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Mobilização comunitária e 
comunicação de risco para a 
redução de riscos de desastres
 w w w.ceped.ufsc.br • 3
Introdução
Os eventos climáticos extremos estão se tornando cada vez mais 
frequentes, provocando danos e atingindo um número maior de 
pessoas em desastres por todo o mundo. No Brasil, a cultura de 
perceber e comunicar o risco de desastre ainda é incipiente tanto 
para a população quanto para os órgãos de comunicação. A comu-
nicação comunitária e os órgãos de comunicação são parte funda-
mental na construção de cidades mais seguras e populações mais 
preparadas para prevenir o risco e se preparar para o desastre.
Do que estamos falando?
Antes de entender o que é mobilização comunitária e comuni-
cação de risco, vamos definir alguns conceitos importantes, come-
çando pelo risco. 
Risco é a probabilidade de ocorrência de um desastre1. Esta pro-
babilidade ocorre quando há uma combinação da ameaça (fenôme-
1 Todos os conceitos utilizados nesta cartilha estão baseados na Terminologia da UNISDR. ES-
TRATÉGIA INTERNACIONAL PARA LA REDUCCIÓN DE DESASTRES DE LAS NACIONES 
UNIDAS. Terminología sobre reducción del riesgo de desastres. Genebra, Suíça: UNISDR, 2009. 
Disponível em: <http://www.unisdr.org/files/7817_UNISDRTerminologySpanish.pdf >. 
Mobilização comunitária e 
comunicação de risco para a 
redução de riscos de desastres
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA 
Reitora da Universidade Federal 
de Santa Catarina 
Professora Roselane Neckel, Drª. 
Diretor do Centro Tecnológico da 
Universidade Federal de Santa Catarina 
Professor Sebastião Roberto Soares, Dr. 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E 
PESQUISAS SOBRE DESASTRES 
Diretor Geral 
Professor Antônio Edesio Jungles, Dr. 
Diretor Técnico e de Ensino 
Professor Marcos Baptista Lopez Dalmau, Dr. 
Diretor de Articulação Institucional 
Professor Irapuan Paulino Leite, Msc.
 
FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E 
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA 
Superintendente Geral 
Professor Pedro da Costa Araújo, Dr.
EXECUÇÃO
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E 
PESQUISAS SOBRE DESASTRES
Coordenação do Projeto
Professor Antônio Edésio Jungles, Dr.
Coordenação Executiva
Janaina Rocha Furtado
Elaboração de Conteúdo
Juliana Frandalozo Alves dos Santos
Capa, Projeto Gráfico e Diagramação
STUDIO S Diagramação & Arte Visual
(48) 3025-3070 | studios@studios.com.br
Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Universitário de Estudos 
e Pesquisas sobre Desastres.
Mobilização comunitária e comunicação de risco para a redução 
de riscos de desastres / texto Juliana Frandalozo Alves dos Santos. - 
Florianópolis: CEPED UFSC, 2012.
16 p. : il. color. ; 21 cm. – (Redução de Riscos de Desastres na Prática)
1. Comunicação - risco. 2. Desastres naturais. I. Santos, Juliana 
Frandalozo Alves dos. II. Universidade Federal de Santa Catarina. III. 
Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. IV. Título.
CDU 504.4 
Catalogação na fonte por Graziela Bonin CRB – 14/1191.
Esta obra é distribuída por meio da Licença Creative Commons 3.0
Atribuição/Uso Não Comercial/Vedada a Criação de Obras 
Derivadas / 3.0 / Brasil.
 w w w.ceped.ufsc.br • 54 • Mobi l i zação comuni tár ia e comunicação de r i sco para a redução de r i scos de desast res
no, substância, atividade humana ou condição perigosa que pode 
causar transtornos ou danos humanos, materiais ou ambientais) 
com a vulnerabilidade (características e circunstâncias de uma co-
munidade, sistema ou meio que os tornam suscetíveis aos efeitos 
danosos de uma ameaça). 
