolamento. Portanto, o fluxo resultante concatenado no campo imediatamente após o surto, ou seja, em t=0+, será (desconsiderou-se o fluxo que existia quando a máquina estava em vazio, pois o que importa para a análise é a variação) : λf=(Lf+M)*∆if-M*ia. (13) A utilização de letras minúsculas é para caracterizar o fenômeno em um instante qualquer. As letras maiúsculas são reservadas para valores eficazes. As FMM’s pulsantes da corrente de armadura por fase possuem harmônicas, minimizadas pela distribuição e encurtamento, o que permite serem desconsideradas. Observação semelhante deve ser aplicada ao fluxo que seria provocado pelo enrolamento do campo, seja pela corrente de excitação ou pela componente transitória, objeto deste estudo. Os parâmetros do rotor serão referidos ao estator. Portanto para um observador no rotor, os valores rotóricos da expressão (13) serão sempre referidos ao estator. Na referida expressão, para não contrariar o teorema dos fluxos enlaçados constantes, e considerando desprezíveis os valores resistivos(observação válida apenas para o primeiro momento do surto ou seja em t=0+) necessariamente λf=0. Assim (Lf+M)*∆if-M*ia=0 (14) (Lf+M)*∆if=Mia TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 82 ∆if=M/(Lf+M)*ia (15) A expressão 15 expressa o valor de corrente que surge no campo para manter o fluxo concatenado inalterado em t=0+: No enrolamento de armadura, a componente do eixo direto do fluxo concatenado é: λa = M*∆if – (M+ Ll)ia (16) (considera-se como sinal positivo o sentido do vetor do campo) substituindo ∆if da expressão (15) na expressão (16) λa = M* M/(Lf+M)*ia – (M+ Ll)ia λa = - (- M2) / (M+Lf) + Ll + M)*ia (17) A equação 17 é do fluxo instantâneo na bobina ‘’a’’ para surto no eixo direto. Em valores eficazes, tem-se: Λa = (Ll +M - M2 / (M+Lf) )* Ia (18) Portanto o valor eficaz da tensão será: 2 π f *Λa = ω∗Λa =ω∗[ Ll + M - M2 / (M+Lf) ]* Ia ou: ω∗Λa = [ ωLl + ωM - ω2 M2 /(ω( M + Lf)) ] Ia (19) Obs: 1) a utilização de Id ao invés de Ia ocorre quando a análise contempla apenas o eixo direto. 2)Ao trabalhar com valores eficazes ocorreu migração do domínio do tempo para o domínio da freqüência. Desta forma, desconsidera-se a componente continua que será tratada mais adiante. A equação acima expressa a variação de tensão que ocorre na armadura, no instante inicial, quando se impõe uma corrente Ia. Ou seja, a tensão foi ajustada inicialmente para valor nominal Ef=Vn, para a máquina em vazio. Ao aplicar carga Ia (indutiva) a tensão em t+0= cai de Ef=Vn para: V=Ef- ω∗Λa (20) V=Ef- [ ωLl + ωM - ω2 M2 /(ω ( M + Lf)) ]* Ia=Ef-(Xl+ Xl*XM/(Xl+XM)*Ia(21) . Se a resistência do enrolamento do campo fosse realmente nula, o fenômeno persistiria infinitamente, o que evidentemente não é plausível. Em função da existência física da mesma, a tensão cairá exponencialmente para V=Ef-jxs*Ia (xs é a reatância síncrona). A expressão [ωLl + ωM - ω2M2 / (ωM + ωLf)] = xl + xM - xM2 / (xf+xM) (22) TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 83 é a reatância denominada transitória ou reatância transitória no eixo direto, e identificada como X’d por se tratar de fenômeno no eixo direto. A equação 22 pode ser rescrita como x’d =xl+xM*xf/(xf+xM), (23) Ou seja, a reatância transitória no eixo direto é a reatância de dispersão da armadura, adicionada à reatância de dispersão do campo, esta em paralelo com a impedância mútua. A equação acima é resultado do circuito equivalente da figura 8. O circuito acima equivale ao de um transformador em curto onde xl-reatância de dispersão da armadura corresponde à reatância de dispersão do primário, xM é a reatância de magnetização e xf- reatância de dispersão do campo corresponde a reatância de dispersão do secundário. Portanto a reatância x’d é calculada em função das dispersões do campo e armadura (e da mútua) e que ocorrem em qualquer situação de alteração do funcionamento. A expressão (20) pode ser reescrita V=Ef-jx’d*Ia (24) Na