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c 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ........................................................................................ 3 
1 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO PENAL E SEUS 
PRINCÍPIOS MAIS RELEVANTES .................................................................... 4 
2 PACOTE ANTICRIME ....................................................................... 6 
2.1 Conceito e origem do pacote anticrime ....................................... 6 
3 FATORES QUE INFLUENCIARAM NA ELABORAÇÃO DA 
NORMATIVA LEGAL ........................................................................................ 8 
3.1 Fator Histórico ............................................................................. 8 
3.2 Fator Social ............................................................................... 10 
3.3 Fator Estrutural .......................................................................... 11 
4 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES AO CÓDIGO PENAL ........................ 12 
4.1 Legítima Defesa ........................................................................ 12 
4.2 Pena pecuniária ........................................................................ 13 
4.3 Limite de cumprimento de pena ................................................ 14 
4.4 Livramento Condicional ............................................................. 15 
4.5 Efeitos da condenação .............................................................. 17 
4.6 Homicídio qualificado ................................................................ 20 
4.7 Roubo ........................................................................................ 21 
4.8 Estelionato ................................................................................. 22 
5 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI 13.964 DE 24 DE 
DEZEMBRO DE 2019 AO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL BRASILEIRO . 23 
5.1 O Juiz das Garantias ................................................................. 23 
5.2 O Arquivamento do Inquérito ..................................................... 28 
5.3 Acordo de não persecução penal .............................................. 29 
5.4 A prova ilícita ............................................................................. 32 
5.5 Exame de corpo de delito, cadeia de custódia e perícias .......... 33 
5.6 Medidas Cautelares e as prisões .............................................. 35 
5.7 Da Prisão em Flagrante ............................................................. 36 
5.8 A Prisão Preventiva ................................................................... 38 
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 42 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Prezado aluno, 
 
 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é 
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase 
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao 
professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o 
tema tratado. 
O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos 
ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não 
hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de 
atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
 
 
 
Bons estudos! 
 
 
4 
 
1 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO PENAL E SEUS PRINCÍPIOS 
MAIS RELEVANTES 
Inicialmente, faz-se necessário e relevante, um debate relativo ao 
progresso do direito penal bem como uma visão histórica, baseado em suas 
vertentes e ainda as respeitáveis mudanças ao longo dos anos, buscando 
enumerar e ainda abordar os conceitos e princípios do Direito Penal. 
Desde os primórdios, o ser humano busca de forma incansável meios para 
garantir sua proteção, talvez por instinto de sobrevivência. 
A partir do surgimento da vida moderna em sociedade, em como as 
liberdades adquiridas por cada indivíduo inserido neste meio, incidiu uma certa 
interferência de forma direta na liberdade do outro, o que de certa forma 
impulsionou não só a criação, mas também que se desenvolvesse leis no tempo 
e no espaço, o que ocorreu também com a legislação penal. 
Tal evolução tornou-se um marco importante, que norteou toda a 
legislação atual havendo então a necessidade de estudo para que se possa 
entender a legislação penal. 
Como se pode observar sempre, ou seja, desde início da civilização é 
possível se verificar a existência do crime, com isso, surgiu-se a necessidade da 
criação de ordenamentos buscando assim resolver o problema para que a vida 
em sociedade, pudesse existir, assim objetivando manter a paz, bem como 
segurança e a liberdade, visando ainda garantir a todos os indivíduos o estado 
democrático de direito social no convívio coletivo. 
Dentro das evoluções sofridas no direito penal, diversas foram as frases 
que mais tiveram impactos dentro da sociedade. Na esteira disso, é possível 
transcrever nas palavras de Noronha, aquela à qual teve o maior impacto, in 
verbis: 
“A pena em sua origem, nada mais foi que vingança, pois é mais 
compreensível que naquela criatura, dominada por seus instintos, 
o revide à agressão sofrida devia ser fatal, não havendo preocupações 
com a proporção, nem mesmo com sua justiça”. (NORONHA,2003. 
p.21) 
 (Grifado) 
 
 
 
5 
 
Ainda que, logicamente compreensível, a primeira forma de punição seja 
a vingança, pois o homem, movido por instintos animais, retaliou o mal sofrido 
alheio, sem se preocupar com a forma ou ritmo em que seus atos impulsivos se 
seguirão tudo, na época, sem um tipo definido de justiça. 
Por conta de eventos como esses, tornou-se necessário criar regras 
mínimas de convivência, para estabelecer uma melhor forma de resolver os 
conflitos. 
Nela, nasceu a Lei de Talião, que é reconhecida como um grande avanço 
para aquele período, definindo as formas de punição. 
Hoje, essa lei é considerada algo absurdo e não lógico, mas naquela 
época é necessário e finalmente estabelecido, as raízes da relação, porque 
identificou penalidades, tanto quanto as causas do mal. 
Logo em seguida, inicia-se a etapa da vingança divina, nesse período são 
feitas leis contra a religião, e o crime é considerado pecado, então o castigo será 
uma forma de castigo de Deus. 
Com isso, percebe-se que a punição se tornou severa e excessiva, a 
ponto de tirar a vida do infrator. 
As punições serão impostas conforme determinado pelos padres, com a 
brutalidade por assim dizer, impondo castigos desumanos com o único propósito 
de intimidar outros de cometerem crimes semelhantes. 
A conexão entre os dois momentos, a vingança privada e a divina, é 
observada por meio de resultados com extrema crueldade e manifestações de 
ódio capazes de causar guerra entre grupos. 
A próxima etapa é caracterizada pela chamada vingança pública, neste 
momento da história punições cruéis foram determinadas, os infratores 
queimados vivos e enterrados vivos, divididos, todos estão em locais públicos. 
Nesse período histórico, as punições eram aplicadas e determinadas pelo 
Estado, embora com o mesmo propósito de intimidação para reprimir, para 
prevenir novos crimes. 
Concluímos que a população da época vivia um momento extremamente 
estressante onde não havia direito a desculpa. O réu nem sabe qual crime será 
julgado, atestando a experiência de imensa insegurança, abrindo a possibilidade 
de punição arbitrária sem fundamento.6 
 
Note-se que as penas criminais variam de acordo com as condições 
sociais e políticas do acusado, sendo comuns as penas de confisco, mutilação, 
espancamento, tortura e penas notórias. 
É claro que a fase do direito penal mencionada nas linhas discutidas é 
muito falha, desigual, e estabelece punições completamente desproporcionais 
além de deixar de fornecer ao réu qualquer meio de defesa. 
As consequências iniciaram a chamada era humanitária, onde era 
necessária uma reforma da lei, na tentativa de tornar as punições proporcionais 
e humanas aos delitos cometidos. 
 
Ipsis litteris destaca-se os pensamentos do ilmo. Beccaria: 
 
 [...] o fim das penas não é atormentar nem afligir o ser sensível, nem 
desfazer um delito cometido. [...] o fim é apenas impedir que o réu 
cause novamente danos aos seus cidadãos é desestimular penas e 
modos de infligi-las, que, guardadas as proporções, causem uma 
impressão mais eficaz e duradoura no espírito dos homens e menos 
penosa no corpo do réu. (BECCARIA,2010. p.41) 
 
 
Grandes inovações surgiram a partir daí, como percebe-se no trecho em 
linhas acima, uma visão muito diferente e futurista do que se existia até então 
naquela época. 
Afirmando que a finalidade da lei não seria atormentar, mas sim impedir 
que o réu viesse a repetir o crime, desestimulando novos delitos, mas de certa 
forma que não fosse desproporcional ou cruel ao corpo do indivíduo. 
 
2 PACOTE ANTICRIME 
2.1 Conceito e origem do pacote anticrime 
 
O chamado “Pacote Anticrime” do Governo Federal surgiu, inicialmente, 
como um anseio popular expresso nas eleições de 2018, podendo ser 
conceituado como “uma espécie de Plano Real contra a criminalidade”. 
 
7 
 
O conjunto de alterações na legislação penal brasileira que busca 
fomentar a eficácia no combate ao crime organizado, aos crimes violentos muito 
especialmente à corrupção, reduzindo os atrasos no sistema judicial criminal 
brasileiro. Nesse sentido Renato Brasileiro aduz a seguinte linha de raciocínio, 
verbis: 
 
 
O denominado projeto Anticrime foi apresentado ao Congresso 
Nacional no dia 31 de janeiro de 2019 (PL 882-2019), tendo como 
principal meta o estabelecimento de medidas que realmente se 
demonstrassem efetivos contra a corrupção, o crime organizado e os 
delitos praticados com grave violência à pessoa, sistematizando as 
mudanças em uma perspectiva mais rigorosa no enfrentamento à 
criminalidade, totalmente em consonância com o anseio popular 
expressado nas eleições de 2018 (BRASILEIRO, 2020. p.18). 
 
