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Gêneros discursivos típicos da esfera acadêmico-científica Na esfera acadêmico-científica, há alguns gêneros discursivos essenciais à vida acadêmica e que precisam ser apropriados, dado que as pesquisas realizadas estruturam- se a partir desses gêneros discursivos. Assim, convidamos você a acessar o EVA. São apresentados gêneros como resumo, resenha crítica, artigo cientifico, paper, position paper, relatório técnico-cientifico e monografia. Algumas produções típicas da esfera acadêmico-científica Apresentamos alguns gêneros discursivos típicos da esfera acadêmica, quais sejam: resumo, resenha crítica, artigo científico, paper, position paper, relatório técnico-cietífico e monografia. 1. Resumo O resumo de um modo geral pode ser definido como a condensação de ideias ou fatos apresentados pelo texto original. O resumo não é uma colagem de frases do texto original. Assim, veja alguns passos importantes que podem ajudar na elaboração de um resumo: a) Faça uma leitura do texto, do começo ao fim. Essa primeira leitura deve ser feita com a preocupação de responder genericamente à seguinte pergunta: do que trata o texto? b) Em uma segunda leitura, com o lápis na mão, sublinhar as palavras- chave. Ou, se o texto for pequeno, pode-se adotar como critério a divisão em parágrafos. Em seguida, tente resumir a ideia ou as ideias centrais de cada fragmento. c) Para a redação final, retome o texto, e escreva com suas palavras, a partir das palavras ou expressões sublinhadas, procurando não só condensar os segmentos sublinhados, mas encadeá-los na progressão em que se sucedem no texto e estabelecer as relações entre eles. Este livro retrata a história de um grupo de crianças órfãs, que vivia nas ruas de uma cidade da Bahia. Era um grupo de meninos, conhecidos por todos como os “capitães da areia”, viviam num trapiche abandonado, perto da praia, e ocupavam os seus dias a tentar arranjar o que comer ou o que vestir, tendo muitas vezes que roubar para o conseguir. A maioria dos habitantes da cidade rejeitava-os e desprezava-os, devido à sua fama de ladrões e rapazes conflituosos. Contudo e apesar de por vezes terem determinadas atitudes, esses rapazes eram simples crianças, meninos, que por circunstâncias da vida foram obrigados a viver sozinhos, sabendo que só poderiam contar com eles próprios para sobreviver. Muitas vezes, as suas atitudes eram justificadas pela carência de amor e afeto que tinham, uns porque tinham sido abandonados pelas mães, outros porque nunca as tinham conhecido. No entanto, nenhum deles desejava ir para um orfanato, pois sabiam o valor da palavra liberdade, e não a trocavam por nada. Ao longo do livro vão sendo retratados vários episódios e peripécias da vida dessas crianças, e apesar de todos eles viverem em condições tão precárias, todos eram motivados por um sonho que gostariam de alcançar. Fonte: Amado, Jorge. Capitães de areia. In: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Capit%C3%A3es_da_areia. Resumo como parte de um trabalho, trata-se de um gênero discursivo – resumo – inserido em outro gênero. Os resumos que precedem trabalhos científicos assumem características diferentes dos resumos de textos didáticos, são normatizados pela NBR 6028, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003), e devem ressaltar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões do trabalho. Quanto à extensão, os resumos científicos, conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003, p. 2), devem ter: •• de 150 a 500 palavras para trabalhos acadêmicos (teses, dissertações e outros) e relatórios técnico científicos; •• de 100 a 250 palavras para artigos de periódicos; •• de 50 a 100 palavras para indicações breves. O resumo do artigo escrito por Guimarães et al (2006), publicado pela Revista de Nutrição, indica, de forma clara, a estrutura de um resumo que precede trabalhos científicos. Observe o texto: 2. Resenha crítica A resenha crítica é uma modalidade de trabalho científico que consiste no desenvolvimento de uma síntese sobre