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Caderno de Teoria e Prática da Narrativa Jurídica

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Título
	Teoria e Prática da Narrativa Jurídica  
	Número de aulas por semana
	1  
	Número de semana de aula
	1  
	Tema
	Estrutura das peças processuais e Teoria Tridimensional do Direito: contribuição das disciplinas de Português Jurídico.  
	Objetivos
	O aluno deverá ser capaz de:
- Apresentar a ementa da disciplina e o Plano de Curso;
- Reconhecer a importância da disciplina para a atividade jurídica em geral;
- Identificar as partes que compõem algumas das peças processuais e relacioná-las às disciplinas de Português Jurídico, pelo viés da Teoria Tridimensional do Direito.
- Compreender a relevância dos fatos do caso concreto para a aplicação do direito objetivo. 
	Estrutura de conteúdo
	1.       Apresentação da ementa da disciplina
2.       Estrutura textual das peças processuais
2.1.    Parte narrativa
2.2.    Parte argumentativa
2.3.    Parte injuntiva
3.       Teoria Tridimensional do Direito
Contribuição das disciplinas de Português Jurídico para a produção de peças processuais
	Procedimentos de ensino
	Ao longo do semestre, trabalharemos, preferencialmente, casos da área cível, entretanto, para a primeira aula, escolhemos um tema de direito penal porque nossos alunos já estudam essa disciplina e isso facilitaria uma primeira interação com eles. A intenção é apresentar o programa de nossas disciplinas de forma inovadora e inteligente, sem a previsível organização linear da “lista de conteúdos” e da ementa.
O principal objetivo da estratégia é criar um contexto de persuasão sobre a importância das disciplinas de português jurídico para a formação dos profissionais de direito. Se julgar pertinente, leve textos que tratem da valorização do português jurídico na atualidade.
Não pretendemos uma abordagem jurídica dos tipos penais relativos à ofensa ao bem jurídico vida, mas a compreensão de que são os fatos do caso concreto que determinam a necessidade de tantos tipos penais para tipificar a conduta “matar alguém”.
	Recursos físicos
	Data show, retroprojetor, capítulos dos livros didáticos sugeridos na bibliografia básica, textos variados e peças processuais disponíveis na internet.
	Aplicação prática e teórica
	Sabemos que uma das expectativas dos estudantes do Curso de Direito é iniciar, quanto antes, a produção das principais peças processuais, em especial a petição inicial. As disciplinas Teoria e Prática da Narrativa Jurídica (segundo período), Teoria e Prática da Argumentação Jurídica (terceiro período) e Teoria e Prática da Redação Jurídica (quarto período) pretendem, juntas e progressivamente, ajudar você a desenvolver todas as habilidades e competências necessárias à consecução dessa tarefa, em especial: a) organização das idéias; b) seleção e combinação de informações; c) produção convincente dos argumentos; d) identificação das características estruturais de cada peça; e) redação em conformidade com a norma culta da língua etc.
Para isso, é necessário, em primeiro lugar, identificar a macroestrutura linguística da peça, bem como os requisitos impostos pelo art. 282 do CPC.
 
Art. 282 do CPC – A petição inicial indicará:
Inciso I
o juiz ou tribunal, a que é dirigida;
Inciso II
os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu;
Inciso III
o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
Inciso IV
o pedido, com as suas especificações;
Inciso V
o valor da causa; 
Inciso VI
as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
Inciso VII
o requerimento para a citação do réu.
 
No mesmo sentido, vejamos quais os requisitos exigidos, por exemplo, para a sentença.
 
Art. 458 do CPC – São requisitos essenciais da sentença:
Inciso I
O relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;
Inciso II
Os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
Inciso III
O dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes lhe submeterem.
 
Esses dois documentos – bem como outros – mostram-nos que há uma regularidade na organização das peças processuais: são indispensáveis a narrativa dos fatos importantes da lide, a fundamentação de um ponto de vista e aplicação da norma, em forma de pedido, decisão etc.
Não importa se a narrativa dos fatos será denominada “dos fatos” (petição inicial) ou “relatório” (sentença, parecer, acórdão). Também não cabe, neste momento, nomear a parte argumentativa como “do direito” (petição inicial) ou fundamentação (parecer). Pretendemos apenas, nesta primeira aula, como já dissemos, que o estudante de Direito perceba que as peças processuais seguem, independente de suas peculiaridades, uma estrutura regular: narrar, fundamentar e pedir.
Essa estrutura não existe sem motivação. Uma proposta teórica, internacionalmente conhecida, chamada Teoria Tridimensional do Direito, do jusfilósofo brasileiro Miguel Reale, defende que o Direito compõe-se de três dimensões: FATO, VALOR e NORMA. Assim:
 
Teoria Tridimensional
Macroestrutura de algumas peças processuais
petição inicial
parecer
Sentença
FATO
Dos fatos
Relatório
Relatório
Narrar os fatos importantes
VALOR
Do direito
Fundamentação
Motivação
Fundamentar um ponto de vista
NORMA
Do pedido
Conclusão
Dispositivo
Conclusão, na forma de pedido, decisão etc.
 
Como, então, a universidade pensou as disciplinas de Português Jurídico diante dessa perspectiva? Adiante, uma síntese do que se pretende em cada matéria.
Em Teoria e Prática da Narrativa Jurídica (segundo período), serão estudadas com profundidade todas as questões relativas à produção do texto jurídico narrativo, primeira dimensão do direito, que consiste na exposição de todos os fatos importantes para a adequada solução da lide.
Teoria e Prática da Argumentação Jurídica (terceiro período) terá como objeto principal de estudo a Teoria da Argumentação, segundo a proposta de Chaïm Perelman, oportunidade em que as técnicas e estratégias para a produção do texto jurídico-argumentativo e a respectiva aplicação da norma serão minuciosamente analisadas. Por meio dos tipos de argumento, e todos os demais recursos linguísticos e discursivos disponíveis ao profissional do direito, o aluno será estimulado a defender as teses que julgar adequadas.
Por fim, em Teoria e Prática da Redação Jurídica (quarto período), não mais produziremos isoladamente as partes narrativa ou argumentativa, mas uma peça inteira. Elegemos o parecer técnico-formal especialmente porque não será necessária capacidade postulatória para redigi-lo, ou seja, mesmo não sendo ainda advogado, em princípio, já se pode produzir esse documento com validade processual.
 
Motivado por essa explicação, leia os casos concretos que seguem e responda à questão.
 
Caso concreto 1
 
O caso ocorreu em Teresópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro, no ano de 2005. Uma mulher de 36 anos, desempregada, estava casada com um mecânico, também desempregado. Os dois moravam em um barraco de 10 metros quadrados, junto com seus três filhos. O mais velho tinha seis anos de idade; o filho do meio, quatro; o caçula, um ano e meio.
É importante mencionar que essa mulher, Marcela, estava gestando o quarto filho. No mês de fevereiro daquele ano, em decorrência das fortes chuvas, um deslizamento de terra arrastou, ladeira abaixo, o lar em que vivia essa família. A mãe conseguiu salvar os dois filhos mais velhos, entretanto o caçula, ainda aprendendo a andar, não conseguiu sair a tempo. Morreu soterrado. Por tudo o que aconteceu, Marcela entrou em trabalho de parto.
Chegou ao hospital público mais próximo e foi submetida a uma cesariana. Assim que ouviu o choro do bebê, prematuro, pediu para segurá-lo um pouco no colo. A enfermeira o permitiu. Marcelabeijou a criança e jogou-a para trás. O menino caiu no chão, sofreu traumatismo craniano e morreu.
Perguntada por que tomara aquela atitude, disse que não gostaria que seu filho passasse por tudo o que os demais estavam passando: fome e miséria. Um exame realizado no Instituto Médico Legal apontou que Marcela se encontrava em estado puerperal[1] no momento em que matou o próprio filho.
 
Caso concreto 2
 
Este segundo caso ocorreu em São Paulo. A secretária Adriana Alves engravidou do namorado e, sem saber explicar por qual motivo, não contou o fato para ele; também não contou para mais ninguém. Seus pais, com quem morava, não sabiam de sua gravidez. Não compartilhou esse segredo com amigas ou colegas de trabalho. Definitivamente, ninguém conhecia a gestação de Adriana.
Com o passar dos meses, Adriana não recebeu qualquer tipo de acompanhamento ou cuidado pré-natal especial; escondia a barriga com cintas e usava roupas largas. No mês de dezembro de 2006, quando participava de uma festa de final de ano, no escritório em que trabalha, sentiu-se mal e foi para casa.
Sua intenção era realizar o parto sozinha e jogar a criança em um rio próximo à sua casa. Ocorre, porém, que o parto não transcorreu tranquilamente. Adriana teve complicações e teve de puxar à força a criança. Depois, matou-a afogada na bacia de água quente que separou para realizar o parto. Para se livrar da justiça, jogou a criança, já morta, no rio, enrolada em um saco preto.
Muito debilitada, foi a um hospital buscar ajuda para si, mas não soube explicar o que aconteceu. Após breve investigação da Polícia, Adriana confessou tudo o que fizera. Exames comprovaram que ela não estava sob o estado puerperal.
 
Questão
Vimos que, em ambos os casos, as acusadas praticaram o mesmo fato (conduta), qual seja, “matar alguém”. Entretanto, o Código Penal prevê diversos tipos penais para essa conduta, a depender das circunstâncias como o fato foi praticado. Produza uma tabela como a do exemplo abaixo. Indique, pelo menos, cinco artigos.
 
ARTIGO
TEXTO
ESPECIFICIDADES
 
 
 
 
 
Art. 157, § 3º do CP
(latrocínio)
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
O agente tem o dolo de roubar e culpa pela morte da vítima, ou seja, desejava garantir a subtração da coisa, mas não tinha intenção (dolo) de matar. É o que se denomina crime preterdoloso.
 
