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Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável TROL Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável Cláudio Augusto Vieira Rangel 2ª E di çã o Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 37 O Estado dos Ambientes Ambientes Brasileiros e suas Características; Áreas Desmatadas e Desertificadas; Ambientes Aquáticos Erodidos; Aterros Sanitários; O Efeito Estufa; O Aquecimento Global; As Mudanças Climáticas. 2 Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 38 Nesta unidade, encontraremos alguns dos mais importantes biomas encontrados no Brasil, bem como algumas definições de ordem ecológica, tais como: desertificação, tipos de aterros sanitários, situação de degradação em ambientes costeiros, efeito estufa, aquecimento global, enfim, uma série de informações que ao longo do curso lhe propiciarão condições de intervir em prol da melhoria das condições de vida dos seres vivos e, consequentemente, ampliar o leque de oportunidades de sobrevivência de todas as espécies. Objetivo da unidade: Conhecer os Ecossistemas Brasileiros Plano da unidade: Ambientes Brasileiros e suas Características; Áreas Desmatadas e Desertificadas; Ambientes Aquáticos Erodidos; Aterros Sanitários; O Efeito Estufa; O Aquecimento Global; As Mudanças Climáticas. Bons estudos. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 39 Ambientes Brasileiros e suas Características Ao iniciar esta unidade, falaremos de alguns ambientes encontrados no Brasil, pois assim compreenderemos melhor as situações que estes se encontram e, consequentemente, poderemos avaliar seu estado de maneira mais abrangente. Começaremos pela vegetação, que possui uma grande variedade no Brasil. Porém essa vegetação vem sendo muito explorada desde o período colonial. A vegetação original tornou-se a primeira fonte de riqueza do país. A extração do pau-brasil representou também o início de um processo desordenado de utilização da cobertura vegetal, que praticamente levou à extinção da mata atlântica. Essa ação devastadora é marcante, sobretudo, nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e parte do Centro-Oeste. Atualmente, o desmatamento atinge principalmente a Amazônia. Podemos classificar a vegetação brasileira, em escala regional, em Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal, Caatinga, Matas de Araucária e de Cocais, além dos Campos, Restingas e Mangues. Estima-se que 10% das espécies vegetais do planeta vivam nas paisagens brasileiras, mas essa vegetação vem sendo consumida por desmatamentos, queimadas e poluição. Floresta Amazônica A Floresta Amazônica é uma típica floresta tropical, com grande diversidade de espécies vegetais e animais. Ocupa 5,5 milhões de km2 dos quais 60% estão em território brasileiro e nela vivem e se reproduzem mais de um terço das espécies existentes no planeta. Das 100 mil espécies de plantas que ocorrem em toda a América Latina, 30 mil estão na Amazônia e, desse total, 2.500 espécies de árvores (um terço da madeira tropical do mundo). A Amazônia também abriga muita água: o Rio Amazonas é a maior bacia hidrográfica do mundo e cobre uma extensão aproximada de 6 milhões de km2, cortando a região para desaguar no Oceano Atlântico, lançando no mar, a cada segundo, cerca de 175 milhões de litros de água. Esse número corresponde a 20% da vazão conjunta de todos os rios da terra. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 40 O seu solo, na grande maioria, é pobre em nutrientes. Pode parecer contraditório que uma floresta tão rica possa sobreviver sobre um solo pobre. Isso se explica pelo fato de ocorrer um ciclo fechado de nutrientes. Quase todos os minerais estão acumulados no vegetal. No solo existe uma camada em decomposição formada por folhas, galhos e animais mortos, que rapidamente são convertidos em nutrientes e novamente absorvidos pelas raízes. Portanto, a floresta vive do seu próprio material orgânico. Se a água das chuvas caísse diretamente sobre o solo, tenderia a lavá-lo, retirando os sais minerais. Na floresta, porém, a queda das gotas é amortecida pela densa folhagem, o que reduz a perda de nutrientes. Tais fatos tornam o desmatamento um grande vilão, pois reduz a folhagem da floresta, levando ao empobrecimento da terra, isso sem contar com os demais seres vivos como os insetos, que se encontram em todos os estratos da floresta, animais rastejadores, os anfíbios, répteis, aves e mamíferos, enfim, todos que de forma direta sustentam o equilíbrio cíclico que sofre alterações drásticas em virtude do desmatamento. Embora o Brasil tenha uma das mais modernas legislações ambientais do mundo, elas não têm sido suficiente para bloquear a devastação da floresta. O Brasil tem sua riqueza natural constantemente ameaçada. A exploração de produtos tradicionais como o guaraná, o látex e a castanha-do-pará pode ocorrer de forma a não interferir no equilíbrio ecológico e a garantir a sobrevivência de comunidades da floresta. Outros problemas são o extrativismo mineral e as queimadas, práticas realizadas muitas vezes com o fim de adequar áreas da floresta à pecuária. Daí, chegamos a problemas mais graves: a insuficiência de pessoal dedicado à fiscalização, as dificuldades em monitorar extensas áreas de difícil acesso, a fraca administração das áreas protegidas e a falta de envolvimento das populações locais. Solucionar essa situação depende da forma pela qual os fatores políticos, econômicos, sociais e ambientais serão articulados. Outra forma de destruição tem sido os alagamentos para a implantação de usinas hidrelétricas A atividade mineradora também trouxe graves consequências ambientais, como a erosão do solo e a contaminação dos rios com o mercúrio. