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DISCIPLINA DE DENTÍSTICA RESTAURADOURA DIRETA Titular Prof. Me. Mario Sergio Sandoval Cimento de Ionômero de Vidro Introdução Os Cimentos de Ionômero de vidro foram inicialmente divulgados em 1971 por Wilson & Kent e inseridos no mercado no final da década de 70. O cimento de ionômero de vidro constitui numa evolução dos cimentos de silicato e de policarboxilato de zinco, baseados na reação do pó de vidro do cimento de silicato com o ácido poliacrílico, líquido do cimento de policarboxilato. Dentre os propósitos fundamentais da Dentística o CIV é o único material que serve os 4 propósitos fundamentais; evita a vitalidade bacteriana, bactericida e bacteriostático (Prevenção); previne a recidiva do ataque bacteriano, o fato de remover o tecido infectado e colocar esse material interrompe o processo (Interceptação); serve como preenchimento, base restauradora, evita a remoção desnecessária de dentina devido a ação quelante do ácido poliacrílico e a liberação de flúor preservando a estrutura remanescente (Preservação); também pode ser usado como material restaurador (Restauração). Composição O pó do ionômero é um vidro de fluoraluminiossilicato de cálcio solúvel ao ácido, portanto três constituintes são essenciais: sílica (SiO2), a alumina (Al2 O3 ) e o fluoreto de cálcio (CaF2). Os materiais em estado bruto são fundidos e formam um vidro uniforme em virtude do seu aquecimento a temperaturas que variam de 1.100 a 1.500 oC. O vidro é moído até formar um pó com partículas que variam de 15 a 50 µm. Originalmente o líquido do cimento de ionômero de vidro era de uma solução aquosa de ácido poliacrílico na concentração de 40 a 50%. Na maioria dos cimentos atuais, o ácido forma um copolímero com os ácidos itacônico, maléico ou tricarboxílicos. Estes tendem a aumentar a reatividade do líquido, diminuir a viscosidade e reduzir a tendência a geleificação. O ácido tartárico também está presente no líquido. Ele melhora as características de manipulação e aumenta o tempo de trabalho porém reduz o tempo de presa O pó do cimento de ionômero de vidro é derivado do cimento de silicato, que apresenta flúor na sua composição inibindo a presença de cárie. Sílica, Alumina e fluoretos também são constituintes do pó. O líquido é o Ácido Poliacrílico, o mesmo do cimento de policarboxilato de Zinco. O ácido poliacrílico é um ácido orgânico, pouco agressivo ao complexo dentino pulpar, tendo grande peso molecular. Reação de Presa Durante a aglutinação do pó e líquido, o ácido condiciona a superfície das partículas de vidro, e íons cálcio, alumina sódio e fluoretos são liberados em um meio aquoso. As cadeias do ácido poliacrílico formam ligações cruzadas com os íons cálcio, que são substituídos pelos íons alumina dentro de 24hs. Os íons sódio e fluoretos não participam das ligações cruzadas do cimento. Alguns íons sódio podem substituir íons hidrogênio dos grupos carboxílicos, enquanto os íons remanescentes são dispersos uniformemente dentro do cimento que já tomou presa, com os íons fluoreto. A porção de partículas de vidro não-reagida é revestida pelo gel de sílica que se desenvolve durante remoção de cátions da superfície das partículas. Sendo assim, o cimento que tomou presa consiste em um aglomerado de partículas do pó que não reagiram envolvidas por um gel de sílica em uma matriz amorfa de polissais de cálcio e alumínio hidratados. A reação de presa do ionômero é chamada de geleificação e dura 24hs, ocorrendo a presa inicial em 8 minutos. É necessário proteger o ionômero convencional, de presa química, após a presa inicial devido à sinérese e embebição, sendo feita com verniz, adesivo ou vaselina. O CIV fotoativado não necessita de proteção após a presa inicial. Manipulação A proporção P/L recomendada pelo fabricante deve ser seguida. Um bloco de papel impermeável ou placa de vidro é utilizado para a aglutinação do pó ao líquido. A placa de vidro pode ser resfriada e seca para retardar a reação e aumentar o tempo de trabalho. O pó deve ser incorporado rapidamente ao líquido, usando uma espátula plástica para ionômero ou de metal no 