 
 
 
 
b)   Ao perceber que as circunstâncias como a conduta é praticada influenciam substancialmente o crime imputado ao agente, o profissional do direito deve estar atento para selecionar todas as informações que não podem deixar de constar de sua exposição dos fatos. Identifique nos dois casos concretos quais informações não podem deixar de ser narradas e as indique em tópicos.
c)    Quais crimes praticaram Marcela e Adriana? Defenda seus pontos de vista em um parágrafo.
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[1] “Puerpério” e “estado puerperal” são coisas diferentes. Puerpério é o período que vai do deslocamento e expulsão da placenta à volta do organismo materno às condições anteriores à gravidez. Em outras palavras, é o espaço de tempo variável que vai do desprendimento da placenta até a involução total do organismo materno às suas condições anteriores ao processo de gestação (40 a 50 dias). Puerpério vem de puer (criança) e parere (parir). Importante frisar que o puerpério não quer significar que dele deva surgir uma perturbação psíquica.
O estado puerperal é um momento de influência por uma situação específica pós-parto, interessando somente alguns dias após o parto (há aqueles que entendem que só pode durar por algumas horas após o parto e outros que entendem que poderia perdurar por um mês – divergência doutrinária). A medicina-legal tenta provar se a mulher era física ou psiquicamente normal, durante toda a sua vida, ou se a reação ocorreu somente naquele momento. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_puerperal>. Acesso em: 09 de março de 2008.
	Avaliação
	A letra A pretende que o aluno faça uma pesquisa na parte especial do Código Penal (art. 121 e seguintes) e identifique alguns dos tipos penais que tratam da ofensa à vida (“matar alguém”). A título de exemplo, temos o homicídio simples (art. 121 do CP), o homicídio privilegiado (art. 121, § 1º do CP), o homicídio qualificado (art. 121, § 2º do CP), o homicídio culposo (art. 121, § 3º do CP), instigação ao suicídio (art. 122 do CP), infanticídio (art. 123 do CP) etc.
A letra B pretende que o aluno perceba que as duas mataram o próprio filho logo após o parto, mas uma estava sob o domínio do estado puerperal e a outra não. Ademais, uma tinha passado por trauma relevante momentos antes da conduta, enquanto a outra não soube justificar o porquê de seu ato.
Na questão C, pode-se dizer que a conduta observada no caso concreto 1 foi o infanticídio (art. 123 do CP); a do caso concreto 2, homicídio privilegiado, doloso, qualificado, a depender da interpretação e da fundamentação.
	Situação
	Em Elaboração  
	Considerações adicionais
	  
	Plano de ensino
	  
	Título
	Teoria e Prática da Narrativa Jurídica  
	Número de aulas por semana
	1  
	Número de semana de aula
	2  
	Tema
	Gênero e tipologia textuais nas peças processuais.  
	Objetivos
	O aluno deverá ser capaz de:
- Reconhecer as peças processuais como “gênero textual” distinto;
- Identificar os tipos textuais narrativo, descrito, dissertativo argumentativo e injuntivo nas peças processuais;
- Compreender a interdependência desses tipos textuais e qual a sua contribuição para a competência redacional das peças processuais.
	Estrutura de conteúdo
	1. Gênero textual
2. Tipologia textual
2.1. Texto narrativo
2.2. Texto descritivo
2.3. Texto argumentativo
2.4. Texto injuntivo
3. Peças processuais e utilização dos diversos tipos textuais
	Procedimentos de ensino
	Recomendamos ao professor que explique aos alunos cada um dos tipos textuais e aplique esse conteúdo a diversas peças processuais. Seria interessante utilizar modelos de peças disponíveis na Internet ou em manuais de redação jurídica. Pedimos, porém, que seja evitada a explicação pela aula expositiva clássica. Não podemos desconsiderar que a universidade adotou a metodologia do caso concreto em que o conteúdo pertinente à aula deve ser progressivamente apresentado à medida que a análise dos casos concretos/fragmentos de texto vai se desenvolvendo.
	Recursos físicos
	Data show, retroprojetor, capítulos dos livros didáticos sugeridos na bibliografia básica, textos variados e peças processuais disponíveis na internet.
	Aplicação prática e teórica
	No Direito, é de grande relevância o que se denomina tipologia textual: narração, descrição, dissertação. O que torna essa questão de natureza textual importante para o direito é sua utilização na produção de peças processuais como a petição inicial, que apresenta diferentes tipos de texto, a um só tempo. Para melhor compreender essa afirmação, observe o esquema da petição inicial e perceba como essa peça pertence a um tipo textual híbrido do discurso jurídico, o que exige do profissional do direito o domínio pleno desse conteúdo.
 
INSERIR AQUI O ANEXO 1
 
Questão 1
Identifique a tipologia textual predominante em cada um dos fragmentos listados e justifique sua resposta com elementos do próprio texto.
 
Fragmento 1
O apelado moveu Ação de Execução por Quantia Certa em face dos ora apelantes, fundando-se na existência de um contrato de locação firmado com Antônio Claudio (autos em apenso).
Em tal ação, consta uma planilha dedébitos em que se encontram discriminados os valores supostamente devidos pelos apelantes, planilha essa que será adiante questionada.
Existem relevantes pontos que não podem ser deixados à margem da apreciação deste D. Juízo:
O apelado é possuidor do contrato de locação acima aludido. Tal contrato, que teve à época de sua assinatura os apelantes como garantidores, foi celebrado por prazo determinado, iniciado em 11/01/2007 e findo e 11/01/2008.
Durante o prazo de vigência do referido contrato, os aluguéis e demais encargos da locação vinham sendo quitados pontualmente pelo locatário, sempre sob a vigilância de perto dos fiadores, ora apelantes, que sempre foram diligentes em acompanhar o cumprimento de uma obrigação pela qual respondiam solidariamente.
(Disponível em: http://www.uj.com.br/publicacoes/pecas/1427/APELACAO.
Acesso em: 10 de dezembro de 2010)
 
Fragmento 2
O "rol familiar" constante da Lex Fundamentalis brasileira não é exaustivo. O legislador se limitou a citar expressamente as hipóteses mais usuais, como a família monoparental e a união estável entre homem e mulher. Todavia, a tônica da proteção não se encontra mais no matrimônio, mas sim na família. O afeto terminou por ser inserido no âmbito de proteção jurídica. Como afirma Zeno Veloso, "num único dispositivo o constituinte espancou séculos de hipocrisia e preconceito".
Dessa forma, mais uma vez, deve-se dizer que o panorama constitucional não deve ser tido como taxativo, mas sim exemplificativo. Assim, o caput do art. 226 da Carta Magna brasileira deve ser vislumbrado como cláusula geral de inclusão, devendo-se impedir a exclusão de qualquer entidade que ateste os pressupostos de ostensibilidade, estabilidade e afetividade.
Para além disso, o Direito das Famílias possui o escopo primordial de proteger toda e qualquer família. As uniões homoafetivas, para além de não serem proibidas no ordenamento brasileiro, estão consagradas dentro do conceito de entidade familiar, por lei infraconstitucional.
(Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/17988/a-guarda-compartilhada-e-as-familias-homoafetivas). Acesso em: 10 de dezembro de 2010.
 
Fragmento 3
Uma pessoa trafegava com sua moto em alta velocidade por uma avenida, a mais ou menos 100 km/h. Essa avenida fica dentro de um bairro movimentado e cheio de sinais. O condutor estava drogado e totalmente alcoolizado, sem qualquer condição de discernir e reagir a eventos que ocorressem na pista.
(Disponível em: http://forum.jus.uol.com.br/42825/acidente-de-moto-urgente/.
Acesso em: 10 de dezembro de 2010).
 
Fragmento 4
"De acordo com a inicial de acusação, ao amanhecer, o grupo passou pela parada de ônibus onde dormia a vítima. Deliberaram atear-lhe fogo, para o que adquiriram dois litros de combustível em um posto de abastecimento. Retornaram ao local e enquanto Eron e Gutemberg despejavam líquido inflamável sobre a vítima, os demais atearam fogo, evadindo-se a seguir.
Três qualificadoras foram descritas na denúncia: o motivo torpe porque os denunciados teriam agido para se divertir com a cena de um ser humano em chamas, o meio cruel, em virtude de ter sido a morte provocada por fogo e uso de recurso que impossibilitasse a defesa da vítima, que foi atacada enquanto dormia.
A inicial, que foi recebida por despacho de 28 de abril de 1997, veio acompanhada do inquérito policial instaurado na 1ª Delegacia Policial. Do caderno informativo constam, de relevantes, o auto de prisão em flagrante de fls. 08/22, os boletins de vida pregressa de fls. 43 a 45 e o relatório final de fls. 131/134. Posteriormente vieram aos autos o laudo cadavérico de fls. 146 e seguintes, o laudo de exame de local e de veículo de fls. 172/185, o exame em substância combustível de fls. 186/191, o termo de restituição de fls. 247 e a continuação do laudo cadavérico, que está a fls. 509.
O Ministério Público requereu a prisão preventiva dos indiciados. A prisão em flagrante foi relaxada, não configurada a hipótese de quase flagrância, por não ter havido perseguição, tendo sido os réus localizados em virtude de diligências policiais. [...]
(Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/16291/o-caso-do-indio-pataxo
-queimado-em-brasilia. Acesso em: 10 de dezembro de 2010)
 
Fragmento 5
O Assédio moral, ou seja, a exposição prolongada e repetitiva do trabalhador a situações humilhantes e vexatórias no trabalho, atenta contra a sua dignidade e integridade psíquica ou física. De modo que é indenizável, no plano patrimonial e moral, além de permitir a resolução do contrato ("rescisão indireta"), o afastamento por doença de trabalho e, por fim, quando relacionado à demissão ou dispensa do obreiro, a sua reintegração no emprego por nulidade absoluta do ato jurídico.
(Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/14748/assedio-moral-e-seus-
efeitos-juridicos. Acesso em: 10 de dezembro de 2010)
 
Fragmento 6
Segundo o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a palavra "assédio" significa "insistência impertinente, perseguição, sugestão ou pretensão constantes em relação a alguém". [...]
Segundo a médica Margarida Barreto, médica do trabalho e ginecologista, assédio moral no trabalho é "a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego".
(Disponível em: http://jus.uol.com.br/revista/texto/7767/identificando-o-assedio-
moral-no-trabalho. Acesso em: 10 de dezembro de 2010).
 
