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23/06/2017 1 MICROBIOLOGIA DA CÁRIE Prof. Felipe Piedade G. Neves O papel decisivo na indispensabilidade das bactérias no processo da cárie foi demonstrado por Orland et al. (1954) na Universidade de Notre Dame. Experimento Ratos livres de germes Sem cárie Ratos convencionais Com cárie Dieta cariogênica CONCEITO DOENÇA CÁRIE (KEYES, 1962) “Doença infecto-contagiosa de caráter crônico, causada pelo processo de desmineralização da superfície dental por ácidos orgânicos provenientes da fermentação dos carboidratos da dieta pelas bactérias.” DIAGRAMA DE KEYES Processo crônico, que aparece após algum tempo da presença e da interação desses três fatores (dente, microbiota e substrato) Acrescentou um quarto fator – o tempo CONCEITO DOENÇA CÁRIE (NEWBRUM, 1988) FEJERSKOW e MANJI (1990) Demonstraram as relações entre o biofilme e os múltiplos determinantes que influenciam a possibilidade de desenvolvimento da lesão de cárie. Fator imprescindível mas não único, pois é um fenômeno fisiológico e onipresente no ser humano. FEJERSKOW e MANJI (1990) BIOFILME Metabolismo Flutuações no pH Fatores determinantes CÁRIE Composição do biofilme Composição e capacidade tampão da saliva velocidade da secreção salivar Composição e frequência da dieta 23/06/2017 2 WEYNE e HARARI, 2002 PERINETTI et al., 2005 ACRESCENTARAM OS FATORES CONFUNDIDORES (variam de população para população) Socioeconômicos Educacionais Comportamentais Comporta- mentais BIOFILME Metabolismo Flutuações no pH Fatores determinantes CÁRIE Composição do biofilme Ccomposição e capacidade tampão da saliva Velocidade da secreção salivar Composição e frequência da dieta Fatores confundidores Educacionais Socio- econômicos WEYNE e HARARI, 2002 PERINETTI et al., 2005 O controle desses fatores consegue apenas diminuir a incidência de cárie sem, no entanto, erradicá-la. Isso conduz a um raciocínio controverso: ou não se consegue interpretar os achados científicos corretamente ou ainda não se estabeleceu um conceito definitivo sobre a “doença”. SHAFER et al. (1987) destruição localizada dos tecidos do dente provocada por ação bacteriana causando desmineralização do esmalte, dentina ou cemento. Doença multifatorial dieta-dependente Desmineralização do esmalte provocada pelo desequilíbrio frequente do fenômeno “des-re”, durante um período de tempo, produzida pela ação de ácidos provenientes do metabolismo de carboidratos na placa bacteriana e que traz algum prejuízo ao indivíduo, caracterizado por sinais. DEFINIÇÃO DE CÁRIE Teoria da Placa Específica X Não-Específica Loesche (1976) hipótese da placa específica: um número limitado de espécies bacterianas é responsável pela cárie apesar da grande diversidade da microbiota presente na placa dental. Placa Não-específica: mistura heterogênea seria responsável Estreptococos do grupo mutans, Lactobacillus spp. e Actinomyces spp. mais importantes nos eventos iniciais e na progressão 23/06/2017 3 Hipótese da Placa Ecológica ESTREPTOCOCOS DO GRUPO MUTANS (EGM) São cocos Gram positivos Anaeróbios facultativos ou microaerófilos Espécies com potencial cariogênico em humanos S. mutans S. sobrinus Os EGM são altamente cariogênicos POR QUÊ ????? 1. Capacidade de colonizar a superfície dos dentes, materiais restauradores e acrílicos 2. Produzir polissacarídeos extracelulares a partir da sacarose, favorecendo a formação de biofilme espesso 3. Capacidade acidogênica 4. Capacidade acidúrica 5. Acúmulo de polissacarídeos intracelulares do tipo amilopectina a partir de carboidratos da dieta do hospedeiro (reserva de nutrientes) 6. Fermentadores de grande quantidade de carboidratos. LACTOBACILOS Importantes na progressão da cárie. CARACTERÍSTICAS: Bastonetes Gram positivos Anaeróbios facultativos e às vezes microaerófilos Capacidade acidogênica e acidúrica LACTOBACILOS Importantes na progressão da cárie dental. Espécies homofermentativas: produzem ácido lático L. casei, L. acidophilus, L. plantarum, L. salivarius Espécies heterofermentativas: produzem vários ácidos orgânicos (ácido acético, ácido lático) L. fermentum, L. brevis, L. buchneri L. cellobiosus 23/06/2017 4 Colonização de Bactérias Cariogênicas TEORIAS