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1 GENÉTICA DO CÂNCER Prof. Janainna Pacheco FACTHUS / 2015 INTRODUÇÃO Evidências recentes indicam que aproximadamente uma em quatro mortes, hoje em dia, se deva ao câncer e que mais da metade da população vai ser diagnosticada com câncer invasivo em alguma momento da sua vida. O “Câncer“ é uma coleção de doenças que compartilham uma característica comum de crescimento celular incontrolado. Doença genômica, surgindo como consequência de alterações acumulativas no DNA de células normais, as quais sofrem transformações até se tornarem malignas. A carcinogênese resulta de múltiplas etapas e pode envolver dezenas, até centenas, de genes, por meio de mutações gênicas, quebras e perdas cromossômicas, amplificações gênicas, instabilidade genômica e mecanismos epigenéticos. INTRODUÇÃO http://genetica.ufcspa.edu.br/revisaogenecan.htm Nomenclatura Karkinus - Caranguejo - Câncer • Karkinus - Latin : “Caranguejo” ,“Cancer”. • Metástase - Grego “Mudança de posição”. 2 ETAPAS DA CARCINOGÊNESE 1. INICIAÇÃO resulta da exposição a um carcinógeno (iniciador) dano permanente ao DNA (lesão Irreversível) Sozinha não dá origem a um tumor 2.PROMOÇÃO Responde após um iniciador Expressão da alteração genômica (Proliferação Celular) 3.PROGRESSÃO/ MANIFESTAÇÃO Crescimento exponencial do Tumor NEOPLASIA/ METASTASE INICIAÇÃO PROMOÇÃO PROGRESSÃO Morte celular (apoptose) Carcinogênese Dano DNA oncogenes genes supressores indutores de apoptose sistema de reparo de DNA Mutações somáticas expressão de proteínas alteradas perda de produtos reguladores proliferação celular morte células neoplásicas Manifestação Progressão Promoção Iniciação Químicos Físicos Biológicos novas mutações heterogenicidade CÂNCER Reparo do DNA Teoria da iniciação/promoção Iniciação Promoção Progressão Manifestação clinica 3 MUTAÇÃO = LESÃO GENÉTICA NÃO LETAL Causas de mutações genéticas: • agressão por agentes ambientais • ação de substâncias químicas • infecções por vírus Os fatores ambientais representam papéis importantes na carcinogênese. O risco total de um indivíduo desenvolver câncer depende da combinação de fatores herdados com componentes ambientais. CONSIDERAÇÕES AMBIENTAIS Caracteristicas da Célula Tumoral TUMORES BENIGNOS E MALÍGNOS Sinais inibitórios adicionais dever ser superados para que um tumor atinja um estado maligno, no qual a neoplasia invade os tecidos próximos e se espalha (METÁSTASE) para locais distante do corpo. A capacidade de invadir e de formar metástase distingue as neoplasias malignas das benignas. 4 Diferenças entre tumores benignos e malignos CARACTERÍSTICAS BENIGNOS MALIGNOS diferenciação bem-diferenciados indiferenciados ritmo de crescimento lento rápido invasão não invadem invadem mitoses raras e normais frequentes e atípicas metástase ausente presente TUMORES BENIGNOS E MALÍGNOS COMO TRATAR O CÂNCER? Atualmente o objetivo dos pesquisadores é entender em detalhes o que deu errado neste tipo célula e detectá-las precocemente e, finalmente, interferir no seu desenvolvimento para eliminá-las. CAUSAS DO CÂNCER A causa básica do câncer é o dano a genes específicos Mutações em genes específicos se acumulam em células somáticas ao longo dos anos, até que ocorra perda de um número crítico de mecanismos de controle do crescimento e inicia-se o tumor. Se o dano ocorrer em células germinativas, a forma alterada destes genes será transmitida para a progênie e predispô-las ao câncer. CONSIDERAÇÕES GENÉTICAS PRINCIPAIS CLASSES DE GENES ENVOLVIDOS NO CÂNCER Genes ligados ao câncer podem ser classificados em três categorias: 1. Supressores de tumor – inibem a proliferação celular 2. Oncogenes – ativam a proliferação celular 3. Genes de Reparo do DNA 5 1. GENES SUPRESSORES DE TUMOR São genes que expressam produtos que regulam negativamente o ciclo celular. Os produtos destes tipos de genes evitam a formação de tumor por meio do controle de crescimento e, na maioria dos casos, podem fazer isto mesmo que a célula contenha apenas uma versão normal do gene Mutações de perda de função que inativam ambas as cópias do gene supressor de tumor podem levar a proliferação celular incontrolada http://genetica.ufcspa.edu.br/revisaogenecan.htm Principais Genes Supressores Tumorais São também chamados de GATEKEEPERS OU GENES PROTETORES: regulam diretamente o ciclo celular. Gene Tp53: Ele é responsável pela interrupção do ciclo celular na fase G1 quando há qualquer alteração na sequência de DNA, a fim de que o dano seja reparado, caso