Questão 2
Acesse o site do STJ e transcreva trecho de um voto em que a narração está a serviço da argumentação e outro em que a descrição está a serviço da narração.
 
	Avaliação
	Questão 1
Fragmento 1: texto narrativo predominante.
Fragmento 2: texto dissertativo argumentativo predominante.
Fragmento 3: texto descritivo predominante.
Fragmento 4: texto narrativo predominante.
Fragmento 5: texto dissertativo argumentativo predominante.
Fragmento 6: texto descritivo predominante.
 
Questão 2
Resposta dependente da pesquisa. O aluno deverá perceber que um texto raramente é puro quanto à tipologia. Os tipos de textos se confundem em uma mesma produção textual. Deve-se falar sempre em predominância deste ou daquele tipo.
	Situação
	Em Elaboração  
	Considerações adicionais
	  
	Plano de ensino
	  
	Anexos 
	Anexo 1.docx    
	Título
	Teoria e Prática da Narrativa Jurídica  
	Número de aulas por semana
	1  
	Número de semana de aula
	3  
	Tema
	Narrativa jurídica simples e narrativa jurídica valorada.  
	Objetivos
	O aluno deverá ser capaz de:
- Distinguir a narrativa jurídica simples da narrativa jurídica valorada;
- Identificar as características que marcam esses dois tipos de narrativa;
- Compreender a relação entre o tipo de narrativa e a peça processual produzida;
- Conhecer as principais características da narrativa jurídica.
	Estrutura de conteúdo
	1. Algumas características da narrativa jurídica
1.1. Impessoalidade
1.2. Verbos no passado
1.3. Paragrafação
1.4. Elementos constitutivos da demanda (Quem quer? O quê? De quem? Por quê?)
1.5. Correta identificação do fato gerador
2. Narrativa jurídica simples
3. Narrativa jurídica valorada
4. A construção de versões
	Procedimentos de ensino
	Recomendamos a aula dialogada como procedimento de ensino. Os elementos da narrativa forense e a organização cronológica dos fatos serão objeto de estudo de outra semana de aula.
É importante que o aluno entenda que não é a peça processual que se mostra imparcial ou valorada, mas a sua narrativa.Os documentos produzidos pelos advogados, por exemplo, possuem narrativas valoradas, enquanto as narrativas de sentenças, pareceres e acórdãos são imparciais. Seria interessante se o professor pudesse mostrar fragmentos de narrativas de diversas peças e comentá-los. Não abordaremos todas as características da narrativa nesta aula, a fim de que cada conteúdo seja desenvolvido com profundidade e consistência.
	Recursos físicos
	Data show, retroprojetor, capítulos dos livros didáticos sugeridos na bibliografia básica, textos variados e peças processuais disponíveis na internet.
	Aplicação prática e teórica
	Como vimos anteriormente, as peças processuais têm um denominador comum: precisam, em primeiro lugar, narrar os fatos importantes do caso concreto, tendo em vista que o reconhecimento de um direito passa pela análise do fato gerador do conflito e das circunstâncias em que ocorreu. Ainda assim, vale dizer que essa narrativa será imparcial ou parcial, podendo ser tratada como simples ou valorada, a depender da peça que se pretende redigir.
Pode-se entender, portanto, que valorizar ou não palavras e expressões merece atenção acurada, pois poderá influenciar na compreensão e persuasão do auditório.[1] Essa valoração das informações depende dos mecanismos de controle social que influenciam a compreensão do fato jurídico.
É preciso lembrar que são diferentes os objetivos de cada operador do direito; sendo assim, o representante de uma parte envolvida não poderá narrar os fatos de um caso concreto com a mesma versão da parte contrária. Por conta disso, não se poderia dizer que todas as narrativas presentes no discurso jurídico são idênticas no formato e no objetivo, visto que dependem da intencionalidade de cada um.
 
NARRATIVA SIMPLES DOS FATOS
NARRATIVA VALORADA DOS FATOS
É uma narrativa sem compromisso de representar qualquer das partes. Deve apresentar todo e qualquer fato importante para a compreensão da lide, de forma imparcial.
É uma narrativa marcada pelo compromisso de expor os fatos de acordo com a versão da parte que se representa em juízo. Por essa razão, apresenta o pedido (pretensão da parte autora) e recorre a modalizadores.
Sugerimos iniciar por “trata-se de questão sobre...”
Sugerimos iniciar por “Fulano ajuizou ação de ... em face de Beltrano, na qual pleiteia ...”
 
Para o exercício desta semana, recorremos a um trecho de importante romance da literatura jurídica – Em segredo de Justiça[2] – cujo enredo versa sobre o possível assédio sexual praticado por um conhecido advogado carioca contra sua jovem secretária. Sugerimos a leitura do livro.
 
Leiamos a narrativa extraída desse romance.
 
1- A autora, conforme se verifica de sua própria qualificação, detém o grau de bacharel em administração de empresas.
2- Esse diploma foi conquistado não sem esforço, melhor se diria até, com grande sacrifício. Órfã de pai aos nove anos de idade, mais velha de três irmãs, teve a autora muito cedo que começar a trabalhar, para ajudar sua mãe no orçamento doméstico; ainda adolescente, menor de idade, aceitava pequenas tarefas remuneradas, posando para comerciais de televisão, ocasionalmente desempenhando pequenos papéis dramáticos em telenovelas.
3 - Terminado o curso colegial, procurou e encontrou emprego estável, indo trabalhar como secretária em conhecida empresa industrial.
4-               Foi progredindo em suas funções e logo, mercê de seu esforço e competência, já atendia a um dos mais graduados diretores da empresa.
5- Trabalhava há algum tempo, quando, desejosa de ter formação superior, ingressou, após passar no concurso vestibular, na faculdade de administração.
6- Foram mais quatro anos e meio de luta árdua e a autora, trabalhando durante o dia e estudando. à noite, conseguiu finalmente o ambicionado diploma.
7- Faltava-lhe agora trabalhar na profissão que escolhera e para a qual se capacitara. Era, porém, uma opção difícil. Como secretária, era uma profissional experiente, tendo atingido o topo da carreira; como administradora, tinha um diploma de curso superior completo, mas nenhuma experiência. Onde quer que fosse trabalhar, provavelmente deveria começar com uma remuneração inferior àquela que auferia na empresa industrial.
8- Uma tarde, a autora foi procurada por seu então chefe, Sr. Horácio de Melo Alencar, que lhe perguntou se ela gostaria de ir trabalhar como administradora em um escritório de advocacia, por um salário igual ao que então percebia como secretária.
9- A autora, de início, manifestou surpresa, chegando a duvidar do que julgava ser tanta sorte. O Sr. Alencar, porém, tranqüilizou-a: tinha um amigo - o Sr. Ranulfo Azevedo - homem sério, advogado conceituado, que procurava justamente uma administradora profissional para seu escritório de advocacia.
10- Como se tratava de firma ainda pequena, não fazia questão o Sr. Ranulfo de um ou de uma profissional experiente: queria alguém que tivesse um diploma, bom senso, disposição para trabalhar, e, sobretudo, vontade de crescer junto com a organização.
11- Lembra-se a autora de que, já naquela ocasião, comentara com o Sr. Alencar que “pobre quando vê muita esmola, desconfia" e que estava achando a oportunidade "boa demais para ser “verdade”.
12- O Sr. Alencar disse , contudo, que já tinha conversado a respeito com o Sr. Ranulfo e que tinha sido, aliás, o próprio Sr. Ranulfo o primeiro a dizer que estava procurando alguém para administrar seu escritório e que se manifestara entusiasmado, ao saber que ela, autora, a secretária de seu amigo Alencar, tinha recentemente se formado em administração.
13- O ex-chefe da autora chegou' até a acrescentar que fora o próprio Sr. Ranulfo que, ao mesmo tempo em que elogiava os atributos físicos da autora, perguntara quanto ela ganhava e pedira permissão ao Sr. Alencar para convidá-la para trabalhar com ele, Ranulfo.
14- Por aí já se vê, desde o primeiro momento, quais fossem as intenções do réu, misturando indevidamente, como qualificações para preencher o cargo vago em sua empresa, dotes de beleza física e aptidões profissionais.
15- Permite-se a autora, nesse passo, a bem da precisão da narrativa dos fatos, transcrever a expressão exata que teria sido usada pelo réu: de fato, segundo o Sr. Alencar, seu amigo Ranulfo teria dito:
 
“_ você quer me dizer que sua secretária é formada em administração? Mas ela é 'gostosa demais'! Você ia ficar muito chateado se eu convidasse ela para trabalhar comigo?"
 