uma obra, no sentido de expressar um juízo de valor acerca do assunto abordado. Corresponde à apreciação crítica de um texto com o objetivo de discussão das ideias nele contidas. Segundo Oliveira Netto (2005, p. 73), a resenha pode ser definida como “a apresentação do conteúdo de uma obra, acompanhada de uma avaliação crítica ou indicativa”. Este resumo deve apresentar as ideias da obra, a avaliação das informações e a forma como foram expostas, bem como a justificativa da avaliação desenvolvida no resumo. Para proceder a essa avaliação, é necessário recorrer ao posicionamento de outros autores da comunidade científica em relação às posturas defendidas pelo autor da obra criticada, estabelecendo uma espécie de comparação, principalmente no que se refere ao enfoque, ao método de investigação e à forma de exposição das ideias. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003), por meio da NBR 6028, denomina a resenha de resumo crítico. Normalmente, a resenha é desenvolvida por especialistas, pois exige, por parte do resenhista, conhecimento completo da obra, capacidade crítica e maturidade intelectual. Salvador (1979 apud MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 264) apresenta os seguintes requisitos básicos para a elaboração de uma resenha crítica: a. conhecimento completo da obra; b. competência na matéria; c. capacidade de juízo de valor; d. independência de juízo; e. correção e urbanidade; f. fidelidade ao pensamento do autor. A apresentação da estrutura da resenha crítica pode variar de autor para autor. Em geral, dois elementos são essenciais: o resumo e a crítica. Dos diversos modelos encontrados na literatura de metodologia científica adotamos aqui o roteiro descrito por Marconi e Lakatos (2003, p. 264), apresentado a seguir: a. Obra – apresentação dos dados de identificação da referência bibliográfica. b. Credenciais da autoria – nacionalidade, formação acadêmica, outras obras escritas pelo autor. c. Conclusões da autoria – síntese das principais conclusões da obra apresentada no final de cada capítulo ou no final da obra. d. Digesto – resumo das principais ideias dos capítulos ou da obra como um todo; e. Metodologia da autoria – descrição do tipo de método e das técnicas utilizadas pelo autor da obra. f. Crítica do resenhista – julgamento da obra do ponto de vista da coerência e consistência na argumentação, originalidade, emprego adequado de métodos e técnicas, contribuição para o desenvolvimento da ciência e estilo empregado. É importante salientar que a crítica deve ser bem fundamentada e o resenhista deve confrontar as ideias da obra com ideias de outras obras e autores. g. Indicação do resenhista – indicação da obra para qual público (estudantes, especialistas) e para qual curso ou área do conhecimento é destinado. Há, também, resenhas de obras não científicas, por exemplo, de filmes, de romances etc. Apresentamos, a seguir, a resenha de um filme: DURO DE MATAR Jack Bauer ressuscita para vingar a morte de seu melhor amigo. Logo nos primeiros vinte minutos deste quinto dia na vida do agente Jack Bauer (Kiefer Sutherland), já dá para perceber que vem chumbo grosso pela frente. De cara, dois de seus amigos são assassinados, enquanto um terceiro fica gravemente ferido. É motivo mais que suficiente para Bauer ressuscitar (sim, ele havia “morrido” no final da quarta temporada) e voltar ao batente. E quando falamos de JB, sabemos o que isso significa: conspiração, assassinatos, correria e tortura. Ainda que Sutherland tenha levado o emmy de melhor ator dramáticoeste ano (a série também foi premiada), são os coadjuvantes que roubam a cena. A começar pelo casal presidencial, o aparvalhado presidente Charles Logan (Gregory Itzin) e a problemática primeira-dama Martha (Jean Smart), a mal-humorada Chloe o’ Brien (Mary Lynn Rajskub) e os vilões Vladimir Bierko (Julian Sands) e Christopher Henderson (o Robocop Peter Weller), talvez o pior inimigo de Bauer desde a infernal agente dupla Nina Myers. A trama mais uma vez amarra conspirações palacianas e ações terroristas em solo