Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Editora Sanar 2 Você tem dificuldades em estruturar sua anamnese e pensar diagnósticos diferenciaisdiagnósticos diferenciais? Evolução e prescrição soam complicados para vocêcomplicados para você? Veja nesses casos como fazer isso de forma prática e objetiva. Esse ebook ebook faz parte do Workshop do Pré-Internato (100% Online e 100% (100% Online e 100% Gratuito)Gratuito) que ocorrerá dos dias 31 de Outubro ao dia dias 31 de Outubro ao dia 09 de Novembro09 de Novembro e que você acaba de confirmar a sua inscrição. O Workshop será composto por aulas ministradas pelos Drs. Caio Nunes e Carlos MouraDrs. Caio Nunes e Carlos Moura e serão enviadas por e-mail. Bons estudos!Bons estudos! Editora Sanar 3 CASOCASO 03 HISTÓRIA CLÍNICAHISTÓRIA CLÍNICA EXAME FÍSICOEXAME FÍSICO LANA - Liga LANA - Liga Acadêmica de Neurociências AplicadasAcadêmica de Neurociências Aplicadas Autores:Autores: Lohana Almeida, Ana Flávia Souza e Wanessa Queiroz.Lohana Almeida, Ana Flávia Souza e Wanessa Queiroz. Orientador(a):Orientador(a): Dr. Daniel Farias (Neurologista; Hospital Santa Izabel).Dr. Daniel Farias (Neurologista; Hospital Santa Izabel). Instituição:Instituição: Escola Bahiana de Medicina e Saúde PúblicaEscola Bahiana de Medicina e Saúde Pública JESS, 32 anos, sexo masculino, natural do interior. Atendido em hospital privado, com história de dor abdominal e diarreia persisten- te, com perda ponderal de 8 kg (cerca de 15% do peso corporal habitual) há quatro meses. Procurou atendimento médico após evoluir com dificuldade de deambulação, associada a quadro de sonolência excessiva no momento da internação. Antecedentes: familiares desconhecem an- tecedentes médicos significativos. Paciente não pode informar porque encontra-se comatoso. Ruim estado geral e nutricional. FC: 120 bpm; FR: 18 ipm; PA: 110/60 mmHg; Tax: 38,2 oC. Cabeça desviada para direita por parato- nia, com úlcera de pressão em orelha di- reita, sem achados dignos de nota em nariz. Cavidade oral com placas esbranquiçadas em mucosa. Presença de linfadenopatia generaliza- da. Tireoide sem alterações. Apresenta abertura ocular espontânea, mas não interage com examinador. Apresenta tetraparesia espástica. Apresenta desvio do olhar conjugado para a direita. Reti- rada à dor em dimídio esquerdo e contração muscular ao estímulo doloroso em dimídio di- reito. Sem piscamento à ameaça visual. Refle- xos osteotendíneos hiperativos (grau 3) em membros superiores e inferiores bilateralmen- te. Sinal de Babinski bilateral. Sensibilidade não testada, porque paciente não interage ver- balmente. Tórax simétrico, sem retrações ou abau- lamentos, com expansibilidade preser- vada, som claro pulmonar à percussão e mur- múrio vesicular bem distribuído sem ruídos adventícios. Bulhas rítmicas, normofonéticas, em 2 tempos, sem sopros. Plano, sem cicatrizes, RHA+, flácido, in- dolor à palpação, sem visceromegalias. Traube livre. Ausência de baqueteamento digital, ede- ma ou cianose. Sem sinais flogísticos. NEUROLOGIANEUROLOGIA Editora Sanar 4 TestesTestes TTeesstte e RRaappiiddo o dde e HHIIVV EELLIISSAA WWeesstteerrn n BBlloott Negativo Positivo Positivo EXAMES COMPLEMENTARESEXAMES COMPLEMENTARES Figura 1.Figura 1. Tomograa Computadorizada de Crânio (TCC): Evidenciou lesões Tomograa Computadorizada de Crânio (TCC): Evidenciou lesões hipodensas com edema vasogênico e efeito de massa, localizadas em regiãohipodensas com edema vasogênico e efeito de massa, localizadas em região parieto-occipital direita e núcleo-capsular bilateral.parieto-occipital direita e núcleo-capsular bilateral. Figura 2.Figura 2. Ressonância Nuclear Magnética (RNM) de crânio, plano axial: Ressonância Nuclear Magnética (RNM) de crânio, plano axial: Múltiplas imagens hiperintensas na sequência FLAIR, envolvendo regiãoMúltiplas imagens hiperintensas na sequência FLAIR, envolvendo região parieto-occipital à direita, tálamo bilateral, núcleo lentiforme, córtex frontalparieto-occipital à direita, tálamo bilateral, núcleo lentiforme, córtex frontal e parietal esquerdo, compatíveis com abscessos cerebrais circundados dee parietal esquerdo, compatíveis com abscessos cerebrais circundados de edema vasogênico.edema vasogênico. Eletroencefalograma (EEG):Eletroencefalograma (EEG): Atividade elétrica Delta. Ausência de crises eletrográficas. LLaabboorraattóórriioo VVaalloorrees s OObbttiiddooss VVaalloorrees s RReeffeerreenncciiaaiiss LíquorLíquor Células arredondadas 63 < 4/mm 3 Células linfomononucleares 60 < 4/mm 3 Proteína 72 mg/dL < 40 mg/dL Tinta da China Negativas - Pesquisa de Bacilo Álcool-Ácido Resistente Negativas - Editora Sanar 5 PONTOS DE DISCUSSÃOPONTOS DE DISCUSSÃO Figura 3.Figura 3. RNM em corte axial, sequência T1 pós gadolíneo evidencia capta RNM em corte axial, sequência T1 pós gadolíneo evidencia capta-- ção anelar de contraste.