16- A frase desrespeitosa foi transmitida ipsis litteris à autora pelo Sr. Alencar. A autora, porém, infelizmente, não a tomou devidamente em conta.
17- A oportunidade que se apresentava era excepcional: atendia rigorosamente àquilo com que a autora vinha sonhando, desde que ingressara na faculdade. O réu, além disso, era amigo de longa data do Sr. Alencar, um profissional conhecido, muito bem sucedido na profissão, tinha reputação de homem sério. Usara por certo apenas por troça, "de brincadeira”, em conversa com um amigo, a expressão chula, mas certamente, em seu escritório, jamais ousaria ultrapassar os limites do respeito e da conveniência.
18- Assim pensando, e encorajada por seu chefe, a autora aceitou a oferta e, em fevereiro de 1990, foi contratada para o cargo de gerente administrativa da firma: "Escritório de Advocacia Ranulfo Azevedo".
19- Os primeiros meses foram gratificantes. A autora dedicava-se com afinco .às tarefas que lhe eram cometidas. Sua posição era especialmente. delicada, cabendo-lhe gerenciar um grupo que incluía profissionais de nível superior, sobre os quais não tinha qualquer ascendência hierárquica.
20- Mas a autora: parecia vencer o desafio: organizou novas rotinas, mudou a decoração do ambiente, pôs em dia e modernizou a cobrança de honorários aos clientes, imaginou e implantou métodos modernos e eficientes de administração.
21- Em verdade, a despeito de sua pouca idade, a autora logo se impôs no ambiente de trabalho, ganhando o respeito e a consideraçãodas cerca de trinta pessoas que trabalhavam na firma, entre advogados, estagiários, secretárias e funcionários.
22- O próprio réu, de início, parecia encantado, mais com a competência profissional que com os alegados atributos físicos da autora, comportando-se geralmente de forma respeitosa, formal,quase cerimoniosa.
23- A seriedade do réu, contudo, era apenas hipócrita máscara, atrás da qual se escondia um verdadeiro e imoral sátiro, um autêntico maníaco sexual.
24- Essa faceta começou a ficar clara em uma ocasião muito marcante.
25- Ao final de junho, o Escritório de Advocacia Ranulfo Azevedo organizou, como fazia todos os anos, uma convenção em um hotel fora da cidade.
26- Era reunião de dois dias, congregando advogados e estagiários e respectivas famílias. Saíam todos do escritório em uma sexta-feira à tarde, em um ônibus fretado. Durante todo o dia de sábado e na manhã de domingo os advogados e estagiários debatiam temas profissionais, ligados à gestão do escritório ou a assuntos propriamente jurídicos. As noites de sexta-feira e de sábado, porém, eram puramente sociais, dedicadas à confraternização.
27- A autora foi convidada para o seminário. De início, teve dúvidas em aceitar o convite. Sabia que era a primeira vez que alguém, não diretamente ligado às atividades profissionais da firma, participava de uma convenção daquele tipo. Finalmente, face à insistência do réu, sentindo-se honrada, aceitou.
28- Não levou, porém, acompanhante. Nem a autora, nem o réu, cuja esposa estava, na ocasião, ao que foi dito, em viagem ao exterior.
29- Na noite de sexta-feira houve de fato uma grande confraternização. Todos conversavam animadamente; o jantar foi agradável e havia muita amizade e alegria. Mas nada de anormal ou grave aconteceu e, por volta das onze horas da noite, já todos estavam recolhidos.
30- Aconteceu, isto sim, na noite de sábado. Nessa noite, após o jantar, um conjunto tocava música de dança. Sem acompanhante, o réu tirou a autora várias vezes para dançar. À medida que a noite se desenvolvia, cada vez mais procurava o réu a proximidade corporal com a autora.
31- Os outros casais aos poucos iam se recolhendo aos respectivos aposentos até que, cerca de uma hora da madrugada, só restavam dançando autora e réu, este último, a essa altura, completamente embriagado.
32- Tocado pelo álcool, o réu perdeu o controle de si mesmo e começou a tentar seduzir a autora, com palavras eloqüentes ,carregadas de sensualidade imoral.
33- A autora, é claro, resistiu sempre, até que, finalmente, desvencilhou-se do réu e saiu andando apressadamente até seu quarto.
34- O réu, porém, seguiu-a e, com o pé, impediu-a de trancar a porta, dizendo cruamente, em alto e bom som:
 
"- Esta noite eu vou dormir aqui com você".
 
35- O constrangimento era total e invencível., No silencioso hotel de fim de semana, todos estavam recolhidos. O réu, completamente embriagado, deixava desenganadamente claras suas lascivas intenções. Somente com grande escândalo, do qual todos os demais hóspedes do hotel e, principalmente, os profissionais integrantes do escritório por certo tomariam conhecimento, poderia a autora ter resistido a suas lúbricas investidas.
36- Não restou à autora senão aceder e passar a noite com o réu. Enojada, vencendo a repugnância, por várias vezes permitiu que ele a possuísse, sempre para evitar o escândalo.
37- Manhã bem cedo, retirou-se o réu para seu próprio quarto e, algumas horas depois, de cara lavada, como se nada tivesse acontecido, presidia a reunião da manhã de domingo.
38- A autora cuidava que todo aquele pesadelo não duraria mais que uma noite e que, novamente sóbrio, o réu se desculparia ou, pelo menos, tentaria fingir que nada tinha acontecido.
39- De fato, foi assim que procedeu o réu durante todo o domingo, no hotel, e na viagem de volta.
40- Na segunda-feira a autora apresentou-se ao trabalho, ainda desconfiada, mas pronta a iniciar esforço consciente para relegar o episódio- a merecido esquecimento. O emprego ainda era um bom emprego; a autora precisava dele; agora mais que nunca, pois sua mãe, já idosa, estava prestes a submeter-se a uma delicada intervenção cirúrgica. O réu, até ali, tinha sido um bom patrão. Tudo afinal não passara de uma noite de bebedeira.
41- Ao final do expediente, porém, o réu chamou a autora, dizendo que precisava conversar com ela e oferecendo uma carona. Cuidando, ingenuamente, que receberia o tão esperado pedido de desculpas, a autora aceitou o convite.
42- Mais uma vez, porém, para sua desgraça, enganou-se. O réu desejava, isto sim, reiterar que apreciara imenso a noite passada com ela, que insistia em chamar “uma noite de amor"; que não tinha deixado de pensar nela um só minuto e que queria repetir a experiência.
43- Agora não havia mais a desculpa da embriaguez. O réu estava sóbrio e sua voz, firme, decidida; simplesmente, com estarrecedor cinismo e despudor, convidava a autora a ser sua amante fixa, a ter “um caso" com ele.
44- A autora não sabia o que. fazer: aceitar não podia; não queria envolver-se com o réu, um homem casado e, ao que se dizia, bem casado; por outro lado, estava implícito no convite que a recusa significaria para a autora a demissão do emprego. 45- Procurou a autora, em desespero, ganhar tempo. Pediu uma semana para pensar, ao que o réu, surpreendentemente, respondeu que esperaria...
 
"_ ...porque tinha certeza que ela ia ser 'boazinha' e aceitar sua proposta".
 
46- Durante uma semana, o réu nada disse. Manteve-se discreto, absolutamente frio, com o cinismo impávido e arrogante do conquistador profissional.
47- Não deixou, porém, de sinalizar, indireta e ofensivamente, as vantagens que adviriam para a autora de aceitar suas propostas indecorosas; interessou-se mais por seu trabalho, sugeriu a contratação de um auxiliar para suas funções, acenou com a perspectiva de um aumento de seus vencimentos.
48- Passada a semana de prazo, voltou o réu novamente à carga de modo direto: perto do final do expediente, como sete dias antes, ofereceu à autora uma carona, que esta não teve como recusar.
49- Conversavam no trajeto; a autora, hesitante, relutante, com medo de negar, sentindo-se coagida, ameaçada de perder o emprego. O réu, gentil, polido, falsamente sedutor, mas deixando clara a opção: ou a autora se transformava em sua amante fixa ou teria que procurar rapidamente um novo emprego.
50- A autora, nervosa, entretida na conversa difícil, não observava para onde estavam se dirigindo. De repente, em uma curva, o réu saiu com o carro da estrada e entrou em um motel, pedindo imediatamente a chave da suíte presidencial.
51- Novamente o constrangimento; novamente o envolvimento, as insinuações, a criação de situações sem saída. E novamente a autora é forçada a aceder aos caprichos sexuais do réu.
52- F0rmava-se assim uma situação irreversível. autora e réu, agora, eram amantes. Não havia como voltar atrás.
53- Irremediavelmente enredada pelo patrão, era agora prostituída, obrigada a entregar seu corpo para não perder o emprego. Nada mais restava agora à autora senão manter as aparências e associar-se ao réu no negregando esforço de manter desconhecido o espúrio conúbio.
54- A rel.ação, vivida às ocultas, durou alguns meses. A autora, porém, sofria muito; não saía mais de casa. Sua condição de amante fixa de um homem casado, ainda por cima seu patrão, tornava-a uma pessoa amarga, dissimulada.
55- O único lugar que freqüentava, além do trabalho, era o motel, sempre o mesmo, uma ou duas vezes por semana pelo menos, ao final do expediente. De vez em quando, quando o réu tinha o.pretexto de alguma viagem, exigia que a autora o acompanhasse ou que, antes ou depois, passasse com ele uma noite inteira, o que a obrigava a inventar mentiras constrangedoras para sua velha mãe, com quem ainda morava.
56- Mas não paravam aí os sofrimentos. Também por um outro particular a situação era cruel: além de seus sonhos profissionais, a autora evidentementetinha também sonhos como mulher, os sonhos de toda moça: ter uma relação afetiva normal, sólida, casar-se, gerar e criar os próprios filhos.
57- Aos poucos esses sonhos iam se frustrando. Como poderia ela, sentindo-se como se sentia, uma prostituta, entregando-se a práticas sexuais com um homem que não amava, conseguir desenvolver um outro tipo de relação, mais puro e mais saudável?
58- Um dia, porém, apesar de tudo, a autora apaixonou-se por um rapaz solteiro, um jovem médico, dois anos mais velho que ela, que conheceu na festa de casamento de sua irmã.
59- Sua paixão, para sua felicidade ou desgraça, foi correspondida e logo iniciava ela, cheia de esperanças, um namoro saudável.
60- Estava, porém, carregada de culpas. Não podia continuar nem mais um minuto levando uma vida dupla: amando com pureza o jovem médico, ao mesmo tempo em que mantinha com o patrão uma relação adúltera e pecaminosa. O rompimento com o réu, nas circunstâncias, tornou-se inevitável.
61- O réu, porém, inconformado, insistia, prometia, ameaçava, gritava; chegou mesmo, certa vez, a agredir fisicamente a autora.
62- Finalmente, deixou-a ir. Mas, no dia seguinte, como era de se esperar, a autora estava demitida.
63- Não parou aí a baixeza do réu. Vingativo, contou ao namorado da autora o caso que tivera com ela, mostrando-lhe, inclusive, fotografias suas em posições obscenas.
64- A mãe da autora, por sua vez, mal recuperada da cirurgia a que se submetera, não resistiu à sucessão de crises emocionais da filha e faleceu pouco depois.
65- A própria autora adoeceu seriamente. Não conseguia arranjar emprego; tinha vergonha. O réu, pessoa conhecida e influente na sociedade, cuja separação recente era assunto das crônicas de intrigas, provavelmente denegrira seu nome.
66- Poderia a autora alongar-se ainda, por páginas e páginas no relato de seus tormentos. Não o faz. Não é preciso. V. Exa. saberá, com sua sensibilidade de magistrado, avaliar com precisão quão duros foram esses tempos de tormento e humilhação que o comportamento reprovável do réu causou à autora.
 
