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ANDRÉ MANASSA DE OLIVEIRA Matrícula 11121ECO039 POLÍTICA MONETÁRIA, CONJUNTURA ECONÔMICA E PERSISTÊNCIA DA INFLAÇÃO EM ANGOLA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE ECONOMIA 2015 ANDRÉ MANASSA DE OLIVEIRA Matrícula 11121ECO039 POLÍTICA MONETÁRIA, CONJUNTURA ECONÔMICA E PERSISTÊNCIA DA INFLAÇÃO EM ANGOLA Monografia apresentada ao Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas. Orientador: Prof. Cleomar Gomes da Silva UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE ECONOMIA 2015 BANCA EXAMINADORA: Uberlândia, 08 de Junho, de 2015 ________________________________ Prof. Cleomar Gomes da Silva ________________________________ Prof. Ana Maria de Paiva Franco ________________________________ Prof. Flávio Vilela Vieira 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho à minha família em particular, ao meu pai que sempre me apoiou nos estudos, à minha mãe que sempre foi uma mulher batalhadora, à minha namorada que esteve do meu lado nestes quatros anos da minha formação, pelo companheirismo e dedicação. Dedico esse trabalho à comunidade angolana em geral e espero que seja de bom uso para o Banco Nacional de Angola. Aos meus parentes e amigos que me apoiaram nesta luta e para todos aqueles que de forma direta ou indireta contribuíram para que fosse possível a realização desse trabalho. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pela saúde, e persistência, permitindo assim que eu conseguisse elaborar esse trabalho. Agradeço ao professor Cleomar Gomes da Silva, pela paciência e disponibilidade na elaboração da presente monografia. Agradeço à minha família que sempre me apoio, à minha namorada por ter estado sempre do meu lado, ao meus amigos que sempre me apoiaram e me deram força para que fosse possível terminar a monografia. Quero agradecer ao apoio dos meus colegas de turma e de todos os professores do Instituto de Economia. Quero agradecer também a todas as pessoas que de forma indireta ou direta sempre me deram o seu apoio. 6 LISTA DE GRÁFICOS Gráficos 1. Distribuição da população por Províncias ano 2014...............................................17 Gráfico 2. Evolução da Dívida Pública no período de 2002 a 2012............................................23 Gráfico 3. Taxa Nominal de Câmbio Período de 2002 a 2013....................................................24 Gráfico 4. Inflação Homóloga ou de 12 meses período de 2002 a 2014.....................................25 Gráfico 5. Inflação Mensal Média Geométrica (%) período de 2002 a 2014............................36 7 LISTA DE TABELAS Tabela 1. População Angolana, 2002 a 2014................................................................................16 Tabela 2. Taxa de Crescimento do PIB de Angola período de 2002 a 2013...............................18 Tabela 3. Classes de Despesas com Novo Quadro de Ponderadores para Angola (%)..........26 Tabela 4. Contribuição da Classe de Despesas da Inflação de Luanda-Angola (%)................27 Tabela 5. Índice Geral de Inflação por Província.......................................................................28 Tabela 6: Estatística Descritiva: Taxa Mensal de Inflação de 2002/01 a 2014/12....................34 Tabela 7. Autocorrelações das Séries em Nível e em Primeira Diferença 2002 e 2005.............36 Tabela 8. Testes de raiz unitária ADF e KPSS............................................................................36 Tabela 9. Valores de “d” para todos os modelos ARFIMA (p,d,q)...........................................36 Tabela 10. Estimações dos Modelos ARFIMA (p, d, q) por NLS...............................................37 8 RESUMO Este estudo tem como objetivo analisar a persistência inflacionária do Índice de Preços ao Consumidor de Angola, fazendo uma breve passagem pela política monetária e a conjuntura do pais. O período considerado vai de janeiro de 2002 a dezembro de 2014 e a metodologia econométrica utilizada está baseada nos modelos de memória longa, ou Auto-Regressivos de Integração Fracionada (ARFIMA). Em linhas gerais, os resultados encontrados mostram que o grau de persistência inflacionária encontrado em Angola está caminhando para níveis internacionalmente aceitos. Assim, o processo inercial da inflação angolana ainda existe, mas já pode ser considerado estacionário e com rápida reversão à média de longo prazo. 9 ABSTRACT This study aims to analyze inflation persistence in the Consumer Price Index of Angola, as well as analyze the country’s monetary policy conduct and its economic situation. The period of analysis runs from January 2002 to December 2014 and the econometric methodology used is based on models of long memory, or Auto-Regressive of Fractional Integration (ARFIMA). Generally speaking, the results show that the degree of inflation persistence in finding Angola is heading towards internationally accepted levels. Thus, the inertial process of the Angolan inflation still exists, but can be considered stationary and mean-reverting. 10 SUMÁRIO DEDICATÓRIA .............................................................................................................................. 4 AGRADECIMENTOS .................................................................................................................... 5 LISTA DE GRÁFICO ..................................................................................................................... 6 LISTA DE TABELAS .................................................................................................................... 7 RESUMO ........................................................................................................................................ 8 ABSTRACT .................................................................................................................................... 9 INTRODUÇÃO..............................................................................................................................11 2. LITERATURA TEÓRICA E EMPÍRICA ................................................................................ 12 Capitulo da literatura .................................................................. Error! Bookmark not defined. 2.1. Política Monetária: Efeitos sobre a Inflação....................................................................... 12 2.2. Literatura Empírica: Persistência da Inflação ..................................................................... 13 3. A ECONOMIA ANGOLANA .................................................................................................. 16 3.1. Conjuntura Econômica de Angola ...................................................................................... 16 3.2. População ........................................................................................................................... 17 3.3. Desempenho do PIB de AngolaPeríodo de 2002 a 2014................................................... 19 3.4. Política Fiscal ..................................................................................................................... 21 3.5. Evolução da Dívida Pública ............................................................................................... 24 3.6. Taxa de Câmbio .................................................................................................................. 25 4. INFLAÇÃO E POLÍTICA MONETÁRIA ............................................................................... 27 4.1. Inflação (Processo Inflacionário em Angola) ..................................................................... 27 4.2. Condução da Política Monetária do Banco Nacional de Angola. ...................................... 32 5. METODOLOGIA ...................................................................................................................... 34 5.1. A Metodologia Econométrica dos Modelos ARFIMA ...................................................... 34 5.2. Dados .................................................................................................................................. 36 6. RESULTADOS ......................................................................................................................... 38 6.1. Testes de raiz unitária ......................................................................................................... 38 Tabela 8. Testes de raiz unitária ADF e KPSS. ......................................................................... 39 6.2. Modelos ARFIMA .............................................................................................................. 39 CONCLUSÕES ............................................................................................................................. 