norte-americano, com seguidas reviravoltas e mortes assustadoramente cruéis. A lamentar, o fato de a produção ter desencanado do reloginho e lançado ao espaço justamente aquilo que tornou a série tão surpreendente: a ação em tempo real. 24 Horas – 5ª. Temporada (Fox) (Luiz Rivoiro, Seção Neurônios, Revista Playboy, outubro de 2006, p. 40) Além de todas as informações sobre o filme, há o posicionamento crítico do autor. Sua opinião favorável ou não pode conduzir o leitor a assistir ao filme. Como o objetivo da resenha, geralmente publicada em jornais e revistas, é a divulgação de objetos de consumo cultural - livros, filmes, peças de teatro etc. É preciso que o resenhista, responsável pelo julgamento da obra, tenha conhecimento na área. Cabe ressaltar que, nesse caso, permite-se a utilização de um nível de linguagem menos formal, considerando o meio de publicação do texto e, consequentemente, o provável público leitor. Entretanto, no caso da resenha exigida no meio acadêmico, cujo objeto de crítica é, na maior parte das vezes, uma obra literária ou de natureza técnico-científica, a linguagem utilizada deve estar adequada à variedade padrão da língua. 3. Fichamento A leitura é uma atividade constante na vida acadêmica e se torna, no decorrer do curso, a base de sua formação. A iniciativa de aprender sempre deverá ser sua. O estudante tem de se convencer de que sua aprendizagem é uma tarefa eminentemente pessoal; tem de se transformar num estudioso que encontra no ensino escolar não um ponto de chegada, mas um limiar a partir da qual constitui toda uma atividade de estudo e de pesquisa [...]. (SEVERINO, 2000, p. 35). A leitura é um instrumento de aprendizagem que permite a você ter o conhecimento e a compreensão do mundo. Estamos diante de uma cultura que se torna mais complexa, em virtude das tecnologias que surgem e nem sempre conseguimos guardar muitas das informações que nos rodeiam. Assim, dependendo dos nossos objetivos, precisamos fazer algumas anotações. A maneira mais adequada para reter essas informações é o registro em algum suporte físico. Dessa forma, temos a ficha de leitura que pode se tornar um instrumento útil no momento da recuperação de uma informação e pode ser realizada com diferentes fins, como: a. instrumento de coleta de dados na realização de uma pesquisa bibliográfica; b. trabalho acadêmico em disciplinas de graduação e pós- graduação; c. preparação de textos na apresentação oral de trabalhos em sala de aula; d. um instrumento auxiliar na leitura e registro das ideias de um texto. Para fazer a ficha de leitura, primeiramente, é necessário delimitar a unidade de leitura do texto. Unidade de leitura pode ser compreendida com sendo um setor do texto que possui um sentido completo, ou seja, um livro, um capítulo de um livro, um artigo científico, uma matéria de jornal ou revista, ou qualquer outro texto que precise ser estudado. 3.1 Classificação das fichas De maneira geral, as fichas podem ser classificadas em 2 tipos: bibliográfica e temática. A bibliográfica, como o próprio nome diz, ocupa-se de uma obra, e a temática, de um tema pesquisado em várias obras. As atividades desenvolvidas na leitura também podem servir para classificar os tipos de ficha. No momento da leitura podemos resumir, transcrever fragmentos considerados importantes ou simplesmente comentar analiticamente o texto. Dessas atividades podem resultar a ficha-resumo, a ficha de citação e a ficha de comentário analítico. Acompanhe a seguir. a. ficha-resumo - resumir significa apresentar de forma concisa as principais ideias de um texto. O resumo deve ser elaborado na fase da leitura analítica, no exato momento em que conseguimos assimilar e compreender as ideias do texto. Quanto maior a compreensão das ideias, tanto maior será nossa capacidade de resumir. Veja os procedimentos para a elaboração do resumo na Seção 1 desta unidade. b. ficha de citação - nesse tipo de ficha, copia-se, literalmente, na forma de transcrição textual (cópia fiel), fragmentos considerados relevantes para o estudo do texto. A parte a ser transcrita não