expressão 22 é interessante observar que ( xl + xM) é a reatância síncrona xs (sendo que no eixo direto em máquinas de pólos salientes é denominada xd - reatância síncrona no eixo direto Na hipótese de ocorrer um curto, ao invés de o gerador ser chaveado sobre uma carga, o limite da corrente de curto no momento inicial será dado por x’d. Ao atingir o regime (sempre admitindo invariância na excitação) o limite é dado por xs. 3.2- QUEDA TRANSITÓRIA DE TENSÃO QUANDO OCORRE VARIAÇÃO NA CARGA. . Figura 8 – circuito equivalente do gerador durante o transitório sem amortecedor TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 84 Uma vez definida a reatância transitória e supondo inexistência de enrolamento amortecedor, qualquer variação brusca de carga causará queda de tensão nos terminais do gerador proporcional ao valor dessa reatância. A queda em t=0+ é definida como queda transitória. Antes estudar o fenômeno durante o distúrbio, deve-se investigar sobre a aplicabilidade deste método clássico quando ocorre brusco aumento da corrente . O estudo é restrito por algumas hipóteses: a) o tratamento é linear; b) a alteração de carga é simétrica; c) visa apenas estudar o fenômeno transitório, pois todas as máquinas são construídas com o enrolamento amortecedor, seja feito em barras de cobre ou gaiola maciça constituída pela sapata polar). Interessa verificar qual a queda ao ocorrer brusca variação de caráter indutivo do estado de carga. Antes da variação o estado de carga é caracterizado pelo índice será 1; após a variação é caracterizado pelo índice 2. A variação ocorre em t=0. Em t=0-, os fluxos concatenados com o enrolamento do campo são: λf1 =(L f+M)*i f1 – M*i a1. O brusco aumento da carga tenta impor redução do fluxo. Em t=0+ não poderá ocorrer qualquer alteração no fluxo concatenado com a bobina de campo. Uma componente transitória ∆if surge nessa bobina para manter a invariabilidade do fluxo no campo. Desta forma ocorre compensação parcial do efeito desmagnetizante de ∆FA nos enrolamentos da armadura. O novo fluxo concatenado no campo será: λf2=λf1+∆λf=(Lf+M)*(if1+∆if)-Mia2==(Lf+M)*(if1+∆if)-M(ia1+∆ia) (25) Mas λf1=λf2, ou seja, ∆λf=0. Assim: (Lf+M)*(if1+∆if)-M*ia2= (Lf+M)*if1 –M*ia1 M*(ia2-ia1)=(Lf+M)*(if1+∆if)-(Lf+M)*if1=Lf*if1+Mif1+ Lf*∆if +M*∆if-Lf*if1-M*if1 M*(ia2-ia1)=(Lf +M)*∆if ∆ia= (ia2-ia1)=(Lf +M)/ M*∆if ou chamando ia=id ∆id= (Lf +M)/ M*∆if (26) TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 85 Assim, a uma variação instantânea da corrente de armadura, de ia1 para ia2, desde que ocorra no eixo direto, corresponde uma variação no enrolamento de campo em t=0+, quando o sistema de regulação- excitação ainda não atuou. Em outras palavras, a alteração da corrente do estator provoca surgimento de corrente no enrolamento do campo por efeito de transformação, que se superpõe à corrente normal de excitação. A fonte (excitatriz) possui baixa impedância e pode ser considerada como um curto. Em cálculos mais exatos sua resistência e indutância podem ser adicionadas à resistência e indutância do campo respectivamente. Finalmente pode ser analisada a queda instantânea do gerador quando o mesmo já está carregado alimentando carga com corrente Ia1 e com tensão V1 nos terminais. Em t=0- Æ V1=Er-jXl*Ia1. Em t=0+, o acréscimo ∆Ia acarreta no campo ∆If. A nova FMM resultante Fr2, menor que Fr1, resulta em fluxo Φr2<Φr1 e portanto em Er2<Er1. A figura 9 (a) mostra as FMM’s em t=0+, bem como as diversas tensões se tivessem existência individual. A figura 9(b) evidencia o resultado da equação 30. A figura 9(c) mostra a superposição dos fluxos. O deslocamento dos vetores na horizontal ou vertical visa apenas dar clareza à figura. A nova tensão em t=0+ será V2=Er2-jXl*(Ia+∆Ia)=Er2-jXl*∆Ia-jXl*Ia (27) Mas Er2=Er1-jXf*∆If sendo ∆Ιf =X M / (Xf+XM) *∆Ia (28) V2=Er1-jXf ∆If-jXl*∆Ia-jXl*Ia=Er1-j(XM/(Xf+XM)∆IaXf-jXl∆Ia-jXlIa= V2=Er1-jXlIa-j∆Ia(XMXf/(Xf+XM)+Xl) (29) V2=V1-j∆Ia X’d (30) Portanto