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Material de Apoio Direito Penal Nestor Távora Aula 12

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AGENTE, ESCRIVÃO E PERITO DA PF+PRF 
Direito Penal 
Prof.: Nestor Távora 
Aula: 12 
Monitor: Mariana 
 
 
 MATERIAL DE APOIO – MONITORIA 
 
Índice: 
I. Anotações. 
II. Lousa. 
III. Questões. 
I. ANOTAÇÕES. 
 
ITER CRIMINIS (CAMINHO DO CRIME) 
 
9. Crime impossível: 
 
 9.2. Hipóteses: 
 
 c. 3º hipótese: Flagrante preparado/flagrante provocado/delito de 
ensaio/delito putativo (imaginado) por obra do agente provocador: segundo o STF na 
Súmula 1451, não se pode estimular a prática de delito com a finalidade de capturar as 
pessoas seduzidas, pois os fins não justificam os meios. 
 CONCLUSÃO: Em tal hipótese a prisão é ilegal e o fato praticado pela pessoa 
seduzida é enquadrado como crime impossível. 
 OBSERVAÇÃO 1: Flagrante preparado x Tráfico de substância 
entorpecente: Se o traficante já tinha a droga em sua posse ou em estoque quando é 
abordado por policial disfarçado de usuário, a prisão é legal e não estamos diante de crime 
impossível, já que a consumação do tráfico era preexistente à provocação. 
 OBSERVAÇÃO 2: Flagrante preparado x Flagrante esperado: Segundo o 
STJ na Súmula 5672, o monitoramento eletrônico ou por meio de seguranças tradicionais não 
descaracteriza o crime de furto, já que o meio empregado pelo criminoso pode ser eficaz. 
 CONCLUSÃO: O flagrante realizado é chamado de esperado, pois os seguranças 
estavam de tocaia aguardando os atos executórios ocorrerem. 
 
 9.3 Teorias sobre a punição do crime impossível 
 
A) Teoria sintomática: Aplicaremos medida de segurança ao agente. 
B) Teoria subjetiva: Aplicaremos a pena do crime tentado. 
C) Teoria objetiva: Se divide em: 
 
C.1) Teoria Objetiva Pura: O crime impossível nunca é punido, pouco 
importa se a ineficácia ou a impropriedade são absolutas ou relativas. 
 
1Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua 
consumação. 
2 Súmula 567 do STJ: Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de 
segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do 
crime de furto. 
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C.2) Teoria Objetiva Temperada: Só não a punição se a impossibilidade é 
absoluta. Sendo relativa, há responsabilidade penal. 
 CONCLUSÃO: é a teoria adotada pelo CP. 
 
 
CONCURSO DE PESSOAS/ CODELINQUENCIA/ CONCURSO DE 
AGENTES/ CONCURSO DE DELIQUENTES 
 
1. Conceito: Ele ocorre quando a infração é praticada por duas ou mais pessoas. 
 
2. Classificação dos crimes quanto ao concurso de pessoas: 
 
A) Crimes Monossubjetivos / Unissubjetivos / De concurso eventual 
 
CONCLUSÃO: Podem ser praticados por uma só pessoa. 
 
CONCLUSÃO 2: O concurso de pessoas pode ou não ocorrer (concurso eventual). 
 
B) Crimes Plurissubjetivos / Plurilaterais / De concurso necessário: Só podem ser 
praticados por mais de uma pessoa. Ex.: associação criminosa (art. 288, CP3). 
 
3. Requsitos para o concurso de pessoas: 
 
A) Pluralidade de agentes; 
 
B) Identidade de infração 
 
 CONCLUSÃO: Todos serão enquadrados no mesmo tipo penal (regra geral). 
 
C) Relevância de cada comparsa para o resultado criminoso; 
 
D) Vínculo subjetivo: ocorre quando uma pessoa adere à conduta da outra, ainda que a 
outra não saiba dessa adesão. 
 