deverá ser muito extensa, pois não faz sentido copiar por copiar. As fichas desse tipo podem dar origem às citações no texto, quando se está elaborando um trabalho acadêmico. c. ficha de comentário analítico – nessas fichas podem ser registradas as nossas reflexões sobre o material que está sendo lido (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2003, p. 233). As reflexões podem resultar em: • afinidade - quando a análise manifesta nossa concordância e aceitação das ideias do texto; • antagonismo – quando manifestamos discordância e, neste caso, é importante fundamentar bem nossas ideias com argumentos lógicos e convincentes, pois simplesmente não podemos discordar por discordar; • conexões com outras ideias – neste caso, podemos comparar as ideias do autor com as de outros autores e, assim, possuir uma visão mais ampla sobre o tema. A estrutura da ficha de leitura é constituída de três partes: cabeçalho, referência e texto. No cabeçalho, deve aparecer o título ou assunto da ficha; na referência, os elementos de identificação da obra pesquisada; e no texto, o conteúdo da ficha (resumo, transcrição ou comentário). Veja o exemplo: Você percebeu como uma ficha de leitura torna-se fundamental no momento em que for preciso armazenar informações para diversos fins. E, para que essas informações possam ser usadas em diversos contextos, é importante seguir alguns caminhos, conforme apresentados neste texto. 4. Paper O paper é um trabalho científico que tem como objetivo principal analisar um tema/ questão/problema, por meio do desenvolvimento de um ponto de vista de quem o escreve. O paper geralmente trata do particular ou da essência do problema. Se o autor apenas compilou informações sem fazer avaliações ou interpretações sobre elas, trata-se simplesmente de um relato e não de um paper. Assim, a composição de um paper decorre do estudo e do posicionamento de quem o escreve. Segundo Heerdt e Leonel (2006, p. 141), neste tipo de trabalho “[...] as reflexões devem ser mesmo do autor do paper”, caracterizando-o principalmente pela originalidade. Conforme Roth (apud MEDEIROS, 1996, p. 186), para a composição do paper é necessário seguir cinco passos: 1. escolher o assunto; 2. reunir informações; 3. avaliar o material; 4. organizar as ideias; 5. redigir o paper”. Quanto à estrutura do paper, assim se organiza: folha de rosto; sinopse, introdução (objetivo e delimitação do tema); desenvolvimento; conclusão e referências.4 Paper 5. Position paper Segundo Heerdt e Leonel (2006, p. 143), o position paper consiste no desenvolvimento da: capacidade de reflexão e criatividade [do aluno] diante do que está escrito (livro, artigo, revista, jornal etc.), diante do que é apresentado (palestra, congresso, seminário, curso etc.) e também diante do que pode ser observado numa determinada realidade (empresa, projeto, entidade, viagem de estudos etc.). Sua composição decorre do posicionamento de quem o escreve, exigindo,também, revisão de literatura para conhecer e sistematizar o posicionamento de outros autores sobre o tema/ questão/problema. Para Heerdt e Leonel (2006, p. 144), a estrutura do position paper é assim organizada: capa; folha de rosto; sumário; introdução (objetivo, delimitação do tema, metodologia); revisão bibliográfica sobre o assunto (no mínimo dois outros autores); reflexão e posicionamento do autor sobre o assunto; conclusão; referências. 5.1 Paper – comunicação científica É a informação concisa que se apresenta em congressos, simpósios, reuniões, academias, sociedades científicas, expostos em tempo reduzido. “Sua finalidade é fazer conhecida a descoberta e os resultados alcançados com a pesquisa, podendo, por fim, fazer parte de anais [ou revistas]”. (HEERDT; LEONEL, 2006, p. 142). A comunicação não necessita de abrangência de aspectos analíticos, compondose, basicamente da introdução, do desenvolvimento e da conclusão. 