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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

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9 
 
INTRODUÇÃO 
 
 A presente monografia tem como intuito analisa e apresenta qual a 
legitimidade do Delegado de Polícia em reconhecer ainda na fase policial, ou seja, 
no momento da formalização do inquérito policial, na incidência do flagrante e de 
suas circunstâncias, a aplicabilidade do princípio da insignificância. Em outras 
palavras, podemos dizer que o Delegado, posto como Autoridade Policial, reconhece 
que o fato não possui todos os elementos legais para constituir um delito, diante da 
aplicabilidade do princípio supracitado, se for adotado pelo delegado no momento do 
flagrante. 
 Em todas as circunstâncias que abrange o tema em questão, cabe 
unicamente ao Delegado aferir a conduta do agente, tipificando-a penalmente, para 
então instaurar-se o procedimento. O estudo concentra-se em expor a legitimidade 
da Autoridade Policial no reconhecimento do princípio em questão, isso não como 
maneira de desconsiderar o delito criminoso em si, mas sim de responder à situação 
de forma proporcional, razoável, sem abusos, constrangimentos, danos físicos e 
psicológicos que o encarceramento pode trazer a qualquer indivíduo. 
 Em consonância com a doutrina, a possibilidade do reconhecimento do 
princípio e a aplicabilidade deste pela autoridade policial e suas espécies. Fazer 
uma complexa analise dos ordenamentos dos quais emanam o tema em questão e a 
compatibilidade com o nosso ordenamento jurídico Brasileiro. 
 Analisando a tamanha responsabilidade do Delegado de Policia, o qual é 
responsável pela Polícia Judiciária, veremos possibilidades concretas, do uso do 
princípio, fazendo o uso de seu juízo de valor, deixarem de indiciar o acusado em 
face do crime de bagatella. 
 Dessa forma, tal princípio deve ser analisado pela autoridade policial 
como proibição de atos que atentem contra a liberdade do conduzido, como 
requerimento das prisões previstas no nosso ordenamento, lavraturas de flagrantes 
ou instauração de portarias com indiciamentos. Deve o Delegado de Policial Civil 
lavrar o termo circunstanciado de ocorrência. 
 
 
10 
 
1 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
 
1 2 Conceito e Aplicabilidade 
 O princípio da insignificância na esfera penal reúne algumas condições 
primordiais no que tange a sua aplicação, a mínima ofensividade de uma conduta 
positiva, o grau de reprovação do crime no âmbito social dentre outros e o grau da 
lesão provocada. 
 Em outras e melhores palavras, o conceito do principio em estudo é de que a 
conduta do criminoso é tão ínfima, baixa, de menor relevância o valor tutelado, que o 
direito penal deixa de ser aplicado, sendo que juridicamente dizendo, em face do 
principio da insignificância, essa conduta não será passível de aplicação na esfera 
penal, ou seja, não houve crime. 
 A doutrina majoritária entende que, o principio da insignificância no que tange 
sua natureza na esfera penal é afastar a tipicidade material do ato/fato, o que afasta 
a conduta positiva do criminoso do âmbito penal. 
 Assim, vale acrescentar o entendimento e palavras de Diomar Ackel Filho, 
1988: 
O principio da insignificância pode ser conceituado como aquele que pode 
informar a tipicidade de fatos que, por sua inexpressividade constituem 
ações de bagatela, despidas de reprovabilidade, de modo a não merecerem 
valoração da norma penal, exsurgindo, pois, como irrelevantes.
1
 
 Portando, o direito penal deve ser aplicado apenas nos casos onde o bem 
jurídico tutelado é realmente relevante no âmbito do direito penal. 
O direito penal não pode se valer de todas as atitudes antijurídicas das 
relações sociais, mas somente daquelas importantes e lesivas aos bens jurídicos 
tutelados pela esfera penal. 
 Sendo assim, para descobrirmos se um fato é penalmente punível e típico, 
devemos analisar o grau da lesão e tipifica lá a algum dispositivo previsto em nosso 
ordenamento jurídico. 
 Como dito acima, o principio da insignificância limita o poder do estado em 
sua aplicação, faz com que o magistrado selecione para fins de aplicação e proteção 
 
1
 ACKEL FILHO, Diomar. O princípio da insignificância no Direito Penal. Revista de 
Jurisprudência do Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo, 1988. p.73. 
11 
 
do direito penal. Como não bastasse, o princípio deve ainda enxergar as condutas 
que são aceitas na sociedade (Principio da Adequação Social) para delas também 
ficar totalmente afastada da aplicação do direito penal. Sendo assim, depois de 
afastado o principio em questão, o legislador poderá observar quais condutas o 
mesmo poderá aplicar o direito penal e suas sanções. 
 Já que o principio da insignificância visa a demonstrar a tipicidade do fato, 
vale frisar brevemente sobre o tema. A tipicidade penal se faz diante da tipicidade de 
um fato e pode ser denominada como forma e conglobante. A tipicidade formal nada 
mais é do que a adequação de uma conduta (positiva ou negativa) de um agente ao 
modelo previsto no ordenamento penal. 
Na situação hipotética o legislador ira analisar a previsão penal expressa em 
relação à conduta do agente. Já em tipicidade conglobante, podemos destacar dois 
aspectos essenciais, sendo eles: Se a conduta do agente é antinormativa, ou seja, 
ilícita e se o fato é típico. 
 Como nos ensina o doutrinador Rogério Greco, 2017, senão vejamos: 
Tipicidade formal é a adequação perfeita da conduta do agente ao modelo 
abstrato (tipo) previsto na lei penal. No caso em exame, haveria a chamada 
tipicidade formal, uma vez que o legislador fez previsão expressa para o 
delito de lesão corporal de natureza culposa cometido na direção de veículo 
automotor. Contudo, será que poderíamos falar em tipicidade 
conglobante? Para que se possa concluir pela tipicidade conglobante, é 
preciso verificar dois aspectos fundamentais: a) se a conduta do agente é 
antinormativa; b) se o fato é materialmente típico. O estudo do princípio da 
insignificância reside nesta segunda vertente da tipicidade conglobante, ou 
seja, na chamada tipicidade material. Além da necessidade de existir um 
modelo abstrato que preveja com perfeição a conduta praticada pelo 
agente, é preciso que, para que ocorra essa adequação, isto é, para que a 
conduta do agente se amolde com perfeição ao tipo penal, seja levada em 
consideração a relevância do bem que está sendo objeto de proteção. 
Quando o legislador penal chamou a si a responsabilidade de tutelar 
determinados bens – por exemplo, a integridade corporal e o patrimônio –, 
não quis abarcar toda e qualquer lesão corporal sofrida pela vítima ou 
mesmo todo e qualquer tipo de patrimônio, não importando o seu valor.2 
 
É de peso ainda acrescentar, que o principio em questão não está previsto 
em nossa constituição federal. O principio da insignificância defendido pelos 
doutrinadores, possui a finalidade excluir as condutas que não possuem nenhuma 
 
2
 Greco, Rogério– Curso de Direito Penal, parte geral – 19º Edição, IMPETUS – Rio de Janeiro 2017. 
12 
 
relevância para o direito penal. Diante dessa afirmativa, vale frisar um trecho 
previsto no livro de Direito Penal do ilustre professor e doutrinador Rogério Greco. 
 Rogério Greco, (2013, p. 115) 
Segundo o principio da insignificância, que se revela por inteiro pela sua 
própria denominação, o direito penal, por sua natureza fragmentária, só vai 
aonde seja necessário para a proteção do bem jurídico. Não deve ocupar-se 
de bagatela.
3
 
 Com isso, é notável que tal princípio auxiliasse no momento da aplicação do 
direito penal nos crimes previstos em nosso código penal. 
 É de peso ainda acrescentar que, os tribunais e jurisprudências previstas no 
nosso ordenamento jurídico brasileiro têm entendido que há possibilidade de 
aplicação do mencionado princípio nos crimes patrimoniais que são cometidos sem 
a presença da violência. Com isso, é de suma importância transcrever a ementa 
defendida pelo nosso ordenamento, senão vejamos: 
Consoante entendimento jurisprudencial, o princípio da insignificância que 
deve ser analisado em conexão com os postulados da fragmentariedade e 
da intervenção mínima do estado em matéria penal tem o sentido de excluir 
ou de afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva do seu 
caráter material. [...] Tal postulado que considera necessária, na aferição do 
relevo material da tipicidade penal, a presença de certos vetores, tais como 
(a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhum 
periculosidade da ação, (c) o reduzidíssimo do grau de reprovabilidade do 
comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada – 
apoiou-se, em seu processo de formulação teórica, no conhecimento de que 
o caráter subsidiário do sistema penal reclama e impõem, em função dos 
próprios objetivos por ele visado, a intervenção mínima do poder publico” 
(STF, HC84.412-0/SP, Min. Celso de Melo, DJU 19/11/2004). No caso 
concreto, as pacientes tentaram subtrair algumas peças de roupas, 
avaliadas em R$ 78,50, que foram todas devolvidas sem prejuízo material 
para a vítima, numa loja estabelecida. Reconhece-se, então, o caráter 
bagatelar do comportamento imputado, não havendo falar em afetação do 
bem jurídico patrimônio” (HC 253802/MG, Habeas Corpus 2012/0190767-0, 
Relª Minª Maria Tereza de Assis Moura, 6º T, DJe4/6 2014).
4 
 
