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APOSTILA_07

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Ambiente Inflacionário
Economia | 173
Objetivos
Ao final desta unidade, você será capaz de:
• Conceituar a inflação e os demais termos derivados de crises 
inflacionárias;
• Conhecer as causas, os tipos e os efeitos perversos da inflação na 
economia do país;
• Entender como funciona o regime de metas de inflação;
• Identificar como a inflação é calculada e conhecer os quatro 
principais índices econômicos do Brasil.
Economia | 175
1. Conceito de Inflação
Vimos que no modelo simplificado do fluxo circular da renda 
e da moeda as famílias vão ao mercado de bens e serviços para adquirir 
os produtos e serviços necessários à satisfação de suas necessidades, 
usando como meio de pagamento a renda oriunda dos salários, que 
foram pagos pelas empresas. Se esse sistema estiver funcionando sem 
sobressaltos, tudo bem, mas você sabe que não é assim que acontece.
Imagine que você vá à padaria do bairro pela manhã e percebe, 
contrariado, que os preços do pão, do leite, do queijo e do presunto 
aumentaram. A pergunta que se faz nesse momento é:
Se o meu salário não aumentou, por que os preços 
aumentaram na padaria?
Os economistas poderiam responder de forma bastante 
simplificada que:
“Se os preços aumentaram, é porque está acontecendo o 
fenômeno da inflação, e você só conseguirá comprar a mesma 
quantidade de bens que adquiriu antes se você desembolsar 
uma quantia maior de dinheiro. Em outras palavras, a 
inflação diminui o poder de compra da moeda”.40
176 | Economia
2. Tipos de Inflação
Partindo dessa definição inicial para a inflação, vamos ver, a 
seguir, os desdobramentos das oscilações de preços e seus impactos 
na sociedade através da consolidação de sete importantes conceitos do 
ambiente inflacionário.
Inflação: é o aumento contínuo e generalizado dos preços em 
todos os mercados, ou seja, não se trata apenas de um aumento pontual 
nos preços do tomate, por exemplo, devido a uma quebra na safra. 
São aumentos de preço que percorrem quase toda a cadeia produtiva. 
Os institutos que pesquisam os aumentos de preço, como o Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística — IBGE ou Fundação Getúlio 
Vargas — FGV medem essa dispersão dos aumentos e a chamam de 
“difusão dos aumentos de preço”.
Em resumo, os preços aumentam continuamente, 
de forma generalizada, e em prazos cada vez mais 
curtos. Nesse caso, a desvalorização da moeda 
(perda do poder de compra) penaliza a todos, mas 
de forma ostensiva. Ela prejudica os assalariados 
mais pobres, que não têm como se defender.
O nível de preço dos bens e serviços compõem cestas de 
consumo das famílias e é pesquisado pelo IBGE e pela FGV, por 
exemplo, que lhes dá ampla divulgação através dos Índices de Preços, 
como o IPC, o IGP, o INPC, o IGPM e o IPCA, dentre outros.
40 Leia o excelente artigo elaborado pelo jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte, 
intitulado “Guerra à hiperinflação: a estabilização da moeda foi o maior desafio”, 
que está disponível em <http://www.hojeemdia.com.br/noticias/guerra-
a-hiperinflac-o-a-estabilizac-o-da-moeda-foi-o-maior-desafio-1.93254>. O 
artigo resume o perigoso histórico brasileiro de sucessivos planos econômicos 
malsucedidos, e a adoção do Plano Real, em 1994, que promoveu a estabilização 
de nossa nova moeda, o Real, e trouxe as taxas de inflação para patamares 
civilizados, compatíveis com as nações mais desenvolvidas.
Economia | 177
Deflação: em sentido oposto ao conceito de inflação, a 
deflação é a redução generalizada dos preços dos bens e serviços. Essa 
redução geralmente está associada a graves recessões econômicas e 
a restrições da demanda e da oferta, ou do nível de produção e do 
emprego. Numa situação de deflação, o consumo não tem tendência 
a aumentar porque os consumidores ficam na expectativa de que os 
preços continuarão caindo e, por isso, eles adiam as suas compras, 
levando a uma quebra do consumo e, consequentemente, das receitas 
das empresas. A longo prazo, essa situação poderá originar uma espiral 
de recessão, com graves consequências para a economia.
