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AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA AGRICULTURA FAMILIAR E DO AGRONEGÓCIO EM CAXIAS

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AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA AGRICULTURA FAMILIAR E DO AGRONEGÓCIO EM CAXIAS-MA[1: Atividade apresentada ao Curso de Especialização em Educação do Campo como requisito avaliativo na Disciplina: Fundamentos e História da Educação do Campo.]
Jackicilene Costa Barros Ramos
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO 
NÚCLEO DE TECNOLOGIAS PARA EDUCAÇÃO
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No estado do maranhão a agricultura é uma das principais atividades econômicas do Estado desde sua formação quando ainda eram produzidos cana de açúcar, arroz e algodão. De acordo com dados do IBGE de 2006, é notório e expressivo o número de áreas, no Maranhão, ainda cultivadas no modelo agrícola familiar em relação ao agronegócio. Em relação a Caxias-MA, de acordo com o Secretário de Agricultura desse município Dr. Manoel Silveira apesar do agronegócio está se desenvolvendo consideravelmente, agricultura familiar ainda é a base da produção nesse Município.
O modo de cultivo familiar em Caxias-MA é de modo geral bem rudimentar, não utilizam nenhum tipo de tecnologia; nem monocultura; a mão de obra utilizada geralmente é a própria, ou seja, do próprio individuo com sua família, pois “hoje no campo, não se encontra mão de obra disponível devido ao Programa Bolsa Família (...) o qual deixa o agricultor acomodado e muitas vezes preguiçoso” (informação verbal); o agricultor não possui acesso à pesquisa agropecuária. O solo é preparado para o plantio, primeiro marcando a terra (roça), segundo fazendo a broca, terceiro cortando as árvores menores, quarto a derrubada de árvores maiores, quinto deixa-se o mato secar para queimá-lo. Quando a roça é bem queimada restando apenas as cinzas no chão o agricultor tem a certeza de que terá uma boa safra, dependendo apenas das chuvas. Consequentemente esse procedimento diminui a fertilidade da terra enfraquecendo o desenvolvimento das culturas, sem deixar de mencionar os danos que causa a fauna existente nas primeiras camadas do solo que são de suma importância para o desenvolvimento da flora.[2: Informação concedida em conversa, pelo Secretário de Agricultura do Município de Caxias – MA, Dr Manoel Silveira para elaboração dessa atividade. ]
Por esses e outros motivos que defende-se a importância de uma Educação do Campo adequada e qualitativa aos indivíduos que vivem no território rural até para abolir esse nível educacional muito baixo, com um alto índice de analfabetos, mesmo com o Programa de Alfabetização de Adultos. De acordo com Bernardo Mançano Fernandes, 
Educação, cultura, produção, trabalho, infra-estrutura, organização política, mercado etc., são relações sociais constituintes das dimensões territoriais. São concomitantemente interativas e completivas. Elas não existem em separado. A educação não existe fora do território, assim como a cultura, a economia e todas as outras dimensões. (FERNANDES, 2014, p.2)
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Além de não possuírem orientação para um manejo sustentável da terra, não utilizam insumos modernos como sementes selecionadas porque “são de responsabilidade do governo distribuí-las e que habitualmente chegam fora da época do plantio” (informação verbal), adubos químicos, herbicidas, inseticidas sendo os dois últimos utilizados com restrição. [3: Palavras do Dr Manoel Silveira]
Em suas culturas o agricultor familiar produz arroz, milho, feijão, mandioca, e algumas hortaliças geralmente para sua subsistência, raramente sobra para a comercialização. Devido a baixa produção, muitas dessas famílias ficam abaixo da linha da pobreza, a renda desses indivíduos chega a R$ 70,00 mensais. Para tanto no município de Caxias-MA, há um Programa do Governo Federal de Assistência do Agricultor Familiar para aqueles que vivem em condição de extrema pobreza, onde cada agricultor cadastrado recebe uma bolsa auxílio de R$ 2.400,00 (ao ano) divididos em 4 parcelas.