6. Artigo científico Na vida acadêmica, são várias as atividades de pesquisa realizadas, tanto pelo corpo docente como pelo discente. Essas atividades resultam de trabalhos didáticos e científicos elaborados frequentemente nas disciplinas, nos cursos ou em grupos de pesquisa. As atividades que se caracterizam como trabalhos didáticos resultam da interação cultural, permitem que o conhecimento seja reconstruído, na medida em que se tem acesso ao mundo culturalmente instituído. Os trabalhos científicos, por sua vez, resultam do esforço de criação e elaboração de novos saberes, possuem uma natureza mais complexa e permitem que o conhecimento se renove. Outra diferença significativa entre os dois tipos de trabalho é o tratamento que se dá ao objeto de estudo no processo de sua assimilação, compreensão e construção. Os trabalhos didáticos e científicos, muitas vezes, pelo nível de excelência que apresentam, são merecedores de publicação. As instituições de ensino, de maneira geral, e os cursos que a elas pertencem, em particular, dispõem de revistas especializadas para a publicação desses trabalhos produzidos por alunos e professores, na forma de artigo científico. O artigo científico pode ser entendido como um trabalho completo em si mesmo, mas possui dimensão reduzida. Köche (1997, p. 149) afirma que “o artigo é a apresentação sintética, em forma de relatório escrito, dos resultados de investigações ou estudos realizados a respeito de uma questão”. Salvador (1977, p. 24) apresenta cinco razões para escrever artigos científicos. São elas: 1) Expor aspectos novos por nós descobertos, mediante o estudo e a pesquisa, a respeito de uma questão, ou de aspectos que julgamos terem sido tratados apenas superficialmente, ou soluções novas para questões conhecidas; 2) expor de uma maneira nova uma questão já antiga; 3) anunciar resultados de uma pesquisa, que será exposta futuramente em livro; 4) desenvolver aspectos secundários de uma questão que não tiveram o devido tratamento em livro que foi editado ou que será editado; 5) abordar assuntos controvertidos para os quais não houve tempo de preparar um livro. O artigo é um meio de atualização de informações e, por isso, enquanto fonte de pesquisa, jamais pode ser ignorado por alunos e professores no processo de busca e aquisição de conhecimentos. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003), os artigos são classificados em dois tipos: original e revisão. O artigo original “parte de uma publicação que apresenta temas ou abordagens originais [...] (relatos de experiência de pesquisa, estudo de caso etc.)”. O artigo de revisão “parte de uma publicação que resume, analisa e discute informações já publicadas”. O resumo do artigo escrito por Dalgalarrondo et al (2004), publicado pela Revista Brasileira de Psiquiatria, exemplifica um artigo original. Acompanhe a seguir. Religião e uso de drogas por adolescentes Introdução: estudos internacionais e nacionais mostram que a religiosidade é um modulador importante no consumo de álcool e drogas entre estudantes adolescentes. Objetivos: verificar se diferentes variáveis da religiosidade influenciam o uso frequente e/ou pesado de álcool e drogas entre estudantes de 1º e 2º graus. Métodos: estudo transversal com uma técnica de amostragem do tipo intencional. Foi utilizado um questionário anônimo de autopreenchimento. A amostra foi constituída por 2.287 estudantes de escolas públicas periféricas e centrais e escolas particulares da cidade de Campinas, SP, entrevistados no ano de 1998. As drogas estudadas foram: álcool, tabaco, solventes, medicamentos, maconha, cocaína e ecstasy. As variáveis independentes incluídas na análise de regressão logística foram: filiação religiosa, frequência de ida ao culto/missa por mês, considerar-se pessoa religiosa e educação religiosa na infância. Para identificar como as variáveis de religiosidade influenciam o uso de álcool e drogas, utilizaram-se análises bivariadas e a análise de regressão logística para resposta dicotômica. Resultados: O uso pesado de pelo menos uma droga foi maior entre os estudantes que tiveram educação na infância sem religião. O uso no mês de cocaína e de “medicamentos para dar barato” foi maior nos estudantes que não tinham religião. O uso