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 44 11 INTRODUÇÃO O presente trabalho traz uma discussão sobre a questão da persistência inflacionária em Angola, analisado segundo uma visão Novo-Keynesiana que passa meramente pela discussão da questão relacionada à credibilidade da autoridade monetária em cumprir com o seu objetivo de alcançar e manter a inflação a níveis mais baixos e estáveis de formas que consiga manter a sua reputação perante os agentes. Para desenvolver este estudo a base de análise será a teoria de Kydland e Prescott (1977) que aborda a questão da credibilidade da política monetária do Banco Central e os modelos de reputação de Barro e Gordon (1983), onde a falta de credibilidade do gestor da política monetária pode ser resolvida com algumas travas, tais como um sistema de metas de inflação. Percebe-se que Angola mesmo com a ausência de um sistema formal de metas para inflação, tem utilizado vários fatores modernos de condução de política monetária que têm levado a um melhor controle dos níveis de preços. Soma-se a isso, a estabilidade política como um dos fatores cruciais para a modernização da condução da política monetária no país. Isso tem mostrando efeito no combate à inflação sendo que podemos perceber olhando o crescimento do PIB e a queda da inflação durante o período analisado. Consequentemente, a hipótese a ser testada é se tem havido uma queda da persistência inflacionária ao longo dos últimos anos e para se testar a hipótese sobre persistência inflacionária será usada à metodologia ARFIMA, aplicada para os EUA por Gil-Alana (2005), e para o Brasil por Da Silva e Vieira (2013). Também será apresentada algumas estatísticas descritivas para as seguintes variáveis relevantes: Inflação, Produto Interno Bruto (PIB), Dívida Pública, Taxa de Câmbio e dados da População. O trabalho irá contar com sete capítulos, sendo que o primeiro será uma breve introdução. O segundo capítulo trata da literatura teórica e Empírica. No terceiro capítulo trata da economia angolana, apresentando alguns indicadores econômicos e sociais. No quarto capítulo trata da inflação angolana como também da política monetária e da conjuntura do país. E no quinto capítulo a apresentamos a metodologia ARFIMA, e o sexto capítulo os resultados do modelo ARFIMA. E o sétimo capitulo a conclusão. 12 2. LITERATURA TEÓRICA E EMPÍRICA Este capítulo apresenta a literatura teórica e empírica utilizada como base teórica de estudo. A literatura teórica tem como base a macroeconomia Novo-Keynesiana que traz a questão relacionada a credibilidade e a reputação da autoridade monetária com objetivo evitar o problema de viés inflacionário. E a literatura empírica traz alguns trabalhos que utilizaram a metodologia ARFIMA para estudarem o fenômeno da persistência inflacionaria em alguns países. 2.1. Política Monetária: Efeitos sobre a Inflação No decorrer dos anos os Bancos Centrais foram se preocupando com a questão da credibilidade da política monetária, cuja discussão foi iniciada com o trabalho de Kydland e Prescott (1977), sobre inconsistência dinâmica da política econômica. Tal problema aparece pelo o comportamento forward-looking dos agentes econômicos e pela incapacidade dos policymakers em se comprometerem previamente em relação às políticas anunciadas. Segundo os autores, quando o Banco Central não é crível, implementando ações discricionárias de política monetária, surge o problema do viés inflacionário. Para alcançar a credibilidade o Banco Central também leva em conta um modelo de reputação, estabelecendo uma regra baseada num sistema de metas para a inflação. Desta forma, o governo deve ter uma visão de longo prazo, pois as futuras consequências da política monetária corrente influenciarão a sua reputação (MENDONÇA, 2002). Sendo assim, a reputação é imprescindível para evitar o viés inflacionário. Nos modelos de Barro e Gordon (1983), o viés inflacionário surge porque as autoridades monetárias não estão comprometidas com regras. Mesmo assim, elas são influenciadas pelo fator reputação em relação à reação dos agentes privados. Assim, a construção da credibilidade pelas autoridades monetárias tem sido um fator importante para não incorrer ao problema de viés inflacionário. Para tal, o Banco Central constrói sua reputação mostrando seriedade e compromisso no cumprimento dos objetivos traçados, que são decorrentes de situações em que a adoção de uma meta para a inflação e o uso de política monetária crível são fundamentais no que diz respeito à confiança dos agentes econômicos. A adoção de regras não resolve o problema, a inflação poderá permanecer ou até mesmo vir a aumentar caso o governo não cumpra com as suas responsabilidades, perdendo até mesmo a sua reputação e consequentemente a credibilidade da autoridade monetária. Dado isto, “é importante 13 para o sucesso no uso da regra, a presença efetiva da trilogia transparência-reputação-credibilidade, de formas a diminuir as incertezas e tornar as expectativas quanto à condução da política monetária mais robustas’’ (OREIRO e NEVES, 2008). Os Bancos Centrais têm de ter uma política monetária transparente deixando a sociedade consciente dos seus objetivos e instrumentos utilizados para alcançar uma inflação baixa e estável, exemplos disso é o regime de metas para a inflação. A questão da transparência é de extrema importância para a autoridade monetária pois é por meio dos instrumentos utilizados como publicação de relatórios de inflação e as ações realizadas pelo banco centrais relacionados à definição da taxa de juros nas reuniões do comité de política monetária que se torna possível a fiscalização pelo público do cumprimento dos objetivos.E com isto a autoridade monetária se vê comprometida com o público. 2.2. Literatura Empírica: Persistência da Inflação Tratando do caso específico de persistência inflacionária encontramos vários artigos importantes, que analisam vários casos de alguns países. Backus e Zin (1993) encontraram um grau fracionário de integração nos Estados Unidos usando dados mensais e chegaram a um parâmetro fracionado de 0,31. Eles argumentaram que a agregação de agentes com crenças heterogêneas resulta em longa memória da taxa de inflação. Ainda para os EUA Gil-Alana (2005) realizou um estudo sobre inflação utilizando a metodologia ARFIMA. Notou-se que os resultados variam consideravelmente dependendo de como foram especificados os erros. Logo, se a especificação do modelo for de ruídos brancos, a inflação americana pode ser considerada estacionária com parâmetro fracionado igual a 0,25, ou seja, com pouca persistência. Analisando o fenômeno de persistência inflacionária para as regiões metropolitanas do Brasil, Gomes da Silva e Viera (2013) por meio da metodologia ARFIMA e testes de raiz unitárias com quebras estruturais, examinaram o IPCA. Para o período compreendendo os meses de agosto de 1999 a dezembro de 2011. Para o modelo específico encontramos parâmetro ‘d’ de 0,25, indicando que inflação do Brasil pode ser tomada como estacionária com baixa persistência e reversão à média de longo prazo. Ainda nos estudos de Gomes da Silva et al. (2011), analisam a persistência inflacionária de Brasil, Chile e México para o período de janeiro de 1999 a janeiro de 2009. Em linhas gerais, os resultados encontrados mostram que o grau de persistência dos três 14 países possui características semelhantes, com algum componente inercial, mas com reversão a uma média de longo prazo. Os estudos de Hassler (1993), Delgado e Robinson (1994) forneceram fortes evidências da memória longa da I (d) com comportamento das taxas de inflação suíças e espanholas, respectivamente. Baillie et al. (1996) examinaram dados da inflação medida pelo IPC mensal em dez países e chegaram aos estimadores “d” de 0,59 para a Argentina, 0,59 para o Brasil, 0,38 para o Canadá, 0,45 para a França, 0,18 para a Alemanha, 0,59 para o Israel 0,44 para a Itália, 0,20 para o Reino Unido e 0,47 para os Estados Unidos. Portanto, encontraram evidências de memória longa nas séries com o comportamento de reversão à média de longo prazo em todos os países, exceto o Japão que apresentou um parâmetro “d” de 0,08. Evidência similar foi encontrada por Hassler e Wolters (1995) e Baum et al. (1999). Bos et al. (1999, 2001) examinaram a inflação nos países do G7. Os parâmetros “d” encontrados foram os seguintes: 0,32 para o Canadá, 0,35 para a França, 0,20 para a Alemanha, 0,44 para a Itália, 0,26 para o Japão, 0,38 para o Reino Unido, e 0,51 para os Estados Unidos. Assim, os autores encontraram algumas evidências de memória longa, que se mostrou bastante robusta às mudanças de nível, embora desaparecendo para alguns índices de inflação quando permitidas quebras estruturais. Foram analisados alguns casos em países da África e há evidências de integração fracionada caindo, (Kallon, 1994; Moriyama e Naseer, 2009). Quase todos os estudos existentes assumem graus inteiros de diferenciação, testando estacionariedade / não-estacionariedade com