 
O Crime Organizado, atualmente, tornou-se uma das maiores 
preocupações dos Estados os quais visam acima de tudo a paz social, tendo em 
vista que estes grupos possuem grande impacto nos três poderes, sendo eles; 
judiciário, legislativo e executivo, e também na sociedade, dada a proporção e o 
prejuízo de seus atos. 
Em diversos países não é possível saber ao certo a origem do crime 
organizado, já que em cada país o fenômeno da criminalidade organizada se 
deu com segmentos e objetivos diferentes. Nesse lamiré Eduardo Araújo da Silva 
descreve: 
 
A origem da criminalidade organizada não é de fácil identificação, 
em razão das variações de comportamentos em diversos países, 
as quais persistem até os dias atuais. Não obstante essa dificuldade, 
a raiz histórica é traço comum de algumas organizações, em especial 
as Máfias italianas, a Yakuza japonesa e as Tríades chinesas. Essas 
associações tiveram início no século XVI como movimentos de 
proteção contra arbitrariedades residiam em localidades rurais, menos 
desenvolvidas e desamparadas de assistência dos serviços públicos. 
Para o crescimento de suas atividades, esses movimentos contaram 
com a conivência de autoridades corruptas das regiões onde ocorriam 
os movimentos político-sociais. (SILVA, 2009. p. 03). 
 
 (Grifado) 
 
 
 
8 
 
As Organizações Criminosas se constituem em grupos espalhados pelo 
país e pelo mundo, que se organizam com regras próprias, a fim de efetivar os 
seus objetivos. 
Assim é possível observar que o modo como as Organizações são 
chamadas podem variar, já que se leva em conta o tempo e país, bem como 
suas formas e objetivos. 
 
3 FATORES QUE INFLUENCIARAM NA ELABORAÇÃO DA NORMATIVA 
LEGAL 
 
Dentre todos fatores que influenciaram a criação do pacote anticrime no 
Brasil, destacam-se como principais os fatores históricos, sociais e estruturais, 
os quais remontavam os processos criminais e ao crime organizado a ideia de 
impunidade devido a precariedade dos processos com a extensão de prazos, 
recursos e institutos jurídicos que resultavam na absolvição dos acusados. 
Importante evidenciar que tal projeto passou por inúmeras modificações 
que realizadas durante seu processo de julgamento e votação pelo Congresso 
Nacional, através da Câmara dos Deputados e Senado Federal, tendo sofrido 
também, diversos vetos. 
Dentre os fatores, segundo o estudo, destacam-se três; o histórico, o 
social e o estrutural, a qual veremos a seguir. 
 
3.1 Fator Histórico 
 
O período colonial deixou um costume enraizado de corrupção e um laço 
entre a criminalidade e Estado. Antes dos portugueses desembarcarem no 
Brasil, já era possível identificar as primeiras práticas de corrupção. 
O Brasil iniciou com invasões estrangeiras, sem nenhum desejo em 
formar uma nação com compromisso ético e moral com o país. Era apenas um 
ponto exploratório, onde os aventureiros tinham interesse em tirar proveitos e 
depois ir embora. Conforme preconiza Emanuel Araújo: 
 
9 
 
 
 
 
Acreditava-se que se enriqueceria tão rapidamente que não havia a 
necessidade de levar-se a família: seria pouca a demora naquelas 
terras insalubres, incultas e povoadas de bugres antropófagos. 
(ARAÚJO, 1997.p. 22). 
 
 
Ao se fazer uma análise aprofundada na história do Brasil, por meio de 
obras que nos remetem ao período colonial, vislumbramos uma malevolente 
herança de corrupção no alto escalão real, que contava com autoritarismo, 
arbitrariedades e ilegalidades cometidas sob os olhos do Estado e resultavam 
em injustiças que nos trouxeram até os dias atuais à um sistema estatal atrelado 
com o crime. 
Os interesses pessoais eram altamente atendidos em detrimento do 
restante, o qual fez que os indivíduos não diferenciassem público de privado, e 
conforme Sérgio Buarque de Holanda entendiam que: 
 
 
A própria gestão pública apresenta-se como forma de assunto de 
interesse particular; as funções, os empregos e os benefícios que 
através deles se aufere, relacionam-se aos direitos pessoais do próprio 
funcionário e os interesses objetivos, como o verdadeiro Estado 
burocrático, os quais prevalecem as especializações das funções e os 
esforços dedicados para se assegurarem as garantias dos cidadãos. 
(HOLANDA,1982. p. 17). 
 
 
Desde o período colonial, temos um Estado que nasce por concessão, 
atualmente no Brasil, os cargos de maior predominância e relevância são 
aqueles concedidos por nomeação, ou até mesmo mera indicação. 
Dito isso, percebe-se que o Estado é usado em benefício dos gestores, 
mesmo que eleitos, logo, fica claro que a corrupção é um problema antigo no 
Brasil. 
 
 
 
 
10 
 
3.2 Fator Social 
 
Podemos salientar o fator social como sendo o primordial para a 
existência da corrupção. A divisão de classes, a ambição por poder, o 
enriquecimento ilícito e a necessidade de manutenção de padrão de vida, levam 
as pessoas ao ideal de corromper-se para auferir tais objetivos, não podendo 
limitar-se a corrupção somente aos gestores públicos, mas também aos do setor 
privado e aos cidadãos em si, pois como é de sabença, a corrupção reporta-se 
de várias maneiras, seja na empresa que se trabalha, nos negócios que se faz 
ou até mesmo dentro da própria casa. 
 O famoso “dar-se-á um jeitinho” é a principal arma da corrupção, entende-
sepor um ato corrupto, que o coloca à mercê da honestidade, visando cada vez 
mais a obtenção de uma vantagem indevida, seja ela em pequenos detalhes 
como por exemplo receber o troco em excesso e ignorar tal ato, seja desviando 
verbas da saúde e prejudicando vidas. Almeida conceitua o “jeitinho brasileiro” 
como: 
 
Existe uma linha tênue entre o certo e o errado em que nasce o jeitinho 
brasileiro como um instrumento da dinâmica social, fica mais fácil 
entender porque a cultura da corrupção se estabelece. O jeitinho 
brasileiro é socialmente aceito e esse jeitinho que quebra as 
regras e se apresenta como a “zona cinzenta moral”, ou seja, entre 
os limites do certo e o errado. Variando as circunstancias, o que é 
certo pode ser considerado errado e vice e versa. (ALMEIDA, 2007. p. 
56). 
 (Grifado) 
 
 
Já Lourenço Stelio Rega enfatiza a existência de um “jeitinho brasileiro” 
pode se tornar bom ou mal, e entende, verbis: 
 
 
O jeitinho brasileiro pode ser bom ou mau. O jeitinho brasileiro é 
positivo quando surge em virtude da necessidade e ou no instinto de 
sobrevivência da pessoa. Em determinadas situações, o cidadão se vê 
obrigado em até mesmo ultrapassar alguns limites, sejam eles morais 
ou até mesmo legais, em virtude das necessidades demandadas pela 
sobrevivência. Exemplifica: O pára-lama do carro que é amarrado, em 
vez de soldado; pedir a um médico amigo que atenda uma pessoa 
carente ou que faça uma cirurgia pelo sistema de saúde público; o 
 
11 
 
vendedor ambulante, “camelô”, que vende produtos falsificados. 
(REGA,2000. p. 5). 
 
 
A maioria das definições que encontramos sobre a corrupção nos leva à 
direção da separação de duas esferas: o interesse comum e o particular, movida 
pela obtenção de vantagem indevida, nos leva a refletir sobre o tema através de 
uma perspectiva mais sociológica ao articular ao cenário da corrupção conceitos 
como normas de reciprocidade, troca de favores e consolidação de redes sociais 
e de autoridade. 
 Logo, conclui-se que o fator social é o grande causador da corrupção 
dento do Brasil, junto dele são trazidos os fatores externos, tais como a 
desigualdade social e a inversão de valores. Acredita-se que mediante uma 
educação firmada na moralidade e no caráter, teremos das futuras gerações uma 
cultura de honestidade e moralidade. 
 
3.3 Fator Estrutural 
 
Tal fator nos remete diretamente a ligação do Estado em prol da 
corrupção, ao analisarmos que a corrupção é um fenômeno recorrente e 
enraizado nas instituições, que se unem para viabilizar a impunidade dos desvios 
de verbas públicas. 
Comumente, a maneira mais utilizada pelos agentes políticos, os quais 
têm à vontade corromper-se encontram para conseguir seus objetivos, são, 
basicamente, através de cinco institutos: cargos públicos, contratos e licitações, 
emendas orçamentárias, financiamento de campanhas feitas por terceiros e 
compra de voto. 
O pacote anticrime visa repelir crimes deste tipo, conhecidos como crimes 
de colarinho branco, quando praticados por membro de alto escalão de qualquer 
esfera de poder, aplicando devidamente as respectivas penas a qualquer 
acusado, independentemente do cargo já exercido. 
Tal fator, torna-se o elo entre a impunidade e a justiça, a correta aplicação 
da lei e a devida sanção aplicada a quem venha transgredi-la. 
 
