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RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL

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RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL
I - NOÇÕES GERAIS:
O nome emprestado para o referido recurso já nos permite fazer algumas considerações. A primeira deriva do fato de ser “ordinário” e ao mesmo tempo ter o mérito apreciado ou pelo STF, ou pelo STJ. Como vimos preteritamente, os recursos podem ser classificados, quanto ao direito que tutelam, em recursos ordinários: que amparam o direito subjetivo (ex: apelação e agravo); e recursos extraordinários: que amparam o direito objetivo (ex: REsp e RE). 
Dessa forma, iremos lidar com uma modalidade recursal que permite ao STF ou STJ analisar questões que envolvem direito subjetivo das partes, aprofundando, por exemplo, na análise das provas, o que é vedado nos julgamentos dos recursos classificados como extraordinários (Vide súmula 07 do STJ). Ademais, o recurso ordinário constitucional não está a mercê de prequestionamento e requisitos especiais de admissibilidade.
A segunda diz respeito ao fato de ser constitucional, uma vez que sua previsão legal se encontra prescrita nos artigos 102, II, “a” e “b” e 105, II, “a”, “b” e “c” da CF/88, redação que foi repetida pelo Código de Processo Civil, no art. 539, I e II, nas matérias que lhe é peculiar (estudaremos apenas as matérias concernentes à disciplina de direito processo civil). Assim, os tribunais superiores funcionam como segundo grau de jurisdição.
II – RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL PARA O STF:
O STF julgará pelo presente recurso, as decisões DENEGATÓRIAS proferidas em mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção, em ÚNICA instância, pelos tribunais superiores (são casos em que os tribunais superiores têm competência originária). Note-se que o presente recurso adota feição de uma verdadeira apelação. 
Por se tratar de recurso cabível apenas quando houver decisões denegatórias nas ações constitucionais mencionadas, apenas o impetrante tem legitimidade para interpô-lo, de forma que o réu, ante uma decisão concessiva, deverá valer-se de recurso extraordinário para o STF. 
É recorrente na doutrina a lição de que decisão denegatória significa além da decisão que julga improcedente o pedido, as que extinguem o processo sem apreciação do mérito (improcedência ou carência).
O prazo para interposição do recurso ordinário constitucional é de 15 dias, não se admitindo interposição adesiva (CPC, art. 500, II). 
Será interposto perante o Presidente do tribunal recorrido (STJ, TST, TSE ou STM), que deverá aferir, preliminarmente e por analogia, o juízo de admissibilidade (CPC, §2º, art. 518) e até mesmo, se for o caso, deixar de recebê-lo, por exemplo, quando estiver a decisão denegatória em conformidade com súmula do STJ ou do STF (CPC, §1º, art. 518). 
A par da omissão legal, o entendimento jurisprudencial e doutrinário mais abalizado afirma que contra a decisão monocrática do Presidente do tribunal recorrido que nega seguimento ao recurso ordinário constitucional (juízo de admissibilidade negativo) aplica-se, analogicamente, o agravo de instrumento previsto no art. 544 do CPC.
III – RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL PARA O STJ:
O STJ julgará pelo presente recurso, as decisões DENEGATÓRIAS proferidas em mandado de segurança, em ÚNICA instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados ou do Distrito Federal (são casos em que os referidos tribunais têm competência originária).
Como narrado, percebe-se que não há previsão recursal para os casos de decisões proferidas pelo TRT, TRE, STM, ou turma recursal dos Juizados Especiais, bem como em sede de habeas data e mandado de injunção. No mais se aplicam as regras já tratadas no item II acima.
O art. 539, II, “b” do CPC e o art. 105, II, “c” da CF/88 estabeleceram mais uma competência para o STJ em sede de recurso ordinário constitucional, qual seja, nas decisões, QUAISQUER QUE SEJAM SUA NATUREZA OU CONTEÚDO, proferidas nas causas em que forem partes, de um lado, estado estrangeiro ou organismo internacional, e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no país.
Calha advertir, que não há previsão recursal quando for parte a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, mas apenas para o caso dos Municípios.
Cumpre esclarecer que estas causas, ante a qualidade de um dos litigantes, tramitam na Justiça Federal de primeira instância (CF/88, art. 109, II), de forma que o recurso em comento não caberá contra um acórdão, mas sim contra uma sentença proferida por um juiz federal.
 
IV- OUTRAS CONSIDERAÇÕES:
Nos termos do parágrafo único do art. 539 do CPC, as decisões interlocutórias proferidas pelos juízes federais de primeira instância desafiam agravo, seja na forma retida ou de instrumento, com fulcro nos arts. 522/529 e 540, todos do CPC, competindo ao STJ o exame do recurso interposto, isto é, das decisões interlocutórias proferidas pelos juízes federais nos casos do art. 105, II “c” da CF/88.
Segundo Fredie Didier Jr., “na verdade, o recurso ordinário, nessa hipótese, é cabível tanto da decisão interlocutória quanto de sentença. Fará, então, as vezes de agravo ou de apelação. Se fizer as vezes de agravo (art. 538, par. ún, CPC), o seu prazo é de 10 dais e a forma de interposição deve obedecer a todo o regramento do agravo; se fizer as vezes de apelação, o prazo é de 15 dias e a forma de interposição deve obedecer a todo regramento da apelação (art. 37 da Lei n.º 8.038/1990 – Lei que regula os recursos para o STJ/STF)”.
Continua o autor, “há, porém, um aspecto peculiar desse recurso, que o diferencia do agravo ou da apelação. É o quorum para julgamento. O agravo e a apelação devem ser julgados com o voto de três juízes (caput, art. 555 do CPC). O recurso ordinário é julgado por uma turma do STJ, que é composta por cinco ministros e todos votam”.

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