unidade testes de raiz e técnicas de co-integração. Gaomab (1998) usou um modelo de correção de erro com base na co-integração para a taxa de inflação na Namíbia. Masale (1993) testou para estacionariedade da taxa de inflação em Botswana e encontrou evidências de não-estacionariedade e co-integração com preços Sul-africanos. Moriyama e Naseer (2009) analisaram a previsão da taxa de inflação média de 3 meses no Sudão com os dados a partir de janeiro de 2000 a outubro de 2008 com um (4,5) modelo ARMA. O modelo estimado acompanhou o aumento da inflação em 2007 e 2008, uma vez que a inflação dos preços externo, devido ao preço mundial de trigo para a inflação foi tida em conta. Chhibber et al. (1989) estimaram um modelo multivariado para o Zimbábue, incluindo ambos os fatores monetários e os fundamentos econômicos como determinantes da inflação. Um modelo semelhante para o Gana foi empregado por Chhibber e Safik (1990) e Sowa e Kwakye (1991), sendo que para 15 a equação estimada da inflação, encontraram um parâmetro de 0,55. Os autores chegam à conclusão que, embora fatores estruturais foram importantes no passado, a inflação em Gana tem sido principalmente um fenômeno monetário e o produto da fraqueza no sistema financeiro nos últimos anos. Gil-Alana e Barros (2012) examinaram a taxa de inflação mensal em Angola de janeiro de 1991 a junho de 2011, por meio de técnicas de memória longa. Os resultados apoiam a visão de que a inflação em Angola possui uma memória de longo prazo, com uma ordem de integração restrita entre 0 e 1. Os autores ainda encontraram uma quebra estrutural em torno de Agosto de 1996. Dada essa interrupção nos dados, a ordem de integração fica em cerca de 0,3. Em Angola a equipe do Departamento de Estudos Econômicos do BNA realizou estudos sobre Determinantes da Inflação em Angola e nesse estudo, Carvalho et al. (2012) procuram mostrar que Angola também sofre com problemas inflacionários. Segundo a conclusão em que os autores chegaram, podemos perceber que esse inflação possui um componente inercial, causado pelo custo de reter moeda e pela variação de preços defasado de dois períodos, sendo o fenômeno inercial um problema existente em várias economias. 16 3. A ECONOMIA ANGOLANA A economia angolana após obter a paz em 2002 passou por um longo período de crescimento e neste capitulo vamos apresentar alguns indicadores econômicos e demográficos aonde podemos perceber como está distribuída a população no pais e como o país cresceu e qual foi o indicador que mais influenciou este crescimento. 3.1. Conjuntura Econômica de Angola Segundo o relatório da OCDE sobre as Perspectivas Econômicas de Angola de (2004/2005), desde que foi decretado o cessar-fogo entre as forças armadas e os rebeldes, em Abril de 2002, que pôs fim a mais de 25 anos de guerra civil ininterrupta, o país enfrenta agora a árdua tarefa de canalização de fundos para a reconstrução de infraestruturas e a redução da pobreza. Angola organizou-se focando nas riquezas que possuía dentro do seu território, sendo que estas formam o motor chave da dinamização da economia durante este período levando assim o país a alcançar altas taxas de crescimento do PIB. As riquezas como diamantes e, em especial, o petróleo offshore dominam a economia nacional, sendo responsável pela quase totalidade das receitas. Isto acontece numa primeira fase que Angola está saindo de um conflito civil e se reconstruindo apostando tudo nestes dois recursos. No entanto, estes sectores estão muito pouco articulados com o resto da economia. A agricultura e as indústrias manufatureiras ainda sofrem com o legado deixado pela guerra civil, as infraestruturas arruinadas, falta de capital físico e financeiro, governos pobres e a presença alastrada de minas em algumas regiões sem contar a necessidade de realojar quatro milhões de pessoas desalojadas pelo conflito. Estes são os desafios do Governo angolano para levar acabo o processo de desenvolvimento do País. 17 3.2. População Podemos perceber que em 13 anos a taxa de crescimento população de angolana teve um comportamento constante ilustrada na Tabela 1, assim como também nos permite perceber que em 2014 a taxa decrescimento correspondeu a 27,10% sendo o ano que a população mais cresceu, segundo o censo populacional realizado em 2014. Esta pode ser uma das explicações para a diferença entre os outros anos. Anteriormente tudo passava por apenas uma estimativa, sendo que não se conhecia o tamanho real da população angolana. Após a guerra o governo desenvolveu um programa que tinha como principal objetivo reunir as famílias. Tabela 1. População Angolana, 2002 a 2014 Anos População Taxa de Crescimento 2002 13580346 2,35 2003 14083677 3,71 2004 14519770 3,10 2005 14948178 2,95 2006 15410205 3,09 2007 15888562 3,10 2008 16367880 3,02 2009 16888858 3,18 2010 17429636 3,20 2011 17992032 3,23 2012 18576568 3,25 2013 19183590 3,27 2014 24383300 27,10 Fonte: Elaboração própria, dados do Censo Populacional em Angola, INE. Em 2008 teve as primeiras eleições no país após a guerra. Com processo eleitoral, toda a população maior de 18 anos de idade foi registrada, este fato permitiu que o governo tivesse uma estimativa da população angolana residente no país. Mas para se obter melhores dados oficias o governo promoveu o primeiro censo populacional e habitacional em 2014. Este projeto contou com a colaboração de toda a população e o órgão executor foi o Instituto Nacional de Estatística (INE). 18 Com todos estes acontecimentos, a cidade de Luanda, capital de Angola foi se tornando-se o maior centro econômico e político do país, possuindo uma população de 6.542.944 de habitantes em 2014 como mostra o Gráfico 1. A população de Angola é muito concentrada em Luanda, por motivos relacionados à passada guerra civil e as famílias que procuraram recomeçar uma vida nova em Luanda e com a paz muitos acabaram por se fixar, não retornando às suas cidades de origem. Luanda foi ficando abarrotada e suas infraestruturas não eram suficientes para suportar a grande contingente de população que imigrava para Luanda. Mesmo com os esforços do governo em reunir as famílias, muitos escolheram ficar em Luanda devido às oportunidades de emprego, melhores serviços de saúde, educação e infraestruturas. Tudo isso influenciou a escolha das famílias em sua busca de melhores condições de vida. Em relação as outras províncias, Luanda se encontrava em melhores condições, pois não sofreu com os impactos da guerra. Precisava-se fazer um lavamento dos danos, pois não iria ser simples para o governo fazer políticas, para alojar essas pessoas em Luanda, ou até mesmo levar de volta para as suas regiões. Uma vez de volta pra os seus lares, estas famílias, não teriam meios de subsistência, pois não poderiam cultivar pois os campos encontravam minados, isso para uma grande parte do território angolano. Logo, tudo isso envolveria uma mobilização do Estado a criar políticas públicas que visava a inserção dessas famílias na sociedade, por meio de políticas habitacionais, e a criação de postos de emprego para que estas famílias pudessem recomeçar as suas vidas. Podemos perceber que as províncias como Luanda, Huíla, Benguela, Huambo Cuanza Sul e Uíge possuem a maior parte da população do pais. Isto acontece porque estas cidades receberam investimentos do governo em infraestruturas para receber a população. 19 Gráfico 1. Distribuição da população por Províncias ano 2014 Fonte: Elaboração própria, Censo Populacional em Angola 2014, INE 3.3. Desempenho do PIB de Angola Período de 2002 a 2014 Numa primeira fase o crescimento do PIB foi puxado pelas receitas do petróleo e dos diamantes explorados no país. Entende-se por PIB petrolífero a soma de todos a produção final de bens e serviço do setor petrolífero produzida no país, sendo está a maior fonte de riqueza do país, mas podemos notar de acordo a Tabela 2, o PIB petrolífero vem perdendo participação. O PIB não petrolífero se trata da soma de todos os bens e serviços finais advindo de setores como agrícola, setor manufatureiro, setor da construção civil, setor de mineração (diamantes) e serviços. Estes setores vêm aumentando a sua participação no PIB total ao longo dos anos, logo podemos perceber analisando a Tabela 2, que de forma geral o PIB petrolífero possuía maior participação no PIB total, apresentando altas taxas de crescimento, mas o governo vem fortificando os investimentos internos de modo a diversificar a economia, podendo assim reduzir a dependência externa do petróleo. Durante esse período o país vem aumentando os seus investimentos em infraestrutura 27% 10% 8% 8% 7% 6% 5% 4% 4% 3% 3% 3% 2% 2% 2% 2% 2% 1% Luanda Huila Benguela Huambo Cuanza Sul Uíge Bié Malanje Cunene Lunda Norte Moxico Cabinda Zaire Lunda Sul Cuando Cubango Namibe Cuanza Norte Bengo 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 20 construindo cidades, estradas, recuperando os caminhos de ferro e com isto a