Tal como a inflação, a deflação é medida como a taxa de 
variação negativa dos Índices de Preços.
Desinflação: é um caso especial da inflação, um conceito 
econômico que corresponde ao abrandamento da inflação. Nesse caso, 
os preços dos bens continuam aumentando, mas a taxas são menores 
que as verificadas no período anterior.
Veja este exemplo:
Uma garrafa de vinho custa $ 40 no mês 1. No mês 2 o preço 
aumentou para $ 48. A taxa de inflação, nesse caso, foi de 20%:
(48 - 40)
 = 0,20
40
Imagine que, no terceiro mês, o preço aumenta novamente, 
passando de $ 48 para $ 52,80. A inflação continuou existindo, e foi 
de 10% (52,80-48)/48 = 0,10. Porém, a taxa caiu de 20% ao mês para 
10% ao mês.
 
Isso é: Houve desinflação!
178 | Economia
Estagflação: é uma situação típica de recessão econômica, na 
qual ocorre uma diminuição das atividades econômicas, ou seja, o país 
apresenta baixo crescimento do PIB, porém, com inflação ainda persistente e 
generalizada durante certo período de tempo41.
Hiperinflação: é uma inflação muito acima dos níveis 
considerados adequados às ações de política macroeconômica e 
toleráveis pela sociedade. Não há consenso, mas alguns economistas 
consideram que existe hiperinflação quando os índices de preços 
apontam para aumentos acima de 50% ao mês. Um país que passa por 
um processo hiperinflacionário sofre com a alta elevada dos preços dos 
produtos e forte desvalorização da moeda, e pode entrar em recessão 
econômica (ver item seguinte).
Como exemplo de hiperinflação no Brasil, podemos citar o 
mês de março de 1989, quando a inflação chegou a 81%. Os países da 
América Latina sofreram por décadas com a hiperinflação.
 Inflação anual 1978 - 1987
Brasil 166%
Argentina 257%
Bolívia 602%
Peru 2.776%
México 3.720%
41 Leia o artigo publicado no portal da Revista Exame, intitulado “Brasil vive 
estagflação, dizem especialistas”, disponível em <http://exame.abril.com.br/
economia/noticias/brasil-viver-estagflacao-dizem-especialistas>.
Economia | 179
Recessão econômica: em economia, recessão é uma fase de 
contração do ciclo econômico, isso é, de retração geral na atividade 
econômica por certo período de tempo, com os seguintes sintomas 
genéricos:
 Queda no nível da produção (queda do PIB)
Aumento do desemprego
Queda na renda familiar
Redução do lucro das empresas
Aumento do número de falências e concordatas
Aumento da capacidade ociosa
Queda do nível de investimento
Em termos técnicos, considera-se que um país está em 
recessão quando passa por dois trimestres consecutivos com o PIB 
em queda, em retração, ou seja, dois trimestres consecutivos com 
crescimento negativo do PIB.
Depressão econômica: uma depressão econômica é caracterizada 
por um estado agravado de recessão, ou seja, um longo período de 
desemprego em massa, falência de empresas, baixos níveis de produção 
e investimentos, quebra do mercado financeiro e de ações, sempre 
gerando consequências negativas para a economia mundial. Segundo 
especialistas, as maiores depressões econômicas da história foram as de 
1815, 1873 e 1929.
Entre elas, a mais grave, sem dúvida, foi a de 1929. Ao longo 
da história do capitalismo, podemos perceber momentos bons e de 
crise, ou seja, ciclos econômicos. Após o sistema capitalista ter se 
firmado, esses ciclos passaram a ser algo constante.