3
 GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal- Parte Geral. Volume 1. 7°edição. Rio de Janeiro: Impetus, 2006. 
4
MELLO, Celso, Jurisprudência, 2016, 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/visualizarEmenta.asp?s1=000303530&base=baseMonocratica, 
acesso em 03/12/2017 às 14h:12min; 
13 
 
Como não bastasse o entendimento acima descrito, é de peso ainda frisar 
outros entendimentos doutrinários pertinentes ao tema, senão vejamos: 
A jurisprudência desta Corte Superior é firme em assinalar a impossibilidade 
de se reconhecer a insignificância dos crimes cometidos mediante violência 
e grave ameaça, como na hipótese” (STJ, HC 136.059/MS, Rel. Min. 
Rogério Schietti Cruz, 6ª T., DJe 
18/04/2016). “A jurisprudência do STF e do STJ é pacífica, no sentido de 
não ser possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes 
praticados com grave ameaça ou violência 
contra a vítima, incluindo o roubo” (STJ, AgRg no AREsp 525.350/MG, Rel. 
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª T., DJe 22/06/2015).
5
 
 
Além do mais, de acordo com alguns entendimentos, a possibilidade de 
aplicação do princípio da insignificância nos crimes de delitos materiais ou de 
resultado, mas também a possibilidade nos crimes de perigo ou de mera conduta. 
 Diante dos breves comentários acima expostos, podemos finalizar que, a 
aplicação do princípio da insignificância pode ocorrer em algumas infrações penais, 
quando a conduta do agente for tão mínima que não é suficiente para atingir a 
esfera ou campo pena, ou seja, atitudes que não devem merecer a aplicação e 
atenção do direito penal ativo. 
 Sendo assim, somente as condutas que são menosprezadas pela sociedade 
e que ferem realmente a esfera penal deverão ter uma atenção do direito penal, pois 
o mesmo foi criado para não ser utilizado. 
 
1 3 Aplicação do Princípio no Brasil 
 A jurisprudência brasileira avalia as decisões favoráveis a sua aplicabilidade. 
Quando apresentada a efetiva existência da atipicidade, os ministros do Supremo 
Tribunal Federal a reconhece, porém possui alguns requisitos que devem ser 
observados. 
 Com isso, é de peso transcrever o entendimento do Ministro Celso de Mello 
no HC 84.412/SP, senão vejamos: 
 
5
 Greco, Rogério – Curso de Direito Penal, parte geral – 19º Edição, IMPETUS – Rio de Janeiro 2013. 
 
14 
 
DIREITO PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME DE FURTO. PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA. INCIDÊNCIA NO CASO. ORDEM CONCEDIDA. 1. A 
questão de direito tratada neste writ, consoante a tese exposta pela 
impetrante na petição inicial, é a suposta atipicidade da conduta realizada 
pelo paciente com base no princípio da insignificância. 2. Considero, na 
linha do pensamento jurisprudencial mais atualizado que, não ocorrendo 
ofensa ao bem jurídico tutelado pela norma penal, por ser mínima (ou 
nenhuma) a lesão, há de ser reconhecida a excludente de atipicidade 
representada pela aplicação do princípio da insignificância. O 
comportamento passa a ser considerado irrelevante sob a perspectiva do 
Direito Penal diante da ausência de ofensa ao bem jurídico protegido. 3. 
Como já analisou o Min. Celso de Mello, o princípio da insignificância tem 
como vetores a mínima ofensividade da conduta do agente, a nenhuma 
periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do 
comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada (HC 
84.412/SP). 4. No presente caso, considero que tais vetores se fazem 
simultaneamente presentes. Consoante o critério da tipicidade material (e 
não apenas formal), excluem-se os fatos e comportamentos reconhecidos 
como de bagatela, nos quais têm perfeita aplicação o princípio da 
insignificância. O critério da tipicidade material deverá levar em 
consideração a importância do bem jurídico possivelmente atingido no caso 
concreto.5. Habeas corpus concedido.(sem grifos no original)(96688 RS, 
Relator: ELLEN GRACIE, Data de Julgamento: 12/05/2009, Segunda 
Turma, Data de Publicação: DJe-099 DIVULG 28-05-2009 PUBLIC 29-05-
2009 EMENT VOL-02362-07 PP-01249)
6 
 No Brasil, os ministros se baseiam no entendimento do tribunal, porém a 
algumas divergências quando o autor do crime de bagatela é reincidente, afastando 
assim a aplicabilidade do principio da insignificância e imputando então as sanções 
penais previstas no código penal brasileiro. 
 
1 4 Relação com outros princípios 
 O princípio da insignificância assim como os outros, se relaciona com alguns 
princípios existentes em nosso ordenamento jurídico. Neste subcapitulo, 
estudaremos alguns princípios que possui relação com o princípio ora estudado. 
 
1 4 1 Princípio da Legalidade 
O primeiro deles a ser analisado é o Princípio da legalidade, para grandes 
doutrinadores, tal princípio é o mais relevante no estado democrático de direito, é 
um dos princípios fundamentais para o direito e mais ainda para o direito penal. 
 
6
 Greco, Rogério – Curso de Direito Penal, parte geral – 19º Edição, IMPETUS – Rio de Janeiro 2013. 
15 
 
 Vale informar que tal princípio está previsto na constituição federal de 1988, 
no seu artigo 5º, inciso XXXIX que prevê: “Não há crime sem lei anterior que o 
defina,nem pena sem prévia cominação legal.” Sendo assim, este princípio 
apresenta um estado totalmente democrático de direito, onde vincula as condutas 
em previsões legais, aplicando a lei e subordinando todos à sua aplicação. 
 Como dito acima, este princípio é o mais importante na esfera penal, pois não 
se fala em crime se não houver algo definido na lei. Com isso, a lei é a fonte do 
direito penal quando se quer reprimir alguma conduta ativa ou não sob ameaça de 
sanções. 
 Vale frisar o grande pensamento do professor Rogério Greco, sobre o 
principio da insignificância, senão vejamos: 
Todos têm o direito de fazer aquilo que não prejudica a outro e ninguém 
estará obrigado a fazer o que não estiver legalmente ordenado, nem 
impedido de executar o que a lei não proíbe.
7
 
 Assim, o princípio da legalidade se relaciona com o da insignificância de 
forma muito importante, ou seja, somente através dessa correlação, podemos 
analisar a idéia de tipicidade que deriva do princípio da legalidade. 
 
1 4 2 Princípio da Proporcionalidade 
 Como já frisado, o princípio da insignificância não está expresso na 
constituição federal, como também não se encontra o princípio da proporcionalidade 
no texto legal da nossa constituinte. 
 Como sabemos o princípio da proporcionalidade tem como fundamento 
principal proibir a intervenção do estado em situações desnecessárias. Assim, não é 
justificativa suficiente que uma lei constritiva incida sobre alguns direitos 
fundamentais. 
 Diante dessa afirmação, o poder judiciário deve aplicar tal princípio, afastando 
a tipicidade penal de algumas condutas que não são lesivas aos bens jurídicos que 
são realmente tutelados pelo direito penal. 
 
7
GRECO, Rogério. Direito Penal do Equilíbrio uma visão minimalista do Direi
to Penal, Niterói – RJ: Editora Impetus, 2005. 
16 
 
 Podemos afirmar então que, a teoria do princípio da proporcionalidade serve 
como basamento na aplicabilidade do princípio em questão, pois este deve ser 
aplicado nos delitos insignificantes que será analisados e descartados do âmbito de 
aplicação e atenção do ramo do direito penal. 
 Sendo assim, vale frisar o pensamento do grande pensador Odone Sanguiné, 
senão vejamos: 
O fundamento do princípio da insignificância está na idéia de 
proporcionalidade que a pena deve guardar em relação à gravidade do 
crime. Nos casos de ínfima afetação ao bem jurídico, o conteúdo de injusto 
é tão pequeno que não subsiste nenhuma razão para o pathos ético da 
pena. Ainda a mínima pena aplicada seria desproporcional à significação 
social do fato.
8
 
 Diante da leitura desse dispositivo, podemos frisar que o princípio da 
proporcionalidade no direito se relaciona com o estado democrático de direito, a 
liberdade no direito penal é a regra, é um bem maior, sendo que sua limitação deve 
ser analisada em casos extremos e com bastante cuidado. 
 Nesse contexto, podemos concluir que o princípio em questão deve atuar de 
forma a preservar os direitos fundamentais previstos na nossa constituição, sendo 
que tal intervenção estatal deve ser medida aplicada somente em casos 
necessários. 
 