Risco = ameaças X vulnerabilidades 
As ameaças são definidas de acordo com sua origem: Ameaças 
naturais (geológicas, meteorológicas, hidrológicas, oceânicas, bio-
lógicas) e antropogênicas ou de origem humana (biológicas e tec-
nológicas). A ameaça pode ser formada a partir de duas ou mais 
origens combinadas. Por exemplo: ameaça geológica (terreno incli-
nado) em combinação com ameaça meteorológica (chuva) e amea-
ça hidrológica (rio com possibilidade de extrapolar suas margens). 
A vulnerabilidade possui vários fatores: socioeconômico, cultu-
ral, religioso, ambiental, físico, institucional, educacional, político, 
informacional e comunicacional. A vulnerabilidade é determinan-
te na configuração do risco, pois, se refere basicamente a uma po-
pulação em um determinado local. 
Ao definirmos o risco, em seguida podemos definir desastre, 
pois o desastre é quando a ameaça extrapola o limite do risco e se 
concretiza em um ambiente vulnerável. 
De acordo com a terminologia sobre redução de riscos de desas-
tres da Organização das Nações Unidas ONU, desastre é uma séria 
interrupção no funcionamento de uma comunidade ou sociedade 
causando uma grande quantidade de mortes, bem como perdas e 
impactos materiais, econômicos e ambientais que excedem a ca-
pacidade da comunidade, ou sociedade afetada, de fazer frente à 
situação adversa mediante o uso de seus próprios recursos. 
Nos guias da Defesa Civil Nacional, o desastre é o “resultado de 
eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, sobre um 
ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais e am-
bientais e consequentes prejuízos econômicos e sociais”.
Na prática
Vamos analisar o desastre da região serrana do Rio de Janeiro, 
em janeiro de 2011, considerado pela ONU o maior desastre já 
ocorrido no Brasil, com 905 vítimas fatais. Aquele evento foi pro-
vocado pela combinação de:
Ameaças naturais: 
geológica - terreno inclinado + 
meteorológica - muita chuva + 
hidrológica - rio com 
possibilidade de extrapolar 
suas margens
Vulnerabilidades:
pessoas morando em áreas próximas ao rio - 
vulnerabilidade econômica, sociocultural + 
falta de conhecimento do risco – 
vulnerabilidade sociocultural, institucional, 
política, educacional + 
descaso das autoridades - vulnerabilidade 
institucional, política, sociocultural
Observe que os fatores vulnerabilidade e ameaça, isolados, não 
resultam em desastre. Como as ameaças, principalmente de origem 
natural, estão fora de nosso controle, resta trabalhar reduzindo as 
vulnerabilidades locais para prevenir o risco de desastre. 
Mobilização comunitária
Uma comunidade pode ser definida como um espaço geográfico 
no qual vivem pessoas. Quando a comunidade está localizada em 
 w w w.ceped.ufsc.br • 76 • Mobi l i zação comuni tár ia e comunicação de r i sco para a redução de r i scos de desast res
uma ou mais áreas de risco, ou seja, locais suscetíveis a desastres, 
ela está exposta às mesmas ameaças. Em comunidades onde ocor-
rem desastres com frequência, a população acaba desenvolvendo 
experiência na resposta aos eventos, pois quando ocorre um desas-
tre, todos são afetados, direta ou indiretamente. 
Mobilização comunitária é o processo de reunir membros de 
uma comunidade e capacitá-los para lidar com as preocupações e 
problemas comuns, com ou sem interferência externa.