Como você pode ver, os desequilíbrios de preços podem 
arrastar os países para situações econômicas muito complicadas de 
serem resolvidas, mesmo que a longo prazo. O ideal, portanto, é que 
todas as partes interessadas estejam atentas à condução da política 
180 | Economia
macroeconômica de forma a se alcançar os objetivos que possam se 
traduzir em bem-estar para a sociedade e sustentabilidade da economia.
3. Principais Causas da Inflação
São muitos os fatores que podem causar inflação. Listamos, a 
seguir, cincofatores ou motivos principais. Vamos a eles:
Capacidade de produção no limite: um dos mais importantes 
fatores para o surgimento da inflação é a aproximação entre a oferta 
agregada e a demanda agregada da economia de um país.
Em outras palavras, quando o consumo interno 
de um país fica muito perto de sua capacidade 
produtiva, os empresários podem ver incentivos para 
aumentar os preços.
Choque de contração da oferta: outro fator muito comum é o 
choque de oferta, que se dá quando algum imprevisto causa queda 
brusca no volume de produção de determinado bem. Trata-se de 
ocorrência relativamente comum no setor agrícola, pois, não raro, 
lavouras são afetadas por problemas climáticos. Contudo, tais declínios 
acentuados de produção tendem a ter efeito limitado sobre os índices 
gerais de preços, haja vista que o cálculo de sua variação se dá sobre 
uma cesta muito grande de produtos.
Variação cambial: uma eventual elevação súbita da cotação 
do Dólar ante o Real, como a que se viu em 1999, tem como efeito 
automático o encarecimento dos chamados produtos comercializáveis, 
tanto interna quanto externamente.
Exportação de inflação: um fenômeno inflacionário que atinja 
diversos países tende a contaminar os preços domésticos. Foi o que 
se viu antes da crise financeira americana de 2008, quando as cotações 
das commodities agrícolas, minerais e energéticas subiam com vigor na 
Economia | 181
esteira da pujante demanda internacional patrocinada, principalmente, 
pela economia da China.
Memória inflacionária: a inflação passada também pode alimentar 
reajustes de preços no presente. Esse processo, que atualmente se dá 
em nível muito menor que o verificado no período de hiperinflação, é 
chamado de indexação da economia.
Hoje, no Brasil, isso ocorre apenas com os chamados 
preços administrados, que são aqueles regulados por contratos que 
determinam a recomposição da inflação passada por meio de um índice 
de preço. É o caso de muitos serviços públicos, como:
• Água e energia elétrica;
• Passagens de trens e ônibus;
• Planos de saúde;
• Cadernetas de poupança;
• Aluguéis.
Esses cinco motivos principais permitem separar e classificar as 
causas da inflação sobre três grandes pilares:
A inflação da 
demanda
A inflação de 
oferta
(ou de curto)
A inflação 
inercial
Inflação de demanda
A inflação de demanda é a forma mais comum de elevação 
de preços e ocorre quando há excesso da demanda agregada 
em relação à produção de bens ou serviços, ou seja, quando a 
182 | Economia
economia já está produzindo no pleno emprego dos fatores de 
produção e a demanda ainda supera a oferta. Nesse caso, os preços 
aumentaram pela escassez do produto. Normalmente, a inflação de 
demanda tem a sua origem em três fatores:
• Aumento da renda disponível, em decorrência de reajustes 
salariais ou de redução da carga tributária, devido ao 
aumento do poder aquisitivo;
• Expansão do crédito ao consumidor, que, mesmo com 
limitações na sua renda disponível, passa a dispor de um 
mecanismo de compra; 
• Diminuição das taxas de juros, que, quando altas, limitam 
o poder de compra do consumidor.
O combate à inflação de demanda deve se dar baseado numa 
política que desestimule o consumo, até que a demanda e a oferta 
voltem a se equilibrar. O governo pode usar instrumentos da política 
fiscal (elevação dos tributos) ou da política monetária, principalmente a 
elevação da taxa básica de juros, a Selic, como você viu na Unidade 5.