1 4 3 Princípio da Razoabilidade 
 O Princípio da razoabilidade, é fundamental para o estado de necessidade, 
vem previsto no art. 24 do Código Penal, nas seguintes expressões: “Cujo sacrifício, 
nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.” Diante dessa afirmativa, ressalva a 
necessidade da determinação dos bens em conflitos, para então concluir se o bem 
que o bem atingido pela conduta criminosa é igual ou superior a conduta do agente. 
 No Brasil, tal princípio foi aceito pela Suprema Corte em 1951, sendo que foi 
derivado de um direito norte americano. De acordo com este princípio, o objetivo 
maior é analisar os aspectos que envolvam os direitos fundamentais, buscando da 
 
8
 NOGUEIRA, Alves Hemerson, O Princípio da Insignificância, 2016, 
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,o-principio-da-insignificancia,56216.html, acesso em 03/12/2017 
às 13h:49min; 
17 
 
uma importância maior dos direitos supramencionados em face das condutas 
praticadas. 
 O instituto razoabilidade é fundamental no direito penal, ou seja, somente 
através da aplicabilidade e formalização deste princípio podemos fazer o senso de 
justiça na sociedade. 
 Fazendo uma breve comparação com o princípio da insignificância, podemos 
afirmar que, a análise com base nos entendimentos da razoabilidade, pode 
desconsiderar ou não um fato criminoso, afastando a tipicidade e valorando a 
conduta como insignificante. 
 
 
1 4 4 Princípio da Intervenção Mínima 
 
Como já frisado acima, o principio da insignificância não está previsto nas 
legislações, assim como o principio da intervenção mínima não se encontra nas 
legislações penais, constitucionais do nosso ordenamento jurídico vigente. 
 De acordo com este princípio, o direito penal deve ser apenas usado em 
casos extremos, quando nenhuma das outras esferas do direito não é suficiente. 
 O instituto de tal princípio está vinculado à doutrina do minimalismo penal, 
que ressalva que o direito penal deve ser usado ao mínimo necessário, pois como 
em regra, o direito penal foi criado para não ser em tese utilizado. 
 A esfera do direito penal é sem sombra de dúvidas o direito que mais atingi os 
direitos fundamentais de cada pessoa. Sua aplicabilidade causa enormes 
conseqüências a uma pessoa e a sociedade. Diante do exposto, a utilização do 
direito penal deve ser apenas no ultimo caso, pois é a medida mais radical que pode 
ser tomada em face da liberdade da pessoa humana. 
 Daí, podemos pensar que o Estado deve utilizar outros ramos do direito 
quando possível, e somente no ultimo caso socorrer a esfera do direito penal. 
 Diante desses ensinamentos, vale apenas frisar um pequeno trecho existente 
no livro de curso de direito penal do doutrinador Rogério Greco, senão vejamos: 
O poder punitivo do Estado deve estar regido e limitado pelo princípio da 
intervenção mínima. Com isto, quero dizer que o Direito Penal somente 
deve intervir nos casos de ataques muito graves aos bens jurídicos mais 
18 
 
importantes. As perturbações mais leves do ordenamento jurídico são 
objeto de outros ramos do Direito.
9
 
Assim, tal princípio nos demonstra claramente quais são os bens jurídicos 
realmente tutelados e importantes para o direito penal. Com isso, o direito penal 
deve agir no mínimo no meio da sociedade. Nesse sentido podemos frisar o que diz 
o doutrinador Cezar Roberto Bitencourt: 
O princípio da intervenção mínima, também conhecido como ultima 
ratio, orienta e limita o poder incriminador do Estado, preconizando que a 
criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário 
para a proteção de determinado bem jurídico. Se outras formas de sanções 
ou outros meios de controle social revelarem-se suficientes para a tutela 
desse bem, a sua criminalização será inadequada e desnecessária. Se para 
o restabelecimento da ordem jurídica violada forem suficientes medidas 
civis ou administrativas, são estas que devem ser empregadas e não as 
penais. Por isso, o Direito Penal deve ser a ultima ratio, isto é, deve atuar 
somente quando os demais ramos do direito revelarem-se incapazes de dar 
a tutela devida a bens relevantes na vida do indivíduo e da própria 
sociedade.
10
 
 
Assim, o principio da intervenção mínima tem as suas vertentes, sendo que 
uma delas é demonstrar com clareza e precisão a seleção dos bens jurídicos que 
merecem uma atenção maior do direito penal e também para demonstrar na 
atualidade que os bens que antigamenteeram considerados importantes, no dia de 
hoje não possuam mais o caráter de proteção. 
Nobres professores, a proteção dos bens jurídicos não pode ser apenas 
analisada na esfera penal, sendo que nosso ordenamento jurídico é amplo e possui 
várias vertentes que podem ser utilizadas para solucionar os problemas presentes 
em nossa sociedade. 
As medidas civis e administrativas devem ser analisadas quando a esfera 
penal não for justificativa suficiente e cabível em casos que a lei penal não é 
necessária. Diante dessas discussões, podemos frisar a importância das 
contravenções penais existente em nosso ordenamento. 
Podemos então finalizar que a relação deste princípio com o principio da 
insignificância é apenas que o direito penal deve ser acionado apenas em questões 
 
9
 GOMES, Luiz Flávio, O que se entende por Princípio da Intervenção Mínima?, 2011, 
https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1437844/o-que-se-entende-por-principio-da-intervencao-minima, acesso 
em 03/12/2017 às 14h:15min; 
10
 AMARAL, Leite Junior, O Caráter Fragmentário do Direito Penal e as Limitações na Atividade Persecutória do 
Estado, 2013, http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,o-carater-fragmentario-do-direito-penal-e-as-
limitacoes-na-atividade-persecutoria-do-estado,42127.html, acesso em 03/12/2017 às 14h:16min 
19 
 
que são realmente pertinentes e que ferem a esfera do direito penal e assim 
merecendo sua real atenção e aplicabilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
2 POLÍCIA BRASILEIRA 
2 1 Evolução Histórica 
 A polícia judiciária no Brasil teve sua criação no Rio de Janeiro, no começo do 
século XIX, passando por algumas transformações. A policia foi criada e assim após 
ganhar força, veio o surgimento de suas atribuições e competência. Antes da 
independência do Brasil, já existia as forças militares que conhecemos nos dia de 
hoje, sendo elas a Policia Militar e a Policia Civil. 
 Diante disso, vale frisar o pensamento do doutrinador COSTA, no livro 
História da Policia Civil, 2004, p. 90, senão vejamos: 
As polícias ocupavam-se apenas de uma pequena parte do controle social. 
Dirigiam suas atenções para a vigilância das classes perigosas, isto é, dos 
escravos, dos libertos e dos pobres livres. Na prática, suas atribuições 
concentravam-se na captura de escravos fugitivos, na repressão aos 
tumultos de rua, aos pequenos roubos e furtos e a outras condutas sociais 
indesejadas, como capoeira.
11
 
 A formalização da policia no Brasil foi manuseada principalmente para conter 
de forma positiva a desordem e a falta de ética e moral que infernizava as cidades 
brasileiras. 
 
2 2 Polícia Judiciária 
 A Polícia Judiciária é uma instituição de segurança do Estado que tem papel 
fundamental na apuração das infrações penais por meio de uma grande e 
competente investigação policial, que é feita nos autos do inquérito policial com 
caráter inquisitivo, servindo positivamente como fundamento de uma sanção penal 
positiva do estado, formulada e fundamentada pelo Ministério Público. 
 Assim, a Polícia Judiciária é coordenada pelas figuras denominadas 
autoridades policiais, ou seja, delegados de polícia, que exercem suas atividades 
laborativas em certas áreas de sua competência, a fim de apurar as infrações penais 
 
11
 CARDOSO, Aderivaldo, Surgimento das Policias, 2009, 
https://aderivaldo23.wordpress.com/2009/07/08/surgimento-das-policias/, acesso em 03/12/2017 às 
14h:20min; 
21 
 
como sua autoria, sempre defendendo e garantindo a ordem pública e garantindo os 
demais direitos individuais previstos na nossa constituinte. 
 A figura do delegado de polícia é a mais importante possível, uma vez que o 
mesmo é o primeiro a garantir os seus direitos fundamentais. 
 De acordo com a doutrina de José Geraldo: 
O vocábulo polícia, deriva do latim politia que por sua vez procede do grego 
politeia, que traz o sentido de organização política, sistema de governo e, 
mesmo, governo. Podemos concluir que em seu amplo sentido o vocábulo 
exprime ordem pública, disciplina política e a segurança pública instituídas, 
primariamente, por base política do próprio povo erigido em Estado.
12
 
 Sendo assim, a Polícia Judiciária é uma instituição fundamental para a 
aplicação da justiça, sendo o único fim garantir a paz, a ordem pública e 
resguardando a liberdade e os direitos dos outros indivíduos. 
 A Polícia Judiciária é um órgão que auxilia a justiça, e a sua maior finalidade é 
investigar os crimes e posteriormente fornecer ao Ministério Público a materialidade 
e a autoria e os elementos que possibilitam a propositura de uma ação penal. 
 Com isso, é de fácil percepção que a polícia é o primeiro órgão que possui 
contato direto com um delito e assim, de forma competente e exemplar, cuida do 
caso para que os indícios e a materialidade, ou seja, as provas, vestígios não se 
escapem. 
 Assim, a Polícia Judiciária investigará os delitos que já ocorreram, ou seja, 
que não foram prevenidos por circunstâncias alheias, descobrir a autoria dos crimes 
e juntar todos os elementos, provas possíveis, no sentido de indicar à autoria e 
posteriormente encaminhar os autos a justiça. 
 É dever da Polícia Judiciária quando possível realizar as prisões em flagrante 
prevista em nosso ordenamento, cumprir os mandados de prisão determinados pelo 
Juiz, realizar as diligências determinadas pela autoridade judiciária. 
 