 ADVERTÊNCIA: Não é necessário o prévio ajuste. 
 
4. Teorias sobre a punição do concurso de pessoas: 
 
A) Teoria Monista/Monística/Unitária: Todos que concorrem para o crime respondem 
por um único tipo penal, na medida de sua culpabilidade. 
 
 CONCLUSÃO: ela é adotada como regra geral (art. 29, caput, CP4). 
 
 
3 Art. 288-A. Constituição de milícia privada: Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização 
paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes 
previstos neste Código. 
4 Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida 
de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
 
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 CONCLUSÃO 2: excepcionalmente, os agentes respondem por crimes diferentes 
(Teoria Pluralista conforme o §2º, do art. 29, CP56). 
 
B) Teoria Dualista: Há um crime para o autor e outro para o partícipe (não é adotada no 
Brasil). 
 
5. Formas de codelinquencia 
 
5.1. Coautoria: é a autoria compartilhada de um crime. 
 
5.2 Participação: ela envolve uma conduta acessória, podendo ser: 
 
A) Material: O agente auxilia na prática do crime, fornecendo meios ou condições para a 
concretização do delito. Ex.: emprestar o carro para o assalto. 
 
B) Moral: ela é feita por induzimento ou instigação. 
 
 CONCLUSÃO: No induzimento, o agente faz nascer a ideia. 
 
 CONCLUSÃO: Na instigação, ele reforça a ideia já existente. 
 
6. Teorias para diferenciar coautoria de participação 
 
6.1. Teoria Unitária: Todos são considerados autores, inexistindo a figura do partícipe. 
 
6.2. Teoria Extensiva: Ela não faz distinção entre autor e partícipe, mas estabelece a 
diminuição da pena para a atuação de menor importância. 
 
6.3 Teoria Restritiva: Ela faz diferenciação entre autor e partícipe. 
 
 OBSERVAÇÃO: Quanto ao significado da palavra autor, temos as seguintes 
vertentes: 
 
A) Teoria Objetivo-formal: autor é aquele que executa o verbo, ou seja, o 
núcleo do tipo penal. Ex.: matar (art. 121, CP). 
 
B) Teoria Objetivo-material: autor é quem dá a contribuição objetiva mais 
importante para a prática do crime. 
 
C) Teoria do domínio do fato (Teoria Objetivo-subjetiva): por essa teoria, 
podemos considerar como autor: 
 
C.1) Quem tem o domínio da própria vontade (autor propriamente dito); 
 
C.2) Quem tem o domínio da parcela que lhe foi atribuída no conjunto de 
atividades criminosas (coautor funcional). 
 
5Art. 29, § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a 
pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais 
grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
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C.3) Quem usa terceira pessoa como instrumento do crime (autor indireto / 
mediato). 
 
C.4) Quem tem à sua disposição uma estrutura hierarquizada de poder, 
objetivando o cumprimento de ordens (autor de escritório). 
 
C.5) Quem tem o planejamento ou a coordenação do crime (autor intelectual). 
 
 OBSERVAÇÃO 1: Pela teoria do domínio do fato, o autor não 
necessariamente é o executor da ação. 
 OBSERVAÇÃO 2: A teoria do domínio do fato é inaplicável aos 
crimes culposos, pois o agente não tem o domínio de um resultado que ele não 
deseja. 
 OBSERVAÇÃO 3: Para a teoria do domínio do fato, partícipe é 
aquele que não executa o crime e não tem o domínio ou o controle da atuação 
criminosa. 
 OBSERVAÇÃO 4: Prevalece a teoria objetivo formal com inúmeros 
precedentes da teoria do domínio do fato. 
 
7. Consequências 
 
7.1. Redução da pena: quando a participação é de menor importância, a pena pode ser 
reduzida de 1/6 a 1/3 (art. 29, §1º, CP7). 
 
