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UNIVERSIDADE CAXIAS DO SUL CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE VACARIA CURSO DE DIREITO SÉRGIO ROQUE KOLLER HETTWER RESPONSABILIDADE DOS SERVIDORES PÚBLICOS Trabalho de aula da disciplina Direito Administrativo I apresentado na Universidade de Caxias do Sul para aprovação. Prof. Maria do Carmo Padilha Quissini. VACARIA 2017 2 INTRODUÇÃO A sociedade brasileira vive em tempos difíceis, onde a maioria da população enxerca os funcionários públicos com descréditos e que na Administração Pública tudo se pode, que não há responsabilização para esses servidores e que tudo termina em “pizza”. Entretanto, nesse trabalho que foi elaborado sobre a forma de questões e respostas, de fácil compreensão para o leitor, deixa bem claro que a Administração Pública tem o poder- dever de punir seus subordinados que cometerem infrações de qualquer natureza. Sendo, todos os agentes públicos são responsáveis por seus atos, e consequentemente o descumprimento de qualquer norma, serão lhes aplicados diversas sanções como: a perda de seus Bens particulares para ressarcir o erário e até penas privativas de liberdade. Nesse contexto enfático, busca o trabalho levantar as características de responsabilização dos servidores públicos, tanto na esfera administrativa, civil e penal, instituindo como instâncias independes, mas veremos, que em alguns momentos suas decisões se comunicam. Desta forma, os servidores públicos, em virtude das atribuições que lhes são dadas para que executem as atividades estatais, tornam-se titulares de direito e deveres concernentes às suas funções, e passíveis, portanto, de responsabilização decorrente do cometimento de possíveis infrações. No entanto, a Administração pública para apurar a ilicitude, deve observar a lei, valendo-se do devido processo legal, oportunizando ampla defesa e contraditório ao sindicado. 3 1. Como é entendido o dever de responsabilização dos servidores no Direito Administrativo e por que existe este entendimento? A responsabilização dos servidores públicos é dever genérico da Administração e específico de todo chefe, em relação a seus subordinados. No direito administrativo este dever de responsabilização é legal e, mais que isso, em crime funcional, quando não cumprido pelo superior hierárquico considerar-se-á forma de condescendência criminosa. Tem este rigor pela lesão que a infração do subordinado causa a Administração, que sua tolerância será um estímulo para o cometimento de novas infrações. 2. Sobre quais formas podem ser responsabilizados os servidores públicos? Os servidores públicos podem cometer as infrações de três ordens: administrativa, civil e criminal, no desempenho de suas funções ou a pretexto de exercê-las. São responsabilizados no âmbito interno da Administração e na Justiça Comum. 3. De que resulta a responsabilidade administrativa? O que gera e qual sua consequência? A responsabilidade administrativa se dá na violação de normas internas da Administração, pelo servidor sujeito ao estatuto e as disposições complementares estabelecidas em lei, decreto ou qualquer outro provimento regulamentar da função pública. A falta funcional gera o ilícito administrativo e tem como consequência, sob o devido processo legal, de aplicação de pena disciplinar, determinada pelo superior hierárquico. 4. O que a Administração deve observar para aplicar a punição administrativa? Deve-se observar os meios para se apurar a falta, que devem ser o processo administrativo, a sindicância ou o meio sumário. Logo, a Administração deve explicitar a motivação da penalidade, justificando a punição, analisando os atos irregulares praticados, bem como a repercussão dos danos, devendo apontar os dispositivos violados e a cominação prevista. 4 Também se torna necessário que a Administração Pública, ao punir seu servidor, demonstre a legalidade da punição. Assim, ficará justificado seu ato, e resguardado de revisão judicial, visto que ao Judiciário só é permitido examinar o aspecto da legalidade do ato administrativo, não podendo adentrar os motivos de conveniência, oportunidade ou justiça das medidas da competência específica do Executivo 5. Como se extingue a punição administrativa? Cabe a extinção em qualquer tipo de pena? Em regra, pelo cumprimento por parte do servidor. Excepcionalmente ocorrerá pela sua prescrição ou o seu perdão por parte da Administração. O cumprimento da pena exaure a sanção; a prescrição extingue a punibilidade, com a fluência do prazo fixado em lei, ou, na sua omissão, pelo da norma criminal correspondente; o perdão da pena é ato de clemência da Administração e só por ela pode ser concedido em caráter geral (a que se denomina, impropriamente, „anistia administrativa‟), ou em cada caso, sempre por atuação do executivo que aplicou a sanção. A extinção não é cabível a qualquer tipo de pena. Ela não se aplica, por ex., a pena expulsiva (demissão), em razão de que todos os seus efeitos se consumam no ato de sua imposição, fazendo cessar o vínculo funcional com a Administração. 