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AULA 1 CONSIDERAÇÕES GERAIS (1) - UNEMAT

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO – UNEMAT – CAMPUS ALTA FLORESTA
CURSO DE DIREITO – BACHARELADO
DISCIPLINA: PSICOLOGIA JURÍDICA - PROFESSOR MS. ANA CELIA DE JULIO
AULA 01 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE A DISCIPLINA
TENHO A FELIZ INCUMBÊNCIA DE APRESENTAR A TODOS VOCÊS ESTE RAMO DA PSICOLOGIA TÃO IMPORTANTE NO MUNDO JURÍDICO, CHAMADO PSICOLOGIA JURÍDICA. 
MAS, O QUE SIGNIFICA PSICOLOGIA JURÍDICA?
EM PRIMEIRO LUGAR, É IMPORTANTE DIZER O QUE É PSICOLOGIA, SEUS OBJETIVOS E SUAS PRINCIPAIS ESPECIALIDADES. 
PSICO = MENTE
E
LOGOS = ESTUDO, TRABALHO, SENTIDO, PALAVRA.
A PSICOLOGIA MODERNA PODE SER DEFINIDA COMO O ESTUDO CIENTÍFICO DO COMPORTAMENTO E DOS PROCESSOS MENTAIS. COMPORTAMENTO É AQUILO QUE CARACTERIZA AÇÕES DO SER HUMANO, COMO FALAR, ANDAR, LER, ESCREVER, NADAR, ETC. PROCESSOS MENTAIS SÃO EXPERIÊNCIAS INTERNAS, TAIS COMO SENTIMENTOS, LEMBRANÇAS, AFETOS, DESEJOS E SONHOS. 
A PSICOLOGIA, NOS DIAS ATUAIS, TEM SE PREOCUPADO BASTANTE EM MANTER SEU ESTATUTO DE CIENTIFICIDADE, DANDO GRANDE IMPORTÂNCIA PARA AS EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS, DEVENDO-SE CONSIDERAR QUE O PENSAMENTO CRÍTICO E INOVADOR CONSTITUEM ETAPA OBRIGATÓRIA DESSA COMPREENSÃO. 
É COMUM REFERIR DIVERSAS ÁREAS NA PSICOLOGIA, MAS A CIÊNCIA PSICOLÓGICA É UMA SÓ, POSSUINDO VÁRIAS FACES E SE EXPRESSANDO ATRAVÉS DE DIFERENTES LINGUAGENS. 
EXISTEM VÁRIAS DIVISÕES DA PSICOLOGIA, ONDE CITAMOS ALGUMAS DELAS: PSICOLOGIA CLÍNICA; PSICOLOGIA EDUCACIONAL; PSICOLOGIA DA SAÚDE; PSICOLOGIA ECONÔMICA; PSICOLOGIA DO CONSUMIDOR; PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL/INDUSTRIAL; PSICOLOGIA SOCIAL; PSICOLOGIA HOSPITALAR; PSICOLOGIA COMUNITÁRIA; PSICOLOGIA AMBIENTAL; PSICOLOGIA ESPORTIVA; PSICOLOGIA JURÍDICA, ENTRE OUTROS. 
JÁ COMO DEFINIÇÃO DE PSICOLOGIA JURÍDICA, TEMOS: 
PSICOLOGIA JURIDICA é a ciência que estuda o comportamento do ser humano e os processos mentais deste, relativos a questões que envolvam o direito, apresentando subsídios e até mesmo soluções para auxilio no desenrolar de questões relativas ao direito, quando assim lhe é solicitado pelo juiz.
CONCEITO DE PSICOLOGIA JURÍDICA: 
SEGUNDO JORGE TRINDADE, CITANDO CLEMENTE (1998, P. 25), A PSICOLOGIA JURÍDICA “É O ESTUDO DO COMPORTAMENTO DAS PESSOAS E DOS GRUPOS ENQUANTO TÊM A NECESSIDADE DE DESENVOLVER-SE DENTRO DE ABIENTES REGULADOS JURIDICAMENTE, ASSIM, COMO DA EVOLUÇÃO DESSAS REGULAMENTAÇÕES JURÍDICAS OU LEIS ENQUANTO OS GRUPOS SOCIAIS SE DESENVOLVEM NELES”. 
O TERMO “PSICOLOGIA JURÍDICA” FOI DEFENDIDO PELO MÉDICO E SOCIOLOGO ESPANHOL EMILIO MIRA Y LÓPEZ, AUTOR DO LIVRO “MANUAL DE PSICOLOGIA JURÍDICA”.
A PSICOLOGIA JURÍDICA, NA SUA TOTALIDADE, NÃO É APENAS UM INSTRUMENTO A SERVIÇO DO JURÍDICO. ELA ANAISA AS RELAÇÕES SOCIAIS MUITAS DAS QUAIS NÃO CHEGAM A SER SELECIONADAS PELO LEGISLADOR. EM OUTRAS PALAVRAS, NÃO SE JURIDICIZAM, ISTO É, PERMANECEM DESTITUÍDAS DE INCIDÊNCIA NORMATIVA E CONSTITUEM A GRANDE MAIORIA DE NOSSOS COMPORTAMENTOS SOCIAIS. 