construção civil ganhou uma participação devido ao processo de reconstrução nacional. O período 2002/2008, já com as informações do relatório econômico de Angola, CEIC (2013), considera-se como sendo a “mini-idade de ouro” do crescimento econômico de angola, com uma taxa média anual de 12,8% como consta na Tabela 2, dentro deste período em 2004, houve uma retomada do crescimento, que atingiu os 11 por cento, devido à exploração de novas jazidas petrolíferas. O crescente aumento da produção de petróleo deveria permitir que se atingissem os 15% em 2005 e os 25% em 2006. Tabela 2. Taxa de Crescimento do PIB, PIB Petrolífero e PIB não Petrolífero de Angola período de 2002 a 2013 Anos PIB (Crescimento) PIB Petrolífero PIB Não Petrolífero 2002 13,2% 26,6% 4,3% 2003 5,2% -2,2% 12,8% 2004 11,3% 13,1% 9,3% 2005 20,6% 26,0% 13,6% 2006 18,6% 13,1% 25,9% 2007 23,2% 20,4% 25,4% 2008 13,8% 12,3% 15,0% 2009 2,4% -5,1% 8,3% 2010 3,5% -2,9% 7,8% 2011 3,9% -5,6% 9,7% 2012 5,2% 4,3% 5,6% 2013 6,8% -0,9% 10,9% Fonte: elaboração própria, Relatório de Inflação e Contas, BNA A economia angolana continuou a depender fortemente do petróleo, um setor de capital intensivo muito pouco articulado com outros setores da economia e apesar de ter pouco impacto no emprego é o setor que gera divisas para o país, e com a crise de 2008 essa dependência não foi favorável para Angola sendo que teve baixo crescimento do PIB durante os anos 2009, 2010 e só volta a crescer em 2011, mas essa queda foi registrada na sua maior parte pela queda no PIB 21 petrolífero. A diversificação da economia estava sendo travada por infraestruturas físicas inadequadas, fraca governação e corrupção, mas é uma questão que o governo vem melhorando junto com parcerias internacionais como a China. Ainda podemos notar que a presença do setor não petrolífero mostra tendência de crescimento nos anos de 2010 para 2011, como também em 2013 a sua participação foi maior. Logo é de estrema importância que este setor continue aumentando a sua participação, pós contribui com uma maior percentagem na criação de emprego no país. 3.4. Política Fiscal Os enormes desequilíbrios orçamentais, justamente com os consideráveis déficits das operações do Banco Central segundo os relatórios de contas do BNA, minaram a estabilização dos preços, sendo assim foram feitos esforços para melhorar a coordenação institucional entre o Banco Central e o Tesouro Nacional, com o objetivo de garantir o equilíbrio entre o aumento dos agregados monetários e as execuções fiscais, no âmbito do monitoramento da liquidez em circulação na economia. Após a introdução de medidas de estabilizaçãoem setembro de 2003, a inflação caiu para 77% no final de 2003, e o déficit orçamental permaneceu relativamente elevado (7,9% do PIB). O governo recorreu a recursos intensivos aos empréstimos e donativos provenientes do exterior bem como a utilização dos bônus de assinatura das companhias petrolíferas para financiar o déficit orçamental ocorrido, podemos observar que em 2004 o déficit público desceu a 3,5% do PIB, devido a um aumento das receitas petrolíferas e a aplicação de medidas visando melhorar a fiscalização e o processo de execução do orçamento (CEIC, 2013). Por outro lado, as receitas provenientes de impostos sobre as transações internacionais não aumentaram, apesar da transferência da gestão alfandegária de Luanda para a empresa Crown Agents. O orçamento de 2005 apoiou-se num esforço continue no sentido de conter as despesas e assegurar a sua fiscalização, nomeadamente através da eliminação progressiva dos preços subsidiados da gasolina e de serviços públicos, e de um corte substancial nas despesas correntes, excetuando os salários. A eliminação progressiva do subsídio ao petróleo teve início em maio e novembro de 2004, com aumentos consideráveis dos preços de venda a retalho dos produtos 22 petrolíferos. O referido subsídio deveria passar de 4,5% do PIB em 2004 para 1,1% em 2005 (BNA 2012). Apesar do aumento substancialmente da produção de petróleo em 2005 e 2006, tinha-se previsto um fraco aumento das receitas petrolíferas devido à amortização dos pesados custos operacionais e de desenvolvimento relativos à exploração de novas jazidas de petróleo em águas profundas. As medidas de estabilização implementadas desde 2003 conseguiram manter a inflação numa média estimada de 40% em 2004, provendo-se que desça a 31% em 2005 e a 26% em 2006. Para que esse processo seja sustentável, é necessária uma gestão prudente do déficit orçamental não petrolífero (definido como déficit orçamental global excluindo as receitas provenientes do petróleo um indicador chave para avaliar a viabilidade orçamental em países ricos em recursos naturais e a poupança dos lucros inesperados provenientes dos aumentos dos preços do petróleo, os quais constituirão uma riqueza financeira para as gerações futuras. No caso da continuação desses enormes desequilíbrios orçamentais, o resultado seria uma transferência dos custos do ajustamento as gerações futuras, que, por sua vez, deverão também enfrentar o empobrecimento das reservas petrolíferas. Além disso, as fatias do orçamento destinadas à saúde e a educação são muito pequenas representando respectivamente 7,3% e 4,6% do total das despesas para 2005, enquanto que a defesa contou com 12,5% e a segurança com 7,9%. Finalmente, apesar de algumas melhorias, enormes progressos são necessários em matéria de transparência das receitas petrolíferas. Atualmente, a monetarização insuficiente e a falta de controle das despesas públicas fazem com que seja difícil elaborar uma avaliação detalhada da situação orçamental do país, avaliação essa que é extremamente necessária para a obtenção por Angola do apoio da comunidade internacional incluindo a assinatura do Programa de Apoio Monitorado. No período de 2010 a 2011, o Governo continuou a implementar o programa SBA (Acordo Stand-By Arrangement) envolvendo ajuda financeira do FMI, e prosseguiu uma política orçamental rigorosa para controlar a despesa pública e proteger a economia contra os choques externos. Estas políticas, apoiadas pelo preço do petróleo, permitiram a Angola reverter um déficit orçamental de 4.9% do PIB em 2009, para um excedente orçamental de 6.8% e 7.3% do PIB, em 2010 e 2011, assegurando simultaneamente um aumento dos gastos correntes, especialmente em serviços sociais, educação e saúde. 23 O início de 2011 observou-se uma menor produção de petróleo causando assim um redução nas receitas petrolíferas, essa queda das receitas foi compensada pelo aumento dos preços. O governos solicitou um aumento suplementar do orçamento de 1.75% do PIB, em Maio de 2011 com o objetivo de efetuar o reembolso final de atrasados internos ao financiamento de projetos de infraestruturas concluídos e para aumentar o financiamento ao sector social. Teve uma transição gradual das atividades para fiscais da Petrolífera angolana (Sonangol) em 2011, em consonância com a lei de responsabilidade orçamental de 2010, como parte de uma maior transparência e de medidas de responsabilização a ser implementadas pelo Governo. A contenção das despesas de capital e um melhor controle das despesas em 2011, permitiu às autoridades pagar atrasados internos de 7.5 mil milhões de USD, em que tinha incorrido desde 2009. O crescimento econômico e a sustentabilidade orçamental ainda eram altamente dependentes das receitas petrolíferas, ainda que o déficit orçamental primário do sector não-petrolífero tenha sido constantemente decrescente (redução de 0.3 pontos para -22.5% do PIB em 2011). O orçamento de 2011 financiou um amplo Programa de Reconstrução Nacional, com as despesas de capital a chegar a quase 10% do PIB. Também aumentaram as despesas com serviços sociais para 31.5% do PIB, em linha com o teto do SBA (Administração de Pequenos Negócios) de 30%. Em 2012, o excedente orçamental deverá diminuir para 4.7% do PIB devido ao aumento de gastos em serviços sociais e infraestruturas. Estas iram aumentar para 5.0% do PIB em 2013. As receitas orçamentais globais (incluindo donativos), em percentagem do PIB, diminuíram para 42.3% (valor estimado) em 2011, contra 43.5% em 2010, devido à redução do crescimento das receitas do petróleo resultado da crise que causou baixo crescimento. No entanto, o aumento esperado das receitas orçamentais não-petrolíferas irá reduzir o déficit orçamental não petrolífero, de -21.9% em 2011 para -20.9% em 2012. Como o país atingiu um pico no que concerne ao petróleo, os esforços para diversificar a economia, para além do petróleo, são fundamentais para a sustentabilidade orçamental do país em longo prazo. Governo está a ponderar a criação de fundos de estabilização para obter receitas extraordinárias do petróleo. Neste sentido, um "Fundo estratégico para infraestruturas petrolíferas" foi criado para financiar infraestruturas prioritárias em 2011. No entanto, ainda não há desenvolvimentos sobre a criação de um “Fundo Soberano do Bem-Estar” (FSBE). As eleições legislativas de 2012 podem atrasar ainda mais o processo de criação e implementação do FSBE e criar uma pressão adicional no aumento das despesas públicas. 