 
12 
 
4 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES AO CÓDIGO PENAL 
 
Apresenta-se a seguir as mudanças mais relevantes que a Lei n. 
13.964/2019 traz para o atual Código Penal Brasileiro, considerando as 
mudanças ocorridas no estudo do direito à legítima defesa, multas, pena 
limitada, anistia, efeito condenação, homicídio, roubo e peculato agravado. 
 
4.1 Legítima Defesa 
 
Quanto à Legítima Defesa que se encontra elencada no Código Penal, 
em seu artigo 23, como uma das excludentes de ilicitude, ipsis litteris: 
 
 
 Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado 
de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de 
dever legal ou no exercício regular de direito. (BRASIL, 1940) 
 
 
Observa-se ainda no artigo 25 também do CP, onde se encontram 
elencados os requisitos da legítima defesa, tais requisitos relativos a agressão e 
a reação, da seguinte forma, in verbis: 
 
 
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando 
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual 
ou iminente, a direito seu ou de outrem. Parágrafo único. Observados 
os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em 
legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou 
risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. 
(BRASIL, 1940) 
 
 
 
Observa-se ainda que a redação do parágrafo único da Lei do Pacote 
Anticrime, incluiu na legítima defesa, ao artigo 25, onde encontra-se a figura do 
agente de segurança o qual elimina a agressão ou a ameaça de suposta 
agressão às vítimas mantidas como reféns durante o crime. 
 
13 
 
Especificamente, foi acrescido o parágrafo único buscando uma forma de 
resguardar aos agentes públicos de segurança trouxe uma nova forma de 
legítima defesa, embora tenha se somado aos requisitos já existentes no caput. 
 
De acordo com as palavras de Nucci: 
 
Não veio do acaso. Situações concretas em grandes cidades 
brasileiras demonstraram que atiradores profissionais da Polícia Militar 
(snipers) abateram infratores, em diferentes quadros, que mantinham 
vítima como refém. Segundo nos parece, a inclusão desse parágrafo 
apenas ratifica o que sempre existiu: a legítima defesa de terceiro. 
Portanto, há de se interpretar que o agente de segurança pública pode 
repelir (rechaçar, defender) agressão (leia-se atual, que está 
ocorrendo) ou risco de agressão (leia-se iminente, que está em vias de 
acontecer), buscando defender vítima tomada como refém. (NUCCI, 
2020. p.5) 
 
 
Conforme se observa no texto citado anteriormente, o autor esclarece em 
relação ao parágrafo único acrescido ao artigo, que este nasce com o objetivo 
de ratificar situações já existentes as quais ocorrem de forma corriqueira em 
grandes cidades brasileiras. 
 
4.2 Pena pecuniária 
 
Em relação a pena pecuniária, o pacote anticrime realizou a seguinte 
mudança no artigo 51 do Código Penal, buscando resolver a problemática 
deixada pelo legislador por meio da Lei 9.268/96, conforme elucida Nucci: 
 
Antes de 1996, a multa aplicada em sentença condenatória com 
trânsito em julgado, era executada pelo Ministério público, perante a 
Vara de Execução Penal (arts 164 a 170). Ocorre que, os parágrafos 
do art.51, hoje revogados pela Lei 9.268/96, previam a possibilidade 
de conversão da multa (aplicada em dias-multa) em pena privativa de 
liberdade, caso o executado, sendo solvente, frustrasse o seu 
pagamento. Assim sendo, era viável converter, por exemplo, uma pena 
de 20 dias multa em 20 dias de detenção. Em várias legislações de 
outros países pode-se encontrar o mesmo critério. (NUCCI, 2020. p.7) 
 
 
 
Ainda segundo o autor mencionado anteriormente a preocupação do 
legislador, no momento em que instituiu a Lei 9.268/96, era em relação ao abuso 
 
14 
 
da conversão da multa em pena privativa de liberdade, inclusive afirma Nucci 
(2020, p.8) “nem bem iniciava a execução, com a citação do condenado para 
pagamento, caso ele não o fizesse, o Ministério Público já pedia a referida 
conversão, sendo atendido pelo Judiciário” (NUCCI, 2020, p.8) 
 
Na expressão escrita do artigo 51 deixada pela Lei 9.268/96 constata-se: 
 
 Art.51. transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será 
considerada dívida de valor, aplicando-se-lhe as normas da legislação 
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne 
às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. (BRASIL, 1940) 
 
Legitimando as alterações acrescidas o legislativoencontrou uma saída 
pois com a nova redação do artigo 51, onde retirou seus antigos parágrafos que 
foram instituídos a partir da lei 9.268/96, posto que, a nova redação pecou ao 
não estabelecer a competência para a pena de multa, ocasionando vários 
conflitos de competência entre juízo criminal e cível. 
Estabeleceu-se assim a competência para executar a pena de multa bem 
como do juízo da execução Penal, a qual passou a ser uma ação requerida pelo 
Ministério Público. 
 
4.3 Limite de cumprimento de pena 
 
De todas as alterações instituídas pela Lei 13.964/2019, a que recebeu o 
maior número de comentários, foi a que trata do aumento no limite do 
cumprimento de pena. 
Mas diante do fato de que a expectativa de vida do brasileiro 
anteriormente era de 45 anos, leva-nos a perceber aceitável o limite de 
cumprimento de pena definido em 30 anos. 
Não obstante atualmente, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística) a expectativa de vida do Brasileiro é de 76,3 anos, ou 
seja, já havia a necessidade de uma reforma neste sentido, o que fez com que 
o pacote anticrime, reformasse o artigo 75 do Código Penal: 
 
 
15 
 
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade 
não pode ser superior a 40 (quarenta) anos. § 1º Quando o agente for 
condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 
40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite 
máximo deste artigo. § 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior 
ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, 
desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido. 
(BRASIL, 1940). 
 
 
Alteração extremamente pontual que estabeleceu um novo limite de 
cumprimento de pena, que passou a ser de 40 anos, no entanto, manteve os 
dois parágrafos, adaptando o §1° também ao novo limite de 40 anos. 
 
No entendimento de Nucci: 
 
Tendo-se por média base, um condenado a 100 anos de prisão – o que 
não é muito raro – com seus 20 anos, poderá deixar o cárcere com 
aproximadamente 60 anos, com ainda mais expectativa de vida. Não 
se pode considerar a alteração inconstitucional, por violar a vedação 
da pena em caráter perpétuo. Muito menos a pena cruel, pois quem 
necessita beneficiar-se desse limite para sair do cárcere, com toda 
certeza cometeu barbaridades inúmeras, ultrapassando – em muito – 
os tais 40 anos. (NUCCI, 2020. p.10) 
 
 
Observa o autor de forma favorável a alteração no limite de cumprimento 
de pena, pois conforme ele explica a mudança de forma nenhuma afronta à 
Constituição Federal, conforme alguns questionam, pois, a CF/88 veda de forma 
expressa a pena perpétua, o que de acordo com o autor assegura a sua 
constitucionalidade. 
 
 
4.4 Livramento Condicional 
 
O livramento condicional, se trata de um instituto do direito penal, cedido 
a um apenado que irá lhe permitir o cumprimento da punição que lhe foi imposta 
em liberdade até a extinção da pena, porém para que condenado, consiga que 
o livramento condicional seja efetivado, precisa preencher alguns requisitos para 
que possa usufruir de tal benefício, constantes no artigo 83 do Código Penal, 
verbis: 
 
16 
 
 
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado 
a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde 
que: I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for 
reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; II - cumprida 
mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; III - 
comprovado: a) bom comportamento durante a execução da pena; b) 
não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses; c) bom 
desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e d) aptidão para prover 
a própria subsistência mediante trabalho honesto; IV - tenha reparado, 
salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração; 
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação 
por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e 
drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for 
reincidente específico em crimes dessa natureza. Parágrafo único - 
Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave 
ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também 
subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir 
que o liberado não voltará a delinquir. (BRASIL, 1940) 
 
 
No artigo supracitado a Lei 13.964/2019, instituiu algumas alterações 
bastante relevantes para o direito, conforme se demonstra a seguir: uma 
alteração ao inciso III, que anteriormente possuía o seguinte texto: III – 
comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom 
desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria 
subsistência mediante trabalho honesto. (BRASIL, 1940) 
A partir do pacote anticrime, o inciso supracitado, passou a ter três 
alíneas, além do fato de que com a alteração ele deixou de adotar o termo 
“comportamento satisfatório” passando a utilizar “bom comportamento”, termo 
que já era adotado pela Lei de Execução Penal para progressão de pena. 
 Ainda uma segunda modificação foi atribuída ao artigo 83 inserindo o 
termo “não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses”, que 
segundo Nucci, descreve: 
 
A segunda modificação é fruto da jurisprudência, que reconhecia, por 
falta de previsão legal, não ser pertinente incluir a falta grave como 
causa impeditiva, de natureza objetiva, para o recebimento de 
livramento condicional. Agora fica clara a introdução desse requisito 
objetivo: não cometimento de falta grave nos últimos doze meses. Com 
isso, necessário se faz os seguintes dizeres: o apenado, ao cometer 
uma falta grave pouco tempo antes de requerer o livramento 
condicional, era considerado inapto, vez que o juiz avaliava como 
insatisfatório o seu comportamento. (NUCCI, 2020. p. 12) 
 
 
 
 
17 
 
 
Outra mudança que o artigo recebeu conta no inciso III, do artigo 83, tal 
alteração busca apenas pactuar uma previsão legal, tornando-a um requisito 
objetivo. 
 