Vamos tomar como exemplo a comunidade do bairro Córrego 
D’Antas, de Nova Friburgo, município atingido pelo desastre da re-
gião serrana do Rio, em janeiro de 2011. Antes do desastre, não 
havia tido nenhum tipo de trabalho de prevenção ou preparação 
para desastres. O bairro se desenvolveu desordenadamente em 
uma área de proteção ambiental permanente, às margens do rio 
e de uma encosta íngreme. No desastre, o bairro foi atingido pela 
corrida de massa, caracterizada por um movimento de lama e entu-
lho trazidos pelo rio em virtude de deslizamentos nas margens, em 
grande velocidade e poder de destruição. O movimento danificou 
as pontes e estradas de acesso, causando o isolamento da comuni-
dade, destruiu centenas de casas e provocou a morte de mais de 50 
pessoasdo bairro, além de feridos e desabrigados. De acordo com 
o relato da Associação de Moradores, “o dia 12 amanheceu com 
o pânico e a sensação de impotência dominando quase todos na 
localidade”. Logo após a ocorrência do desastre, alguns morado-
res começaram a se mobilizar para resgatar os feridos e oferecer os 
primeiros socorros, improvisando uma enfermaria, se mobilizan-
do para conseguir medicamentos e mantimentos entre pessoas da 
comunidade e ocupando as escolas para socorrer os desabrigados 
e sobreviventes que eram resgatados em meio à lama e entulho. 
Os feridos mais graves foram transportados a pé por voluntários 
que abriam caminho, atravessando os acessos destruídos e bloque-
ados por lama e entulho. 
A comunidade ficou isolada por dias e passou meses com difi-
culdade de acesso que era feito por uma ponte improvisada pelos 
moradores. Mesmo hoje, a comunidade ainda enfrenta consequ-
ências do desastre de 2011, mas, unidos, aprenderam a enfrentar 
as dificuldades. Os relatos da comunidade podem ser lidos no site 
www.corregodantas.org.
Acesso improvisado logo após o desastre. Foto: 
Tássia Thum-G1.
Quatro meses depois, o mesmo acesso. Foto: 
Associação de Moradores de Córrego D`Antas.
Este é um caso no qual o desastre uniu a comunidade que pas-
sou a se mobilizar mais fortemente na medida em que percebiam 
a morosidade do poder público em resolver problemas urgentes do 
bairro que foi o mais afetado de Nova Friburgo. Como este, existem 
diversos exemplos de mobilização pós-desastre. 
 w w w.ceped.ufsc.br • 98 • Mobi l i zação comuni tár ia e comunicação de r i sco para a redução de r i scos de desast res
Ao levantar o histórico de grandes ações de prevenção, perce-
bemos que elas só ocorreram após um grande desastre. Foi apenas 
após a catástrofe da região serrana que o governo federal tomou 
medidas que culminaram na lei nº 12.608, de 10 de abril de 2012, 
na qual foi instituída a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, 
e no lançamento do PAC Prevenção, Plano Nacional de Gestão de 
Riscos e Resposta a Desastres Naturais, em 8 de agosto de 2012, que 
prevê investimentos, até 2014, de R$ 18,8 bilhões em ações articu-
ladas de prevenção e redução do tempo de resposta a ocorrências.
Mas, o movimento inverso, trabalhar antes do desastre, é mais 
seguro e resulta em menos perdas e mais vidas salvas. 
Prevenir é melhor
Vimos que para a resposta ao desastre a mobilização comuni-
tária é importante e necessária, mas, e se pudermos antecipar o 
movimento da comunidade e trabalhar com ações de prevenção e 
preparação, antes que uma ameaça se concretize, o desastre cer-
tamente se torna menor. Em comunidades organizadas, os desas-
tres tendem a ter pouco impacto e um mínimo de perdas humanas. 
Cada comunidade é diferente, necessita de um tipo de abordagem, 
atividades e facilitadores específicos para as necessidades locais. 
Ninguém conhece e compreende tanto os problemas e as vulnera-
bilidades locais quanto os próprios moradores, por isso o envolvi-
mento da comunidade na tomada de decisões é essencial no pro-
cesso de identificação e redução de riscos de desastres.
O lema da defesa civil dá conta dessa necessidade de interação 
constante dos órgãos públicos com a comunidade: “Defesa Civil so-
mos todos nós”, o que se traduz conceitualmente como gestão inte-
grada de risco e desastre. Esse tipo de gestão prevê a participação 
integral de toda a sociedade, e a participação comunitária é condi-
ção primordial, para reduzir riscos e construir cidades mais seguras. 