24 3.5. Evolução da Dívida Pública Segundo o Gráfico 2 podemos notar que a dívida externa foi maior que a dívida interna em todo período, o governo recorreu a recursos intensivos aos empréstimos e donativos provenientes do exterior bem como a utilização dos bônus de assinatura das companhias petrolíferas para financiar o déficit orçamental ocorrido, (CEIC, 2013). Mas com o aumento das receitas petrolíferas o governo conseguiu honrar com os débitos externos. Ainda podemos notar que a dívidas internas de curto prazo, geradas pela crise da Balança de Pagamentos (BOP) de 2008/09, que era estimada em 7.5 mil milhões de USD em 2010, foram, totalmente reembolsadas em 2011. As maiorias dos débitos foram pagos por caixa durante 2010 e 2011, apesar terem sido emitidas obrigações, indexadas à taxa de 7%, e um prazo de maturação de três a cinco anos, no montante de 1.14 mil milhões de USD, para liquidar parte da dívida bancária de curto prazo e esse fato fez com que os a dívida interna diminui-se como conta no Gráfico 2. Bem como a dívida externa que mostrou um decrescimento após o período de 2008 aonde o governo dado as receitas petrolíferasconseguiu efetuar pagamento de uma parte importante da dívida externa. Gráfico 2. Evolução da Dívida Pública no período de 2002 a 2012 Fonte: elaboração própria dados do BNA 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 90,0% 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Dívida Pública Dívida Externa Dívida Interna 25 E em 2009 a Análise da Sustentabilidade da Dívida (ASD) do FMI, mostrou que o risco de superendividamento de Angola é moderado. O hiato da dívida pública externa relativamente ao PIB caiu de 19% em 2010, para 15.9% em 2011, enquanto o hiato da dívida pública total em relação ao PIB diminuiu de 35.0% em 2010, para 29.9% em 2011. Em 2011, o Governo concluiu uma estratégia de gestão da dívida e estabeleceu uma Unidade de Gestão da Dívida (UGD). A UGD desempenhou um papel-chave na gestão de dívida pública, interna e externa, e evitou a negação do crédito ao sector privado. Previu-se que a dívida pública total cairia de 24.7% em 2012 e chegará a 13.7% do PIB em 2015. As receitas do setor petrolíferas e as receitas do setor não-petrolíferas vão manter os hiato da dívida inferiores aos respectivos patamares a médio e longo prazo. As autoridades aprovaram a nova lei de parcerias público-privadas (PPP) em 2010 e criaram uma unidade de PPP no Ministério da Economia em 2011. Esta unidade visa o desenvolvimento de grandes projetos de infraestruturas e alavancar recursos públicos. No entanto, o quadro regulamentar para a unidade de PPP ainda está por aprovar. 3.6. Taxa de Câmbio Em 2003, as perspectivas de crescimento do setor não petrolífero foi travada pela desvalorização do Kwanza de 37% face ao dólar, visto que o setor é dependente de importação de matérias primas. O plano de estabilização, desde setembro de 2003 incluiu a unificação das taxas de câmbio, o lançamento das vendas semanais de divisas, um controlo reforçado da liquidez dos bancos comerciais (através da aplicação de novos regulamentos relativos a reservas obrigatórias e a posição do câmbio) e uma coordenação de políticas estreita entre o Tesouro Nacional e o Banco Nacional de Angola (BNA), mantendo o câmbio menos volátil, e com estas medidas percebe-se um comportamento de um crescimento não muito expressivo da taxa de câmbio segundo o Gráfico 3. Após a desvalorização do câmbio de 2002 a 2003 segundo o Gráfico 3, a taxa de câmbio nominal apresentou uma relativa estabilidade durante todo o período analisando com baixas flutuações. Numa primeira fase em 2004 a depreciação do Kwanza contribuiu para a estabilização da situação macroeconômica do país e para a recuperação da confiança dos agentes econômicos pela moeda nacional, dado Angola viveu um período de dolarização do sistema financeiro. O 26 período de 2010 já se percebe uma certa estabilização da taxa de câmbio e mais recentemente o governo vem diminuído a dolarização da economia angola permitindo apenas os bancos comerciais e as casas de câmbios comercializarem. Em 2013, verificou-se uma alteração fundamental no funcionamento do mercado cambial com a entrada em vigor em Julho da terceira fase do regime cambial aplicável ao sector petrolífero, no qual os pagamentos por parte dos operadores a residentes cambiais passaram a ser exclusivamente feitos em Kwanza (CEIC, 2013). Logo com essa política diminui um pouco a pressão sobre as divisas. Gráfico 3. Taxa Nominal de Câmbio Período de 2002 a 2013 Fonte: Elaboração própria, dados BNA E ainda como aponta o (CEIC 2013) o governo ainda objetiva com que o mercado cambial continue a encontrar de modo sustentável um curso de estabilidade, para que Angola mantenha um clima macroeconómico favorável ao investimento. Mantendo estável a taxa de câmbio nominal com registrada no Gráfico 2. Os dados do BNA sobre transações em divisas são opacos, por que não levam em conta as importações financiadas por linhas de credito (do Brasil, china e Israel). Isso impede a avaliação do nível necessário de intervenção sobre as transações em divisas para que a taxa de câmbio nominal seja mantida. 43,53 74,61 83,54 87,16 80,37 76,71 75,03 79,33 91,91 93,93 95,47 96,52 0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00 120,00 2 0 0 2 2 0 0 3 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 6 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 0 9 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 2 2 0 1 3 27 4. INFLAÇÃO E POLÍTICA MONETÁRIA Com muito esforço e resultado das políticas do governo angolano visando o crescimento, foi possível reduzir a inflação à um digito, resultado de uma melhor coordenação da política monetária e da política fiscal. Vai ser apresentado neste capítulo alguns gráficos e tabelas para ilustrar a trajetória da inflação angolana e as mudanças ocorridas como a introdução do novo ponderador, a ampliação da cesta básica. E o capitulo descreve também de uma forma resumida a política monetária que vem sofrendo algumas mudanças. 4.1. Inflação (Processo Inflacionário em Angola) O país vinha apresentando altos níveis de inflação durante os anos 90. O governo desenvolveu um programa de estabilidade macroeconômico baseada principalmente num maior rigor orçamental e no controle das taxas de câmbio. Segundo os relatórios de inflação do BNA podemos notar que tais medidas surtiram efeitos reduzindo assim a inflação até o período atual como consta no Gráfico 4, com isso o decorrer do processo inflacionário foi notado o decréscimo da inflação ao longo dos anos. O Centro de Estudos e Investigação Cientifica da Universidade Católica (CEIC) produz relatórios anuais de economia de Angola e percebe-se, desses relatórios que ainda em clima de guerra civil, o controlo da inflação podia ser um fator crucial de resguardo do poder de compra dos baixíssimos rendimentos médios da população e de atração de investimento privado, nomeadamente estrangeiro, para os setores não minerais, e os sucessos foram claros em 2000, a taxa média anual de inflação foi de 344,5% e no final de 2002 apenas 109,3%. As variáveis monetárias foram os principais instrumentos da política econômica de estabilização ativa levada a efeito atendendo a circunstância de não estarem reunidas condições para atuar sobre o lado da oferta agregada da economia, CEIC (2010). Na verdade, o Gráfico 4, mostra diferentes períodos de queda continua da inflação na economia nacional. A maior quebra relativa da inflação ocorreu entre 2002 e 2004, coincidindo com uma política monetária de relativo rigor, um ritmo significativo de crescimento do PIB não petrolífero e um ambiente externo favorável que propiciou uma recolha de receitas externas e fiscais muito significativa. 