ção anelar de contraste. Figura 4.Figura 4. Imagem evidencia lesões que restringem à difusão, compatíveis Imagem evidencia lesões que restringem à difusão, compatíveis com abscesso.com abscesso. 1.1. Qual o diagnóstico mais provável?2.2. Como ocorre essa infecção? 3.3. Qual a relação entre HIV positivo e a doença? 4. 4. Como explicar o rebaixamento do nível de consciência do paciente? 5. 5. Como é realizado o diagnóstico dessa pato-logia? 6.6. Qual o tratamento para o caso? Editora Sanar 6 DISCUSSÃODISCUSSÃO A Toxoplasmose é uma doença sistêmica infecciosa causada por um protozoário intrace- lular, o qual pode provocar infecção do Sistema Nervoso Central (SNC) congênita ou adquirida, sendo transmitida através da ingestão de carne crua ou mal cozida e por contaminação pelas fezes de gatos. A doença se manifesta quandoexiste um grande número de células destruídas pelos protozoários, causando uma hipersensi- bilidade no organismo. A Neurotoxoplasmose é o acometimento ce- rebral, difuso ou com a formação de abscessos discretos. O estado de imunodepressão facilita a re- ativação da infecção latente, constituindo-se como a infecção oportunista mais frequente no SNC em indivíduos HIV positivo, ocorrendo, na maioria dos casos, encefalite focal. O paciente do caso em questão apresentava monilíase oral, que é um achado possivelmente indicativo de de imunosupressão.Estima-se que 50% da população que apre- senta títulos de anticorpos anti-Toxoplasma desenvolvem a Neurotoxoplasmose, parâmetro utilizado como importante fator de risco. A apresentação clínica varia de acordo com a topografia e a quantidade de lesões cerebrais, bem como com a presença de hipertensão in- tracraniana. As crianças – forma congênita – podem apresentar febre, rash cutâneo, he- patoesplenomegalia e convulsões logo após o nascimento; posteriormente, podem apresen- tar coriorretinite, hidrocefalia ou microcefalia, calcificações cerebrais e retardo no desenvolvi- mento neuropsicomotor. Na forma adquirida, quando as condições de imunidade encontram- -se preservadas, a Toxoplasmose é assinto- mática ou subclínica, enquanto em pacientes imunodeprimidos o foco parasitário, mantido quiescente por longos períodos, pode entrar em atividade. Os sinais neurológicos podem ca- racterizar quadro de encefalopatia metabólica (mioclonias e tremores), ou de meningoence- falite (tal qual o caso em questão se apresenta), manifestando-se com sinais de irritação me- níngea, convulsões, ataxia, alteração do nível de consciência, confusão mental e/ou coma. O diagnóstico pode ser confirmado a partir dos dados clínicos, aliados ao resultado do Lí- quido Cérebro-Raquidiano (LCR) e aos achados da neuroimagem, os quais, se analisados isola- damente, não são característicos para a doença. A Tomografia Computadorizada ou a Resso- nância Magnética de crânio podem evidenciara presença de nódulos, muitas vezes com reação inflamatóriaperilesional e edema acentuado, na região córtico-subcortical ou nos núcleos da base. Os métodos diagnósticos mais utilizados para detecção de anticorpos específicos no LCR são a Imunofluorescência indireta e a Hemoa- glutinação passiva. O diagnóstico presuntivo é empírico e em- basado na melhora dos abscessos com o trata- mento da toxoplasmose, o qual baseia-se na associação de Pirimetamina (75-100mg, via oral, no primeiro dia e 50mg nos demais dias); Sulfadiazina (4,0-8,0g/dia) e Ácido folínico (15mg/dia). Esse esquema terapêutico deveser mantido por, pelo menos, seis semanas, devendo ser prolongado até que não existam mais sinais de atividade, como a captação de contraste à Tomografia. Após a melhora das lesões, as doses de Sulfadiazina são reduzidas para 2-4g/dia. Demais drogas são mantidas até recuperação imune, considerada como atingida após seis meses do segundo CD4 acima de 200. Outra alternativa para tratamento de Neutro- toxoplasmose é a combinação sulfametoxazol e trimetoprima (bactrim). É importante ressaltar que a morbidade devido ao uso dessas drogas é alta e inclui leucopenia, trombocitopenia, rash cutâneo e febre. InfecciososInfecciosos Abscessos bacterianos em pacientes sem AIDS Neurotuberculose Encefalite por lesão direta do HIV DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS PRINCIPAISDIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS PRINCIPAIS Editora Sanar 7 Encefalite por Citomegalovírus Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva Neurocriptococose Neurossífilis NeoplásicosNeoplásicos Metástases cerebrais Linfoma primário do SNC Tumor cerebral OBJETIVOS DE APRENDIZADOS / COMPETÊNCIAOBJETIVOS DE APRENDIZADOS / COMPETÊNCIA • Anatomia aplicada de região cortical e sub- cortical encefálica (entender as funções de cada estrutura); • Semiologia neurológica na avaliação do es- tado mental; • Estruturas neurológicas que afetam o nível de consciência; • Diagnósticos