Questões
a) Resuma, em até cinco linhas, qual a versão narrada pela parte autora.
b) Identifique, na transcrição desse segmento, pelo menos três informações que a parte ré não teria narrado. Justifique por quê.
C) Identifique pelo menos dois recursos linguísticos que visem a valorar os fatos a favor da parte autora.
 
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[1] Barros, Orlando Mara. Comunicação & Oratória. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001, p. 138.
[2] LACERDA, Gabriel. Em segredo de justiça. Rio de Janeiro: Xenon, 1995, p. 10-20.
	Avaliação
	Questão A: é importante que fique evidenciada a acusação de assédio sexual, decorrente da hierarquia da relação de emprego.
Questões B e C: resposta livre, mas deve ser coerente e fundamentada.
	Situação
	Em Elaboração  
	Considerações adicionais
	  
	Plano de ensino
	  
	Título
	Teoria e Prática da Narrativa Jurídica  
	Número de aulas por semana
	1  
	Número de semana de aula
	4  
	Tema
	Modalização e questões gerais de norma culta aplicadas à linguagem jurídica.  
	Objetivos
	O aluno deverá ser capaz de:
- Aplicar, na produção do texto narrativo valorado, as estratégias modalizadoras;
- Compreender o fenômeno narrativo não como manipulação da verdade (problema de ética), mas como construção de uma versão verossímil dos fatos;
- Rescrever fragmentos de textos jurídicos que apresentem problemas de norma culta no tocante à linguagem forense.
	Estrutura de conteúdo
	1. Narrativa jurídica valorada
1.1. Uso de modalizadores
1.2. Verossimilhança e diferentes versões dos fatos
2. Português jurídico e questões gerais de norma culta
2.1. Uso dos conectores “eis que”, “de vez que”, “vez que” e “posto que”
2.2. Uso de “ocorre que” e “inobstante”
2.3. Pontuação nas orações subordinadas adjetivas e produção de sentido no discurso jurídico
2.4. Regras gerais para o registro dos dispositivos legais
2.5. Uso de estrangeirismos
2.6. Uso de letras maiúsculas nos termos que se referem às partes (autor, réu, requerente, requerido etc.)
2.7. Uso de “através de”
2.8. Uso de abreviações e a questão de “a fls.” e “de fls.”
2.9. Uso dos pronomes “esse” e “este”
2.10. Uso de “o mesmo” e “onde”
	Procedimentos de ensino
	Aula dialogada.
Entendemos por modalizadores todas as marcas lingüísticas disparadoras de raciocínio jurídico. Podem ser estratégias modalizadoras a seleção vocabular, a adjetivação, a ordem dos elementos na frase, a entonação etc. É a presença do modalizador que auxilia a produção da narrativa valorada; sua ausência marca uma tendência de imparcialidade.
Esta aula o auxiliará no aprofundamento da identificação dos modalizadores. Aproveite, ainda, para discutir o efeito discursivo que esses elementos trazem para o texto em que são usados, mesmo porque, como vimos, a subjetividade de seu uso favorece interpretações distintas de como serão compreendidos pelo juiz.
Ressalte que há modalizadores mais evidentes e outros mais sutis e assinale que os muito evidentes (“empresas inescrupulosas”, por exemplo) podem ser prejudiciais à narrativa quando traduzem uma valoração pejorativa, preconceituosa, agressiva para as partes. Lembre a seus alunos que as discussões levadas ao judiciário devem ser pautadas pela ética e pelo profissionalismo; a lide não pode ser uma “questão pessoal”.
	Recursos físicos
	Data show, retroprojetor, capítulos dos livros didáticos sugeridos na bibliografia básica, textos variados e peças processuais disponíveis na internet.
	Aplicação prática e teórica
	A modalização consiste na atitude do falante em relação ao conteúdo objetivo de sua fala. Um dos elementos discursivos mais empregados na modalização consiste na conveniente seleção lexical. De fato, em muitos casos, uma mesma realidade pode ser apresentada por vocábulos positivos, neutros ou negativos, tal como ocorre em: sacrificar / matar / assassinar; compor / escrever / rabiscar; cidadão / réu / assassino.
Dessa forma, uma leitura eficiente deve captar tanto as informações explícitas quanto as implícitas. Portanto, um bom leitor deve ser capaz de “ler as entrelinhas”, pois, se não o fizer, deixará escapar significados importantes, ou pior ainda, concordará com idéias ou pontos de vista que rejeitaria se os percebesse. Assim, para ser um bom produtor de texto jurídico, é necessário que o emissor esteja apto a utilizar os recursos disponíveis na língua a serviço da modalização.
Não se trata de mentir ou manipular, o que constituiria verdadeiro problema de ética profissional e humana. Trata-se, isso sim, de construir versões verossímeis sobre como se desenvolveu a lide.
Leia o texto a seguir, disponível na Internet, sobre a ocupação, pela Polícia e pelas Forças Armadas, do conjunto de favelas do alemão, no Rio de Janeiro, em novembro de 2010.
ESPERAMOS ANSIOSAMENTE QUE, APÓS A INVASÃO POLICIAL,
O GOVERNO DO ESTADO ANUNCIE A INVASÃO SOCIAL
"Atenção moradores do Alemão e da Vila Cruzeiro, a partir de hoje iniciaremos a construção de unidades hospitalares com medicos 24 horas, a construção de escolas profissionalizantes e de incubadoras industriais para geração de empregos; criaremos unidades de alfabetização e de formação em ensino primário, o mesmo vale para as outras comunidades ‘pacificadas’"
 
Esperamos ansiosamente esse anúncio, que logicamente deveria ser dado em seguida à ocupação. Afinal, fala-se muito nessa ação do poder do Estado. Que tipo de poder? Afinal, o único poder do Estado é a força? Certamente tem o poder também de promover a inclusão social que dê um pouco de esperança aos que são obrigados a viver no morro!
(Adaptado de texto disponível em: http://dineymonteiro.nireblog.com/post/2010/11/28/ 
comecou-a-invasao-do-alemao. Acesso em: 10 de dezembro de 2010)
 
Questão 1
Após a leitura do texto, faça uma análise das estratégias modalizadores que são observadas.
 
Questão 2
Leia os fragmentos adiantee rescreva-os, adequando-os à norma culta da Língua Portuguesa.
 
A) Os autos foram apensados aos da medida cautelar de sustação de protesto, através do qual a autora logrou a sustação liminar do protesto.
B) Insta salientar que a informante Ana Buarque, secretária do demandante, não narra qualquer humilhação que este tenha sofrido, até mesmo porque era a depoente que ia ao 7º Ofício de Imóvel tentar resolver a pendência, ora sozinha, ora em companhia da Dra. Maria dos Milagres.
C) A culpa, em sede penal, precisa ser demonstrada.
D) O advogado apelou, sob a alegação de que o magistrado desconsiderou os documentos de fls. 30-34, os quais, por certo, comprovarão a obrigação do réu.
E) O consumidor, que é hipossuficiente, faz jus à inversão do ônus da prova.
F) É inadmissível inovar o pedido em sede de recurso, visto que não se pode recorrer do que não foi objeto de discussão e decisão em primeira instância (RT 811/282).
G) A contestante opõe-se apenas a esse item: o pedido de renovação, pois pretende a retomada para uso próprio, posto que seu objeto social é muito mais amplo do que o da Autora.
H) Incumbia à autora provar os fatos, através de perícia, que deve ser tempestivamente requerida ao magistrado.
I) Considerando que os meios de verificação das chamadas telefônicas são informatizados e, inobstante suscetíveis de inúmeras falhas, não resta configurada, in casu, a abusividade que ensejaria a devolução em dobro.
J) Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se neste andar (Lei/DF Nº 3212 de 30.10.03)
L) Todavia, o registro lhe foi negado, sem o menor fundamento, posto que conforme certidão de ônus reais do imóvel, emitida em 22/06/2010, o imóvel estava livre de impedimentos.
M) Ocorre que outra indisponibilidade foi averbada no dia 11/09/2008 e, mais uma vez, o Autor precisou ingressar com demanda para cancelamento do gravame, o que aconteceu em 04/05/2010.
N) Leia atentamente os fragmentos abaixo. marque a letra correspondente à alternativa correta quanto ao registro dos dispositivos legais.
a) “A inobservância dos incisos I e II do artigo 226 do Código Penal, não gera a nulidade dos autos de reconhecimento.”
b) “Tal regramento regimental afeiçoa-se, dando-lhe aplicação aos arts 96, I, a e 125 § 1o, da Constituição da República Federativa do Brasil.”
c) “O recorrente alegou que fora contrariada a literalidade do art. 485 IV e V c/c os arts 295, I, p. ú., II e III, e 267, I e IV, do CPC.” 
d) “O MP denunciou Xênio Zamir por atitude comportamental subsumida no art.121, § 2º, II e IV c/c o art. 61, II, ‘e’ do CP.”
 
	Avaliação
	Questão 1
A seleção vocabular e a redação tendenciosamente crítica em relação ao trabalho realizado pelas polícias e pelas forças armadas favorece diversas possibilidades modalizadoras, porém, chamamos especial atenção para as escolhas “invasão” / “ocupação” e para o uso polissêmico da palavra “poder”.
 