 
 
12 DA SILVA, José Geraldo. O Inquérito Policial e a Polícia Judiciária. 4ed. Campinas: Millennium, 2002. 
p.33. 
 
22 
 
2 3 Deveres e Atribuições da Polícia Judiciária 
 Como sabemos, a Polícia é gerida pela Autoridade Policial (Delegado), mas 
sabemos que o órgão e formado por uma enorme equipe de colaboradores da lei, 
subordinados ao Delegado de Polícia, que positivamente auxiliam e participam das 
operações e de quase todos os deveres e atribuições. 
 A Polícia Judiciária exerce suas funções com uma equipe formada por 
pessoas de grau superior, onde é composta pelo Delegado de Polícia, agentes, 
investigadores, auxiliares, escrivães e os diversos peritos, sendo que todos 
trabalham em conjunto no intuito de investigar e realizar a confecção do inquérito 
policial. 
 Diante deste prisma, a Constituição Federal de 1988, em seu texto legal no 
art. 144 estabeleceu as atribuições da Polícia Judiciária, senão vejamos: 
Art. 144 C.F - A segurança pública, dever do Estado, direito e 
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública 
e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes 
órgãos: 
(...) 
IV - polícias civis; 
(...) 
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, 
incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia 
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
13
 
 No tocante a este tópico é de suma importância ainda ressalvar o que dispõe 
o art. 4º do título Inquérito Policial do Decreto Lei nº 3.689, de 03 de Outubro de 
1941, senão vejamos: 
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no 
território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das 
infrações penais e da sua autoria. 
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de 
 
13
 Constituição da Republica Federativa do Brasil, 1988, 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm,acesso em 03/12/17 às 
14h:20min 
23 
 
autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma 
função.
14
 
 Assim, no Brasil, as atribuições da polícia serão sempre de competência da 
Polícia Civis e Polícia Federal, de acordo com o artigo constitucional 
supramencionado, sempre realizando as funções com força investigativa e 
repressiva. 
 A sua existência vem deste ao governo imperial e ganhou seu 
reconhecimento no decorrer da história até chegar ao momento republicano de 
1889. Depois deste período histórico, a polícia ganhou força e definiram suas 
atribuições, relativas a medidas preventivas e também o seu fardamento. 
 No decorrer dos tempos, as medidas de policiamento e medidas ostensivas, 
preventivas, investigativas e repressivas, ganharam uma determinação maior, sendo 
que cada uma seria exercida por um tipo de Policia Judiciário, sendo elas as 
militares e as civis. 
 De acordo com DA SILVA, José Geraldo, 2002, prelecionando a cerca das 
atribuições da policia judiciária e a importância da atualização e modernização dos 
seus métodos de investigação escreve: 
 
A Polícia Judiciária não tem mais que função investigatória. Ela impede que 
desapareçam as provas do crime e colhe os primeiros elementos 
informativos da persecução penal, com o objetivo de preparar a ação penal. 
Estamos, pois, em face de atividade puramente administrativa, que o 
Estado exerce, no interesse da repressão ao crime, como preâmbulo da 
persecução penal. A Autoridade Policial não é Juiz: ela não atua inter 
partes, e sim como parte. Cabe-lhe a tarefa de coligir o que se fizer 
necessário para a restauração da ordem jurídica violada pelo crime, em 
função do interesse punitivo do Estado. De tudo se conclui que a polícia 
judiciária precisa ser aparelhada para tão alta missão. Reorganizada em 
bases científicas, e cercada de garantias que a afastem das influencias e 
injunções de ordem partidária, a policia judiciária, que é das peças mais 
importantes e fundamentais da justiça penal, estará apta para tão alta e 
difícil tarefa.
15
 
 
Muitos dos milicianos, exercem suas atividades laborativas sem ter passado 
pelo curso obrigatório, contando assim com a sorte, porque a atividade policial é 
uma função que exige de uma pessoa o maximo possível, pois é uma atividade 
complexa e bastante estressante. 
 
14
 Código de Processo Penal, 1941, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm, 
acesso em 03/12/2017 às 14h:22min; 
15
 DA SILVA, José Geraldo, O Inquérito Policial e a Policia Judiciária, 2002, 4ª Ed. Millennium. 
24 
 
 Vale ainda informar, que a doutrina do professor Elisson Costa, no artigo 
Polícia Administrativa x Polícia Judiciária, 2013, entende é afirma que há dois tipos 
de polícia, sendo a primeira delas a Polícia Administrativa e segunda a Polícia 
Judiciária. A Polícia Administrativa pode ser compreendida como uma polícia 
preventiva, sempre evitando os atos que lesão a sociedade. Assim o brilhante 
doutrinador Fernando Capez trás que esta modalidade de polícia tem: “caráter 
preventivo; objetiva impedir a prática de atos lesivos a bens individuais e coletivos; 
atua com grande discricionariedade, independentemente de autorização judicial.” 
 Por outro lado, a Polícia Judiciária é denominada como a polícia que realiza 
as suas funções de forma repressiva, sempre agindo posteriormente a uma 
infração/delito. Sua função é investigar, reunir as provas relativas à autoria e 
materialidade do crime. 
 Assim, vale ressaltar o que pensa o professor Nestor Távora, sobre este tipo 
de polícia, senão vejamos: “de atuação repressiva, que age, em regra, após a 
ocorrência de infrações, visando angariar elementos para apuração da autoria e 
constatação da materialidade delitiva”. 
 Nesse mesmo pensamento vale acrescentar os ensinamentos de Renato 
Brasileiro, descrito abaixo: 
Cuida-se de função de caráter repressivo, auxiliando o Poder Judiciário. 
Sua atuação ocorre depois da prática de uma infração penal e tem como 
objetivo precípuo colher elementos de informação relativos à materialidade 
e à autoria do delito, propiciando que o titular da ação penal possa dar início 
à persecução penal em juízo.
16
 
 Como analisado acima, a Polícia Judiciária tem um dever importante quando 
o assunto é auxiliar o poder judiciário, pois a mesma leva até o juiz e ao ministério 
publico, provas convincentes de uma suposta conduta típica prevista no nosso 
código penal. 
 Como não bastasse a divergência doutrinária acima demonstrada, há também 
uma enorme repercussão quando o assunto é polícia judiciária e polícia 
investigativa. Para grandes doutrinadores, a polícia investigativa nada mais é do que 
aquela que consegue os elementos que comprovam a autoria e a materialidade de 
um delito. Já a polícia judiciária é aquela que pode ajudar o poder judiciário, 
cumprindo as diligencias determinadas pelo juiz e pelo promotor de justiça. 
 
16
 LIMA, Brasileiro de Renato, Manual de Processo Penal, 4ª Edição, Editora JusPodium, Salvador – 2016; 
25 
 
 Diante desta pequena divergência doutrinária, vale destacar um pequeno 
trecho do livro Curso de Processo Penal, do professor Renato Brasileiro de Lima, 
mencionado abaixo: 
Como se percebe, a Constituição Federal e a Lei nº 12.830/2013 
estabelecem uma distinção entre as funções de polícia judiciária e as 
funções de polícia investigativa. Destarte, por funções de polícia 
investigativa devem ser compreendidas as atribuições ligadas à colheita de 
elementos informativos quanto à autoria e materialidade das infrações 
penais. A expressão polícia judiciária está relacionada às atribuições de 
auxiliar o Poder Judiciário, cumprindo as ordens judiciais relativas à 
execução de mandados de prisão, busca e apreensão, condução coercitiva 
de testemunhas, etc.
17
 
 Todavia, tal posicionamento é minoritário, sendo que é defendido por outros 
doutrinadores, pois no decorrer dos tempos, a doutrina defendida pela maioria dos 
doutrinadores defende que a polícia judiciária realiza também as funções da polícia 
investigativa. 
 Assim, temos que a doutrina majoritária defende que a polícia possui suas 
funções administrativas e judiciárias. Entretanto de outro lado, a doutrina minoritária 
entende que a polícia é formada pela figura administrativa, judiciária e investigativa. 
 Podemos concluir que a função policial deve ser praticada por pessoas 
dedicas, honestas, de enorme idoneidade moral e ética. A figura por trás do cargo 
de delegado de polícia deve estar bastante preparada, pois a função que lhe é 
determinada é de punho importantíssimo para a sociedade, que desfrutará, ou seja, 
irá gozar da garantia de ter uma ordem pública, defendendo os seus direitos 
fundamentais e individuas previsto na carta maior. A função da polícia como sempre 
dito acima é de suma importância para a instrução da ação penal. 
 