Inflação de custos ou inflação de oferta
Imagine que você seja o dono de uma empresa de transportes 
rodoviários de carga, e que os preços dos combustíveis sofram um 
aumento significativo. Com certeza, para preservar o fluxo de receitas e 
de lucros de sua empresa, você repassaria esse aumento dos combustíveis 
aos preços do seu frete.
Afinal, segundo Mankiw, os agentes econômicos reagem a 
incentivos (Unidade 1, lembra?).
As principais causas da inflação de custos estão nos 
seguintes fatores:
• Aumento do custo da mão de obra; 
• Aumento do custo das matérias-primas e materiais 
secundários;
• Aumento da taxa de juros (isso ocorre quando as empresas 
Economia | 183
utilizam capital de terceiros, sobre o qual pagam remuneração); 
• Aumento da carga tributária.
A inflação de custos está associada a uma diminuição da oferta, 
provocada pelo aumento dos custos de produção. Havendo diminuição da 
produção e a demanda permanecendo inalterada, há aumento dos preços.
A inflação de custos ou de oferta também pode ser 
provocada pela estrutura de determinados mercados 
devido ao poder de monopólio ou oligopólio de 
alguns setores que controlam preços e volumes 
produzidos.
Inflação Inercial
Se você tem um plano de saúde, uma vez por ano você 
recebe uma carta da operadora informando sobre o reajuste da sua 
mensalidade, com base na fórmula de reajuste do contrato registrado na 
agência reguladora, a Agência Nacional de serviços são controlados pela 
Agência Nacional de Energia Elétrica — ANEEL. 
Esses são exemplos de que a inflação inercial é um processo 
automático que independe das forças de oferta e demanda, e que se 
perpetua pela inércia ou memória inflacionária dos contratos. Assim, a 
inflação presente é “herdada” da inflação passada. Existem mecanismos 
de indexação nos acordos salariais, nos índices de correção de aluguéis 
e contratos comerciais que fazem com que os preços passados sejam 
automaticamente revisados e, normalmente, para um valor acima do 
valor anterior, o que gera inflação.
4. Efeitos Provocados pela Inflação
Os efeitos perversos do processo inflacionário se manifestam 
em praticamente todos os setores da economia. A lista abaixo faz 
algumas indicações desses efeitos. 
184 | Economia
Desestímulo à 
formação 
de poupança
Dificuldade de 
planejamento 
empresarial 
Tensões 
sociais
Baixa 
produtividade 
econômica
Deterioração 
no saldo da 
balança 
comercial
• Baixa produtividade econômica: o processo inflacionário tende a 
prejudicar os investimentos, principalmente nos setores de base 
(infraestrutura), já que estes necessitam de um longo período de 
maturação. Além disso, prejudicam na formação de expectativas, 
pois diante da imprevisibilidade da economia, o empresariado 
tende a reduzir seus investimentos;
• Dificuldade de planejamento empresarial: em meio a uma 
espiral inflacionária, torna-se mais difícil acompanhar os 
orçamentos das empresas, o que impede que os empresários 
façam previsões mais razoáveis;
• Desestímulo à formação de poupança: com a elevação 
generalizada dos preços, a renda das famílias passa a ser 
direcionada quase que totalmente para o consumo, a fim de que 
se anule a perda do poder de compra da moeda;
• Tensões sociais: a desvalorização da moeda pode provocar reação 
na sociedade, além de trazer prejuízos, principalmente para os 
assalariados e trabalhadores em geral que não têm a mesma 
capacidade de repassar os aumentos de seus custos, como fazem 
os empresários e os governos, ficando seus orçamentos cada vez 
mais reduzidos até a chegada do próximo reajuste salarial;
• Deterioração no saldo da balança comercial: a inflação 
Economia | 185
interna maior que a externa causa encarecimento do produto 
nacional com relação ao importado, o que leva a sociedade 
a aumentar a procura por produtos importados e, por outro 
lado, reduz as exportações.