Questão 2
Algumas orientações que podem ser dadas aos alunos:
1)      Não há dúvida de que, se os reiterados "através de" forem substituídos, com propriedade, pelas preposições "por", "com", "em" ou "de", conforme o caso, a frase ganhará em elegância e vernaculidade.
2)      O uso forense consagrou há muito a locução "a folhas", da mesma forma que também o fez com a expressão "de fls.". É freqüente encontrar essa locução como se antes de folhas houvesse também o artigo "as" ("às folhas"). Contudo, o correto é dizer "a folhas" da mesma forma que nos referimos a "documento de folhas". Vem a propósito a lição de NAPOLEÃO MENDES DE ALMEIDA, que em verbete do seu Dicionário de Questões Vernáculas, diz que "a folhas vinte e duas" significa "a vinte e duas folhas do início do trabalho", como quem diz "a vinte e duas braças". A respeito do uso da expressão "a fls.", convém assinalar que freqüentemente ela trunca desnecessariamente as frases da sentença. Parece mesmo às vezes que o juiz, ao prolatar a sentença, está mais voltado para "documentos" e "peças do processo" do que para o conteúdo e significado deles. A referência “a fls.” constitui mero expediente para facilitar ao leitor da sentença a localização do documento ou peça. Por isso muitas vezes será melhor retirar a referência do contexto, colocando-a entre parênteses.
3)      Esse (e variantes) – pronome demonstrativo utilizado para retomar referentes cujas idéias já foram apresentadas no discurso. Este (e variantes) – pronome demonstrativo utilizado para indicar idéias que ainda serão apresentadas no discurso.
4)      Entre os vícios de linguagem que devem ser combatidos inclui-se o estrangeirismo desnecessário, por se encontrarem, no vernáculo, vocábulos equivalentes. Quando não houver equivalente, porém, em língua materna, segundo a ABNT, deve ser grafado o vocábulo com destaque em itálico.
5)      O italianismo "em sede de” pode, em geral, ser substituído por outros termos mais apropriados.
6)      Napoleão Mendes de Almeida, em o Dicionário de Questões Vernáculas, registra como ERRO o emprego do demonstrativo “mesmo" com função pronominal. Aurélio Buarque de Holanda, em seu Dicionário anota ser conveniente evitar o uso de “o mesmo” como equivalente dos pronomes "ele“, "o" etc.
7)      Nenhum dicionário autoriza o neologismo "inobstante", que circula nos meios forenses a par de outras expressões de formação semelhante. Preferível o uso das expressões vernáculas já consagradas: "não obstante" ou "nada obstante". A mesma observação se pode fazer em relação a outros neologismos como "inacolhida".
8)      A expressão ocorre que não tem objetividade redacional na formulação da peça processual. Alguns professores de Língua Portuguesa chamam isso de “muleta redacional”.
Letra N – resposta D.
	Situação
	Em Elaboração  
	Considerações adicionais
	  
	Plano de ensino
	  
	Título
	Teoria e Prática da Narrativa Jurídica  
	Número de aulas por semana
	1  
	Número de semana de aula
	5  
	Tema
	Polifonia e intertextualidade na construção do discurso jurídico.  
	Objetivos
	O aluno deverá ser capaz de:
- Compreender a relevância da polifonia para a produção do discurso jurídico;
- Reconhecer a polifonia como fenômeno intertextual;
- Rescrever trechos e parágrafos por meio de paráfrases (citações indiretas);
- Dominar as recomendações da ABNT acerca do uso de citações diretas.
	Estrutura de conteúdo
	1. Polifonia e intertextualidade
1.1. Citação direta
1.1.1. Citação de até 3 linhas e orientações da ABNT
1.1.2. Citação de mais de 3 linhas e orientações da ABNT
1.2. Citação indireta (paráfrase)
1.2.1. Reprodução ideológica de conteúdos
	Procedimentos de ensino
	Aula dialogada.
Recomendamos que este encontro seja utilizado para refletir sobre a importância da polifonia. Todas as vozes que auxiliam no conhecimento dos fatos que compõem a lide serão bem-vindas. Em muitos processos, o único meio de esclarecer os acontecimentos é ouvindo as partes, as testemunhas, as autoridades policiais que realizaram diligências etc.
Mesmo com a presença de provas documentais no processo, a polifonia terá sua importância, ainda que relativizada pela eventual inconsistência dessas falas.
Sugerimos ajudar o aluno a conhecer os recursos linguísticos que marcam a polifonia. É possível trabalhar, também, os tipos de discurso (direto, indireto e indireto livre) e sua colaboração para a produção da narrativa forense.
No terceiro semestre, a polifonia receberá outra conotação, a de informação que ajudará no desenvolvimento do argumento de autoridade e do argumento de prova. Assinale, talvez, essa questão, mas somente a aprofunde em Teoria e prática da Argumentação Jurídica.
	Recursos físicos
	Data show, retroprojetor, capítulos dos livros didáticos sugeridos na bibliografia básica, textos variados e peças processuais disponíveis na internet.
	Aplicação prática e teórica
	No ato de interpretar um texto, não é apenas necessário o conhecimento da língua, mas tambémse faz imprescindível que o receptor tenha em seu arquivo mental as informações do mundo e da cultura em que vive. Ao ler/ouvir um discurso, o receptor acessa diferentes memórias.
Portanto, interpretar depende da capacidade do receptor de selecionar mentalmente outros textos. Quem não tem conhecimento armazenado, cultura, leitura de mundo, terá dificuldade, quer na construção de novos discursos, quer na captação das intenções do emissor do discurso.
 
ELEMENTOS LINGUÍSTICOS QUE TÊM O PAPEL DE MARCAR A POLIFONIA:
Conjunções conformativas
segundo, conforme, como, etc.
Verbos introdutores de vozes
(dicendi – verbos de dizer)
dizer, falar, (verbos mais neutros); enfatizar, afirmar, advertir, ponderar, confidenciar, alegar.
 
 INSERIR AQUI O ANEXO 2
 
Paráfrase é um resumo, cuidadoso e original, do conteúdo da obra ou trecho lido, elaborado com as próprias palavras do pesquisador. (...) Deve ser redigida com bastante clareza e exatidão, de modo a possibilitar, no futuro, a sua utilização sem necessidade de retorno à obra original.
(MARCHI, Eduardo Silveira. Guia de Metodologia Jurídica. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 240).
 
 
Questão 1
Leia a ementa do julgado abaixo, cujo relator foi o Desembargador Jorge Magalhães, e parafraseie, em texto corrido, na forma de parágrafo, essas ideias em até cinco linhas.
 
Adoção cumulada com destituição do poder familiar. Alegação de ser homossexual o adotante. Deferimento do pedido. Sendo o adotante professor de ciências de colégios religiosos, cujos padrões de conduta são rigidamente observados, e inexistindo óbice outro, também é a adoção, a ele entregue, fator de formação moral, cultural e espiritual do adotado. A afirmação de homossexualidade do adotante, preferência individual constitucionalmente garantida, não pode servir de empecilho à adoção de menor.
 
Questão 2
Assim como no exercício anterior, leia o fragmento, compreenda seu sentido global e parafraseie seu conteúdo.
“Consoante orientação de Malhães, ‘os estudantes que estão se iniciando na vida intelectual precisam ser orientados pelos seus professores, a fim de adquirirem familiaridade com os livros e habilidades na seleção das obras a serem consultadas’.”
 
Questão 3
o texto adiante é rico em polifonia. Identifique essas ocorrências e comente qual o papel dessas informações na construção do texto.
 
TEXTO[1]:
O Ministério Público de Santa Catarina impediu que o bacharel em Direito Carlos Augusto Pereira prestasse concurso público para Promotor de Justiça do órgão, por ele ser cego. Ele recorreu da decisão, mas teve o seu pedido negado. 
Na carta em que justifica a medida, o MP de Santa Catarina alegou que a função é indelegável, e Pereira, "obrigatoriamente, teria que se socorrer de pessoas estranhas ao quadro funcional que não prestaram juramento público.”
O Presidente da Comissão de Concurso, Pedro Sérgio Steil, afirmou que o "Promotor tem de preservar o sigilo e não pode repassá-lo a ninguém. Há impossibilidade de exercício profissional de uma pessoa com essa deficiência".
Já o Presidente da Associação Nacional do Ministério Público, Marfam Vieira, discorda. "Não vejo incompatibilidade. Há áreas em que ele poderia atuar perfeitamente. E é função do Ministério Público proteger o deficiente físico, sobretudo porque a Constituição determina reserva de vaga nos concursos públicos. É lamentável que o MP de Santa Catarina esteja praticando um ato de discriminação". Marfam vai pedir à presidência da Associação do MP daquele Estado que reveja a decisão. Carlos Augusto Pereira afirmou que, "se fosse aprovado, teria um funcionário investido de fé pública", para ler os documentos para ele. 
"A orientação da manifestação ministerial seria dada por mim. Além disso, há sistemas que fazem a leitura pelo computador, como os sintetizadores de voz", ressaltou, ainda, Vieira.
O Estado de Santa Catarina tem na Procuradoria da Advocacia Geral da União - órgão federal - um cego, Orivaldo Vieira. Há casos semelhantes em outros Estados do país. O procurador do Trabalho, Ricardo Marques da Fonseca, chefe da Procuradoria Regional de Campinas, e o defensor público Valmery Jardim, também são cegos.
O bacharel é funcionário concursado da Justiça Eleitoral. Na ocasião do concurso, para auxiliá-lo nos exames, foram designados dois advogados: um leu para ele a prova e os livros usados para consulta, e o outro escreveu as respostas.
O candidato considera ter sido uma vítima do preconceito e vai mover uma ação em face do órgão catarinense e exigir indenização por danos morais.
Ainda segundo o Corregedor-Geral do MP de Santa Catarina, “um cego precisaria, em algumas circunstâncias, do auxílio de outra pessoa. A tecnologia fornece facilidades, mas o reconhecimento de provas ou o exame de uma perícia ficam prejudicados. Não é razoável que o Estado tenha de criar uma estrutura para viabilizar uma exceção”
 