7.2. Pressuposto da punição: a participação só é punida se o autor da conduta principal 
incorrer, ao menos, na tentativa (art. 31, CP8). 
OBSERVAÇÃO: acessoriedade da punição quanto ao partícipe: o 
partícipe responde se o autor praticar um fato típico e ilícito (ainda que não 
culpável). 
CONCLUSÃO 1: tal cenário caracteriza a teoria da acessoriedade 
limitada. 
CONCLUSÃO 2: é a teoria que prevalece no Brasil. 
 
7.3. Participação por omissão 
 
A) Primeira situação: Se o omitente tem o dever de evitar o resultado, pode ser 
consideradopartícipe por omissão (crime omissivo impróprio). 
 
B) Segunda situação: Se o omitente não tem o dever legal de evitar o resultado, não 
responde como partícipe por ele e sim como autor de um crime autônomo (omissão 
de socorro). 
 
7.4. Colaboração em crime já consumado: Na hipótese, não há caracterização de 
coautoria ou participação no crime ocorrido, mas o agente pode responder por crime 
autônomo. Ex.: quem recebe o bem furtado não é partícipe do furto, mas autor da 
receptação (crime autônomo). 
 
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 Art. 29, § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um 
terço. 
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 Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não 
são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. 
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 ADVERTÊNCIA: Se antes do crime o agente se compromete a 
ajudar o infrator após o delito, pode se caracterizar a participação por instigação. 
 
8. Questões complementares 
 
8.1. Autoria mediata/indireta 
 
A) Conceito: é caracterizada quando o agente utiliza pessoa sem condições de 
discernimento para realizar em seu lugar a conduta típica. 
 
 CONCLUSÃO: o executor atua sem dolo, culpa ou culpabilidade, 
sendo a conduta principal atriubuída ao autor mediato. 
 
B) Hipóteses: próxima aula! 
 
 
II. LOUSA. 
 
 
 
 
 
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III. Questões. 
 
01. Ano: 2015 - Banca: CESPE - Órgão: TRE-GO - Prova: Analista Judiciário - Área 
Judiciária 
No que concerne à lei penal no tempo, tentativa, crimes omissivos, arrependimento posterior e 
crime impossível, julgue o item a seguir. 
 
De acordo com a teoria subjetiva, aquele que se utilizar de uma arma de brinquedo para ceifar a 
vida de outrem mediante disparos, não logrando êxito em seu desiderato, responderá pelo 
delito de tentativa de homicídio. 
 
( ) Certo ( ) Errado 
 
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02. Ano: 2014 - Banca: CESPE - Órgão: TJ-SE - Prova: Analista Judiciário - Direito 
 
Julgue os itens subsecutivos, acerca de crime e aplicação de penas. 
 
Configura crime impossível a tentativa de subtrair bens de estabelecimento comercial que tem 
sistema de monitoramento eletrônico por câmeras que possibilitam completa observação da 
movimentação do agente por agentes de segurança privada. 
 
( ) Certo ( ) Errado 
 
 
03. Ano: 2017 - Banca: CESPE - Órgão: PC-GO - Prova: Delegado de Polícia Substituto 
Álvaro e Samuel assaltaram um banco utilizando arma de fogo. Sem ter ferido ninguém, Álvaro 
conseguiu fugir. Samuel, nervoso por ter ficado para trás, atirou para cima e acabou atingindo 
uma cliente, que faleceu. Dias depois, enquanto caminhava sozinho pela rua, Álvaro encontrou 
um dos funcionários do banco e, tendo sido por ele reconhecido como um dos assaltantes, 
matou-o e escondeu seu corpo. 
 
Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta. 
 
a) Álvaro cometeu os crimes de roubo qualificado e homicídio simples. 
b)Samuel cometeu os crimes de roubo simples e homicídio culposo. 
c) Álvaro cometeu os crimes de roubo e homicídio qualificados. 
d) Álvaro cometeu o crime de homicídio qualificado e será responsabilizado pelo resultado morte 
ocorrido durante o roubo. 
e)Álvaro e Samuel cometeram o crime de roubo qualificado pelo resultado morte. 
 