Regime de metas de inflação
Com a adoção do Plano Real no Brasil, em março de 1994, a 
taxa de câmbio passou a ser usada como âncora nominal, ou seja, base 
para a referência de preços da política econômica vigente. Isso durou até 
1999, quando houve a mudança do regime cambial42. 
Porém, a estabilidade de preços, um dos objetivos 
da política macroeconômica (vide Unidade 1), é a condição 
necessária para se atingir o crescimento sustentado e, assim, era 
importante que o governo reafirmasse seu compromisso com a 
manutenção dessa estabilidade. Você sabe que a condução da política 
macroeconômica é atribuição do governo,que deve fazê-lo de forma 
crível e transparente para a sociedade.
A decisão dos formuladores da política econômica foi pela 
escolha do regime de metas para a inflação, adotado com sucesso em 
vários países do mundo, como Nova Zelândia, Canadá, Inglaterra, 
Suécia, Finlândia, Austrália e Espanha, entre outros. Esse regime 
significa um comprometimento do Banco Central com a estabilidade 
da moeda e dos preços, utilizando os prognósticos da inflação como 
principal variável indicativa da condução da política monetária: 
aperto de liquidez (elevação da taxa de juros Selic) se a inflação 
projetada ultrapassar a meta, e aumento de liquidez (redução da taxa 
de juros) se a inflação projetada ficar abaixo da meta.
42 São três os regimes de câmbio. No câmbio fixo, a autoridade monetária 
estipula o valor da cotação para conversão das moedas para um dado período. 
No câmbio flutuante puro, as cotações variam livremente no mercado cambial, 
de acordo com a demanda e a oferta de moeda estrangeira no país. No câmbio 
flutuante sujo (em inglês, dirty float), o câmbio flutua de acordo com o mercado, 
mas fica sujeito a intervenções pontuais do Banco Central quando essas cotações 
superam o limite superior da banda ou quando ficam abaixo do limite inferior da 
banda. Esses limites são definidos pelo Banco Central. Esse é o caso do Brasil.
186 | Economia
Dessa forma, compete ao Banco Central, por lei, 
utilizar os instrumentos de política monetária necessários para 
o cumprimento das metas fixadas. As metas e os respectivos 
intervalos de tolerância são fixados pelo Conselho Monetário 
Nacional até 30 de junho de cada segundo ano imediatamente 
anterior. Atualmente, a meta de inflação anual é de 4,5%, com 
dois pontos percentuais de tolerância para mais ou para menos. 
Considera-se que a meta de inflação foi cumprida quando 
a variação acumulada relativa ao período de janeiro a dezembro de 
cada ano-calendário, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor 
Ampliado — IPCA está na faixa do seu respectivo intervalo de 
tolerância. No caso brasileiro, você já sabe: a meta é de 4,5% com 
tolerância entre 2,5% e 6,5%.
Caso a meta não seja cumprida, o presidente do Banco 
Central do Brasil divulga publicamente, por meio de carta 
aberta ao Ministério de Estado da Fazenda, as razões para o 
descumprimento. Essa carta deve indicar:
• Uma descrição detalhada das causas do descumprimento;
• Quais as providências serão tomadas para assegurar o 
retorno da inflação aos limites estabelecidos;
• O prazo no qual se espera que as providências produzam 
efeito.
5. O Cálculo da Inflação
Um índice de inflação é um indicador que mede a evolução 
dos preços de um agregado de bens e serviços (uma cesta de bens, 
que atende a um grupo de famílias, com características econômicas 
especificadas a priori pelos institutos de pesquisa) num determinado 
período de tempo. Existe uma enorme quantidade de índices de inflação 
no Brasil como herança da época da hiperinflação, quando o ritmo 
frenético de reajustes demandava acompanhamento diário ou semanal. 
Economia | 187
Mas, você sabe o que diferencia um indicador do outro?
• O nível de renda e o perfil social das famílias pesquisadas;
• A abrangência;
• A cesta de produtos que serve de base para o levantamento 
de preços;
• O período de coleta.
Cada índice tem o seu valor, dependendo do que se quer avaliar.