Como mobilizar a comunidade?
Para iniciar o processo de mobilização comunitária é neces-
sário um entendimento completo sobre o ciclo de mobilização e 
sensibilização da comunidade para a redução de riscos. Para que 
a interação com a comunidade seja eficiente, ela deve ter um ob-
jetivo claro, planejamento e uma atuação responsável e ética dos 
envolvidos. É importante ter em mente que se a mobilização falhar 
por descontinuidade das ações, dificilmente a comunidade se mo-
bilizará outra vez e o processo de sensibilização pode se reverter 
contra os propósitos. 
O primeiro passo para a mobilização é conhecer as lideranças 
locais e apresentar a necessidade de preparação para desastres e 
seus efeitos benéficos e duradouros sobre a vida social e econômica. 
Para que a mobilização comunitária seja eficiente e duradou-
ra, ela deve ser um processo de fortalecimento da comunidade. É 
importante que a própria comunidade perceba os problemas que 
devem ser enfrentados e se motive a fazer parte da solução, reco-
nhecendo seus papéis e responsabilidades no desenvolvimento das 
suas comunidades.
A princípio, os problemas relacionados com o risco de desastre 
podem não ser vistos como tal, pois a redução de riscos nem sem-
pre está entre as prioridades da comunidade. Por exemplo: a ocu-
pação de áreas perigosas ocorre, muitas vezes, por uma necessida-
 w w w.ceped.ufsc.br • 1110 • Mobi l i zação comuni tár ia e comunicação de r i sco para a redução de r i scos de desast res
de econômica, a comunidade tem problema com tráfico de drogas, 
prostituição, analfabetismo, violência doméstica, falta de coleta de 
lixo, de escola ou posto de saúde. São carências que se amplificam 
durante um desastre e que devem ser observados como parte do 
contexto de vulnerabilidades locais. 
Além disso, a percepção do risco é diferente para cada pessoa e 
comunidade. Em uma comunidade onde todas as pessoas estão ex-
postas ao mesmo risco, as pessoas podem ter diferentes percepções 
sobre a gravidade daquele risco. 
Percepção do risco é a impressão ou juízo intuitivo sobre a na-
tureza ou grandeza de um risco determinado. A percepção do risco 
varia conforme aspectos psicológicos, valores morais, socioculturais, 
éticos, econômicos, tecnológicos e políticos de um indivíduo ou gru-
po social. Cada pessoa possui uma percepção diferente do mundo. 
Isso porque incide sobre cada um a cultura, a educação, a convivên-
cia, a pressão social, entre outros fatores que moldam o ser humano. 
Ampliação de capacidades
Outro fator preponderante na ação comunitária diante de uma 
situação de risco ou desastre é o conjunto de capacidades. De acor-
do com a terminologia da EIRD ONU, capacidade é a combinação 
de todos os atributos estruturais e não-estruturais disponíveis den-
tro de uma comunidade, sociedade ou organização que pode ser 
utilizada para a construção de uma comunidade segura. A capaci-
dade inclui desde a infraestrutura física, institucional e de mobi-
lização comunitária até o conhecimento e capacidades humanas 
como atitude, recursos humanos, físicos e financeiros disponíveis, 
liderança, relações e redes sociais. 
A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve trabalhar para 
ampliar as capacidades locais e fortalecer a comunidade. Uma das 
formas de fazer isso é estimular a formação dos Núcleos de Defesa 
Civil (NUDEC) através da organização de grupos comunitários. 
Também existem ferramentas como visitas a locais de risco, mape-
amento de vulnerabilidades, histórico de eventos e identificação de 
ameaças, para então construir um plano de contingência. Sempre em 
parceria entre a defesa civil e a comunidade, pois através disso, a co-
munidade ganha voz e passa a ser mais ouvida em seus problemas, e a 
defesa civil consegue exercer seu trabalho de forma mais abrangente. 