�
[1] Folha de São Paulo, março de 2000.
	Avaliação
	Questões 1, 2 e 3 têm respostas abertas.
	Situação
	Em Elaboração  
	Considerações adicionais
	  
	Plano de ensino
	  
	Anexos 
	Anexo 2.docx    
	Título
	Teoria e Prática da Narrativa Jurídica  
	Número de aulas por semana
	1  
	Número de semana de aula
	6  
	Tema
	Seleção dos fatos da narrativa jurídica.  
	Objetivos
	O aluno deverá ser capaz de:
- Identificar os fatos que constarão na narrativa jurídica.
- Distinguir os fatos juridicamente importantes daqueles que são esclarecedores das questões importantes.
- Desenvolver raciocínio jurídico capaz de levar à compreensão de que os fatos que não são usados, direta ou indiretamente, na fundamentação da tese, não precisam ser narrados.
	Estrutura de conteúdo
	1. Classificação dos fatos
1.1. Fatos juridicamente importantes
1.2. Fatos que contribuem para a compreensão dos que são relevantes
1.3. Fatos que dão ênfase a informações relevantes
1.4. Fatos que satisfazem a curiosidade do leitor
2. Seleção de fatos para a produção da narrativa jurídica
	Procedimentos de ensino
	Aula dialogada.
	Recursos físicos
	Data show, retroprojetor, capítulos dos livros didáticos sugeridos na bibliografia básica, textos variados e peças processuais disponíveis na internet.
	Aplicação prática e teórica
	Num relato pessoal, interessa ao narrador não apenas contar os fatos, mas justificá-los. No mundo jurídico, entretanto, muitas vezes, é preciso narrar os fatos de forma objetiva, sem justificá-los. Ao redigir um parecer, por exemplo, o narrador deve relatar os fatos de forma objetiva antes de apresentar seu opinamento técnico-jurídico na fundamentação.
Antes de iniciar seu relato, o narrador deve selecionar o quê narrar, pois é necessário garantir a relevância do que é narrado. Logo, o primeiro passo para a elaboração de uma boa narrativa é selecionar os fatos a serem relatados.
 
INSERIR AQUI O ANEXO 3
QUESTÃO 1:
Leia os casos concretos que seguem e sublinhe todas as informações que precisam ser observadas em uma narrativa imparcial. Em seguida, liste, em tópicos, todas essas informações que devem ser usadas no relatório.
 
Caso concreto 1
O motorista que atropelou a estudante universitária Daniele Silva, de 24 anos, moradora da Rua da Saudade, 25, casa 3, Santa Teresa, CPF 453992292-67, na pista do Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, na noite de segunda-feira, 08 de março de 2010, às 23h 30min, confessou ter fugido sem prestar socorro à vitima, que morreu no local. Formado em Relações Internacionais, Marcelo Cotrim, de 25 anos, mora na Rua Senador Patrício, 80, apartamento 403, Flamengo, CPF 435 874 985-20, RG 2323874044-9, e se apresentou ontem ao 10º DP (Botafogo), onde alegou não ter parado para prestar socorro, por ter ficado com medo de ser linchado.
Marcelo é liberado após prestar esclarecimentos, autuado por homicídio culposo e omissão de socorro.
Em seu depoimento, Marcelo disse: "logoapós o acidente, liguei para o meu pai, o médico Reinaldo Cotrim, que mora a 500 metros do lugar do atropelamento. Não bebi antes do acidente. Tinha acabado de sair de casa, no Flamengo, para buscar a minha namorada, em Copacabana. Um casal passou correndo na frente do carro".
Reinaldo, por telefone, quando Marcelo liga logo depois do acidente, fala para o filho ir para a casa. O médico vai até o local do acidente, constata que a menina já está morta, sai sem se identificar à polícia e aos bombeiros.
Nos próximos dias, será ouvido o rapaz que estava com Daniele no momento do atropelamento, identificado como Alexandro, que também foi atingido.
O advogado de Marcelo, Pedro Lavigne, ficou na delegacia com ele durante toda a tarde. Indagado por que seu cliente ligara para o pai em vez de chamar os bombeiros, Lavigne ainda tentou justificar:
_ O pai dele é médico e estava a poucos metros dali. Ele foi até lá para tentar salvar a menina, mas ela já estava morta. Ele está muito abalado e, por isso, não se apresentou antes. 
Opinião do delegado do 10º DP, Laurindo Lobo, ele está jogando a culpa em cima da vítima. O advogado de defesa disse acreditar que ele sequer responderá a processo.
 
Caso concreto 2
Desde o dia 18 de setembro de 2010, o motorista José Menezes de Lacerda, de 47 anos, portador do vírus da AIDS, é procurado pela polícia. Ele mudou de casa e vive apavorado com a ideia de passar os próximos anos na cadeia. Sem antecedentes criminais, José foi condenado, em outubro de 2008, por um júri popular, a oito anos em regime fechado. A acusação: tentar matar a amante, transmitindo-lhe o HIV. O caso que teve repercussão nacional. O réu recorreu ao Tribunal de Justiça de São Paulo, mas perdeu: em março de 2009, o órgão confirmou a decisão dos jurados.
O advogado que defendeu José, no início do processo, e o promotor que o denunciou, em 2006, dizem que não sabem de casos semelhantes no país. Como eles, outros especialistas afirmaram ao Estado não ter notícia de processos no qual um portador do HIV tenha sido condenado à prisão por homicídio doloso (com intenção de matar) e qualificado (por uso de meio cruel) porque contaminou alguém com o vírus.
Luiz Carlos Magalhães acompanhou José durante o processo como advogado da assistência judiciária do Estado. Hoje o motorista está sem defensor. Magalhães diz que o caso ficou “ainda mais sui generis” – e dramático – porque Marília, a mulher contaminada, retomou o romance com José. Ela afirmou que já está arrependida de ter registrado boletim de ocorrência contra o companheiro. Mas não há o que fazer, porque, em casos de homicídio, a ação penal independe da vontade da vítima (ação penal pública incondicionada). Marília não quis falar com a reportagem.
José disse ter sido informado sobre a ordem de prisão há duas semanas pela própria amante, que tinha ido buscar um atestado de bons antecedentes para ele. “Foi um baque”. O motorista afirma que ele e Marília vivem entre “idas e vindas”, mas ainda estão juntos. “Eu não sei se é gostar. É alguma coisa mais forte do que eu.” Ele afirma que ambos estão em boas condições de saúde e recebem tratamento gratuito do governo.
“Este caso foi um circo”, diz Magalhães. “Os dois estão vivos e saudáveis. Não houve tentativa de homicídio. Além disso, não existe essa tipificação na nossa legislação, tentar matar por meio do vírus da AIDS.”
“Não lembro de nenhuma condenação no Brasil, um caso concreto”, afirma Damásio de Jesus, professor convidado da especialização em Direito Penal da Escola Paulista de Magistratura. Em Espanha e Alemanha, no entanto, já são comuns os processos nos quais a transmissão do vírus foi classificada como tentativa de homicídio. A alegação é de que o réu sabia que tinha o HIV e mesmo assim manteve relações sexuais sem proteção. “As coisas lá acontecem antes”, afirma Damásio.
O próprio Magalhães diz que há poucas chances de sucesso em recursos aos tribunais em Brasília, porque se trata de decisão de júri popular, referendada pelo Tribunal de Justiça. Depois da condenação a oito anos de regime fechado e do recurso do réu, o TJ apenas adaptou a decisão para que José possa pleitear a progressão da pena.
Para o professor titular de Direito Penal da Universidade Federal do Paraná, René Ariel Dotti, como José perdeu o prazo para novo recurso ao TJ, sobram como alternativas uma revisão de pena ou um habeas corpus ao Superior Tribunal de Justiça. Dotti diz ter dúvidas sobre a condenação. “Acho duvidoso. A tentativa de homicídio depende da probabilidade da contaminação. Se não há 100% de certeza de que em uma relação possa haver o contágio, não houve tentativa de homicídio”.
Recentemente, deixou definitivamente a mãe dos quatro filhos para ficar com a amante. Conseguiu novo emprego e começou a se “reerguer”. Mas então soube da ordem de prisão expedida contra ele, há duas semanas.
“Marília ficou abalada. E eu não acho justo. Sei que tinha minha parcela de culpa, mas ela também. Era responsabilidade do casal. Essa decisão de me prender foi um baque, quebrou minhas estruturas”, afirmou José ao Estado.
José diz que tinha muitas parceiras e não sabe exatamente como contraiu o vírus da AIDS. Afirma que evitou contar a verdade para Marília porque estava apaixonado. “Meu cérebro está congestionado; não sei o que fazer”.
 