 
 
 
 
17
 CAVALCANTE, Lopes André, Investigação Criminal Conduzida por Delegado de Policia, 2013 
http://www.dizerodireito.com.br/2013/06/comentarios-lei-128302013-investigacao.html, acesso em 
03/12/2017 às 15h:00min; 
26 
 
3 POLÍCIA CIVIL 
3 1 História 
 Conforme os estudos e declarações encontrados no site do acervo existente 
no Museu do Rio de Janeiro, a instituição denominada Policia Civil surgiu, na época 
dos anos 30, exatamente no ano de 1530, quando o personagem Martin Afonso de 
Souza chegou ao Brasil, onde o mesmo foi enviado por D. João III. De acordo com 
as grandes pesquisas no dia 20 denovembro deste mesmo ano, a Polícia Civil 
iniciava as suas funções laborativas, resguardando a justiça nos limites territórios 
brasileira. 
 Desde então, a Polícia Civil passou por grandes transformações, desde o ano 
supramencionado até os anos atuais. Uma das grandes transformações, foi a 
divisão do território brasileiro em duas partes. As partes foram divididas e 
denominadas como, Brasil com atuação em Salvador e Maranhão, com atuação em 
São Luiz, no estado do Maranhão. 
 O grande objetivo desta divisão era intensificar e melhorar a defesa dos 
milicianos, viabilizarem a economia e a enorme atividade comercial existente na 
época. Diante dessa divisão surgiu a primeira organização da polícia que foi 
começou a exercer suas funções no Salvador. 
 As organizações policiais eram sustentadas pelos impostos que eram 
arbitrados na época. Vale informar alguns tipos de impostos, sendo eles: impostos 
sobre as casas, utilização de barcos e canoas e etc. 
 Com o decorrer do tempo, diante das transformações, no ano de 1760, o Sr. 
Dom José I, o rei de Portugal, criou no Brasil o cargo de Administração Geral de 
Policial, com extensos poderes, ampliando a aplicação deste cargo no Brasil, com o 
único fim de garantir e defender a ordem pública, segurança e a paz social. 
 Esses cargos e métodos da policial duraram até a chegada de D. João no 
Brasil no ano de 1808. Até nesta data, o método funcional da polícia era realizado 
pela intendência, ou seja, pela administração geral mencionada acima. 
 De acordo com os acervos históricos, D. João tinha em mente em criar uma 
polícia eficiente, com intuito maior na época, de combater os crimes praticados pelos 
espiões e membros franceses. Seu grande pensamento era fortalecer um enorme 
corpo policial, com foco político, que auxiliasse as cortes da época. Esse corpo de 
polícia deu origem a Polícia Judiciária no nosso País. 
27 
 
3 2 Institucional 
 Como dito acima, a origem da Polícia Civil de Minas Gerais e do Brasil está 
ligada com a presença da família real portuguesa, no ano de 1808, no estado do Rio 
de Janeiro, onde foi implementada a organização e chefia da Polícia, nos modelos 
da Polícia Francesa. 
 De acordo com os estudos realizados, vale frisar um trecho sobre a historia 
institucional da Polícia Civil, senão vejamos: 
A criação da Polícia Civil no Brasil está vinculada à chegada da família real 
portuguesa, em 1808, ao Rio de Janeiro, quando, através de Alvará Régio 
de 10 de maio, se implantou e organizou a Intendência Geral da Polícia da 
Corte e Estado do Brasil, idêntica à Intendência Geral da Polícia, criada em 
1760, em Lisboa, nos moldes da polícia francesa. Este fato atendia aos 
anseios da Corte que acompanhou D. João VI na travessia, a qual pedia 
uma instituição que pusesse ordem à desordem que reinava na antiga 
colônia. Em 29 de novembro de 1832, temos a publicação do Código de 
Processo Criminal e a criação do cargo de Chefe de Polícia, sendo suas 
atribuições definidas pelo Decreto de 29 de março de 1833. Em 1840, foi 
criada a Guarda Municipal (milícia civil), cuja finalidade era executar as 
ordens das autoridades policiais e auxiliar nas diligências judiciárias. Em 
1841, através da Lei nº 261, foram concedidos maiores poderes e 
autoridade ao Chefe de Polícia da província e, através do Decreto de 31 de 
janeiro de 1842, foi criada a figura do delegado e subdelegado de Polícia, 
subordinando-os ao Chefe de Polícia. Neste mesmo ano, tivemos a criação 
da Secretaria de Polícia na Corte e em cada uma das capitais das 
províncias, sendo em Minas Gerais instalada em Ouro Preto. Ocorreu 
também a divisão das funções policiais em Polícia Administrativa e Polícia 
Judiciária. Sendo estas alterações consideradas os alicerces da Polícia Civil 
que temos hoje. 
18
 
 Depois desses enormes marcos citados acima, somente no decorrer da 
época republicana, os governos estaduais fortaleceram e quando marcou a 
República Brasileira, que a Polícia Civil fortaleceu os serviços policiais. A Polícia era 
composta pelos chefes superiores e pelos delegados. No decorrer dos tempos, a 
Polícia Civil ganhou força como instituição, com a inovação da guarda civil e dos 
outros serviços que a mesma passou a exercer, como inspetoria em veículos, 
institutos criminalísticos dentre outros. 
 
18
MELLO, Barreto, História da Polícia do Rio de Janeiro, Editora A Noite, 1939. 
28 
 
 Vale ainda informar os pequenos aspectos históricos institucionais previstos 
nos acervos públicos dos marcos e passos da Polícia Civil transcrito abaixo: 
O advento da modernização do País, ocorrido em menos de um século de 
história (1930 a 2003), trouxe transformações sociais e econômicas que 
acarretaram problemas, como o êxodo rural e o rápido crescimento das 
cidades, os conflitos sociais e o crescimento de camadas marginalizadas 
socialmente. Esse fenômeno afetou profundamente os serviços policiais. No 
caso da Polícia Civil de Minas Gerais, a instituição cresceu e suas 
atribuições aumentaram. Os principais marcos desse período foram: 1956, 
quando se criou a Secretaria de Estado de Segurança Pública e houve a 
extinção do cargo de chefe de Polícia. 1988, com a Constituição Federal/88, 
que no seu artigo 144 estabelece que: “A segurança pública, dever do 
Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação 
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”, sendo 
as polícias civis componentes dos órgãos responsáveis por tais ações, 
visando à segurança pública.
19
 
 
3 3 Missão, Valores e Visão 
 A enorme missão da Polícia Civil é realizar com intenso comprometimento 
investigações contra a diminuição da criminalidade e atuar com qualidade na área 
da segurança pública e nas demais áreas competentes, sempre preservando a 
congraçar a tranquilidade social. 
 Como qualquer outro órgão/instituição, a Polícia Civil possui os seus enormes 
valores, sendo eles: o enorme compromisso com a atividade e conveniência pública, 
elevação dos Direitos Humanos, reconhecimento das pessoas como indivíduos de 
direitos, ética, condecorar o reconhecimento profissional, capacidade, condão, 
equidade, total translucidez e irrefutabilidade dos serviços prestados perante a 
sociedade. 
O negócio por trás da figura da Polícia Civil é apuração dos delitos e 
contravenções penais através das investigações policiais, sempre com grande 
efetivação de seus serviços pelos meios legais de sua competência. 
 
 
19
 SOARES, Raul, Polícia Civil, 2010, http://br.placedigger.com/policia-civil-de-minas-gerais---raul-
soares87719362.html, acesso em 03/11/2017 às 16h:30min. 
29 
 
3 4 Objeto Operacional e Competências Legais 
No tocante a este tópico, vale transcrever um pequeno trecho previsto no site 
da Polícia Civil de Minas Gerais, senão vejamos: 
A Polícia Civil é o órgão da segurança pública encarregado do exercício de 
polícia judiciária, que compreende o cumprimento das determinações 
emanadas do poder judiciário, bem como a apuração das infrações penais, 
que não sejam as militares e aquelas não tenham sido cometidas contra 
interesses da União. A atividade investigativa consiste na coleta de indícios 
da prática de infração penal, objetivando-se identificar a autoria do fato 
definido na legislação penal, fornecendo-se subsídios para a abertura do 
processo criminal e por consequência, a punição dos autores. Cumpre, 
ainda, à Polícia Civil, o processo de identificação civil e o registro e 
licenciamento de veículo automotor e habilitação de condutor.
20
 
Vale ainda frisarsobre a competência legal, os artigos onde estão previstos a 
competência da Policia Civil no tocante aos seus serviços, sendo estes descritos 
abaixo: 
Constituição da República - 1988 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade 
de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da 
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
(...) 
IV - polícias civis; 
(...) 
§ 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, 
incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia 
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
21
 
 
Constituição do Estado de Minas Gerais - 1989 
Art. 136 – A segurança pública, dever do Estado e direito e 
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública 
e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes 
órgãos: 
 
20
 NETO, Octacilio João, Objetivo Operacional e Competencia Legal, 2016, 
http://www.policiacivil.mg.gov.br:8080/pagina/objetivos_operacionais, acesso em 03/12/2017 às 13h:59min. 
21
 Constituição da Republica Federativa do Brasil, 1988, 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm, acesso em 03/12/2017 às 
13h:59min. 
30 
 