contrário induz a apoptose. Gene RB1: produz uma proteína que bloqueia o ciclo celular. Apesar desse gene se expressar em vários tecidos além da retina, sua mutação resulta geralmente em retinoblastoma, hereditário (em 40% dos casos) e esporádico (em 60% casos). Gene APC: Mutações no APC provocam polipose intestinal adenomatosa de caráter familiar ou esporádico e síndromes que envolvem câncer colorretal, como a síndrome de Gardner. http://genetica.ufcspa.edu.br/revisaogenecan.htm GENE TP53 Mutações somáticas no gene TP53 foram encontradas em cerca de 2/3 de todos os tumores humanos, tornando-o o gene de câncer mais comumente alterado. Mutações no gene TP53 ocorrem em mais de 50 tipos de câncer diferentes, incluindo os de bexiga, cérebro, mamas, colo do útero, cólon, esôfago, laringe, fígado, pulmão, ovário, pâncreas, próstata, pele, estômago e tireóide. TP53 é um gene supressor de tumor. O seu produto gênico p53 aumenta a quantidade de resposta ao dano celular. A p53 pode interagir com vários outros genes que ajudam no controle do ciclo celular. GENE TP53 TP53 é de importância médica por pelo menos 2 motivos: 1. Presença de mutações em TP53 em tumores, particularmente o de mama e de cólon, geralmente sinaliza um câncer mais agressivo, sendo um indicador de prognóstico útil. 2. TP53 pode mostra-se importante na prevenção de tumor. Experimentos mostraram que inserção do gene normal em células tumorais levam a regressão do tumor pela indução de apoptose 6 2. ONCOGENES Os oncogenes são proto-oncogenes que sofreram mutações ativadoras, ou seja, que passaram a ter ganho de função ou hiperexpressão. Uma característica importante dos oncogenes é que eles têm efeito dominante. São responsáveis por aumentar a proliferação celular, ao mesmo tempo em que inibem a apoptose, eventos que podem dar início a uma neoplasia. http://genetica.ufcspa.edu.br/revisaogenecan.htm Alguns exemplos de oncogenes ativados : Gene RAS: quando mutado, codifica proteína anormal que passa a sinalizar e estimular a proliferação celular. Genes ABL / BCR: a translocação do proto-oncogene ABL do cromossomo 9 para o 22 (cromossomo Philadelphia) faz com que aproteina seja hiperfuncional (leucemia mielóide crônica). Gene MYC: sofre uma translocação do cromossomo 8 para o 14. Esse rearranjo provoca uma ativação transcricional exagerada do gene MYC. A proteína myc atua como fator de transcrição e na expressão da telomerase (linfoma de Burkitt). Gene HER2: é um proto-oncogene responsável por codificar receptores de fatores de crescimento. Se transformado em oncogene, produz um número maior de receptores muito sensíveis, mas pouco específicos, ou seja, responderão a qualquer estímulo iniciando a proliferação celular (câncer de mamaem ambos os sexos). Gene BCL2: translocação entre os cromossomos 14 e 18, o gene BCL2 passa a ter uma alta taxa de expressão, codificando intensamente uma proteína com efeitos antiapoptóticos (linfoma de células B folicular em 80% dos pacientes). Genes MET e RET: expressam receptores de fatores de crescimento. Esses são praticamente os únicos exemplos conhecidos de cânceres hereditários causados por proto-oncogenes. Genes que codificam a telomerase : responsáveis pela enzima de mesmo nome, que mantém um número suficiente de repetições do tipo TTAGGG nos telomeros, o que impede a destruição celular. Este processo é limitado, fazendo com que a célula envelheça e seja eliminada. Esta alteração contribui para a imortalidade celular e, consequentemente, para o surgimento do processo neoplásico. http://genetica.ufcspa.edu.br/revisaogenecan.htm GENES SUPRESSORES DE TUMOR X ONCOGENES 7 3. GENES DE REPARO DO DNA As células tumorais são tipicamente caracterizadas por mutações espalhadas, quebras cromossômicas e aneuploidias INSTABILIDADE GENÔMICA Defeitos nas proteínas necessárias para uma divisão celular precisa ou nas proteínas responsáveis pelo reparo do DNA Os genes de reparo são também conhecidos como CARETAKERS OU GENES DE MANUTENÇÃO: atuam reparando danos no DNA, mantendo a integridade genômica e evitando a instabilidade genética. Genes BRCA1 e BRCA2: Os produtos dos dois genes são responsáveis pela resposta celular às quebras do DNA que ocorrem normalmente na recombinação homóloga ou de forma anormal quando há danos na estrutura do DNA. Se mutados, predispõem ao aparecimento de câncer de mama e de ovário, que tanto podem ter caráter esporádico quanto hereditário. Genes MMR: são genes responsáveis por reparar erros de pareamento do DNA. Há inúmeros genes