	Avaliação
	Tendo em vista a proposta de aula dialogada, desenvolva os raciocínios adequados à seleção dos fatos. Não deixe de discutir, a partir do segundo caso concreto, a possibilidade de se ajuizar, além da ação penal condenatória, uma ação civil indenizatória por parte da pessoa contaminada, em face do agente da prática delituosa.
	Situação
	Em Elaboração  
	Considerações adicionais
	  
	Plano de ensino
	  
	Anexos 
	Anexo 3.docx    
	Título
	Teoria e Prática da Narrativa Jurídica  
	Número de aulas por semana
	1  
	Número de semana de aula
	7  
	Tema
	Organização dos fatos na narrativa jurídica.  
	Objetivos
	O aluno deverá ser capaz de:
- Compreender a necessidade de organização cronológica dos fatos na narrativa jurídica;
- Identificar corretamente o fato gerador da demanda;
- Desenvolver interesse pela pesquisa, com acesso a fontes principiológicas, legais, doutrinárias e jurisprudências.
	Estrutura de conteúdo
	1. Formas de organização dos fatos na narrativa
1.1. Organização cronológica
1.2. Organização acronológica
2. Identificação do fato gerador
3. Organização linear dos fatos nas narrativas cível e criminal
	Procedimentos de ensino
	Aula dialogada.
	Recursos físicos
	Data show, retroprojetor, capítulos dos livros didáticos sugeridos na bibliografia básica, textos variados e peças processuais disponíveis na internet.
	Aplicação prática e teórica
	No discurso jurídico, é necessário ater-se aos fatos do mundo biossocial que levaram ao litígio. Ao procurar um advogado, o cliente fará, logo de início, um relato dos acontecimentos que, em sua perspectiva, causaram-lhe prejuízo do ponto de vista moral ou material. Contará sua versão do conflito, marcada, geralmente, por comoção, frequentes rodeios e muita parcialidade. Já compreendemos, nas aulas anteriores, que saber selecionar essas informações é importante e esse procedimento depende não só da peça que se quer redigir, mas também de uma visão crítica madura e acurada.
Ao profissional do Direito caberá, em seguida, organizar as informações importantes obtidas nessa conversa, com vistas à estruturação da narrativa a ser apresentada na petição inicial.
Sempre que o advogado elencar fatos, haverá entre eles um lapso temporal, imprescindível para a narrativa, a qual, por sua própria natureza, deve respeitar a cronologia do assunto em pauta, ou seja, a estrita ordem dos acontecimentos na realidade. A essa narrativa chama-se também narrativa linear. Sobre esse assunto, leia, também, o capítulo “Narração e descrição: textos a serviço da argumentação”, do livro Lições de argumentação jurídica: da teoriaà prática, de cuja obra se extraiu o exemplo adiante:
 
INSERIR AQUI O ANEXO 4
Acompanhe a sequência cronológica dos principais eventos de um conflito�:
1999 2003 / 1º sem. 2003 / 2º sem. Meses depois [...]
Ao contrário, não se deve apresentar fatos em sequência alterada, não-linear. Para Victor Gabriel Rodríguez, a utilização da narrativa linear evidencia para o leitor o encadeamento lógico entre os acontecimentos, crucial para se estabelecerem os nexos de causalidade e alcançar também maior clareza textual.
Adiante, uma tabela com vocabulário da área semântica de tempo, a fim de orientá-lo na produção das narrativas.
 
VOCABULÁRIO DA ÁREA SEMÂNTICA DE TEMPO[1]:
Tempo em geral
idade, era, época, período, ciclo, fase, temporada, prazo, lapso de tempo, instante, momento, minuto, hora, etc.
Fluir do tempo
o tempo passa, flui, corre, voa, escoa-se, foge, etc.
Perpetuidade
perenidade, eternidade, duração eterna, permanente, contínua, ininterrupta, constante, tempo infinito, interminável, infindável, etc. Sempre, duradouro, indelével, imorredouro, imperecível, até a consumação dos séculos, etc.
Longa duração
largo, longo tempo, longevo, macróbio, Matusalém, etc.
Curta duração
tempo breve, curto, rápido, instantaneidade, subitaneidade, pressa, rapidez, ligeireza, efêmero, num abrir e fechar d 'olhos, relance, momentâneo, precário, provisório, transitório, passageiro, interino, de afogadilho, presto, etc.
Cronologia, medição, divisão do tempo
Cronos, calendário, folhinha, almanaque, calendas, cronometria, relógio', milênio, século, centúria, década, lustro, qüinqüênio, triênio, biênio, ano, mês, dia, tríduo, trimestre, bimestre, semana, anais, ampulheta, clepsidra, etc.
Simultaneidade
durante, enquanto, ao mesmo tempo, simultâneo, contemporâneo, coevo, isocronismo, coexistente, coincidência, coetâneo, gêmeo, ao passo que, à medida que, etc.
Antecipação
antes, anterior, primeiro, antecipadamente, prioritário, primordial, prematuro, primogênito, antecedência, precedência, prenúncio, preliminar, véspera, pródomo, etc.
Posteridade
depois, posteriormente, a seguir, em seguida, sucessivo, por fim, afinal, mais tarde, póstumo, "in fine", etc.
Intervalo
meio tempo, interstício, ínterim, entreato, interregno, pausa, tréguas, entrementes, etc.
Tempo presente
atualidade, agora, já, neste instante, o dia de hoje, modernamente, hodiernamente, este ano, este século, etc.
Tempo futuro
amanhã, futuramente, porvir, porvindouro, em breve, dentro em pouco, proximamente, iminente, prestes a, etc.
Tempo passado
remoto, distante, pretérito, tempos idos, outros tempos, priscas eras, tempos d'antanho, outrora, antigamente, coisa antediluviana, do tempo do arroz com casca, tempo de amarrar cachorro com lingüiça, etc.
Freqüência
constante, habitual, costumeiro, usual, corriqueiro, repetição, repetidamente, tradicional, amiúde, com freqüência, ordinariamente, muitas vezes, etc.
 
Infrequência
raras vezes, raro, raramente, poucas vezes, nem sempre, ocasionalmente, acidentalmente, esporadicamente, inusitado, insólito, de quando em quando, de vez em vez, de vez em quando, de tempos em tempos, uma que outra vez, etc.
 
 
CASO CONCRETO
Abandonada pelo noivo depois de 17 anos de namoro, a costureira Nair Francisca de Oliveira propôs ação judicial no Tribunal de Minas Gerais a fim de condenar o motorista aposentado Otacílio Garcia dos Reis, de 54 anos, a pagar-lhe indenização por danos morais. Ela pediu, ainda, 50% do valor da casa que os dois estavam construindo juntos, em Passos, sudoeste de Minas. “Mais do que o término do noivado, entrei com o processo principalmente pelo tempo que fui enganada”, diz ela.
Nair não revela a idade, diz apenas que tem mais de 40 anos. Ela diz que também foi vítima de difamação por parte de Otacílio. Ao romper com a noiva, ele disse que, além de não gostar dela, sabia que não tinha sido o primeiro homem de sua vida. “Me difamou e humilhou minha família”, lamenta Nair, que não consegue explicar como pôde ficar tantos anos ao lado de uma pessoa que ela diz, agora, não conhecer.
Otacílio foi longe ao explicar o motivo do fim do relacionamento. Disse à ex-noiva que tinha por ela apenas um “vício carnal” e que nenhum homem seria capaz de resistir aos encantos de seu corpo bem feito. “Ele daria um bom ator”, analisa Nair, lembrando que, a cada ano, a desculpa para não oficializar a união mudava. A costureira confessa que nunca teve vontade de terminar o namoro, mesmo tendo-o iniciado sem gostar muito de Otacílio. Ele teria insistido no relacionamento. “Eu dei tempo ao tempo e acabei gostando dele”, afirma, frustrada com o tempo perdido, especialmente pelo fato de não ter tido filhos. “Engraçado, eu nunca evitei. Não sei por que não aconteceu”.
A história de Nair e Otacílio começou em 1975. Após quatro anos de namoro, ficaram noivos e deram entrada nos papéis para o casamento religioso. Na ocasião, já haviam comprado um terreno, onde construíram a casa, que, segundo Nair, foi erguida com o dinheiro de seu trabalho de costureira, com a ajuda dos pais e também com dinheiro de Otacílio. Hoje, o que seria o lar dos dois é uma casa alugada. O advogado de Nair, José Cirilo de Oliveira, pretende requerer divisão dos valores recebidos pelo aluguel do imóvel.
Segundo sustenta o advogado da autora, “o casamento é o sonho dourado de toda mulher, objetivando com ele, a par da felicidade pessoal de constituir um lar, também atingir o seu bem-estar social, a subsistência e o seu futuro econômico. Tudo isso foi frustrado pela conduta dolosa de Otacílio, que nunca pretendeu oficializar essa união e manteve ‘presa’ Nair a esse relacionamento impróspero”.
(adaptado de Roselena Nicolau – Jornal do Brasil)
 
Questão 1
Indique a opção que mostra, em ordem cronológica, alguns acontecimentos da vida do casal retratado no texto, Nair e Otacílio:
(A)   compram um terreno; ficam noivos; cancelam o casamento; brigam na justiça.
(B)    começam a namorar; ficam noivos; compram um terreno; constroem uma casa.
(C)    começam a namorar; ficam noivos; trocam acusações em público; terminam a relação.
(D)   ficam noivos; compram um terreno; constroem uma casa; cancelam o casamento.
(E)    ficam noivos; dão entrada nos papéis; brigam na justiça; alugam a casa.
 
Questão 2
A partir da questão 1, você teve uma idéia ampla da cronologia dos fatos do caso concreto. Precisamos considerar, porém, que o magistrado, para julgar o pedido da autora, precisaria ter conhecimento de diversas outras informações juridicamente importantes.
Considere que informações juridicamente importantes são aquelas que precisam constar na narrativa da peça porque a lei, a doutrina e/ou a jurisprudência consideram essas informações como importantes.
Tenha como certo, também, que a autora pretende indenização por danos morais, em virtude do término do relacionamento – pelas razões sustentadas pelo advogado – e pela difamação de que foi vítima. Pretende, ainda, 50% do valor do imóvel e 50% dos valores recebidos a título de aluguel.
Assim, realize uma pesquisa e indique as fontes principiológicas, legais, doutrinárias e jurisprudenciais que contribuam para a percepção de quais informações são juridicamente importantes para a solução da lide.
 
Questão 3
Produza uma narrativa simples – em texto corrido, adequadamente dividido em parágrafos – para o caso concreto, com a exposição cronológica dos fatos.
 
�
[1] GARCIA, Othon M. Comunicação em Prosa Moderna. 22. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2004, cap. 1.6.5.5.1.
	Avaliação
	Questão 1 – Letra A.
Questões 2 e 3 – respostas abertas.
	Situação
	Em Elaboração  
	Considerações adicionais
	  
	Plano de ensino
	  
	Anexos 
	Anexo 4.docx    
	Título
	Teoria e Prática da Narrativa Jurídica  
	Número de aulas por semana
	1  
	Número de

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