I – Polícia Civil; 
Art. 137 – A Polícia Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar se 
subordinam ao Governador do Estado. 
(...) 
Art. 139 – À Polícia Civil, órgão permanente do Poder Público, dirigido por 
Delegado de Polícia de carreira e organizado de acordo com os princípios 
da hierarquia e da disciplina, incumbem, ressalvada a competência da 
União, as funções de polícia judiciária e a apuração, no território do Estado, 
das infrações penais, exceto as militares, e lhe são privativas as atividades 
pertinentes a: 
I – Polícia técnico-científica; 
II – processamento e arquivo de identificação civil e criminal; 
III – registro e licenciamento de veículo automotor e habilitação de 
condutor.
22
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22
 NETO, Octacilio João, Objetivo Operacional e Competencia Legal, 2016, 
http://www.policiacivil.mg.gov.br:8080/pagina/objetivos_operacionais, acesso em 03/12/2017 às 13h:59min. 
31 
 
3 APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA PELO DELEGADO DE 
POLICIA CIVIL 
3 1 Considerações Gerais 
 
 No tocante a este tópico, vale informar que as aplicações do princípio em 
estudo pelo poder Judiciário e pelos doutrinadores já são mais do que pacificado. O 
princípio está sempre presente nas doutrinas e nas jurisprudências, sendo que 
sempre auxilia os julgadores nos casos pertinentes. 
 O Estado tem a obrigação de manter em paz a ordem pública, sempre 
zelando pelos exercícios de sua função punitiva, conforme disposto no art. 144 da 
CF-88, a segurança é um dever do Estado. Entretanto, a prisão é exceção em nosso 
ordenamento, sendo que a liberdade é a regra, sendo que deve ser sempre 
respeitada. 
 No nosso ordenamento jurídico atual, adotamos a teoria finalista da ação, 
segundo Hans Welzel: 
Hans Welzel foi o grande defensor dessa teoria que surgiu entre 1920 e 
1930, diante das constatações neoclássicas, onde se observou elementos 
finalísticos nos tipos penais. Pela corrente neoclássica, também 
denominada neokantista, foi possível determinar elementos subjetivos no 
próprio tipo penal e não somente na culpabilidade. Para a teoria finalista da 
ação, que foi a adotada pelo nosso Código Penal, será típico o fato 
praticado pelo agente se este atuou com dolo ou culpa na sua conduta, se 
ausente tais elementos, não poderá o fato ser considerado típico, logo sua 
conduta será atípica. Ou seja, a vontade do agente não poderá mais cindir-
se da sua conduta, ambas estão ligadas entre si, devendo-se fazer uma 
análise de imediato no “animus” do agente para fins de tipicidade.
23
 
 Sendo assim, deve analisar toda ação criminosa do autor do crime, e somente 
depois podemos analisar e considerar a conduta do agente e enquadrar a mesma 
em algum tipo penal previsto no nosso código. 
O direito penal foi feito para não ser utilizado ou para ser minimamente 
utilizado, conforme princípio do ultima ratio, sendo que este é o entendimento 
majoritário e pacificado dos nossos tribunais, senão vejamos: 
 
23
 EMANUELLE, Santos Rodrigo, Teorias da Conduta no Direito Penal, 2007, 
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/3538/Teorias-da-conduta-no-Direito-Penal, acesso em 
03/12/2017 às 17h:00min. 
32 
 
HABEAS CORPUS. CRIME DE FURTO SIMPLES (CAPUT DO ART.155 
DO CP). ALEGADA INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
PENAL. ATIPICIDADE MATERIAL DA CONDUTA. PROCEDÊNCIA DA 
ALEGAÇÃO. ORDEM CONCEDIDA. 1. O Direito Penal não é instrumento 
estatal idôneo para o controle de fatos socialmente irrelevantes. 2. A 
incidência da norma penal exige, para além da adequação formal do fato 
empírico ao tipo legal, que a conduta delituosa se contraponha, em 
substância, ao tipo em causa. 3. A inexpressividade financeira do objeto 
subtraído pelo acusado salta aos olhos. A revelar muito mais uma extrema 
carência material do ora paciente do que uma firme intenção e menos ainda 
toda uma crônica de vida delituosa. Paciente que, nos termos da proposta 
de suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei nº 9.099/95), não se 
apresenta com nenhuma condenação anterior e preenche, em linha de 
princípio, os requisitos do art. 77 do Código Penal (I - o condenado não seja 
reincidente em crime doloso; II – a culpabilidade, os antecedentes, a 
conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as 
circunstâncias autorizem a concessão do benefício). 4. Habeas corpus 
deferido para determinar o trancamento da ação penal.
24
 
 
HABEAS CORPUS. PENAL. FURTO. TENTATIVA. PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. OCULTA COMPENSATIO. 1. A 
aplicação do princípio da insignificância há de ser criteriosa e casuística. 2. 
Princípio que se presta a beneficiar as classes subalternas, conduzindo à 
atipicidade da conduta de quem comete delito movido por razões análogas 
às que toma São Tomás de Aquino, na Suma Teológica, para justificar a 
oculta compensatio. A conduta do paciente não excede esse modelo. 3. O 
paciente tentou subtrair de um estabelecimento comercial mercadorias de 
valores inexpressivos. O direito penal não deve se ocupar de condutas que 
não causem lesão significativa a bens jurídicos relevantes ou prejuízos 
importantes ao titular do bem tutelado, bem assim à integridade da ordem 
social. Ordem deferida.
25
 
 
 
 
 
 
24
 Supremo Tribunal Federal, Habeas Corpus, HC 94017125, 2008, 
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/14717534/habeas-corpus-hc-94017-rs, acesso em 03/12/2017 às 
14h:22min. 
25
 Supremo Tribunal Federal, Habeas Corpus, HC 9718925, 2007, 
https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/5255705/habeas-corpus-hc-97189-rs?ref=juris-tabs, acesso em 
03/12/2017 às 15h:00min. 
33 
 
Vale ainda frisar outros entendimentos dos Tribunais Superiores, senão 
vejamos: 
 
HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO. PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE, EM SENDO IRRISÓRIO O VALOR 
SUBTRAÍDO. ORDEM CONCEDIDA. 1. O Direito Penal, como na lição de 
Francisco de Assis Toledo, "(...) por sua natureza fragmentária, só vai até 
onde seja necessário para a proteção do bem jurídico. Não se deve ocupar 
de bagatelas." (in Princípios Básicosde Direito Penal, Ed. Saraiva, pág. 
133). 2. Cumpre, pois, para que se possa falar em fato penalmente típico, 
perquirir-se, para além da tipicidade legal, se da conduta do agente resultou 
dano ou perigo concreto relevante, de modo a lesionar ou fazer periclitar o 
bem na intensidade reclamada pelo princípio da ofensividade, acolhido na 
vigente Constituição da República (artigo 98,inciso I). 3 O correto 
entendimento da incompossibilidade das formas privilegiada e qualificada 
do furto, por óbvio, não inibe a afirmação da atipicidade penal da conduta 
que se ajusta ao tipo legal do artigo 155, parágrafo 4º, inciso IV, por força do 
princípio da insignificância. 4. Em sendo ínfimo o valor da res furtiva, com 
irrisória lesão ao bem jurídico tutelado, mostra-se, a conduta do agente, 
penalmente irrelevante, não extrapolando a órbita civil. 5. Ordem 
concedida.
26
 
 
CRIMINAL. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. FURTO SIMPLES. 
ÍNFIMO VALOR DA QUANTIA SUBTRAÍDA PELO AGENTE. 
INCONVENIÊNCIA DE MOVIMENTAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. 
DELITO DE BAGATELA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. ORDEM 
CONCEDIDA. Faz-se mister a aplicação do princípio da insignificância, 
excludente da tipicidade, se evidenciado que a vítima não teria sofrido dano 
relevante ao seu patrimônio – pois os valores, em tese, subtraídos pelo 
paciente representariam quantia bem inferior ao salário mínimo. 
Inconveniência de se movimentar o Poder Judiciário, o que seria bem mais 
dispendioso, caracterizada. Considera-se como delito de bagatela o furto 
simples praticado, em tese, para a obtenção de quantia de ínfimo valor 
monetário, consistente em apenas R$ 13,00 (treze reais) – hipótese dos 
autos. Deve ser determinado o trancamento da ação penal instaurada em 
 
26
 Superior Tribunal de Justiça, Habeas Corpus, 21750, 2012, 
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/233445/habeas-corpus-hc-21750-sp-2002-0047586-5, acesso em 
04/12/2017 às 18h:00min. 
34 
 
desfavor do paciente, por ausência de justa causa. Ordem concedida, nos 
termos do voto do Relator.
27
 