diferenciais de rebaixamento do nível de consciência; • Relação entre imunodepressão e neurotoxo- plasmose (importância de se investigar pre-sença de HIV); • Como diagnosticar a Neurotoxoplasmose; • Tratamento da Neurotoxoplasmose. PONTOS IMPORTANTESPONTOS IMPORTANTES • A toxoplasmose cerebral é uma infecção que ocorre em pessoas com imunidade baixa; • Investigar presença de HIV é importante pela possibilidade de causar comprometi- mento do sistema de defesa do organismo, favorecendo, assim, o desenvolvimento de doenças oportunistas; • Em estudos elaborados através uma série de autópsias foi identificado o comprometi- mento do SNC em 80% a 90% dos casos de pacientes portadores do vírus HIV, seja por lesão direta do vírus ou por infecções opor- tunistas; • O exame do LCR pode revelar a presença de pleocitose, geralmente abaixo de 200 leucó- citos por mm3, com baixos percentuais de neutrófilos; há aumento dos teores de pro- teínas e o perfil eletroforético exibe valores elevados de gama-globulinas. • Complicações como hidrocefalia, calcifica- ções intracranianas e meningoencefalite ne- crotizante (caso gravíssimo) podem surgir. REFERÊNCIASREFERÊNCIAS 1.1. Nitrini R; Bacheschi A. A Neurologia que todo Médico Deve Saber. São Paulo, Atheneu, 2004. 2.2. Barsotti V; Moraes AT. Neurotoxoplasmose Como Pri- meira Manifestação da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida – Relato de Caso. Rev. Fac. Ciênc. Méd. Soro- caba, v.7, n.2. p. 20 - 22, 2005. 3.3. Silva E; Gatti, L.L. Toxoplasmose em pacientes infec- tados pelo HIV. Disponível em: www.fio.edu.br/cic/ anais/2010_ix_cic/pdf/05ENF/16ENF.pdf. (Acessado em: 14/12/2014). 8 CASOCASO 43 Liga Acadêmica de Clínica Médica de PernambucoLiga Acadêmica de Clínica Médica de Pernambuco Autores:Autores: Marttina Carolline de Moura Ferreira Gomes e Cynara Karolina Rodrigues da Cruz.Marttina Carolline de Moura Ferreira Gomes e Cynara Karolina Rodrigues da Cruz. Orientador(a):Orientador(a): Dr. Rodrigo Agra Bezerra dos Santos (Clínica Médica e Dr. Rodrigo Agra Bezerra dos Santos (Clínica Médica e Endocrinologia,Endocrinologia, Prof. Auxiliar da UPE Campus Prof. Auxiliar da UPE Campus Garanhuns).Garanhuns). Instituição:Instituição: Universidade de Pernambuco - UPE.Universidade de Pernambuco - UPE. HISTÓRIA CLÍNICAHISTÓRIA CLÍNICA Mulher, 41 anos, parda, residente em cida- de do interior do nordeste brasileiro, vem ao ambulatório após atendimento em emergên- cia com quadro de náuseas e vômitos associa- do à tontura há aproximadamente seis meses. Relata escurecimento progressivo da pele nos últimos meses e perda de peso significativa (15 kg em dois meses), há relatos de hiponatremia durante os atendimentos anteriores. Refere anorexia, astenia e alopecia, além de deter per- manecido em coma por duas semanas. Nega ce- faleia, diarreia, dor torácica e edema. Durante atendimento em emergência com quadro de obnubilação, hipotensão, hiperpigmentação difusa de pele e mucosas, com hiponatremia e hipoglicemia foi iniciado tratamento com cor- ticoide inicialmente venoso em regime de in- ternamento e posteriormente recebeu alta em uso de hidrocortisona 15 mg/dia. Estado geral regular, consciente, corada, afebril, hidratada. Hiperpigmentação global e homogênea; manchas hipercrômicas nas regiões palmar e plantar. Alopecia com predominância na região axilar, pubiana e em MMII. PA sentada 80 x 60 e deitada 100 x 80 mmHg. IMC: 23 kg/m3. FC: 60 bpm. FR: 20 rpm. Hiperpigmentação em mucosa oral. Ausência de sinais focais. Sonolenta. Murmúrios Vesiculares normais e bem distribuídos, sem ruídos adventícios; ex- pansibilidade normal. Bulhas rítmicas e normofonéticas em 2 tempos sem sopros. Flácido e indolor à palpação, com pre- sença de ruídos hidroaéreos. Ausência de cicatrizes e circulação colateral. Ausência de baqueteamento digital, ede- ma ou cianose. Ausência de sinais de artrite. EXAME FÍSICOEXAME FÍSICO ENDOCRINOLOGIAENDOCRINOLOGIA Editora Sanar 9 EXAMES COMPLEMENTARESEXAMES COMPLEMENTARES LLaabboorraattóórriioo VVaalloorrees s OObbttiiddooss VVaalloorrees s RReeffeerreenncciiaaiiss Bioquímica / ImunologiaBioquímica / Imunologia Sódio 137 mEq/L 135 - 145 mEq/L Anti-TPO microssomal 1,75 UI/mL 1-16 IU/mL Glicemia de jejum 68 mg/dL 70 - 99 mg/dL Cortisol Não coletado durante atendimentode emergência - ACTH 1.390 pg/mL < 46 pg/mL LH 54,24 U/l 1,2 - 10,9 Folicular,10 - 60 menopausa Prolactina 9,40 ng/ml 3,3 – 26,7 ng/ml Figura 1.Figura 1. Tomograa Computadorizada de Abdome da paciente evidenciando redução Tomograa Computadorizada de Abdome da paciente evidenciando redução volumétrica das adrenais.volumétrica das adrenais. 1.1. Qual o diagnóstico? 2.2. Qual a principal causa desta patologia? 3.3. É uma doença comum? 4. 4. Há relação da hiperpigmentação da pele com o quadro ou este é um fator isolado? 5. 