4.5 Efeitos da condenação 
 
Quanto aos efeitos da condenação após a condenação observa-se que 
surgem alguns efeitos provocados por ela, que são: cumprimento da pena 
privativa de liberdade, restritiva de direitos e/ou multa além dos efeitos 
extrapenais encontrados nos artigos 91 e 92 do Código Penal. 
 
Neste contexto, a Lei 13.964/2019, inseriu o artigo 91-A caput: 
 
Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei 
comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser 
decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens 
correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado 
e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito. (BRASIL, 
2019) 
 
 
Conforme se entende o artigo supracitado foi criado com o objetivo de 
contrapor o enriquecimento ilícito, além de considerar os crimes com pena 
máxima superior a 6 anos, podendo ser decretado a perda de bens 
proporcionalmente à diferença entre o valor patrimonial do apenado e ainda 
compatível com o rendimento ilícito. 
 
Assim explica Nucci, verbis: 
 
Exemplificando, o furtador subtrai um veículo, vende e investe o 
dinheiro. Ao ser condenado, o proveito auferido do delito (dinheiro 
ganho com a alienação do carro da vítima) é retomado e, havendo 
vítima, devolvido a esta. Pode o agente subtrair da vítima um montante 
de dinheiro; quando condenado este valor será considerado um 
produto do crime e devolvido ao ofendido. Mas há crimes onde não há 
vítima determinada, como o tráfico de drogas, cujo sujeito passivo é a 
sociedade. Todo patrimônio adquirido pelo traficante, poderá ser 
confiscado caso o mesmo seja condenado e, destinando-se a União. 
Todavia, quando condena-se um corrupto, o qual recebe dinheiro de 
 
18 
 
maneira camuflada, termina-se por descobrir pouco em relação ao 
produto ou proveito daquele delito,ou seja, daquela corrupção. 
Conquanto ao valer-se do artigo 91-A, poderá o Estado confrontar o 
que o corrupto possui de patrimônio, em tese lícito, com aquilo que ele 
realmente poderia amealhar com o fruto honesto do seu trabalho. 
Observando a discrepância, confiscar-se-á o que tinha a aparência de 
lícito, mas, em verdade, compunha todo cenário de corrupção, 
inclusive atos pretéritos. Em outros termos, em virtude de uma 
condenação por corrupção (ativa ou passiva), autoriza o Estado, em 
efeito extrapenal, passe a confiscar o que configura como 
enriquecimento ilícito. (NUCCI, 2020. p.14) 
 
 
 
 
Em sua tese, o pesquisador explica que a ideia levantada pelo novo artigo 
afirma que se trata sobretudo de casos como corrupção, em que se torna difícil 
apurar o produto do crime, por sua natureza de criminoso disfarçado, portanto, 
o artigo levava à possibilidade de que o Estado pudesse verificar até mesmo os 
bens do apenado obtidos legalmente, comparando-os com os bens de 
propriedade do indivíduo e que ele poderia obter por seu suor e esforços. 
Isto posto, analisemos os parágrafos supracitado artigo 91-A objetivando 
observar as inovações trazidas ao parágrafo primeiro, vejamos: 
 
§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por 
patrimônio do condenado todos os bens: I - de sua titularidade, ou em 
relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, 
na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e II - 
transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação 
irrisória, a partir do início da atividade criminal. (BRASIL, 1940) 
 
 
No parágrafo acima mencionado, o douto legislador traz o conceito de 
patrimônio, incluindo os bens do apenado bem como sua titularidade ou os bens 
que possua domínio até a data da condenação, assim, mesmo adquiridos a 
posteriori, bem como os bens transferidos à terceiros por doação ou pagamento 
irrisório, após o início da atividade criminal. 
 
Sobre os incisos I e II, afirma Nucci, verbis: 
 
Quanto ao inciso I, deve-se agir com cautela, pois o patrimônio, de 
maneira inequívoca, é o resultado da efetiva titularidade de um bem 
(propriedade). Quanto ao domínio, pode-se chegar à posse de certo 
bem, quando o sentenciado dele se vale para usar, gozar, fruir e 
reaver. Neste caso, é preciso cuidado, visto que a propriedade pode, 
licitamente, caber a outrem, de modo que, para avaliar com exatidão, 
 
19 
 
há de se chamar ao processo esse proprietário. O mesmo se diga a 
respeito da transmissão a terceiros a título gratuito de certos bens (ou 
mediante irrisória contraprestação). (NUCCI, 2020. p.15) 
 
 
Neste trecho, o autor expressa sua preocupação em perpetrar uma 
injustiça, tanto no caso de crime excessivo contra o condenado quanto na 
decisão que acabará afetando terceiros princípios de defesa abrangente e de 
combate ao adversário. 
O parágrafo segundo do artigo 91-A, trata exatamente o que já é abrigado 
pelos princípios do contraditório e da ampla defesa: § 2º O condenado poderá 
demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do 
patrimônio, apenas deixou claro que o acusado tem direito de demonstrar a 
licitude de seu patrimônio. (BRASIL, 2019) 
Não obstante a redação do parágrafo 3° do artigo 91-A institui: §3° A perda 
prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Ministério 
Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença 
apurada. (BRASIL, 2019) 
De forma que o parágrafo mencionado anteriormente institui a titularidade 
ao Ministério Público da reclamação, assim o artigo apenas prevê que o único 
responsável por apontar o imóvel ou valor, bem como pelo ônus da prova. 
O parágrafo 4° do artigo 91-A aduz: 
 
“§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da 
diferença apurada e especificar os bens cuja perda for decretada”. 
(BRASIL, 1940) 
 
Assim, descreve que a sentença deve declarar o valor da diferença obtida, 
conforme nota de rodapé do artigo, bem como especificar o bem que causaria o 
prejuízo, conforme informado pelo Ministério Público. 
Em contrapartida, ao se verificar o parágrafo §5° do artigo 91-A: 
 
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por 
organizações criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos 
em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita 
a ação penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das 
pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser 
utilizados para o cometimento de novos crimes. (BRASIL, 1940) 
 
 
 
20 
 
 
O artigo citado anteriormente determina que deverá ocorrer a perda dos 
instrumentos utilizados para a pratica do delito, sendo tais instrumentos 
considerados perdidos em favor da União ou do Estado, mesmo que este não 
ofereça risco a segurança das pessoas ou ao próximo cometimento de delitos, 
buscando combater o crime organizado. 
 
4.6 Homicídio qualificado 
 
O crime de homicídio encontra-se previsto no artigo 121 do Código Penal, 
o qual pode ocorrer na forma simples ou qualificada, não obstante o mesmo 
artigo institui as causas de diminuição e aumento de pena. 
Desse modo as qualificadoras se discernem das causas de aumento por 
meio da qualificadora, assim, alterar a pena em abstrato de 6 a 20 anos, 
aumentando-a para 12 a 30 anos, fazendo com que essa seja a pena base para 
o cálculo da dosimetria da pena, sendo esta as causas de aumento aplicadas na 
terceira fase da dosimetria. 
Assim, de acordo com a lei 13.964/2019, inseriu ao artigo 121 em seu 
parágrafo 2º inciso VIII uma nova qualificadora: praticar homicídio com emprego 
de arma de fogo de uso restrito ou proibido. Porém este foi um ponto em que 
ocorreu o veto do Presidente da República. (BRASIL, 2019) 
Verifica-se que, o alvo do veto tinha como objetivo resguardar os agentes 
públicos de segurança, os quais necessitam manusear armas de uso restrito, e 
se embutiriam na qualificadora, restando a eles um aumento de pena caso 
cometessem um homicídio. 
Observa-se o entendimento de Nucci ao assunto: in verbis: 
 
Esta justificativa carece de sentido, uma vez que o Chefe do Executivo 
não vetou o §2º-B do art.157, permitindo que haja aplicação do dobro 
da pena, caso o assaltante utilize de arma de uso restrito ou proibido. 
Ademais, não se concebe a hipótese de que o agente de segurança 
pública em confronto efetivo com facções criminosas, em situações de 
extrema gravidade para a garantir a ordem pública, como relata a razão 
do veto, respondam por homicídio, pois estarão agindo em legítima 
defesa própria e de terceiro. Ao vetar a qualificadora de cometimento 
de homicídio com arma de uso restrito ou proibido ocasionou em 
 
21 
 
atenuar a pena do agente de segurança, que mata em situação ilícita, 
merecendo sim, pena maior. (NUCCI, 2020.p.20-21) 
 
 
 
Não obstante o autor acredita que um agente de segurança em situação 
de extrema gravidade não pode assegurar a ordem pública durante um 
homicídio, conforme descrito no veto nas linhas seguintes, porque em casos 
respectivos como estes, isso aplicaria uma salvaguarda ou medida de terceiro, 
excluindo assim a legitimidade e em em qualquer caso, o agente não será 
punido. 
 