se ocorrer um surto de corrente ∆Ia, o afundamento de tensão no instante t+ será ∆Ia X’d, na hipótese da inexistência de enrolamento amortecedor e desconsiderando a componente contínua. Como a corrente de campo é incrementada por imposição do regulador de tensão, V2 será corrigida para V1 por ação do referido regulador. Por isso o estudo deve contemplar duas situações distintas: a) No instante t=0+ quando não ocorreu ainda a reação do regulador. b)Após este momento quando o sistema de regulação começa a atuar e, portanto surge uma nova componente de excitação corretiva cuja tarefa é eliminar o distúrbio. TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 86 Prosseguindo com o estudo do distúrbio em t=0+: Se em t=0- o gerador com V1 fornece Ia1 e em t=0 é ligada carga de impedância xe, o acréscimo de corrente em t=0+ é: ∆Ιa=V1/(X’d+Xe). Como V2=V1-∆Ia*X’d =V1-V1/(Xe+X’d)*X’d=V1(1-Xe/(Xe+X’d). A queda em t=0+ é ∆V=V1*X’d/(Xe+X’d) (31) freqüentemente denominada ‘’queda instantânea’’ e consagrada por D. Beeman. Uma situação comum em aplicações de campo ocorre quando com um gerador alimentando cargas efetua-se a partida de um MIT, que impõe brusca alteração da corrente do gerador. O acréscimo é fortemente indutivo o que atende as hipóteses b e c) acima formuladas. As outras são aceitas por não introduzirem variações inaceitáveis e para facilitar a solução. A reatância equivalente do MIT na partida será Xe, soma da reatância de dispersão do estator e rotor. A resistência equivalente Re foi desconsiderada. O cálculo da queda de tensão durante a partida de MIT’s é freqüentemente efetuado por fabricantes e projetistas pela aplicação da fórmula 31. 3.3 CONSTANTE DE TEMPO TRANSITÓRIA: O conhecimento da constante de tempo é importante: permite confrontar o tempo gasto pelo sistema de excitação/regulação para injetar corrente no campo e compensar o efeito desmagnetizante da reação de armadura com o tempo que o enrolamento do campo (e do amortecedor como será visto), conseguem sustentar a tensão. TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 87 Os fatores que influenciam a constante de tempo transitória podem ser investigados com o auxílio da Figura 8. Considerar o gerador com o enrolamento de campo fechado, e o enrolamento de armadura em aberto. A constante de tempo que permite estudar o campo transitório nesta situação, é a constante de tempo transitória de eixo direto em circuito aberto T’do. Os terminais de estator (Figura 8) estão em circuito aberto, e os terminais do campo estão curto- circuitados. O transitório é então afetado pela auto-indutância do campo, Lf+M e por sua resistência rf. Embora a mesma tenha sido desconsiderada em t=0+, seu valor é determinante no comportamento do fenômeno ao longo do tempo.A constante de tempo é τ’do=(Lf + M)/rf (32) A definição da fórmula (32) envolve apenas a auto indutância e a resistência de campo. É simplesmente a constante de tempo de um circuito LR-série simples, ou seja, uma característica do circuito de campo isolado. Sua utilização restringe-se a geração inicial de tensão com o gerador ainda sem carga. Permite calcular o comportamento da corrente campo ao se alterar o valor da tensão aplicada ao referido campo com o gerador em vazio. Não é um parâmetro que possa ser utilizado nos fenômenos envolvendo a armadura 3.3.1 Constante de tempo transitória quando ocorre um curto. Quando o gerador entra repentinamente em curto-circuito, os terminais de estator e rotor estão curto-circuitados. Para condições de bruscas variações, considerar-se-á que os terminais do estator se fecham através de uma impedância externa, conforme figura 10 b). Na primeira análise, os terminais do estator serão colocados em curto, conforme figura 10 a): . Figura 10 a- Circuito Figura 10 b- Circuito equi- equivalente da reatância valente da reatância de gera- de gerador em curto dor fechando-se sobre Xe TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 88 