5. Como tratar? PONTOS DE DISCUSSÃOPONTOS DE DISCUSSÃO Editora Sanar 10 DISCUSSÃODISCUSSÃO Apesar do quadro inespecífico, os dados clínicos e laboratoriais (hipotensão, hiperpig- mentação cutânea, episódios anteriores de hi- ponatremia, aumento do ACTH) fizeram da insuficiência de glicocorticóides (falência / in- suficiência adrenal) a principal hipótese para esse caso.O quadro inicial, flagrado na emergência, era bastante inespecífico. Há vários diagnósti- cos diferenciais para redução do nível de cons- ciência: acidentes vasculares cerebrais, trauma ou infecção do SNC, sepse, intoxicação exógena, distúrbios hidroeletrolíticos, etc. Mesmo após obtenção do dado laboratorial de hiponatremia as possibilidades diagnósticas ainda são extensas, como síndrome de secreção inapropriada do hormônio antidiurético, uso de diuréticos de alça, hipotireoidismo, insufici- ência adrenal, síndrome cerebral perdedora de sal, entre outras. O dado da anamnese que direcionou o pen-samento para insuficiência adrenal foi o escu- recimentoprogressivo da pele (hiperpigmenta- ção), particularmente o contraste entre aspecto atual da paciente e fotos pessoais anteriores ao surgimento dos sintomas. Outros dados como náuseas, anorexia, hipotensão e hipoglicemias reforçaram a suspeita de insuficiência adrenal primária ou doença de Addison. A falta crônica de glicocorticoide leva aos sintomas inespecíficos apresentados pela pa- ciente, como mal-estar geral, fraqueza, inape- tência, perda de peso, queixas gastrintestinais (náuseas, vômitos, dor abdominal e diarreia alternada ou não com constipação intestinal). São sintomas comuns em muitas outras doen- ças, mas a insuficiência adrenal deve ser sempre considerada no diagnóstico diferencial.1 A paciente apresenta quadro típico de in- suficiência adrenal primária, a também cha- mada de doença de Addison. Ela corresponde à falência do córtex da glândula adrenal (com sua consequente redução volumétrica, notada pela TC abdominal da paciente) em produzir oshormônios cortisol e aldosterona. É uma con- dição pouco frequente, com prevalência entre 0,45 - 11,7 casos por 100.000 habitantes. Após a introdução de terapia antituberculosa eficaz, a autoimunidade tornou-se a principal causa de insuficiência adrenal primária em países desenvolvidos. Estudo realizado em São Pau- lo demonstrou que a etiologia autoimune é a mais prevalente (39%), seguida de paracocci- dioidomicose (28%), tuberculose (11%) e adre- noleucodistrofia (7,3%). Outras causas de insu- ficiência adrenal primária são infecções virais, histoplasmose, hiperplasia adrenal congênita, neoplasias malignas metastáticas, hemorragiaadrenal e medicamentos.2 O pico da incidência da doença fica em tor- no dos 40 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade. A insuficiência adrenal primária só pro- voca sintomas quando já há destruição de pelo menos 90% das adrenais, pelo que frequente- mente as queixas instalam-se lentamente, o que dificulta o diagnóstico e propicia a instalação abrupta de um quadro de insuficiência adrenal aguda ou crise addisoniana. Os sintomas mais frequentes, apesar de inespecíficos, refletem a falta de cortisol pela falência da adrenal. Principais manifestações e achados laboratoriais frequentes na doença de AddisonPrincipais manifestações e achados laboratoriais frequentes na doença de Addison (em ordem decrescente de prevalência)(em ordem decrescente de prevalência) Manifestações clínicasManifestações clínicas Principais achados laboratoriaisPrincipais achados laboratoriais Astenia e perda de peso Hiponatremia Sintomas gastrintestinais Hipercalemia Hiperpigmentação cutaneomucosa Anemia (em geral normocítica-normocrômica) Hipotensão arterial (sistólica < 110 mmHg) Eosinofilia Editora Sanar 11 Principais manifestações e achados laboratoriais frequentes na doença de AddisonPrincipais manifestações e achados laboratoriais frequentes na doença de Addison (em ordem decrescente de prevalência)(em ordem decrescente de prevalência) Manifestações clínicasManifestações clínicas Principais achados laboratoriaisPrincipais achados laboratoriais Amenorreia Hipercalcemia* Avidez por sal - **Além desses achados, Além desses achados, podem estar presentes hipoglicemia e linfocitose relativa, podem estar presentes hipoglicemia e linfocitose relativa, bem como discreta neutropenia.bem como discreta neutropenia. No curso clínico dessa patologia, o pacien- te pode apresentar hiperpigmentação cutane-omucosa generalizada ou só em certas regiões (lábios, linhas da palma da mão), por estarem mais expostas ao sol. Acredita-se que a causa seja pelo fato de que quando se diminui a se- creção de cortisol há depressão do feedback ne- gativo normal para hipotálamo e hipófise an-terior, permitindo, assim, secreção aumentada de ACTH e, simultaneamente, de grande quan- tidade de MSH. Figuras 2.Figuras 2. Hiperpigmentação