NÃO SE ESQUECENDO DAS DIFICULDADES EXISTENTES, A PSICOLOGIA JURÍDICA É IMPORTANTE NÃO SÓ PARA O DIREITO, MAS PRINCIPALMENTE ESSENCIAL À JUSTIÇA. NA VERDADE, PARA SE CHEGAR A JUSTIÇA, PRECISA-SE DO DIREITO E DA PSICOLOGIA, AMGOS COMPARTILHANDO O MESMO OBJETO QUE É O HOMEM E SEU BEM-ESTAR. 
A PSICOLOGIA, DE MODO GERAL, PODE PERMITIR AO HOMEM CONHECER MELHOR O MUNDO, OS OUTROS E A SI PRÓPRIO. A PSICOLOGIA JURÍDICA, EM PARTICULAR, PODE AUXILIAR A COMPREENDER O HOMMO JURIDICUS E A MELHORÁ-LO, MAS TAMBÉM PODE AJUDAR A COMPREENDER AS LEIS E AS SUAS CONFLITUALIDADES, PRINCIPALMENTE AS INSTITUIÇÕES JURÍDICAS, E MELHORÁ-LAS TAMBÉM. ASSIM, A APROXIMAÇÃO ENTRE O DIREITO E PSICOLOGIA, BEM COMO A CRIAÇÃO DE UM TERRITÓRIO TRANSDISCIPLINAR, É UMA VERDADEIRA QUESTÃO DE JUSTIÇA. 
A PSICOLOGIA JURÍDICA É A PSICOLOGIA QUE AJUDA O DIREITO A ATINGIR SEUS FINS. TRATA-SE DE UMA CIÊNCIA AUXILIAR DO DIREITO E NÃO AQUELA QUE O QUESTIONA, NEM AQUELA CAPAZ DE O INTERROGAR. 
A IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA JURIDICA PARA OS PROFISSIONAIS DO DIREITO: 
O SISTEMA DA JUSTIÇA TEM SE APERFEIÇOADO EM TODOS OS SENTIDOS AO LONGO DO TEMPO. ISSO É FRUTO DO ESFORÇO DE DOUTRINADORES, LEGISLADORES, PROFESSOR, MAGISTRADO e ESTUDIOSO, NÃO SÓ DO DIREITO, MAS TABÉM DA PSICOLOGIA E DE OUTROS RAMOS DO CONHECIMENTO, 
ENTRETANTO, É RAZOÁVEL ESTIMAR QUE UMA PARTE DOS ERROS JUDICIAIS ES´TA ASSOCIADA AO DESCONHECIMENTO DE ASSUNTOS PSICOLÓGICOS ESSENCIAIS. 
SE PRETENDERMOS APRIMORAR A JUSTIÇA E AS INSTITUIÇÕES, DEVEMOS CONHECER OS MECANISMOS PSICOLÓGICOS DO COMPORTAMENTO HUMANO. 
ISSO COEÇA POR INSTRUMENTALIZAR OS ADVOGADOS, QUE SÃO SEMPRE O PRIMEIRO JUIZ DA CAUSA, E OS PROMOTORES DE JUSTIÇA, QUE LIDAM A TODO INSTANTE COM OS CONFLITOS INDIVIDUAIS E SOCIAIS, E OS JUÍZES, QUE TÊM A MISSÃO DE RESOLVER ESSES CONFLITOS.
COMO ACONTECE NA MEDICINA, ONDE UM GRANDE NÚMERO DE CONSULTAS SE DEVE À BUSCA DE SOLUÇÕES PARA PROBLEMAS PSICOLÓGICOS, TAMBÉM MUITOS CONFLITOS JURÍDICOS SÃO DECORRENTES, MOTIVADOS OU MANTIDOS, POR QUESTÕES DE NATUREZA EMOCIONAL E PSICOLÓGICA.
A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA JURÍDICA É, PORTANTO, FUNDAMENTAL: 
Nas questões de família: separação, divórcio, regulamentação de visitas, guarda e a adoção. Há um manancial de problemas emocionais, tais como a raiva, o ciúme, o medo, o ódio, a retaliação ou a vingança de um cônjuge contra outro. A síndrome de alienação parental (SAP) é um excelente exemplo disso;
No direito penal: a começar pelo crime e suas motivações. Todo crime é o resultado grave de uma alteração do comportamento humano (conduta). O homicídio, por exemplo, é uma expressão emocional na conduta que exprime o comportamento criminoso carregado de sentimentos conflituosos. No parricídio, matricídio, parenticídio, uxoricídio e no filicídio essas características podem ser mais visíveis ainda. 