Dentre as estratégias de mobilização, a disseminação de infor-
mação e a comunicação de riscos são recursos muito importantes. 
Comunicação de risco
Comunicação de risco é um processo de troca de informações 
entre diferentes indivíduos, grupos e instituições envolvidos direta 
Sabemos quea comunidade está mobilizada quando os 
moradores:
1. Estão cientes de suas vulnerabilidades e de suas potencialidades 
de ação;
2. São motivados a agir frente aos riscos e vulnerabilidades;
3. Possuem conhecimento prático para decidir as ações de enfren-
tamento;
4. Agem a partir de seus próprios recursos e capacidades;
5. Participam na tomada de decisões de todos os processos e eta-
pas que os envolvem;
6. Procuram assistência e cooperação quando necessário.
 w w w.ceped.ufsc.br • 1312 • Mobi l i zação comuni tár ia e comunicação de r i sco para a redução de r i scos de desast res
ou indiretamente com o risco. É um processo importante na cons-
cientização e sensibilização pública. De acordo com a EIRD ONU, 
a conscientização pública é um fator chave na redução eficaz do 
risco de desastres. O seu desenvolvimento é alcançado, por exem-
plo, através do desenvolvimento e difusão de informações através 
dos meios de comunicação, campanhas educativas, criação de cen-
tros de informação, instituição de redes sociais, desenvolvimento 
comunitário e ações participativas. 
A comunicação é um fator decisivo tanto para a prevenção e 
preparação, quanto para a resposta ao desastre e posterior recons-
trução. Em qualquer uma dessas fases, a população e os órgãos de 
gestão integrada de desastres precisam estar munidos de informa-
ção de qualidade para agir corretamente na tomada de decisões.
Como comunicar riscos
Para comunicar de forma correta e eficiente deve-se pensar no 
público a quem a comunicação se destina, na informação correta a 
ser passada e na melhor forma de comunicá-la. 
Em 2004, a Defesa Civil de Santa Catarina recebeu um aviso me-
teorológico de que se aproximava um evento classificado como um 
furacão que ia atingir municípios do litoral sul catarinense. Como 
se tratava de um evento até então inédito, a Defesa Civil alertou a 
população através dos meios de comunicação para que se preparas-
sem para todos os efeitos de um furacão, ventos fortes, tempestade, 
mas sem dizer que era um furacão, de forma a prevenir o pânico. 
Dessa forma o alerta foi emitido eficientemente a partir da ava-
liação correta das capacidades da comunidade de responder a um 
evento dessa proporção. 
Conhecer as capacidades e as vulnerabilidades da população é 
vital no processo de comunicação. Por exemplo, em uma comuni-
dade onde o número de crianças e analfabetos é grande, as formas 
mais eficientes de comunicar são o rádio e o uso de cartazes com 
figuras e quadrinhos educativos. 
As assessorias de comunicação da defesa civil e dos órgãos que 
atuam diretamente com emergências devem ter um planejamento 
de ações de comunicação e bom relacionamento, não apenas com 
as comunidades, mas também com a imprensa. 
A consultora da ONU, Gloria Bratschi2, ressalta a importância 
dos meios de comunicação, pois “além de informadores e forma-
dores de opinião, devem ser divulgadores de medidas preventivas 
que acompanham oportunamente e, de forma estratégica, dos pro-
cessos de atenção e da gestão dos eventos”.
Com a internet e as mídias sociais, a ocorrência de um desas-
tre ganha amplificação instantânea, por meio de envio de fotos, 
notícias e vídeos em tempo real. Isso é benéfico para a mobili-
zação de ajuda, doações e recursos humanos na resposta a um 
desastre. Mas, também exige a necessidade de uma equipe capaz 
de passar informações corretamente em um trabalho coordenado 
e estratégico de assessoria de comunicação, para a divulgação de 
dados corretos durante o desastre e de campanhas nas fases de 
prevenção e preparação.