cutaneomucosa. (Fotos autorizadas pela paciente). Hiperpigmentação cutaneomucosa. (Fotos autorizadas pela paciente). Figuras 3.Figuras 3. Hiperpigmentação cutaneomucosa. (Fotos autorizadas pela paciente). Hiperpigmentação cutaneomucosa. (Fotos autorizadas pela paciente). Editora Sanar 12 O diagnóstico da insuficiência adrenal pri- mária pode ser feito apenas com dosagens sé- ricas basais de cortisol (que deverá estar redu- zido) e de ACTH (que compensatoriamente se mostrará aumentado). O tratamento crônico deve ser instituído logo que diagnosticado para prevenir a chama- da crise addisoniana, a qual pode ser fatal se não tratada a tempo. Ele deve ser feito através de reposição glicocorticoide.O glicocorticoide farmacológico ideal além de mimetizar o ritmo circadiano deve ter uma posologia cômoda, baixo risco de efeitos adver- sos relacionados ao hipercortisolismo crônico. A paciente utilizou inicialmente um regime com corticoide de longa duração (prednisona) com baixo efeito mineralocorticoide, porém teve seu tratamento alterado ambulatorialmen- te para um corticoide de ação rápida com efeito mineralocorticoide (hidrocortisona 15 mg/dia) por queixas e achados clínicos (hipotensão pos- tural) compatíveis com deficiência mineralo- corticoide. Outra alternativa seria o uso de um mineralocorticoide sintético como a fludrocor-tisona associado ao uso de prednisona. Durante o acompanhamento ambulatorial é necessário permanecer vigilante para doenças autoimunes associadas como hipotiroidismo e falência ovariana prematura, além do risco de complicações relacionadas ao tratamento crô- nico com glicocorticoides. Tumores hipofisários, apoplexia/hemorragia hipo- fisária, induzida por fármacos (excesso crônico de glicocorticoides) OBJETIVOS DE APRENDIZADO / OBJETIVOS DE APRENDIZADO / COMPETÊNCIASCOMPETÊNCIAS • Função das adrenais; • Quadro clínico da disfunção das adrenais; • Identificar quais exames solicitar; • Importância da instituição do tratamentologo que diagnosticada; • Quais fármacos são preferidos para trata- mento e o porquê. PONTOS IMPORTANTESPONTOS IMPORTANTES • Dor abdominal, diarreia, náuseas e vômitos podem ser os sinais e sintomas mais proemi- nentes da insuficiência adrenal; • A presença de hiperpigmentação cutaneo- mucosa auxilia no diagnóstico, porém sua ausência não afasta; • Distúrbios hidroeletrolíticos (hiponatremia e hipercalemia) nem sempre ocorrem; quan-do acontecem, sugerem alterações primárias; • A hipoglicemia é mais comum nos casos de insuficiência adrenal secundária e terciária; • Cuidado: atente para o risco de múltiplas dis- funções endócrinas associadas; • Não esperar confirmação do diagnóstico para intervir; • A resposta terapêutica ao corticoide costuma ser rápida e impressionante; • Oriente seu paciente a possuir sempre um cartão de identificação da patologia; isso pode salvar a vida dele numa situação de emergên- cia. REFERÊNCIASREFERÊNCIAS 1.1. Castro M, Elias LLK. Insuficiência Adrenal Crônica e Aguda. Medicina, Ribeirão Preto, 36: 375-379, abr./dez. 2003. 2.2. PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTI- CAS INSUFICIÊNCIA ADRENAL PRIMÁRIA (DOEN- ÇA DE ADDISON). Ministério da Saúde, 2010. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS PRINCIPAISDIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS PRINCIPAIS Hiperpigmentação cutaneomucosa difusaHiperpigmentação cutaneomucosa difusa Endócrina: Doença de Addison, Síndrome da secreção ectópica de ACTH. Metabólica: Hemocromatose, ocronose, pelagra Autoimune: cirrose biliar primária Fármacos e metais: amiodarona, depósito de ouro. HipocortisolismoHipocortisolismo Síndrome poliglandular autoimune, paracoccidioido- micose, tuberculose, adrenoleucodistrofia, hemorragia suprarrenal, induzido por fármacos. Editora Sanar 13 3.3. Silva RC, Castro M, Kater CE, Cunha AA, Moraes AM, Alvarenga DB, et al . [Primary adrenal insufficiency in adults: 150 years after Addison]. Arq Bras Endocrinol- Metabol. 2004 Oct;48(5):724-38. 4. 4. Braunwald E, FauciAS, Hauser SL, Longo DL,Kasper DL, Jameson JL. Medicina Interna de Harrison. 18ª ed. Editora Artmed; 2009. 14 PNEUMOLOGIAPNEUMOLOGIA CASOCASO 82 Liga Acadêmica de Clínica Médica da ParaíbaLiga Acadêmica de Clínica Médica da Paraíba Autores:Autores: Everton Camilo Vasconcelos da Nóbrega e Everton Camilo Vasconcelos da Nóbrega e Hélita Bezerra Freitas.Hélita Bezerra Freitas. Orientador(a):Orientador(a): Maria Enedina Claudino de Aquino Scuarcialupi (Médica Pneumologista, Profa. daMaria Enedina Claudino de Aquino Scuarcialupi (Médica Pneumologista, Profa. da Faculdade de Ciências Médicas dFaculdade de Ciências Médicas da Paraíba).a Paraíba). Instituição:Instituição: Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba.Faculdade de Ciências Médicas da Paraíba. HISTÓRIA CLÍNICAHISTÓRIA CLÍNICA Regular estado geral e emagrecido, lúci- do, orientado