Da mesma maneira que o PIB transforma as quantidades de 
muitos bens e serviços em uma única medida do valor de produção, um 
índice de preços transforma os preços de muitos bens e serviços em um 
único índice, que mede o nível geral dos preços. 
Vejamos, então, um resumo sobre os índices de preços mais 
utilizados no Brasil, calculados pela FGV e pelo IBGE.
Índices de Preços calculados pela Fundação Getúlio Vargas - 
FGV:
IGP-DI43: O Índice Geral de Preços IGP-DI/FGV é 
calculado mensalmente pela FGV. O IGP-DI foi instituído em 
1944 com a finalidade de medir o comportamento de preços em 
geral da economia brasileira. É uma média aritmética ponderada 
dos seguintes índices:
1. IPA - É o Índice de Preços no Atacado e mede a variação 
de preços no mercado atacadista. O IPA pondera em 60% 
o IGP-DI.
2. IPC - É o Índice de Preços ao Consumidor e mede a 
variação de preços entre as famílias que recebem renda de 
1 a 33 salários mínimos nas cidades de São Paulo e Rio de 
Janeiro. O IPC pondera em 30% o IGP-DI.
43 DI ou Disponibilidade Interna: é a consideração das variações de preços que 
afetam diretamente as atividades econômicas localizadas no território brasileiro. 
Não se considera as variações de preços dos produtos exportados, o que é 
considerado somente no caso da variação da Oferta Global.
188 | Economia
3. INCC - É o Índice Nacional da Construção Civil e 
mede a variação de preços no setor da construção civil, 
considerando tanto materiais como também a mão de obra 
empregada no setor. O INCC pondera em 10% o IGP-DI.
IGP-M: O IGP-M/FGV é calculado mensalmente 
pela FGV e é divulgado no final de cada mês de 
referência. Quando foi concebido, o IGP-M/FGV 
teve como princípio ser um indicador para balizar as 
correções de alguns títulos emitidos pelo Tesouro 
Nacional e Depósitos Bancários com renda pós-
fixadas acima de um ano. Posteriormente, passou a 
ser o índice utilizado para a correção de contratos 
de aluguel e como indexador de algumas tarifas, 
como energia elétrica.
O IGP-M analisa as mesmas variações de preços 
consideradas no IGPDI, e o que o diferencia do 
IGP-DI é que as variações de preços consideradas 
pelo IGP-M se referem ao período do dia vinte e um 
do mês anterior ao dia vinte do mês de referência e o 
IGP-DI refere-se a período do dia um ao dia trinta 
do mês em referência. Atualmente, o IGP-M é o 
índice utilizado para balizar os aumentos da energia 
elétrica e dos contratos de aluguéis.
A divulgação ocorre sempre na segunda quinzena 
do mês seguinte. O IGP-M tem caráter mais 
amplo porque considera não só preços de produtos 
finais (de consumo), mas também os de atacado 
e da construção civil. Cabe destacar, ainda, que 
o IGP-M é uma média ponderada, em que os 
preços do atacado têm peso bastante significativo 
e, por isso, é bastante sensível a choques 
cambiais e variações bruscas nos preços de bens 
comercializáveis.
Economia | 189
Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística - IBGE
IPCA: Índice de Preços ao Consumidor Ampliado 
- IPCA é o índice oficial do governo federal para 
medição das metas inflacionárias, contratadas 
com o FMI, a partir de julho/99. O IPCA foi 
instituído, inicialmente, com a finalidade de corrigir 
as demonstrações financeiras das companhias 
abertas. As unidades de coleta de dados são os 
estabelecimentos comerciais e de prestação de 
serviços, concessionárias de serviços públicos 
e domicílios (para levantamento de aluguel e 
condomínio). A população-alvo do IPCA são as 
famílias com rendimentos mensais compreendidos 
entre 1 e 40 salários-mínimos, qualquer que seja a 
fonte de rendimentos, e residentes nas áreas urbanas.