Nos dizeres de Nucci, verbis: 
 
Não fosse o suficiente, também amenizou a situação de todos os 
agentes criminosos que valem-se dessas armas para atingir a polícia 
e a polícia e a população em geral. Além disso, esses criminosos 
disputam espaços de tráfico de drogas violentamente, matando uns 
aos outros, muitas vezes com armas proibidas. Ficará a cargo do 
magistrado levar em consideração essa circunstância (uso de arma 
restrita ou proibida) quando fixar a pena-base, fundamentada no art.59 
do Código Penal. (NUCCI, 2020.p.21) 
 
De acordo com o comunicado de imprensa, o veto acabou por deixar em 
aberto a defesa do agente que cometeu o homicídio em situação ilícita e neste 
caso mereceuma pena mais pesada, e ainda protege os criminosos, em litígios 
por espaço de trânsito, eventualmente comete vários assassinatos e muitas 
vezes usa armas de fogo limitadas. 
Porém o veto foi derrubado, sendo publicado no Diário Oficial da União no 
dia 30/04/2021. 
 
4.7 Roubo 
 
O crime de roubo encontra previsão no artigo 157 do Código Penal, e da 
mesma forma que o crime de homicídio possui suas causas de aumento e 
qualificadoras, conforme se lê a seguir: 
 
 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante 
grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por 
 
22 
 
qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - 
reclusão, de quatro a dez anos, e multa. [...]. (BRASIL, 1940) 
 
 
Entretanto a Lei n. 13.964/2019, acrescentou ao supracitado artigo o 
inciso VII, onde, inseriu uma nova causa de aumento: 
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma 
branca”. Neste caso, o inciso retomou uma antiga causa de aumento, o emprego 
de arma branca, sendo considerada aquela que não seja arma de fogo. (BRASIL, 
2019) 
Observa-se ainda que a este tipo penal, inseriu ainda o pacote anticrime 
o parágrafo 2°-B, que determina: Se a violência ou grave ameaça é exercida com 
emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena 
prevista no caput deste artigo. (BRASIL, 2019) 
Ocasião em que, o legislador ponderou a determinar do aumento de pena 
superior, e conforme se observa elevou a mesma ao dobro, quando o roubo for 
efetivado com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido. 
 
4.8 Estelionato 
 
A lei 13.694/2019, quando tratou do crime de estelionato, instituiu uma 
alteração relevante, que modificou o fato de o crime de ação pública 
condicionada à representação da vítima, sendo somente condicionado a 
representação da vítima, em alguns casos, conforme menciona o parágrafo 5º: 
 
§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima 
for: I - a Administração Pública, direta ou indireta; II - criança ou 
adolescente; III - pessoa com deficiência mental; ou IV - maior de 70 
(setenta) anos de idade ou incapaz. (BRASIL, 2019) 
 
 
 
Nos casos citados anteriormente, mantém-se a ação sendo pública 
incondicionada, levando em consideração a vítima do crime do artigo 171 do 
Código Penal: Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, 
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer 
outro meio fraudulento. (BRASIL, 2019) 
 
23 
 
 
De acordo com Nucci: 
 
O fato é que a medida nos parece válida, em relação a política criminal 
calcada no emprego do direito penal mínimo. Para que se possa 
processar e punir o estelionatário, passa-se a demanda o interesse da 
vítima. Aliás, algo que já deveria estar previsto também quanto ao 
delito de furto (e outros similares). Afinal, há diversos crimes 
patrimoniais cometidos sem violência contra a pessoa. (NUCCI 2020.p. 
32): 
 
 
 
Conforme se pode perceber o autor supracitado possui uma posição 
favorável em relação a mudança quanto ao crime de estelionato, quando, afirma 
que esta medida precisaria ser adotada em outros tipos penais, que como o 
estelionato, não envolvam violência a vítima, sendo, um mecanismo para 
aplicação do princípio de direito penal mínimo. 
 
5 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES AO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
BRASILEIRO 
As alterações acrescidas com a lei 13.964/2019 foram sobrepostas ao 
Código de Processo Penal, e possuem grande destaque ao mundo jurídico. 
Onde apresentou importantes mudanças e inovações ao Direito processual 
Penal Brasileiro. 
 
5.1 O Juiz das Garantias 
 
Dentre as principais mudanças trazidas pela Lei 13.694/2019, o pacote 
anticrime, está o juiz de garantias, o qual teve como objetivo reforçar o fato de 
que o processo penal brasileiro possui uma estrutura acusatória. 
 
Nas palavras de Nucci: 
 
O sistema acusatório puro prevê a separação entre órgão acusador e 
o julgador, havendo liberdade de acusação, reconhecido o mesmo 
 
24 
 
direito ao ofendido. Predomina a liberdade de ampla defesa e a 
isonomia entre as partes no processo. Vigora a publicidade do 
procedimento, quando em juízo; o contraditório está presente para as 
partes, embora jamais possa deixar de prevalecer no tocante à defesa. 
Visando a garantir a imparcialidade do juiz e do órgão acusatório, 
existe a possibilidade de recusa do julgador e do promotor. Impõe-se 
o livre sistema de produção de provas, vedando-se, no entanto, a 
obtenção de provas ilícitas. E, em alguns setores, prevê a participação 
direta do povo no julgamento de crimes pelo tribunal do júri (NUCCI, 
2010. p. 37) 
 
 
Diante do que elucida o autor citado anteriormente, se pode perceber que 
o sistema brasileiro é composto por tais características supracitadas, que fazem 
parte da estrutura acusatória. 
Não obstante, possui o acusado a garantia de ampla defesa e isonomia 
entre as partes no processo. 
Neste viés, o artigo 3º-A veio com a ideia de processo acusatório, verbis: 
 
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a 
iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação 
probatória do órgão de acusação.(BRASIL, 2019) 
 
Ressalte-se então que um dos pontos que causou maior repercussão 
dentro das inovações trazidas pelo pacote anticrime foi a criação do Juiz das 
Garantias, que veio elencado no artigo 3°-B: 
 
Art. 3º-B.O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade 
da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais 
cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder 
Judiciário, competindo-lhe especialmente. (BRASIL, 2019) 
 
 
Assim, de acordo com a nova lei o papel do juiz das garantias tem por 
objetivo afastar o poder que a princípio estaria na mão do juiz singular, ou seja, 
um único juiz que acompanharia desde a investigação inicial do caso até a 
instrução do processo, de forma que o juiz de garantias participará apenas da 
fase investigatória, e depois sairá de cena, para a entrada do juiz singular que 
irá julgar o processo de forma verdadeiramente imparcial. 
 
Giacomolli menciona: 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689.htm#art3a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689.htm#art3a
 
25 
 
O que se tem, portanto, com o juízo de garantias está para além de 
uma simples alteração formal nas regras de competência ou no método 
de organização judiciária. Trata-se, sem qualquer exagero, de uma 
verdadeira revolução política no campo do processo penal em direção 
a um paradigma de maior compromisso democrático. (GIACOMOLLI, 
2011. p. 305): 
 
De acordo com o autor mencionado anteriormente o juiz das garantias se 
trata de uma grande inovação ao processo penal, para ele representa um avanço 
das ideias democráticas, que se distingue de uma simples alteração na 
organização judiciária. 
Concernente o juiz das garantias, é o responsável pelo exercício das 
funções jurisdicionais que são à tutela das liberdades públicas; inviolabilidades 
pessoais/liberdades individuais frente à opressão estatal, na fase pré-
processual. 
Assim, se pode perceber que a visão de ambos os autores é uma visão 
positiva, onde, afirmam que é uma inovação que acrescenta muito ao processo 
penal, pois deixa a figura do juiz das garantias como responsável pela tutela das 
liberdades públicas na fase da investigação. 
 