e dispneico. Cianose peri- férica, hidratado, anictérico e cianose labial. FC: 101 bpm; FR: 27 irpm; Tax: 36,5 oC; PA: 110x90 mmHg. Respiração difícil, lábios cerrados e cia- nóticos. Ativo, Glasgow 15, força muscular pre- servada, ausência de déficits focais. Uso de musculatura acessória – fúrcula esternal; expansibilidade torácica redu- zida; frêmito toracovocal diminuído no 1/3 su- perior de ambos os hemitóraces; som hipertim- pânico em ápices pulmonares e crepitações do tipo “velcro” nas bases pulmonares. Ritmo cardíaco regular em dois tempos com bulhas normofonéticas, sem sopros audíveis. Plano, depressível, indolor à palpação profunda e superficial, sem sinais de ir- ritação peritoneal e sem visceromegalias. Presença de cianose, edema de membros inferiores +/4 e hipocratismo digital. Sem sinais de flogose articular. EXAME FÍSICOEXAME FÍSICO 73 anos, masculino, encaminhado ao ambu- latório de especialidades com queixas de falta de ar e tosse seca há 3 anos. Conta que há 6 me- ses passou a apresentar dispneia aos moderados esforços. Ultimamente vem notando uma piora progressiva, inicialmente apresentando disp- neia aos médios esforços e mais recentemente aos mínimos esforços e, por vezes, em repouso. Ao longo de 6 meses refere tosse seca persis- tente e importante diminuição na tolerância ao exercício. Possui antecedentes de tabagismo (150 anos/maço). Refere dor torácica, edemas em membros inferiores, inapetência, perda de peso (10kg em 6 meses). Nega febre, expectora- ção, roncos, exposições ocupacionais, uso álco- ol/drogas ilícitas, pirose, epigastralgia, vômitos, diarreia, apneia do sono. Uso regular dos bron- codilatadores formoterol e tiotrópio. Editora Sanar 15 EXAMES COMPLEMENTARESEXAMES COMPLEMENTARES LLaabboorraattóórriioo VVaalloorrees s OObbttiiddooss VVaalloorrees s RReeffeerreenncciiaaiiss Gasometria arterialGasometria arterial pH 7,44 7,35 - 7,45 pCO2 40 mmHg 32 - 45 mmHg pO 2 88 mmHg 80 - 100 mmHg HCO3 27,2 mEq/L 22 - 28 mEq/L BE 2,8 mEq/L -2 a +2 mEq/L SatO2 91% >95% Espirometria:Espirometria: PPaarrââmmeettrroo PPrreevv.. PPrree--FFaarrmm.. PPooss--FFaarrmm.. PPooss--PPrree CALC.CALC. %TEO%TEO CALC.CALC. %%TTEEOO %% CVF (L) 3.67 1.98 53.82 2.00 54.51 0.69 VEF1 (L) 2.75 1.26 45.70 1.69 61.61 15.92 VEF1/CVF 0.77 0.64 82.92 0.85 110.39 27.47 Tabela.Tabela. Espirometria demonstrando distúrbio ventilatório combinado (restrição e obstrução) com variação Espirometria demonstrando distúrbio ventilatório combinado (restrição e obstrução) com variação isolada de fluxo após uso do broncodilatador.isolada de fluxo após uso do broncodilatador. Figura 1.Figura 1. Radiograa de tórax em Radiograa de tórax em PA (a) e perl (b), demonstrando sinais acentuados de hiperinsuflação pulmonar com aplainamento e reticação das cúpulasPA (a) e perl (b), demonstrando sinais acentuados de hiperinsuflação pulmonar com aplainamento e reticação das cúpulas diafragmáticas e hipovascularização nos lobos superiores, combinadas com padrão diafragmáticas e hipovascularização nos lobos superiores, combinadas com padrão intersticial nos 2/3 inferiores da área intersticial nos 2/3 inferiores da área pulmonarpulmonar.. Editora Sanar 16 EcocardiogramaEcocardiograma: fração de ejeção: 66% (nor- mal > 55%); ventrículo direito: aumentado; Pres- são sistólica em artéria pulmonar: 56mmHg (normal < 30mmHg - hipertensão pulmonar mo- derada) Valva pulmonar: retificada com onda “A” ausente. Figura 2.Figura 2. TC de tórax, corte axial, demonstrando sinais de intersticiopatia pulmonar caracterizados por distorção arquitetural, es TC de tórax, corte axial, demonstrando sinais de intersticiopatia pulmonar caracterizados por distorção arquitetural, es--pessamento septal e bronquiectasia de tração, envolvendo predominantemente a corticalidade de ambos os pulmões, com gradientepessamento septal e bronquiectasia de tração, envolvendo predominantemente a corticalidade de ambos os pulmões, com gradiente ápico-basal. Destacam-se extensas áreas de faveolamento pulmonar nas bases, sem ápico-basal. Destacam-se extensas áreas de faveolamento pulmonar nas bases, sem evidências de vidro fosco signicativo.evidências de vidro fosco signicativo. Figura 3.Figura 3. TC de tórax, corte axial, evidencia cistos pulmonares aéreos predominando nos campos superiores, associado a áreas de TC de tórax, corte axial, evidencia cistos pulmonares aéreos predominando nos campos superiores, associado a áreas de ensema centrolobular e parasseptal nos ensema centrolobular e parasseptal nos lobos superiores.lobos superiores. Editora Sanar 17 1.1. Qual o provável diagnóstico para o caso em questão? 2.2. Qual(ais) exame(s) confirmariam a hipótese diagnóstica? 3.3. Qual a razão das alterações na espirometria? 4. 