A reatância equivalente durante o transitório, que determina, portanto a queda durante este período é Xf adicionada à XM e Xl em paralelo, ou: Leq =1/(2πf) (Xf +(XM*Xl)/(XM+Xl))= 1/(2πf)( Xf*Xl+Xf*XM+ Xl*XM)/(XM+Xl)= 1/(2πf)( Xf*Xl+Xf*XM+ Xl*XM)/(XM+Xl)* (Xf+XM)/( Xf +XM)= 1/(2πf)( Xf*Xl+Xf*XM+ Xl*XM)/( XM+Xf)*(Xf+XM)/( XM+Xl)= (Xf+XM)/(2πf)* X’d/Xd (33) dividindo a expressão 33 por rf tem-se a constante de tempo em curto-circuito: τ’d = (Xf + XM) /(2πf*rf *X’d /Xd)= τ’do X’d/ Xd (34) 3.3.2 Constante de tempo transitória no eixo direto em curto circuito ajustada para reatância externa. Se ao invés de ocorrer um curto circuito franco, os terminais do gerador são fechados através de carga fortemente indutiva de reatância Xe, um novo valor deve agora ser considerado. Uma vez referida ao estator da máquina em análise, a reatância da carga subitamente ligada, estará em série com a reatância de dispersão da armadura Xl. Em outras palavras equivale a dizer que a nova reatância, com a introdução de Xe é equivalente a um aumento da dispersão da armadura de Xl para Xl+Xe. A reatância transitória ajustada para considerar reatância externa é X’de=X’d +Xe O circuito equivalente nesta nova situação é apresentado na figura 4.10 b: A constante de tempo transitória de eixo diretoem curto-circuito ajustada para reatância externa, τ’de, é: τ’de = τ’do (X’d+Xe) /(Xd+Xe)= τ’d* Xd/X’d* (X’d+Xe) /(Xd+Xe) (35) O conhecimento da constante de tempo permite verificar o que ocorre após t=0+. 3.3.3- Corrente de curto se o gerador está em vazio inicialmente TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 89 Utilizando-se o circuito equivalente e denominado-se a tensão em vazio de Vo, a ocorrência de um curto nos terminais do gerador propiciará a corrente ia(sc)=Vo/Xd + (Vo/ X’d – Vo/ Xd )*e-t/τ’d (36) Após passado algum tempo por exemplo após t=10.τ, a corrente seria ia(sc)=Vo/Xd no caso de não ocorrer intervenção do regulador o que não é verdadeiro pois o sistema de geração seria inviável para o usuário. 3.3.4-Surto inicial de corrente e tensão nos terminais após conexão de carga Xe, estando o gerador em vazio ou em carga Ajustando o circuito equivalente para a adição de impedância externa, conforme figura 10 b o valor da corrente da armadura é : ia(Xe)=Vo/(Xd+ Xe) + (VoEf/ (X’d+ Xe) – Vof/ (Xd+ Xe) )*e-t/τ’de (37) A corrente é limitada pela impedância externa (Xd+ Xe) com a do último parágrafo de 3.3.3. A constante de tempo é τ’de. Interessa investigar qual o comportamento da tensão nos terminais do gerador quando o mesmo estando em vazio passa alimentar repentinamente carga, cuja impedância é Xe. A referida tensão é: V= Vo.Xe /(Xd+ Xe) + (Vo Xe / (X’d+ Xe) - Vo Xe / (Xd+ Xe) )*e-t/τ’de (38) O que ocorre quando se aplica carga Xe a gerador já carregado? Este caso é o mais comum. A queda no instante t=0+ é expressa por ∆V=∆ Ia * X’d . A tensão V2 é: V2= V1*Xe /(Xd+ Xe) + (V1* Xe / (X’d +Xe) – V1 * Xe / (Xd+ Xe))*e-t/τ’de (39) Esta expressão, entretanto não reflete o que ocorre em um gerador real conforme já observado, pois imediatamente o regulador injeta corrente ao campo e restabelece V1. Analisando exclusivamente o instante t=0+ tem-se : V2= (V1* Xe / (X’d +Xe) (40) 4- REATÂNCIA SUBTRANSITÓRIA NO EIXO DIRETO. O enrolamento do campo por estar longe do entreferro possui grande indutância de dispersão, vale dizer grande reatância transitória no eixo direto. Portanto se sòmente existisse o enrolamento de campo, a queda de tensão, ao ocorrer variação brusca da carga, seria elevada. TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 90 Por raciocínio semelhante pode-se concluir que quando o gerador trabalha em paralelo, o torque sincronizante poderá ser insuficiente para mante-lo sincronizado. Igualmente se a máquina trabalha como Motor Síncrono, possuirá pequeno torque de partida. Por isso as máquinas síncronas são dotadas de enrolamento amortecedor, que confere às mesmas características apropriadas