6. Como se entende a responsabilidade civil? Como nasce e se extingue? Se entende como a obrigação do servidor de reparar o dano causado à Administração Pública, sendo ela por culpa ou dolo, no desempenho de suas atribuições. Nasce a partir da existência de um dano, que obriga o servidor, quando provado nexo de causalidade e de culpa ou dolo do servidor público. A extinção ocorre no momento da reparação do dano causado. 7. Pode a Administração deixar de apurar esta responsabilidade? Por quê? Como A Administração não possui disponibilidade sobre o patrimônio público ela não pode deixar seus servidores isentos de responsabilidade civil. Muito ao contrário, pois é seu dever zelar pela integridade desse patrimônio, adotando todas as providências legais cabíveis para a reparação dós danos a ele causados, qualquer que seja o autor. Daí por que a parte final do § 6° do art. 37 da Constituição Federal impõe a responsabilização do agente causador do 5 dano somente quando agir com culpa ou dolo, excluindo, portanto, a responsabilidade objetiva, que é unicamente da Administração perante a vítima. 8. Onde estão previstas as responsabilidades civil, administrativa e penal e como podem ser apuradas? A responsabilização civil dá-se pela Constituição, e a administrativa decorre da situação estatutária. Já a penal está prevista no respectivo Código Penal, em capítulo dedicado aos crimes funcionais (artigos 312 a 327). 9. Que efeito tem a condenação criminal sobre as responsabilidades civil e administrativa? Considera-se o ilícito penal possuidor de maior relatividade sobre o civil e o administrativo, da qual a responsabilização penal implica o reconhecimento automático das outras duas. Assim, a condenação criminal em um delito funcional importará o reconhecimento, também, de culpa administrativa e civil. No entanto, a absolvição no crime nem sempre isentará o funcionário público destas responsabilidades, porque pode não ocorrer ilícito penal e mesmo assim existirem ilícitos administrativos e civis. 10. O que é necessário para caracterizar a responsabilidade civil, como é apurada e quais são as consequências? Necessita-se para existência da responsabilidade civil que o ato culposo do servidor cause dano ao patrimônio da Administração. Sem o dano não se terá o fundamento para a responsabilização civil, que tem em vista a reparação material, pecuniária. A comprovaçãodo dano e da culpa é feita através do processo administrativo, no qual a autoridade competente impõe a obrigação de reparar, através de indenização em dinheiro, indicando a forma de pagamento. Nos estatutos costuma-se exigir a reposição em parcela única, quando o prejuízo decorrer de alcance, desfalque, remissão ou omissão de recolhimento ou entrada no prazo devido, admitindo-se para os demais casos o desconto em folha, geralmente não mais de dez por cento do vencimento do responsável. 6 11. Do que depende a responsabilização civil do servidor por danos causados a terceiros? Depende da comprovação de sua culpa em ação regressiva proposta pela pessoa jurídica de Direito Público depois de condenada à reparação (CF, art. 37, § 6°). 12. Do que resulta a responsabilidade criminal? Acontece quando ocorre crimes funcionais, definidos em lei federal. Este ilícito penal sujeita o servidor a responder a processo crime e a suportar os efeitos penais da condenação (CP, arts. 91 e 92). 5 13. Onde se encontram definidos os crimes contra a Administração Pública? Em sua maioria no Código Penal, em seus artigos 312 a 327, mas nada impede que lei especial federal estabeleça outras infrações, visando a proteger determinados interesses administrativos. 14. Quem é considerado servidor público para efeitos penais? Considera-se servidor público para efeitos penais quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública (artigo 327 do Código Penal). Também se equipara a “funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública”. (parágrafo único, artigo 327) 15. Que rito obedecem os crimes funcionais? Obedecem ao rito estabelecido nos arts. 513 a 518 do CPP, ficando o réu, desde o indiciamento, sujeito ao sequestro de bens, a requerimento do Ministério Público, quando houver prejuízo para a Fazenda Pública. 16. Em que tipos de crimes podem incorrer os servidores públicos e os agentes políticos? 