4. Qual a conduta terapêutica mais apropria- da? PONTOS DE DISCUSSÃOPONTOS DE DISCUSSÃO Editora Sanar 18 DISCUSSÃODISCUSSÃO O tabagismo continua a ser um grave pro- blema de saúde pública mundial e, embora sua magnitude e impacto relativo varie entre di- ferentes populações, é considerado a principal causa evitável de morte em vários países.1 Os grupos de doenças pulmonares que abri- gam a maioria das doenças do aparelho respi-ratório correspondem às seguintes categorias (Quadro 1): doenças obstrutivas e distúrbios res- tritivos. O primeiro grupo é caracterizado por processos que envolvem a obstrução brônquica, redução do fluxo expiratório e aprisionamen- to de quantidade excessiva de ar no pulmão. O segundo grupo inclui uma variedade de proces- sos que acometem principalmente o interstício pulmonar, resultando em uma diminuição da elasticidade e da expansão pulmonar. Nos distúrbios obstrutivos, o ar em excesso no interior dos alvéolos traz como conseqüên- cia a redução na retração elástica e o aumento da resistência das vias aéreas. Já nos distúrbiosrestritivos ocorre o inverso, o acometimento do parênquima pulmonar, aparelho neuromuscu- lar respiratório e/ou caixa torácica provoca um aumento da retração elástica do parênquima pulmonar e redução da resistência das vias aé- reas. Ambos englobam entidades de diferentes características clínico-patológicas. Distúrbios obstrutivosDistúrbios obstrutivos Asma DPOC (enfisema e/ou bronquite crônica) Bronquiectasia Bronquiolite Distúrbios restritivosDistúrbios restritivos Doenças Intersticiais do pulmão Doenças neuromusculares (síndrome de Guillain-Barré, esclerose lateral amiotrófica) Doenças da parede torácica/pleura (Espondilite anqui- losante, cifoescoliose, efusões pleurais) Quadro 1.Quadro 1. Distúrbios obstrutivos e restritivos. Distúrbios obstrutivos e restritivos. A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e fibrose pulmonar idiopática (FPI) são duas graves doenças pulmonares de ori- gem multifatorial caracterizadas por padrões clínicos e patológicos distintos. No entanto, algumas semelhanças podem ser reconhecidas. Em primeiro lugar, ambos estão relacionados à inalaçãode agentes nocivos (principalmente o tabaco).2,3 Em Segundo lugar, tanto a DPOC e FPI são doenças crônicas e progressivas queacometem predominantemente idosos do sexo masculino. O paciente em questão apresenta uma com- binação de fibrose pulmonar e enfisema (CFPE). Com a introdução da Tomografia Computado- rizada de Alta Resolução (TCAR), muitos avan- ços na interpretação dos achados tomográficos das vias aéreas puderam ser observados e a com- binação dessas duas doenças passou a ser cada vez mais descrita, provando ser uma entidade distinta e prevalente.4-6 A apresentação simultânea de padrão obs- trutivo e restritivo na CFPE é caracterizada por dispneia grave, tosse e função pulmonar nor-mal ou subnormal na espirometria. Os pacien- tes são na maioria das vezes do sexo masculino e com história de exposição intensa ao tabaco. O exame físico revela crepitações do tipo “vel- cro” nas bases pulmonares e baqueteamento digital. Testes de função pulmonarTestes de função pulmonar: na avaliação dos volumes pulmonares e as capacidades res- piratórias, são elementos essenciais a força muscular, a complacência do parênquima pul- monar e a complacência da parede torácica. As diversas doenças que comprometem os pul- mões podem modificar a complacência pulmo- nar, de maneira que essas medidas sofrem alte- rações. A avaliação da função pulmonar através da espirometria é um valioso teste que auxilia o diagnóstico e a quantificação dos distúrbios respiratórios, sendo o único instrumento para o diagnóstico precoce da DPOC. Parâmetros espe- cíficos auxiliam na classificação do tipo e grau de disfunção pulmonar (Quadro 2). Editora Sanar 19 Distúrbios obstrutivosDistúrbios obstrutivos Diminuição de VEF1 < 80% do previsto Relação VEF1/CVF < 0,7 CPT normal ou aumentada Capacidade de difusão diminuída Distúrbios restritivosDistúrbios restritivos Diminuição dos volumes pulmonares CV e CPT diminuídas VEF1/CVF normal Doenças pulmonares intersticiais associadas ao taba-Doenças pulmonares intersticiais associadas ao taba- gismo (gismo (smoking related interstitial lung diseasesmoking related interstitial lung disease)) Pneumonia intersticial descamativa Bronquiolite respiratória associada à doença intersticial pulmonar Histiocitose pulmonar de células de Langerhans NeoplasiasNeoplasias Câncer de pulmão Tumores de traqueia Doença pulmonar obstrutivaDoença pulmonar obstrutiva Bronquiolite obliterante Enfisema Quadro 2.Quadro 2. VEF VEF11, volume expiratório forçado , volume expiratório forçado em um sem um s egundo; CVFegundo; CVF, capacidade, capacidade vital forçada; CPT, capacidade pulmonar total; CV, capacidade vital.vital forçada; CPT, capacidade pulmonar total; CV, capacidade vital. No que diz respeito à função pulmonar de pacientes com CFPE, a espirometria pode ser normal ou