Relativo ao juiz das garantias menciona-se ainda o entendimento de 
Nucci: 
 
A função desse juiz é o controlar a legalidade da investigação criminal 
ressalvando os direitos individuais, cuja franquia tenha sido reservada 
à autorização prévia do Poder Judiciário. O princípio da legalidade na 
esfera penal e processual penal é o esteio da investigação lídima e 
justa. Seguir a legislação é o mínimo que se pode esperar de um 
magistrado; não somente a lei em sentido estrito,mas também – e 
sobretudo – os princípios constitucionais regentes do direito penal, 
processual penal e execução penal. (NUCCI, 2020. p. 39) 
 
 
Explica o autor, em qual hipótese é a atuação do juiz de garantias, ele 
ainda destaca que a principal função é controlar a legalidade da investigação 
bem como tutelar os direitos individuais, buscando seguir a lei bem como os 
princípios constitucionais que regem a legislação penal como: 
 
 Dignidade da pessoa humana. 
 
 
26 
 
 Presunção de inocência. 
Isto posto, observemos o que foi acrescentado ao artigo 3°-B a partir dos 
seus novos incisos, onde, todos relatam as atribuições do juiz de garantias: 
 
 Receber a comunicação imediata da prisão. 
 
 Receber o auto de prisão em flagrante para controle da legalidade 
da prisão. 
 
 Zelar pela observância dos direitos do preso. 
 
 Ser informado sobre a instauração de qualquer investigação 
criminal. 
 
 Decidir sobre requerimento de prisão provisória ou outra medida 
cautelar. 
 
 Prorrogar a prisão provisória, prorrogar prazo de duração do 
inquérito, julgar habeas corpus, entre outras listadas do inciso I ao 
XVIII. 
 
 Decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do 
art. 399 deste Código. (BRASIL, 2019) 
 
O inciso tem por objetivo definir a competência do juiz de garantias ao 
decidir sobre o recebimento ou não da denúncia, onde, para o juiz das garantias 
e não mais ao juiz da instrução, devendo levar em conta que aquele teve o 
acesso ao andamento do inquérito, portanto mais apto a decidir se há uma justa 
causa para ingresso de ação penal. 
Já o artigo 3°-C tem por foco delimitar a competência do juiz de garantias, 
com o seguinte texto: 
 
Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as 
infrações penais, exceto as de menor potencial ofensivo, e cessa com 
 
27 
 
o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399 deste 
Código. (BRASIL, 2019) 
Não obstante o caput do artigo, apresenta as delimitações em relação ao 
crime, assim, abrange todas as infrações excluindo as de menor potencial 
ofensivo de competência dos juizados criminais. 
Além de delimitar quanto ao momento processual uma vez que a 
competência existe até o momento em que decidi sobre o recebimento ou não 
da denúncia ou queixa. 
Já os parágrafos do referido artigo, demonstrados a seguir elucidam como 
deverá seguir o processo após a decisão do juiz de garantias pelo recebimento 
da denúncia ou queixa-crime: 
 
 
§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão 
decididas pelo juiz da instrução e julgamento. § 2º As decisões 
proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz da instrução e 
julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá 
reexaminar a necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo 
máximo de 10 (dez) dias. § 3º Os autos que compõem as matérias de 
competência do juiz das garantias ficarão acautelados na secretaria 
desse juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e não 
serão apensados aos autos do processo enviados ao juiz da instrução 
e julgamento, ressalvados os documentos relativos às provas 
irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou de antecipação de 
provas, que deverão ser remetidos para apensamento em apartado. § 
4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos acautelados 
na secretaria do juízo das garantias. (BRASIL, 2019) 
 
 
Após o recebimento da denúncia a competência será transferida ao juiz 
da instrução, que, passará as questões pendentes, onde poderá reexaminar a 
necessidade de medidas cautelares, ressalta-se que s parágrafos supracitados, 
pontuam ainda que os autos de inquérito não serão apensados ao processo, 
como feito anteriormente. 
Oliveira Netto assinala alguns pontos negativos em relação ao 
denominado juiz das garantias: 
 
O acusado confessou a prática do crime, durante a fase de inquérito 
policial, e após, negar esta confissão e relatar outra versão, o Juiz da 
instrução não poderá ter acesso ao conteúdo desta confissão. Desta 
forma perde-se a oportunidade de formar seu convencimento baseado 
em tudo que foi obtido durante a persecução penal. (NETTO, 2020. p. 
03) 
 
 
28 
 
Observa-se que de acordo com o que institui o artigo 3°-D: O juiz que, na 
fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas competências dos arts. 
4º e 5º deste Código ficará impedido de funcionar no processo. (BRASIL, 2019) 
 Constata-se conveniente tal artigo pelo fato de que conforme já 
mencionado, objetiva-se a imparcialidade do juiz da instrução, desse modo a 
ideia trazida pelo instituto supracitado é exatamente evitar que se concentre a 
decisão em apenas um juiz. 
Nos artigos: 3°-B, 3°-C, 3°-D, 3°-E e 3°-F o legislador teve o cuidado de 
explicar a forma que o processo penal irá constituir o juízo de garantias, pois por 
se tratar de uma inovação, o instituto realmente necessitava vir detalhado quanto 
aos limites que seriam impostos a ambas as figuras judiciárias que deverão 
atuar: juiz de garantias e o juiz da instrução. 
 
5.2 O Arquivamento do Inquérito 
 
Outra alteração de destaque trazida pelo pacote anticrime é a aludida no 
artigo 28 do Código de Processo Penal, conforme se lê a seguir: 
 
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer 
elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério 
Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e 
encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins 
de homologação, na forma da lei. § 1º Se a vítima, ou seu 
representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito 
policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da 
comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente 
do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. § 2º 
Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da 
União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito 
policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a 
sua representação judicial. (BRASIL, 2019) 
 
 
 
Mudança essa considerada bem radical de acordo com os doutrinadores, 
quando comparada ao procedimento anterior, onde a decisão sobre o 
arquivamento do inquérito cabia ao juiz da instrução do processo caso 
entendesse pelo arquivamento deveria requerer ao Ministério Público, o 
arquivamento de tal processo. 
 
29 
 
De acordo com a nova redação do artigo mencionado anteriormente fica 
a cargo do Ministério Público ordenar o arquivamento do inquérito policial, sem 
que o juiz proceda à análise. 
Ficando ainda a cargo do Ministério Público comunicar sobre o 
arquivamento: 
 À vítima. 
 Ao investigado. 
 A autoridade policial. 
 
Devendo ainda encaminhar os autos para que sejam analisados pelo 
órgão superior do Ministério Público. 
Desse modo após comunicação do arquivamento à vítima, esta poderá 
recorrer caso não concorde, ao órgão superior do Ministério Público, conforme 
prevê o parágrafo 1°, do artigo 28, devendo o órgão superior submeter a matéria 
a revisão, dando a vítima a oportunidade para se manifestar a sua não 
concordância no prazo de 30 dias. 
 
5.3 Acordo de não persecução penal 
 
Quanto ao acordo de não persecução penal, a lei 13.964/2019 inseriu o 
artigo 28-A que desenvolveu uma nova medida despenalizadora, conforme se 
pode observar a seguir: 
 
 
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado 
confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal 
sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) 
anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução 
penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção 
do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e 
alternativamente. (BRASIL, 2019) 
 
 
Analisando a nova redação do artigo supracitado, pode-se perceber que 
ele estabeleceque em casos em que houver a confissão do crime, cometido sem 
 
30 
 
violência ou grave ameaça, cuja pena prevista seja de pena inferior a 4 anos, 
poderá ser proposto o acordo de não persecução penal. 
Não obstante tal acordo deve ainda estar de acordo com os requisitos 
impostos nos incisos do artigo mencionado anteriormente, tais requisitos 
encontram-se elencadas nos incisos de I a V, podendo ser aplicados de maneira 
cumulativa: 
 
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade 
de fazê-lo; II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados 
pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do 
crime; III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por 
período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída 
de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, 
na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 
(Código Penal); IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos 
termos do art. 45 do Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 
(Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser 
indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como 
função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos 
aparentemente lesados pelo delito; ou V - cumprir, por prazo 
determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde 
que proporcional e compatível com a infração penal imputada. 
(BRASIL, 2019) 
 
 
 
Conforme já mencionado tais requisitos poderão ser aplicados 
cumulativamente ou alternados de acordo com o caso concreto, pois devem ser 
na medida suficiente para a reprovação e prevenção do caso. 
Pois apesar de ter tido uma confissão para que se ocorrido o acordo de 
não persecução penal, não se pode instintivamente considerar o investigado 
como culpado da conduta. 
 
Conforme apresenta Cunha: 
 
Apesar de pressupor sua confissão, não há reconhecimento expresso 
de culpa pelo investigado. Há, se tanto, uma admissão implícita de 
culpa, de índole puramente moral, sem repercussão jurídica. A culpa, 
para ser efetivamente reconhecida, demanda o devido processo legal. 
(CUNHA, 2020. p. 129) 
 
 
Assim, sem o devido processo legal, não há como ter competência da 
coisa julgada, logo, não há como considerar o agente culpado. 
 