para atender estas necessidades. Colocado mais perto possível do entreferro e utilizando-se o melhor condutor desde que economicamente viável, o amortecedor possuirá menor dispersão que o enrolamento de campo e, portanto terá ação mais acentuada, pois a indutância será menor, vale dizer a queda de tensão durante sua atuação será menor. Fig. 11- vista em corte de um pólo saliente com bobina de campo e gaiola amortecedora. A figura 11 mostra vista em corte de um pólo saliente com bobina de campo e gaiola amortecedora. As linhas tracejadas inclinadas laterais correspondem ao eixo em quadratura. A tracejada central corresponde ao eixo direto. Analogamente ao comportamento do enrolamento de campo, que conforme anteriormente exposto atua como o secundário de um transformador em curto quando ocorre a erupção da corrente, o enrolamento amortecedor também se comporta como enrolamento em curto. A figura 11 mostra os caminhos de dispersão dos enrolamentos do rotor: as setas largas de cor vermelha representam o fluxo da TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 91 bobina do campo que atravessa o entreferro, as setas largas de cor magenta representam o fluxo proporcionado pelo amortecedor que atravessa o entreferro. As finas representam o fluxo de dispersão. Observe-se que a ação dos enrolamentos ocorre concomitantemente. Entretanto suas constantes de tempo são diferentes. Assim, como a ação do amortecedor ocorre mais rapidamente, sua ação cessa em tempo menor. Considerando-se raciocínio idêntico ao desenvolvido anteriormente para o transitório e considerando-se o teorema dos fluxos concatenados constantes, pode-se deduzir a fórmula para esta reatância denominada X’’d . A reatância de dispersão do referido enrolamento é denominada XD. A figura 12 representa o circuito equivalente nesta nova situação. A observação da mesma com os circuitos do amortecedor e do enrolamento do campo durante o transitório em paralelo facilitam a dedução da fórmula de X’’d.. X’’d=Xl + XMXDXf / (XM Xf +XD Xf + XM XMD ) (41) Na hipótese de variação brusca de carga(indutiva), de forma semelhante ao já estudado na determinação de X’d, a reatância externa proporcionada pela carga equivale a um acréscimo da reatância de dispersão da armadura. A figura 12. b) esclarece o exposto e permite calcular X’’de X’’de =Xl+Xe + XMXDXf / (XM Xf +XD Xf + XM XMD ) (42) A constante de tempo denominada subtransitória, em circuito aberto possui pouca importância para o cálculo dos distúrbios nesse período. Por isso deve-se estudar com atenção a constante de tempo com os terminais a b do circuitos da figura 12 em curto circuito. (a) (b) Figura 12: circuito equivalente para o gerador com enrolamento amortecedor, TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 92 Deduzindo-se de forma semelhante àquela que foi efetuada para a constante de tempo transitória, tem-se: τ’’d=(1/ω∗rD )[XD+Xl*XM*Xf/ (Xl*XM+Xf* Xl+XM*Xf)] (43) e para o circuito ajustado para impedância externa(valor aproximado, mas normalmente aceito em engenharia) para curto circuito nos terminais do gerador: (44) 5- COMPORTAMENTO DO SISTEMA DURANTE O SUBTRANSITÓRIO Alguns autores clássicos consideram suficiente a análise do transitório na ocorrência de curtos ou em bruscas variações de carga. No livro ‘’Máquinas Elétricas’’, Fitzgerald, Kinsley e Kusko sugerem o tratamento do distúrbio sòmente com o transitório (item 10.5) .D Beeman conclui fórmula semelhante à 40 cuja queda em t=0+ é determinada apenas por X’d. Desconsiderar o subtransitório significa admitir que o regulador excitador atuam somente após esse período de 2 a 4 ciclos, o que pode não ser verdadeiro. O objetivo deste item é calcular a corrente de armadura bem como o comportamento da tensão nos terminais do gerador após brusca alteração da carga no instante t=0+ porém considerando-se a reatância subtransitória. A situação equivale a um curto, porém não franco, mas que se fecha numa reatância externa