apresentar leves anormalidades, com valores de CVF, VEF1 e CPT em geral normais ou ligeiramente alterados. A relação VEF1/CVF pode estar normal ou ligeiramen- te abaixo do normal. Uma justificativa para a discrepância entre a clínica e as leves alterações é que a hiperinsuflação e a maior complacên- cia pulmonar resultantes da perda de elastici-dade nas áreas de enfisema podem compensar a perda de volume e complacência pulmonar causada pela fibrose. Ainda, a fibrose impede o fechamento precoce das pequenas vias aéreas observado em pacientes com enfisema.8 Exames de ImagemExames de Imagem: os exames de imagem são essenciais para o diagnóstico. Embora a ra- diografia simples de tórax não seja tão sensível como a tomografia computadorizada de alta re- solução do tórax (TCAR), ela pode revelar hiper- lucência nos ápices pulmonares corresponden- te a áreas de enfisema e um padrão intersticial predominantemente nas regiões pulmonares subpleurais e basais. A TCAR constitui a base do diagnóstico da CFPE e tipicamente mostra en- fisema centrolobular ou parasseptal nos lobos superiores, bem como opacidades reticulares, bronquiectasias de tração, espessamento septal, opacidades em vidro fosco e faveolamento nos lobos inferiores. TratamentoTratamento: as opções terapêuticas para CFPE são limitadas. O tratamento com corti- costeroides sistêmicos e imunomoduladores, semelhante ao para o tratamento de FPI, tem sido utilizado, mas sem resultados benéficos. Os broncodilatadores são utilizados para alívio da dispnéia e aumento da tolerância ao esforço físico. Cessar o tabagismo é a medida sensata que provavelmente impede a progressão das lesões de enfisema. A terapia de suplementação de oxigênio é apropriada para a gestão da hipo- xemia. A fisioterapia com reabilitação cardior- respiratória melhora a tolerância ao esforçofísico e a qualidade de vida. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS PRINCIPAISDIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS PRINCIPAIS OBJETIVOS DE APRENDIZADO / COMPETÊNCIASOBJETIVOS DE APRENDIZADO / COMPETÊNCIAS • Anatomia e fisiologia pulmonar; • Semiologia torácica nos distúrbios obstruti- vos e restritivos; • Compreensão dos parâmetros específicos das provas de função pulmonar nos distúr- bios obstrutivos, restritivos e combinados; • Diagnósticos diferenciais de dispnéia; • Manejo e evolução da DPOC associada à fi- brose. PONTOS IMPORTANTESPONTOS IMPORTANTES • O tabagismo está envolvido na gênese de inúmeras patologias, sendo a causa mais im- portante da DPOC; Editora Sanar 20 • CFPE é uma entidade clínica distinta carac- terizada pela coexistência de enfisema em lobo superior e fibrose pulmonar em lobo inferior; • Os achados clínicos, funcionais e radiológi- cos da CFPE são conflitantes à primeira vista e podem levar a uma interpretação equivo- cada e ao subdiagnóstico; • Infelizmente, CFPE não tem opções de trata- mento eficazes disponíveis, com exceção depossível transplante de pulmão, que em ge- ral apresenta um prognóstico desfavorável. REFERÊNCIASREFERÊNCIAS 1.1. World Health Organization. WHO report on the global tobacco epidemic, 2009: implementing smoke-free en- vironments. Geneva: World Health Organization; 2009. 2.2. American Thoracic Society: Idiopathic pulmonary fi- brosis: diagnosis and treatment. International consen- sus statement. American Thoracic Society (ATS), and the European Respiratory Society (ERS). Am J Respir Crit Care Med 2000, 161:646-664. 3.3. Rabe KF, Hurd S, Anzueto A, Barnes PJ, Buist SA, Cal- verley P, Fukuchi Y, Jenkins C, Rodriguez-Roisin R, van Weel C, Zielinski J: Global Initiative for Chronic Obs- tructive Lung Disease. Global strategy for the diagnosis, management, and prevention of chronic obstructive pulmonary disease: GOLD executive summary. Am J Respir Crit Care Med 2007, 176:532-555. 4. 4. Wiggins J, Strickland B, Turner-Warwick M. Combined cryptogenic fibrosing alveolitis and emphysema: the value of high resolution computed tomography in as- sessment. Respir Med. 1990;84(5):365-9. 5. 5. Grubstein A, Bendayan D, Schactman I, Cohen M, Shi- trit D, Kramer MR. Concomitant upper-lobe bullous emphysema, lower-lobe interstitial fibrosis and pul- monary hypertension in heavy smokers: report of eight cases and review of the literature. Respir Med. 2005;99(8):948-54. 6.6. Hiwatari N, Shimura S, Takishima T. Pulmonary em- physema followed by pulmonary fibrosis of undetermi-ned cause. Respiration 1993; 60: 354–358. 7.7. Cottin V, Nunes H, Brillet PY, Delaval P, Devouassoux G, Tillie-Leblond I et al . Combined pulmonary fibrosis and emphysema: a distinct underrecognised entity. Eur Respir J. 2005;26(4):586-93. 8.8. Dias OM, Baldi BG, Costa AN, Carvalho CRR. Combined pulmonary fibrosis and emphysema: an increasingly recognized condition . Jornal Brasileiro de Pneumolo- gia 2014;40(3):304-312.
Compartilhar