2 BRATSCHI, Gloria. La comunicación social em la gestión del riesgo: algunos conceptos para 
recordar y aplicar. Reducción de Desastres em las Américas: EIRD Informa, Panamá, n. 14, 2007. 
Disponível em: <http://www.eird.org/esp/revista/no-14-2007/index.html>. 
 w w w.ceped.ufsc.br • 1514 • Mobi l i zação comuni tár ia e comunicação de r i sco para a redução de r i scos de desast res
Jornalismo de risco ou desastre?
Desastres sempre são notícia. E não apenas para a imprensa, 
mas também para a sociedade. Todos querem saber o que aconte-
ceu de diferente no mundo, e essa é a definição clássica de notícia: 
informação socialmente importante ou interessante, excepcional, 
anormal ou de grande impacto social.
Existe uma série de fatores que definem a forma como o jorna-
lismo é hoje, incluindo sua função, que, de acordo com Kovach & 
Rosenstiel (2004, p. 31)3, é “fornecer aos cidadãos as informações 
de que necessitam para serem livres e se autogovernar”. A partici-
pação da imprensa nas políticas de redução de riscos e desastre não 
só é importante como é inevitável, uma vez que, mesmo sem tomar 
consciência, a mera cobertura do desastre já contribui, positiva ou 
negativamente, para informar – ou desinformar – a população.
Por isso há a necessidade de se pensar o jornalismo do risco, não 
apenas do desastre. Nesse sentido a mesma motivação da defesa 
civil em integrar e ouvir as comunidades locais vale para o jorna-
lismo na busca de compreender as necessidades e vulnerabilidades 
locais e ir direto na fonte para investigar qual a verdadeira origem 
desses problemas. Pensar no desastre como uma consequência de 
problemas que ocorrem todos os dias e estão por aí, em todo o lugar 
na forma de riscos. E isso sempre pode ser pauta. 
3 KOVACH, Bill; ROSENSTIEL, Tom. Os elementos do jornalismo: o que os jornalistas devem 
saber e o público exigir. São Paulo: Geração Editorial, 2004.
Necessidade de especialização no jornalismo
Além disso, é necessário um conhecimento mais profundo sobre 
redução de riscos e desastre e jornalismo ambiental. Os guias que 
existem para orientar a cobertura jornalística de desastres destacam 
a importância de acompanhar as etapas de prevenção e preparação 
e a elaboração do plano de contingência. O manual para Cobertura 
Jornalística de Desastres Naturais, do governo de Moçambique4 cita 
aspectos básicos que devem ser respeitados no jornalismo: liberda-
de dos órgãos de imprensa para investigar, livre acesso às fontes de 
informação, tratamento igual a todos os veículos de imprensa.
O guia da ONU5 para jornalistas enfoca a participação estraté-
gica da mídia na redução de riscos e desastres e sugere um papel 
mais amplo do jornalismo na gestão de risco e desastre, destacando 
a necessidade de incluir a RRD na pauta diária e a responsabilidade 
social do jornalista na informação correta e de qualidade. 
Definitivamente, o jornalismo tem um papel de responsabili-
dade social que, de acordo com Castro6 (1999, 380-382), deve ser 
cumprido com independência, desvinculado de sistemas, exercen-
do principalmente o jornalismo informativo, o jornalismo denún-
cia e o jornalismo educativo. 
4 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE. Ministério da Administração Estatal. Instituto Nacional de 
Gestão de Calamidades. Cobertura jornalística de desastres naturais. 2009. Disponível em: 
<http://desastres-moz.org/cobertura jornalistica.pdf>. 
5 LEONI, Brigitte. Los desastres vistos desde una óptica diferente: detrás de cada efecto hay una 
causa: guía para los periodistas que cubren la reducción del riesgo de desastres. [S. l.]: ONU/EIRD, 
[2012]. 196 p.
6 CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de planejamento em defesa civil. 1. ed. Brasília: Mi-
nistério da Integração Nacional, 1999. Disponível em: <http://www.defesacivil.gov.br/publicacoes/
publicacoes/planejamento.asp>.

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