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LAVAGEM DE DINHEIRO

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DO CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO
	Apesar de não ser uma muito utilizada pelos advogados atuantes na seara criminal, a Lei 9.613/98, que trata do crime de lavagem dinheiro detém caráter importantíssimo no direito penal econômico.
	O crime de lavagem de dinheiro, previsto no artigo 1º da Lei 9.613/98 é classificado como parasitário, é dizer, a sua existência se condiciona à ocorrência de um delito ulterior, ou, em outras palavras, a existência de uma infração penal antecedente e outra consequente ou parasitária, no caso, a lavagem de dinheiro.
	A partir da dicção do artigo inaugural da lei da lavagem de dinheiro temos a partícula “infração penal”, logo, o crime de lavagem de dinheiro pode ser parasitário tanto de um crime ou de uma contravenção penal. Tal alteração se deu em julho de 2012, pela Lei 12.683/2012. 
	Na evolução do entendimento sobre o crime de lavagem de dinheiro que, por ser um crime parasitário, deteve várias concepções sobretudo no que se refere a quais crimes antecedentes a lavagem de dinheiro estaria subordinada, surgiu-se algumas gerações, dentre elas: a) 1º geração (anos 70): nesta época, entendia-se a possibilidade da configuração da lavagem de dinheiro desde que o crime antecedente fosse o tráfico de drogas. Era o que acontecia na Califórnia (EUA); b) 2º geração: aqui, só se considerava como crime antecedente aquele que estivesse em rol taxativo. Era o que ocorria até julho de 2012 aqui no Brasil, logo, só se considerava como lavagem de dinheiro se atrelada a algum crime disposto no artigo 1º da Lei de lavagem de dinheiro. Nesta época, se o indivíduo houvesse praticado o crime de furto e posteriormente ocultasse ou dissimulasse valores provenientes deste crime, não seria considerado lavagem de dinheiro, porque o furto, apesar de crime patrimonial, não constava no rol do artigo 1º, Lei 9.613/98; c) 3º geração (hodierna): na terceira geração, pouco importa a natureza jurídica da infração penal antecedente, seja crime ou contravenção penal, estará configurada a lavagem de dinheiro;
	Trata-se de “novatio legis in pejus”, logo, para aqueles que cometeram crimes antes da vigência da Lei 12.683/2012, que alterou o rol do artigo 1º da Lei 9.613/98, não serão imputados pelo crime de lavagem de dinheiro exatamente pelo princípio da ultratividade maléfica da lei penal que não é aceito no ordenamento jurídico pátrio.
	A respeito dos aspectos processuais dos crimes de lavagem de dinheiro, preconiza o artigo 2º, I, da Lei 9.613/98, que o critério para escolha do procedimento que será adotado dependerá da quantidade de pena do crime, trata-se do procedimento material que surgiu a partir do ano de 2009 no Brasil. A partir da dicção do artigo 2º, I, Lei 9.613/98 combinado com o artigo 394, Código de Processo Penal, o procedimento a ser adotado será o ordinário.
	Na mesma toada, o artigo 2º, II, e §1º da Lei 9.613/98 demonstra a existência do princípio da autonomia relativa dos crimes de lavagem de dinheiro, é dizer, para que haja lavagem de dinheiro, imprescindível a existência de um crime anterior. 
	Entrementes, para o julgamento do crime antecedente, é necessário que a denúncia indique apenas elementos mínimos da infração antecedente, sendo dispensado que o autor do crime antecedente tenha sido condenado, sequer processado, bem como ter existido a investigação. Em síntese, existe dependência entre o crime antecedente e o consequente, todavia a dependência é relativa.
	No que atine à competência para processar e julgar os crimes de lavagem de dinheiro, imperioso esclarecer que, ao tempo de sua vigência, discutia-se que a competência para processar e julgar crimes de lavagem de dinheiro seria da Justiça Federal, sob a justificativa de que o bem jurídico tutelado pela lei de lavagem de dinheiro é a ordem econômica e financeira de tutela da União segundo a Constituição. Como o bem jurídico era de interesse da União, a Justiça Federal seria a competente. 
	Todavia, existia outro posicionamento, qual seja, a competência seria determinada a partir da natureza do crime antecedente, se fosse crime de competência comum, a lavagem de dinheiro também seria da competência comum, e assim por diante.
	A lei 12.683/2012 adotou o segundo posicionamento, ou seja, a determinação da competência para julgamento do crime de lavagem de dinheiro levará em conta a competência para julgamento do crime antecedente.
	Por derradeiro, faz-se mister lembrar que o artigo 2º, §2º, Lei 9.613/98, determina que a ausência do advogado, quando citado por edital, não ensejará a aplicação da suspensão disposta no artigo 366, CPP, logo, não será suspenso o feito, e por conseguinte, a prescrição não será suspensa. Neste caso, será nomeado um defensor dativo que acompanhará todo o processo.

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