24. O tempo de mistura não deve exceder 45 seg, divide-se a porção do pó pela metade, leva-se primeiro uma metade em contato com o líquido e depois a segunda metade. O resultado da mistura deve ser uma massa densa de brilho molhado, que indica a presença de poliácidos não-reagidos na superfície, melhorando a adesão à estrutura dental. Propriedades biológicas e físicas É o que preenche o maior número de quesitos de propriedades desejáveis apesar de ter sido o terceiro a ser desenvolvido, após amálgama e resina composta. É anticariogênico, tem CET semelhante ao do dente, é biocompatível, tem boa resistência, tem aderência ao dente, têm alta dureza porém o torna friável, tem baixa contração de presa. Indicações O CIV pode ser utilizado como material restaurador, porém suas indicações são limitadas, é indicado para restaurações de preparos cavitários de Classe III incipientes, Classe V quando a estética não for muito importante, não devendo ser utilizado para restaurações de preparos amplos no sentido vestíbulo-lingual devido à alta abrasividade; em casos de selamento de fóssulas, sulcos e fissuras, em dentes parcialmente erupcionados; cimentação de restaurações indiretas, restaurações temporárias no aguardo de diagnóstico preciso quanto a vitalidade pulpar (aguardar 60 dias para a restauração), material restaurador “definitivo” em odontopediatria (dente decíduo é temporário), restaurações mistas e principalmente como material de proteção do complexo dentino pulpar. Contra-indicação O cimento de ionômero de vidro não deve ser utilizado em restaurações de pacientes respiradores bucais (ionômero convencional) devido à sinérese perdendo água para o ambiente, tornando-se mais degradável. O CIV não deve ser utilizado em restaurações amplas pois possui resistência menor que o amálgama e a resina composta. É hidrossolúvel (convencional) e possui baixa resistência ao desgaste superficial. Tipos Os cimentos ionoméricos podem ser classificados em 3 tipos ou de acordo com a sua natureza: Tipo 1 – São ionômeros indicados para a cimentação de incrustações, coroas, próteses, núcleos e dispositivos ortodônticos. Sua granulação é de 20µm. Tipo 2 – São ionômeros indicados para restaurações. A granulação desses cimentos é de cerca de 45µm. Tipo 3 – São indicados para forramento, selamento de cicatrículas e fissuras. Apresentam uma granulação média que varia de 25 a 35µm. De acordo com a natureza os cimentos de ionômero de vidro podem ser: Convencionais: composto por partículas de sílica, alumina e fluoretos (pó) e ácido poliacrílico (líquido). Reforçados por metais: constituído por líquido semelhante ao dos ionômeros convencionais e pó composto de mistura do pó convencional com partículas de liga para amálgama ou partículas de ligas de prata sinterizadas com as partículas de vidro. Reforçados por resina: parte do líquido do ácido poliacrílico é substituído por hidroxietil metacrilato. O tipo Convencional e o Reforçado por metais tem a presa química de 4 a 8 minutos; e o Resino modificado tem a adição de HEMA (10%) para presa rápida, fotoativação, presa em 20 seg.. Marcas Comerciais: exemplos Cimentação Convencionais- Fuji I (GC América), Ketac-Cem (3M ESPE), GlasIonomer I (SHOFU) Modificado por resina- Fuji Plus (GC América), Vitremer Luting Cement (3M ESPE), Riva Luting (SDI) Restauração Convencional- Chelon Fil (ESPE), Fuji II (GC), Fuji IX (GC), GlasIonomerII (SHOFU), Ketac-Fil (3M ESPE), Ketac Molar (3M ESPE), Vidrion R (SSWhite) Reforçados por metais- Chelon-Silver (ESPE), Ketac-Silver (ESPE), Miracle Mix (GC). Reforçados por resina- Vidrion N (SSWhite), Fuji II LC (GC), Vitremer (3M ESPE) Forramento Convencional - GC Lining (GC), Ketac-Bond (ESPE), SHOFU Lining (SHOFU), Vidrion F (SSSWhite). Reforçado por resina- Fuji Lining LC (GC), Vitrebond (3M ESPE). Referências Bibliográficas: - Cimentos de Ionômero de Vidro - Aplicação Clínicas em Odontologia/ Maria Fidela de Lima Navarro, Renata Corrêa Pascotto.- São Paulo : Artes Médicas : Série EAP-APCD, 1998. Vol. 2. - Anusavice, Kenneth J. Phillips, materiais dentários 11a Edição.
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