7 Os servidores públicos podem incorrer em crimes funcionais, os quais estão estabelecidos no Código Penal, em seu Título XI, capítulos I (artigo 312 a 326) e IV (artigo 359-A a 359-H). Os agentes políticos podem incorrer nos crimes capitulados na Lei 1.079/50, a qual regula o impeachment a ser aplicado como penalidade político-administrativa, sem prejuízo da ação penal, e no Decreto-Lei 201, de 27/02/1967. 17. Quais são os meios utilizados para responsabilizar e penalizar os servidores. Fale sobre cada uma. Podem ser internos e externos. INTERNOS - abrangem o processo administrativo disciplinar e os meios sumários, com a garantia do contraditório e da ampla defesa; desenvolvem-se e se exaurem no âmbito da própria Administração; são os que interessam ao Direito Administrativo, como formas específicas de proteção ao serviço público e de repressão às infrações funcionais dos servidores. EXTERNOS – Se compreendem nos processos judiciais, civis e criminais e ficam a cargo exclusivo do Poder Judiciário, se realizam como prestações jurisdicionais comuns, quando requeridas pela própria Administração (ações civis) ou pelo Ministério Público (ações criminais e ação civil pública). 18. Quando cabe o sequestro e o perdimento de bens? São cabíveis contra os servidores que enriqueceram ilicitamente a partir do produto obtido através de crime contra a Administração, ou por influência ou com abuso de cargo, função ou emprego público. O sequestro é providência cautelar, enquanto o perdimento é medida definitiva. Temos também que o sequestro é cabível como medida preliminar nos processos de perdimento a requerimento do Ministério Público ou da pessoa jurídica interessada. 19. Quem pode incorrer em abuso de autoridade, a que tipo de responsabilização está sujeito o agente público que comete abuso de autoridade e como se apuram estas responsabilidades? 8 O abuso de autoridade sujeita o agente público (federal, estadual ou municipal) à tríplice responsabilidade (civil, administrativa e penal). A sua apuração faz-se por ação ordinária, perante a Justiça Comum federal ou estadual, conforme seja a autoridade. A responsabilidade administrativa e a penal apuram-se através dos processos especiais estabelecidos pela própria lei, mediante representação da vítima à autoridade superior ou ao Ministério Público competente para a ação criminal. 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS O Estado tem a obrigação de proporcionar serviços básicos que tornem a vida da sociedade mais digna. Sendo esse a sua finalidade primordial, sem essa razão, não há motivos para sua existência, pela lógica, também não haveria servidores públicos. Porém, do dever de prestação de serviço surge a responsabilidade pelos atos que seus agentes realizem e se deles resultarem prejuízo, deverá a Administração arcar de forma objetiva, independentemente de dolo ou culpa A responsabilidade civil consiste no dever de indenizar os danos patrimoniais e morais que os seus agentes, atuando em nome da Administração Pública, causarem à esfera juridicamente tutelada pelos particulares. Os agentes, por sua vez, respondem de forma subjetiva. Entretanto, o Estado não pode sair no prejuízo em caso de ser responsabilizado por um particular, movera uma ação de regresso contra o servidor e em caso de comprovação de culpa ou dolo desse, será responsabilizado ressarcindo o erário público. Em caso de cometimento de qualquer ilícito pelo servidor público devera o mesmo ser responsabilizado, lhe oportunizando o devido processo legal, com direito à ampla defesa e contraditório. A Administração Pública não possui disponibilidade sobre o patrimônio público, por isso não pode deixar isentos os servidores públicos que cometerem essas infrações. Lembrando que os servidores respondem nas três esferas: a administrativa, a civil e a penal, sendo essas esferas autônomas. Como salientado anteriormente, vivemos em muito globalizado, onde a Administração Pública é formada por pessoas, ou seja, os servidores públicos são serem humanos e são facilmente corrompidos. Na teoria as leis são perfeitas, mas na prática não é isso que se vê. As chefias que tem o dever de responsabilizar de aplicar punições aos seus subordinados, são parciais. Aliás, são os mais infratores, ainda ficam impunes, estimulando o comprometimento de mais delitos, cada vez mais grave, passando a sensação que na administração tudo pode. A solução seria aplicar os princípios básicos, principalmente da ética e moral, e que a única razão da existência dos funcionários públicos é servir o interesse da população e nada mais
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