DE DESENVOLVIMENTO DA CÁRIE 23/06/2017 5 1- Teoria acidogênica: Miller & Fosdick (1890) Microrganismos acidogênicos da placa dental realizam a fermentação de açúcares, resultando em ácidos (ácido lático), que iniciam a dissolução do esmalte dentário. Em seguida, bactérias proteolíticas se instalam na lesão inicial, atacando a matriz orgânica proteica do esmalte, resultando em novos ácidos, que prosseguem descalcificando e destruindo o esmalte. Dissolução do esmalte (Etapa I) A hidroxiapatita, em meio ácido, fragmenta-se em unidades de ortofosfato de cálcio insolúvel e, posteriormente, em ortofosfato monoácido de cálcio solúvel. Ca10(PO4)6 * (OH)2 → 3Ca3(PO4)2 hidroxiapatita ortofosfato de cálcio 3Ca3(PO4)2 → 6CaHPO4 ortofosfato de cálcio ortofosfato monoácido de cálcio solúvel. Teoria acidogênica Proteólise da matriz do esmalte (Etapa II) As proteínas da matriz do esmalte são decompostas pela ação de proteases microbianas (moos. proteolíticos) em aminoácidos e estes, pela ação de enzimas específicas, são transformados em outros ácidos. Proteínas da matriz (proteases)→ R - CH * NH2 - COOH R-H * NH2-COOH → hidroxiácidos, cetoácidos, ácido acético, ácido cítrico, ácido sulfúrico, etc. Teoria acidogênica 2 - Teoria proteolítica: Bodecker & Gottieb (1927) Ataque inicial pelas enzimas proteolíticas elaboradas pelos micro-organismos que penetram pelas lamelas e fendas do esmalte, seguido da produção de ácidos que descalcificam o esmalte. As reações bioquímicas são as mesmas descritas na teoria acidogênica, mas primeiro ocorrem as reações da Etapa II, que transformam as proteínas das lamelas e das fendas em ácidos. Em seguida, ocorrem as reações da Etapa I, que acabam por solubilizar o esmalte dentário, completando-se a invasão da estrutura dentária pelos micro-organismos do meio bucal. 3 - Teoria da Proteólise-Quelação: Schatz & Martin (1955-1962) Cárie pode ocorrer em condições ácidas, neutras e alcalinas; Ataque inicial aos constituintes orgânicos, mas perda mais ou menos simultânea de mat. orgânica e mineral. Desmineralização substâncias capazes de se complexar ao Ca, que aumentam a partir da degradação dos constituintes orgânicos. Complexos orgânicos (quelatos de cálcio) que se formam em condições ácidas e não-ácidas Ex.: Aminácidos Cárie Incipiente: É caracterizada por manchas brancas (descalcificação). Esta é a fase inicial, não apresentando ainda cavitação e, portanto, podendo ser remineralizada. TIPOS DE CÁRIE 23/06/2017 6 Cárie de Esmalte: É caracterizada por uma pequena cavidade no esmalte. Até esta fase, a cárie não causa dor, pois o esmalte não apresenta terminações nervosas. TIPOS DE CÁRIE CÁRIE DE SUPERFÍCIE LISA Organismos + isolados: Streptococcus mutans Streptococcus sobrinus CÁRIE DE SULCOS E FISSURAS Organismos + isolados: Streptococcus mutans Lactobacillus spp. Cárie de Dentina: Após ultrapassar o esmalte, a cárie chega rapidamente a dentina e avança rapidamente. Nesta fase a cárie começa a causar dor. Organismos + isolados: • Lactobacillus sp. • Actinomyces viscosus • Actinomycesnaeslundii • Streptococcus mutans • Bacilos filamentosos ~ 60% dos indivíduos ocidentais ≥ 60 anos; Retração gengival; Etiologia polimicrobiana para a iniciação e progressão da cárie em superfícies radiculares; Sucessão bacteriana durante a progressão da cárie. CÁRIE RADICULAR Organismos + isolados: • Actinomyces odontolyticus • Rothia dentocariosa • Streptococcus mutans • Lactobacilos Classificação quanto à evolução Shafer, Hine & Levy Cárie Aguda Segue um curso clínico de desenvolvimento rápido e resulta em comprometimento precoce da polpa dentária. Ex.: cárie rampante Cárie Crônica É de evolução lenta Detecção precoce; Remoção do tecido cariado e restauração Prevenção ativa: Adoçantes artificiais não-cariogênicos (p.ex., xilitol, sorbitol, manitol) Flúor (maior resistência ao ácido, remineralização de lesões iniciais e antimicrobiano) Selantes de fissura Controle do biofilme (mecânico, clorexidina...) MANEJO DA CÁRIE Dentifrícios fluoretados Antes Hoje Infecção Pulpar: Nesta fase, a cárie já atingiu a polpa, causando muita dor. Neste estágio é necessário o tratamento de canal
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