28 Gráfico 4. Inflação Homóloga ou de 12 meses período de 2002 a 2013 Fonte: Elaboração própria, dados notas de imprensa do Índice de Preços ao consumidor, INE. Com a finalização da guerra civil, em seu Relatório Econômico de Angola de 2010, o CEIC crítica o fato de que a paz não tem sido, suficientemente valorizada como um bem público de inestimável utilidade e importância pelo poder político e institucional instalado e que uma parte dele acabou por se beneficiar das despesas militares, e portanto foi o que potencializou a natureza da policy mix, sofrendo efeito assim nas taxas médias anuais da inflação, passando depois para 45,3% em 2004, equivalente a uma redução de 86,8% em 4 anos e a uma cadência média anual de cerca de 17%. Não há muitos países que apresentem uma história de inflação com este desempenho. Porém, a partir de 2006 as taxas médias anuais de inflação se mantiveram abaixode 15%. O ritmo de desinflação foram sendo atenuados até 2007, deixando de ocorrer entre 2008 e 2010, período de novas subidas da taxa de inflação. Ver-se-á até que ponto 2011 é a nova fronteira do comportamento da inflação no país. Na sequência dos objetivos do Governo sobre a inflação angolana, o Instituto Nacional de Estatística (INE), após a realização do Inquérito Sobre o Bem-Estar da População (IBEP) em 2008- 2009, a partir de Janeiro de 2011, iniciou um novo ciclo de produção do Índice de Preços no Consumidor (IPC) de Luanda, com a atualização nos ponderadores dos bens e serviços, bem como da constituição do cabaz que passou de 224 para 240 produtos, tendo tido em consideração os resultados do referido inquérito. Com essa atualização dos ponderadores e com a nova cesta de 105,6% 76,6% 31,0% 18,5% 12,2% 11,8% 13,2% 14,0% 15,3% 11,4% 9,0% 7,7% 7,28% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 120% 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 29 produtos foi possível em Abril de 2014 a elaboração do IPC para as demais províncias do país, contando ainda com ajuda dos Serviços Províncias do INE (SPINE) para a recolha dos preços nas demais localidades. Na Tabela 3, consta a nova estrutura de ponderação do IPC- Luanda. Em 2011, o Executivo angolano, estabeleceu um objetivo de inflação. Tabela 3. Classes de Despesas com Novo Quadro de Ponderadores para Angola Classes de Despesas Novo Quadro de Ponderadores em (%) Classes de Despesas 2010 2011 Alimentação e Bebidas não Alcoólicas 46,09 43,95 Bebidas Alcoólicas e Tabaco 4,03 2,66 Vestuário e Calçados 5,99 6,50 Habitação, Água, Eletricidade e Combustíveis 12,27 12,50 Mobiliário, Equipamentos Domésticos e Manutenção 6,51 5,98 Saúde 3,35 3,40 Transportes 6,53 7,93 Comunicações 1,12 3,33 Lazer, Recreação e Cultura 2,54 2,24 Educação 2,07 2,45 Hotéis, Cafés e Restaurantes 4,39 3,03 Bens e Serviços Diversos 5,51 6,03 Fonte: INE, Nota de Imprensa do IPC, Relatório de Contas BNA. O dado de 2011 se constitui como o novo quadro de ponderadores, de forma que a partir de 2011 o cálculo do IPC de Luanda e atualmente das demais províncias vão contar com uma nova cesta de produtos adequado a realidade dos consumidores angolanos. Em Janeiro de 2013, a inflação atingiu uma variação mensal de 0,61% e o índice de preços ao consumidor de Angola, para os últimos doze meses registrou um mínimo histórico de 8.9% influenciados pela estabilidade cambial e pela política de subsídio aos combustíveis. Os fatores que mais contribuíram para a inflação incluem a subida ligeira nas classes de alimentação e bebidas não alcoólicas em 0,75%, mobiliário, equipamento doméstico e serviços de manutenção em cerca de 0,72 % e serviços de hotelaria e restaurantes em 0,71 %. 30 Tabela 4. Contribuição da Classe de Despesas da Inflação de Luanda-Angola (%) Contribuição das Classes de Despesas na Inflação 2010 2011 2012 2013 Alimentação e Bebidas não Alcoólicas 59,00 54,00 54,00 52,00 Bebidas Alcoólicas e Tabaco 2,00 3,00 2,00 3,00 Vestuário e Calçados 5,00 7,00 7,00 9,00 Habitação, Água, Eletricidade e Combustíveis 2,00 6,00 11,00 7,00 Mobiliário, Equipamentos Domésticos e Manutenção 1,00 6,00 7,00 9,00 Saúde 1,00 3,00 3,00 3,00 Transportes 15,00 5,00 4,00 3,00 Comunicações Lazer, Recreação e Cultura 1,00 1,00 2,00 2,00 Educação Hotéis, Cafés e Restaurantes 7,00 5,00 3,00 4,00 Bens e Serviços Diversos 3,00 8,00 7,00 8,00 Fonte: Elaboração própria, dados Nota de Imprensa do IPC, INE e Relatório e Contas BNA. A atual tendência da inflação mostra que o governo poderá alcançar a meta de 9 por cento fixada para 2013, mas os altos custos dos produtos petrolíferos refinados e alimentares representam um risco para a estabilidade de preços. Por outro lado, a crescente demanda interna conjugada com a insuficiente logística para a oferta de bens e serviços, e a expectativa do aumento da liquidez devido à transferência de elevados pagamentos das companhias petrolíferas para os bancos nacionais até Outubro de 2013, como parte da implementação da nova lei cambial, implica que o controle da inflação em um dígito será um grande desafio para o BNA. A Tabela 5, do índice geral ilustra os resultados de um esforço do governo em expandir e obter melhor resultados no que diz respeito à melhor produção de informações estatísticas oficias mais credíveis, conseguir expandir para seis províncias já é um ganho, pois daí será possível futuramente obter um índice de inflação mais completo que ilustra a realidade dos preços, e assim permitir o BNA a levar a cabo a sua política de estabilização de preços. É recente a ampliação do Índice de Preços no Consumidor das seis províncias, pois apesar de se construir o quadro de ponderadores de 2011 com o IBEP, apenas em Março de 2014 passou- se a ter os primeiros dados de inflação das províncias de Benguela, Cabinda, Cunene, Huambo, Huíla e Namibe. 31 São apresentados na Tabela 5, os primeiros resultados do Índice de Preços no consumidor das províncias de Luanda, Benguela, Cabinda, Cunene, Huíla, Huambo e Namibe - IPC Províncias sendo considerado o período de base Dezembro de 2014. Tabela 5. Índice Geral de Inflação por Província Variação mensal por províncias de Novembro de 2014 em (%) Contribuição das Classes de despesas na Inflação Luanda Benguela Cabinda Cunene Huambo Huíla Namibe Índice Geral 0,53 0,10 0,08 0,35 0,20 0,23 0,30 Alimentação e Bebidas não Alcoólicas 0,44 0,10 0,04 0,55 0,13 0,33 0,29 Bebidas Alcoólicas e Tabaco 0,56 0,12 0,15 0,43 0,82 0,46 0,00 Vestuário e Calçados 0,83 0,45 0,00 0,19 0,48 0,45 0,06 Habitação, Água, Eletricidade e Combustíveis 0,32 0,00 0,00 0,00 0,00 0,03 0,00 Mobiliário, Equipamentos Domésticos e Manutenção 1,03 0,03 0,07 0,82 0,34 0,25 0,30 Saúde 0,81 0,00 0,73 0,48 0,10 0,00 0,17 Transportes 0,08 0,00 0,29 0,00 0,37 0,03 0,75 Comunicações 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Lazer, Recreação e Cultura 0,23 0,00 0,00 0,35 0,19 0,00 0,27 Educação 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Hotéis, Cafés e Restaurantes 0,54 0,06 0,22 0,00 0,74 0,00 0,00 Bens e Serviços Diversos 1,47 0,15 0,11 0,02 0,19 0,29 0,53 Fonte: Elaboração própria com dados da Nota de Imprensa do IPC INE, Relatórios e Contas BNA. Este é mais um produto do INE e visa fornecer aos usuários, informações Macroeconômicas cada vez abrangente. O Governo está a trabalhar para que em 2015 possa se ter o IPC Nacional e, assim, termos o país representado pelos seus principais mercados onde o cálculo da IPC é relevante. Mas é importante ressaltar que as informações utilizadas aqui são apenas da província de Luanda, pois as demais províncias não possuem informações suficientes para se construir uma série que permitam elaborar as análises que se pretendem. Inflação Mensal é a variação mensal generalizada dos preços de bens e serviços, controlado pelo Departamento de Estatísticas Econômicas e Financeiras, Divisão de Preços do INE que usa 32 como metodologia o Índice de preço de Laspeyres. A inflação mensal é monitorada de forma diária através da coleta dos preços nos mercados formais e informais na cidade de Luanda, permitindo assim que o INE tenha um acompanhamento mensal por meio das notas de imprensa do índice de preço ao consumidor que são publicadas e vendidas ao público. A Inflação Homóloga ou Inflação de 12 meses é calculada comparando o mês atual em relação ao mesmo mês do ano anterior. Durante o ano todo o INE vai fazendo a coleta de preços bem como a publicação de resultados mensais com as devidas variações dospreços, esses resultados é possível fazer uma variação mensal para se ter em mente como se comportou os preços no mercado durante os meses, e no final do ano o INE calcula a Inflação Homóloga ou a inflação de 12 meses que é na verdade uma comparação da inflação de Dezembro do ano presente em relação a Dezembro do ano passado, e esta inflação são usadas para saber como se comportou os preços durante o ano. Mensalmente o BNA solicita as informações de Inflação junto do INE para fazer o acompanhamento dos preços e elaboração os relatórios trimestrais de inflação. 4.2. Condução da Política Monetária do Banco Nacional de Angola. O Banco Nacional de Angola é o órgão responsável pela política monetária, em termos da Lei 16/10, de 15 de julho, compete ao Banco Nacional de Angola proceder à implementação da política monetária, sendo o seu principal objetivo a preservação do valor da moeda nacional (Kwanza) e, por isso mesmo, concorrer a estabilidade de preços na economia. Atualmente, a condução da política monetária conta, essencialmente, com os seguintes instrumentos: reservas obrigatórias, comercialização de divisas, colocação de títulos públicos e, muito recentemente, operações de mercado aberto. Contudo, o BNA utiliza alguns instrumentos importantes para conduzir a política monetária, com o objetivo de controlar a inflação. O mecanismo de política monetária utilizado é a taxa básica de juros (Taxa BNA), que sinaliza a orientação da política monetária do BNA, pretende-se que a taxa básica sirva de referência para todas as taxas praticadas pelas instituições financeiras no mercado monetário interbancário. O BNA conta com um Comitê de Política Monetária (CPM), que define as diretrizes para a implementação da política monetária, tanto quanto a alteração ou não da Taxa BNA, com o objetivo principal de controlar a inflação. 