no mês de ecstasy e de “medicamentos para dar barato” foi maior nos estudantes que não tiveram educação religiosa na infância. Conclusões: Várias dimensões da religiosidade relacionam-se com o uso de drogas por adolescentes, com possível efeito inibidor. Particularmente interessante foi que uma maior educação religiosa na infância mostrou-se marcadamente importante em tal possível inibição. Trata-se de um artigo original, pois os autores fizeram um estudo com uma amostra 2.287 estudantes para coletar dados sobre a relação entre religiosidade e uso de drogas. Nos artigos originais, diferentemente dos artigos de revisão, os resultados apresentados são totalmente novos. O resumo do artigo escrito por Pedroso et al (2006), publicado pela Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, exemplifica um artigo de revisão. Leia o texto a seguir. Expectativas de resultados frente ao uso de álcool, maconha e tabaco Este artigo teve como objetivo realizar uma revisão teórica acerca do construto expectativas de resultados frente ao uso de álcool, maconha e tabaco. As expectativas de resultados são determinadas a partir do que as pessoas acreditam acerca dos efeitos de determinada droga, sendo uma variável importante no tratamento de dependentes químicos. Foram realizadas buscas de artigos publicados nas bases de dados MEDLINE, PsycINFO, ProQuest, Ovid, LILACS e Cork, usando os descritores belief, expectancy, expectation, drugs, psychoactive e effect. Os resultados demonstraram que as expectativas de resultados frente ao uso dessas substâncias podem surgir de fontes como: exposição a estímulos condicionados, dependência física, crenças pessoais e culturais e fatores situacionais e ambientais. Conclui-se que ainda há necessidade de novas pesquisas quanto às expectativas relacionadas às diferentes substâncias psicoativas e faixas etárias para uma melhor compreensão deste construto. (Grifo nosso). Trata-se de um artigo de revisão, pois os dados apresentados na pesquisa já haviam sido publicados em base de dados que armazenam literatura científica: MEDLINE, PsycINFO, ProQuest, Ovid, LILACS e Cork. Para a publicação de um artigo científico, é necessário que se observem as recomendações estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003), que estruturam, de maneira geral, os seguintes elementos: pré-textuais, textuais, pós- textuais.Os elementos pré-textuais apresentam, na página de abertura, as informações que identificam o artigo; os elementos textuais apresentam os resultados do estudo em três partes logicamente encadeadas: introdução, desenvolvimento e conclusão; e os elementos pós-textuais apresentam as informações que identificam o artigo, traduzidos para uma língua estrangeira, conforme indicação da própria revista, como também, as referências, apêndices e anexos. Conheça os itens que compõem cada um dos elementos da estrutura de um artigo. 6.1. Elementos pré-textuais São os seguintes: a. título - contém o termo ou expressão que indica o conteúdo do artigo; b. autoria - nome do autor ou autores, acompanhado de um breve currículo em nota de rodapé; c. resumo - apresenta objetivos, metodologia, resultados e conclusões alcançadas. Deve ser elaborado de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003); d. palavras-chave - termos indicativos do conteúdo do artigo. 6.2. Elementos textuais São constituídos das seguintes partes: a. introdução - apresenta o tema-questão-problema, justifica-os, expõe os objetivos e descreve a metodologia que foi adotada na realização da pesquisa; b. desenvolvimento - apresenta fundamentação teórica e os resultados do estudo; c. conclusão - analisa criticamente os resultados do estudo e abre perspectivas para novas investigações. 