Xe. X’d X”d + Xe X”d X’d + Xe τ”de = τ”d Figura 13 Aplicação de carga em gerador já parcialmente carregado TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOSS Penin y Santos 93 Para facilitar considere-se o gerador trabalhando em vazio com tensão Vo. Quando ocorre a erupção, o enrolamento amortecedor e o do campo por ‘’efeito transformador’’ suprem parcialmente o circuito magnético onde está colocado o enrolamento da armadura. Assim a tensão interna (também chamada tensão de entreferro) será E’’d ou Est (tensão subtransitória no eixo direto). Após cessar a intervenção do enrolamento amortecedor prevalecerá o ‘’efeito transformador’’ do enrolamento de excitação. A tensão interna será E’d ou Et (tensão transitória no eixo direto). A componente simétrica, ou alternada, da corrente é: Ia=√2{Vo/(Xd+Xe)+[Et/(X’d+Xe)+Vo/(Xd+Xe)]ε-t/τde’+[Est/(X’’d+Xe)+Et/(Xd+Xe)]} ε-t/Τde’ (45) A corrente da expressão 45 não é de curto circuito, uma vez que existe impedância externa. τ’de é a constante de tempo transitória de eixo direto em curto-circuito ajustada para reatância externa. τ’’de é a constante de tempo subtransitória de eixo direto em curto-circuito ajustado para reatância externa. No instante t=0+ a expressão 40 será reescrita para V2= (V1* Xe / (X’’d +Xe) (46) Os valores de tensão são eficazes. O valor da corrente é máximo. Assim poderemos traçar sua envoltória desde que desconsiderada a componente continua Componente contínua : A componente simétrica não é única: eis que uma componente contínua se superpõe à componente simétrica. A componente contínua é dada por: Icc = Icc0ε-t/τac (47) Icco valor inicial, igual e oposto ao valor instantâneo de Ica para a fase em t = 0 τac: constante de tempo de armadura convenientemente ajustada. A máxima componente contínua possível será: (48) Significa uma onda totalmente deslocada. E st x”d + xe Iccm = √2 ε -t/τac TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 94 Portanto o valor máximo total (envoltória) em qualquer instante é: Ia=Ica+Icc Constante de tempo da armadura τa A seguir descreve-se a forma para calcular a constante de tempo da armadura τa, com curto- circuito trifásico inicialmente sem qualquer impedância externa. Referida constante de tempo depende, de: a)resistência de armadura ra b)indutância equivalente do circuito de armadura em corrente contínua, a qual depende do circuito da armadura e do circuito rotórico (campo e amortecedor), pois a componente contínua induz correntes de freqüência fundamental nestes circuitos fechados. A componente contínua cria uma fmm estacionária no espaço. Quando o rotor gira, esta componente da fmm induz sobre os circuitos do rotor, no eixo direto, fem’s e conseqüentemente correntes cuja intensidade é diferente da intensidade do eixo em quadratura devido às diferentes relutâncias nos circuitos do rotor nos dois eixos. Visto do rotor, o circuito magnético não apresenta qualquer variação, exceto aquela imposta pelas ranhuras, cuja alteração de relutância gera pequeno serrilhamento na tensão de saída que pode ser diminuindo inclinando-se a ranhura, de tal forma que quando a sapata polar ‘’entra’’ em uma ranhura na extremidade direita da máquina, a próxima ranhura está começando a sair na extremidade esquerda, de tal forma que a relutância permaneça constante. Figura 14 Inclinação de ranhuras do estator. TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 95 Mas, analisando o circuito magnético pelo estator e para considerar as diferenças entre o eixo em quadratura e o eixo direto, costuma-se adotar a média aritmética da indutância correspondente a X”d e a indutância correspondente a X”q onde X"q é a reatância subtransitória no eixo em quadratura . Assim a constante de tempo da armadura que corresponde a essa média, será: (49) Utilizando o método de ajuste da constante de tempo transitória, quando existe uma reatância externa, poderemos ajustar a fórmula também quando existir uma impedância