Nos delitos sexuais: nas personalidades perversas, na pedofilia, nos crimes perpetrados por sádicos e masoquistas no abuso sexual infantil; 
Nas questões de inimputabilidade e na responsabilidade diminuída de que trata o artigo 26, caput e parágrafo único, do Código Penal;
Na medida de segurança e no procedimento de Declaração do Incidente de Insanidade Mental;
Na vitimologia, onde determinados tipos psicológicos são mais suscetíveis de serem vítimas de crime do que outros, e aspectos conscientes e inconscientes podem levar ao lugar da vítima numa estranha linguagem com mensagens que vítima e criminoso estabelecem entre si a Síndrome de Estocolmo exemplifica bem essa condição. Além disso, a Psicologia Jurídica desempenha um importante papel na compreensão do doloroso processo de revitimização a segunda agressão que pode representar a má condução de um procedimento policial ou judicial, capaz de fazer a pessoa, já vitimada a reviver o momento traumático como um novo insulto;
No direito penitenciário, que afastado pelo direito da sociedade que feriu, o apenado deverá ser reintegrado e ressocializado;
No direito da criança e do adolescente e no Modelo de Proteção Integral proposta pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, no qual se destaca a titulo de exemplificação: - o direito à família natural; - o direito à família saudável, livre de drogas e outras dependências; - o direito à escola e ao processo de aprendizado formal exitoso; - o direito à saúde, que a OMS refere não apenas como bem-estar físico, mas também emocional e social;
No direito do idoso, daquelas pessoas que trabalharam, produziram, viveram antes de nós, e merecem cuidados especiais, e, por isso mesmo, esmerada atenção psicológica;
Nos delitos de trânsito, especialidade que hoje se denomina direito do transito ou automobilístico, cujas ações tramitam nas Varas Especializadas de Acidentes de Trânsito, e no estudo das causas da sinistralidade, e na tarefa de seleção, acompanhamento e reabilitação de motoristas;
No âmbito do Direito Civil, quando, por exemplo, trata da capacidade das pessoas, do agente da compra-venda ou da doação e, mais especificamente, da interdição, mormente quando a causa é doença mental ou psicológica;
No Processo Penal, nos procedimentos de oitiva de testemunhas, na veracidade dos depoimentos,no interrogatório do réu e nas estratégias de convencimento dos jurados, aspectos que, por si só, autorizam falar de uma verdadeira Psicologia do Júri;
Na avaliação de Toxicodependentes, na psicologia dos usuários de drogas, quase sempre vítimas de outra psicologia, aquela que anima a mente inescrupulosa dos traficantes;
Na Justiça Terapêutica, já implementada em muitos países desenvolvidos e em alguns estados brasileiros;
No Direito do Trabalho, nas condições emocionais do sujeito trabalhador e especialmente no trabalhador desempregado, do dano moral e psicológico; 
No Direito do Funcionário Público, que ficou enfermo pela rotina do trabalho ou pelo excesso de responsabilidade ou de risco, como o professor ou o policial, civil ou militar, que expõe sua própria vida e nem sempre é condizentemente remunerado, assim coo em matéria dos concursos públicos e na seleção e recrutamento de recursos humanos;
No direito da mulher violentada ou agredida, às vezes, dentro do próprio lar (lei Maria da Penha);
No estudo particular da personalidade do réu, da testemunha e do jurado; 
No importante auxílio que a psicologia jurídica pode oferecer ao próprio advogado, como pessoa humana, ao Membro do Ministério Público, Promotor e Procurador de Justiça, encarregado de representar os interesses sociais indisponíveis, e, sobretudo, o que a psicologia pode informar quanto à produção das decisões judiciais: a psicossociologia (sociopsicologia) das decisões judiciais d a formação dos magistrados (psicologia dos magistrados);
 Na tarefa policial e na investigação criminal;
Nas teorias criminológicas de explicação da delinquência, da violência e da guerra, do direito dos expatriados e dos grupos minoritários, na psicologia criminal e política;
COMO ACIMA PODEMOS CONSTATAR, OS EXEPLOS LISTADOS MOSTRAM QUE A ENCICLOPÉDIA JURÍDICA São TAMBÉM A ENCICLOPÉDIA DA PSICOLOGIA JURÍDICA. COMO JÁ SE CITOU AQUI, DIREITO E PSICOLOGIA SÃO DUAS DISCIPLINAS IRMÂS QUE NASCEM COM O MESMO FIM E COMPARTEM O MESMO OBJETO DE ESTUDO: O HOMEM E SEU COMPORTAMENTO. AMBAS ESTÃO DESTINADAS A SERVIR O HOMEM E A SOCIEDADE, BEM COMO PROMOVER UM MUNDO MAIS JUSTO E MELHOR.
Notas: 
No Brasil, a proposta onde a legislação seja cumprida harmonicamente com medidas sociais e tratamento às pessoas que praticam crimes onde o componente ‘drogas’, no sentido amplo, esteja presente de alguma maneira, pode ser chamada de Justiça Terapêutica.
A Justiça Terapêutica, que será objetivo desta pesquisa, consiste em um conjunto de medidas que visam à possibilidade de infratores usuários ou dependentes de drogas (e que em razão delas tenham cometido crimes) receberem tratamento, ou outro tipo de terapia, buscando-se evitar a aplicação de pena privativa de liberdade, modificando seus comportamentos delituosos para comportamentos socialmente adequados.
Apesar de a discussão da Justiça Terapêutica ainda se encontrar na fase embrionária, o seu estudo é indispensável, tendo em vista a importância do tema e da sua aplicabilidade prática.

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