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1 REABILITAÇÃO CONCEITO Benefício que tem por finalidade restituir ao condenado parte dos direitos atingidos pela condenação, assegurando o sigilo dos registros sobre seu processo e condenação (arts. 93 a 95 do CP), retirando as anotações de seu boletim de antecedentes (salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal ou outros casos expressos em lei). Com a reabilitação, o sigilo somente poderá ser “quebrado” por juiz criminal, mediante requisição. NATUREZA JURÍDICA A reabilitação é medida de política criminal, capaz de assegurar ao reabilitado o sigilo sobre seus antecedentes criminais, bem como suspender alguns dos efeitos secundários de natureza extrapenal, inclusive alguns específicos (MASSON, 2009). São considerados requisitos objetivos os que se referem ao tempo de cumprimento da pena e à reparação do dano. Como se viu, a reabilitação somente poderá ser requerida após decorridos 2 (dois) anos do dia em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova do sursis e o do livramento condicional, desde que não tenham referidos benefícios sido revogados (art. 94, caput, do CP). Consideram-se, por outro lado, requisitos subjetivos para a reabilitação, relacionados à pessoa do condenado, ter tido domicílio no país no biênio posterior à extinção da pena, bem como dar provas de bom comportamento público e privado. São decorrências fáticas e jurídicas da concessão de reabilitação ao condenado: a) Ter assegurado o sigilo dos registros sobre seu processo e condenação. b) Suspensão de efeitos extrapenais e específicos da condenação – com relação à perda do cargo, função ou mandato eletivo, muito embora a reabilitação não resulte na reintegração à situação anterior, permitirá ao 2 condenado, desde que reabilitado, o retorno ao exercício de novo cargo ou função pública, desde que oriundo de nova investidura (ex.: novo concurso público); c) Com relação à incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou curatela, referido efeito da condenação será permanente com relação à vítima (filho, pupilo ou curatelado). No entanto, uma vez reabilitado, o condenado poderá resgatar o poder familiar com relação aos demais filhos (desde que não o ofendido), tutela ou curatela; d) No que tange à inabilitação para dirigir veículo, se reabilitado, o condenado poderá voltar a dirigir, desde que obtenha nova carteira de habilitação. COMPETÊNCIA PARA A CONCESSÃO Juízo competente para conceder a reabilitação e a formulação do pedido Compete ao juízo de 1º grau, e não ao da execução penal, como se poderia imaginar, a apreciação do pedido de reabilitação. O pedido de reabilitação deverá ser formulado pelo condenado, devidamente assistido por advogado, instruído dos requisitos objetivos e subjetivos exigidos pela lei. Antes de concedida a reabilitação, o Ministério Público deverá ser ouvido, sob pena de nulidade. Se a condenação foi proferida por tribunal, ainda assim a competência será do juízo de primeira instância responsável pela condenação. REVOGAÇÃO Pode ser decretada de ofício ou a requerimento do Ministério Público. Ocorre se sobrevier condenação que torne o reabilitado reincidente, a não ser que essa condenação imponha apenas pena de multa. REINCIDÊNCIA A reabilitação não rescinde a sentença penal condenatória, motivo pelo qual o reabilitado, caso venha a cometer novo crime, será considerado reincidente, desde que não se tenha passado o lapso temporal de 5 (cinco) anos entre o cumprimento ou extinção da pena e o cometimento do novo ilícito penal (prescrição da reincidência). DIREITO À CERTIDÃO CRIMINAL NEGATIVA Tem direito à certidão criminal negativa o réu que teve a ação penal trancada por falta de justa causa. POSSIBILIDADE DE NOVO PEDIDO DE REABILITAÇÃO Conforme preleciona o art. 94, parágrafo único, do CP, negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído com novos elementos dos requisitos necessários. REFERÊNCIAS CAPEZ, Fernando. Direito penal simplificado: parte geral. 15. ed. São Paulo : Saraiva, 2012. ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2012. TRIGUEIROS NETO, Arthur da Motta. Direito penal – parte geral II - Coleção saberes do Direito. vol 5. São Paulo : Saraiva, 2012.
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