externa. Se a resistência externa re entre os terminais da máquina e o local onde ocorreu o distúrbio ou a falta tiver valor significativo, o que equivale dizer que o fator de potência proporcionado pelo distúrbio ao gerador será bem superior a zero, tal resistência deve ser considerada. Portanto a constante de tempo ajustada com circuito externo, é τae=1/[ω(ra+re)]*(X’’d+X’’q/2+Xe) (50) A consideração da componente continua depende da aplicação. A análise do distúrbio deve considerar duas possibilidades: Primeira: Quando devem ser considerados os fenômenos subtransitórios do sistema.Como exemplo mais eloqüente e que se constitui na tese central deste trabalho é o caso de gerador acionando MIT’s, sendo o campo do gerador alimentado por sistema de excitação regulação que injete corrente no referido campo no primeiro ou segundo ciclo. Segunda: Quando podemos desprezar os fenômenos subtransitórios, ou seja, quando a resposta rapidamente amortecida dos primeiros poucos ciclos pode ser ignorada. No primeiro caso a máquina é comumente representada pela sua reatância subtransitória de eixo direto X’’d. No segundo caso pela transitória X’d Representação da máquina por uma reatância. A representação da máquina individual por uma única reatância simplifica a análise. O modelo permite calcular o afundamento (sag) no instante t=0+. O cálculo é efetuado adotando-se, portanto modelagem no domínio da freqüência e que foi possível por considerar-se o fluxo constante no instante t=0+. O decréscimo do fluxo concatenado no enrolamento do campo e na armadura é feito introduzindo-se a resistência (do campo) que impõe o decréscimo citado. Quando se despreza o subtransitório, deve-se identificar o tempo para atuação do regulador- excitador. Antes da intervenção, a tensão pode ser considerada constante. Equivale dizer que o fluxo Ta = 1 x``d + x``q 2πf ra 2 TRANSITÓRIOS EM GERADORES SÍNCRONOS S Penin y Santos 96 concatenado é constante e, portanto foi desprezada a redução do mesmo por efeito da resistência do enrolamento do campo. A queda nos terminais corresponde a X’d* Ia. Fitzgerald, Kinsley e Kusko em ‘’ Máquinas Elétricas’’ afirmam no item 10.5, na pagina 498 da edição de 1975: "As tensões antes da reatância transitória, podem freqüentemente ser consideradas constantes por períodos até cerca de 1 s após a ocorrência do curto, suposição que é equivalente a ignorar o decréscimo do fluxo concatenado com o campo, ou a concluir que as excitatrizes da máquina, atuadas por reguladores de tensão, elevam a corrente de campo com uma taxa aproximadamente suficiente para compensar a influência desmagnetizante das correntes de curto-circuito no estator". A discussão proposta pelos autores é incompleta, pois admite queda de tensão transitória. O sistema de regulação, entretanto pode ser tão rápido que a correção se inicia ainda no subtransitório ou imediatamente após o mesmo. Neste caso, o modelo não deve desconsiderar a reatância x’’d. Experimentos têm demonstrado emalgumas circunstâncias que a média aritmética de ambas, x’d e x’’d, apresenta resultados compatíveis com os obtidos em testes. Os estudos de partida de MIT bem como alimentação de fornos de indução ou lâmpadas com reatores não compensados implicam em fenômenos que ocorrem principalmente no eixo direto. Também os estudos de curto circuito podem ser efetuados apenas com os parâmetros de eixo direto. Alimentação de cargas com fator de potência próximo a 1, devem considerar a componente ativa o que exige a inclusão do eixo em quadratura, e da resistência externa do sistema. Situações que estudem torques e potências de saída do gerador, sob condições transitórias ou subtransitórias, como por exemplo, a permanência do gerador em paralelo com outros quando ocorrem perturbações, a componente contínua da corrente de curto pode ser desprezada, pois sua influência é pequena na potência e no conjugado síncrono.
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