 
 Como visto acima, o Princípio da Insignificância deve ser analisado e aplicado 
sempre com bastante desvelo, considerando sempre somente aqueles crimes de 
menor potencial ofensivo. De acordo com os estudos, quando há possibilidade de 
aplicação do princípio da insignificância, a figura da tipicidade é afastada, ou seja, 
excluída. 
De grandes entendimentos dos nossos tribunais, podemos observar a enorme 
importância do princípio da insignificância e sua aplicação pelos operadores do 
direito. Nos delitos/casos de valor mínimo atacado ao bem jurídico, o resultado é tão 
pequeno que não produz efeitos suficientes para uma aplicação de pena. 
No tocante a este estudo apresentado, a aplicação do instituto pelo Delegado 
de Policia está começando a ganhar forças em nosso ordenamento jurídico. O 
Delegado de Policia pode fazer o seu juízo e descriminar se deixa ou não de indiciar 
o acusado pelo crime de bagatela. 
A prisão é uma medida que pode trazer enormes abalos a um individuo, 
tantos psicológicos como físicos. A legitimidade do Delegado na aplicação do 
princípio da insignificância é um enorme avanço no direito processual penal 
 
 
3 2 Inquérito Policial 
 
 Ao longo dos estudos, não podemos deixar de falar na figura principal do 
inquérito policial, vale frisar alguns entendimentos de dois doutrinadores renomados, 
senão vejamos: 
É um procedimento investigatório instaurado em razão da prática da uma 
infração penal, composto por uma série de diligências, que tem como 
objetivo obter elementos de prova para que o titular da ação possa propô-
la contra o criminoso. 
Neste mesmo raciocínio Capez (2012, p.111): É o conjunto de diligências 
realizadas pela polícia judiciária para a apuração de uma infração penal e 
de sua autoria, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar em 
 
27
 Superior Tribunal de Justiça, Habeas Corpus, 27218, 2009, 
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/229195/habeas-corpus-hc-27218-ma-2003-0028930-0?ref=juris-
tabs, acesso em 04/12/2017 às 18h:10min. 
35 
 
juízo (CPP, art. 4º). Trata-se de procedimento persecutório de caráter 
administrativo instaurado pela autoridade policial.
28
 
Sendo assim, o inquérito policial é um procedimento que tem efetiva 
participação dos membros da polícia civil, no intuito de averiguar as investigações 
infrações penais cometidas, visando buscar sempre a autoria e materialidade do 
crime, sendo que ao final é encaminhado ao poder judiciário, onde o promotor de 
justiça se baseia nos fatos narrados no procedimento administrativo, acolhendo 
suas pretensões e oferecendo ou não a denúncia. 
Vale frisar algumas características do Inquérito Policial, para o doutrinador 
Capez diz que: 
É um procedimento escrito, tendo em vista as finalidades do inquérito 
(item 10.4), não se concebe a existência de uma investigação verbal. Por 
isso, todas as peças do inquérito policial serão, num só processo, 
reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela 
autoridade.
29 
Sendo assim, todo Inquérito Policial deve ser escrito pelos escrivães e 
outros membros da Polícia Civil, sendo que no Estado de Minas Gerais todo 
procedimento é realizado através do sistema da Polícia Civil denominado PCNET. 
É de suma importância trazer o conceito de inquérito policial trazido pelo 
doutrinador Guilherme Nucci, vejamos: 
O inquérito policial é um procedimento preparatório da ação penal, de 
caráter administrativo, conduzido pela polícia judiciária e voltado à colheita 
preliminar de provas para apurar a prática de uma infração penal e sua 
autoria. (NUCCI, 2010).
30 
 
 
 
 
28
 SANTOS, dos Anderson, Inquérito Policial, 2017, 
https://andersonzeferino.jusbrasil.com.br/artigos/455836759/inquerito-policial, acesso em 05/12/2017 às 
13h:00min. 
29
 SANTOS, dos Anderson, Inquérito Policial, 2017, 
https://andersonzeferino.jusbrasil.com.br/artigos/455836759/inquerito-policial, acesso em 05/12/2017 às 
13h:00min. 
30
 TEORINO, Everton, Propriedades Gerais do Inquérito Policial, 2014, 
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,propriedades-gerais-do-inquerito-policial,49230.html, acesso em 
06/12/17 às 17h:00min. 
36 
 
Na mesma linha de raciocínio: 
A presidência do inquérito policial cabe à autoridade policial, embora as 
diligências realizadas possam ser acompanhadas pelo representante do 
Ministério Público, que detém o controle externo da polícia.
31
 
 
O Inquérito Policial possui caráter investigativo, sendo que é feito por 
indivíduos competentes, sendo que não pode ficar sob responsabilidade de uma 
pessoa particular. Somente a polícia pode exercer a função investigativa. 
Vale ainda informar que, o sigilo é uma das características fundamentais do 
Inquérito Policial, sendo que suas informações devem ser totalmente sigilosas, 
para que não seja prejudicada nenhuma ação de investigação por parte do 
Delegado e Investigadores. 
 A natureza do procedimento do Inquérito Policial é inquisitivo, ou seja, no 
momento de sua confecção, não há possibilidade da figura do juízo de valor. Em 
outras palavras, não cabe aqui a figura da ampla defesa e do contraditório em favor 
do suspeito/indiciado. 
 Dentro do Inquérito Policial, a vários procedimentos e peças que os escrivães 
e Delegados confeccionam, vale aqui citar algumas delas, senão vejamos: Temos os 
dois procedimentos de abertura que é o APFD (Auto de Prisão em Flagrante Delito) 
e temostambém a PORTARIA. 
 Ao longo do procedimento, temos os termos de declaração e termos de 
depoimento, laudos periciais confeccionados pelos departamentos da polícia civil, 
autos de apreensão, despachos de indiciamento e no final relatório. 
 É de suma importância informar também, os prazos de encerramento do 
Inquérito Policial, senão vejamos: De acordo com o Art. 10 do Código de Processo 
Penal, o Inquérito Policial deve ser finalizado em 10 (dez) dias se o indiciado estiver 
preso em flagrante delito ou se estiver preso pela prisão preventiva, ou no prazo de 
30 (trinta) dias, quando o autor estiver solto, mediante fiança ou não. 
 Ocorre que, em alguns casos o prazo de encerramento do Inquérito Policial 
será diferente, como vejamos abaixo: 
 
 
31
 SANTOS, dos Anderson, Inquérito Policial, 2017, 
https://andersonzeferino.jusbrasil.com.br/artigos/455836759/inquerito-policial, acesso em 05/12/2017 às 
13h:00min. 
 
37 
 
 Crimes de competência da Justiça Federal – 15 dias para indiciado 
preso e 30 dias para indiciado solto. 
 Crimes da lei de Drogas – 30 dias para indiciado preso e 90 dias 
para indiciado solto. Podem ser duplicados em ambos os casos. 
 Crimes contra a economia popular – 10 dias tanto para indiciado 
preso quanto para indiciado solto.
32
 
Por tudo demonstrado acima, podemos concluir que o Inquérito Policial é uma 
peça/procedimento administrativo, confeccionado pela autoridade policial 
competente, onde sempre resguarda os direitos fundamentais dos indivíduos e 
sempre focando o principio da dignidade da pessoa humana, trazendo ao ministério 
publico o conhecimento de algum fato criminoso, onde será possível a produção de 
novas provas para acolhimento de suas pretensões, para que decida pela 
propositura ou não da ação penal. 
 
 
3 3 Efetiva aplicação do Princípio da Insignificância pelo Delegado 
 
Diante de todo exposto acima, podemos concluir que o Delegado de Polícia 
tem total legitimidade quando o assunto é aplicação do princípio da insignificância. O 
Delegado de Policia quando estiver diante de uma situação de crime de bagatela, 
lavrará o APFD (Auto de Prisão em Flagrante), mas não indiciará o Acusado em face 
do princípio mencionado. Sendo assim, se por ventura o individuo praticar 
novamente o crime, este deixa de aplicar o princípio da insignificância e 
consequentemente dará andamento no Inquérito Policial. 
 A Autoridade Policial não poderá deixar de instaurar o APFD por fundamento 
no principio supramencionado, uma vez que é vedado pela nossa legislação vigente. 
Vale transcrever as palavras do professor Roger Spode, senão vejamos: 
A determinação da lavratura do auto de prisão em flagrante pelo delegado 
de polícia não se constitui em um ato automático, a ser por ele praticado 
diante da simples notícia do ilícito penal pelo condutor. Em face do sistema 
 