Quando há excedente da produção o agricultor familiar cadastrado no Programa de Aquisição de Alimentos comercializa esses produtos em um valor anual de até R$ 55.400,00. Ou ainda no Programa de Aquisição de alimentos da Secretaria Municipal de Educação, onde o município é obrigado por Lei a fazer aquisição de 30% da merenda escolar da agricultura familiar. Porém “o que falta em Caxias, é produção para ser comercializada, pois, o dinheiro existe, já está disponível, porém nosso agricultor ainda despertou para a produção” (informação verbal).[4: Menção, em comunicação oral, em que o Dr Silveira faz ao criticar os indivíduos que vivem na zona rural de Caxias – Ma, vivendo apenas do benefício do Bolsa Família ou de outros benefícios.]
Os recursos naturais explorados são oriundos de plantas nativas como o buriti, o bacuri, o pequi e o babaçu, esse último produto já foi de grande valia comercial, mas devido à dificuldade de extração caiu bastante sua produção, apesar disso algumas empresas ainda se mantém produzindo óleos e saponáceos em Caxias-MA. 
O extrativismo nessa cidade baseia-se principalmente na extração de algumas espécies de madeira como babaçu, carnaúba, tucum, pequi, jatobá e aroeira, para a produção de carvão vegetal, lenha, óleo, leite, sabonete, cosméticos, ração para gado, etc.
O agronegócio em Caxias-MA está bem desenvolvido, apesar de ainda não competir em quantidade com outras fronteiras agrícolas do estado, mas já aplica tecnologia de ponta com a utilização de máquinas e insumos modernos, utilizando mão de obra especializada nas fazendas.
A pecuária de grande porte bovina é a principal cultura do agronegócio. Depois tem-se o criatório de suínos, caprinos e ovinos. A piscicultura que está em fase de crescimento. O cultivo de soja e de milho, o eucalipto que também está em desenvolvimento com destino ao uso em construção civil, utilização em caldeiras como energia, para produção de carvão para termoelétricas e unidades produtoras de ferro gusa em Açailândia. A cana de açúcar servindo de produção de álcool em José de Freitas no Piauí e Aldeias Altas no maranhão. 
Diante do exposto percebe-se que o Município de Caxias - MA, apesar de apresentar um grande potencial para as atividades agrícolas, condições ambientais e de infraestrutura básica para seu desenvolvimento, como: um clima adequado, grande luminosidade, um considerável potencial de irrigação devido aos rios Itapecuru e Parnaíba que banham o Munícipio, terras pouco exploradas, planas e de baixo custo, a facilidade para o escoamento de produtos agrícolas, ainda possui em alto grau baixa produtividade, utilização de técnicas arcaicas e rudimentares e uma produção significativa destinada à subsistência de inúmeras famílias de trabalhadores rurais, que em sua maioria são arrendatários, parceiros e ocupantes. Desse modo, o Programa Bolsa Família, como mencionado pelo Dr Manoel Silveira, não seja o único agravante para essa baixa produtividade agrícola, mas, a carência de reforma agrária e de infraestrutura, acrescidos pela falta de recursos financeiros e técnicos que limitam a produção, que usa o sistema de roça, bastante antiga, com utilização da força humana (Botelho, 2012).
REFERÊNCIAS
BOTELHO, Joan. Conhecendo e Debatendo a História do Maranhão. São Luís: Gráfica e Editora Impacto, 2012
Censo agropecuário 2006 do Maranhão. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=ma&tema=censoagro> Acesso em: 05 de set de 2014.
Educação e Sustentabilidade. Produção de Hermeneilce Wasti Aires P. Cunha. Direção: Paulo Alves. São Luís: UEMANET, 2009. 1 videoaula (24:49 min.).
FERNANDES, Bernardo Mançano. Os campos da pesquisa em educação do campo: espaço e território como categorias essenciais. Disponível em: < file:///C:/Users/Uemanet/Downloads/Os+campos+da+pesquisa.Fernandes.pdf> acesso em: 15 de jul. 2014. 
SILVEIRA, Manoel. A agricultura familiar e o agronegócio. Caxias: Secretaria Municipal de Agricultura do Município de Caxias - MA, 2014. (Comunicação oral).

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