31 
 
Mediante ao que foi concluído anteriormente existem alguns casos em 
que um acordo de não persecução penal não pode ser efetivado, tais premissas 
encontram-se elencadas no artigo 28-A parágrafo 2°, conforme se lê a seguir: 
 
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes 
hipóteses: I - se for cabível transação penal de competência dos 
Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; II - se o investigado 
for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem 
conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se 
insignificantes as infrações penais pretéritas: III - ter sido o agente 
beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, 
em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão 
condicional do processo; e IV - nos crimes praticados no âmbito de 
violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por 
razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor. (BRASIL, 
2019) 
 
Neste momento a aplicação foi demarcada, para que não haja abuso no 
uso da medida, o que deixa a ideia de punição imprópria para uso caso o 
beneficiário seja a reincidente ou tenha utilizado esta medida, nos últimos 5 
(cinco) anos e em crimes cometidos na família protegidos pela Lei Maria da 
Penha. 
De acordo com o parágrafo 10° do artigo 28-A, se alguma das condições 
estabelecidas no acordo de persecução penal for violada, o Ministério Público 
deverá notificar o tribunal para fins de rescisão e apresentar uma reclamação 
posterior, ou seja, uma nova denúncia. 
Desse modo tal parágrafo informa que caso o procedimento feito venha a 
ser descumprido o acordo estipulado para o não persecução penal, como 
consequência o Ministério Público comunica o juízo assim rescindindo o acordo 
e dando prosseguimento a ação penal. 
O artigo 28-A, em seu parágrafo 12° ainda esclarece: 
 
A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não 
constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins 
previstos no inciso III do § 2º deste artigo. (BRASIL, 2019) 
 
Isso confirma o quanto essa medida pode ser benéfica para o agente, que 
não terá tal conduta em sua ficha crimina, ou seja em seus antecedentes. 
 
32 
 
5.4 A prova ilícita 
 
Em relação a prova ilícita menciona o artigo 157 do Código de Processo 
Penal como as provas ilegais devem ser tratadas uma vez reconhecidas, 
especificando que devem ser removidas do processo além da conceituação: 
 
 São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as 
provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas 
constitucionais ou legais. (BRASIL, 1940) 
 
 
O pacote anticrime acrescentou ao aludido artigo, o parágrafo 5°, em seu 
texto, que versa: o juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada 
inadmissível não poderá proferir a sentença ou acórdão. (BRASIL, 2019) 
Este novo parágrafo visa a proteção da imparcialidade do juiz, detalhe que 
não foi questionado, mas está bem regulamentado pela nova lei, pois mesmo 
que a prova ilícita seja retirada dos autos, o juiz ainda tem conhecimento da 
prova, o que prejudica a sua equidade, como solução nestes casos conclui-se 
pelo afastamento do juiz do caso em questão. 
Conforme elucida Oliveira Netto, existem alguns pontos negativos em 
relação ao mencionado anteriormente, vejamos: 
 
A partir de agora, se porventura o Juiz condutor do processo deparar-
se com prova ilícita (mesmo que juntada ao processo pela acusação 
ou defesa), NÃO mais poderá atuar no mesmo, devendo o caso ser 
novamente redistribuído a outro Julgador. Imagine-se, ilustrativamente, 
que a defesa, supondo que o Julgador está inclinado a proferir 
condenação contra seu cliente, adote a estratégia de juntar ao 
processo uma prova ilícita, como uma gravação obtida 
clandestinamente feita por terceiro, ou um documento conseguindo de 
forma ilegal. Pela nova redação, o Juiz, ao tomar conhecimento destas 
provas e as considerar ilícita, terá que se afastar do processo. (NETTO, 
2020. p. 06) 
 
 
 
O autor supracitado menciona ainda a possibilidade de má-fé que pode 
surgir durante o julgamento, com as partes potencialmente mudando de juiz 
quando se sentirem vulneráveis a uma decisão adversa, conforme o que a lei 
sugeriu e deixou em aberto, use essa estratégia agora juridicamente possível. 
 
33 
 
5.5 Exame de corpo de delito, cadeia de custódia e perícias 
 
Quanto ao exame de corpo de delito, cadeia de custódia e perícias, a lei 
13.964/2019 acrescentou ao Código de Processo Penal os artigos 158-A, 158-
B, 158-C, 158-D, 158-E e 158-F, conforme se lê a seguir: 
 
Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os 
procedimentos utilizados para manter e documentar a história 
cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, 
para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até 
o descarte. § 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a 
preservação do local de crime ou com procedimentos policiais ou 
periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio. § 2º O 
agente público que reconhecer um elemento como de potencial 
interesse para a produção da prova pericial fica responsável por sua 
preservação. § 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou 
latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal. 
(BRASIL, 1941) 
 
 
 
O artigo 158-A supracitado deu origem a cadeia de custódia, introduziu 
ainda seu conceito como: 
 
[...]um conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e 
documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em 
vítimasde crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu 
reconhecimento até o descarte. (BRASIL, 2019) 
 
 
Além do fato de destacar que seu início se dá com a preservação do local 
de crime bem como a observância dos procedimentos onde se detecta os 
vestígios, além de determinar que a responsabilidade de preservação é do 
agente público que a reconheceu. 
Já o artigo 158-B elenca as etapas que trará a cadeia de custódia, em 
seus incisos de I a X, entre elas destacam-se: 
 
 O reconhecimento. 
 
 Isolamento. 
 
 Fixação. 
 
 
34 
 
 Coleta. 
 
 Acondicionamento. 
 
 Transporte. 
 
 Recebimento. 
 
 Processamento. 
 
 Armazenamento. 
 
 Descarte. 
 
O artigo 158-C prevê: a coleta dos vestígios deverá ser realizada 
preferencialmente por perito oficial, que dará o encaminhamento necessário para 
a central de custódia, mesmo quando for necessária a realização de exames 
complementares. (BRASIL, 2019) 
O caput do artigo especifica a forma que a coleta dos vestígios, deve ser 
realizada. 
O seu parágrafo 2°, classificado como fraude o ato de retirar algo ou 
entrar, bem como entrar, em local isolado sem autorização de especialista, uma 
vez que é vedada a entrada em locais isolados, bem como a remoção de 
quaisquer vestígios do local do crime antes de sua liberação por um responsável, 
qualificado profissional como fraude processual. 
 
Sobre este ponto afirma Nucci, verbis: 
 
Um exagero, porque é necessário verificar se a referida entrada 
provocou algum perigo de perda ou modificação do vestígio. Afinal 
esse delito é formal – e não de mera conduta. In Vebis: inovar, 
artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o 
estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro ao 
juiz ou ao perito. [...] Se a inovação se destina a produzir efeito em 
processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em 
dobro” (artigo 347, Código Penal). Enfim a simples entrada em local 
proibido não configura crime, pois depende não somente do dolo de 
 
35 
 
fraudar prova, como também de qualquer inovação provocada no 
vestígio. (NUCCI, 2020, p.72) 
 
 
 
O doutrinador ainda elucida que o parágrafo foi adicionado de forma 
desnecessária, uma vez que já existe uma previsão legal no artigo 347 do código 
penal relativo a fraude processual apontada no parágrafo, e caso ocorra deve-
se verificar se houve inovação no rastreamento ou a intenção de burlá-lo, e não 
apenas a importação ou retirada como mencionado. 
Ademais os artigos 158-D e 158-C, buscam regularizar as perguntas 
sobre como realizar o condicionamento e a análise de traços permanecem sem 
resposta. 
Já os artigos 158-E e 158-F, determinou que todo instituto forense deve 
ter uma central de monitoramento para manter e controlar os rastros e acabar 
detalhando como funciona. 
5.6 Medidas Cautelares e as prisões 
 
Relativamente as medidas cautelares e as prisões, institui a nova lei que 
tais medidas cautelares só podem ser decretadas a pedido das partes, por 
representante da polícia ou a pedido do Ministério Público, e deixa de ser 
admitida exclusivamente pelo juiz, desse modo retira do artigo anterior conforme 
se lê no parágrafo 2° do artigo 282 do Código de Processo Penal. 
 A lei 13.964/2019 modificou o parágrafo 3° do artigo 282 que passou a 
prever: 
 
§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da 
medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a 
intimação da parte contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) 
dias, acompanhada de cópia do requerimento e das peças 
necessárias, permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência 
ou de perigo deverão ser justificados e fundamentados em decisão que 
contenha elementos do caso concreto que justifiquem essa medida 
excepcional. (BRASIL, 2019) 
 
 
A inovação instituiu um prazo de 5 (cinco) dias para que se manifeste a 
parte contrária, havendo casos em que poderá ser decretada sem a 
 
36 
 
manifestação em caso de urgência ou perigo, devendo estes ser fundamentados 
e justificados. 
Já em relação ao parágrafo 4° a modificação foi quando ocorrer o 
descumprimento das medidas, não poderá o juiz: 
 
 Decretar de ofício a substituição da medida. 
 