32
 ARAUJO, Renan, Inquerito Policial, 2016, https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/dica-
inqueripolicial/, acesso em 05/12/2017 às 16h:00min. 
38 
 
processual vigente, o Delegado de Polícia tem o poder de decidir da 
oportunidade ou não de lavrar o flagrante.
33 
 Sendo assim, tal avanço significa dizer uma valoração da dignidade da 
pessoa humana e a importância da figura da liberdade, onde este bem jurídico é um 
dos mais importantes. 
No decorrer deste subcapitulo, será demonstrado como é realizado a 
aplicação do princípio da insignificância pelo Delegado de Polícia. O inquérito policial 
possui, via de regra há duas formas de origem, sendo elas: a notícia de um crime ou 
uma prisão em flagrante. 
Assim sendo, o marco inicial do inquérito policial conforma a situação do 
caso, se dá pela portaria de instauração do processo administrativo. Nos crimes de 
ação penal pública, o Código de Processo penal, em seu texto legal no artigo 5º, nos 
crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado de ofício ou mediante 
requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do 
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
No decorrer do desenvolvimento da investigação policial, o Código de 
Processo Penal prevê várias diligências que poderão ser efetuadas na fase 
instrutória. 
Logo, depois de todas as diligências efetuadas pelos membros da policia civil, 
findada a fase de colheita, o Delegado de Polícia procedera ao ato de indiciamento 
do investigado, do acusado, quando presente todos os indícios de autoria e 
materialidade, nos termos do parágrafo 6º do artigo 2º da Lei 12.830/2013. 
A figura do indiciamento é o ato praticado pelo Delegado de Polícia, enquanto 
responsável por toda investigação, ao considerar finalizada a fase de coleta de 
provas do crime praticado pelo investigado, quando é possível concluir-se pela 
materialidade e autoria, individualizando-se todos os autores. A natureza do 
indiciamento, pode ser compreendido como um ato administrativos com efeitos 
processuais, conforme lições de Steiner, Silva, 1988, p.307, ressalta que: 
“O indiciamento formal tem consequências que vão muito além do eventual 
abalo moral que pudessem vir a sofrer os investigados, eis que estes terão 
o registro do indiciamento nos Institutos de Identificação, tornando assim 
público o ato de investigação. Sempre com a devida vênia, não nos parece 
que a inserção de ocorrências nas folhas de antecedentes comumente 
 
33
 BRUTTI, Roger, O Princípio da Insignificancia Frente ao Poder Discricionário do Delegado de Policia, 2006, 
https://jus.com.br/artigos/9145/o-principio-da-insignificancia-frente-ao-poder-discricionario-do-delegado-de-
policia/2, acesso em 02/12/2017 às 14h:00min; 
39 
 
solicitadas para a prática dos mais diversos atos da vida civil seja fato 
irrelevante. E o chamado abalo moral diz, à evidência, com o ferimento à 
dignidade daquele que, a partir do indiciamento, está sujeito à publicidade 
do ato”.
34
 
 . A Autoridade Policial aplicará o princípio da insignificância no final do 
inquérito policial, o Delegado de Policia observara todas as circunstancias que 
ocorreu o crime, analisará as fichas de antecedentes criminais do acusado, bem 
como as certidões criminais do acusado, (FAC e CAC), os termos de declaração e 
depoimento dos envolvidos e ao final do seu relatório, o mesmo irá solicitar ao 
Judiciário que os autos do inquérito sejam arquivados. Há necessidade de serem 
observadas todas as circunstâncias que envolvem cada caso concreto, a fim de 
impedir que o mau uso do princípio possa vir a ser uma porta aberta à impunidade. 
 O relatório final do inquérito policial é um ato que marca o encerramento de 
toda investigação preliminar realizada, o relatório aponta as diligências realizadas e 
sua interpretação dos fatos, indiciando ou não o acusado pelo crime imposto ao 
mesmo, sendo assim, o delegado de policia ira realizar a confecção do relatório de 
não indiciamento aplicando o principio da insignificância e encaminhando os autos 
para o Ministério Publico e para o poder Judiciário. 
Em entrevista não estruturada por uma das Delegacias de uma cidade do 
interior de Minas Gerais com aproximadamente 46.289 (Quarenta e Seis mil 
Duzentos e Oitenta e Nove) habitantes, os delegados afirmaram que sempre quando 
possível, aplicam o princípio da insignificância nos crimes de bagatela, remetendo os 
autos para o Judiciário para que assim no final o magistrado possa tomar a sua 
decisão. 
Vale destacar um caso prático, aonde autoridade policial, aplicou o principio 
da insignificância, senão vejamos: 
Inquérito Policialn°: 145/2010 
Incidência Penal: Art. 155, “caput”, do CPB 
Suspeito: ANDERSON NOBRE RODRIGUES 
Vítima: Supermercado Poupy 
Data, hora e local: 04 de março de 2010, por volta das 10h00m, na Rua 
Santo Antônio, 87, Bairro Santo Antônio – Ponte Nova 
 
Meritíssimo Juiz de Direito, 
 
 O presente Inquérito Policial foi instaurado, por meio de Portaria, na 
data de 04 de março de 2010, com o escopo de apurar a autoria e 
 
34
 STEINER, Silva, O indiciamento em Inquérito Policial como Ato de Constrangimento, Revista Brasileira de 
Ciência Criminal, 1998. 
40 
 
materialidade da prática, em tese, de crime de furto atribuído a ANDERSON 
NOBRE RODRIGUES, qualificado nos autos. 
Conforme o BOPM 3511/2010 e as oitivas do representante da empresa 
vítima e da testemunha, o suspeito adentrou no estabelecimento comercial, 
se dirigiu ao setor de perfumaria, e subtraiu dois frascos de desodorante 
corporal. Momentos após sair do supermercado, o suspeito foi abordado por 
Luis Antônio que acionou os milicianos. Luis ficou com Anderson Nobre até 
a chegada dos militares. Estes apreenderam a “res furtiva” e conduziram o 
suspeito até esta Depol. Anderson confessou, em seu interrogatório, os atos 
ilícitos perpetrados por ele. Entretanto, apesar de estar configurada a 
tipicidade formal da conduta ora investigada, claramente está afastada a 
tipicidade material da mesma. Isso se deve ao baixíssimo valor da “res 
furtiva”, R$ 18,00 (dezoito reais), de acordo com o Laudo de Avaliação de 
fls.10. No presente caso, deve-se aplicar o Princípio da Insignificância, este 
criado por Claus Roxin na década de 60, sendo que, para a maioria da 
Doutrina, como Cezar Roberto Bitencourt, bem como para o STF, este 
princípio é um critério geral de correção típica, afastando a tipicidade 
material da conduta e, conseqüentemente, a tipicidade penal. Assim, sem 
tipicidade penal, não há crime. Dessa forma, aplicando o Princípio da 
Insignificância, considerando estar configurado um caso de atipicidade da 
conduta, deixo de indiciar o suspeito acima referido. Pelo exposto e por 
tudo que consta no presente Inquérito Policial, completos estão os trabalhos 
da Polícia Judiciária de Minas Gerais, razão pela qual encaminhamos, 
conclusos, os autos à douta apreciação de Vossa Excelência, requerendo o 
arquivamento do feito. É o relatório. Santos Dumont, 19 de agosto de 
2016.
35
 
 
O Delegado de Polícia exerce suas funções através do poder discricionário, 
sendo que lhe é facultado ou não ratificar a prisão em flagrante ou a instauração do 
inquérito policial através da modalidade portaria. Sendo assim, qualquer posição 
adotada pelo Delegado deverá ser bem fundamentada dentro dos certames legais. 
 Vale frisar que, o Ministério Público é o responsável pelo controle de toda 
atividade policial, sendo assim o poder judiciário poderá tomar decisões diferente da 
autoridade policial, ou seja, em alguns casos não irá concordar com a aplicação do 
princípio da insignificância aplicado pelo Delegado. O Ministério Público poderá 
determinar então a Autoridade Policial que instaure o inquérito policial. 
Assim, é nítido perceber real legalidade de aplicação do principio pelo 
Delegado de Polícia, sendo que tal avanço é totalmente benéfico ao direito 
brasileiro, uma vez estes benefícios não só afetam a sociedade como também o 
poder judiciário, onde as varas penais poderão trabalhar nos casos que são 
realmente importantes, objetivando assim a velocidade da máquina judiciária. 
 
 
35
 Caso Prático Real fornecido pelos acervos da Delegacia de Policia Civil da Cidade de Santos Dumont/MG. 
41 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Desde os tempos antigos, com a chegada da família real, a Polícia possui um 
papel muito importante em nosso ordenamento jurídico. As modalidades e figuras 
são realmente relevantes no tocante ao estudo de suas origens e controvérsias. 
 O direito penal foi feito para não ser utilizado, mas quando clamado, este não 
deixa de aplicar suas sanções, sempre viabilizando a vontade da sociedade e a real 
efetivação da aplicação de seus princípios e normas. 
 O Delegado de Policia por sua figura voltada de conhecimento, é plenamente 
capaz de fundamentar suas decisões e atos de maneira parcial na figura do 
princípio, levando ao poder público todas as informações relevantes, as quais 
deverão ser julgadas pelo Juiz responsável pela vara criminal de acordo com seu 
entendimento. 
A figura do Delegado de Polícia no estado de direito é o primeiro a garantir os 
seus direitos e garantias individuais, todo o tempo. Ao longo dos tempos, a 
legitimidade do Delegado de Policial na aplicação do princípio da insignificância ficou 
mais consolidada, sendo que tal procedimento visa o desentupimento das varas 
penais e da real efetivação da aplicação do direito penal. 
Ao final, o objetivo deste trabalho foi demonstrar a necessidade de abranger a 
aplicação do mencionado princípio até a sede policial. Expor a necessidade de se 
legitimar o Delegado de Polícia, ao se deparar com grandes casos concretos onde é 
passível a aplicação do princípio em voga. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
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