6.3. Elementos pós-textuais São os seguintes: a. título e subtítulo (se houver) - escrito em língua estrangeira; b. resumo - o mesmo resumo que aparece como elemento pré- textual, porém, escrito em língua estrangeira; c. palavras-chave - escritas em língua estrangeira; d. notas explicativas - citadas para evitar notas de rodapé; e. referências - apresenta as obras que foram citadas no corpo do artigo, conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2002); f. glossário - definição, em ordem alfabética, de termos que assumem significado específico no artigo; g. apêndice - texto escrito pelo autor, que complementa as ideias contidas no desenvolvimento; h. anexo - texto não escrito pelo autor, que fundamenta, comprova ou ilustra aspectos contidos no desenvolvimento. É importante salientar que nem todas as revistas científicas seguem rigorosamente a ordem dos elementos apresentados nesta seção. Alguns itens podem variar de acordo com as necessidades e/ou exigência de cada conselho editorial. Independentemente disso, é importante que professores e alunos sintam-se motivados para publicar os resultados de suas atividades científicas ou didáticas. 7. Relatório técnico-científico O relatório técnico-científico é um documento que relata formalmente os resultados ou progressos obtidos em uma investigação. Descreve minuciosamente a situação de uma questão técnica ou científica. O relatório deve apresentar, sistematicamente, informação suficiente para que se possam traçar conclusões e caracterizar-se pela fidelidade, objetividade e exatidão de recomendações à resolução de determinada situação-problema, relato. Segundo Rauen (2002, p. 235), o relatório é definido como uma “[...] comunicação por escrito dos resultados de uma pesquisa, no qual se podem identificar: os passos da pesquisa, a revisão bibliográfica, a análise/interpretação dos dados e as conclusões estabelecidas”. Para Oliveira (2003, p. 101), o relatório constitui-se em uma “[...] descrição objetiva [e pormenorizada] de fatos, acontecimentos ou atividades, que incorpora uma análise metódica para a obtenção de conclusões que se constituam em parâmetros para a escolha de alternativas”. Tipo de trabalho que tem como finalidade descrever as etapas das investigações realizadas diretamente na realidade (“in loco”). De acordo com Severino (2000, p. 174), o relatório técnico-científico “[...] visa pura e simplesmente historiar seu desenvolvimento, muito mais no sentido de apresentar os caminhos percorridos, de descrever as atividades realizadas e de apreciar os resultados – parciais ou finais – obtidos”. O relatório técnico-científico geralmente é desenvolvido na fase dos estágios supervisionados, em diversos cursos. 8. Monografia Etimologicamente, a palavra monografia vem do prefixo grego mono (de onde derivam palavras como monge, mosteiro, monossílabo, monolítico etc.) e do prefixo latino solus (solteiro, solitário, solitude), que significa um só, e da palavra graphein, que significa escrever. (BITTAR, 2003, p. 1). Com base na etimologia da palavra, você pode perceber que monografia resulta de um trabalho intelectual, baseado em apenas um assunto. Conforme Bebber e Martinello (1996, p. 71), a monografia é “um estudo realizado com profundidade e seguindo métodos científicos de pesquisa e de apresentação de um assunto em todos os seus detalhes, como contributo à ciência respectiva”. Segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 235), a monografia apresenta as seguintes características: a. trabalho escrito, sistemático e completo; b. tema específico ou particular de uma ciência ou parte dela; c. estudo pormenorizado e exaustivo, abordando vários aspectos e ângulos do caso; d. tratamento extenso em profundidade, mas não em alcance (nesse caso, é limitado); e. metodologia específica; f. contribuição importante, original e pessoal para a ciência. Esse tipo de trabalho científico abrange dois sentidos: o stritu, que se identifica com a tese e a dissertação dos cursos de doutorado e mestrado, respectivamente, e o latu, que se relaciona àquelas monografias desenvolvidas nos cursos de graduação, principalmente nas licenciaturas. Ambos os sentidos não dispensam a rigorosa metodologia na pesquisa de um tema específico, a partir de um só problema, qualificando-as como de natureza científica, pois, do contrário, não passarão de um simples estudo.
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