33 Em 2011 a introdução do novo quadro operacional implicou o aprimoramento dos mecanismos e instrumentos de transmissão de política monetária, permitindo que o banco central pudesse desempenhar um papel mais ativo na preservação da estabilidade dos preços na economia. Foi, assim, introduzida a Taxa Básica de Juro – Taxa BNA, que tem por objetivo indicar a orientação da política monetária, e segregar as facilidades de natureza prudencial da política monetária1. 1 Anteriormente, o conjunto de instrumentos limitava-se essencialmente à taxa de redesconto e às reservas obrigatórias. (Para mais informações consultar o Quadro operacional sobre a Política Monetária). 34 5. METODOLOGIA Neste capítulo vai ser apresentada a metodologia econométrica ARFIMA, sendo este o método de estudo para à análise do fenômeno da persistência inflacionaria em Angola para o período de 2002 a 2014, apresentamos também algumas estatísticas descritivas. 5.1. A Metodologia Econométrica dos Modelos ARFIMA Umas das maneiras de se analisar persistência de forma univariada é fazer uso dos diferentes testes de raiz unitária existentes na literatura. Neste caso, Como mostra Gomes da Silva e Vieira (2013), o pesquisador estima a ordem de integração ‘d’ das séries e tal ordem somente pode assumir valores inteiros, seja I(0), se for estacionária, ou I(1), caso contrário. Outra possibilidade para se testar persistência univariada é fazer uso dos modelos ARFIMA (Auto-Regressive-Fractonally- Integrated-Moving-Average), tal como definido nos artigos de Granger & Joyeux (1980) e Hosking (1981). Tais modelos são uma generalização dos modelos ARIMA (p, d, q) com a vantagem de a ordem de integração ‘d’ poder ser fracionada entre 0 e 1. Além disso, os modelos ARFIMA auxiliam na resolução do problema amplamente conhecido do baixo poder dos tradicionais testes de raiz unitária. Com base em Hamilton (1994) um modelo ARMA (p, q) pode ser escrito da seguinte forma: 𝑦𝑡 = 𝑐 + 𝛼1𝑦𝑡−1 + ⋯ + 𝛼𝑝𝑦𝑡−𝑝 + 𝑢𝑡 + 𝛽1𝑢𝑡−1 + ⋯ + 𝛽𝑞𝑢𝑡−𝑞 , 𝑡 = 1, … , 𝑇. (1) onde ‘α’ e ‘β’ são os coeficientes do modelo; ‘y’ uma variável genérica e ‘u’ representa o termo de erro com ut= NID [0, σ2]. Utilizando o operador defasagem: (1 − 𝛼1𝐿 − 𝛼2𝐿 2 − ⋯ − 𝛼𝑝𝐿 𝑝)𝑦𝑡 = 𝑐 + (1 + 𝛽1𝐿 + 𝛽2𝐿 2 + ⋯ + 𝛽𝑞𝐿 𝑞)𝑢𝑡 (2) Dividindo-se ambos os lados pelo termo da esquerda2: 𝑦𝑡 = 𝜇 + Φ(𝐿)𝑢𝑡 (3) 2 Ver Hamilton (1994, p. 59) para as condições necessárias para tal exercício. 35 onde: Φ(𝐿) = (1 + 𝛽1𝐿 + 𝛽2𝐿 2 + ⋯ + 𝛽𝑞𝐿 𝑞) (1 − 𝛼1𝐿 − 𝛼2𝐿2 − ⋯ − 𝛼𝑝𝐿𝑝) 0 j j 𝜇 = 𝑐 (1 − 𝛼1 − 𝛼2 − ⋯ − 𝛼𝑝) Desta maneira, um processo integrado de ordem ‘d’ pode ter a seguinte representação: 1 d t tL y L u (4) Geralmente, assume-se que d = 1, ou que a primeira diferença da série é estacionária. Todavia, valores fracionados de ‘d’ podem ser de grande utilidade. A razão da escolha dessa família de processos, para fins de modelagem das séries com comportamento de memória longa, é o efeito do parâmetro d em observações distantes decai hiperbolicamente conforme a distância aumenta, enquanto os efeitos do parâmetro Φ decaem exponencialmente. Então, d deve ser escolhido com o objetivo de explicar a estrutura de correlação de ordens altas da série, enquanto o parâmetro Φ explicam a estrutura de correlação de ordens baixas (MORETTIN 2011, p 249). Ainda segundo Hamilton (1994, p. 448), considere a representação MA (∞) da equação (4). Se d < 0.5, o inverso do operador (1 - L)-d existe. Isso pode ser visto multiplicando-se ambos os lados da eq. (4) por (1 - L)-d. O resultado é o seguinte: 1 d t ty L L u (5) O operador (1 - L)-d pode ser representado pelo seguinte filtro: (1 − 𝐿)−𝑑 = 1 + 𝑑𝐿 + (1 2!⁄ )(𝑑 + 1)𝑑𝐿2 + (1 3!⁄ )(𝑑 + 2)(𝑑 + 1)𝑑𝐿3 + ⋯ = ∑ 𝜆𝑗𝐿 𝑗∞ 𝑗=0 (6) Onde λ0 ≡ 1 e: 36 1/ ! 1 2 3 1j j d j d j d j d d (7) Pode-se demonstrar3 que, se d < 1, λj pode ser aproximado para um grande j por: 1 1 d j j (8) Assim, uma representação MA (∞), em que o coeficiente de impulso-resposta λj comporta- se, para grandes j, como (j + 1)d-1, pode ser definido como: 0 0 1 0 21 d t t t t ty L u u u u (9) As autocorrelações das séries estacionárias ARMA podem ter um decréscimo exponencial, ao passo que séries fracionalmente integrados possuem decréscimos hiperbólicos. Em outras palavras enquanto que os coeficientes de impulso-resposta de um processo ARMA estacionário desaparecem bem devagar, porque os processos fracionalmente integrados também são denominados de processos de memória longa. Assim, para d> 0.5, o processo deve ser diferenciado antes que fazer a descrição apresentada na equação (3). Consequentemente, se 0 ≤ d ≤ 0,5, a série é estacionária, com reversão à média e com um processo de memória longa. Se 0,5 <d ≤ 1, a série não é estacionária mas permanece com reversão à média. Se d ≥ 1, a série não é estacionária e não possui reversão à média (Gil-Alana, 2001). Se - 0,5 <d< 0, o processo é chamado de memória intermediária ou sobre-diferenciado. 5.2. Dados Os dados utilizados na análise são os índices de preços ao consumidor (variações mensais) da cidadede Luanda que também é o índice oficial até ao momento. O período considerado vai de janeiro de 2002 a dezembro de 2014 e um novo recorte que vai de janeiro 2005 a dezembro de 2014. Apresentamos algumas estatísticas descritiva da taxa mensal de inflação, dos dois períodos analisados, pois podemos perceber a discrepância na média quando mudamos o período de 2002 3 Ver apêndice 15.A de Hamilton (1994). 37 para 2005, apenas 3 anos e a média cai quase pela metade, notamos também que a inflação máxima cai de 8,72 para 2,35, sendo que o desvio padrão foi para baixo. A diferença das estatísticas apresentadas na tabela e segundo a interpretação apresentada é justificada pelo fato de que em 2005 a inflação foi mais estável, e a um nível mais baixo. Tabela 6: Estatística Descritiva: Taxa Mensal de Inflação de 2002/01 a 2014/12 Série Período Média Mediana Máximo Mínimo Desvio- Padrão Mensal 2002/01 2014/12 1,77 0,98 8,72 0,41 1,85 Mensal 2005/01 2014/12 0,95 0,86 2,35 0,41 0,38 Nota: número de observações = 156 (2002); 120 (2005) Fonte: Elaboração própria, dados das notas de Imprensa do Índice de Preço ao consumidor, INE 38 6. RESULTADOS Antes de analisar os resultados das estimações dos modelos ARFIMA propriamente ditos, é importante examinar o teste de raiz unitária e as autocorrelações das séries tanto para análise feita do período digamos completo que vai de 2002 a 2014, como também do recorte feito no período que vai de 2005 a 2014. Visto que no decorrer do período observou-se uma queda muita grande e em um espaço de tempo muito curto da inflação. As taxas de inflação tiveram um decréscimo muito rápido até 2005 o que poderia influenciar as estimações do modelo ARFIMA. De fato, a necessidade de recorte da série se deu pelo fato de que o período 2002 ainda carregava a memória inflacionária dos períodos passados referentes aos anos 1990 indo até 2002 praticamente. Após este período, o governo lançou um plano de estabilização, provocando uma queda considerável da inflação. Os resultados dos dois períodos analisados estão na Tabela 7 e mostram que as taxas de inflação ajustadas sazonalmente tiveram um decréscimo devagar uma vez que há autocorrelações significantes da série no geral. A tabela reporta ainda as autocorrelações em primeira diferença, que mostram alguns sinais negativos, indicando que as séries podem ter um processo de estacionaridade e reversão a uma média de longo prazo. Tabela 7. Autocorrelações das Séries em Nível e em Primeira Diferença 2002 e 2005 Séries Período Lag 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 16 17 18 Mensal 2002 2002/01 2014/01 xt 0,86 0,82 0,78 0,80 0,75 0,73 0,67 0,62 0,60 0,57 0,31 0,29 0,25 Δxt -0,4 -0,19 -0,21 0,18 -0,02 0,01 -0,01 -0,05 0,11 -0,24 -0,06 0,14 -0,05 Mensal 2005 2005/01 2014/12 xt 0,41 0,29 0,23 0,18 0,22 0,20 0,22 0,16 0,21 0,16 0,03 0,10 0,05 Δxt -0,4 -0,10 0,01 -0,07 0,07 -0,04 0,07 -0,10 0,09 -0,05 -0,11 0,12 -0,09 Fonte: Elaboração própria, dados das notas de Imprensa do Índice de Preço ao consumidor, INE 6.1. Testes de raiz unitária Em seguida foram utilizados os testes ADF e o KPSS, para testar a estacionariedade da série, considerada neste trabalho, logo obtemos resultados que nos mostram pelo teste ADF, uma 39 serie estacionária tanto a 5% e a 10%. Portanto o teste ADF não é suficiente para se testar a veracidade da série no que se diz respeito a testes de raiz unitária. Para tal há a necessidades de se fazer outro teste para constatar os dados. O uso de um teste alternativo KPSS nos mostra que a série é não estacionária pois possui raiz unitária