 Impor outra em cumulação. 
 
 Decretar a prisão preventiva, pois apenas poderá ser feito com 
requerimento da acusação. 
 
O parágrafo 5° instituiu as únicas circunstâncias em que um juiz poderia 
agir injustamente, quando era necessário revogar a medida cautelar ou substituí-
la por outras medidas. 
Já o parágrafo 6°, prevê que a prisão preventiva seria aplicada apenas 
nos últimos casos, quando nenhuma outra medida fosse suficiente. 
 
5.7 Da Prisão em Flagrante 
 
Quanto à prisão em flagrante foram estabelecidas novas formalidades, é 
o que traz o caput e os incisos do artigo 310: 
 
Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo 
de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz 
deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, 
seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o 
membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, 
fundamentadamente: I - relaxar a prisão ilegal; ou II - converter a prisão 
em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes 
do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes 
as medidas cautelares diversas da prisão; ou III - conceder liberdade 
provisória, com ou sem fiança. (BRASIL, 2019) 
 
 
Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz tem 24 horas, a contar da 
prisão, para determinar a audiência de prisão, ou seja, de custódia, onde decidirá 
 
37 
 
flexibilizar a prisão ou convertê-la em liberdade cautelar ou em liberdade 
provisória, com ou sem fiança. 
As regras para tomar a decisão pelo juiz citada anteriormente encontram-
se inseridas nos parágrafos 2°, 3° e 4°citados a seguir: 
 
§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra 
organização criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo 
de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem 
medidas cautelares. § 3º A autoridade que deu causa, sem motivação 
idônea, à não realização da audiência de custódia no prazo 
estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e 
penalmente pela omissão. § 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas 
após o decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a não 
realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará 
também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade 
competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de 
prisão preventiva. (BRASIL. 2019) 
 
 
 
Vale mencionar que os parágrafos supracitados não existiam antes da lei 
13.964/2019, entretanto se tratam de inovações ao Processo Penal, deixando 
assentadas as formas que o juiz pode agir diante de uma prisão em flagrante, 
conforme esclarece o parágrafo 2°, a reincidência e a integração em uma 
organização criminosa ou a posse limitada de armas de fogo impossibilitam a 
liberdade provisória. 
 
Corroborando defende Nucci: 
 
Porém, no tocante à reincidência, inserido em sentido amplo, pode 
cuidar-se de medida excessiva, vale dizer, depende do crime a gerar 
reincidência (Súmula 269 do STF permite a reincidentes o regime 
semiaberto, a despeito do preceituado em lei – regime fechado). Em 
certas situações, pensamos caber medidas alternativas. O mesmo se 
diga da prisão exclusivamente porque o agente porta arma de uso 
restrito. Pode ser uma pessoa que tem registro dessa arma e 
desavisadamente sai com ela pela rua. (NUCCI, 2020. p. 80) 
 
 
 
O autor deixa claro que esta passagem não surte efeito pleno em alguns 
aspectos, pois deixa espaço para que certas “injustiças” sejam introduzidas nos 
julgamentos de determinados casos e casos específicos que precisam ser 
avaliados. 
 
 
385.8 A Prisão Preventiva 
 
Em relação a prisão preventiva o que se pode perceber de acordo com a 
nova lei é que não existe mais decretação de prisão preventiva de ofício pelo 
juiz, ela ocorre apenas com pedido da parte, que segue a mesma linha das 
medidas cautelares. 
Não obstante a expressão “de ofício” foi então retirada do artigo 311 do 
Código de Processo Penal sendo assim instituída a seguinte redação: Em 
qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão 
preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do 
querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. 
(BRASIL, 2019) 
Mais tarde, foi visto como um grande avanço para o sistema de oposição, 
retirando o poder do juiz de ordenar a prisão excepcional, de modo que ele teve 
que analisar os fatos e argumentos envolvidos na reclamação do apresentador. 
Já o artigo 312 foi acrescido do seguinte apontamento “perigo gerado pelo 
estado de liberdade do imputado”, e assim ficou o artigo: 
 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da 
ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução 
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver 
prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo 
gerado pelo estado de liberdade do imputado. § 1º A prisão preventiva 
também poderá ser decretada em caso de descumprimento de 
qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas 
cautelares (art. 282, § 4o). § 2º A decisão que decretar a prisão 
preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e 
existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem 
a aplicação da medida adotada. (BRASIL, 2019) 
 
 
Esta nova base para ordenar a detenção e prevenção provou ser 
supérflua, as palavras "garantia da aplicação da lei penal" ou "adequação da 
investigação criminal" são suficientes para a base. A detenção foi mencionada 
antes da lei sobre esta questão dependente deve ser adequado. 
O parágrafo 2°, do artigo 312 também foi acrescentado, o mesmo 
determinou que a decisão deve ser fundamentada para justificar a aplicação da 
 
39 
 
medida. Aqui, novamente, vemos o interesse do legislador em utilizar a prisão 
preventiva apenas como medida de último recurso. 
A lei também visa proteger os réus de serem condenados 
antecipadamente, como também se observa na leitura do artigo 313, parágrafo 
2°: não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de 
antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de 
investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia. (BRASIL, 
2019) 
Além do mais o artigo 315 buscou reforçar o fato de que a prisão 
preventiva deve ser fundamentada e motivada, ainda por cima explicou de forma 
detalhada a forma em que deve ou não deve ser feita a decisão que decreta a 
prisão preventiva. 
 
Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão 
preventiva será sempre motivada e fundamentada. § 1º Na motivação 
da decretação da prisão preventiva ou de qualquer outra cautelar, o 
juiz deverá indicar concretamente a existência de fatos novos ou 
contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada. 
(BRASIL, 2019) 
 
 
Anteriormente a lei 13.964/2019, entrar em vigor tal artigo possuía apenas 
o caput com esta mesma redação, sendo acrescentados os parágrafos 1° e 2°, 
que detalharam a forma da decisão que decreta a prisão preventiva, além de 
colocar o juiz indicando de forma concreta a existência de fatos novos ou 
contemporâneos que justifiquem a prisão. 
Analisemos o parágrafo 2° do artigo 315: 
 
§ 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela 
interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - limitar-se à indicação, à 
reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação 
com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos 
indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no 
caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra 
decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no 
processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo 
julgador; V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, 
sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que 
o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de 
seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado 
pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em 
julgamento ou a superação do entendimento. (BRASIL, 2019) 
 
 
40 
 
 
Como se pode observar o parágrafo supracitado veio estabelecer as 
decisões que não são seriam suficientes para que se decretasse a prisão, ainda 
enumerou em seus incisos o que deve sempre ser levado em conta no momento 
em que o magistrado elaborar a decisão. 
 
De acordo com Nucci: 
 
Observa-se que após a reforma introduzida pela lei 13.964/2019, tem-
se insistido em diferençar motivação e fundamentação. Parece-nos 
razoável, pretendendo apontar na motivação os elementos utilizados 
pelo juiz dentro de seus critérios racionais; atingindo a fundamentação, 
pretende-se apontar o alicerce da motivação calcada nas provas dos 
autos. (NUCCI, 2020. p. 84) 
 
 
O autor citado anteriormente aborda de forma positiva a insistência da lei 
em diferenciar a motivação da fundamentação e ainda instituir que na decisão 
ambas estejam presentes. 
As alterações instituídas pelo denominado pacote anticrime causaram 
impacto não apenas ao Código Penal e ao Código de Processo Penal mas 
diversas mudanças pontuais em diversas outras leis, as quais vale a pena o 
estudante que queira se aprofundar nesta área buscar conhecer. 
Para isto lista-se a seguir as leis alteradas pela Lei n. 13.964/2019: 
 
 Lei de Execução Penal. 
 
 Lei de crimes hediondos. 
 
 Lei de interceptação telefônica. 
 
 Lavagem de dinheiro. 
 
 Estatuto do desarmamento. 
 
 Lei de drogas. 
 
 
41 
 
 Lei da Organização criminosa. 
 
 Código de Processo Penal Militar. 
 
O direito penal, como qualquer sistema jurídico, sempre precisa mudar 
para se adaptar à realidade à medida que a sociedade começa a se desenvolver. 
O Código Penal Brasileiro nasceu em 1940 e desde então surgiram novos 
hábitos e formas de convivência humana, incluindo novos crimes. 
A estrutura do sistema penal deve buscar sempre servir à sociedade, 
garantindo que as injustiças sejam cada vez mais retificadas e evitadas, pois o 
Direito Penal é concebido para proteger toda a vida em sociedade. 
Isso faz com que mudanças como as propostas pela nova lei sejam muito 
bem-vindas e necessárias, pois tornaram a lei penal mais dura onde necessário 
e poderiam ter feito mais do que isso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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