de reparo existentes, mas somente alguns já foram identificados como causadores de tumores como: MLH1, MSH2, PMSL1, PMSL2 e MSH6. Alterações nesses genes de reparo provocam, mais frequentemente, câncer colorretal hereditário sem polipose, mas também são responsáveis por cânceres intestinais esporádicos. http://genetica.ufcspa.edu.br/revisaogenecan.htm IDENTIFICAÇÃO DE GENES DO CÂNCER HERDADO Quando genes responsáveis por doenças transmitidas geneticamente não podem ser identificados por meio de seu comportamento bioquímico, ele se tornam candidatos a investigações baseadas em mapeamento gênico e detecção de mutações em pacientes. • 5 – 10%: Mutações germinativas (hereditárias) • Restante (90-95%): mutações somáticas. Mapeamento – ligação famíliar, padrão de herança do fenótipo define a transmissão genética de um alelo alterado Baseado em perdas cromossômicas frequentes e associadas, principalmente, a genes supressores de tumor RETINOBLASTOMA Ausência de uma proteína que inibe a proliferação celular. A evidência inicial para o mapeamento do gene RB1 no cromos. 13q14 veio de estudos de ligação em famílias. • 40% - hereditários / 60% somáticos. • Câncer da retina que afeta tipicamente crianças novas. • Embora Rb seja um alelo recessivo ao nível celular, a análise genética padrão descreveria a transmissão de modo autossômica dominante. • Mutação na linhagem germinativa inativa uma das cópias cópias do gene RB em todas as células da retina em ambos olhos. O único gene RB normal restante adquire mutação em pelo menos 1 das células da retina. 8 A perda somática da proteína retinoblastoma (Rb) também foi associada a outros tumores, como: • Osteosarcoma • Fibrossarcoma • Melanomas POLIPOSE ADENOMATOSA FAMILIAR (FAP) O câncer de cólon afetam 1 em cada 20 norte- americanos e se agrupa em famílias. A polipose adenomatosa familiar (FAP) ou cólon poliposo adenomatoso (APC) é caracterizada pelo aparecimento inicial de adenomas múltiplos ou pólipos, no cólon. Adenomas múltiplos tem risco grave de se tornarem malignos precocemente. A detecção e remoção iniciais dos pólipos podem reduzir significantemente a ocorrência de câncer de cólon. GENES DA POLIPOSE ADENOMATOSA FAMILIAR APC, SAMD4 E TP53 – genes supressores de tumor e KRAS – proto- oncogene. CÂNCER DE MAMA HEREDITÁRIO O CA Mama é mais comum em mulheres, com taxa de mortalidade de 10,44 por 100mil no brasil. Maior incidência em mulheres pós menopausa e existem fatores de risco associados como: sobrepeso, alcoolismo, alterações hormonais, lesões mamarias de alto risco, genética familiar (parentes próximos com CA mama). A prevalência do câncer ao longo da vida em mulheres é de 1 em 8, o risco da mulher desenvolver o câncer dobra se um parente de primeiro grau for afetado 9 Dois genes BRCA1 e BRCA2 (judeus Ashkenaze e europeus do leste da Europa) foram identificados como contribuidores principais do câncer de mama herdados, incluindo o CA mama masculino, e do carcinoma de ovário. Mulheres que herdam uma mutação em BRCA1 experimentam um risco ao longo da vida de 87% e mutação em BRCA2 experimentam um risco ao longo da vida de 85% de desenvolverem câncer de mama. CÂNCER DE MAMA HEREDITÁRIO Mastectomia profilática como abordagem terapêutica???? Criação de um registro de câncer de mama????? CÂNCER DE MAMA HEREDITÁRIO Mutações em BRCA1 ou BCRA2 também aumentam os riscos de câncer de ovário entre as mulheres CÂNCER DE MAMA HEREDITÁRIO CÂNCER DE OVÁRIO HEREDITÁRIO No Brasil: 2,51 mortes por 100 mil. Mutações em BRCA1 e BRCA 2 – 90% dos canceres familiares - (judeus Ashkenaze e europeus do leste da Europa). Estes genes conferem uma probabilidade de até 60% maior de CA ovário. Média de idade CA ovário hereditária: 43 a 48 anos. Ooforectomia profilática???? Privação do estrogênio = doenças coronarianas, osteoporose e atrofia vaginal. Prognostico para pacientes: Reservado – sobrevida de 5 anos em 40% casos. 10 Aconselhamento Genético em Câncer hereditário • Pacientes devem ser instruídos quanto a possibilidade de ter herdado o gene mutado. • Diagnóstico precoce / Mudanças nos hábitos de vida (perda de peso, parar de fumar, etc) / Acompanhamento médico preventivo. • Dificuldades: Método utilizado deve ser aceitável para a população, fácil e relativamente barato. Legislação do país No futuro, um melhor entendimento deste genes e suas funções vai oferecer a esperança para a prevenção do câncer porque estes genes são claramente limitantes da formação do tumor
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