para os níveis de significância sugeridos. Tabela 8. Testes de raiz unitária ADF e KPSS. Série Período ADF KPSS Estatística de Teste Lag Valores Críticos Rejeita Ho Estatística de Teste Lag Valores Críticos Rejeita Ho Raiz Unitária Estacionariedade 5% 10 % 5% 10% 5% 10% 5% 10% Mensal 2002/01 2014/12 2,06 13 -2,9 2,5 7 Não Não 0,27 10 0,14 0,11 Não Não Mensal 2005/01 2014/12 7,9 12 -2,9 2,5 7 Sim Sim 0,15 5 0,14 0,11 Não Não Fonte: elaboração própria, dados de IPC, INE. 6.2. Modelos ARFIMA Para estimar os modelos ARFIMA (p, d, q), seguimos o procedimento padrão observado em outros trabalhos e defasamos a parte auto-regressiva (AR) e a parte média móvel (MA) até a terceira defasagem, gerando 16 diferentes estimações para cada modelo. Após a regressão dos 16 modelos para cada série, utilizamos o critério de informação de Akaike para selecionar as defasagens mais apropriadas dentre aquelas feitas com o objetivo de retirar a correlação serial dos erros. Tabela 9. Valores de “d” para todos os modelos ARFIMA (p,d,q) Série Período (0,0) (0,1) (0,2) (0,3) (1,0) (1,1) (1,2) (1,3) (2,0) (2,1) (2,2) (2,3) (3,0) (3,1) (3,2) (3,3) Mensal 2002/01 2014/12 0,64 0,88 0,94 0,95 0,72 0,24 - 0,97 0,76 0,34 -0,57 - -0,13 - - - Mensal 2005/01 2014/12 0,34 0,41 0,86 0,79 0,38 0,79 0,79 0,78 0,35 0,45 0,38 0,49 0,37 0,44 0,44 0,66 Fonte: elaboração própria, dados de Índice de Preço no Consumidor de Angola, INE. 40 Na Tabela 9 estão relacionados os parâmetros ‘d’ da integração fracionada de todas regressões estimadas dos dois períodos escolhidas e dado o critério de Akaike utilizado para selecionar o melhor modelo entre os dois períodos encontramos para o período de 2002/01 a 2014/12 um parâmetro de 0,76, com duas defasagens AR e zero MA, mas para o segundo caso não houve problema de correlação serial por isso o parâmetro selecionado apresentou nenhuma defasagens. As células vazias correspondem aos modelos em que não foi possível obter convergência da estimação. Olhando pelo primeiro parâmetro no caso do IPC mensal de 2002/01 a 2014/01 (d = 0,64) já demonstra em uma primeira fase que precisa-se de um controle da inércia inflacionária, embora que o parâmetro escolhido tenha sido 0,76 mais pode-se perceber uma grande queda quando mudamos o período para 2005/01 a 2014/01 o parâmetro “d” cai para 0,34, mostrando certo controle da inércia inflacionária. Como podemos ver, o Gráfico 5 nos mostra o porquê de se conseguir uma inflação com raiz unitária pós 2002. Segundo Carvalho et al (2011) os níveis de inflação possuíam um custo social e econômico muito alto sendo até insustentável para o país, isso começa a mudar a partir de 2005 em diante. Para tal é de dar maior preferência aos resultados encontrados na inflação mensal de 2005 que se mostrou estacionária com reversão à média de longo prazo. Gráfico 5. Inflação Mensal Média Geométrica (%) Fonte: elaboração própria, dados INE e BNA. 6,04 4,42 2,16 1,38 0,92 0,90 1,03 1,06 1,18 0,87 0,71 0,61 0,72 0 1 2 3 4 5 6 7 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 41 A Tabela 9 ilustra bem essa diferença pois encontramos um parâmetro “d” 0,76 quando consideramos o período de análise completo e após o recorte encontramos uma série mais constante e sem muitos saltos Contudo, devemos nos atentar para o melhor modelo selecionado no sentido de decidirmos a real persistência inflacionária. O próximo passo é decidir se cada série é mais bem caracterizada como sendo estacionária (d < 0.5) ou não estacionária (d > 0.5). Logo, consideraremos aqui o período mensal de janeiro de 2005 a dezembro de 2014 como o período que apresentou o modelo mais adequado as nossas perspectivas deanálise. O primeiro parâmetro para 2002 apresenta um modelo de integração com dois MA, e zero AR, sendo que podemos interpretar da seguinte forma: (2, 0): 2002-2014: d = 0,64 série não é estacionária mas permanece com reversão à média. E o primeiro parâmetro para 2005 apresenta um modelo de integração com zero MA e zero AR, e podemos interpretar da seguinte forma: (0, 0): 2005-2014:d = 0,34 a série é estacionária, com reversão à média e com um processo de memória longa. Primeiramente, a análise das estimações dos modelos ARFIMA (0, d, 0) reportados na Tabela 10 mostram as regressões referentes ao IPC mensal de Angola, com apenas o parâmetro “d”. Isso corresponde ao máximo de integração fracionada que a série poderia carregar. Umas das características presentes demonstra que, apesar de dividir a serie em dois períodos, temos que apenas o período de 2005 teve o parâmetro selecionados menor que 0.5, sendo que em algumas séries possuem componentes auto-regressivo. Tabela 10. Estimações dos Modelos ARFIMA (p, d, q) por NLS Serie Período ARMA ‘d’ α1 α2 Constante AR(1) AR(2) Mensal 2002/01 2014/12 2,0 0.761 [0.077] -0,252 [0,108] -0,091 [0,090] 1,494 [1,895] Mensal 2005/01 2014/12 0,0 0,346 [0,058] - - 0,917 [0,116] Erros-padrão em colchetes. Fonte: Elaboração própria, dados do Índice de Preços no Consumidor de Angola, INE. 42 Para os modelos propriamente ditos foram escolhidos para os dois períodos, sendo que encontramos um parâmetro “d” apresentando uma estimativa maior que 0.5, com dois MA e zero AR, e podemos interpretar como:(2, 0): 2002-2014: d = 0,76 série não é estacionária mas com reversão à média. E para o período de 2005 o modelo é apresentado por zero MA e zero AR, e a sua interpretação é dada por:(0, 0): 2005-2014: d = 0,34 a série é estacionária, com reversão à média e com um processo de memória longa. Dado os resultados obtidos podemos fazer comparações com estudos feitos anteriormente onde podemos notar que para Angola, Gil-Alana e Barros (2012) encontraram uma ordem de integração de cerca de 0,3. Podemos afirmar que esse resultado alcançado da inflação angolana possui um componente inercial baixo na ordem de integração de 0,34 muito próximo dos resultados encontrados para os EUA por Gil-Alana (2005) de 0,25 e de 0,25 também para o Brasil encontrado por Gomes da Silva e Vieira (2013). 43 7. CONCLUSÕES Angola alcançou a paz e conseguiu estabilizar a economia, reduzindo de forma significante a participação do PIB petrolífero aos longos dos últimos 7 anos, dando lugar a outros setores como construção civil, a indústria que vem aumentando a sua participação e os serviços que formam o PIB não petrolífero. Podemos observar que a mini-idade de ouro de Angola foi proporcionada pela exportação de petróleo. Este aumento do PIB permitiu que o governo angolano pode-se investir fortemente na reconstrução do país, dando uma grande importância nos setores de educação e saúde. Teve grande preocupação com a população desde o 2002 e vem criando projetos para alojar as famílias, expandindo as cidades para dar melhores condições de vida. Foram desenvolvidos vários planos de estabilização macroeconômico com o objetivos de melhorar a coordenação institucional entre o Banco Central e o Tesouro Nacional, de formas a garantir o equilíbrio entre o aumento dos agregados monetários e as execuções fiscais, no âmbito do monitoramento da liquidez em circulação na economia. Estas políticas levaram a redução da inflação a níveis mais baixos em um período curto de tempo. A economia angolana obteve neste mesmo período uma inflação baixa com altas taxa de crescimento do PIB. Implementou-se uma estratégia de gestão da dívida pública, levando assim a queda da participação da dívida pública no PIB no período pós-guerra. Acabou com as taxas múltiplas de câmbio e em 2011 criou no Banco Nacional de Angola o comitê de política monetária, passando a entrar em vigor a taxa básica de juros (Taxa BNA) e a fortalecer os mecanismos de política monetária. Podendo assim alcançar os seus objetivos estabelecidas no seu plano de estabilização macroeconômica, conduzindo uma política monetária crível e mesmo não tendo um modelo de reputação explicita, conseguiu alcançar níveis mais baixos de inflação. Através da metodologia ARFIMA podemos perceber que a inflação angolana é estacionaria com reversão a média de longo prazo quando consideramos apenas o período de 2005, sendo que se aproxima dos resultados encontrados para Angola por Gil-Alana e Barros (2012), como para os EUA por Gil-Alana (2005) e para o Brasil por Gomes da Silva e Vieira (2013). 44 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BACKUS, D. & ZIN, S. Long memory inflation uncertainty: Evidence of term structure of interest rate, Journal of Money, Credit and Banking 25, p. 687-700, 1993. BAILLIE, R.T., CHUNG. C-F. & TIESLAU, M.A. Analyzing inflation by the fractionally integrated ARFIMA-GARCH model, Journal of Applied Econometrics 11, p. 23-40, (1996). BANCO NACIONAL DE ANGOLA. Quadro Operacional para a Política Monetária 2011. Disponível em: < http://www.bna.ao/uploads/%7B5a7f5317-edd7-4c7a-ac34- bd871ef78395%7D.pdf Acesso no dia 20 de Abril de 2014 BANCO NACIONAL DE ANGOLA. Relatório e Contas. 2012. 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