INPC: Índice Nacional de Preços ao Consumidor 
- INPC/IBGE foi criado, inicialmente, com 
o objetivo de orientar os reajustes de salários 
dos trabalhadores. A população-alvo do INPC 
abrange as famílias com rendimentos mensais 
compreendidos entre 1 e 6 salários-mínimos, cujo 
chefe é assalariado em sua ocupação principal e 
residente nas áreas urbanas das regiões, qualquer 
que seja a fonte de rendimentos. Calculado pelo 
IBGE entre os dias 1º e 30 de cada mês, compõe-
se do cruzamento de dois parâmetros: a pesquisa 
de preços nas onze regiões de maior produção 
econômica com a Pesquisa de Orçamento Familiar 
(POF), que abrange famílias com renda de 1 a 8 
salários-mínimos.
Economia | 191
Síntese
Nesta unidade, você estudou as noções básicas sobre o 
ambiente inflacionário e viu que a inflação é uma perigosa armadilha 
para a estabilidade de preços e para o poder de compra da moeda. 
Uma simples oscilaçãono sistema de preços pode descambar 
para situações graves para as famílias e para as empresas, como a 
estagflação, a hiperinflação, a recessão econômica, e até para uma 
crise de proporções mundiais, como a depressão econômica.
Você conheceu as diferentes causas da inflação e as 
diferentes formas de combatê-la através de exemplos simples 
do seu cotidiano. Aprendeu que as autoridades brasileiras estão 
comprometidas com a estabilidade dos preços por meio do regime 
de metas de inflação, que usa o IPCA/IBGE como referencial de 
comparação. Também viu que, atualmente, o Brasil voltou a ter 
dificuldades no enfrentamento dos efeitos perversos da inflação e se 
mantém ostensivamente acima da meta acordada pelo Banco Central 
e muito próximo do limite de tolerância.
Por fim, apresentamos as características particulares dos 
quatro índices de preços mais importantes do Brasil, sendo dois 
deles calculados pelo IBGE e outros dois pela FGV, duas escolas de 
excelência na área e respeitadas em todo o mundo.
Economia | 193
Leitura Complementar
Leia o excelente artigo elaborado pelo jornal Hoje em Dia, 
de Belo Horizonte, intitulado “Guerra à hiperinflação: a estabilização 
da moeda foi o maior desafio”, que está disponível em <http://www.
hojeemdia.com.br/noticias/guerra-a-hiperinflac-o-a-estabilizac-o-da-
moeda-foi-o-maior-desafio-1.93254>. O artigo resume o perigoso 
histórico brasileiro de sucessivos planos econômicos malsucedidos, e 
a adoção do Plano Real, em 1994, que promoveu a estabilização de 
nossa nova moeda, o Real, e trouxe as taxas de inflação para patamares 
civilizados, compatíveis com as nações mais desenvolvidas.
Leia o artigo publicado no portal da Revista Exame, 
intitulado “Brasil vive estagflação, dizem especialistas”, disponível 
em <http://exame.abril.com.br/economia/noticias/brasil-viver-
estagflacao-dizem-especialistas>.
Economia | 195
Referêcias Bibliográficas
MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia. Tradução da 5ª Edição 
norte-americana. São Paulo: Cengage Learning, 2009.
PINHO, Diva Benevides; VASCONCELLOS. Marco A. S. de (org.) 
Manual de Economia. Equipe de professores da USP. 5ª Edição. São Paulo: 
Saraiva, 2004.
GARCIA, Manuel E.; VASCONCELLOS, Marco A. S. de. Fundamentos 
de Economia. 3ª Edição. São Paulo: Saraiva, 2008.
NOGAMI, Otto; PASSOS, Carlos Roberto Martins. Princípios de 
Economia. 5ª Edição. São Paulo: Cengage Learning, 2008.
ROSSETI, José Paschoal. Introdução à Economia. 20ª Edição. São Paulo: 
Atlas, 2010.
VASCONCELLOS, Marco A. S. de. Economia: micro e macro. 4ª Edição. 
São Paulo: Atlas, 2009.

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