04. Ano: 2016 - Banca: FUNCAB - Órgão: PC-PA - Prova: Escrivão de Polícia Civil 
Sobre a participação em sentido estrito, é correto afirmar que: 
a) adota-se, no Brasil, a teoria da acessoriedade máxima. 
b) o auxílio material é ato de participação em sentido estrito, ao passo em que a instigação é 
conduta de autor. 
c) assume a condição de participe aquele que executa o crime, salvo quando adotada a teoria 
subjetiva. 
d) não há participação culposa em crime doloso. 
e) na teoria do domínio do fato, partícipe é a figura central do acontecer típico. 
 
05. Ano: 2016 - Banca: FUNCAB - Órgão: PC-PA - Prova: Delegado de Polícia Civil 
 “A expressão domínio do fato foi usada, pela primeira vez, por Hegler no ano de 1915, mas 
ainda não possuía a conotação que se lhe empresta atualmente, estando mais atrelada aos 
fundamentos da culpabilidade. A primeira formulação da ideia central da teoria do domínio do 
fato no plano da autoria, em termos assemelhados aos contornos que lhe confere Roxin, deu-se 
efetivamente em 1933, por Lobe, mas produziu eco apenas quando Welzel a mencionou - sem 
referir-se, no entanto, ao seu antecessor - em famoso estudo de 1939, referindo-se a um 
domínio final do fato como critério determinante da autoria. Em razão dessa sucessão de 
referências esparsas e pouco lineares à ideia de domínio do fato é que se pode dizer, sem 
exagero, que apenas em 1963, com o estudo monográfico de Roxin, a ideia teve seus contornos 
concretamente desenhados, o que lhe permitiu, paulatinamente, conquistar a adesão de quase 
toda a doutrina" 
 
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(GRECO, Luís; LEITE, Alaor. O que é e o que não é a teoria do domínio do fato: sobre a 
distinção entre autor e participe no direito penal. In Autoria como domínio do fato. São Paulo: 
Marcial Pons, 2014. p. 21-22). 
 
Com esteio na concepção de Roxin sobre o domínio do fato, assinale a resposta correta. 
a) Reconhece-se de forma pacífica a autoria pelo do domínio de um aparato organizado de 
poder nos crimes praticados através de empresas, isto é, dent eidades que não atuam à 
margem do direito. 
b) Uma das hipóteses de autoria pelo domínio do fato reside no domínio de um aparato 
organizado de poder. Como característica marcante, entre outras, dessa situação de autoria 
mediata, tem-se a fungibilidade dos executores, a quem são emitidas ordens dentro de uma 
estrutura verticalizada de poder. 
c) Por domínio funcional do fato deve ser compreendida a coautoria, que pressupõe a divisão de 
tarefas relevantes entre os participantes, as quais são postas em prática durante a execução do 
delito, sendo vedada a imputação recíproca. 
d) A teoria do domínio do fato amplia o conceito de autor. Permite, destarte, a punição de uma 
pessoa pelo simples ocupar de uma posição de poder na estrutura de determinada organização 
criminosa, caso membros dessa organização executem o crime. Mesmo que não haja 
comprovação da ordem emitida por quem tem poder de mando, infere-se sua existência. 
e) Para a teoria do domínio do fato, o autor é a figura central do fato típico. Dessa forma , 
inegavelmente há autoria na conduta do executor (autor imediato), que é, por exemplo, aquele 
que pratica a subtração em um crime de furto. Também é autor o mandante, como no caso da 
pessoa que contrata um pistoleiro para matar alguém. 
 
Gabarito 
1. Certo. 
2. Errado. 
3. D. 
4. D. 
5. B.

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