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 41 Mata Atlântica A Mata Atlântica, atualmente, predomina na costa brasileira, onde planaltos e serras impedem a passagem da massa de ar, provocando chuva. Ela é uma floresta de clima tropical quente e úmido, sendo considerada uma das grandes prioridades para a conservação de biodiversidade em todo o continente americano. Sua cobertura florestal se apresenta reduzida a cerca de 7,6% da área original, que apresentava aproximadamente uma extensão de 1.306.421 km2. Mais de 70% da população brasileira vive em áreas de Mata Atlântica, que apresenta muitas das características da Floresta Amazônica. A diferença mais marcante é a topografia que, no caso da Mata Atlântica é mais íngreme e variável. Na época do descobrimento do Brasil, a Mata Atlântica tinha uma área equivalente a um terço da Amazônia; cobria 1 milhão de km2 ou 12% do território nacional, estendendo-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Apesar da devastação sofrida, a riqueza de espécies animais e vegetais que ainda se abrigam na Mata Atlântica é incrível. Em alguns trechos de floresta, os níveis de biodiversidade são considerados os maiores do planeta. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 42 Ocorreu à predatória do Pau-brasil a partir do século XVI, utilizado para tintura e construção, depois a implantação do ciclo da cana-de-açúcar, onde extensos trechos de mata Atlântica foram derrubados para dar lugar aos canaviais. No século XVIII, foram as jazidas de ouro que atraíram para o interior um grande número de portugueses. A imigração levou a novos desmatamentos, eles estenderam-se até os limites com o Cerrado, para a implantação de agricultura e pecuária. No século seguinte, foi a vez do café, provocandoa marcha ao sul do Brasil e, então, chegou a vez da extração da madeira. No Espírito Santo, as matas foram derrubadas para o fornecimento de matéria-prima para a indústria de papel e celulose. Em São Paulo, a implantação do Polo Petroquímico de Cubatão tornou-se conhecida internacionalmente como exemplo de poluição urbana. A Mata Atlântica abrange as bacias dos rios Paraná, Uruguai, Paraíba do Sul, Doce, Jequitinhonha e São Francisco. A mata possui espécies imponentes de árvores, como o jequitibá-rosa, assim como outras espécies que também se destacam nesse cenário tais como: o pinheiro-do-paraná, o cedro, as figueiras, os ipês, a braúna e o pau-brasil, entre muitas outras. Grande parte das espécies de animais brasileiros ameaçados de extinção é originária da Mata Atlântica, como os micos-leões, a lontra, a onça-pintada, o tatu- canastra e a arara-azul-pequena. Fora dessa lista vivem na área gambás, tamanduás, preguiças, antas, veados, cotias, quatis etc. É também em grande parte através da Mata Atlântica que se garante o abastecimento de água para mais de 120 milhões de brasileiros. Seus remanescentes regulam o fluxo dos mananciais hídricos, asseguram a fertilidade do solo, controlam o clima, protegem escarpas e encostas das serras, além de preservar um patrimônio histórico e cultural imenso. Essa região possui ainda belíssimas paisagens, verdadeiros paraísos tropicais, cuja proteção é essencial ao desenvolvimento do ecoturismo, importante atividade econômica presente em muitos projetos de desenvolvimento sustentável. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 43 Cerrado O cerrado apresenta uma formação típica de área tropical com duas estações marcantes, um inverno seco e um verão chuvoso. Sua área de ocorrência predominante encontra-se no Brasil Central. O solo, deficiente em nutrientes e com alta concentração de alumínio, dá à mata uma aparência seca. Apesar de não haver falta de água, as plantas têm raízes capazes de retirar água do solo a mais de 15m de profundidade. A vegetação é predominantemente arbustiva, com árvores retorcidas e folhas recobertas por pêlos. O cerrado apresentava toda a sua beleza de flores exóticas e plantas medicinais desconhecidas da medicina tradicional como arnica, catuaba, jurubeba, sucupira e angico. Encontram-se ainda gramíneas e cerradão, um tipo mais denso de cerrado, já misturado com formações florestais. Embora tradicionalmente esteja associado à pecuária, vem sendo ocupado pela monocultura de soja, responsável pela descaracterização dessa cobertura, já que ocupou originalmente cerca de 25% do território brasileiro. O equilíbrio desse sistema, cuja biodiversidade pode ser comparada à Amazônica, é de fundamental importância para a estabilidade dos demais ecossistemas brasileiros. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 44 Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o ecossistema brasileiro que mais sofreu alterações com a ocupação humana. Um dos impactos ambientais mais graves na região foi causado pelos garimpos, que contaminaram os rios com mercúrio e que provocou o assoreamento dos cursos de água. A erosão causada pela atividade mineradora tem sido tão intensa que em alguns casos chegou até mesmo a impossibilitar a própria extração do ouro rio abaixo. Nos últimos anos, contudo, a expansão da agricultura e da pecuária vem representando o maior fator de risco para o Cerrado. A partir de 1950, tratores começaram a ocupar sem restrições os habitats dos animais. São aproximadamente 2 milhões de km2 espalhados por 10 estados brasileiros, a segunda maior formação vegetal brasileira, superado apenas pela floresta Amazônica. O Cerrado é um campo tropical no qual a vegetação herbácea coexiste com mais de 420 espécies de árvores e arbustos esparsos. A estação seca é bem pronunciada, podendo durar de 5 a 7 meses. Os rios não secam, porém a sua vazão diminui. A vegetação do Cerrado tem aspectos que costumam ser interpretados como adaptações aos ambientes secos (xeromorfismo), apresentando assim, árvores e arbustos com galhos tortuosos, folhas endurecidas, cascas grossas; as superfícies das folhas são muitas vezes brilhantes, outras vezes recobertas por pêlos, porém outras plantas, contraditoriamente, têm características de lugares úmidos: folhas largas, produção de flores e brotos em plena estação seca. A fauna encontrada na região também recebe pouca atenção no que concerne à sua conservação e proteção. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 45 O processo de desmatamento realizado até então, se não for contido poderá resultar no fim do cerrado em períodos não muito distantes. Esta situação está causando a fragmentação de áreas e comprometendo seriamente os processos que mantêm a sua biodiversidade. Porém o Cerrado tem a seu favor o fato de ser cortadas por três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Tocantins, São Francisco e Prata), favorecendo a manutenção de uma biodiversidade surpreendente. Estima-se que a flora da região possua 10 mil espécies de plantas diferentes (muitas delas usadas na produção de cortiça, fibras, óleos, artesanato, além do uso medicinal e alimentício). Isso sem contar as 400 espécies de aves, os 67 gêneros de mamíferos e os 30 tipos de morcegos catalogados na área. O número de insetos é surpreendente: apenas na área do Distrito Federal há 90 espécies de cupins, 1.000 espécies de borboletas e 500 tipos diferentes de abelhas e vespas. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 46 Pantanal O Pantanal constitui-se em um dos mais valiosos patrimônios naturais do Brasil, sendo a maior área úmida continental do planeta, com cerca de 150 mil km², situado no sul de Mato Grosso e no noroeste de Mato Grosso do Sul, ambos estados do Brasil. Além de também englobar o norte do Paraguai e o leste da Bolívia (que é chamado de charco boliviano), considerado pela UNESCO Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera. A região é uma planície fluvial influenciada por rios que drenam a bacia do Alto Paraguai, onde se desenvolve uma fauna e flora de rara beleza e abundância, influenciada por quatro grandes biomas: Amazônia, Cerrado, Charco e Mata Atlântica. O Pantanal encontra-se sob o jugo das águas. A chuva divide a vida em dois períodos bem distintos, na época da seca entre os meses de maio a outubro, aproximadamente. A paisagem sofre mudanças radicais, no baixar das águas são descobertos campos, bancos de areia, ilhas sobre a superfície, onde fica exposta uma fina camada de lama humífera (mistura de areia, restos de animais e vegetais, sementes e humus) propiciando grande fertilidade ao solo. O equilíbrio desse ecossistema depende basicamente do fluxo de entrada e saída de enchentes que, por sua vez, está diretamente ligado à pluviosidade regional. Com o início do semestre chuvoso nas regiões altas (a partir de novembro), sobe o nível de água do Rio Paraguai, provocando as enchentes. O mesmo ocorre paralelamente com os afluentes do Paraguai que atravessam o território brasileiro cortando uma extensão de 700 km. As águas vão se espalhando e cobrindo, continuamente vastas extensões em busca de uma saída natural, que só é encontrada centenas de quilômetros adiante, no encontro do Rio com o Oceano Atlântico, fora do território brasileiro. As cheias chegam a cobrir até 2/3 da área pantaneira. A planície é levemente ondulada, pontilhada por raras elevações isoladas, geralmente chamadas de serras e morros, rica em depressões rasas. Seus limites são marcados por variados sistemas de elevações como chapadas, serras e maciços.É cortada por grande quantidade de rios dos mais variados portes, todos pertencentes à Bacia do Rio Paraguai. Os principais rios são: Cuiabá, Aquidauana, Piquiri, Taquari, São Lourenço, Miranda e Apa. O Pantanal é circundado do lado Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 47 brasileiro (norte, leste e sudeste) por terrenos de altitude entre 600 e 700 metros; estende-se a oeste até os contrafortes da cordilheira dos Andes e se prolonga ao sul pelas planícies pampeanas centrais. As primeiras chuvas da estação caem sobre um solo seco e poroso, além der ser facilmente absorvidas. De novembro a abril, as chuvas caem torrenciais nas cabeceiras dos rios da Bacia do Paraguai, ao norte. Com o constante umedecimento da terra, a planície rapidamente se torna verde devido à rebrotação de inúmeras espécies resistentes à falta d'água dos meses precedentes. Esse grande aumento periódico da rede hídrica no Pantanal, a baixa declividade da planície e a dificuldade de escoamento das águas pelo alagamento do solo são responsáveis por inundações nas áreas mais baixas, formando baías de centenas de quilômetros quadrados. O que confere à região um aspecto de imenso mar interior. Entre a vegetação variada encontram-se inúmeras espécies de animais adaptados a essa região de aspectos tão contraditórios. Essa imensa variedade de vida, traduzida em constante movimento de formas, cores e sons é um dos mais belos espetáculos da Terra. Por causa dessa alternância entre períodos secos e úmidos, a paisagem pantaneira nunca é a mesma, mudando todos os anos: leitos dos rios mudam seus traçados; as grandes baías alteram seus desenhos. No Pantanal já foram catalogadas mais de 2.000 espécies de insetos voadores (borboletas), cerca de 80 espécies de mamíferos, sendo os principais a onça- pintada, capivara, lobinho, veado-campeiro, veado catingueiro, lobo-guará, macaco-prego, cervo do pantanal, bugio, porco do mato, tamanduá, cachorro-do- mato, anta, preguiça, ariranha, suçuarana, quati, tatu etc. Há 650 espécies de aves (no Brasil inteiro estão catalogadas cerca de 1800). A mais espetacular é a arara- azul-grande, uma espécie ameaçada de extinção. Há ainda tuiuiús (a ave símbolo do Pantanal), tucanos, periquitos, garças-brancas, jaburus, beija-flores (os menores chegam a pesar dois gramas), socós (espécie de garça de coloração castanha), jaçanãs, emas, seriemas, papagaios, colhereiros, gaviões, carcarás e curicacas. Há uma infinidade de répteis, sendo o principal o jacaré (jacaré-do-pantanal e jacaré- de-coroa), cobras (sucuri, jiboia, cobras-d’água e outras), lagartos (camaleão, calango-verde) e quelônios (jabuti e cágado). Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 48 Quando o período da vazante começa, uma grande quantidade de peixes fica retida em lagoas ou baías, não retornando para aos rios. Durante meses, aves e animais carnívoros (jacarés, ariranhas etc) desfrutam, portanto, de um farto banquete. As águas continuam baixando mais e mais e nas lagoas, agora bem rasas, peixes como o dourado, pacu e traíra podem ser apanhados com as mãos pelos homens. Aves grandes e pequenas são vistas planando sobre as águas, formando um espetáculo de grande beleza. A fauna pantaneira é muito rica, provavelmente a mais rica do planeta. A vegetação do Pantanal não é homogênea e há um padrão diferente de flora de acordo com o solo e a altitude. Nas partes mais baixas, predominam as gramíneas, que são áreas de pastagens naturais para o gado. A pecuária é a principal atividade econômica do Pantanal. Entre os problemas ambientais do Pantanal estão os desequilíbrios ecológicos provocados pela pecuária extensiva, que destrói a vegetação nativa; a pesca e a caça predatórias de muitas espécies de peixes e do jacaré; o garimpo de ouro e pedras preciosas, que gera erosão, assoreamento e contaminação das águas dos rios Paraguai e São Lourenço; o turismo descontrolado que produz o lixo, esgoto e que ameaça a tranquilidade dos animais, além de outras ocorrências secundárias. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 49 Caatinga A palavra Caatinga vem do tupi, significa "mata branca". Encontrada somente no Brasil, ocupa uma área de cerca de 750.000 km², cerca de 11% do território nacional, englobando de forma contínua parte dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte do Norte de Minas Gerais (Sudeste do Brasil). Os cerca de 20 milhões de brasileiros que vivem nos 800 mil km2 de Caatinga tinham a falsa ideia de que o bioma não seria homogêneo, como se acreditava antigamente. Ele seria o resultado da degradação de formações vegetais mais exuberantes, como a Mata Atlântica ou a Floresta Amazônica, além do cerrado. A Caatinga é composta de plantas xerófilas, próprias de clima seco e árido, adaptadas a pouca quantidade de água. As plantas da Caatinga apresentam várias adaptações que permitem a sobrevivência na estação seca. As folhas são muitas vezes reduzidas, como nas cactáceas, nas quais se transformam em espinhos. O mecanismo de abertura e fechamento dos estômatos é bem rápido, a queda das folhas na estação seca representa também um modo de reduzir a área exposta à transpiração. Algumas plantas possuem raízes praticamente na superfície do solo para absorver o máximo da chuva. O solo da caatinga é fértil quando irrigado. Em virtude do baixo índice pluviométrico da região sertaneja, as plantas que produzem cera, fibra, óleo vegetal e, principalmente, frutas dependem de irrigação artificial, possibilitada pela construção de canais e açudes. Quanto à flora, foram registradas cerca de 1000 espécies, estimando-se que haja um total de 2000 a 3000 plantas. Entre as de potencialidade frutífera, destacam-se o umbú, o araticum, o jatobá, o murici e o licuri, e entre as espécies medicinais encontram-se a aroeira, a braúna, o quatro-patacas, o pinhão, o velame, o marmeleiro, o angico, o sabiá, o jericó, entre outras. Com relação à fauna, foram identificadas 45 espécies de répteis, 17 de anfíbios, 120 de mamíferos, 695 de aves, além de pouco se conhecer em relação aos invertebrados. As precipitações são relativamente baixas, podendo ocorrer de maneira bastante irregular. A estação da seca é superior a sete meses por ano. Os rios normalmente secam no verão, exceto o São Francisco, que é perene. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 50 Segundo estimativas, cerca de 70% da caatinga já se encontra alterada pelo homem. É uma floresta aciculifoliada (folhas em forma de agulha, finas e alongadas), própria do clima subtropical, existente na Região Sul e em trechos do estado de São Paulo. Tem na Araucária angustifólia ou pinheiro do paraná, a espécie dominante, cujo fruto é o pinhão. Como atingem altura de mais de 30m e possuem formação aberta, as araucárias oferecem certa facilidade à circulação. Isso, associado ao grande número de pinheiros existentes, fez com que as florestas dessa formação se tornassem a principal fonte produtora de madeira do país, o que levou ao seu desaparecimento quase total. Seu principal produto, o pinho, tem ampla e variada aplicação econômica na indústria de móveis, na construção civil e na indústria de papel e celulose; se volta principalmente para os pinos e os eucaliptos, menos nobres, porém mais exploráveis em curto intervalo de tempo. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 51 Matas de Araucária e de Cocais A Mata das Araucárias ou pinheiros do paraná, de porte alto e copa em forma de guarda-sol, estendia-se do sul de MinasGerais e São Paulo até o Rio Grande do Sul, formando cerca de 100.000 km2 de matas de pinhais. Na sua sombra cresciam espécies como a imbuia, o cedro, a canela, entre outras. A Mata de Cocais encontra-se localizada entre a Amazônia e a Caatinga nos estados do Maranhão, Piauí e norte do Tocantins. Suas florestas são dominadas pelas palmeiras babaçu e carnaúba, além do buriti e da oiticica, que são florestas secundárias, isto é, cresceram após o desmatamento. O babaçu domina o ambiente e está sendo destruído em ritmo intenso pelas pastagens, mas pode sobreviver pela velocidade com que se reproduz e pelos produtos que são extraídos dele (cera, óleo - utilizado pela indústria de alimentos e cosméticos - fibras, glicerina etc.), de alto valor para a sobrevivência da população local. Os Estados do Maranhão, Piauí e Tocantins são os que concentram as maiores extensões de matas onde predominam os babaçus, formando muitas vezes agrupamentos homogêneos bastante densos e escuros, tal a proximidade entre os grandes coqueiros. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 52 Campos Nos campos (considerados por muitos como um tipo de cerrado, assim como as savanas africanas), a vegetação é constituída principalmente de plantas herbáceas (com predominância da família das gramíneas, tais como grama, milho, aveia, cevada, trigo e outras), havendo poucos arbustos e podendo ser encontrados em diversas áreas descontínuas do país, onde aparecem com características bastante diversas. Existem alguns tipos de plantas trepadoras e parasitas que se servem das árvores para irem subindo e alcançar a luz; muitas vezes estas trepadeiras desenvolvem-se tanto que acabam por estrangular as árvores onde se enrolam. Elas são normalmente chamadas de lianas e atingem um desenvolvimento tão grande, que quem as vê, diria que se trata de uma autentica árvore. Há lianas com cerca de 200 metros de comprimento. Os campos também fazem parte da paisagem brasileira. Esse tipo de vegetação é encontrado em dois lugares distintos: os campos de terra firme são característicos do norte da Amazônia, Roraima, Pará e ilhas do Bananal e de Marajó, enquanto os campos limpos são típicos da região sul. Eles são amplamente utilizados para a produção de arroz, milho, trigo e soja, e às vezes em associação com a criação de gado. A desatenção com o solo, entretanto, leva à desertificação, registrada em diferentes áreas do Rio Grande do Sul. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 53 Restingas De acordo com a resolução 07, de 23 de julho de 1996, do CONAMA, entende- se por vegetação de restinga o conjunto das comunidades vegetais, fisionomicamente distintas, sob influência marinha e fluvio-marinha. Área sujeita à influência de fatores ambientais como marés, ventos, chuvas e ondas, o que faz com que seja uma região dinâmica. Parte da vegetação é considerada pioneira, colonizando espaços abertos em outras áreas, iniciando o processo de sucessão. É uma região de baixa diversidade de espécies, com uma distribuição homogênea, ou seja, sem dominância de qualquer tipo de espécie. O substrato das praias é formado por areia de origem marinha e conchas e, é periodicamente, inundado pela maré, o que limita o desenvolvimento de certos tipos de plantas e a ocorrência de certos grupos de animais. O solo das dunas é arenoso e seco, sofrendo ação dos ventos que o remodelam constantemente. Pode receber borrifos das ondas, mas raramente se torna úmido. As dunas funcionam como área de descanso e alimentação e rota migratória para alguns falcões (peregrino) e águias, maçaricos, entre muitas outras aves como saíras, tucanos, arapongas, bem- te-vis, macucos, jacus, saíra peruviana e a papa-mosca de restinga, ambos endêmicos. Em áreas alteradas, as aves migratórias desaparecem e surgem as oportunistas (coruja-buraqueira, anu branco, gavião carrapateiro), seu solo é arenoso de origem marinha e seca, podendo acumular água da chuva em determinadas épocas do ano. Quanto à vegetação, encontraremos no início apenas algas e fungos microscópicos, em seguida plantas com estolões e rizomas que podem formar touceiras e raramente algum arbusto. O estrato herbáceo ocorre somente nas dunas e o arbustivo varia entre 1 e 1,5 m de altura com diâmetro máximo de 3 cm. As epífitas ocorrem no estrato arbustivo, são elas: bromélias, fungos, líquens, musgos e orquídeas. A vegetação de restinga pode ser subdividida em três regiões: Escrube, floresta baixa de restinga e Brejo de restinga. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 54 Mangues O manguezal é um bioma adaptado às condições adversas de salinidade e fluxo de marés. Este ecossistema é uma zona de transição entre mar e terra firme, onde o solo é rico em material orgânico, baixo teor de oxigênio, lodoso e salgado. A sua vegetação é arbórea, no entanto lenhosa. É um local bastante propício para que os animais se alimentem direta ou indiretamente dos nutrientes, minerais e material orgânico, sendo este utilizado para a reprodução das espécies e proteção. Estima-se que haja hoje em todo mundo cerca de 20 milhões de hectares de mangue, contudo, estão seriamente ameaçados pela expansão urbana, obras de engenharia, lixões, indústrias, aterros, marinas, cultivo de camarão, poluição, entre outros fatores. Os mangues estão localizados em regiões costeiras tropicais e subtropicais do planeta, nas desembocaduras de rios e em litorais protegidos pela ação direta do mar. Um exemplo é a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. O ecossistema manguezal não se restringe à orla marítima. Ele pode penetrar quilômetros no continente, seguindo o curso de rios cujas águas se misturam com o mar durante as marés cheias, tais como em Belém (PA) e São Luiz (MA), onde sua vegetação típica penetra até 40 km pelo interior. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 55 No manguezal, em geral, a vegetação é composta basicamente de vegetações do gênero Rhizophoras sp, Lagunculareae sp e Avicennia sp. Ocorre ainda um fenômeno em que as raízes respiratórias, chamadas de pneumatóforos (suas extremidades afloram perpendicular ao solo), crescem eretas emergindo do solo alagado para obter gás oxigênio necessário à respiração. O mangue não apresenta vegetação rasteira, no entanto, encontram-se algumas espécies de epífitas, tais como orquídeas e bromélias. Áreas Desmatadas e Desertificadas A ocupação do litoral ocorreu através do estabelecimento de pequenos núcleos de povoamento que iniciaram um processo de transformação através do desmatamento das áreas naturais, principalmente a restinga, transformando-as em áreas urbanizadas. Recentemente, a urbanização ocorreu para fins de lazer, com o estabelecimento de moradias temporárias, condomínios de elevado padrão ou prédios, em geral ocupando também áreas de manguezais. As mais importantes consequências dessa ocupação referem-se à eliminação da vegetação natural, ao estímulo dos processos erosivos, às mudanças nas características de drenagem por cortes e aterros (que exigem material de empréstimo, obtido a partir da escavação de morros situados na planície litorânea). Sem mencionar a geração de lixo, de esgoto doméstico (em geral sem o tratamento adequado e problemas de drenagens pelo afloramento do lençol freático nas áreas planas do litoral). Além do aumento na procura por recursos naturais nas áreas situadas no interior, causando desmatamentos e conseqüente perda das características naturais do ambiente. Em alguns casos, tudo isso ocasiona o processo de eliminação de riose córregos, o que em contrapartida empobrece o solo e direciona o ecossistema para um processo de desertificação que, na maioria dos casos, é irreversível. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 56 Podemos definir a desertificação como o processo de destruição do potencial produtivo da terra nas regiões de clima árido, semiárido e subúmido seco. Esse problema vem sendo detectado há mais de setenta anos em regiões de todo planeta, se destacando nos Estados Unidos. Além disso, muitas outras situações consideradas como graves problemas de desertificação foram sendo detectadas ao longo do tempo em várias regiões do planeta, tais como Ásia, Europa, América Latina, África e Austrália, oferecendo exemplos de como o homem utilizou de forma indiscriminada e predatória, destruindo os recursos e transformando terras férteis em desertos ecológicos e econômicos. À medida que o estudo sobre a origem dos desertos evoluiu, surgiram conceitos a respeito do assunto. Observe: Deserto é uma região de clima árido, onde o potencial de evaporação é maior que a precipitação média anual. Este se caracteriza por apresentar solos ressequidos; cobertura vegetal esparsa, presença de plantas xerófilas e temporárias. O processo de desertificação ocorre em mais de 100 países do mundo, por isso é considerado um problema global. O Brasil possui quatro áreas que evidenciam o processo de desertificação, chamadas núcleos de desertificação, onde ocorre intensa degradação. Elas somam aproximadamente 19 mil km² e se localizam nos municípios de Gilbués, no Piauí; Seridó, no Rio Grande do Norte; Irauçuba, no Ceará e Cabrobó, em Pernambuco. As regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas, também chamadas de terras secas, ocupam mais de 37% de toda a superfície do planeta, abrigando mais de 1 bilhão de pessoas, ou seja, 1/6 da população mundial, cujos indicadores são de baixo nível de renda, baixo padrão tecnológico, baixo nível de escolaridade e ingestão de proteínas abaixo dos níveis aceitáveis pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Vale ressaltar que a evolução desses lugares ocorre cada uma de modo específico. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 57 Ambientes Aquáticos Erodidos Os ecossistemas aquáticos possuem uma importância muito grande no contexto ambiental, pois, além de fornecer subsídios para as populações terrestres, recebe na maioria dos casos o esgoto doméstico das populações litorâneas e do seu entorno. Outro fator de degradação é o comprometimento das cadeias alimentares em face dos organismos diretamente envolvidos nesse processo. Uma pesquisa de campo referendada por especialistas do governo do Estado de São Paulo acaba de constatar, na região de Campinas, que a degradação dos recursos hídricos provoca um desequilíbrio intenso nas cadeias alimentares. Constatou-se que a emissão desordenada de poluentes domésticos e industriais no leito dos rios compromete de forma irreversível, sobretudo os organismos que ocupam a base das cadeias alimentares destes ambientes, comprometendo assim o equilíbrio das espécies. Isso sem mencionar a degradação dos índices de potabilidade da água nessas regiões como, por exemplo, em ambientes rurais onde espécies endêmicas tornam-se intolerantes à agressão ambiental, como o lambari-de-rabo-amarelo, que só sobrevive nos trechos de regiões rurais. Em contrapartida, houve uma “explosão” populacional de espécies resistentes que nem sempre são interessantes na cadeia alimentar local. Os ambientes estuarinos representam uma parte intermediadora entre a superfície continental e o mar aberto, promovendo como conseqüência a emissão de poluentes gerados pelas populações humanas – como os rejeitos urbanos, agrícolas e industriais que são transportados para ambientes marinhos por meio do escoamento superficial dos rios ou pela atmosfera. Acidentes nas estradas de alta rodagem próximas ao litoral, envolvendo caminhões de carga, transportadores de ácidos, óleos vegetais, grãos, entre outros, são contribuintes da poluição marinha, uma vez que grande parte do material despejado com o acidente é indiretamente carreada para o mar. Os poluentes também podem ser lançados diretamente nos ambientes marinhos, como no caso de rejeitos de atividades petrolíferas, lavagens de porões de navios e despejo de barcaças, provocando o desenvolvimento ou surgimento de espécies exóticas vindas de outros continentes, como é o caso das águas de lastro, usadas para, entre outras coisas, equilibrar o transporte de substâncias nos tanques dos navios. Desta forma, os mares e os estuários acumulam subprodutos da atividade antrópica e a situação é agravada pelo fato da maioria dos centros urbanos localizarem-se em regiões costeiras, principalmente próximas a baías e estuários. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 58 Aterros Sanitários Inicialmente podemos denominar aterro com sendo a disposição ou o aterramento do lixo sobre o solo e classificar estes locais de depósito de lixo das cidades em três modalidades: o lixão ou vazadouro, o aterro controlado e o aterro sanitário. Podemos observar as vantagens e desvantagens de cada um nas linhas que se seguem. O lixo normalmente é coletado pelas prefeituras ou por uma companhia particular que conduz o material a um depósito. No caso desse depósito ser do tipo lixão, podemos dizer que se trata de um local onde há uma inadequada disposição final de resíduos sólidos, que se caracteriza pela simples descarga sobre o solo sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. Ou seja, o mesmo que depositá-lo a céu aberto, promovendo, entre outras coisas, a liberação de gases, principalmente o gás metano (que é combustível), o espalhamento de lixo pela redondeza por ação do vento, a possibilidade de criação de animais como porcos, galinhas, etc. nas proximidades ou no local. Isso se agrava com a proliferação de vetores de doenças (moscas, mosquitos, baratas, ratos etc.), acarretando problemas à saúde pública; sem falar na poluição do solo e das águas superficiais e subterrâneas através do chorume (líquido de cor preto, mal cheiroso e de elevado potencial poluidor produzido pela decomposição da matéria orgânica contida no lixo), comprometendo os recursos hídricos. O aterro controlado é uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e a sua segurança, minimizando os impactos ambientais. Este método utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos, cobrindo-os com uma camada de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho. Tal forma de depósito fica comprometida mediante a carência de impermeabilização do solo (comprometendo a qualidade das águas subterrâneas), de sistemas de tratamento de chorume ou de dispersão dos gases gerados. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 59 É preferível esse método ao lixão, mas, devido aos problemas ambientais que causa e aos seus custos de operação, a qualidade é inferior ao aterro sanitário. No início da fase de operação, realiza-se uma impermeabilização do local, de modo a diminuir os riscos de poluição, e a proveniência dos resíduos é devidamente controlada. O biogás é extraído e as águas lixiviantes são tratadas. A deposição faz- se por células que uma vez preenchidas são devidamente seladas e tapadas. A cobertura dos resíduos faz-se diariamente. Uma vez esgotado o tempo de vida útil do aterro, este é selado, efetuando-se o recobrimento da massa de resíduos com uma camada de terras com 1 a 1,5 metro de espessura. Posteriormente, esta área poderá ser utilizada para ocupações "leves" como zonas verdes, campos de jogos. O aterro sanitário é consideradoo processo mais bem elaborado, pois é fundamentado em critérios de engenharia e normas operacionais específicas que permitem a confinação segura em termos de controle de poluição ambiental, proteção à saúde pública; ou forma de disposição final de resíduos sólidos urbanos no solo através de confinamento em camadas cobertas com material inerte, geralmente, solo, de acordo com normas operacionais específicas, e de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais. Antes de se projetar o aterro sanitário, são feitos estudos geológicos e topográficos para que a área selecionada para sua instalação não comprometa o meio ambiente. Ocorre, inicialmente, a impermeabilização do solo através de combinação de argila e lona plástica para evitar infiltração dos líquidos percolados no solo. Esses líquidos são captados por tubulações e destinados a lagoas de tratamento. A quantidade de lixo depositado é controlada na entrada do aterro através de balança. É proibido o acesso de pessoas estranhas. Os gases liberados durante a decomposição são captados e podem ser queimados com sistema de purificação de ar ou ainda utilizados como fonte de energia. Segundo a Norma Técnica NBR 8419 (ABNT, 1984), o aterro sanitário não deve ser construído em áreas sujeitas à inundação. Entre a superfície inferior do aterro e o mais alto nível do lençol freático deve haver uma camada de espessura mínima de 1,5 m de solo insaturado. O aterro deve ser localizado a uma distância mínima de 200 metros de qualquer curso d´água e de fácil acesso. A arborização deve ser adequada nas redondezas para evitar erosões, espalhamento da poeira e retenção dos odores, além de apresentar elevado índice de impermeabilidade. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 60 O Efeito Estufa Os índices naturais de carbono da atmosfera propiciam as condições básicas para a existência de vida no planeta, mantendo elevada a temperatura. A Terra é aquecida pelas radiações infravermelhas emitidas pelo Sol até uma temperatura de –27ºC. Essas radiações chegam à superfície e são refletidas para o espaço. O carbono forma uma redoma protetora que retém parte dessas radiações infravermelhas e as reflete novamente para a superfície. Isso produz um aumento de 43ºC na temperatura média do planeta, mantendo-a em torno dos 16ºC. Sem o carbono na atmosfera, a superfície seria coberta de gelo, porém seu excesso tenderia a aprisionar mais radiações infravermelhas, produzindo o chamado efeito estufa: a elevação da temperatura média a ponto de reduzir ou até acabar com as calotas de gelo que cobrem os pólos. O Aquecimento Global Os cientistas ainda não estão de acordo se o efeito estufa já está ocorrendo, mas preocupam-se com o aumento do dióxido de carbono na atmosfera a um ritmo médio de 1% ao ano. A queima da cobertura vegetal nos países subdesenvolvidos é responsável por 25% desse aumento. A maior fonte, no entanto, é a queima de combustíveis fósseis, como o petróleo, principalmente nos países desenvolvidos. Seja como for, a alta da emissão desses compostos acarreta no processo batizado pelo nome de Aquecimento Global, que se resume no aquecimento recente do planeta provocado pelo aumento da emissão dos gases de estufa (CO, CO2, SO2 etc) através das ações humanas, ditas antrópicas. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 61 Mudanças Climáticas A partir de 1860, estações meteorológicas começaram a medir os níveis de carbono e observaram um aumento médio na década de 0,2 o C. Porém, a partir de 1910, o aquecimento se tornou evidente, alcançando na década de 40 um aumento em torno de 0,6o C. No entanto, foi na última década do século XX e na primeira metade do século XXI que os índices alarmantes receberam uma maior atenção por parte das autoridades governamentais. Desde então, o termo aquecimento global entrou nas mais variadas pautas governamentais. O sistema climático varia através de processos naturais internos e em resposta a variações dos fatores externos tais como, atividade solar, emissões vulcânicas, variações na órbita terrestre e gases estufa. As causas detalhadas do aquecimento recente continuam sendo uma área ativa de pesquisa, mas o consenso científico identifica os níveis aumentados de gases estufa, devido à atividade humana, como a principal influência. Essa atribuição se torna clara ao se observar os últimos 50 anos6. Porém, em oposição ao consenso científico, outras hipóteses foram feitas para explicar a maior parte do aumento observado na temperatura global. Uma dessas hipóteses é que o aquecimento é causado por flutuações no clima ou que o aquecimento é resultado principalmente da variação na radiação solar. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 62 Infelizmente não estamos livres das conseqüências advindas destes problemas, entre eles o derretimento das calotas polares, o aumentando o nível das águas oceânicas, comprometendo mais de 3 bilhões de humanos, pois estes habitam regiões costeiras. Isso sem mencionar os demais seres vivos, sempre legados ao segundo plano. Outra conseqüência que também já podemos observar é o caso das doenças epidêmicas que são típicas de regiões tropicais, como a febre amarela, a malária, a dengue entre outras, para não falar da falta de energia que, sem dúvida, provocaria uma catástrofe terrível para os padrões consumistas de grande parte da humanidade. As perspectivas não são e nem podem ser animadoras porque esquecemos, em grande parte, de nossas responsabilidades como seres dotados de cultura e raciocínio. Sendo assim, devemos assumir a dianteira dos acontecimentos e trabalhar em uníssono com um único objetivo: perpetuar a saúde e o equilíbrio do planeta, pois só assim poderemos galgar alguma esperança no processo de perpetuação das futuras gerações de seres vivos, sobretudo da humanidade. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 63 Leitura complementar: DREW, d. Processos interativos homem-meio ambiente. 5ª edição. Ed. Bertrand Brasil, 2002. Na unidade seguinte estudaremos os instrumentos de gestão ambiental. Teremos acesso à elaboração de um projeto sócio-ambiental, bem como a algumas leis que propiciam regimentar todo esse processo. É HORA DE SE AVALIAR! Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino- aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois às envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco! Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 64 Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 65 Exercícios – Unidade 2 1) Este bioma ocupa cerca de aproximadamente 22% do território nacional brasileiro. Aponte a alternativa que contém o nome desse bioma. a) Caatinga. b) Cerrado. c) Campina. d) Mata Atlântica. e) Pantanal. 2) A qual ecossistema pertence o Pau-Brasil, devastado pelo extrativismo durante a colonização? a) Cerrado. b) Manguezal. c) Mata Atlântica. d) Floresta Amazônica. e) Pampas. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 66 3) O frequente derramamento de petróleo em águas brasileiras tem provocado danos graves ao meio ambiente. De acordo com esse fato, é correto afirmar que: I. Os peixes, por viverem abaixo da superfície das águas, não são afetados. II. As aves marinhas, em contato com a películaflutuante de petróleo, podem morrer. III. A película flutuante impede a penetração da luz na água, salvando assim os peixes. IV. Os organismos aquáticos fotossintetizantes morrem devido à ausência de luz. V. A ingestão de organismos que tiveram contato com esse fenômeno poderá acarretar danos à saúde humana. Assinale a alternativa correta: a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas I, II e III estão corretas. c) Apenas II, III e V estão corretas. d) Apenas II, IV e V estão corretas. e) Apenas I, II, III e V estão corretas. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 67 4)Onde está localizada a Mata dos Cocais? a) No litoral do Brasil. b) Em áreas desde o Maranhão até o Espírito Santo. c) Entre a Amazônia e a Caatinga, nos estados do Maranhão, Piauí e norte do Tocantins. d) Na Floresta Amazônica. e) No sul do Mato Grosso e no noroeste do Mato Grosso. 5) Das alternativas abaixo, a única que permite um estudo completo de um ecossistema é: a) examinar as condições físicas e químicas do ambiente. b) estudar as relações entre as populações nele existentes. c) relacionar o meio abiótico à comunidade de organismos. d) estabelecer a densidade das populações nele existentes. e) examinar as populações do ambiente. 6) Aponte nas alternativas abaixo, aquela que não utiliza como modelo as formas de depósito de lixo das cidades: a) aterro sanitário e lixão. b) aterro sanitário e aterro controlado. c) aterro controlado e lixão. d) vazadouro e aterro controlado. e) vazadouro e aterro compactado. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 68 7) A queima da cobertura vegetal nos países subdesenvolvidos é responsável por um percentual de ______ de aumento na emissão de gases de estufa. Assinale nas alternativas abaixo, aquela que completa corretamente a lacuna. a) 25% b) 26% c) 27% d) 30% e) 35% 8) Aponte nas alternativas abaixo aquela que contém a distância mínima que um aterro sanitário deve ficar de um curso d’água: a) 2000 m. b) 200 m. c) 20 m. d) 20 km. e) 200 km. Gestão Ambiental e Desenv olv imento Sustentável 69 9) Explique o que significa desertificação. 10) Cite os principais impactos ambientais causados pela ocupação indevida e o consequente povoamento de regiões litorâneas e de algumas áreas ambientais.
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